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PERSPECTIVAS PRELIMINARES DO REFLEXO DA ESTRUTURAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO E LUCRATIVIDADE NA PRECIFICAÇÃO DA MADEIRA SERRADA Área temática: Gestão Econômica Financeira Marta Elisete Ventura da Motta [email protected] Juliana John [email protected] Maria Emilia Camargo [email protected] Gabriela Zanandrea [email protected] Resumo: Conheça os custos que compõem o processo de produção de uma empresa e da rentabilidade esperada é o suporte básico para os preços dos produtos e consequente desenvolvimento da organização. Com vista a isso, este estudo tem como objetivo identificar o impacto do custo de produção na formação dos preços de venda, analisando a sua coerência com a rentabilidade desejada, em uma serraria empresa e madeira de rolagem, localizado no Vale do Caí / RS. Para o efeito, desenvolveu uma pesquisa de abordagem descritiva e explicativa, através de um estudo de caso de contextualizar a actividade desenvolvida com os resultados esperados. Notou-se que, embora nenhum produto considerado refletir danos para a empresa também não fornece a rentabilidade desejada, por isso, em seguida, propôs um preço de venda ideal, promovendo a comparação entre o preço praticado atualmente eo sugerido pelo estudo. No entanto, constatou-se também que, mesmo usando o novo preço de venda, a empresa ainda não vai atingir uma rentabilidade de 30 no total do faturamento, porque este pertence a incluir as receitas provenientes da venda de chips, usados apenas como eliminação de material, de modo que , considerando o preço extremamente baixo deste produto sugere a utilização deste material na produção de vassouras, cujo valor acrescentado é maior. Palavras-chaves: ISSN 1984-9354

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PERSPECTIVAS PRELIMINARES DO REFLEXO DA

ESTRUTURAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO E LUCRATIVIDADE NA PRECIFICAÇÃO DA MADEIRA

SERRADA

Área temática: Gestão Econômica Financeira

Marta Elisete Ventura da Motta

[email protected]

Juliana John

[email protected]

Maria Emilia Camargo

[email protected]

Gabriela Zanandrea

[email protected]

Resumo: Conheça os custos que compõem o processo de produção de uma empresa e da rentabilidade esperada é o

suporte básico para os preços dos produtos e consequente desenvolvimento da organização. Com vista a isso, este

estudo tem como objetivo identificar o impacto do custo de produção na formação dos preços de venda, analisando a

sua coerência com a rentabilidade desejada, em uma serraria empresa e madeira de rolagem, localizado no Vale do

Caí / RS. Para o efeito, desenvolveu uma pesquisa de abordagem descritiva e explicativa, através de um estudo de caso

de contextualizar a actividade desenvolvida com os resultados esperados. Notou-se que, embora nenhum produto

considerado refletir danos para a empresa também não fornece a rentabilidade desejada, por isso, em seguida, propôs

um preço de venda ideal, promovendo a comparação entre o preço praticado atualmente eo sugerido pelo estudo. No

entanto, constatou-se também que, mesmo usando o novo preço de venda, a empresa ainda não vai atingir uma

rentabilidade de 30 no total do faturamento, porque este pertence a incluir as receitas provenientes da venda de chips,

usados apenas como eliminação de material, de modo que , considerando o preço extremamente baixo deste produto

sugere a utilização deste material na produção de vassouras, cujo valor acrescentado é maior.

Palavras-chaves:

ISSN 1984-9354

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XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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1. INTRODUÇÃO

Vive-se em um momento em que a concorrência é cada vez mais acirrada e os

consumidores cada vez mais exigentes (BERNARD et al., 2007), refletindo na minimização das

margens de lucro das organizações, impactando na imprescindibilidade de planejamento e manutenção

de estratégias a fim de obter lucratividade paralela aos preços competitivos (WERNKE, 2008).

A contabilidade de custos consiste em um exemplo típico de estratégia eficaz para o controle de

custos (HORNGREN; SUNDEN; STRATTON, 2004), configurando-se, também como uma

importante ferramenta gerencial para o apoio à tomada de decisão (NEVES; VICECONTI, 2010)

refletindo na impreterível confiabilidade das informações dos relatórios e demais instrumentos

contábeis (IUBIDICÍBUS et al., 2006).

Sob essa perspectiva, o conhecimento da composição dos custos que envolvem o processo

produtivo consiste em um parâmetro inicial para a determinação do preço mínimo de venda

(PADOVEZE, 1994), sendo que variáveis como mercado de atuação, características do produto

(VILELA; SANTOS, 2000), demanda e concorrência também devem ser consideradas (CREPALDI,

2010). Segundo Bertó e Beulke (2006, p. 264) “um valor de venda inferior ao do custo implica

automaticamente em perdas, que, dependendo de suas dimensões, afetam diretamente a saúde

financeira e a substância patrimonial, chegando até a inviabilizar a continuidade da empresa”.

Indo mais além, Wernke (2008, p. 126), afirma que “a correta formação dos preços de venda é

questão fundamental para crescimento e sobrevivência das empresas”, de modo que através de uma

política eficiente de preço condizente com a lucratividade desejada consiste na única forma de

obtenção dos objetivos empresariais (ASSEF, 2005).

Contudo, a contabilidade praticada nas micro e pequenas empresas não difere muito daquela

desempenhada em grandes organizações, objetivando a sistematização e análise de gastos, a

classificação e contabilização dos custos e a geração de relatórios e informações acerca dos custos de

produção (CALLADO, 2005), de tal forma que a fixação de um preço de venda equivocado pode

condenar uma organização a ruína (BRUNI; FAMÀ, 2011).

Com vistas a isso, realizou-se uma pesquisa de descritiva e explicativa sob a estruturação de um

estudo de caso em uma empresa do segmento de serrarias e desdobramento de madeira, denominada

ficticiamente Indústria MDS, situada na região do Vale do Caí/RS, objetivando identificar se o preço

de venda praticado é condizente com a lucratividade aspirada pelo empresário.

Para tanto, apresentam-se definições acerca de custos, assim como sua classificação e

relevância para a composição do preço de venda, além de métodos de custeio existentes e formas de

utilização, considerando inclusive instrumentos como Margem de Contribuição, Margem de Segurança

e Ponto de Equilíbrio. Assim, constatou-se que o preço de venda praticado pela empresa objeto de

estudo não é condizente com a lucratividade almejada pelo empreendedor, demonstrando a

necessidade de revisão na composição de custos de produção ou ainda a reelaboração das estratégias

organizacionais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade consiste em um instrumento que auxilia na tomada de decisão, através da

coleta, mensuração e registro de todos os dados econômicos da empresa (IUDÍCIBUS, MARION;

FARIA 2009), ou seja, trata-se da ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio

objetivando proporcionar subsídios para o processo decisório (FRANCO, 1996) “preocupando-se com

realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia das células sociais” (SÁ,

1998, p. 42).

A contabilidade, especificadamente a de custos, surgiu da necessidade de resolver problemas

relacionados à mensuração de resultados (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007), sendo que, atualmente

representa uma ferramenta que proporciona a coleta, a classificação e o registro dos dados que dizem

respeito às diversas atividades operacionais da empresa, de tal forma que Laitinen (2014) a configura

como um dos mais importantes sistemas de gestão. Por sua vez, Vieira, Maciel e Ribas (2009)

intitulam a Contabilidade de Custos como um instrumento de gestão, pois suas informações

demonstram em tempo hábil clareza, coerência e confiabilidade.

Concomitante Megliorini (2007) elenca benefícios proporcionados à empresa, através da

utilização das informações da contabilidade de custos, e entre eles está a definição dos custos dos

insumos para produção, bem como ações que proponham sua redução, políticas que visem diminuição

de desperdício de material e tempo, e práticas que melhorem a administração da empresa, pois as

informações colaboram com a tomada de decisão.

2.1.1 Conceituação e Classificação dos Custos

Segundo Bertó e Beulke (2006), os custos correspondem aos valores monetários dos insumos e

consumos necessários para a produção e para a venda de determinados produtos. Martins (2010)

amplifica a conceituação, explicando que estes consistem em gastos relacionados ao momento de sua

utilização no processo produtivo.

De acordo com Megliorini (2002) os custos podem ser classificados basicamente de acordo

com a sua finalidade, seja quanto aos produtos fabricados e/ou quanto ao seu comportamento em

diversos níveis de produção. Ao primeiro grupo pertencem os custos diretos e indiretos

(MEGLIORINI, 2002), sendo os diretos os “gastos facilmente apropriáveis às unidades produzidas, ou

seja, são aqueles que podem ser identificados como pertencentes a este ou aquele produto”

(WERNKE, 2008, p. 13), tais como matéria-prima e mão-de-obra direta (MARTINS, 2010).

Por sua vez, os custos indiretos relacionam-se aos gastos que não podem ser alocados

diretamente aos produtos fabricados, e caso sejam atribuídos à estes, é mediante critérios de rateio

(WERNKE, 2008), tais como mão-de-obra e materiais indiretos (MARTINS, 2010), de modo que

quanto mais tipos de produto uma empresa fabrica, maior será o número de custos indiretos e menor a

quantidade de custos diretos (STARK,2007).

A segunda classificação dos custos abrange os fixos e variáveis (MEGLIORINI, 2002), de

modo que os primeiros correspondem aqueles que permanece, inalterados com a variação do volume

de produção (STARK, 2007), tais como depreciação, aluguel e seguro da fábrica (DUBOIS; KULPA;

SOUZA, 2009).

Em contrapartida, os custos variáveis caracterizam-se pela sua relação direta com o volume

produzido (BERTÓ; BEULKE, 2006), de modo que quando a quantidade produzida aumentar ou

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diminuir, esse custo variará na mesma proporção (PADOVEZE, 2006), como por exemplo a matéria-

prima consumida, as horas extras da produção e a mão-de-obra direta (DUBOIS; KULPA; SOUZA,

2009).

2.1.2 Métodos de Custeio

Os métodos de custeio são sistemas que coletam e organizam dados que serão utilizados pelas

empresas nas decisões gerenciais (LEONE, 1997). Abbas, Gonçalves e Leoncine (2012) afirmam que

esses métodos possibilitam, dentre outros aspectos, reduzir custos, decidir pelo aumento ou diminuição

da produção e eliminar desperdícios.

Os métodos tradicionais são definidos como Custeio por Absorção e Custeio Variável

(MEGLIORINI, 2002), cuja diferença básica entre ambos consiste no tratamento dos custos fixos

(CREPALDI, 2010).

2.1.2.1 Método de Custeio por Absorção

O método de custeio por absorção “apropria todos os custos, fixos ou variáveis à produção de

determinado período[...] as despesas não ligadas à produção serão excluídas” (STARK, 2007, p. 158),

sendo utilizado quando se busca atribuir ao produto também parte do custo fixo (SANTOS, 2011).

Este método de custeio é o único aceito pela Contabilidade Financeira, pois atende aos

princípios contábeis (DUBOIS; KULPA; SOUZA, 2009), além de ser válido também para fins de

balanço patrimonial, permitindo aprimorar a informação gerencial que servirá de base para a formação

do preço de venda, uma vez que o método procura recuperar todos os custos incorridos pela empresa

(STARK, 2007). Entretanto, sua principal desvantagem relaciona-se a utilização de rateios, visto que

nem sempre seus critérios são objetivos o que pode distorcer resultados, beneficiando alguns produtos

e prejudicando outros (WERNKE, 2008).

2.1.2.2 Método de Custeio Direto ou Variável

O custeio variável consiste no método pelo qual serão alocados aos produtos apenas os custos

variáveis, de modo que os custos fixos independem da existência da produção, dessa forma, irão

diretamente para o resultado (MEGLIORINI, 2002). Dessa forma, consequentemente, a Contabilidade

não estará seguindo todos os seus princípios, de modo que esse método pode ser utilizado somente

como instrumento gerencial (DUBOIS; KULPA; SOUZA, 2009).

A utilização deste método de custeio fornece como vantagem a eliminação de variações no

resultado oriundas de quantidades produzidas com as quantidades vendidas (DUBOIS; KULPA;

SOUZA, 2009), além de identificar de forma mais clara o relacionamento custo-volume-lucro

essencial para o planejamento da lucratividade (STARK, 2007).

De acordo com Hansen e Mowen (2001, p. 771) o custeio variável “atribui apenas custos de

manufatura variáveis aos produtos; estes custos incluem materiais diretos, mão-de-obra direta e custos

indiretos de fabricação variáveis”. Indo mais além, Megliorini (2007) afirma que pelo método de

custeio variável, o estoque final de produtos acabados é levado totalmente para o resultado do

exercício, depois da margem de contribuição, ao passo que no custeio por absorção, somente a parcela

correspondente à quantidade vendida comporá o resultado.

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2.2 PREÇO DE VENDA

Dentre as decisões a serem tomadas pelas empresas, a correta formação do preço de venda dos

produtos é uma das mais importantes (PEREIRA, 2009), pois consiste em um fator significativo de

rentabilidade e crescimento (LAITINEN, 2014). Desse modo, é imprescindível conhecer o custo de um

produto para fixar o seu preço de comercialização, assim como aspectos acerca do preço de venda

praticado pelos concorrentes e o preço de produtos substitutos (Martins, 2010).

Assim, o preço de venda deve corresponder a um valor que maximize os lucros de uma

organização, mantendo a qualidade dos produtos (SANTOS, 2011), sendo que para tanto, utiliza-se um

dos métodos de custeio anteriormente explicados (MARTINS, 2010) acrescentando uma margem

denominada mark-up, que consiste em um índice que cobre a tributação e despesas de vendas e

administrativas, bem como os custos indiretos e margem de lucro desejada sobre o produto

(WERNKE, 2008), simplificando o calcula da precificação (BRUNI; FAMÁ, 2011).

2.2.1 Margem de Contribuição

A margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda unitário de um produto e seus

custos e despesas variáveis (PADOVEZE, 2006), entretanto, essa diferença não consiste no lucro da

empresa, uma vez que são desconsiderados desse cálculo os custos e despesas fixas (MARTINS,

2010).

Megliorini (2007, p. 114) elucida que uma “empresa só começa a ter lucro quando a margem de

contribuição dos produtos vendidos supera os custos e despesas fixos do exercício”. Sendo importante

para decisões de curto prazo e proporcionando análises que visem reduções de custos (WERNKE,

2008), a margem de contribuição possibilita também a visualização da rentabilidade dos produtos de

uma empresa, permitindo identificar a forma com que cada um colabora no resultado da organização

(STARK, 2007).

2.2.2 Ponto de Equilíbrio

O ponto de equilibro representa a situação mínima em que uma empresa opera sem lucro e sem

prejuízo (MEGLIORINI, 2007), ou seja, corresponde à quantidade, financeira ou unitária que a

organização necessita faturar para pagar todos os seus custos, considerando além dos custos e despesas

variáveis na produção e comercialização de produtos, as receitas e despesas fixas (VIEIRA; MACIEL;

RIBAS, 2009).

Apesar de não existir um ponto de equilíbrio ideal, quanto menor for o ponto de equilíbrio

maior será a probabilidade de a empresa operar sem perdas (DUTRA, 2010), de modo que este pode

abranger o aspecto contábil, financeiro e econômico (MEGLIORINI, 2007; WERNKE, 2008;

SANTOS, 2011).

2.2.4 Margem de Segurança

A margem de segurança representa a quantia ou índice excedente ao ponto de equilíbrio

(BRUNI; FAMÁ, 2011), referindo-se as unidades vendidas ou que se espera vender acima do ponto de

equilíbrio (HANSEN; MOWEN, 2001).

Também pode ser compreendida como “o volume de vendas que supera as vendas calculadas

no ponto de equilíbrio, ou seja, representa o quanto as vendas podem cair sem que haja prejuízo para a

empresa” (WERNKE, 2008, p. 62), podendo ser calculada em quantidades, unidades monetárias ou em

percentual (BRUNI; FAMÁ, 2011).

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Método refere-se aos meios dispostos para se alcançar um determinado fim, representando um

“conjunto de normas-padrão que devem ser satisfeitas, caso se deseje que a pesquisa seja tida por

adequadamente conduzida e capaz de levar a conclusões merecedoras de adesão racional” (RUIZ,

1991, p.138).

Em relação aos procedimentos de pesquisa, realizou-se um estudo de caso em uma indústria do ramo

de serrarias, situada no Vale do Caí, estado do Rio Grande do Sul, objetivando identificar reflexos dos

custos na formação dos preços de venda.

Gil (2002, p. 54) conceitua o estudo de caso como sendo um “estudo profundo e exaustivo de

um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. Para Roesch

(2005) sua utilização oportuniza uma análise processual, contextual e longitudinal de ações que se

manifestam e são construídas dentro das organizações.

A metodologia quanto ao objetivo é descritiva, o que Gil (2002, p. 42) afirma possuir como

objetivo primordial a “descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então o

estabelecimento de relações de variáveis”. Por sua vez, Rampazzo (2005, p. 53) salienta que esse tipo

de pesquisa “observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-

los; estuda fatos e fenômenos do mundo físico e, especialmente, do mundo humano, sem a

interferência do pesquisador”.

Esta pesquisa enquadra-se como metodologia descritiva, pois pretendeu-se expor

características, analisar dados e documentos, buscando melhorar práticas de precificação, normalmente

utilizadas na venda da produção de madeira serrada de eucalipto.

Seu enquadramento como pesquisa explicativa, contudo, justifica-se pelo fato de serem

coletados fatos, que posteriormente foram registrados e analisados para se obterem os resultados da

pesquisa. Quanto a isso, Gil (2002) afirma que esse tipo de pesquisa visa à identificação de fatores que

determinam a ocorrência de determinados fenômenos servindo como uma espécie de continuação da

pesquisa descritiva.

Os dados foram coletados através do diálogo com o proprietário e da busca em documentos e

em formulários de controles internos da empresa, assim como na exploração das demonstrações de

resultado, notas de compra de matéria-prima e notas fiscais de venda da produção.

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA

A empresa objeto de estudo localiza-se na região do Vale do Caí/RS e possui a denominação fictícia

de Indústria MDS, atuando no ramo de serrarias e desdobramentos de madeira há cerca de seis anos,

com administração familiar e desenvolvendo principalmente a industrialização de madeira, focando na

transformação de toras de Eucalipto em madeira serrada.

O proprietário é responsável por toda a rotina da empresa, desde a aquisição de matéria-

prima e demais insumos até a supervisão da produção. Determina os preços de venda dos produtos e

efetua sua comercialização, contudo, a empresa não possui um sistema de controle de custos de

produção, de modo que as mais variadas determinações e decisões são tomadas pelo empresário

baseadas na sua experiência no setor e em sua vivência no ramo.

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4.2 HISTÓRICO

A empresa MDS iniciou suas atividades no ano de 2001, atuando no ramo de transporte

rodoviário de cargas. Entretanto, em 2009, acreditando não estar recebendo o retorno financeiro

esperado, o proprietário decidiu investir no setor industrial, apostando no ramo de serraria com

desdobramento de madeira, acreditando que essa seria uma esfera promissora.

O novo ramo escolhido pela MDS é bastante concorrido no município sede da empresa, de

modo que grande parte das cerca das quinze serrarias existentes são estabelecimentos com mais tempo

de existência no mercado, com marcas conhecidas e clientes fidelizados. Assim, prospectando clientes

potenciais, a MDS vê-se obrigada a praticar preços de comercialização inferiores aos da concorrência,

pelo menos até que consiga demonstrar a qualidade de seus produtos e conquistar uma carteira de

clientes fiéis.

A organização conta atualmente com seis empregados, cinco com atuação no setor produtivo e

um no setor administrativo. O principal mercado consumidor do estabelecimento é a construção civil,

contudo não há uma concentração de clientes. Quanto à aquisição de matéria-prima, está provém

diretamente de produtores rurais.

4.3 TRIBUTAÇÃO

Os tributos incidentes sobre a comercialização da produção da MDS representam um fator

determinante para o cálculo do preço de venda, de modo que seu regime tributário consiste no Simples

Nacional, que abrange a arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte, conforme a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

As alíquotas de cada tributo que engloba o Simples Nacional são definidas conforme tabela de

partilha do Simples Nacional correspondente ao segmento considerado, sendo que para a determinação

das alíquotas utiliza-se a receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de

apuração (LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006).

A indústria MDS, nos últimos 12 (doze) meses obteve um faturamento de R$ 401.199,52, fato

que a enquadraria na alíquota de 7,34%. Contudo, de acordo com a Lei nº 13.875, de 28 de dezembro

de 2011 da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, as empresas enquadradas no

Simples Nacional possuem redução no valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS), caso seu faturamento anual seja superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$

2.520.000,00. Assim, a alíquota de ICMS da MDS que seria de 2,33% com a legislação passa a ser de

1,31% e a alíquota total do Simples Nacional consequentemente totaliza-se em 6,32%.

4.4 CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA

A empresa MDS não utiliza nenhum método de custeio e, atualmente, para formação de venda,

verifica basicamente a quantidade de matéria-prima necessária para a produção das unidades, o salário

dos empregados e o lucro que deseja. O estudo realizado baseia-se no mês de Abril do ano de

2014, cujo faturamento é comumente expressivo em relação ao restante do ano, considerando todos os

produtos vendidos.

Entretanto, realizou se a coleta de todos os custos e despesas da empresa do período, onde se

verificou o patrimônio da empresa e identificou-se que alguns componentes do Ativo Imobilizado já

foram totalmente depreciados, portanto será lançado no custo apenas os valores correspondentes aos

bens que ainda não foram integralmente depreciados.

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4.4.1 Custos e despesas

A MDS comercializa toda sua produção, não mantendo estoque de produtos prontos, assim o

faturamento total da empresa na competência abril/2014 corresponde a R$ 43.498,23, com uma

alíquota tributária de 6,32% equivalendo a R$ 2.749,06.

Os valores das matérias-primas e as quantidades adquiridas são controlados através das notas

fiscais de entrada do período, correspondendo a 140 m3 toras de eucalipto com um valor unitário de

R$ 65, 71, resultando em um desembolso total de R$ 9.200,00.

Considerando que a empresa possuía estoque de matéria-prima no início do mês estudado, e

que restou estoque no final do período, realizou-se o cálculo para verificar quanto correspondeu o

custo da matéria-prima daquele mês, conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Custo da Matéria-Prima do Período

Fonte: Acervo gerencial da empresa - Adaptado pelos autores.

Apurou-se também o custo da mão-de-obra direta considerando os 5 (cinco) empregados do

setor produtivo sob o regime mensalista. Não ocorreram horas extras na competência, e o resultado é

demonstrado na Tabela 2.

Tabela 2 - Composição dos Custos de Mão-de-Obra Direta

Fonte: Acervo gerencial da empresa - Adaptado pelos autores.

O custo da mão-de-obra será dividido na proporção de tempo gasto para fabricação dos

produtos, contudo, como a empresa não possui sistema que possibilite a medição do tempo gasto para

produção individual, utilizou-se percentuais correspondentes ao tempo de fabricação de cada produto,

correspondendo a 15%, 10%, 35%, 20% e 20% respectivamente a caibros, ripas, sarrafos, tábuas e

cavacos.

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Quanto a alocação dos custos indiretos fixos coletados através de documentos ficais e recibos, a

MDS apresenta-os distribuídos conforme a Tabela 3.

Tabela 3 - Custos Indiretos Fixos

Fonte: Acervo gerencial da empresa - Adaptado pelos autores.

Ainda, como custo indireto fixo tem-se a depreciação das máquinas, calculado pela forma de

Quotas Constantes ou Lineares, onde o valor do imobilizado será depreciado linearmente, de acordo

com a sua vida útil, conforme demonstra a Tabela 4.

Tabela 4 - Depreciação das máquinas

Fonte: Acervo gerencial da empresa - Adaptado pelos autores.

Como estes custos são gerais, ou seja, necessários para produção mensal de todos os produtos,

são rateados pelo total produzido pela empresa naquele mês, de modo que correspondem a 12,64%,

7,82%, 43,68%, 17,93% e 17,93% a caibros, ripas, sarrafos, tábuas e cavacos, respectivamente.

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5.1 DEFINIÇÃO DOS PREÇOS DE VENDA

A partir dos custos e despesas coletados elaborou-se a DRE da competência Abril/2014,

apresentado a partir do Método de Custeio por Absorção e do Método Variável, conforme demonstra a

Tabela 5.

Tabela 5 - Demonstração do Resultado do Exercício

Fonte: Elaborado pelos autores.

Ambos os métodos resultaram no mesmo lucro líquido, fato que se explica pela não

existência de estoque final de produtos prontos ou de produtos em elaboração. A diferença, entre eles,

está no Custo do Produto Vendido, de modo que Custeio por Absorção engloba todos os custos de

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produção, ou seja, os custos fixos e variáveis, enquanto que no Custeio Variável, apenas os custos

variáveis compõem o cálculo do CPV, e os custos fixos compõe diretamente o resultado.

5.5.1 Caibros

Percebe-se que a empresa obteve, com um faturamento de R$ 43.498,23 em Abri/2014, um

lucro líquido de R$ 8.706,55, equivalendo a uma lucratividade de 20,02%. Contudo, o empresário

pretende auferir um lucro líquido de 30% nos produtos vendidos, e, para verificar quais são os

produtos que não trazem retorno esperado elaboraram-se DREs para os quatro principais produtos

fabricados e comercializados pela empresa, sendo estes: caibros, ripas, sarrafos e tábuas, excluindo-se

os cavacos, pois sua destinação não justificando aspiração de lucro.

Assim, observou-se que a comercialização de caibros representou cerca de 13% do faturamento

da empresa em Abri/2014, acrescentando um lucro líquido de R$ R$ R$ 1.384,84, cujo preço médio de

venda corresponde a R$ 400,00 por m³, de modo que houve uma lucratividade líquida de 23,88% sobre

o faturamento bruto, não atingindo o percentual de lucro mínimo desejado.

Os percentuais de impostos, despesas e lucro totalizaram 43,24%, e consequentemente

formaram o mark-up divisor de 0,56758 e o multiplicador de 1,76186, de modo que dividindo ou

multiplicando os mark-ups pelos custos do produto, obteve-se o preço de venda R$ 438,47.

A Margem de Contribuição unitária corresponde a R$ 268,70 refletindo em um percentual de

61,28%, ao passo que o Ponto de Equilíbrio (PC) Contábil em unidades obtido é de 7,40 m³, ou em

valor, R$ 3.245,36. Há ainda o PE Financeiro igual a 6,95 m³ e o Econômico a 14,50 m³. Por sua vez, a

Margem de Segurança em valor corresponde a R$ 3.112,39 e em unidades a 7,10 m³.

5.5.2 Ripas

A venda de Ripas representou cerca de 9% do faturamento da competência, resultando em um

lucro líquido de R$ 879,38 e em 22,84% de lucratividade. O preço médio atualmente praticado é de R$

350,00 por m³, e o preço de venda sugerido para garantir os 30% de lucro auferido corresponde a

R$389,35 m³.

A Margem de Contribuição unitária considerando o novo preço é de R$ 236,83 e em percentual

a 60,83%. O PEC em unidades é de 5,57 m³, em valor igual a R$ 2.170,43, ao passo que Financeiro e

Econômico correspondem a 5,23 m³ e 5,23 m³, respectivamente. Por fim, a Margem de Segurança em

valor iguala-se a R$ 2.112,47 e em unidades a 5,43 m³.

5.5.3 Sarrafos

Os sarrafos tiveram representatividade aproximada de 43% do faturamento mensal, propiciado

um lucro líquido de R$ 5.128,09, de modo que sua comercialização por um preço médio de R$ 350,00

por m³ resultou em uma lucratividade de 27,38%.

Para atingir o lucro desejado, o preço de venda a ser praticado deveria igualar-se a R$ 364,40

m³, refletindo em uma Margem de Contribuição unitária de R$ 229,34 ou percentual de 62,94%.

O PEC ocorreria com 28,00 m³ ou R$ 10.203,67, sendo o Financeiro igual a 26,28 m³ e o

Econômico a 53,51 m³. Por sua vez, a Margem de Segurança em valor corresponde a R$ 9.294,74 e em

unidades a 25,51 m³.

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5.5.4 Tábuas

As tábuas proporcionaram uma lucratividade líquida de $ 1.227,65 e representaram cerca de

17% do faturamento, sendo atualmente comercializada por um preço médio de R$ 440,00 ao m³,

resultando à empresa 16,77% de lucro.

Todavia, para atingir lucro desejado, através do método do Mak-up, o produto deveria ser

vendido por R$ 531,41 m³, resultando em uma Margem de Contribuição de R$ 310,30 por unidade ou

58,39%. O PEC seria igual a 8,09 m³ ou R$ 4.298,76, se modo que o Financeiro e Econômico

corresponderiam a 7,59 m³ e 16,64 m³, respectivamente. Por fim, a Margem de Segurança em valor

correspondente é de R$ 4.542,21 e em unidades de 8,55 m³.

5.5.5 Análise dos Resultados

Percebe-se, a partir da observação das Tabelas anteriores, que com a prática dos atuais preços

de venda, a empresa não atinge a lucratividade almejada de 30% em nenhum dos quatro produtos:

caibros, ripas, sarrafos e tábuas. Constata-se, portanto, a importância da formação de um preço de

venda a partir da consideração de todos os custos, despesas e tributos incidentes, para garantir a

rentabilidade que a empresa objetiva.

Enquanto que comercializando sarrafos com os preços atuais, a empresa se aproximava dos

30% de lucro desejado, as Tábuas proporcionavam apenas aproximadamente 50% desse percentual. As

Ripas e os Caibros conforme as Tabelas anteriores assemelhavam-se na proporção de lucros que

resultavam a empresa, sendo estes 22,84% e 23,88%, respectivamente.

Elaborou-se então, para proporcionar uma melhor análise de resultados com o novo preço de

venda, uma DRE, que é exposta na Tabela 6.

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Tabela 6 - DRE considerando o novo Preço de Venda dos produtos

Fonte: Elaborado pelos autores.

O faturamento que era de R$ 43.498,23 em Abri/2014, proporcionava um lucro líquido de

20,02%, ou seja, R$ 8.706,55. Já utilizando o novo preço de venda, e com a mesma quantidade

comercializada representaria uma receita bruta de R$ 46.780,02 com resultado líquido de R$

11.780,90 ou 25,18%.

A empresa, mesmo aderindo aos novos preços de venda, não atinge 30% de lucratividade na

competência. O fato é resultado da comercialização dos Cavacos, por um preço considerado muito

baixo, o que é determinante no percentual de lucratividade procedente da Demonstração de Resultado

do Exercício.

O faturamento resultante da venda de Cavacos em Abril de 2014 foi de R$ 7.800,00 o qual

originou um lucro líquido de R$ 86,58. Analisando proporcionalmente, verifica-se que representa uma

margem de lucro de 1,11%. Porém, apesar do retorno insignificante, e, de certa forma ser mais

lucrativo transferir os esforços da fabricação destes itens para um produto que revertesse em mais

lucratividade, a produção e posterior comercialização dos Cavacos faz-se necessária, conforme já

mencionado, para dar uma destinação às sobras de madeira da Serraria.

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Pela observação da rotina produtiva verificou-se que grandes pedaços de madeira eram

conduzidos ao Picador para serem transformados em Cavacos. Foi então que, a partir de pesquisas no

ramo e conversas com o empresário, sugeriu-se à empresa, que parte desses restos fosse refilado, e

comercializado como outro produto: Cabos de Vassoura. Esse item é comercializado por um preço

médio de R$ 280,00 por m³, e é entregue brutos, no formato retangular e sem lixação, pois caberá a

outra indústria finalizar a industrialização do mesmo.

De forma sucinta, com o auxílio do empresário constatou-se que é viável ser comercializado 6

m³ de Cabos de Vassouras, extraídos dos restos de madeira que seriam transformados em Cavacos.

Esses m³ são comercializados como Cavacos por um total bruto de R$ 90,00, e poderiam ser faturados

de forma bruta por R$ 1.680,00, se produzidos Cabos de Vassoura.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o exposto, observa-se que a composição dos custos aliada à lucratividade

desejada representa a base de sustentação para a elaboração do preço de venda, de modo que é

impreterível a realização de uma contabilidade de custos.

A pesquisa realizada comprovou a veracidade acerca da relevância dos custos quanto à

precificação dos produtos, demonstrando que atualmente o preço de venda praticado pela empresa não

reflete a lucratividade aspirada pelo empreendedor, refletindo na necessidade de reestruturação ou

realocação dos custos operacionais ou/e na definição de novas estratégias.

Os resultados obtidos através do cálculo de Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e

Margem de Segurança indicam a incoerência dos objetivos da organização em relação à estrutura de

custos sob a qual sua atividade se desenvolve, servindo como parâmetros para uma possível

reavaliação operacional. Reconhecesse a necessidade de aprofundamento desta temática e sugere-

se a realização de estudos futuros considerando empresas de outros segmentos econômicos e regiões

de atuação, visto que as especificidades de cada organização impactam no resultado final da pesquisa.

Além disso, observa-se que este estudo contribui tanto para o âmbito acadêmico, contábil e

empresarial, enfatizando uma temática relevante para o desempenho empresarial, mas ao mesmo

tempo precariamente explorada, demonstrando a necessidade de interação entre estes três contextos a

fim de alavancar resultados positivos, impactando, inclusive no desenvolvimento da socioeconômico

em geral.

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