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 Permacultura Urbana Fernando J. P. Neme

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Uma ebook para auxiliar na compreensão e execução de ações relacionadas a permacultura.

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  • Permacultura Urbana

    Fernando J. P. Neme

  • Fernando J. P. Neme

    Permacultura Urbana

    1 Edio

    So Paulo

    Fernando Jos Passarelli Neme

    2014

  • ISBN 978-85-913080-4-0

    Autor: Fernando Jos Passarelli NemeProjeto grfi co: Rosana C. B. Cavalcanti

    Diagramao: Rogrio CamaraReviso: Jos Neme

    E-mail para contato:[email protected]

    Fernando J. P. NemeSo Paulo 2014

    livre a distribuio deste e-book. Esta uma edio eletrnica no comercial. Em qualquer hiptese proibida a sua comercializao ou demais usos com interesses fi nanceiros. Este exemplar de livro eletr-nico pode ser duplicado e impresso em sua ntegra e sem alteraes, distribudo e compartilhado para usos no comerciais, entre pessoas e/ou instituies sem fi ns lucrativos. Em todas as hipteses o autor ori-ginal deve ser citado.

  • SOBRE O AUTOR

    Fernando J. P. Neme permacultor, projetista ecolgico, pai-sagista alimentar, agente socioambiental pelo programa Carta da Ter-ra em Ao/SP, consultor jurdico e ambiental, educador de ecologia, escritor e coordenador da Pra Melhor Ambiental Projetos Ecolgicos (http://pramelhorambiental.wordpress.com/).

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    Permacultura Urbana

    SUMRIO

    Permacultura UrbanaO que Permacultura? ........................................................................... 7Histrico da Permacultura..................................................................... 8Conceito da Permacultura...................................................................11A tica da Permacultura .......................................................................13Fundamentos da Permacultura .........................................................16Princpios de Ao da Permacultura ................................................18

    O Despertar da Conscincia Ambiental Os nossos direitos e a educao ambiental ..................................22Mude voc que o mundo melhora ..................................................25Reflexes sobre a Natureza .................................................................29Conhecendo o territrio ......................................................................30Questes urbanas ..................................................................................33

    A tica da SustentabilidadeDesvendando os Sete Erres ................................................................37Trabalhando Dezessete Erres .............................................................39Diferena entre tica e moral .............................................................40Cuidar para prosperar ...........................................................................42A tica da Sustentabilidade ................................................................43

    A Formao da Cidadania PlanetriaA Permacultura Urbana e o seu compromisso com as prticas sustentveis no dia a dia ......................................................................53

    Anexos .......................................................................................................67

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    Permacultura Urbana

    Permacultura Urbana

    O que Permacultura?

    Permacultura um estilo de vida, e tambm uma tcni-ca de planejamento ambiental com fundamentos ticos e prin-cpios de conduta. Seu objetivo desenvolver reas humanas produtivas de forma sustentvel, respeitando os ciclos naturais e o equilbrio dos biomas. Seus mtodos de planejamento so diversificados e dinmicos, necessitando sempre de adaptaes locais via observao e estudo da paisagem.

    O planejamento enfatiza e promove melhorias ecolgicas no uso do espao, privilegiando os seus elementos locais, orde-nando e dividindo as reas por zonas e setores, potencializando suas qualidades, buscando eficincia energtica e um ciclo pro-dutivo realimentado com os resduos da etapa anterior (desen-volvimento de fluxos eficientes de produo). As ferramentas do desenho so um conjunto de princpios que balizam e in-centivam solues inovadoras, adaptadas ao local, e ambiental-mente sustentveis s necessidades humanas essenciais. Seus objetivos principais so: cuidar da terra, cuidar da pessoa, pro-duzir fartura, no poluir, mitigar e compensar, cultivar alimentos saudveis, captar e usar a gua de forma responsvel, construir se inserindo na paisagem, preferir o uso de energia renovvel de fonte limpa, fomentar o comrcio justo e solidrio, entre outras aes socioambientais resilientes.

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    Histrico da Permacultura

    A Permacultura nasceu na Austrlia, durante a dcada de 1960, e foi concebida pelo professor universitrio de psicologia am-biental Bill Mollison, junto com seu aluno e futuro parceiro David Holmgren. A inspirao surgiu no momento em que atravessa-vam uma crise ambiental em seu pas, quando o ecossistema se degradava violentamente pela mecanizao intensa da lavoura, e pelo uso indiscriminado de produtos qumicos devido s in-fluncias da chamada Revoluo Verde (agricultura baseada na monocultura, uso intensivo de fertilizantes e agrotxicos qu-micos, uso exagerado de mquinas e pouca mo de obra, entre outros).

    Na dcada de 1960, Bill Mollison e David Holmgren, influencia-dos pela Teoria Gaia de James Loverlock, pela Teoria dos Sis-temas de Ludwig Von Bertalanffy, pelas contribuies Teoria Geral dos Sistemas do Dr. Howard T. Odum, pelos movimentos sociais de protesto e contestao do sistema, mais os dados mundiais sobre poluio planetria, com a inteno de dar uma resposta ao sistema industrial e suas prticas agrcolas poluido-ras e degradantes, iniciam uma viagem pelo mundoresgatando conhecimentos ancestrais, habilidades tecnolgicas dos povos tradicionais, sabedorias aborgines, lies espirituais e os modos harmnicos de convivncia com o meio ambiente, e a todo este acervo foram acrescentadas as novidades das cincias moder-nas. Na harmonia entre o resgate das tradies e a incluso da modernidade nasce a Permacultura.Nos anos 70, na busca dos princpios de uma Agricultura Perma-nente, cunharam a palavra Permacultura para conceituar um sistema evolutivo integrado de espcies vegetais e animais pere-nes teis ao homem, com diversas praticas que criam solues

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    Permacultura Urbana

    sustentveis, impondo limites e responsabilidades no uso dos recursos naturais, fechando ciclos reutilizando toda a sobra resi-dual da etapa anterior como matria-prima (in natura ou proces-sada) na etapa posterior do sistema de produo. Logo depois, este conceito evoluiu para um sistema de planejamento para a criao de ambientes humanos sustentveis (ambas as citaes so de Bill Mollison). O resultado deste salto o entendimento e a busca de uma Cultura da Permanncia, envolvendo aspectos ticos, socioeconmicos e ambientais.

    A Permacultura oferece fundamentos ticos e princpios de con-duta alm das ferramentas de trabalho para o planejamento, a implantao e a manuteno de ecossistemas cultivados (rurais e urbanos). Promove a biodiversidade, a estabilidade natural e a sade dos ecossistemas, e ainda estimula a produo de ali-mentos saudveis, a construo de habitaes ecolgicas e a captao de energia usando fontes limpas e renovveis com o objetivo de perpetuar a cultura humana.

    Os agentes desta mudana so chamados permacultores, que de forma consciente desenham o uso da terra para produzir far-tura, potencializando a energia, otimizando fluxo ao sistema, no desperdiando recursos e nem poluindo o meio ambiente, com uma dedicao eterna na restaurao de paisagens degra-dadas e no uso racional de energia para construir comunidades integradas e harmnicas com a Natureza.

    Vale ressaltar que a Permacultura, concebida inicialmente para ser um mtodo de agricultura permanente, hoje se transformou em algo muito mais abrangente, inclusiva, e que trabalha direta-mente com todas as relaes invisveis na sociedade.

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    Permacultura Urbana

    Reflexes sobre o nosso modelo tradicional de agricultura

    O cultivo de monoculturas, que privilegia a mecanizao, usa pou-ca mo de obra, e que antes da degradao do solo conseguem boas colheitas com o uso de estimulantes qumicos, conhecido como Revoluo Verde. No final da 2 Guerra Mundial o mundo industrializado precisava revitalizar as fbricas blicas e a tecnolo-gia desenvolvida durante o conflito (carros de combate, munies e armas qumicas), e comea a produo em massa de tratores, implementos agrcolas, fertilizantes e agrotxicos qumicos. Com esta metamorfose, as antigas fbricas da morte se transformaram em fbricas da vida e soluo para a fome mundial.A esta agricultura mecanizada, que padroniza a produo para facilitar a industrializao, que tira do campo o lavrador e sua famlia, que privilegia uma elite rural e incha as cidades, se d o nome de progresso.No ps-guerra inicia a nova fase do capitalismo industrial que precisava reconstruir um mundo destrudo sua forma, ou seja, com consumidores dependentes de produtos industrializados e de trabalhadores para suas fbricas. Com a Revoluo Verde havia muita gente saindo do campo, ou por falta de servio, ou por estarem iludidos pela qualidade de vida nas cidades. Havia tambm pequenos produtores sem crdito bancrio vendendo propriedades para se aventurar nas cidades em desenvolvimen-to. Ainda hoje alguns bancos amarram os seus emprstimos s empresas de insumos e sementes, exigindo um plano de mane-jo que contenha os itens necessrios da agricultura moderna porque no querem correr riscos da safra quebrar e o devedor ficar inadimplente.Toda esta manobra, com interesses explcitos do mercado, fa-cilita a logstica de distribuio e comercializao, aumenta a quantidade de mo de obra para o segundo e terceiro setor e com a publicidade conseguem manipular as escolhas e criar ne-

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    Permacultura Urbana

    cessidades e desejos modernos a estes consumidores que foram privados de produzir sua prpria subsistncia.Para evitar toda esta degenerao social e degradao ambien-tal, acima citada, nasceu a Permacultura como uma ferramenta de desenvolvimento sustentvel de aglomerados humanos.

    Conceito da Permacultura

    De acordo com Bill Mollison, na sua obra Introduo Perma-cultura:

    Permacultura o planejamento e a manuteno consciente de ecossistemas de agricultura produ-tivos, que tenham a diversidade, a estabilidade e a resistncia dos ecossistemas naturais. a in-tegrao harmoniosa das pessoas e a paisagem, provendo alimento, energia, abrigo e outras ne-cessidades, materiais ou no, de forma sustent-vel. Sem uma agricultura permanente no existe a possibilidade de uma ordem social estvel. O design na permacultura um sistema para unir componentes conceituais, materiais e estratgi-cos em um padro que opera para beneficiar a vida em todas as suas formas. A filosofia por trs da Permacultura visa trabalhar com a natureza e no contra esta. um trabalho de observao do mundo natural, com concluses transferidas para o ambiente planejado. Necessitamos observar os sistemas em todas as suas funes, ao contrrio de exigir somente um produto destes. Para isto devemos permitir que estes sistemas produtivos desenvolvam-se nas suas evolues prprias.

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    Permacultura Urbana

    Permacultura uma cincia com tica, um jeito de ser, uma filosofia de vida, viver em cooperao, planejar com meto-dologia, respeitar a herana cultural e acrescentar tcnicas mo-dernas de produo mais limpa, se relacionar com o planeta e com as pessoas agindo com dignidade e respeito, ter modera-o no uso dos recursos naturais e principalmente preserv-los para a prxima gerao. a cultura da permanncia e a filosofia da convivncia.

    A Permacultura, ao mesmo tempo em que o resgate do saber viver com simplicidade e atitudes sensatas, tambm exige muito tempo para ser compreendida e muita vivncia para ser assimila-da. Paradigmas no so quebrados instantaneamente. Uma for-mao valorosa demora e d trabalho, mas recompensa no final.

    OBS: A Permacultura no a nica alternativa para trabalhar a conservao e a sustentabilidade do Planeta, mas pode somar esforos. Ela uma boa ferramenta, de contedo aberto, com aplicao simples e que d poder e autonomia aos seus pratican-tes. uma prtica baseada em princpios ticos e fundamentos lgicos. uma tecnologia que une o tradicional com a vanguarda e aceita adaptaes da cultura local. Seus princpios podem ser aplicados na gerao de energia limpa e renovvel, em tcnicas de construo, na agricultura e manejo florestal, no transporte, na logstica reversa, na reciclagem, na eficincia energtica, na captao, abastecimento, tratamento e aquecimento da gua, na compostagem de resduos, na formao de comunidades sustentveis, na indstria, nas escolas, nos hospitais, nos lares, nas polticas pblicas de comrcio justo e solidrio, na economia verde, na vida pessoal etc.

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    Permacultura Urbana

    A tica da Permacultura

    Cuidar da Terra e das Pessoas.

    Produzir fartura respeitando os limites da resilincia.

    Distribuir os excedentes no planejamento produtivo.

    Cuidar da Terra

    respeitar, preservar, e criar identidade com o planeta Terra. de forma consciente cuidar de todas as coisas vivas e naturais (fau-na, flora, biomas, nichos ecolgicos, rochas, solos, gua e atmos-fera). pisar o cho se sentindo envergonhado de colocar os ps sobre aquela que sustenta e alimenta a vida. Como ensi-na Bahullh:

    Todo homem de discernimento, enquanto caminha sobre a terra sente-se realmente envergonhado, visto que compreende per-feitamente que aquilo que fonte da sua prosperidade, sua riqueza, sua fora, sua exaltao, seu avano e seu poder a pr-pria terra que pisada pelos ps de todos os homens. Indubitavelmente, aquele que conhecedor dessa verdade est purificado e santificado de todo orgulho, arrogncia e vaidade.

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    Permacultura Urbana

    com gratido cuidar do solo onde nascem as plantas que resgatam o carbono da atmosfera, produzem ar puro pela fotossntese, fornecem materiais para diversos usos e trabalham initerruptamente para manter as condies propcias vida no planeta. E por fim, ser um conservacionis-ta ativo, se comprometer com a recuperao dos ecossistemas e implantao da Cultura de Paz mundial.

    Cuidar das Pessoas

    ser sincero em no fazer aos outros aquilo que no quer para si (Regra de Ouro). estimular a cooperao e a vida social em comunidades. preencher as necessidades bsicas de alimen-to, abrigo, educao, trabalho e convivncia, desestimulando a competio, que destri, pela colaborao, que constri. Cuidar das pessoas comea com voc e parte para a famlia, para os amigos, os vizinhos, a comunidade, o bairro, a cidade e o mundo todo. Mudar o mundo sozinho impossvel, mas mude voc que o mundo melhora.

    Produzir fartura e distribuir os excedentes

    As necessidades humanas bsicas so ar puro, gua limpa, ali-mento sadio e um teto para se abrigar das intempries naturais, todo o resto poluio. A arte da produo colher fartura, a arte da economia ser comedido e a arte da sabedoria ser feliz na simplicidade.

    O homem com valores humanos no perde tempo se consumin-do no crculo vicioso das iluses (excessos de desejos que escra-viza a pessoa ao trabalho interminvel para satisfazer sem limi-tes suas infinitas vontades sem jamais preencher o eterno vazio que sente). O homem com valores humanos trabalha de forma

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    Permacultura Urbana

    racional para gerar fartura e assim dispor de tempo, dinheiro e energia excedentes para distribuir na forma de produtos, traba-lho voluntrio, doaes e dedicaes diversas ou como um pro-fissional altamente especializado, que ama o que faz e executa a sua tarefa com qualidade, por um preo acessvel e justo.

    Com a receita de comear pequeno, um passo de cada vez e gas-tar com moderao, possvel ao indivduo produzir riqueza e ainda, se a sua vida estiver embasada pelos valores humanos e planetrios, uma vez se sentindo confortvel e preenchido nas suas necessidades bsicas e culturais, a pessoa tem a oportuni-dade de desenvolver a espiritualidade, aperfeioar os conheci-mentos, lapidar suas faltas, observar suas aes, meditar seus passos, se engajar socialmente e com a ateno plena cuidar da terra e das pessoas.

    Com tamanho preenchimento das vontades, resta pouco espao para a ganncia que depreda e destri. O consumo reduzido de coisas e repleto de saberes. Sabe distribuir com justia e parci-mnia os excedentes que extrapolam a zona de conforto e pou-pana. Sabe produzir lucro com produtos e servios e adquirir recursos na dosagem perfeita. Sabe transformar pessoas porque se transformou primeiro. Sabe ensinar porque pratica. Sabe con-servar os recursos porque se importa com as geraes futuras e no nem vido e nem imediatista (bases do comrcio justo e da economia solidria).

    A tica fundamenta as estruturas invisveis da permacultura, des-perta a conscincia socioambiental individual, e inicia as transfor-maes sociais (partindo da ecologia interna (relao alimento/sa-de), alcana o consumo consciente de produtos locais, economia de recursos, incentivo produo mais limpa, comrcio justo, moedas solidrias, culminando com a evoluo das regras de convivncia).

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    Fundamentos da Permacultura

    Observar e aprender com a Natureza: localize-se na bacia hi-drogrfica da sua regio, identifique-se com o bioma em que vive, harmonize os seus desejos e necessidades com os produtos locais, tea conexes regionais;

    Trabalhe com a Natureza: planeje imitando ao mximo os ci-clos naturais, e trabalhe com a Natureza a seu favor (melhor pro-dutividade, menos manuteno). Interfira o mnimo possvel na paisagem, e promova a biodiversidade (potencializando quali-dades e a eficincia do sistema).

    Procure solues: todo entrave carrega a sua soluo (no existem problemas, voc que ainda no enxergou a soluo). Transforme tudo em recursos, e lembrando que os nicos limites que existem no projeto so a quantidade de informaes, e a capacidade de imaginao do projetista.

    Para cada elemento vrias funes e para cada funo im-portante duas ou mais fontes de energia: desenhe cada ele-mento do sistema para executar duas ou mais funes e, prin-cipalmente, toda funo deve ser alimentada por duas ou mais fontes de energia, assim aproveitamos melhor as instalaes multiuso, e deixamos de depender das foras externas (clima, empresas fornecedoras de energia e gua, fbricas de sementes, produtos industrializados etc.).

    Captao e uso dos recursos locais: recurso todo e qualquer elemento capaz de armazenar/trocar energia no projeto. A meta desenvolver fluxo no sistema (urbano ou rural) e suprir as ne-cessidades da vizinhana com os excessos de produo. Faa o

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    Permacultura Urbana

    inventrio dos recursos disponveis no local (internos e externos). Faa a captao dos recursos voluntrios que entram, armazene e use-os o mximo possvel de vezes (exemplo: gua da chuva).

    Poluio o excesso de recurso no utilizado. O rendimento (produtividade do sistema) a soma total de energia produzida, armazenada, conservada, reusada ou convertida. A energia ex-cedente quando o sistema j tem disposio o necessrio para seu crescimento, reproduo e manuteno e no tem o que fazer com a sobra. A alta produo do mtodo convencional diferente do alto rendimento energtico da Permacultura. Se os recursos colocados em um sistema extrapolam a sua capacidade de us-los/recicl-los o resultado desordem e caos (poluio), por exemplo, muita gua cinza (ou fertilizante) no solo pode ocasionar uma sobrecarga de nutrientes inacessveis s plantas.

    Valorize as bordas. Na ecologia, as bordas so as reas entre dois ecossistemas quando se encontram, formando um nicho com maior riqueza e biodiversidade (zonas autctones). Nas reas marginais existem os choques que enriquecem o desenho. Por exemplo, nas periferias das cidades encontramos problemas estruturais e tambm as suas causas e solues. No encontro de duas pessoas o conhecimento desta unio maior que as partes em separado. possvel criar microclimas teis ao sistema uti-lizando as bordas das lagoas, florestas, prados e fora de casa possvel adquirir experincias interagindo com vizinhos.

    Matemtica do Sistema. Para cada caloria que entra s pode sair outra igual. No exporte biomassa (carbono) sem a utilizar. Contabilize o seu oramento solar e aumente a sua poupana solar. O sol ativa todos os processos vitais, por exemplo, acelere o crescimento e enriquea o sistema usando rvores doentes e galhos como lenha, a grama cortada e as ervas daninhas como

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    Permacultura Urbana

    cobertura verde ou material para compostagem, a criao de animais como fonte de protena (leite ou ovos), ou trator animal, faa garimpo na terra extraindo seus minerais com o consrcio de culturas e plantio direto. Aplique a lei do retorno, onde tudo o que removido do sistema deve ser devolvido. O elemento s pode ser removido desde que no comprometa os ciclos do sis-tema. A manuteno dos ciclos d sustentabilidade ao projeto.

    Produo equilibrada: necessrio encontrar o equilbrio en-tre os diversos elementos do sistema para que no haja formas de dominao, e tambm contabilizar a necessidade exata de produo para evitar sobras sem uso (poluies). Nem sempre o adensamento e o confinamento do resultado positivo, por exemplo, a concentrao exagerada de peixes resulta numa co-lheita menor (estresses e competies).

    No centralize funes: crie sistemas onde o gerenciamento e as manutenes podem ser feitas por qualquer pessoa. Priorize as estruturas autogeridas.

    Faa reavaliaes peridicas: a manuteno do sistema exige que as crticas sejam aceitas, os erros identificados e prontamente corrigidos atravs de constantes atualizaes e aprimoramentos.

    Princpios de ao da permacultura

    Planejamento de longo prazo: priorize projetos menores, den-tro da sua capacidade financeira e administrativa, preferindo o desenvolvimento slido e lento, ao lucro imediato, trabalhando paliativamente as suas potencialidades, absorvendo aprendiza-dos, fazendo correes, buscando melhor eficincia, e alta pro-dutividade.

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    Permacultura Urbana

    Mapear antes de executar: sempre delimitar zonas e setores no projeto, com objetivo de trabalhar com os fenmenos natu-rais a seu favor (setores), gerar mais eficincia na rotina, menos consumo de energia, menos trabalho desperdiado e mais tem-po livre. Classicamente, esto dividas em cinco zonas, adensan-do as atividades que necessitam de mais manejo entre as zonas um e trs, e espalhando as demais nas zonas quatro e cinco.

    Uso de padres naturais: formas e padres so repetidos em todo o cosmos, quanto mais imitados nos desenhos, mais har-mnicos, cclicos, energticos e belos ficaro os projetos.

    Localizao relativa: antes de inserir qualquer elemento na pai-sagem imprescindvel o estudo prvio de todas as suas parti-cularidades, conexes possveis, e buscar no desenho o espao ideal para o seu melhor desenvolvimento.

    Mltiplos elementos, diversas funes, segurana energti-ca: trabalhar com o maior nmero possvel de elementos no pro-jeto, multiplicando suas funes para ganhar eficincia, e asse-gurar o abastecimento energtico no mnimo com duas fontes.

    Uso de declives e multicamadas: projetar interferindo o mni-mo possvel na paisagem usando as vantagens dos declives e das camadas sobrepostas, muita energia e recursos naturais se-ro economizados com a fora da gravidade como aliada.

    Uso das bordas: linhas retas so menos proveitosas para o de-senvolvimento de relaes orgnicas e criao de microclimas em relao s linhas curvilneas. Ambas, ainda que unam os mesmos pontos, o ganho de espao e conexes produtivas so maiores com o aproveitamento das bordas.

    Uso consciente de energia: optar pelas fontes de energia lim-pas e renovveis na substituio das energias fsseis e poluen-

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    Permacultura Urbana

    tes, desenhando de forma que os resduos da etapa anterior se-jam usados como fonte da etapa subsequente.

    Agricultura sustentvel: princpio tico de cuidar da terra, pri-vilegiando cultivares de plantas nativas (em especial as Plantas Alimentcias No Convencionais), fomentando a biodiversida-de com suas mltiplas interaes, estabilizando ecossistemas, e projetar usando tcnicas da sucesso natural, que imita ao m-ximo os processos naturais, seus ciclos e sua evoluo sucessria, prevendo espaos necessrios de crescimento.

    Resumo:

    Metodologia do Desenho: o planejamento nasce na eterna ob-servao e imitao das formas e padres naturais, posiciona-mento relativo de cada elemento, valorizao da biodiversidade, aprendizado e aproveitamento das bordas, implantao de zo-nas e setores gerando cooperao, economia, e racionalidade ao fluxo energtico da produo, priorizando instalaes multifun-cionais, alimentadas por uma carteira energtica diversa, prefe-rencialmente, limpas e renovveis.

    Ser permacultor assumir a responsabilidade de desenhar a paisagem interferindo pouco e socializando bastante, cuidar da terra com gratido pela vida, cuidar de si para aprender a cuidar dos demais, usar com lgica os recursos naturais, prosperar contendo a ganncia, distribuir sem avareza, ser criativo e malevel para continuar operante.

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    Permacultura Urbana

    O caminho evolutivo em espiral, iniciando com tica e princpios, sugere o entrelaa-mento desses domnios inicialmente no nvel pessoal e local, evoluindo posterior-mente para o nvel coletivo e global (Da-vid Holmgren).

    Portanto, a Permacultura Urbana uma filosofia de vida inspira-da na tica da sustentabilidade, um modo de ser e praticar a eco-logia, de colaborar com a resilincia planetria, de consumir com conscincia sem permissividades e com limites definidos, de viver e construir cidades sustentveis, e, principalmente, de ser um cida-do atuante e a favor das causas e questes socioambientais, da produo mais limpa, do comrcio justo e solidrio, planejando a sua moradia, o sustento da sua famlia, e as suas relaes de con-sumo, de servio, e de vizinhana, levando em considerao os fundamentos, os princpios, e a tica da Permacultura diariamen-te, se destacando como exemplo positivo nos esforos conjuntos da construo da cidadania ambiental mundial.

    Fontes: livros, Os Fundamentos da Permacultura (David Holmgren), Desenvolvimento dos Sistemas (David Holmgren), Introduo Per-macultura (Bill Mollison), Princpios e ticas da Permacultura (Bi-Ling), Permacultura Passo a Passo (Rosemary Morrow), Guia de Permacul-tura para Administradores de Parques (PMSP/SVMA), e a Epistola O Filho do Lobo (Bahullh). As pginas na Internet, www.tagari.com.au, e www.holmgren.com.au, mais os acervos disponibilizados pelo PermaColetivo (http://permacoletivo.wordpress.com), Pra Melhor Am-biental Projetos Ecolgicos (http://pramelhorambiental.wordpress.com) e Rede de Permacultura Social Brasileira (http://permaculturabr.ning.com), acessados em Setembro/14.

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    Permacultura Urbana

    O Despertar da Conscincia Ambiental

    Formulao da tica da Sustentabilidade

    Os Nossos Direitos e a Educao Ambiental

    Conforme prev a Constituio Federal/88, art.225, 1, VI, to-dos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-do, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo s presentes e futuras geraes e para assegurar por completo a efetividade desse direito, deve o Poder Pblico promover a educao ambiental e a conscien-tizao ecolgica, buscando assegurar ao povo, alm da titula-ridade do direito ambiental, tambm o resguardo do princpio de participao e salvaguarda desse direito. Qualquer um do povo solidariamente ao Poder Pblico tm responsabilidades na manuteno, proteo e preservao do meio ambiente.

    Ensina o Prof. Dr. Celso A.P. Fiorillo, em seu Curso de Direto Am-biental (ed. Saraiva/2011) que educar ambientalmente signifi-ca: a) reduzir os custos ambientais, medida que a populao atuar como guardi do meio ambiente; b) efetivar o princpio da preveno; c) fixar a ideia de conscincia ecolgica, que bus-car sempre a utilizao de tecnologias limpas; d) incentivar a realizao do princpio da solidariedade, no exato sentido que perceber que o meio ambiente nico, indivisvel e de titu-lares indeterminveis, devendo ser justa e distributivamente acessvel a todos; e) efetivar o princpio da participao, entre outras finalidades.

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    Permacultura Urbana

    A Lei n 9.795, de 27 de abril de 1999, que estabeleceu a Poltica Nacional de Educao Ambiental, veio reforar que o meio am-biente deve ser defendido e preservado tanto pelo Poder Pbli-co quanto pela coletividade.

    Portanto, todos ns somos solidariamente responsveis e guardies do meio ambiente sadio e equilibrado para a atual e nossas futuras geraes. Independente de qualquer situao, se diretamente responsvel pelo dano ou herdado o problema, todos tm a obrigao de solucionar em definitivo a degradao, sanando as causas dos problemas e no somente reparando as suas consequncias. Conforme a Agenda 21, pen-sar global e agir local.

    A proteo ao meio ambiente se insere na base dos direitos hu-manos (princpio da ubiquidade). A nossa Carta Maior, cujo pon-to basilar a tutela vida e, principalmente, a qualidade da vida, impede qualquer dissociao da proteo ao meio ambiente em relao aos demais aspectos da sociedade, exigindo prvio estu-do de impacto ambiental.

    O meio ambiente no se submete s fronteiras artificiais cria-das pelo homem e, portanto, todas as suas devastaes so de abrangncia planetria. O homem hoje deve se apoderar dos direitos humanos e cumprir suas obrigaes como um cidado do mundo expandindo suas percepes. Meio ambiente equili-brado perpassa a ideia da justa distribuio dos recursos a todos os habitantes do mundo de hoje e para sempre, eliminando os gritantes excessos de riqueza e pobreza.

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    Artigo 225 Constituio Federal do Brasil 1988 Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente

    equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualida-de de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:

    I - preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e pro-ver o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas;

    II - preservar a diversidade e a integridade do patrimnio gentico do Pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico;

    III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territo-riais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo;

    IV - exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade po-tencialmente causadora de significativa degradao do meio ambien-te, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade;

    V - controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcni-cas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a quali-dade de vida e o meio ambiente;

    VI - promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente;

    VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoque a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade.

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    Permacultura Urbana

    2 - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com soluo tcnica exigida pelo rgo pblico competente, na forma da lei.

    3 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.

    4 - A Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira so patrimnio nacional, e sua utilizao far-se-, na forma da lei, dentro de condies que assegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

    5 - So indisponveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por aes discriminatrias, necessrias proteo dos ecossistemas naturais.

    6 - As usinas que operem com reator nuclear devero ter sua localizao definida em lei federal, sem o que no podero ser insta-ladas.

    Mude voc que o mundo melhora

    fato que nenhuma pessoa sozinha tem a capacidade de mudar o mundo, mas a unio consegue fazer a revoluo necessria. O engajamento socioambiental e, principalmente, as mudanas de hbitos so urgentes para reequilibrarmos tanto as nossas pe-gadas ecolgicas quanto as interferncias humanas na capaci-dade de resilincia do planeta. Os desvios das permissividades modernas e o consumo exacerbado dilaceram o mundo e nos consomem silenciosamente.

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    Permacultura Urbana

    A grande revoluo est nos nossos aparentes pequenos gestos dirios, e ainda na nossa ateno plena para agir de forma sus-tentvel, enfim, mudando os nossos estilos de vida para cons-truirmos um mundo socioambiental melhor.

    Em nenhuma poca do passado ns tivemos tantas informaes disponveis e com fcil acesso pela Internet como hoje, mas no basta s se informar, imprescindvel agir. No fcil mudar um hbito, exige esforo e comprometimento contnuo e existem duas formas de ao, a primeira, e mais fcil, pela conscienti-zao individual, exerccio da lgica que explica as prementes necessidades e encoraja a mudana efetiva, e a outra, e mais do-lorosa, pela obrigatoriedade da lei, por questes de sade, de desabastecimento, por desastres e desgraas, e outras imposi-es externas.

    A frmula do sucesso das transformaes necessrias para um mundo mais sustentvel sempre inicia no indivduo, depois via exemplos alcana a famlia e os amigos prximos, extrapola as paredes e chega aos vizinhos e encanta o condomnio, atravessa os muros ganhando as ruas, e, naturalmente, se expande pelos quarteires, bairros, cidades e o mundo.

    importante refletir constantemente sobre a interferncia e os impactos das pegadas ecolgicas individuais, das empresas e do governo, mais o autopoliciamento constante e, principalmente, a verdadeira vontade de abrir mo de alguns confortos modernos em prol da sustentabilidade. Estamos conscientes disto? Quere-mos ser agentes de transformao ou no? O agente de susten-tabilidade faz por conta prpria sem esperar por ningum.

    A histrica posio de reduzir, reusar e reciclar hoje insuficien-te, necessrio repensarmos todo o sistema de produo e im-

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    Permacultura Urbana

    plantar uma poltica reversa efetiva com real fornecimento de matria prima advinda da reciclagem. E tambm refletir sobre os malefcios da obrigatoriedade de elevados nveis de consu-mo como combustvel principal para girar a economia. Sem con-tar as malfadadas imposies do mercado, como, por exemplo, produtos quimicamente nocivos sade pelo uso prolongado e a obsolescncia programada. O agente de sustentabilidade s consome o estritamente necessrio, de uso imediato e evita a gerao de resduos.

    Polticas econmicas expansionistas baseadas no crescimento do produto interno bruto, lastreado pelo consumo, esto ultra-passadas. A simplicidade de economizar gua, energia eltrica e combustvel fssil, embora conscientemente e ecologicamente importante, no tem a capacidade de resolver plenamente os problemas da demanda de energia global. Temos necessidade de investimento em fontes limpas e renovveis de gerao de ener-gia e s a implantao de um consrcio de diversas fontes energ-ticas tm a capacidade de suprir qualquer demanda. O agente de sustentabilidade busca eficincia energtica e promove no lar as seguranas hdricas, energticas e alimentares possveis.

    Aes de governo e de mercado esto cem por cento atreladas ao cidado, portanto, o uso correto ou no do voto e as escolhas de consumo que elegem governos, polticas pblicas e ditam as estratgias do marketing corporativo. O agente de sustenta-bilidade se envolve nas questes pelos Direitos Humanos e dos Animais, e da Cultura de Paz. Apoia a cidadania participativa e outras causas humanitrias ativamente. Prefere comprar pro-dutos limpos e sem venenos, de produo local, com meios de produo ecolgicos e assim ajuda no combate pirataria e no incentiva meios de produo perversos ou que usam trabalho infantil, escravo, ou anlogos escravido.

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    Permacultura Urbana

    Um exemplo de conscientizao ambiental a questo dos re-sduos, quando colocamos o lixo na rua estamos preocupados com o seu destino e com quanto o municpio gasta para fazer a coleta? Sabemos qual o valor dos recursos gastos neste servio em detrimento de outras reas sociais como a sade e a edu-cao? Somos cidados engajados e preocupados com o bem estar social? O agente de sustentabilidade produz poucos res-duos porque compra em feiras ou a granel, prepara em casa o mximo do seu alimento, produtos de limpeza, higiene e cosm-ticos, no desperdia, reutiliza (uso na mesma funo), ou reusa com criatividade todas as coisas possveis antes de enviar para a reciclagem e, principalmente, preocupado com a gerao de resduos, produz adubo de qualidade para a sua horta caseira fazendo vermicompostagem em casa (recomendamos a leitura do ANEXO 01, sobre minhocrios caseiros, encontrado no final deste trabalho).

    Qual o nosso entendimento sobre natureza? Ser a natureza s o mundo l fora, formada por todo o cosmos, que historica-mente nos ensinaram que est nossa eterna disposio para ser despojada e destruda de forma egosta e imediata? Ou a natureza da filosofia estruturada na simbiose entre interior e ex-terior? O agente de sustentabilidade sabe que no causar dano aos outros tambm implica deixar de causar dano para si.

    importante diferenciar os bons produtos dos cones de marca, estar na moda no exibir uma etiqueta famosa, porque esta propaganda itinerante se permitir ser carimbado para mostrar ao sistema qual o seu patamar de consumo real ou ilusrio. Ter etiqueta saber se portar com requinte e isto no se compra no mercado, arduamente conquistado com educao e cultura. O agente de sustentabilidade toma cuidado com a iluso das classes sociais e a confuso dos desejos materiais.

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    Permacultura Urbana

    A inteligncia e o bom senso, de regra, preferem os produtos com as caractersticas da simplicidade (qualidade, durabilidade, funcionalidade, baixo custo de manuteno). O agente de sus-tentabilidade sabe que ser simples no ser simplrio.

    Portanto, se cada um fizer a sua parte, todos ganham e o mundo melhora!

    Reflexes sobre a Natureza

    As reflexes abaixo so individuais:

    a) O que a Natureza?b) Onde est a Natureza?c) A Natureza precisa de mim?d) O que posso fazer para ajudar a formar um mundo socioam-biental melhor?

    Sobre as questes acima, e, quanto aos possveis desentendi-mentos entre o fsico (material) do metafsico (espiritual), deve-mos levar em considerao que existe uma rede de conexo en-tre o visvel e o invisvel, entre as comprovaes cientficas e suas inspiraes intelectuais. E, por isto, o nosso entendimento de que no existem diferenas e nem diferentes naturezas, somos todos um, a completa e perfeita unidade na diversidade.

    Portanto, quando tratamos o assunto natureza falamos de ns e de tudo que nos cerca, e nossa melhor atitude em prol da vida comear cuidando da nossa flora intestinal, pois a partir deste universo interno que poderemos mudar o mundo externo com melhor sade e vitalidade. Uma vez que nos comprometermos conosco e cuidarmos da nossa floresta interior, vamos conscien-

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    Permacultura Urbana

    temente alimentar o nosso sistema bitico com alimentos livres de venenos, com gua potvel, cobrir nossa pele com tecidos naturais, limpar nossa casa e fazer nossa higiene pessoal com produtos naturais, e assim cada um de ns estar ajudando a construir a revoluo ambiental mundial, e, estas sensaes cor-preas, somadas suas percepes profundas, damos o nome de ecologia interna. O primeiro e mais importante veculo para cuidarmos da Natureza.

    Conhecendo o Territrio

    Voc conhece o seu territrio? Conhece quem foi ou porque a sua rua se chama assim? Sabe a histria do seu bairro, da sua cidade, do seu estado ou pas? Sabe em que bacia hidrogrfica voc se localiza? Sabe qual a formao geogrfica, geolgica e biolgica de onde voc vive? Voc tem certeza que conhece o seu territrio?

    A palavra territrio refere-se a uma rea delimitada sob a posse de um animal, de uma pessoa (ou grupo de pessoas), de uma organizao ou de uma instituio. O termo empregado na po-ltica (referente ao Estado Nao, por exemplo), na biologia (rea de vivncia de uma espcie animal) e na psicologia (aes de ani-mais ou indivduos para a defesa de um espao, por exemplo). H vrios sentidos figurados para a palavra territrio, mas todos compartilham da ideia de apropriao de uma parcela geogrfi-ca por um indivduo ou uma coletividade.

    Premissa

    Nas nossas futuras aes, como agentes de sustentabilidade, no devemos nos importar com os erros do passado, porque

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    Permacultura Urbana

    ningum (de boa ndole) erra porque quer, nem para si e nem para os outros. Todos, de boa f, fazem as coisas pensando ser o melhor possvel, totalmente inofensivo e correto. Cada poca tem a sua evoluo.

    Hoje, agregar os conhecimentos de ecologia e sustentabilidade no nosso cotidiano, urgente e necessrio, primeiro, pela econo-mia gerada, segundo, pela lgica de trabalhar a favor dos ciclos e leis naturais e terceiro, pela vital necessidade das seguranas hdrica, energtica, alimentar e de sade.

    A tecnologia ambiental chega para agregar valores e conheci-mentos. Ela abrangente e holstica, ou seja, permeia e faz a cos-tura entre todos os saberes. generalista na essncia e jamais senhora da razo.

    A sustentabilidade hoje no se apresenta para mudar por mudar, mas para somar e buscar a melhor forma de desenvolvimento, ensinando atitudes positivas no nosso jeito de ser, viver, se rela-cionar, construir e, principalmente, consumir.

    Portanto, no importam as causas e nem os equvocos do passa-do, mas imprescindvel saber o que vamos fazer de hoje em diante!

    Hoje, o que importa como vai ser a sua histria, e como ns, todos juntos e misturados, vamos construir a nossa histria!

    Mantra da Revoluo Sustentvel

    SEM REMOROS COM ESFOROS

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    Permacultura Urbana

    O comrcio local e suas marcas de valor

    Perguntas e Reflexes:

    a) Na padaria qual o nome do padeiro?

    b) No mercadinho qual o nome do empacotador?

    c) Na quitanda qual o nome do entregador?

    d) Na mercearia qual o nome do dono?

    e) Na farmcia qual o nome do prtico?

    f) Na feira orgnica quais os nomes dos feirantes?

    g) Na sapataria qual o nome do sapateiro?

    h) Na reforma de estofados qual o nome do tapeceiro?

    i) No conserto de bolsas qual o nome do costureiro?

    j) No herbrio qual o nome do mestre?

    k) Na loja de cereais (integrais e naturais) qual o nome do vendedor?

    l) Na oficina de bicicletas qual o nome do mecnico?

    m) Na banca de jornal qual o nome do jornaleiro?

    n) Na relojoaria qual o nome do relojoeiro?

    o) Na autorizada (eletrodomsticos e eletroeletrnicos) qual o nome do tcnico?

    Alm do nome do seu cabeleireiro/barbeiro e da costureira/al-faiate voc conhece pelo nome os seguintes profissionais: por-teiro, zelador, faxineira do condomnio, vigia da rua, carteiro, taxista, florista, catador de ferro-velho, empreiteiro de obras, pedreiro, encanador, eletricista, pintor, ceramista, serralheiro,

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    Permacultura Urbana

    carpinteiro, marceneiro, construtor com bambu (bambuzeiro), jardineiro, borracheiro, mecnico e eletricista de automveis, instalador de antenas, tcnico de telefone, tcnico de computa-dor, montador de mveis, motorista de carreto, cozinheiro/qui-tuteiro, doceiro, queijeiro etc.

    O comrcio local exige a ampliao dos laos de amizades no territrio, e quando aprofundado leva em considerao qual a origem e provenincia do produto, a distncia dos fabricantes/produtores, valorizando os manufaturados ou artesanais de em-presas vizinhas ou regionais, de porte pequeno a grande, e que so comprovadamente comprometidas com o comrcio justo, as prticas socioambientais e o uso de produtos ecolgicos, es-tando num raio mximo de 300 km da sua casa, porque cresci-mento econmico de verdade valorizar a tradio, a cultura, as pessoas e o desenvolvimento local.

    Questes Urbanas

    Segurana Hdrica, Energtica e Alimentar.

    Reflexes gerais: vocs sabem a distncia, dependncia e fragili-dade nas relaes entre a produo e o consumo, mais a mobili-dade viria da sua cidade?

    Segurana Hdrica

    De acordo com Grey, D. e Sadoff (Sink or Swim? Water security for growth and development), a segurana hdrica pode ser defini-da como a disponibilidade de uma quantidade e qualidade acei-tvel de gua para sade, meios de vida, ecossistemas e produ-

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    Permacultura Urbana

    o, associados a um nvel aceitvel de riscos relacionados com a gua para as pessoas, economias e meio ambiente.

    Reflexes:

    a) onde captada e tratada a gua que abastece a sua cidade?b) se faltar energia, o sistema de bombeamento continua fun-cionando?c) qual a qualidade da gua que voc est consumindo?d) o esgoto da sua cidade tratado? Este tratamento eficaz?e) no caso de escassez voc tem reservas suficientes para quanto tempo?

    Segurana Energtica

    Em relao ao conceito da segurana energtica, o termo permi-te algumas interpretaes, entre elas, a simples autossuficincia energtica (e suas relaes de insumo, dependncia externa ou no, mais as suas ofertas energticas autnomas, endgenas e prioritariamente de fontes nacionais), ou o grau de controle que se tem sobre toda a cadeia de suprimento de energia (poltica externa de acesso aos recursos energticos globais). No nosso caso, o Brasil bem servido de recursos hidroeltricos, extrao e refino de petrleo, e enormes potencialidades nos campos de biocombustveis, biomassa, mars, elica, e em especial a solar.

    Reflexes:

    a) onde gerada a energia eltrica que abastece a sua cidade?b) a sua energia oriunda de fonte de produo limpa e reno-vvel?

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    Permacultura Urbana

    c) as redes de transmisso so suficientes?d) em caso de panes estas redes de transmisso possuem um sistema contra apages?e) qual a eficincia do sistema para se precaver de desastres na-turais?f) se faltar leo diesel nos postos, o abastecimento da sua cidade ser prejudicado?g) qual a sua dependncia dos produtos oriundos do petrleo atualmente?h) quando falta energia, voc tem algum tipo de gerao prpria em casa?i) quanto do seu alimento estocado em geladeira e freezers?j) onde o mercado estoca os seus produtos alimentcios?k) voc possui maquinrio (em geral), especialmente eletrodo-msticos manuais de reserva, para perodos prolongados sem energia eltrica?

    Segurana Alimentar

    Quanto segurana alimentar, conforme a Lei Orgnica de Se-gurana Alimentar e Nutricional LOSAN (Lei n 11.346, de 15 de setembro de 2006), por Segurana Alimentar e Nutricional - SAN entende-se a realizao do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficien-te, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base prticas alimentares promotoras de sade que respeitem a diversidade cultural e que seja ambiental, cultural, econmica e socialmente sustentveis.

    Reflexes:

    a) qual a distncia entre os produtores rurais e a sua casa?

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    Permacultura Urbana

    b) qual a sua dependncia das feiras e mercados?c) qual a sua dependncia das cmaras frias para conservar o seu alimento?d) caso haja um desastre natural, ou falta de abastecimento por qualquer motivo, o que voc far para alimentar a sua famlia?

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    Permacultura Urbana

    A tica da SustentabilidadeDesvendando os Sete Erres

    Os nossos caminhos propostos so para auxiliar naimplantao dacidadaniaambiental ea Cultura de Paz na sociedade, e o nos-so objetivo fomentar as transformaes necessrias de susten-tabilidade estimulando as pessoasareduziremo consumo para o estritamente necessrio e de uso imediato,prevendo, sempre antes das compras, a gerao de resduospara evitarao mximo a produo de lixo; incentivar o reusoimediato de cada produto possvel, em especial as embalagens, na sua forma original, bem como a reutilizao de tudo o que estiver mo da forma mais criativa possvel; alertar que a reparao do bem, em geral, mais econmica que a sua troca, eexigir leis que eliminem aob-solescncia programada, pois esta era dos descartveis deve ter-minar porque o futuro exige novos paradigmas socioambientais e a Cultura da Durabilidade, e tambm, promovera recicla-gempara aumentar a oferta de matria-prima indstriae,em especial, enfatizar a compostagem caseira como forma inteli-gente de tratar os resduos orgnicos e sua transformao em adubo, aumentando a vida til dos aterros sanitrios e ajudan-do os municpios a economizar fundos utilizados na coleta de lixo que podero ser relocados para outras reas sociais. Incen-tivamos tambm que as pessoas, em conjunto com a socieda-de, atravs das redes sociais, seminrios, congressos, consultas pblicas, engajamento cidado,democracia participativa, entre outras ferramentas sociais, possa ajudar arepensartoda a nossa atual relao de depredao do planeta trazendo propostas e colaborando com a economia verde, cooperativa, justa esolid-ria; e por fim, estar atento s manobras de marketing, as inves-tidas de mercado, as tentativas contra a democracia e aliberda-

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    Permacultura Urbana

    de de expresso erecusartodo e qualquer tipo de imposio e injustias.

    Sete Erres: reduzir, reusar, reutilizar, reparar, reciclar, repensar e recusar.

    - Uma curiosidade sobre os coletores coloridos:

    Voc sabe qual a razo da criao dos coletores coloridos de re-sduos?

    A princpio pode parecer que foram criados para que a popula-o pudesse fazer os primeiros trabalhos da escolha e separao dos materiais reciclveis, porm, a sua funo mais importante a educao ambiental, pois com a separao visvel a olhos nus a quantidade de resduos gerados em um lar ou local de trabalho. Montanha esta que escancara a nossa interferncia desumana na relao natureza (poder de resilincia) versus poluio gerada pela sociedade.

    - Compostagem

    A compostagem um processo biolgico natural de degrada-o da matria orgnica promovido por microrganismos. Nas questes ambientais pode ser considerada uma reciclagem dos resduos urbanos, domsticos, industriais, agrcolas e florestais, e acontece em fases bem distintas: mesoflica (processada por fungos e bactrias mesfilas, metabolizando molculas simples, temperatura aproximada de 40C, durao de 15 dias); termof-lica (fase mais longa com at 60 dias, processada por fungos e bactrias termoflicos ou termfilos, temperatura entre 65C e 70C, necessidade de oxigenao com a remoo da pilha, de-gradando molculas mais complexas e eliminando agentes pa-

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    Permacultura Urbana

    tgenos); maturao (ltima fase do processo de compostagem, durao de at 60 dias, diminuio da atividade microbiana, queda gradativa da temperatura, e equilbrio do pH, finalizada com a produo do composto orgnico (fertilizante equilibrado, rico em substncias hmicas e nutrientes minerais).

    Trabalhando Dezessete Erres

    Reduzir o consumo para o estritamente necessrio (uso imediato).Reusar os materiais na mesma funo e reutiliz-los de novas for-mas.Reciclar sim, mas somente como ltima alternativa.Respeitar todas as formas de vida porque o Planeta Sagrado.Repensar toda a cadeia produtiva de forma que no existam re-sduos.Recusar com veemncia todas as imposies do mercado.Resgatar tcnicas tradicionais e estilos de vida no dependentes de petrleo.Reformar mveis, carros e tudo mais o que for possvel.Restaurar imveis ao invs de construir novos.Recuperar tecnologias mecnicas, com fcil manuteno, exigin-do peas e reparos vendidos separadamente, alm de diminuir-mos ao mximo a nossa atual dependncia de sistemas comple-tamente eletrnicos.Reparar eletrodomsticos, eletroeletrnicos e tudo o mais, sem-pre exigindo das fbricas a produo dos sistemas, reparos e pe-as por um longo tempo.Respirar com profundidade com a inteno de reencontrar a es-sncia humana, os valores morais, e, assim, se religar com a Na-tureza.Rejeitar de todas as formas, inclusive legais, qualquer possibilida-de de nos tornarmos refns da obsolescncia programada.

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    Permacultura Urbana

    Reflorestar com urgncia reas degradadas, margens de rios, to-pos de morros, reservas legais e todas as cidades.Recuperar o solo para que este possa voltar a gerar a vida, e que a agricultura tenha por base a produo natural, agroflorestal, e orgnica, limpa e ecologicamente sustentvel.Reencontrar-se constantemente para estar sempre encantado com a vida.Reeducar-se para a Paz e ser um agente de transformao no mundo.

    Diferena entre tica e moral

    - O que so normas morais?

    As normas morais so regras de convivncia social (o que de-vemos fazer ou deixar de fazer e de que modo deve ser feito) e obedecem sempre a trs princpios: obrigatoriedade individual (ao), universalidade (vale para toda a humanidade sem exce-es) e incondicionalidade (no dependem de condies, nem esto sujeitas a prmios ou penalizaes) e mesmo que descum-pridas as normas morais existem e so sempre importantes. O homem no desenvolvimento da sociedade toma decises pelo bem e no pelo mal, e o desrespeito s regras no tem a capaci-dade de desvalorizar a importncia da moralidade.

    - Qual a diferena entre a moral e a tica?

    As caractersticas da moral so a prtica imediata, pois integra a vida cotidiana social, influencia os juzos e opinies individuais, nasce dos usos e costumes histricos de cada lugar e so relati-vas entre as diferentes comunidades. Enquanto que a tica ca-

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    Permacultura Urbana

    racterizada pela reflexo filosfica e puramente racional da mo-ral e busca justificar as regras morais e fundamentar o que boa conduta a nvel mundial com aplicabilidade a todos os sujeitos.

    A tica universalista e seu objeto de estudo tudo o que guia a ao (motivos, causas, princpios, mximas, circunstncias, es-sncia) e tambm analisa as consequncias destas aes com o objetivo de orientar com racionalidade a vida humana. A moral restritiva porque pertence a indivduos, comunidades e/ou so-ciedades e suas regras diferem no espao (cada lugar um dife-rente costume social) e evoluem ao longo do tempo.

    A norma moral no lei por si mesma (no est escrita e nem passou pelos trmites necessrios at a promulgao), mas a base de onde surgem as leis. O conceito de moral/imoral re-lativo e difere entre cada cdigo de conduta que existe. Mas a tica visa fundamentar as aes humanas universais e orientar a modificao racional de hbitos morais locais que contrapem o melhor modo vida com humanidade.

    Hoje, somente os cdigos de tica profissionais no bastam para transformar a sociedade, e cada vez mais necessria a aplica-o da tica no quotidiano das pessoas, em especial a tica da sustentabilidade, que tem na base o entendimento que cada ao local vai reverberar no global e as aes pessoais tm con-sequncias no s para si mas principalmente para os outros, e que estas aes no podem ser encaradas s por um nico pon-to de vista, mas, sim, de forma holstica (interdisciplinar e trans-disciplinar)

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    Permacultura Urbana

    Cuidar para prosperar

    - O que a terra?

    Para uma simples questo h diversos entendimentos direta-mente relacionados tica de cada um, portanto, podemos responder que a terra so os diversos gros que juntos formam variados tipos de solos, e suas relaes de fertilidade sustentan-do habitats, biomas, e ecossistemas acima e abaixo da linha do cho, que a resposta estar correta. Se diferenciarmos somente as reas de mangue, de mata, de bosque, de desertos, de sava-nas, de montanhas, de falsias, das paisagens rurais, dos campos de cultivo e at das cidades (selva de pedra), a resposta continua-r certa, ou seja, entender a terra como um sistema vibrante de trocas fsico qumicas intensas chamado Planeta Terra, e/ou um sistema potico e metafsico na figura da Me Terra, de qualquer forma, unidas ou no, estaremos falando sobre a terra.

    - Como cuidar da terra?

    Reforando o que foi escrito no comeo da obra, cuidar da ter-ra respeitar, preservar, e se identificar com o planeta Terra. de forma consciente cuidar de todas as coisas vivas e naturais (fauna, flora, biomas, nichos ecolgicos, rochas, solos, gua e atmosfera). com gratido cuidar do solo, pois nele que nas-cem as plantas que resgatam o carbono da atmosfera, produ-zem ar puro pela fotossntese, fornecem materiais para diversos usos e trabalham initerruptamente para manter as condies propcias vida no planeta. ser um conservacionista ativo, se comprometer com a recuperao dos ecossistemas e implantar a Cultura de Paz mundial.

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    Permacultura Urbana

    - O que so as pessoas?

    Somos todos ns terrqueos.

    - Como cuidar das pessoas?

    Novamente, reforando o exposto anteriormente na obra, cuidar das pessoas ser sincero em no fazer aos outros aquilo que no quer para si (Regra de Ouro). estimular a cooperao e a vida social em comunidades. preencher as necessidades bsicas de alimento, abrigo, educao, trabalho e convivncia desestimulando a compe-tio que destri pela colaborao que constri. Cuidar das pessoas comea com voc e parte para a famlia, para os amigos, os vizinhos, a comunidade, o bairro, a cidade e o mundo todo. Mudar o mundo sozinho impossvel, mas mude voc que o mundo melhora.

    A tica da Sustentabilidade

    Aps todo o exposto acima, trazemos a seguinte questo: quais as coisas realmente importantes para a vida?

    Para comear, podemos garantir que trs so imprescindveis existncia e manuteno da VIDA. Outra importantssima por-que nos protege e nos posiciona no mundo. E todas as demais vo depender do grau de necessidades, de utilizao imediata e das subjetivas sensaes de conforto e bem estar (incio das iluses, dos desvios e mensuraes desproporcionadas).

    Por ordem de grandeza, a primeira coisa e a mais importante o AR, nosso primeiro sopro para a vida e sem o qual impossvel vivermos. Em segundo lugar vem a GUA, nosso primeiro habi-tat, a fonte de vida do planeta Terra e sem a sua ingesto o corpo fenece em poucos dias. E em terceiro lugar vem o ALIMENTO,

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    Permacultura Urbana

    fonte de energia, sade e fora para crescermos e nos desenvol-vermos, frente ao qual temos um pouco mais de resistncia sua falta, mas no jejum continuado morre-se de fome.

    H ainda uma quarta coisa (importantssima): o nosso ABRI-GO, que podem ser as roupas e calados certos, para nos ajudar a enfrentar as intempries do tempo e os diversos terrenos, e tambm a nossa casa, local que tambm nos protege do clima, nos d segurana fsica e psquica para o nosso desenvolvimen-to material e evoluo espiritual, e principalmente, porque nos afasta das feras. A leitura de feras pode estar se referindo aos animais selvagens potencialmente perigosos ao homem, quanto s feras metafricas que tem a capacidade de destruir o LAR.

    Deste ponto em diante entramos no campo das subjetividades, dos desvios de conduta, das percepes equivocadas e das fal-sas interpretaes de realidade da nossa espcie (homo sapiens). Entramos no territrio dos medos e dos temores, a fonte dos er-ros e da falta de identidade com o prximo, o instigar das atitu-des malficas, do exacerbar do egocentrismo, da ganncia que estimula a competitividade e as consequentes barbaridades da cultura de guerra, enfim, todas as ILUSES HUMANAS.

    Entendemos ser nosso dever, como permacultores, cuidar do ar, da gua, da terra, da produo de alimento, da construo de la-res, da cooperao de vizinhana, da harmonia de relacionamen-tos, e buscar sempre solues pacficas aos conflitos socioam-bientais, principalmente, produzir fartura, nossa maior defesa e contraponto cartilha econmica atual, que impe a escassez para ditar as regras de mercado, preos abusivos, mercadorias de baixa qualidade, amedrontando e criando turbulncias arti-ficiais para aumentar a manipulao e poder das corporaes.

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    Permacultura Urbana

    Produzir fartura com os recursos e a biodiversidade locais forta-lecer a comunidade ante as imposies externas. Produzir fartura compreender o entorno e estar inserido no habitat. Produzir fartu-ra cultural, conhecer as necessidades elementares e se satisfa-zer sem desejos corrompidos. Produzir fartura ser independente e autossuficiente (liberdade de escolha e ao). Produzir fartura na prtica saber plantar, colher, cozinhar, costurar e construir um mundo socioambiental melhor. Produzir fartura com metfo-ras artsticas e filosficas saber plantar, colher, cozinhar, costurar e construir um futuro humanitrio. Produzir fartura impor limi-tes de produo e consumo no desenvolvimento e construo da cidadania planetria. Produzir fartura administrar o seu tempo de forma til, saudvel e distinguindo a realidade da iluso para ter tempo de se espiritualizar. Um exemplo de produo de far-tura econmica e cultural, no nosso caso brasileiro, restringir ao mximo o consumo da farinha de trigo (planta extica, mercado abastecido pela importao, com grandes perdas de divisas e gas-tos enormes de transporte, alm de ser um hbito herdado dos colonizadores), substituindo-o pela tapioca (produo cem por cento regional, farinha processada da mandioca (planta nativa), que requer poucos tratos culturais, baixo consumo de insumos, e produz alto rendimento por hectare).

    - Necessrio versus Extraordinrio

    As necessidades humanas bsicas so ar puro, gua limpa, ali-mento nutritivo, um abrigo contra as feras e as intempries na-turais, e uma mente disciplinada, todo o resto poluio. A arte da produo colher fartura, a arte do sucesso planejar com eficincia energtica, a arte da economia ser comedido e a arte da sabedoria ser feliz na simplicidade.

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    Permacultura Urbana

    A pessoa repleta de valores humanistas e espirituais no perde tempo se consumindo no crculo vicioso das iluses. Pelo con-trrio, tem a fora e constncia necessria para se libertar da escravido das vontades, dos infinitos desejos da ganncia, das permissividades e, assim, preencher a sensao de vazio da vida com atitudes exemplares.

    A pessoa tica e valorosa menos propensa para cair nas suti-lezas do mercado, e mais eficiente na gerao de riquezas (tem-po, economia e produtividade), alm de mestre na organizao diria (equilbrio das horas entre os afazeres pessoais, familiares, profissionais e de lazer/cultura), sabe realocar no sistema ou dis-tribuir na comunidade os seus excessos de produo, oferecen-do produtos ou servios de qualidade com preos acessveis, ho-ras de trabalho voluntrio, ou doaes assistencialistas. E a sua receita de sucesso evitar a megalomania, ter fundao slida, trabalhar com constncia e capital prprio, seguir com passos lentos, investir no essencial, e gastar com moderao.

    Atingido o patamar do conforto e satisfeitas todas as necessida-des materiais e culturais, alcana o indivduo a fenomenal opor-tunidade de desenvolver a espiritualidade, conter os impulsos, aperfeioar a conduta, lapidar as faltas, observar as aes e me-ditar sobre a transcendncia.

    Com tamanho preenchimento das vontades, resta pouco espao para o consumo e a ganncia (que depreda e destri), e sobram atitudes de desprendimento e distribuio dos excessos que ex-trapolam a zona de conforto e poupana. Com coragem, enfren-ta a sua metamorfose, e se torna um agente transformador que educa pelo exemplo.

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    Permacultura Urbana

    Com o despertar da conscincia individual se iniciam as mudan-as sociais. O primeiro passo a ecologia interna (paz/alimento/sade). O segundo o consumo consciente e as relaes huma-nas (cuidar da terra e das pessoas). O terceiro com sabedoria perpetuar os recursos da Terra. E para finalizar, conhecer o ter-ritrio, ter identidade cultural, e instituir a cidadania planetria (pensar local e agir global).

    - A tica da Sustentabilidade na construo da Cidadania Ambiental Planetria

    No nossa proposta mastigar o contedo, muito menos digerir todas as informaes expostas at agora, porm, queremos ins-tigar a curiosidade, incentivar o aprofundamento dos temas, e que assim possam surgir novas reflexes, porque dogmas e cer-tezas so todos relativos, mas as dvidas sempre sero as nossas motrizes.

    O pleno entendimento, necessrio para o incio das aes, exige o desligamento do modo operante racional em prol do sensi-tivo (menos crebro, mais corao), porque tudo, de agora em diante, ser um aprendizado coletivo, pois ningum no mundo sabe o que , ou como ser sustentvel. Portanto, cabe a cada um de ns esta criao conjunta, partindo da conscincia individual, formando o juzo coletivo, e finalizando de tal forma que o todo seja maior que a soma das partes.

    A proposta de todo dia acordar encantado com uma nova des-coberta, com a complexidade das suas relaes e reverberaes no coletivo, de domar o intrnseco instinto de sobrevivncia, substituindo a competitividade pela cooperao, e se identifi-

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    Permacultura Urbana

    cando de corpo e alma com o entorno (comunidade, bacia hi-drogrfica, ecossistema), somado ao nexo de pertencimento ao nico grupo humano social que existe: os terrqueos.

    E, ainda, refletir, discutir e rever as regras atuais de comrcio e consumo, acrescentando a varivel dos servios ambientais (ecossistemas equilibrados, floresta em p, filtragem da gua pe-los mangues, cidades arborizadas, entre outras), nos clculos, e confrontar as nossas atuais crises sistmicas (social, ambiental, econmica, e de valores) despertando novos paradigmas forma-dores de um mundo mais igual, justo, partilhado, equilibrado e sustentvel.

    Desde muito cedo o nosso caminho natural seguir regras e pa-dres impostos pelo jeito de ser destrutivo da sociedade (apren-demos histria estudando as guerras), e agora, a hora de re-fletirmos sobre qual a nossa atual responsabilidade, obrigao e engajamento pela manuteno da nossa espcie no planeta, pois j ensina o jargo, no o planeta que corre o risco de aca-bar, mas ns como espcie. Engana-se quem ainda acha que temos o poder de salvar a Natureza. Pelo contrrio, nossa ni-ca funo a de zeladoria, caso contrrio a nossa sobrevivncia neste mundo fica invivel, e s temos aqui para morar.

    Enfatizo que nascemos, e ainda somos criados, levando-se em considerao uma nica via de desenvolvimento, a concorrn-cia individualista de mercado (fonte filosfica da segregao e alimento da indstria da guerra), mas chegou o momento de discutir, rever, obstruir esta regra secular e renovar nossas posi-es cidads, de valores morais, e de justia socioambiental. No crime e nem pecado sonhar, ser e viver de forma diferente do sistema atual, pois se cada um fizer a sua parte a revoluo ser dignificante e completa.

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    Permacultura Urbana

    Nossa premissa, e preocupao maior, cessar imediatamente os excessos de consumo, e, assim, concomitantemente, diminuir drasticamente os estragos ao meio ambiente, e a gigantesca ex-trao dos recursos naturais do planeta.

    J estamos vivendo um mundo mais engajado pelas lutas so-ciais, pelos direitos dos animais, pela indignao aos desrespei-tos democrticos, entre outros. Uma evoluo social est em curso, vide o uso indiscriminado dos boicotes contra marcas e empresas que usam trabalho escravo (ou anlogo escravido) pelo mundo. Vide as campanhas contra zoolgicos, rodeios e maus tratos aos animais em geral (inclusive cobaias de laborat-rios), acompanhe o crescimento do vegetarianismo como dieta alimentar e fonte de sade atestada pela medicina. Tudo isto so mudanas significativas e qualitativas da nossa humanidade. E por estas e outras razes que o futuro prximo exigir novos en-tendimentos legais, e suas consequentes normas jurdicas. Mas, como se criam as leis? A lei sempre corre atrs do que j existe para regul-lo. O direito trabalha no mundo do ser (realidade) e do dever ser (idealizao). Assim, no momento seguinte ao do incio das novas prticas socioambientais, nasce o inconsciente coletivo da populao, que necessita de uma nova roupagem mais condizente com o seu modo de ser. Estas so as bases mo-rais (usos e costumes) preceptoras das leis. As leis nascem dos anseios do povo, e leva sempre em considerao o fato ou bem que deve ser tutelado (o que est acontecendo ou aconteceu), valorando (diferente de valorizando) todas as diferentes inter-pretaes e opinies prs e contrrias ao fato (subjetivas, cole-tivas ou de grupos especficos), redigindo uma letra ou norma, de tal forma que englobe e reflita a busca do senso comum, que votada e validada pelas autoridades seja para o bem coletivo, igual e respeitada por todos. Mas para isto acontecer, mais e mais pessoas devem estar conscientes do seu papel de zeladores

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    Permacultura Urbana

    mundiais. O zelador cuida de algo que no lhe pertence. Esta-mos aqui de passagem e nos cobrado uma boa e digna estadia.

    Outra excelente ferramenta, de cunho mais prtico, resgatar todo o conhecimento ancestral e tradicional, pois estes viveram e prosperaram num mundo sem dependncia de petrleo, de tomadas eltricas e, principalmente, produzindo alimentos lim-pos e livres de venenos. Lembrando sempre que, alm de todo o seu contedo, imprescindvel ressuscitarmos a forma como estes conhecimentos eram transmitidos, inclusive os ambientes fsicos na paisagem, pois s assim toda a riqueza cultural e o seu acervo intelectual podero ser concretizados.

    Sempre que falamos sobre tica, princpios e escrpulos so cita-dos das formas mais abrangentes possveis.

    Caminho das Pedras: incomodar-se, informar-se, identificar-se, conhecer-se, mudar e inovar. Em relao participao poltica todas essas formas de manifestao so necessrias, via institui-es, organizaes, partidos ou apartidrios, presena em au-dincias pblicas de seu interesse, contato com polticos, entre outras, porque, como ensina a sabedoria popular, o grande pro-blema est quando os bons se calam, porque quem no presta faz a festa!

    bom lembrar que os valores no so impostos, mas brotam espontaneamente da essncia. Valores esto alm da regra e das leis. As leis mediam e tentam unificar as aes valorosas, e orien-tar o caminho, mas quem faz tudo isto acontecer so as pessoas no exerccio da cidadania.

    Com a globalizao, e a sua consequente massificao e padro-nizao mediana, estamos engolindo o que querem nos vender.

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    Permacultura Urbana

    O filsofo Plato ensinava que a linguagem pode ser remdio, veneno e mscara, e todos devemos tomar cuidado com a nos-sa falta de identidade e pertencimento cultural, do desconhe-cimento do nosso bioma (que nos faz importar hbitos desne-cessrios nossa realidade), e, principalmente, com a conhecida falta de escrpulos do mercado na sua busca do lucro pelo lucro.

    Resumindo as premissas da tica da sustentabilidade, devemos ficar atentos s diferenas entre a realidade e a iluso, e conscien-temente cuidar do ar, da gua, do alimento, e da sade, pois so nossas necessidades elementares. Enaltecer sempre o estudo, pois a nossa melhor ferramenta de evoluo humanitria. Enfa-tizar o aprimoramento pessoal via Cultura de Paz e Educao de Valores Humanos (ticos e espirituais). E quanto s demais coisas da vida, suas benesses e confortos, buscar eternamente o equi-lbrio nas relaes de consumo e ganncia, e conscientemente ajudar no processo de extino dos excessos de riqueza e po-breza mundiais. Todas as demais coisas podem ser catalogadas como acessrios desnecessrios, suprfluos, poluies, ou puras iluses. Na vida profissional, produzir fartura e distribuir os re-cursos excedentes realocando-os no sistema, diminuindo signi-ficativamente a quantidade de resduos, e, concomitantemente, aumentando-se a oferta de matria prima reciclada na cadeia de produo. Levar em considerao sempre o equilbrio ambien-tal, seus limites de resilincia, e jamais confundir a distribuio dos excedentes com assistencialismo, pois este deve ser usado com muita parcimnia e de forma cirrgica, caso contrrio, esta-remos criando uma casta de mendigos profissionais. A nova era necessita de pessoas livres, educadas e cidados responsveis, e devemos extinguir todos os excessos de riqueza e pobreza, pois este desequilbrio mundial ferramenta e fonte de criao de populaes de excludos, muito usados para manter o establish-ment, atravs do prfido e ancestral jogo poltico-religioso do

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    Permacultura Urbana

    cabresto eleitoral, e mais recentemente atravs das imposies do jogo corrupto corporativo.

    Para comear:

    Reflexes - antes de comprar qualquer coisa no haja por impul-so, pondere a sua necessidade imediata e preveja o resduo que ser gerado. Nunca esquea que o lixo, e o esgoto, no somem num passe de mgica quando damos a descarga ou colocamos os sacos na calada para o caminho levar.

    F - planeje sempre uma rotina de encantamento, assim como as crianas imaginam e brincam, os adultos deveriam cultivar pla-nos, imaginar diretrizes, e realizar sonhos.

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    Permacultura Urbana

    A Formao da CidadaniaPlanetria

    A Permacultura Urbana e o seu compromisso com as prticas sustentveis no dia a dia.

    Sermos pessoas mais econmicas e preocupadas com as ques-tes ecolgicas caracteriza o primeiro passo para vivermos me-lhor, com mais qualidade de vida, e sem poluir o meio ambiente. O alcance geral e a sua implantao de baixo custo, simples, fcil, barata, e que qualquer pessoa poder aplicar em casa de forma imediata, diminuindo suas despesas, melhorando a con-vivncia coletiva, e sem agredir o meio ambiente. importante prestar ateno nos detalhes do dia a dia, porque so nos pe-quenos gestos que esto as grandes transformaes mun-diais. Mude voc, o meio ambiente retribui e todos ganham!

    Neste trabalho vamos apresentar os primeiros e mais simples passos de transformao, como forma de incentivo. Abaixo divi-didos em quatro mdulos:

    - AR: como melhorar a qualidade do ar em casa;- GUA E ENERGIA: dicas de economia e uso racional;- ALIMENTO E SADE: alimentao vegetariana, orgnica, e me-dicina preventiva;- ABRIGO: como construir e viver com economia, e sem agres-ses qumicas.

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    Permacultura Urbana

    AR

    - Nenhum de ns, trabalhando sozinho, pode limpar todo o ar da atmosfera, certo? Mas, nos cercando de plantas dentro e fora de nossos lares (e locais de trabalho), j um excelente comeo, lembrando sempre que rvores, arbustos, folhagens de todos os tamanhos, gramados, cercas vivas e todos os tipos de plantas ajudam a reduzir o nvel de poluentes e materiais particulados nas cidades, concluindo que toda rea verde, por menor que pa-rea, so muito bem vindas para a cidade.

    - D preferncia ao cultivo de hortas em apartamentos e peque-nos espaos, e aprenda como cuidar de plantas comestveis no e-book Paisagismo Alimentar, a implantao de um conceito (Neme/Pra Melhor Ambiental/2012), disponvel para download gratuito no endereo: http://pramelhorambiental.files.wor-dpress.com/2013/11/paisagismo-alimentar-e-book1.pdf (acessa-do em Setembro/14).

    - Aprenda tambm sobre as plantas alimentcias no conven-cionais, germinaes e alimentao viva, base da agricultura de subsistncia nas cidades, no e-book Agricultura Urbana (Neme/Pra Melhor Ambiental/2014), disponvel para download gra-tuito no endereo: http://pramelhorambiental.files.wordpress.com/2013/11/agricultura-urbana-e-book.pdf (acessado em Se-tembro/14).

    - Plante em vasos ou no quintal de casa pelo menos uma das espcies de plantas despoluidoras abaixo relacionadas, cuja efi-ccia comprovada por estudos cientficos:

    ANTRIO (Anthurium andreanum) absorve e neutraliza o amo-

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    Permacultura Urbana

    naco dos produtos de limpeza e o xileno. Floresce bem no ba-nheiro e na cozinha. txico e adora a umidade.

    ARECA (Chrysalidocarpus lutescens), palmeira que absorve xile-no e formaldedo. Excelente para ambientes e mveis recm pin-tados. Gosta de muita luz e umidade.

    AZALEIA (Rhododendron indicum) uma excelente neutraliza-dora de amonacos. Por isso, recomenda-se cultivar a espcie em ambientes como a cozinha e banheiros, que esto mais expostos a esse produto qumico. CLOROFITO (Chlorophytum comosum) age sobre o benzeno, to-lueno e monxido de carbono, xileno, formaldedo. Para qual-quer ambiente onde h queima de gs. Apresenta o melhor desempenho na neutralizao do monxido de carbono (96%) e do formaldedo (86%). Manter em ambiente fresco e com luz solar direta. Cresce em terra mida. CRISNTEMO (Chrysanthemum morifolium), a flor um excelen-te neutralizador de compostos de formaldedo, benzeno e am-nia. Pode ficar em qualquer ambiente. noite colocar do lado de fora. Gosta de temperaturas mais baixas. Flores com plen. DRACENA MASSANGEANA (Dracaena fragrans), conhecida como planta do milho, da famlia das Agavaceae, cresce lentamente e caracterizada por faixas amarelas no centro das folhas. Ao longo do ano, pode dar frutos e flores discretos. Manter afastada da luz solar direta. Deve ser regada para estar sempre mida. DRACENA DE MADAGASCAR (Dracaena marginata) outra espcie que ain-da vem sendo pesquisada, mas que j demonstrou a capacidade de absorver e neutralizar os compostos de formaldedo, tolueno, monxido de carbono e, principalmente, xileno.

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    Permacultura Urbana

    ESPADA DE SO JORGE (Sansevieria trifasciata), a planta com-provadamente eficaz na absoro de substncias qumicas como o tricloroetileno (13%) e benzeno (53%). FNIX (Phoenix roebelenii) atua contra o xileno e o formaldedo. Fica bem no hall de entrada, varanda ou terrao com p direito alto. Gosta de luz, suporta o calor e fcil de cuidar. FCUS (Ficus benjamina), tima eliminadora de formaldedos, li-berta o ar de espaos fechados de toxinas naturais. Embora possa chegar aos 15 metros de largura e 30 de altura, adequada para o interior de casa e dura muitos anos. Deve ser mantida mida, mas no em demasia. Cresce melhor em terra normal e no sol.

    FILODENDRO ROXO (Philodendrum erubescens) age em formal-dedo e tricloroetileno. Perfeito para banheiro. Gosta de umidade e fcil de cuidar. FILODENDRO (Philodendrum bipinnatifidum), tambm conhecida pelos nomes guaimb, banana-do-mato, banana-de-morcego, banana-de-imb e imb, elimina o penta-clorofenol, uma substncia txica encontrada nos produtos de tratamento de madeiras. Devido sua capacidade de eliminar muito vapor dgua, a filodendro tambm apresenta alta capa-cidade de umidificar o ar da casa. FILODENDRO com folha em forma de corao (Philodendron scandens) filtra as toxinas dos espaos fechados. GRBERA (Gerbera jamesonii) atua sobre o benzeno, formalde-do, tolueno e tricloroetileno. muito til na cozinha e limpa as roupas impregnadas de fumaa de cigarro. Flores com plen. Gosta de luz e adora o peitoril das janelas. HERA TREPADEIRA ou HERA INGLESA (Hedera Helix), tima arma contra os compostos de formaldedo e xileno, eficiente neutra-

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    lizadora de compostos de benzeno (42%) e tolueno (92%). Para escritrios com materiais plsticos. Suscetvel a pesticidas, sobre-vive melhor ao ar livre, necessita de ar fresco e da luz solar. Man-ter em temperaturas frescas para moderadas em terra mida, no vaso ou no jardim. JIBOIA (Scindapsus aureus), excelente para monxido de carbo-no e eficaz em absorver o formaldedo e tolueno. Sua capaci-dade de absoro de compostos de formaldedo chega a 450 microgramas por hora em um ambiente fechado. Para qualquer ambiente, fcil de cuidar e txica.

    LRIO DA PAZ ou Mauna Loa (Spathiphyllum wallisii), flor branca, de forma oval, que rodeia um cacho branco. Um dos melhores eliminadores de benzeno do ar (80%) e neutraliza o formaldedo (50%) e o tricloroetileno (23%). Elimina o xileno e o amonaco. Gostam de luz indireta e temperaturas moderadas a quentes. Terra mida, permitindo que a gua em excesso seja drenada. PALMEIRA BAMBU (Chamaedorea seifrizii) neutraliza as emana-es do tricloroetileno de tinturas de roupas. Filtra o benzeno e formaldedo. Necessita de muita luz e de abrigo. RFIS (Rhapis excelsa) age sobre a amnia, xileno e formaldedo. Deve ser usada na cozinha e no banheiro, onde ficam guardados os materiais de limpeza. Exige pouca luz e se adapta em ambien-tes midos. Cresce muito e precisa de espao. SAMAMBAIA (Nephrolepis exaltata), capaz de absorver 1863 mi-crogramas/hora de compostos de formaldedo em um ambiente fechado. Tambm neutraliza o xileno. ideal na sala com mveis de aglomerado de madeira, no banheiro e em outros ambientes. No suporta sol direto, suporta calor.

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    Permacultura Urbana

    - Mais informaes:

    Tintas, colas, vernizes, produtos de limpeza em geral e cigarro figuram entre os maiores viles que atacam a qualidade do ar domstico. Deles, desprendem-se compostos como o formalde-do, um gs txico presente em produtos insuspeitos como ma-teriais de construo, compensados de madeira, tintas, papel de parede, detergentes, colas, adesivos e at no cigarro. Classificado como cancergeno pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre o Cncer da Frana, o formaldedo pode originar cnceres como o de boca e das fossas nasais.

    Benzeno, monxido de carbono, xileno e tolueno so outros compostos comuns em ambientes residenciais. Todos eles esto presentes, em maior ou menor quantidade, em produtos de lim-peza, tintas, solventes, alguns produtos cosmticos, plsticos e, quase sempre, na fumaa do cigarro.

    Livrar-se dessas substncias quase impossvel. Felizmente, al-gumas aes simples resultam na disperso desses gases, como abrir as janelas e promover uma boa ventilao diria. Uma das formas mais naturais e ecolgicas para limpar a casa ou o escri-trio de poluentes areos colocar uma planta para cada 10 m2 de espao interior.

    Fonte: Associao Plantairpur (entidade francesa que di-vulga os resultados de pesquisas cientficas desenvolvidas pela Faculdade de Farmcia de Lille, do CSTB - Centre Scien-tifique e Technique Du Btiment (Centro Tcnico Cientfico de Moradias) e da NASA).

    - Para pequenas distncias prefira a locomoo a p, ou de bici-cleta, para as demais locomoes privilegie o transporte coletivo. No caso de locomoo particular, mantenha o motor regulado, e

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    Permacultura Urbana

    a manuteno geral dos seus veculos sempre em dia. Crie o h-bito de fazer compras prestigiando o comrcio do bairro, v a p, faa amizades, conhea e desfrute da sua vizinhana, prefira pro-dutos artesanais ou caseiros, faa ou customize as suas roupas, conserte os sapatos, cintos e acessrios, e repare os seus equipa-mentos eletroeletrnicos quebrados. Pea aos comerciantes do bairro que providenciem produtos naturais e orgnicos em suas prateleiras. Prefira as feiras livres, cozinhe em casa, faa marmitas para levar ao trabalho, faa piqueniques com os amigos e a fam-lia, rena amigos em casa, passeie com as crianas em parques, praas, museus e lugares abertos sempre longe da tentao das tomadas eltricas.

    Todas estas sugestes contribuem para a melhoria do ar nas ci-dades.

    GUA E ENERGIA

    Dicas de economia e uso consciente da gua e energia eltrica.

    Dentre tantas outras dicas divulgadas pelas mdias em geral, destacamos as seguintes medidas de economia e uso racional, lembrando que o nosso objetivo estimular a conscientizao ambiental de forma simples e aes prticas no dia a dia:

    - Faa a captao da gua da chuva para usos diversos.

    - Conserte os vazamentos das torneiras, mangueiras e chuveiros. Ao ensaboar panelas, louas e talheres, lavar as mos, escovar os dentes e se barbear mantenha a torneira fechada. No demo-rar no banho, e sempre fechar a torneira enquanto se ensaboa. Sempre usar a mquina de lavar roupas na capacidade mxima,

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    Permacultura Urbana

    e junte toda a roupa limpa para passar. Para lavar a loua prefira o uso do sabo de coco, para limpar a casa use vinagre, limo, bi-carbonato, buchas vegetais, vassouras tipo feiticeiras, para lim-par vidros e espelhos use folhas de jornal, nas lixeiras elimine os sacos plsticos (aprenda como fazer um saco de lixo usando uma folha de papel jornal enviando um pedido para o e-mail: [email protected]), e para desinfetar a casa e louas sanitrias use cloro orgnico, ou vapor de gua.

    - Instalar sistemas de controle de fluxo de gua (aeradores) nas torneiras. Detectar e consertar vazamentos. Se verificar vaza-mentos externos chame a companhia de gua imediatamente. Trocar as vlvulas de descarga pelas modernas de 3 e 6 litros. Usar a descarga apenas o necessrio. Manter a vlvula sempre regulada.

    - Reutilizar a gua sempre que possvel; por exemplo, a gua usada da mquina de lavar roupa para lavar o quintal. No jardim usar um regador no lugar da mangueira. No quintal usar uma vassoura ao invs da mangueira. Para lavar o carro use baldes. Armazene a gua usada na limpeza das frutas, tubrculos e ver-duras para regar as plantas, e tambm a gua do enxague das panelas, louas e talheres na cozinha para abastecer os sistemas de tratamento de gua conhecidos como crculos de bananeiras.

    - Para quem tiver piscinas, tratar a sua gua e cobrir com lona para evitar sujeiras e evaporao.

    - No jogar leo de fritura pelo ralo da pia. Alm de correr o risco de entupir o encanamento da residncia, esta prtica polui os rios e dificulta o tratamento da gua.

    - Economizar energia eltrica sempre. Apague as luzes e desligue

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    Permacultura Urbana

    todos os aparelhos quando no estiver no local ou em uso, evite o modo de espera nos aparelhos eletrnicos, que ocorre quan-do uma luz se acende quando o aparelho parece estar desligado, e caso no tenha um boto liga/desliga tire o aparelho da toma-da, porque no modo de espera ele continua gastando energia sem necessidade, o ideal adquirir o hbito de tirar das tomadas todos os aparelhos eletroeletrnicos quando no esto sendo usados. Colocar reguladores de potncia nos chuveiros eltricos. Instalar aquecimento solar, placas fotovoltaicas e/ou outras fon-tes de energias limpas e renovveis. Use e abuse da iluminao