período regencial - texto

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Perodo regencialPerodo regencial como ficou conhecido o decnio de 1831 a 1840 na Histria do Brasil, compreendido entre a abdicao de D. Pedro I e o chamado "Golpe da Maioridade", quando seu filho D. Pedro II teve a maioridade proclamada. Nascido a 2 de dezembro de 1825, Pedro II contava, quando da renncia paterna, 5 anos e 4 meses, no podendo portanto assumir o governo que, por fora da lei, seria dirigido por uma regncia integrada por trs representantes. Durante esta dcada sucederam-se quatro regncias: A Provisria Trina, a Permanente Trina, a Una do Padre Feij e a Una de Arajo Lima. Foi um dos mais importantes e agitados perodos da Histria brasileira; nele se firmou a unidade territorial do pas, a estruturao das Foras Armadas, debateu-se a centralizao do poder e, ainda, o grau de autonomia das Provncias. Ocorre nesta fase uma srie de rebelies localizadas, como a Cabanagem, no Par, a Balaiada no Maranho, a Sabinada na Bahia e a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, a maior e mais longa que mostravam descontentamento com o poder central e as tenses sociais latentes da nao recm-independente - o que provocou o esforo conjunto de opositores por manter a ordem; sobre o perodo registrou Joaquim Nabuco que "No Brasil, porm, a Regncia foi a repblica de fato, a repblica provisria..."

Antecedentes: a queda do primeiro Imperador.Segundo Emlia Viotti da Costa a estrutura construda na Independncia fez com que fosse organizado um sistema poltico que colocava os municpios dependentes das provncias e estas, ao poder central; e ainda "adotaram um sistema de eleies indiretas baseado no voto qualificado (censitrio), excluindo a maior parte da populao do processo eleitoral. Disputaram avidamente ttulos de nobreza e monopolizaram posies na Cmara, no Senado, no Conselho de Estado e nos Ministrios".

Tal "Conselho de Estado", implementava o Poder Moderador institudo por Pedro I, quando dissolvera a Constituinte: formado por membros vitalcios, nomeados pelo monarca, no mais que em nmero de dez, tinham por funo ser ouvidos "em todos os negcios graves e medidas gerais de pblica administrao, principalmente sobre a declarao de guerra, ajuste de paz, negociaes com as naes estrangeiras, assim como em todas as ocasies em que o imperador se propunha exercer qualquer das atribuies do Poder Moderador" - e ao qual se opunham fortemente os liberais. Ocorrera em Frana a Revoluo de 1830, derribando o monarca Carlos X, cujas ideias liberais se espalharam pelas demais naes, inclusive o Brasil. No pas surgiram jornais como o Aurora Fluminense, de Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro; em So Paulo ocorre a morte de Libero Badar, o que teria inflamado inda mais os nimos contra o Imperador. Buscavam os liberais - divididos entre ximangos e exaltados - que D. Pedro I afirmasse a Independncia, em oposio aos restauradores que defendiam a unio com Portugal. O Imperador efetuara uma viagem a Minas Gerais, onde foi recebido com frieza; ao voltar Corte, foi recebido pelos portugueses com uma manifestao noturna de luminrias e, reagindo os nacionais, ocorrem conflitos conhecidos por Noite das Garrafadas. Desfaz o monarca o ministrio, de ndole moderada, substituindo-o por outro que foi recebido como absolutista o que inflama inda mais os nimos. A reao de Pedro I causou surpresa mesmo entre os exaltados, pois o Imperador abdica em favor de seu filho menor, s 2 horas da madrugada de 7 de abril de 1831: os seus opositores queriam, somente, a restaurao do ministrio moderado. O gesto d incio ao perodo regencial.

O perodo regencial provisrio.

Apesar do recesso parlamentar, dentro de poucas horas aps a abdicao senadores e deputados que se achavam na Corte se renem. No Pao do Senado recebem oficialmente do general Francisco de Lima e Silva a renncia do Imperador. Elegem a Regncia Provisria, composta por trs senadores: Francisco de Lima e Silva, Vergueiro e Marqus de Caravelas. Compunha-se, assim, de um militar de prestgio evidente, um liberal e um conservador, respectivamente. Tal regncia estava prevista no Artigo V da Constituio Poltica do Imprio do Brasil. To logo tomou posse um dos primeiros atos da Regncia foi restituir em seus cargos os ministros demitidos por Pedro I. Convocou a Assembleia Legislativa, anistiou os criminosos polticos e afastou das tropas os estrangeiros suspeitos e desordeiros. Foi publicado um manifesto no qual o povo era exortado a manter a ordem, e ainda expondo as diretrizes polticas e administrativas do novo governo. Nele a junta governativa declara, com exagero que seus inimigos "eram to poucos e to fracos, que no mereciam considerao; mas que velava sobre eles como se fossem muitos e fortes". Apesar dos esforos por restaurar a ordem, no pode evitar que, tanto no Rio como nas Provncias, conflitos ocorressem entre soldados e portugueses adeptos do Partido Restaurador. Dois dias aps a abdicao, a 9 de abril, o jovem sucessor do trono aclamado Imperador. A Junta dos Regentes leva-o at o Pao da Cidade, onde apresentado ao povo. De to jovem, teve o menino que acenar seu leno sobre uma cadeira, numa cena retratada por JeanBaptiste Debret. No mesmo dia a Junta expede decreto de anistia "aos cidados condenados ou mesmo pronunciados por crimes polticos e aos rus militares condenados por crimes de desero". O ex-monarca nomeara a Jos Bonifcio de Andrada e Silva, de quem se reconciliara aps o conturbado rompimento, como tutor de seus filhos. Para a proteo do jovem imperador e suas irms, Francisca Carolina e Januria, que tambm permaneceram no pas, ficaram os prncipes nos palcios de So Cristvo ou da Boa Vista, ento subrbios da Capital. Tinha incio um conturbado perodo, em que a

unidade territorial do pas, e a autoridade central, foram questionados e postos prova por motins, revoltas e rebelies. Andrada, paulista, pedira ao diplomata francs Eduardo Pontois apoio a um eventual traslado do jovem prncipe, em caso de necessidade face as instabilidades polticas, para So Paulo, para onde mudaria a capital, obtendo resposta evasiva do estrangeiro. D. Pedro I ficara em guas brasileiras at sua volta para a Europa; inicialmente embarcado numa fragata inglesa, foi na corveta francesa Volage que o ex-imperador vem a partir. Em 13 de abril a Regncia anuncia a sada do ex-monarca do territrio nacional e o povo, festejando, sai s ruas para comemorar a "queda do tirano". A Regncia provisria tem de agir imediatamente, para conter revoltas que eclodem nas provncias: na Bahia, a pretexto de antigas desavenas, brasileiros atacam os portugueses e foi preciso ser pacificada. De igual modo teve de agir em Pernambuco e em Minas Gerais. O carter provisrio desta Regncia dura at a eleio de nova Regncia tripartite, como Permanente, em 3 de maio daquele ano.

GabineteO Gabinete de 7 de abril de 1831 era assim composto: Ministro do Imprio: Bernardo Jos da Gama (Visconde de Goiana) Manuel Jos de Sousa Frana (pelo decreto de 26 de abril) Diogo Antnio Feij (decreto de 5 de julho) Ministrio da Justia: Manuel Jos de Sousa Frana Ministrio dos Estrangeiros: Francisco Carneiro de Campos Ministrio da Guerra: Jos Manuel de Morais Ministrio da Marinha: Jos Manuel de Almeida Ministrio da Fazenda: Jos Incio Borges

Regncia Trina Permanente (1831 1835)

Dois dos Regentes permanentes: Lima e Silva e Monte Alegre.

No dia 17 de junho de 1831 no Pao do Senado a Assembleia Geral Legislativa, presidida por Jos Caetano da Silva Coutinho, senador e bispo paulista, tem lugar a eleio da Regncia Trina Permanente, que foi composta pelos os deputados Jos da Costa Carvalho, Marqus de Monte Alegre, da Bahia; Joo Brulio Moniz, maranhense e pelo senador Francisco de Lima e Silva, Baro da Barra Grande, do Rio. Baseou-se a eleio no Artigo 123 da Constituio vigente. Como os moderados compunham a maioria dos parlamentares, eram os eleitos adeptos desta corrente, deixando assim de fora os exaltados (em grande minoria, sobretudo na Cmara dos Deputados). A composio deste triunvirato procurou manter o equilbrio de foras que j havia no grupo provisrio: representando norte e nordeste estava o maranhense Joo Brulio Moniz, que substitua Carneiro de Campos neste papel;[nota 1] o sul e sudeste estava o Marqus de Monte Alegre que, apesar de nascido na Bahia, vivia em So Paulo, onde publicava o jornal O Farol Paulistano. Lima e Silva foi, assim, o nico da Provisria mantido como Regente. Na administrao propriamente dita a Regncia promoveu s reformas das Escolas de Medicina do Rio e de Salvador, convertendo-as em faculdades; reorganizou-se o Poder Judicirio; foi estabelecido o tribunal do jri.

A reforma liberal: limitao ao Poder ModeradorDentre as primeiras medidas que a maioria liberal se props foi fazer uma reforma na legislao que disciplinava a prpria Regncia. Esta alterao teve como redatores os deputados Paula Sousa, o tambm Regente Marqus de Monte Alegre e o mineiro Honrio Hermeto Carneiro Leo,[nota 2] e visaram ampliar a primazia do Poder Legislativo sobre o Executivo. Pela reforma, o Poder Moderador passava a ser exercido pela prpria Regncia, por intermdio do Ministro que estivesse investido de tal Poder, e foi ainda diminudo nas suas prerrogativas, pois ao contrrio da instituio criada por Pedro I, no mais teria o poder de destituir a Cmara dos Deputados - embora este poder j constasse das

alteraes feitas quando da Regncia provisria, que tambm no podia conceder ttulos nobilirquicos ou condecoraes.

Criao da Guarda NacionalGuarda Nacional (Brasil)

Antiga bandeira da Guarda Nacional da Provncia de So Paulo.

Uma das inovaes institudas pela Regncia Trina foi a criao da Guarda Nacional, j em 1831. Esta fora remetia o Exrcito ao segundo plano e se constitua na principal fora pblica com a qual o poder central procuraria conter os motins que estouravam. Sua estrutura era constituda por provncias, e subordinava-se ao governo provincial: primeiro ligavam-se jurisdio do juiz de paz, encarregados do alistamento; depois destes subordinavam-se aos juzes criminais, aos presidentes das provncias e, finalmente, ao Ministro da Justia. Todos os cidados entre 21 e 60 anos em condies de serem eleitores eram obrigados a alistarem-se; cabia ao governo fornecer-lhes armas, mas o uniforme ficava por conta do alistado. Os cargos de comando eram eletivos em cada local. Buscou-se um modelo que privilegiava a participao cvica do cidado, tal como ocorria na instituio congnere da Frana, que inspirou a brasileira. Seu principal objetivo era a manuteno da unidade territorial do Imprio.

Embates polticos - as agitaes dos Caramurus; o golpe de 30 de julhoA Regncia encontrou o pas em srias dificuldades, um dos "mais difceis da nossa histria" (SILVA e PENNA), em decorrncia de grave crise financeira e das agitaes que ameaavam a unidade nacional. Para enfrentar este quadro foi nomeado o padre Diogo Antnio Feij, tambm ele deputado, como Ministro da Justia. Aos partidos Moderado (ximangos) e Exaltado(jurujubas ou farroupilhas) juntou-se mais tarde o Restaurador (chamado de

Caramuru), que pregava a volta do Imperador Pedro I, e contava com a chefia de Jos Bonifcio, que recuperara seu anterior prestgio poltico ao ser nomeado tutor de jovem monarca. Diante do quadro de instabilidade, Feij exigiu que lhe desse a Regncia uma autorizao escrita de que teria total autonomia nos assuntos de sua pasta, para que pudesse enfrentar os motins que eclodiam, sobretudo no Rio de Janeiro. Parte das agitaes, provocadas por Andrada e os Caramurus, tinham por objetivo desestabilizar a Regncia. A 3 de abril de 1832 explode uma revolta na Capital, em meio a muitas intrigas polticas; responsabilizando o tutor do pequeno infante real, Feij exige sua demisso deste cargo, tendo mesmo declarado: "ou Jos Bonifcio deixa a tutoria, ou eu deixo a pasta da Justia". Os deputados, de maioria moderada, eram favorveis destituio pedida pelo ministro; mas o Senado, onde Andrada ainda gozava de prestgio e tinha maioria conservadora, rejeitou por diferena de apenas um voto o projeto de destituio do tutor; Feij ento apresenta sua demisso, em 5 de abril. Em sua atuao Feij agiu com grande rigor e eficincia. Fez, ainda, aprovar uma lei que libertava os escravos que fossem oriundos de fora do Imprio - mas cuja eficcia foi nula. Apesar de fora do governo, Feij experimenta uma nova tentativa de fazer prosperar as reformas moderadas, no episdio que passou histria como Golpe de 30 de Julho. Contando com a ajuda do tambm padre Jos Bento Leite Ferreira de Melo, na tipografia onde este editara o jornal O Pregoeiro Constitucional - rgo liberal de oposio a D. Pedro I - impressa a Constituio de Pouso Alegre, espcie de nova Carta que trazia em seu bojo as alteraes que se arrastavam na Assembleia Geral, e que o golpe planejava ver aprovada. O Golpe fracassa, sobretudo porque lhe faltou o apoio dos deputados, em sua maioria avessos adoo de medidas que contrariassem a prpria ordem constitucional. A ento desconhecida vila mineira de Pouso Alegre, h poucos anos simples Arraial de Mandu, torna-se conhecida de todo o pas, graas figura do Padre Jos Bento - ento

alado ao proscnio dos acontecimentos. Alm desses dois, um terceiro padre ocupou o trio emprestando sua Chcara da Floresta como local da trama preparatria, que foi Jos Custdio Dias - a ponto de o golpe tambm ser chamado de "Revoluo dos Trs Padres". Alm da aprovao da Constituio de Pouso Alegre, pretendiam os padres a destituio de Jos Bonifcio do posto de tutor do futuro monarca; seu fracasso teve em Honrio Hermeto Carneiro Leo, Marqus do Paran, um elemento capital, sendo a mais importante disseno dentre os liberais e aquele que procurou demover os pares de apoiarem a iniciativa, sobretudo pelo receio de que o fato pudesse servir de exemplo a outras quebras da legalidade. Temerosos de que Bonifcio usasse seus tutelados como garantia para aplicar novos golpes, os Regentes determinaram a proibio de sua sada do Pao Imperial. Apesar disto, o tutor levou o Rei-menino e suas irms para o Pao de So Cristvo; Aureliano Coutinho, que substitura Feij na Pasta da Justia, intimou-o que voltasse, sendo desobedecido. A 15 de dezembro de 1833 Jos Bonifcio finalmente demitido, sendo nomeado para o cargo de Tutor Real a Manuel Incio de Andrade Souto Maior Pinto Coelho, Marqus de Itanham. O "instrumento" de sua demisso e priso foi Cndido Jos de Arajo Viana, Marqus de Sapuca. Um incidente foi o estopim para que defenestrassem do cargo de tutor a Jos Bonifcio: no dia do aniversrio de 8 anos do jovem rei Pedro II (8 de dezembro) este foi homenageado por uma sesso no Teatro Constitucional Fluminense - local que se constitua, ento, na principal casa de espetculos da Corte - quando eclode um grande tumulto entre os partidrios de Andrada e os da Regncia, fruto da grande tenso criada entre ambas as faces, a ponto de colocar em risco a integridade fsica do monarca infante, alm de desrespeito sua figura, tendo que ser retirado s pressas. Jos Bonifcio ento preso e depois enviado para a Ilha de Paquet, onde fica exilado em sua casa de praia. Julgado, ao final absolvido das acusaes; entretanto, o Patriarca no se recupera deste ltimo golpe, vindo a falecer poucos anos depois, em Niteri.

O Ato Adicional de 1834Ato Adicional O Ato Adicional foi um fruto direto da maioria liberal na Cmara dos Deputados, que pregavam uma maior autonomia para as provncias, que fazia parte programtica daquele partido. Assim, a Regncia props que se reformasse a Constituio de 1824. O projeto da emenda constitucional fora proposto ainda em 1831, por uma comisso composta por deputados em sua maioria liberal e paulista; dela fizeram parte Paula Sousa e Jos Cesrio de Miranda Ribeiro, Visconde de Uberaba. A proposta inicial continha alteraes bastante radicais, no sentido de ampliao do poder provincial, tais como: a eleio do regente nico seria feita pelas assembleias provinciais, assim como dos senadores; estes - os senadores perderiam a vitaliciedade do cargo; o poder de veto do Executivo seria limitado, podendo ser derrubado pela maioria simples dos parlamentares. Mas o ponto de maior controvrsia foi a insero, no Artigo Primeiro da Carta Magna dos dizeres - "o governo do imprio do Brasil ser uma monarquia federativa". O Senado reagiu, por meio de emendas que alteravam o texto originado na Cmara; as que foram derrubadas tiveram que ser apreciadas numa sesso conjunta das duas Casas e, nela, os senadores conseguiram retirar a insero do sistema de governo no Artigo Primeiro e mantiveram a sua vitaliciedade. Ratificado a 12 de agosto de 1834, o Ato Adicional adaptou princpios federalistas monarquia. Seu principal redator foi o deputado Bernardo Pereira de Vasconcelos, que havia sido colega e grande amigo dos tempos de faculdade em Coimbra de dois dos Regentes, e era dos deputados mais influentes. Dentre suas maiores inovaes estavam: 1.Criao das Assembleias Legislativas nas provncias. Este rgo substitua os antigos Conselhos Gerais e legislavam sobre a organizao civil, judiciria e religiosa locais, sobre a instruo pblica, desapropriaes, funcionalismo, poltica e economia municipais, transporte e obras pblicas. 2.Cria o Municpio Neutro como territrio desmembrado da provncia do Rio de Janeiro, que deveria noutro lugar que no na cidade do

Rio ter sua sede e governo, bem como a Assembleia, escolhendo para tanto a vila de Praia Grande, mais tarde elevada a cidade com o nome de Niteri para tal. 3.Estabelece o voto para a escolha do Regente, que passava ento a ser uno, com mandato de 4 anos. 4.Extino do Conselho de Estado. Joo Ribeiro acentua que a poltica tomou ento novo rumo, com a supremacia do Partido Moderado:A expresso mais cabal dessa poltica encontra-se no Ato Adicional que satisfez ao esprito local pela criao das assembleias provinciais e aboliu o Conselho de Estado e reforou a autoridade do Governo central, reduzindo os Regentes a um nico; com grande prudncia pode-se obstar a fragmentao do territrio, que seria a adoo de presidentes eletivos das provncias e assim outras propostas radicais que no acharam aprovao.

A Regncia Una de FeijDiogo Antnio Feij, regente nico de 1834 a 1837.

Maciel Monteiro, opositor de Feij.

Em 1835 ocorre a primeira eleio para escolha do Regente nico. Concorrem o pernambucando Antnio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque, exaltado, e o Padre Diogo Antnio Feij, paulista, do Partido Moderado; saiu do pleito vitorioso este ltimo, obtendo cerca de seis mil votos. Esta Regncia durou de 12 de outubro de 1835 a 19 de setembro de 1837. Desde seus primeiros momentos no cargo, Feij enfrenta dificuldades; dentre seus opositores destacavam-se Bernardo Pereira de Vasconcelos, Honrio Hermeto (Marqus do Paran) e Maciel Monteiro (Baro de Itamarac) e, para enfrent-los, procura junto ao seu grupo fundar um novo partido, o Progressista, sem sucesso. Seus adversrios, contudo, logram xito na fundao do Partido Regressista (composto pelos antigos restauradores e liberais e que foram a base do futuro Partido Conservador). Feij tambm no tinha o apoio da Santa S, j que era defensor do fim do celibato sacerdotal, como por haver

insistido em lanar seu amigo padre Manuel Maria de Moura candidato a bispo do Rio de Janeiro e que j havia sido recusada pelo Papa. Com habilidade, entretanto, sua poltica cedeu em alguns pontos, como ter aceito propostas de descentralizao; procurou contentar os clamores populares e das provncias, sem contudo fortalecer os aristocratas ou o parlamento; e, finalmente, agiu com rigor ao repelir os comerciantes e os grandes proprietrios rurais. Apesar de depender do Congresso, no lhe era obediente. Sua Regncia foi marcada pelo incio de dois dos mais graves conflito intestinos do Brasil: a Cabanada, no Par, e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, alm de outras revoltas locais. De sade frgil, vivia desanimado e sem a mesma energia que o caracteriza quando frente do Ministrio da Justia, o Padre acaba por se tornar impopular por sua intransigncia e, perdendo o apoio de seu grande aliado Evaristo da Veiga, que morrera prematuramente, Feij no consegue formar o ministrio que desejava, acabando por apresentar sua renncia ao cargo.

Regncia interina de Arajo LimaNa vspera de sua renncia nomeara Feij como Ministro do Imprio ao ponderado e tolerante conservador Pedro de Arajo Lima. Este forma, como Regente Interino, o chamado Ministrio das Capacidades, que obteve uma ordem relativa e certo desenvolvimento econmico - o que habilitou-o candidatar-se como Regente nas eleies que foram realizadas em abril de 1838. Dentre as principais realizaes deste perodo interino est a fundao do Colgio Pedro II, de 1837.

A regncia una de Arajo LimaAps a queda do Padre Feij, o ministro da Justia, o pernambucano Pedro de Arajo Lima, marqus de Olinda, assumiria interinamente, nomeando um novo gabinete composto por polticos regressistas, que ficou conhecido como Ministrio das Capacidades, pela fama de que

gozavam os seus componentes. Nesse ministrio sobressaa Bernardo Pereira de Vasconcelos na pasta do Imprio e da Justia. Em abril de 1838 ocorreu a segunda eleio para Regente nico, lanando-se Arajo Lima como candidato, enfrentando o "progressista" Holanda Cavalcanti de Albuquerque. Arajo Lima foi eleito com grande maioria dos votos e assim, instalaram-se os regressistas no centro do poder. O ncleo do partido Regressista era a oligarquia fluminense, liderada por Joaquim Jos Rodrigues Torres, futuro Visconde de Itabora, Paulino Jos Soares de Sousa, futuro Visconde de Uruguai, e Eusbio de Queirs. Esses homens, conhecidos como a "trindade saquarema", conseguiram estender, tambm, sua influncia poltica vizinha provncia de So Paulo graas ao apoio de Jos da Costa Carvalho, que integrara a Regncia Trina Permanente. Para os regressistas o importante era restaurar a autoridade do estado, fortalecer o executivo e eliminar a anarquia e a desordem que se espalhavam pelo pas, que consideravam fruto do princpio democrtico predominante nos primeiros tempos da regncia. Nesse momento mais uma revolta estourava no pas, a Sabinada, dessa vez na Provncia da Bahia, em 1837. O homem forte deste perodo foi o ministro Pereira de Vasconcelos, que colocou abaixo o ato adicional, recuperando a centralizao imperial. Foi ele um dos articuladores do Golpe da Maioridade, que em 1840 conduziria ao trono o Imperador D. Pedro II, ento com quinze anos de idade. O golpe daria fim a nove anos de regncia, e inauguraria o Segundo Imprio. Em abril de 1838, Bernardo Pereira de Vasconcelos, em discurso na Cmara dos Deputados, comunica sua mudana de posio poltica. "Fui liberal Sou regressista.", justificava pelo contexto poltico da poca. Para ele e seu grupo, a situao no pas estava beira do caos, a anarquia ameaando a liberdade. Focos de rebelio espocavam nas ruas, nos sertes e nas senzalas, ameaando a segurana e a liberdade da nao. Em dezembro desse ano mais uma revolta eclodia, dessa vez no Maranho, chamada Balaiada. Era urgente que se fortalecesse a autoridade do estado, que fosse detido o "carro da revoluo", para que a "boa sociedade" pudesse gerir e expandir seus

negcios, alm de preservar sua posio social e sua liberdade de ao. Para tal, era indispensvel que os assuntos do pas fossem conduzidos por governantes competentes e bons administradores. Para eles, os regressistas, que ganhavam mais espao poltico medida que seus opositores ficavam enfraquecidos, o importante era restaurar a ordem, a organizao, a segurana pblica e privada. Toda essa discusso em torno da necessidade do restabelecimento de leis centralizadoras vai gerar um movimento, liderado pelos regressistas, para a reformulao do ato adicional, a que chamavam de "carta da anarquia", e do Cdigo do Processo Criminal, considerados ambos responsveis pelo caos social. Pretendiam tambm o restabelecimento do exerccio do Poder Moderador. Segundo Bernardo Pereira de Vasconcelos, as leis liberais, sobretudo a descentralizao, tinham ido longe demais e estavam ameaando a estabilidade do governo e a integridade do imprio. Entretanto, as resistncias em relao s mudanas fizeram com que essas discusses durassem quase trs anos, a ponto de que somente em maio de 1840 se deu a aprovao da lei de Interpretao do Ato Adicional e a reforma do Cdigo do Processo Criminal de 1832 s foi ser aprovada em dezembro de 1841. Por essa reforma os juizes de paz perdiam a funo de polcia, que passava aos juizes municipais e aos delegados nomeados pelo prprio poder central. Nesse momento procuram-se resgatar os espaos formais de discusso poltica, como o Parlamento e o Palcio de So Cristvo, em vez das ruas e das praas. O estado vai se legitimando, assim como o espao privilegiado dos "negcios polticos". Por isso, os municpios se tornaro mais independentes um do outro.

Principais rebelies do perodo RegencialEm 1838, o governo viu-se tentando suprimir quatro grandes revoltas.

Vrias rebelies marcaram o perodo regencial. Essas revoltas tinham como causas comuns: Pssimas condies de vida da populao mais pobre;

A falta de autonomia das provncias, devido centralizao do governo imperial; O excesso de impostos, cobrados pelo governo central; A luta pelo poder entre partidos e grupos polticos.

Cabanagem (1835 1840)Cabanagem Seus principais fatos foram: domnio sobre Belm durante um ano e lutas no interior, morte de 40% da populao da provncia. A rebelio que explodiu no Par teve como lderes: Malcher, Vinagre e Angelim. Causas: revolta dos liberais contra o presidente nomeado pelo governo regencial, situao de misria dos cabanos. Entre 1835 e maio de 1836, os cabanos tiveram controle da provncia. suas caractersticas eram: Causadas pelo abandono do governo Central (RJ) em relao ao Par; Causada pelo presidente de provncia indicado que era contrrio as elites locais; Foi de cunho popular, feito pelos cabanos, comeou em Belm e se alastrou por toda regio do Par; Era de carter republicano e separatista.

Levante dos Mals (1835)Revolta dos Mals Movimento que agregou escravos e libertos de Salvador (Bahia), com predominncia de muulmanos (mals) em resposta opresso imposta por brancos, mulatos e crioulos aos africanos. Pretendia criar "uma Bahia s de africanos".

Sabinada (1837 1838)Sabinada A rebelio que ocorreu em Salvador, Bahia teve esse nome pois seu lder foi o mdico Francisco Sabino. As causas foram a decadncia econmica e insatisfao com as autoridades. A revolta tomou

Salvador e declarou a Bahia estado autnomo, com tendncia republicana. Esta repblica seria provisria: terminaria quando D. Pedro II assumisse o trono.

Balaiada (1838 1841)Balaiada O movimento recebe esse nome pois o lder da revolta era um arteso de apelido Balaio. A revolta aconteceu no interior da ento Provncia do Maranho, chegando ao Piau. A crise na exportao de algodo teve papel importante na revolta, apoiada pela populao mais pobre, inclusive escravos. A represso custou muitas vidas. Aos poucos, o movimento transformou-se em confronto racial e em protesto contra a misria. Os fazendeiros e chefes polticos liberais retiraram o apoio ao movimento rebelde, temendo que ocorresse uma insurreio negra, o que prejudicaria seus interesses de proprietrios de terra. Alm disso, a populao criticava o Recrutamento Obrigatrio para lutar contra a Revolta Farroupilha.

Revoluo Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1835 1845)Guerra dos Farrapos Esta rebelio aconteceu na ento provncia do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Seus lderes foram Bento Gonalves, Giuseppe Garibaldi. Os participantes da rebelio foram pecuaristas, escravos e populao em geral. Fatos principais: Repblica de Piratini; Repblica Juliana, anistia. Algumas de suas causas foram: altos impostos na comercializao de charque, entre outros, a exigncia de mudanas polticas e econmicas. Ao contrrio das outras rebelies no houve represlia aos participantes, que inclusive foram integrados ao exrcito brasileiro.Por fim foi uma das revoltas que durou mais tempo e a participao do povo foi especial.

Cabanada (1832 1835)

Cabanada Se iniciou quando alguns portugueses e latifundirios de Pernambuco e Alagoas comearam a defender a restaurao de D. Pedro I em oposio ao governo central. No interior, grande parte das camadas populares aderiu ao movimento defendendo tambm o direito de acesso terra, liberdade e justia.