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Fundação para a Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba MBA GESTÃO PÚBLICA PERÍMETROS PÚBLICOS DE IRRIGAÇÃO: PROPOSTAS PARA O MODELO DE TRANSFERÊNCIA DA GESTÃO Almiro Dourado Edval Freire Júnior Frederico O. Calazans Machado Marcos Moreira Ramon Gonçalves de Lima Ricardo Luiz F. dos Santos BRASÍLIA - DF Fevereiro – 2006

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Fundação para a Pesquisa e Desenvolvimento da

Administração, Contabilidade e Economia

Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

MBA GESTÃO PÚBLICA

PERÍMETROS PÚBLICOS DE IRRIGAÇÃO: PROPOSTAS PARA O MODELO DE

TRANSFERÊNCIA DA GESTÃO

Almiro Dourado Edval Freire Júnior Frederico O. Calazans Machado Marcos Moreira Ramon Gonçalves de Lima Ricardo Luiz F. dos Santos

BRASÍLIA - DF Fevereiro – 2006

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................1 2. ANTECEDENTES .................................................................................................................2 3. OBJETIVOS DO TRABALHO .............................................................................................4

3.1 Objetivo Geral..................................................................................................................4

3.2 Objetivos Específicos.......................................................................................................4

3.3. Formulação do Problema ................................................................................................5

4. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .....................................................................................6 4.1. Experiência da CODEVASF na gestão de perímetros públicos de irrigação .................6

4.2 Experiência Internacional em Programas de Transferência da Gestão............................9

4.2.1 Visão Global da Transferência de Gestão na Irrigação.............................................10

4.2.1.1 Motivações para a transferência...............................................................................10

4.2.1.2 Estruturas Organizacionais ......................................................................................12

4.2.1.3 Estratégias e alcance dos programas de transferência .............................................15

4.2.1.4 Processo de Implementação e legislação de suporte................................................16

4.2.2 Tendências Emergentes.............................................................................................19

4.3 Aspectos Legais no Brasil..............................................................................................23

4.3.1. Emancipação ............................................................................................................23

4.3.2. Transferência da Gestão...........................................................................................25

4.4. Indicadores....................................................................................................................28

4.4.1 Conceito ....................................................................................................................28

4.4.2 Princípios gerais para a escolha de indicadores........................................................29

4.4.3 Indicadores para perímetros irrigados.......................................................................30

4.4.3.1 Indicadores de performance do serviço de operação e manutenção ........................30

4.4.3.2 Indicadores de Performance da Atividade Agrícola ................................................33

4.4.3.3 Indicadores Socio-Econômicos................................................................................34

5. METODOLOGIA.................................................................................................................36 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................40

6.1. Indicadores de Desempenho .........................................................................................40

6.2. Processo Formal da Transferência de Gestão ...............................................................43

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................................46 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................48 Anexo - A .................................................................................................................................53 Anexo - B..................................................................................................................................63 Anexo - C..................................................................................................................................69 Anexo - D .................................................................................................................................70

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SIGLAS

AUA - Associacón de Usuários del Água

BOT – Built Operate Transfer

BUREC - Bureau of Reclamation

CBP - Projeto do Vale do Rio Colúmbia

CONIRD - Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations

FEDERRIEGO – Federación de las Associaciones de Riego

IILRI - International Institute for Land Reclamation and Improvement

INPIM - International Network on Participatory Irrigation Management

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IWMI - International Water Management Institute

LRS - Sociedades de Responsabilidade Limitada

MI - Ministério da Integração Nacional

PIM - Participatory Irrigation Management

PPP - Parceria Público-Privada

TGI - Transferência de Gestão na Irrigação

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TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1. Indicadores de desempenho de 16 perímetros irrigados da CODEVASF -

ano 2004. ...........................................................................................................40 Tabela 2. Matriz de correlação dos indicadores de desempenho dos perímetros

irrigados da CODEVASF - ano 2004................................................................40 Tabela 3. Valores da função emancipação (f(E)), das variáveis e da constante (K) para

16 Perímetros Irrigados da CODEVASF - ano 2004. .......................................42 Tabela 4. Valores da função emancipação (f(E)) em ordem decrescente; previsão de

agrupamento; e probabilidade em percentual de pertencer ao grupo 1 ou 2, após análise discriminante, para 16 Perímetros Irrigados da CODEVASF - ano de 2004. ......................................................................................................43

Gráfico 1. Dinâmica do Processo de Transferência da Gestão..........................................44

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RESUMO O presente trabalho é resultado de investigação bibliográfica sobre diversas experiências, no

Brasil e no exterior, que visam aprimorar o processo de transferência da gestão dos perímetros

públicos irrigados da CODEVASF para os respectivos usuários. A investigação inclui

também o arcabouço legal brasileiro sobre o assunto. A partir de 1985, em razão de

dificuldades orçamentárias e também objetivando atender aos ditames da Lei de Irrigação –

Lei n° 6.662/79, no que se refere à emancipação dos perímetros de irrigação, a CODEVASF

iniciou um amplo processo de transferência da gestão dos perímetros para os usuários,

organizados sob a forma de cooperativas e, posteriormente, associações civis sem fins

lucrativos, denominadas Distritos de Irrigação. Em que pese aos êxitos obtidos –

envolvimento dos produtores na gestão, redução de custos e de subsídios tarifários– há ainda a

necessidade de aprimoramento do processo, em especial no que se refere aos aspectos

gerenciais e de manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum. A investigação da

experiência de vários programas de transferência da gestão adotados em outros países

permitiu concluir que não há diferenças substanciais entre si nem entre eles e o modelo

adotado pela CODEVASF. Da mesma forma, os problemas ainda pendentes de solução, em

geral, são os mesmos: manutenção deficiente, deterioração da infra-estrutura e baixa

recuperação dos custos de investimentos efetuados pelos governos. A diretriz atual do

governo brasileiro consiste em concluir o processo de emancipação de forma a desonerar o

Estado de quaisquer despesas operacionais com a gestão dos perímetros de irrigação. Existem

25 perímetros de irrigação na CODEVASF, todos já administrados por organizações de

produtores, mas em diferentes estágios de maturidade e de desenvolvimento, o que demanda

uma sistemática de avaliação dos mesmos com vistas à emancipação. Para tal, foi proposta

uma metodologia que permite avaliar os perímetros em função das suas peculiaridades, em

especial, a eficiência na administração, operação e manutenção da infra-estrutura, adimplência

dos produtores, rentabilidade da atividade agrícola e uso dos solos. Os indicadores

representativos desses itens foram tratados estatisticamente, com utilização do aplicativo

SPSS, para definir um modelo que permita identificar quando um perímetro reúne condições

para ser emancipado. Finalmente, à luz da legislação brasileira, são pesquisadas as várias

formas legais de proceder à transferência da gestão dos perímetros irrigados da CODEVASF,

e é indicada a mais adequada, que vem acompanhada dos respectivos instrumentos contratuais

e atos administrativos necessários.

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ABSTRACT This present work is the result of a bibliographical inquiry about diverse experiences,

occurred in Brazil and abroad, aiming to improve the transference of the management of the

public perimeters irrigated by CODEVASF to the respective users. The inquiry also analyses

the Brazilian laws about the essay. Since 1985, on account of budgetary difficulties and

looking to respect Law of Irrigation – n° 6.662/79, what concerns to the emancipation of the

perimeters of irrigation, CODEVASF has worked hardly on a transference process of the

management of the perimeters to the users, organized under cooperatives and civil

associations without profits named Districts of Irrigation. Despite the benefits of the project–

the engagement of the producers in the management and the reduction of costs and subsidies –

there is still the need of improvement, specially in what refers to the managerial aspects and to

maintenance of the common use irrigation infrastructure. The inquiry of several programs of

management transference adopted abroad allows one to conclude that there are not substantial

differences between them and the model adopted by CODEVASF. Indeed, the problems are

still the same: the deficient maintenance, the deterioration of the infrastructure and the

decrease recuperation of the investment costs made by the governments. The actual Brazilian

government initiative is the conclusion of the management transference in order to exonerate

the State of any operational expenses with the management of the perimeters of irrigation.

There are 25 perimeters of irrigation in the CODEVASF; all of them have been already

administered by producers’ organizations, in different levels of training and development,

urging a systematic evaluation of their emancipation process. For such, a methodology

evaluating the perimeters by their peculiarities - specially, their efficiency in the

administration, operation and maintenance of the infrastructure, the engagement of the

producers, and profit values of the agricultural activity - was proposed. The representative

data for this methodology were statistically treated, with SPSS to establish a model that

identifies the perimeter unites conditions to be emancipated. At last, under the Brazilian

legislation, several laws to proceed the management transference of the perimeters, irrigated

by CODEVASF, were studied in order to present the best contractual instruments and

necessary administrative acts concerned to the subject.

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1. INTRODUÇÃO

A implementação do programa de irrigação pública no Brasil teve início na década de

60, caracterizando-se pela implantação de projetos públicos de irrigação como fator de

dinamização da economia regional, geração de empregos, retenção de migrantes e redução da

pobreza. A CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e

Parnaíba e o DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca foram os principais

órgãos públicos federais encarregados da implantação e do gerenciamento desses projetos na

região semi-árida do nordeste e norte de Minas Gerais.

A CODEVASF, dentro das suas atribuições na implementação do programa de irrigação

pública, atua em três fases distintas: 1ª) identifica a área, elabora os estudos básicos e o

projeto; 2ª) adquire as terras e implanta o projeto - a infra-estrutura de irrigação de uso

comum; 3ª) aliena os lotes agrícolas para os futuros produtores e transfere a administração,

operação e manutenção do projeto (perímetro de irrigação) para os usuários.

O processo de transferência da gestão dos perímetros de irrigação da CODEVASF

evoluiu da seguinte forma:

a) De 1970 a 1985, a CODEVASF operava e mantinha a infra-estrutura de irrigação,

cobrando dos produtores tarifas de água, que eram subsidiadas pelo Governo.

b) A partir de 1985, visando à emancipação dos Perímetros, conforme preconiza a Lei

de Irrigação, a gestão dos Perímetros foi delegada às cooperativas de produtores já

existentes nos Perímetros. Apesar do significativo aporte de recursos públicos, os

resultados dessa delegação ficaram muito aquém das expectativas, o que foi

atribuído à incompatibilidade do modelo e da finalidade desse tipo de organização

para a nova missão que lhes foi conferida.

c) Por último, a partir de 1988, foi concebido um novo tipo de organização para os

irrigantes, na forma de associação civil de direito privado sem fins lucrativos,

denominada “Distrito de Irrigação” a quem foi delegada a administração dos

Perímetros.

Com esse modelo de gestão, em vigor atualmente, lograram-se importantes avanços na

busca da emancipação, embora alguns problemas ainda persistam, notadamente a

precariedade da manutenção da infra-estrutura de irrigação coletiva. Como essa infra-estrutura

pertence à União, nos termos da lei, o Estado se vê obrigado a continuar aplicando recursos

públicos em sua conservação, além de outras despesas relacionadas à assistência técnica

agrícola, meio ambiente, pendências fundiárias.

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A diretriz atual do Governo é de que se conclua o processo de transferência da gestão de

forma a desonerar completamente o Estado de qualquer responsabilidade financeira na

administração dos Perímetros. O cumprimento dessa diretriz vem esbarrando em problemas

de diversas naturezas: legal, instabilidade econômica da atividade agrícola, sedimentação do

paternalismo original e vida útil avançada dos sistemas de irrigação.

2. ANTECEDENTES

Ao final da década de 60, foi estruturado pelo Governo Federal o Programa Plurianual

de Irrigação, visando à implementação de estudos, projetos e obras de irrigação e drenagem,

particularmente na região semi-árida do País. No contexto das estratégias nacionais para o

desenvolvimento, a irrigação representa um conjunto de ações que tem por finalidade o

desenvolvimento sócio-econômico de determinada região, o aumento da produção e

produtividade agrícola, a geração de emprego e renda no meio rural e a redução dos fluxos

migratórios para as cidades. No semi-árido nordestino, o programa vem desempenhando papel

fundamental no equacionamento do amplo conjunto de problemas e de deficiências

estruturais, que é agravado pelo fenômeno das secas.

A Companhia Desenvolvimento dos Vales São Francisco e Parnaíba – CODEVASF,

empresa pública, vem desde sua criação implementando um vasto programa de irrigação no

vale do São Francisco, abrangendo o norte de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e

Alagoas. Sua atuação no vale do Parnaíba é recente, abrangendo os Estados do Piauí e

Maranhão, tendo iniciado a implantação de projetos-piloto de irrigação. Os projetos em

andamento no âmbito da CODEVASF podem ser divididos em três grupos a saber:

a) O primeiro grupo refere-se aos projetos com a infra-estrutura de uso comum

concluída e em funcionamento, independentemente do seu estado de conservação.

As áreas irrigáveis podem estar total ou parcialmente ocupadas.

b) O segundo grupo inclui os projetos com infra-estrutura parcialmente implantada.

Esses projetos estão sendo oferecidos para fins de Parceria Público-Privada - PPP.

c) O ultimo grupo inclui projetos novos em fase de estudos de viabilidade ou de

projeto básico.

Até meados dos anos oitenta, os perímetros eram administrados, operados e mantidos

diretamente pela CODEVASF, que dispunha de unidades orgânicas e quadro de pessoal com

funções próprias para operação e manutenção dos sistemas de irrigação, cobrando tarifas de

água dos produtores que, em princípio, deveriam remunerar esses serviços. No entanto o que

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se verificava na prática é que os recursos arrecadados com as tarifas eram mínimos se

comparados com as despesas governamentais relativas aos serviços de administração,

operação e manutenção da infra-estrutura de irrigação. Além do paternalismo, que implicava

subsídios nas tarifas e passividade frente à inadimplência dos produtores, a gestão dos

perímetros de irrigação realizada diretamente pelo Governo era ineficiente, em grande parte

devido aos entraves próprios da burocracia pública.

A percepção dessa situação teve início nos anos 80, com o ápice da crise da estrutura

burocrática de gestão pública e esgotamento dos recursos do Estado com a chamada crise do

Estado de Bem-Estar Social - Welfare State. As duas décadas anteriores haviam revelado o

esgotamento deste Estado, a internacionalização do sistema financeiro (provocada pela

desregulamentação dos investimentos nas bolsas européias como uma tentativa de captar

recursos externos para manter o Estado de Bem-Estar Social Europeu), a recessão mundial

instalada a partir do aumento da taxa de juros norte-americana e o choque do aumento do

preço do barril de petróleo (em 1974 e no final da década de 70). Este movimento

desencadeou várias proposições de reforma da estrutura do Estado Moderno, em especial no

que se referia ao seu modelo de gestão. Na mesma década, o programa neoliberal sobressaiu-

se aos demais, formatando a estrutura de Estado Mínimo. Paralelamente, foi tomando corpo

um segundo modelo de gestão pública, desenvolvido fundamentalmente no Reino Unido, que

foi cunhado de Nova Administração Pública, apelidada no Brasil de Estado Gerencial.

(Osborne e Gaebler, 1993; Sotero, 2002)

Todos esses novos modelos partiam de uma premissa fundamental: o Estado deveria

adotar os princípios de gestão empresarial. Deveria transferir para o mercado todos os

mecanismos de controle econômico e até mesmo alguns serviços que se consagraram na

modernidade como fundamentalmente públicos (assistência social, saúde, educação e

pesquisa & desenvolvimento), cabendo ao Estado o estabelecimento de contratos de parceria,

com o mercado, para realização das suas funções.

Nesse novo cenário, começava a se tornar inviável a alocação de recursos públicos na

quantidade necessária para cobrir os subsídios (de praticamente 100%) até então concedidos

aos produtores, o que fez com que a CODEVASF, a partir de 1985, buscasse um novo modelo

de gestão para os Perímetros de Irrigação, modelo esse que assegurasse a participação dos

agricultores, visando à emancipação dos Perímetros, conforme preconiza o art. 9º do Decreto

n° 89.496/84, que regulamentou a Lei de Irrigação – Lei n° 6.662/79.

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No vale do São Francisco, os perímetros de irrigação em funcionamento são em número

de 25, totalizando uma área irrigável de 105 mil hectares, ocupados com 9.773 lotes agrícolas

destinados a irrigantes familiares e 1.048 lotes destinados à exploração empresarial.

Os perímetros que se encontram em funcionamento apresentam diferentes estágios de

maturidade e desenvolvimento, resultantes de diversos fatores: razão da implantação,

tamanho, perfil dos irrigantes, características da infra-estrutura, estrutura de produção e renda

dos agricultores. Essa situação impõe a necessidade de se estabelecerem procedimentos

estruturados para hierarquização dos perímetros, visando à priorização do processo de

emancipação. Segundo o IWMI - International Water Management Institue (1999),

indicadores de performance comparativos permitem observar o desempenho da agricultura

irrigada e podem ser utilizados como ferramenta para medir o desempenho relativo ou para

acompanhar a performance dos perímetros irrigados.

3. OBJETIVOS DO TRABALHO 3.1 Objetivo Geral

Propor diretrizes, critérios e procedimentos para aprimorar a transferência da gestão de

perímetros públicos de irrigação da CODEVASF.

3.2 Objetivos Específicos

a) Estabelecer critérios para avaliação dos perímetros em função de suas

peculiaridades, relativas à administração, operação e manutenção, produção

agrícola, ocupação da área e perfil dos agricultores;

b) Propor, com base na legislação vigente sobre o tema, conceitos, formas e

procedimentos para a transferência da gestão e para emancipação.

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3.3. Formulação do Problema

O programa de emancipação dos projetos públicos de irrigação, atualmente denominado

transferência da gestão, passou por diretrizes diversas, fruto das constantes trocas ministeriais

a que o programa esteve afeto. Entre 1986 e 2003, esteve a cargo dos seguintes órgãos:

Ministério Extraordinário para Assuntos de Irrigação; Ministério da Agricultura e Reforma

Agrária; Ministério da Integração Regional; Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos

Hídricos e da Amazônia Legal; Secretaria Especial de Políticas Regionais – SEPRE/PR e

Ministério da Integração Nacional. Essas mudanças de comando e também a descontinuidade

administrativa que ocorriam dentro dos ministérios, fez com que o programa transferência da

gestão não se consolidasse. As prioridades alternavam de acordo com as políticas de cada

ministro ou ministério.

Constata-se que a transferência da responsabilidade pela administração dos perímetros

não foi plenamente absorvida pelos usuários. Percebe-se que eles preferem continuar sendo

permanentemente assistidos pelo poder público, uma vez que se cristalizaram vínculos de

dependência e de paternalismo. Como os produtores resistem em assumir os investimentos

para reabilitação dos sistemas de irrigação, o Governo Federal, na condição de proprietário

dessa infra-estrutura, continua assumindo esse encargo.

Diante deste contexto, o trabalho proposto consiste em estudar e apresentar diretrizes

para que a transferência de gestão em curso seja aprimorada, de forma que, sem a tutela e o

apoio financeiro do Estado, a administração dos perímetros, conduzida pela própria

organização de produtores ou outra organização privada, se processe de forma segura,

autônoma e sustentável, nos aspectos técnico, econômico e financeiro. Cabem, então,

respostas às seguintes questões:

a) Quando um perímetro público de irrigação reúne condições efetivas para ser

emancipado?

b) Como será concluído o processo de transferência da gestão de um perímetro público

de irrigação sob as óticas legal e contratual?

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4. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

4.1. Experiência da CODEVASF na gestão de perímetros públicos de irrigação

O Programa de Emancipação dos Perímetros de Irrigação da CODEVASF foi concebido

com o fim de promover o profundo e institucionalizado envolvimento dos usuários na

administração, operação e manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum dos

perímetros. A idéia central do programa era criar e habilitar, técnica e gerencialmente,

associações de usuários para assumirem, com responsabilidade e segurança, o papel

desempenhado pelo poder público na administração dos perímetros.

Os principais fatores que motivaram a criação do programa de emancipação (Anais do

VII CONIRD – Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem, 1986) foram:

a) redução dos recursos governamentais para o setor;

b) percepção de que a performance ruim dos perímetros se devia em parte à rigidez das

normas que regem a burocracia pública;

c) expectativa de que os usuários, devidamente organizados e assistidos, pudessem

manejar corretamente e com vantagens econômicas seus próprios sistemas coletivos

de irrigação.

A sistemática adotada para a emancipação de perímetros irrigados prevê as seguintes

etapas (CODEVASF, página da internet : http://www.codevasf.gov.br):

a) Co-gestão - etapa em que os irrigantes, em conjunto com a CODEVASF, se

organizam para assumir a administração do perímetro. Nessa etapa são verificados e

analisados os problemas relativos à infra-estrutura, à capacitação dos agricultores,

ao apoio à produção e à regularização fundiá ria. É o caso dos perímetros em fase

inicial de funcionamento, os parcialmente em operação, mas ainda em processo de

implantação de obras, e aqueles em que, embora antigos, a organização de irrigantes

criada para assumir as atividades de administração do perímetro é recente.

b) Autogestão - etapa em que a CODEVASF mantém o apoio técnico e financeiro à

organização de produtores, para solução dos problemas de sua responsabilidade

relacionados na etapa anterior. Mantém-se ainda presente com voz e veto nas

decisões dos conselhos de administração. Nessa etapa devem ser resolvidos todos os

problemas fundiários, e o apoio financeiro da CODEVASF restringe-se, em geral, a

obras complementares e de melhoramento, sendo o custo operacional do perímetro

assumido integralmente pela organização de irrigantes.

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c) Emancipação - etapa em que a organização de produtores assume de forma ampla a

administração do perímetro, reservando-se ao Estado o acompanhamento das

atividades, com vistas à preservação dos recursos naturais e à manutenção dos

objetivos básicos do projeto.

Inicialmente, o modelo adotado foi o de delegar a administração, operação e

manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum, por meio de contrato, às

cooperativas existentes nos Perímetros. Eram organizações cuja criação havia sido estimulada

pela CODEVASF e que congregavam, numericamente, boa parte dos produtores dos

Perímetros. A experiência foi negativa, tendo como causas principais as seguintes:

a) As cooperativas tinham outras prioridades, voltadas para produção e

comercialização, relegando a segundo plano as atividades delegadas.

b) Os cooperados eram basicamente constituídos de pequenos produtores, o que alijava

do processo decisório aqueles detentores de lotes empresariais, resultando em fonte

permanente de conflitos.

c) A estrutura de comando presidencialista, que as caracterizava, favorecia práticas

condenáveis na gestão de recursos públicos como nepotismo e clientelismo.

d) Por serem organizações mercantis, estavam sujeitas a falência, o que representava

risco para a administração delegada pelo Governo.

Com o fracasso dessa primeira experiência, a CODEVASF, após realizar estudo sobre o

assunto (HECTA, 1987), adotou outro modelo de gestão, que também incluía a participação

dos produtores, mas desta vez organizados sob a forma de associação civil de direito privado

sem fins lucrativos, criada com a finalidade específica de desenvolver atividade de interesse

coletivo - administrar, operar e manter a infra-estrutura de irrigação de uso comum de um

perímetro público de irrigação. Essa organização foi denominada “Distrito de Irrigação” e, de

forma precursora, constitui-se numa organização típica do que, posteriormente, veio a ser

conhecido com “terceiro setor”.

No Brasil, como em outros países, o Terceiro Setor coexiste com dois outros setores:

Primeiro Setor, representado pelo governo, cumprindo uma função administrativa dos bens

públicos, tanto no âmbito municipal, estadual como federal, e o Segundo Setor, representado

pelo mercado, ocupado pelas empresas privadas com fins lucrativos.

O conceito do que se denomina Terceiro Setor não é consensual por quem pesquisa o

assunto. Para FERNANDES (1994, p.21), o Terceiro Setor pode ser definido como: “(...)um

conjunto de organizações e iniciativas privadas que visam à produção de bens e serviços

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públicos. Este é o sentido positivo da expressão. “Bens e serviços públicos”, nesse caso

implicam uma dupla qualificação: não geram lucros e respondem a necessidades coletivas.”.

A implementação do modelo de Distrito de Irrigação proporcionou grande avanço na

gestão dos Perímetros na busca da emancipação. Enumeram-se as seguintes conquistas:

a) maior envolvimento dos usuários na administração, operação e manutenção da infra-

estrutura de irrigação de uso comum dos Perímetros;

b) agilização nos procedimentos de compras e contratações;

c) redução de custos operacionais dos sistemas de irrigação;

d) redução significativa e até mesmo eliminação de subsídios no custeio operacional

dos sistemas de irrigação.

Em que pese aos êxitos alcançados com o atual modelo de transferência de gestão,

persistem ainda alguns problemas. Recente estudo elaborado pelo Ministério da Integração

Nacional (Relatório de Diagnóstico dos Perímetros Públicos Irrigados, 2004) concluiu que,

mesmo em Perímetros que apresentam bom nível de administração e desenvolvimento

agrícola, onde os produtores são auto-suficientes, as ações de gerenciamento referentes à

manutenção da infra-estrutura não vêm acompanhando esse desenvolvimento, o que

compromete profundamente as obras e equipamentos da infra-estrutura de irrigação de uso

comum.

Por sua vez, a deterioração da infra-estrutura pode implicar o colapso do fornecimento

de água no Perímetro e, conseqüentemente, do processo produtivo, com enorme reflexo sócio-

econômico para os atores envolvidos. Como os produtores resistem em assumir os

investimentos para reabilitação dos sistemas de irrigação, o Governo Federal, na condição de

proprietário dessa infra-estrutura, continua assumindo esse encargo, até mesmo por uma

obrigação legal.

Segundo Johnson (1997), por mais de 40 anos tem-se comprovado a incapacidade dos

governos para cobrar dos usuários dos perímetros de irrigação as despesas efetuadas com as

atividades de operação e manutenção (OM), sem mencionar o reembolso dos custos de

investimento, como também a escassez de recursos governamentais para execução dessas

atividades. Esta situação contribui para a deterioração da infra-estrutura, encontrando-se casos

em que os sistemas de irrigação foram construídos para uma perspectiva de vida útil de 50

anos, mas tiveram que ser reabilitados em menos de 10 anos.

O Banco Mundial (2004) reconhece que a experiência com desenvolvimento de áreas

irrigadas mostrou que os resultados não são imediatos. Após a construção da infra-estrutura

requerem de 10 a 15 anos para atingirem o seu pleno desenvolvimento. Acrescenta ainda que

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as fases de engenharia e de construção normalmente constituem a parte mais fácil da

implementação de novos projetos. Os maiores desafios situam-se no assentamento dos

produtores, na atração de aportes empresariais e no desenvolvimento de “clusters” do

agronegócio e de mercado capazes de viabilizar os empreendimentos.

4.2 Experiência Internacional em Programas de Transferência da Gestão

A questão gerencial dos sistemas de irrigação em praticamente todo o mundo é crucial e

tem despertado o interesse de especialistas em identificar as causas de insucessos e os estudos

de caso de projetos bem sucedidos. O problema central se refere às possibilidades e

dificuldades de transferir a gestão de sistemas de irrigação de órgãos governamentais para os

usuários ou outras formas de gestão com participação privada.

Para Johnson et al. (1995), nas últimas três décadas vários países adotaram programas

de emancipação de sistemas públicos de irrigação, também denominados programas de

transferência de gestão, nos quais órgãos governamentais foram substituídos por organizações

de usuários de água ou outras entidades do setor privado na gestão dos perímetros irrigados.

No Brasil, o programa Transferência da Gestão de Perímetros Públicos de Irrigação,

gerenciado pelo Ministério da Integração Nacional, encontra-se dentro deste contexto.

De acordo com a Sagardoy (1994), a transferência da gestão é um fenômeno

generalizado, que vem ocorrendo tanto em países mais desenvolvidos como menos

desenvolvidos, sendo o processo desencadeado pelos governos e órgãos interessados na

solvência das finanças públicas e no uso mais eficiente dos recursos. Também é uma condição

que vem sendo exigida pelas instituições de financiamento internacionais para concessão de

empréstimos para o setor.

Em 2001, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (Food

and Agriculture Organization of the United Nations - FAO) e a Rede Internacional para a

Gestão Participativa na Irrigação (International Network on Participatory Irrigation

Management - INPIM) organizaram uma conferência sobre a Transferência de Gestão na

Irrigação, que teve como objetivos específicos iniciar trocas de experiências e conceitos

básicos no mundo relacionados com a Transferência de Gestão na Irrigação (TGI) para

associações de usuários da água (AUA) ou outras organizações do setor privado e identificar

vários fatores que levaram ao seu sucesso ou fracasso. Uma série de estudos de caso e

experiências dos países foi desenvolvida e um documento denominado “Transferência de

Gestão na Irrigação – Compartilhando Lições da Experiência Global”

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Conforme consta nesse documento sobre a Transferência de Gestão na Irrigação –

Compartilhando Lições da Experiência Global, depois de um período de rápida expansão da

superfície mundial de irrigação, de 1950 até o início de 1980, muitos governos encontraram

dificuldades para financiar os custos recorrentes da irrigação e de arrecadar as tarifas de água

dos usuários. As administrações financiadas pelas instituições governamentais perderam a

capacidade efetiva de prestar o serviço de fornecimento de água para os usuários. Esses

fatores levaram à rápida deterioração da infra-estrutura e da redução da área irrigada,

resultando em má distribuição e desperdício de água e incremento dos problemas de

salinização dos solos. Empurrados em grande parte por pressões financeiras, muitos governos

estão tentando transferir a responsabilidade da gestão dos sistemas das agências

governamentais para as associações de usuários de água.

4.2.1 Visão Global da Transferência de Gestão na Irrigação

Como ponto de partida, a Conferência Internacional promovida pela FAO e INPIM em

2001, define a Transferência de Gestão na Irrigação como a transferência de responsabilidade

e da autoridade sobre a gestão de um sistema de irrigação público das agências

governamentais para associações de usuários da água ou outras entidades do setor privado.

Considera como questões chaves para ocorrência do processo de transferência da gestão

de irrigação, os seguintes aspectos:

- mobilização para apoio à transferência;

- políticas de transferência e legislação de suporte;

- mudanças organizacionais;

- processo de implementação;

- distribuição de água, manutenção e modernização da infra-estrutura;

- financiamento para o setor de irrigação.

4.2.1.1 Motivações para a transferência

Segundo a Conferência Internacional promovida pela FAO (2001), os programas de

transferência de gestão são implementados por diferentes motivos, e dependem

fundamentalmente do ponto de vista dos principais atores envolvidos – governos e usuários.

Alguns governos adotam programas de transferência para melhorar a sustentabilidade física e

financeira dos sistemas de irrigação (Chile); outros para melhorar a gestão da água e a

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produtividade agrícola (Índia) ou para se ajustar a restrições orçamentárias (Filipinas). Os

principais objetivos do Programa de Transferência de Gestão na Irrigação foram:

1. assegurar a sustentabilidade dos perímetros de irrigação;

2. reduzir a carga financeira sobre o governo;

3. passar a responsabilidade de operação e de manutenção para os usuários;

4. aumentar a eficiência no uso da água;

5. melhorar e dar sustentabilidade à performance do sistema.

No México, de acordo com Trava (1994), o programa de transferência foi concebido

para promover mudanças institucionais no setor da irrigação com o fim de diminuir para o

governo o peso dos custos decorrentes dos serviços de operação e de manutenção dos 82

perímetros públicos de irrigação do país.

Segundo Vermillion et al. (2001), os agricultores por sua vez buscam a transferência de

gestão de sistemas de irrigação para melhorar a qualidade dos serviços de fornecimento de

água (EUA e Austrália); para ter controle do uso das receitas de tarifa d’água ou para impedir

o aumento de custos da irrigação (Colômbia e República Dominicana).

Na Colômbia, em 1975, os usuários da água do perímetro Coello-Saldaña, descontentes

com a qualidade do serviço de operação e de manutenção que era oferecido pelo Governo e

com os altos custos do gerenciamento, constituíram duas associações de usuários (AUA) -

Coello e Saldaña - e decidiram solicitar oficialmente ao governo a transferência de gestão dos

sistemas para as suas novas associações (FAO, 2001). Argumentavam que o projeto deveria

tornar-se legalmente de sua propriedade porque os produtores já haviam pago ao governo sua

parcela nos custos da construção. O governo concordou em transferir o gerenciamento do

perímetro para as associações de usuários no prazo de um ano (Vermillion e Garcés-Restrepo,

1994). A transferência dos projetos Coello e Saldaña foi o primeiro caso de transferência do

gerenciamento de irrigação na Colômbia. A partir daí, estabeleceram-se os passos para futuras

transferências.

Assim, de forma contrária às abordagens conduzidas pelo governo de outros lugares, a

TGI na Colômbia foi levada a efeito a pedido dos produtores, que se propuseram a assumir o

gerenciamento de seus projetos de irrigação, desde que fossem reabilitados, no que houve a

concordância do Governo. Entretanto, a falta de recursos para financiar a reabilitação das

infra-estruturas e para a capacitação das organizações de produtores impediu a continuidade

do programa (Garcés-Restrepo, 1992).

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4.2.1.2 Estruturas Organizacionais

Segundo Garcés-Restrepo (2001), os programas TGI diferem nos tipos de organizações

que assumem o gerenciamento após a transferência. O tipo mais comum é a associação dos

usuários da água (AUAs). No México, as AUAs são reconhecidas como associações civis sem

fins lucrativos com personalidade jurídica e patrimônio próprio, para quem a agência de

irrigação delega a concessão de uso da infra-estrutura por um período de 50 anos. Mas há

também os distritos de irrigação que são dos governos semi-municipais (USA, Taiwan e

México). Existem empresas de sociedade limitada onde os usuários da água possuem ações na

companhia de gerenciamento (Estados Unidos, México e Shandong, província da China).

(FAO, 2001)

Na Colômbia, com a Lei de Desenvolvimento da Terra (Ley de Adecuación de Tierras

N° 41, de 1993) determinou-se que a transferência do gerenciamento ocorreria diretamente

para as AUAs, após elas terem o pleno controle sobre as finanças dos perímetros de irrigação

e dos procedimentos de operação e de manutenção. Os acordos referiam-se a “contratos de

concessão” e não delegação da administração. Este foi um incremento significativo na

transferência. Entretanto, mesmo sob a nova lei, as AUAs somente tiveram direito de uso, e

não de propriedade sobre a infra-estrutura da irrigação. (Vermillion e Garcés-Restrepo, 1998).

Com a política de irrigação instituída pela Lei n° 41/93, as AUAs -Associações de

Usuários da água dos perímetros públicos de irrigação formaram uma federação nacional

chamada FEDERRIEGO - Federação das Associações dos Irrigantes -, uma associação sem

fins lucrativos, reconhecida como uma entidade legal pelo Governo Colombiano. Tinha como

principal objetivo preparar as Associações dos Usuários da Água para a transferência e dar-

lhes apoio após a transferência. Os principais objetivos da Federriego podem ser assim

resumidos (Vermillion e Garcés-Restrepo, 1998):

- consolidar e representar as AUAs filiadas em todos os assuntos pertencentes ao

desenvolvimento da terra no país;

- favorecer a troca de experiências técnicas e administrativas com o objetivo de

promover o desenvolvimento e o uso mais eficiente das áreas irrigadas;

- encorajar o uso de novos sistemas de produção para proteger os recursos naturais e

prevenir a poluição ambiental ou mitigar seus impactos;

- promover o estabelecimento de novas AUAs.

Uma experiência considerada bem sucedida, no oeste americano, de transferência da

gestão - o Projeto do Vale do Rio Colúmbia - CBP, foi objeto de avaliação do processo de

transferência do seu gerenciamento (Svendsen e Vermillion, 1994). O CBP é um projeto de

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irrigação de 230.000 hectares, implantado pelo Bureau of Reclamation (BUREC) e foi

selecionado em razão de que os Estados Unidos têm tido uma política de transferência da

administração dos projetos públicos de irrigação para os usuários há mais de 100 anos e o

CBP possui uma boa base de dados que permite avaliação consistente de sua performance,

além do fato de que a referida transferência ocorreu há mais de 20 anos, tempo suficiente para

possibilitar a estabilização da transferência e, também, para emergirem os problemas de longo

prazo.

O BUREC, órgão governamental, implantou e operou o projeto CBP de 1951 até 1969,

quando a gestão foi transferida para três organizações de produtores (Distritos) do projeto de

irrigação, cada uma delas com cerca de 2.000 a 2.500 membros. Estes Distritos são

organizações civis e sem fins lucrativos cujo propósito é administrar, operar e manter a infra-

estrutura de irrigação coletiva que lhes foi transferida pelo BUREC e são obrigados a cobrir

seus próprios custos operacionais, por meio da cobrança de tarifa d'água dos usuários. O

principal interesse dos agricultores em assumir a administração do projeto foi a de ter mais

controle sobre a distribuição proporcional d'água e das despesas com operação e manutenção,

e, com isso, minimizar o preço da água. (Svendsen e Vermillion, 1994)

Pelos contratos de transferência firmados entre o BUREC e os Distritos, esses passam a

ter ampla autonomia no que se refere à administração da infra-estrutura de irrigação coletiva,

compreendendo: operar e manter o sistema hidráulico; fixar o valor da tarifa de água; cortar o

fornecimento de água aos usuários inadimplentes; aplicar multas e sanções; vender excedentes

de água a produtores não pertencentes ao Distrito. Em contrapartida, são responsáveis por:

efetuar o reembolso ao BUREC pelo custo de implantação do projeto de acordo com um

cronograma acordado; efetuar a operação e a manutenção do sistema de acordo com padrões

estabelecidos pelo BUREC; manter um fundo de reserva de 30% do custo de operação e

manutenção anual, para substituir obras e equipamentos deteriorados; submeter ao BUREC,

antecipadamente, os planos anuais de operação e manutenção. O BUREC efetua a fiscalização

das atividades delegadas e tem o direito de reassumir a administração do sistema quando os

Distritos falharem com suas obrigações. As negociações que culminaram com a celebração

dos contratos foram complexas e levaram vários anos, o que resultou num relativo equilíbrio

entre direitos e responsabilidades dos Distritos. Como principais resultados da transferência

são enumerados os seguintes (Svendsen e Vermillion, 1994):

a) Adoção de tecnologia – a transferência de administração para os Distritos acelerou a

adoção de novas tecnologias, com a mudança dos sistemas de irrigação parcelares –

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gravidade para aspersão – e instalação de estações automáticas de medição de água e

telemetria.

b) Desempenho hidrológico – inicialmente houve um pequeno declínio na eficiência de

condução e distribuição de água que foi recuperada ao longo de 5 a 6 anos. Foi

necessário esse período de aprendizagem para que os novos administradores

alcançassem o mesmo nível de eficiência do BUREC.

c) Desempenho financeiro – no início os Distritos reduziram os custos de

administração, operação e manutenção em 22%, ou seja, a tarifa de água foi reduzida

nesse mesmo percentual. As despesas encontram-se estabilizadas desde então,

quando, de fato, deveriam estar crescendo com o envelhecimento da infra-estrutura.

Este fato poderá acarretar a necessidade futura de reabilitação das obras.

d) Rentabilidade das áreas irrigadas – o valor médio da renda bruta por acre cresceu nos

últimos 30 anos, de US$ 300 para US$ 600.

Para os países em desenvolvimento, os autores Svendsen e Vermillion (1994) sugerem

duas categorias de lições decorrentes da experiência do Projeto do Vale do Rio Colúmbia –

políticas/institucionais e processuais. A primeira inclui as seguintes: o governo deve

estabelecer um programa consistente e obrigatório de transferência de gestão para os

agricultores dos projetos públicos de irrigação; não deve exigir a total recuperação dos custos

de investimento efetuados pelo Estado; pode ser concedido algum subsídio nas despesas

operacionais, desde que criterioso de modo que não haja margem para seu incremento;

investir na reabilitação da infra-estrutura de irrigação de uso comum, de modo a torná-la em

condições boas de funcionamento.

Na categoria de processos os seguintes pontos são ressaltados: envolver os agricultores

desde o início do planejamento da transferência, pois um profundo espírito associativista no

processo, por parte dos agricultores, é essencial para o sucesso da transferência; utilizar

contratos entre a organização de irrigantes e a agência governamental para definir papéis e

responsabilidades, pois o instrumento contratual implica em uma voluntária relação entre

iguais e cria obrigações e direitos mútuos; capacitar a organização de produtores e, em

especial, seus dirigentes nas atividades de gerenciamento; proporcionar treinamento a técnicos

da agência governamental na área de relações humanas, capacidade esta importante para

trabalharem em um ambiente de administração delegada a associações civis.

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4.2.1.3 Estratégias e alcance dos programas de transferência

A política de transferência de gestão delineia os objetivos, abrangência e estratégia do

programa. No aspecto gerencial a emancipação pode ser apenas parcial, isto é,

responsabilidade e autoridade são compartilhadas entre as organizações de usuários de água e

a agência governamental. Por exemplo, a agência aprova os planos e o orçamento de operação

e manutenção propostos que são implementados pelas organizações de usuários de água

(Argentina e Colômbia).(FAO, 2001)

Pode incluir a transferência da autoridade decisória (governança) para os usuários, da

propriedade da infra-estrutura off farm de irrigação, neste caso, considerada como

privatização, ou apenas da gestão parcial da infra-estrutura para os usuários, como o

fornecimento de água. No aspecto hidráulico a política de emancipação pode incluir

transferência apenas parcial das obras. Isto acontece quando certos setores dos perímetros

irrigados, tais como canais secundários ou terciários, são emancipados (Filipinas e México). A

agência governamental pode manter o controle das principais obras – barragens, tomadas

d’água e sistema de drenagem. Programas de emancipação também são implementados

apenas para alguns tipos de perímetros irrigados, como perímetros irrigados de menor porte

(Indonésia). (FAO, 2001)

O governo mexicano iniciou, a partir dos anos 90, o processo de transferência dos

perímetros públicos de irrigação para os usuários, utilizando-se da seguinte estratégia (FAO e

IMPIM, 2001):

- Ampliação da construção de infra-estrutura de irrigação, priorizando a conclusão de

projetos e obras em estágio mais avançado em sua execução, segundo critérios de

rentabilidade econômica, social e financeira.

- Modernização e reabilitação da infra-estrutura existente nos perímetros e unidades

de irrigação, em co-participação com associações de usuários e governos estaduais e

municipais.

- Promoção e desenvolvimento sustentável da irrigação, com ações para evitar a

contaminação ambiental, reduzir a excessiva exploração da água subterrânea e

disseminar boas práticas de operação e de manutenção da infra-estrutura agrícola de

irrigação.

- Apoio ao fortalecimento das organizações de usuários da água, às quais é transferida

a infra-estrutura hidro-agrícola, particularmente quanto a sua administração e

viabilidade empresarial.

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Como parte desta estratégia, o programa de transferência desenvolveu-se em torno da

criação de módulos de irrigação, operados por AUAs, associações civis, legalmente

constituídas. O “módulo” representa uma subárea do perímetro, que varia de 100 hectares a

10.000 hectares, e sua delimitação geográfica é baseada em aspetos de natureza hidráulica,

social e econômica. O programa desenvolveu-se em duas fases distintas:

a) Na primeira fase, o programa de transferência passou gradualmente a

responsabilidade dos perímetros públicos para as associações de usuários, que

assumiram a operação e manutenção, a mobilização de recursos financeiros e a

administração de conflitos dentro de um módulo. O módulo começa no nível do

canal secundário e se estende até o nível de parcela irrigada. A agência

governamental mantém a responsabilidade de gerenciar a fonte de água e o canal

principal.

b) Na segunda fase, foram criadas as Sociedades de Responsabilidade Limitada (LRSs),

que são federações de módulos individuais e responsáveis pela distribuição de água

dos sistemas principais para a AUA e operação de todos os canais principais, drenos

e estradas do perímetro de irrigação. A federação também permite a formação de um

pool de manutenção de equipamentos de cada módulo, resultando em economia de

escala no seu uso. Onde se instalam as LRSs, a agência governamental se restringe a

gerenciar a fonte de água e assumir um papel de natureza mais estatal, ou seja, de

planejamento e de desenvolvimento dos recursos hídricos no país.

4.2.1.4 Processo de Implementação e legislação de suporte

Os programas TGI diferem de acordo com a estratégia de implementação. Alguns

programas continuam sendo implementados gradativamente, de forma crescente (Filipinas e

Indonésia). Outros, são implementados rapidamente, atingindo milhares ou até milhões de

hectares (México, Turquia e Andhra Predesh, Índia), neste caso denominada abordagem "big-

bang". Em alguns programas, o governo impõe a transferência para todos os usuários, em

outros negocia caso por caso, e os sistemas somente são transferidos se os usuários de água

concordarem (Filipinas). (FAO, 2001)

A estruturação para a efetivação da TGI deve ser dotada de determinação política e

legislação definindo base legal para os direitos e deveres das partes - governo e AUAs.

Apresenta-se o seguinte conjunto de direitos legais das AUAs:

- sobre o uso da água;

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- para usar, melhorar e expandir as infra-estruturas em terra pública e privada;

- de que todos os usuários da água se tornem membros das AUAs e paguem pelos

serviços fornecimento de água;

- para fazer as regras e conduzi- las de modo a serem cumpridas com fortes sanções;

- de escolher os provedores dos serviços e dispensar ou contratar pessoal de operação

e de manutenção;

- de fazer e implementar um plano de operação e de manutenção;

- de estabelecer, coletar e utilizar uma taxa de serviço;

- de fazer contratos legais e possuir propriedade;

- de determinar um padrão de cultivo (normalmente por consenso entre os usuários).

No caso do Projeto Vale da Columbia - CBP nos Estados Unidos, a forte e legal posição

dos Distritos de Irrigação e o prolongado período de negociação entre eles e o BUREC

resultou em um relativo equilíbrio entre direitos e responsabilidades de ambas as partes. Nos

países em desenvolvimento, existe uma tendência dos governos enfatizarem a transferência da

responsabilidade para os agricultores e negligenciarem nas suas obrigações. Um balanço entre

responsabilidades e direitos transferidos, o desejado aumento no controle local e os ganhos

financeiros para os usuários foram as condições que motivaram e fizeram a transferência no

CBP aceitáveis pelos agricultores. Onde este não é o caso, é provável que ocorra considerável

resistência para a transferência para os agricultores. As principais condições (ou direitos-

chaves transferidos aos distritos), que foram aceitas por ambas as partes, no processo de

transferência, foram (Svendsen e Vermillion, 1994):

- de uso da água, medida volumetricamente;

- de planejar e implementar todo o sistema de operação e manutenção;

- de aplicar multas e outras sanções aos membros que violarem as normas do distrito;

- de negar o acesso à água aos usuários inadimplentes ou a não-usuários do distrito;

- de estabelecer os níveis das cotas de água, básica e de excesso, para os irrigantes,

mas a cota básica deve permanecer relacionada com as classes de produtividade dos

lotes;

- de vender excesso de água para irrigantes fora de sua jurisdição. Todavia ele não

pode vender direitos de uso de água, nem transferir esse direito de um proprietário

de lote para outro;

- de emitir título de posse e hipotecar glebas. Ele não é responsável por danos

resultantes de estocagem, transporte, infiltração, enchente e descarga de água de um

distrito para outro, nem de um indivíduo para outro;

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- de comprar equipamentos pesados e suprimentos para o projeto, segundo um

cronograma de pagamento em dez anos. Isto inclui veículos e tratores;

- de obter receitas de outras fontes, além da tarifa de água, incluindo venda de energia

hidroelétrica, gerada por hidroelétrica dentro do sistema. Isto é considerada uma

concessão, desde que o distrito pague uma taxa pela água utilizada do reservatório

para esse fim.

Entre as responsabilidades-chave do distrito estão (Svendsen e Vermillion, 1994):

- O distrito deve cumprir o cronograma de pagamento das obras acordadas, que inclui

o pagamento parcial de obras de drenagem.

- O distrito é responsável por toda operação e manutenção da infra-estrutura usada

individual e coletivamente pelos distritos do projeto, em conformidade com padrões

de desempenho do BUREC e viabilidade financeira.

- O distrito é responsável pelo pagamento proporcional dos custos recorrentes de um

fundo de reserva especial, acordado com o BUREC, e que é retido para ser gerido

pelo BUREC.

- O distrito é responsável por fazer pagamento anual de um fundo de reserva para

reposição do capital (uma taxa igual a 30% da média do custo anual de operação e

de manutenção, dos últimos cinco anos). Ele se destina a repor as facilidades físicas

eventualmente deterioradas.

- O distrito deve anualmente relatar ao BUREC o avanço dos planos de manutenção.

Os direitos mantidos pelo BUREC, após a transferência, foram os seguintes (Svendsen e

Vermillion, 1994):

- O BUREC tem o direito de reassumir a gestão direta do sistema, se o distrito falhar

no reembolso do custo de investimento das obras transferidas, no pagamento do

fundo de reserva para os serviços de operação e de manutenção ou se os serviços de

operação e de manutenção estiverem sendo prestados de maneira inadequada.

- O staff do BUREC, afetado pela mudança de gerenciamento do projeto, deve ser

transferido ou para outros projetos do BUREC (tal como ocorreu com a maioria dos

membros do staff de construção) ou para os próprios distritos (tal como sucedeu

com a maioria dos membros do staff de operação e de manutenção). Pelo acordo, a

maioria dos empregados do distrito, na fase inicial, era constituída de empregados

formais do BUREC.

- Salários e benefícios dos funcionários transferidos do BUREC, tais como os

mantenedores de canais e canaleiros, permaneceram nos mesmos níveis

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prevalecentes antes da transferência. Os planos de aposentadoria dos funcionários

transferidos foram pagos ou interrompidos e novos planos de aposentadoria foram

estabelecidos para eles, pelo distrito.

As responsabilidades do BUREC, perante o distrito, depois da transferência, foram as

seguintes (Svendsen e Vermillion, 1994):

- O BUREC tem a responsabilidade de administrar as obras reservadas, as quais

servem a todo o projeto. Estas incluem a Estação de Bombeamento do Grand

Coulee, o Lago Banks, o Canal Principal e o Reservatório de Potholes.

- BUREC faz uma supervisão (exame) na operação e manutenção do projeto, a cada

três anos para verificar a situação das obras e fazer recomendações para melhorá-las.

- O BUREC mantém a propriedade da infra-estrutura hidráulica e mecânica, operada

pelo distrito, no mínimo até o completo reembolso ou substituição da infra-estrutura

pelo Distrito. Contudo, sob a lei corrente, a venda da infra-estrutura para o Distrito,

depende de uma Lei do Congresso. Os Distritos acham conveniente que a

propriedade da infra-estrutura seja do BUREC, porque eles acreditam que isso os

protege de certas responsabilidades legais.

- O governo federal manterá os direitos de uso da água dentro da área do projeto.

4.2.2 Tendências Emergentes

Em maio de 2005 foi realizado na França o oitavo seminário internacional sobre o

Participatory Irrigation Management (PIM), patrocinado pelo INPIM, pelo Banco Mundial e

pelo governo francês, com o tema “Tendências Emergentes em Parcerias Público- Privada”,

que gerou o documento intitulado “Public Private Partnerships in Irrigation and Drenage :

need for a professional third party between farmes and governments”. Para os participantes do

seminário o conceito da parceria-público-privada (PPP) está sendo vista como mais uma

opção para melhorar o setor da irrigação, e que uma grande variedade de arranjos da PPP está

sendo formatada e se desenvolvendo no mundo.

Em que pese a importância da irrigação na produção de alimentos, nas ultimas décadas,

três questões básicas e controversas tiveram implicações na performance da irrigação:

a) baixa eficiência do uso da água;

b) necessidade de pesados recursos públicos para operar e manter os sistemas de

irrigação;

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c) redução dos investimentos públicos na irrigação, para operar e manter os perímetros,

juntamente com a baixa capacidade de gerenciamento, sempre contribui para a

deterioração das infra-estruturas de irrigação de uso comum.

Para a INPIM (2005) os esforços para melhorar performance de irrigação começaram

em 1970 e, desde então, evoluíram continuamente em cinco fases principais :

a) Desenvolvimento do sistema do principal: as décadas 50 e 60 foram caracterizadas

por um maciço investimento na infra-estrutura de irrigação, focando pesadamente

obras civis (barragens e redes de distribuição principais), financiado e dirigido por

governos ou agências de governo mais preocupadas com os aspectos de construção

do que com a etapa posterior de operação.

b) Desenvolvimento da infra-estrutura parcelar (on farm): nas décadas seguintes – 70 e

80 – embora a maior parte dos investimentos estivesse ainda sendo dirigida para a

construção da infra-estrutura coletiva, a preocupação voltou-se para programas de

melhoramentos das práticas agrícolas. No entanto, esses programas causaram pouco

impacto na performance global da irrigação, principalmente porque a qualidade do

serviço prestado pelas agências de administração não era adequada.

c) Envolvimento do usuário (gerenciamento participativo da irrigação): durante esse

mesmo período, com a vivência e o conhecimento adquiridos, substanciais esforços

foram dirigidos para aumentar a participação do usuário nas diversas fases do

desenvolvimento e do gerenciamento da irrigação, predominantemente através das

Associações de Usuário de Água (AUA). Nos anos 90, a maioria das agências

governamentais de irrigação concluiu que era necessário serem substituídas na

gestão da infra-estrutura por alguma forma de organização de usuários de água.

d) Transferência de Gestão na Irrigação: nessa década foram então desencadeados os

chamados Programas de Transferência de Gestão na Irrigação (TGI). Embora a TGI

seja um assunto complexo que possui muitas formas, velocidade e agendas por todo

o mundo, a filosofia comum é que os usuários dos sistemas de irrigação,

provavelmente, são os mais apropriados para operar efetivamente o sistema, Nos

sistemas maiores que tinham um grande número de usuários, a transferência foi

projetada para ser realizada em partes, onde a agência de irrigação deveria cuidar do

sistema principal, deixando os níveis secundário e terciário sob a responsabilidade

dos usuários. O processo de transferência tomou lugar em muitas partes do mundo,

às vezes bem sucedido mas muitas das vezes implementado de maneira abrupta e

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caótica, onde a reabilitação prévia da infra-estrutura e treinamento dos novos

gestores foram insuficientes ou mesmo esquecidos.

e) Qualidade dos serviços: a despeito dos esforços, a performance global da irrigação

continuava a declinar. Acredita-se que esse declínio se deve à inadequada gestão e à

má qualidade da prestação dos serviços de operação e de manutenção das infra-

estruturas, o que demanda mais profissionalismo por parte dos gestores.

No final da década de 90, a conclusão era de que algum progresso havia sido feito,

principalmente no que se referia à transferência da gestão dos perímetros irrigados, mas não o

suficiente para assegurar a sustentabilidade dos perímetros de irrigação. O diagnóstico

apontava para a necessidade de aplicação de mais recursos públicos atrelada a um adequado

gerenciamento profissional, a ser buscado junto à iniciativa privada. Quatro conclusões são

apresentadas pela INPIM (2005):

a) O círculo vicioso de manutenção insuficiente, deterioração da infra-estrutura, baixa

recuperação dos custos em sistemas de irrigação, pede mais profissionalismo para

todas as funções da irrigação.

b) O setor público, necessariamente, não precisa buscar mais profissionalismo desde

que uma terceira via, profissional, atue entre ele e os usuários.

c) Entre as funções da irrigação, a de operação e manutenção é a mais crucial e,

portanto, deveria ser o primeiro alvo para novos projetos de parceria púb lico-

privada.

d) O processo de “profissionalização” pode ser conduzido através de contratos de

serviços ou gerenciamento, mas preferencialmente por Delegação de Serviço

Publico, que garante compromisso e eficiência.

As tentativas para melhorar a performance dos sistemas de irrigação não foram

suficientes, razão pela qual se buscou envolver o setor privado através da parceria pública-

privada, cujos conceitos institucionais e financeiros estavam sendo desenvolvidos no setor de

saneamento, centrados em torno da idéia de mudar a participação do setor publico e mover o

cursor para o setor privado. Em um sentido mais amplo, para o setor de saneamento, um

acordo de PPP é por definição um contrato entre um cliente público e um fornecedor privado,

o operador ou provedor de serviço. As formas de contratos são variadas, mas sob duas

condições: o pagamento do serviço é ou não realizado em função do resultado operacional

(INPIM, 2005):

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a) Se o provedor do serviço privado é pago pelo cliente público, normalmente por uma

quantia fixa, a PPP é um mero contrato público, que pode ser parcial (contrato de

serviço) ou completo (contrato de gerenciamento).

b) Se o provedor de serviço privado é pago de acordo com uma operação de resultados,

normalmente pelo usuário fim, a PPP é um serviço público delegado, podendo ser

adotados cinco arranjos conhecidos como: arrendamento, affermage, concessão, BOT,

e até divestiture.

Sob o rótulo de parcerias público-privadas (PPPs), a Lei n° 11.079, de 30 de dezembro

de 2004, introduziu no Brasil duas novas modalidades de contratação pública: as concessões

patrocinadas e as concessões administrativas.

Para Sundfeld (2005): “Na verdade, até a edição da Lei n° 11.079/2004, a expressão

PPP vinha sendo empregada entre nós em sentido mais amplo, e por vezes equivocada, a

mercê de influências estrangeiras as mais variadas, para designar os múltiplos vínculos

negociais, de trato continuado, estabelecidos entre a Administração Pública e os particulares,

com vistas ao desenvolvimento, por estes últimos, de atividades econômicas ou sociais com

algum coeficiente de interesse coletivo”. Assim, designaram-se como PPPs desde as

concessões e permissões de serviços públicos (regidas pela Lei n° 8.987/95 e por leis

específicas e setoriais, agora rebatizadas como concessões comuns), aplicáveis aos serviços de

cunho econômico, até os mais recentes contratos de gestão com organizações sociais (regidos

pela Lei n° 9.637/98) e termos de parceria com organizações da sociedade civil de interesse

público (regidos pela Lei n° 9.790/99), aplicáveis aos serviços de natureza social.

A concessão patrocinada é espécie do gênero concessão de serviço público (ou

concessão de serviço público precedida de obra pública, ou apenas concessão de obra

pública), em que a remuneração do concessionário envolve, adicionalmente à tarifa cobrada

dos usuários, uma contraprestação pecuniária devida pelo poder concedente (art. 2°, § 1°, da

Lei n° 11.079/2004).

A distinção fundamental, portanto, entre a nova concessão patrocinada e a concessão

comum (regida pela Lei n° 8.987/95) está na forma de remuneração do concessionário: na

primeira, o Poder Público comparece com pagamentos de natureza pecuniária,

complementares à tarifa; na segunda, além da cobrança da tarifa, pode o concessionário ser

remunerado por receitas alternativas (Lei n° 8.987/95), desde que estas não envolvam

pagamentos de natureza pecuniária feitos pela Administração Pública.

Uma outra distinção importante entre as concessões comuns e as patrocinadas diz

respeito à distribuição dos riscos dos empreendimentos. Enquanto na modalidade comum o

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art. 2°, incisos II, III e IV, da Lei n° 8.987/95 prevê enfaticamente a assunção da execução da

obra ou serviço pelo concessionário por sua conta e risco, o art. 4°, inciso VI, da Lei n°

11.079/2004 estabelece, como uma das diretrizes das PPPs, a repartição objetiva de riscos

entre as partes. Embora a Lei n° 11.079/2004 não disponha, ela mesma, sobre como serão

compartilhados os riscos, tal matéria deverá constar obrigatoriamente do contrato de PPP (art.

5°, III). A concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a

Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra

ou fornecimento e instalação de bens.

4.3 Aspectos Legais no Brasil

4.3.1. Emancipação

De acordo com a legislação civil, a expressão emancipação, derivada do latim

emancipatio, de emancipare, tinha primitivamente o sentido de livre alienação de bens,

significa ainda dom ou dádiva da liberdade.

Como pela emancipação o filho menor estaria autorizado a vender ou dispor livremente

de seus bens, este ato veio a ser designado de “liberdade paterna, de liberdade legal ou

concessão judicial, em virtude do qual se antecipa a maioridade de uma pessoa, atribuindo-

lhes plena capacidade jurídica para gerir seus negócios e dispor de seus bens.”.

Segundo Bomfim L. (2005), o conceito de emancipação refere-se à autonomia, à

capacidade das pessoas e grupos sociais se libertarem de fatores que limitam ou impedem seu

desenvolvimento e, desse modo, decidir sobre suas vidas.

A Lei n° 4.504, de 30 de novembro de 1964, que dispõe sobre o Estatuto da Terra já

mencionava a emancipação dos núcleos de colonização em seu artigo 68 e 69:

“Art. 68. A emancipação do núcleo ocorrerá quando este tiver condições de

vida autônoma, e será declarada por ato do órgão competente, observados

os preceitos legais e regulamentares.

Art. 69. O custo operacional do núcleo de colonização será

progressivamente transferido aos proprietários das parcelas, através de

cooperativas ou outras entidades que os congreguem. O prazo para essa

transferência, nunca superior a cinco anos, contar-se-á:

a) a partir da sua emancipação;

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b) desde quando a maioria dos parceleiros já tenha recebido seus títulos

definitivos, embora o núcleo não tenha adquirido condições de vida

autônoma.”

Por sua vez, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA considera

que um projeto de assentamento estará consolidado quando as obras previstas estejam

concluídas (residências, estradas, rede de energia, etc) e pelo menos 50% dos beneficiários

tenham recebido o título de domínio da terra. Nesse Instituto, o processo de consolidação

encontra-se regulamentado internamente por meio da Norma de Execução/INCRA/N° 9, de 6

de abril de 2001. O ato administrativo que declara a consolidação do assentamento é uma

resolução do Comitê de Decisão Regional da Superintendência Regional do INCRA, em cada

Estado. Deve ser destacado que o termo consolidação, neste caso, significa o mesmo que

emancipação, constante do Estatuto da Terra. Via de regra, essa mudança de terminologia

ocorre quando há um “desgaste” do termo original.

Especificamente no que se refere a projetos públicos de irrigação, a Lei n° 6.662/79 –

Lei de Irrigação, em seu artigo 25, caput, estabelece que “As infra-estruturas de irrigação,

nos Projetos Públicos implantados com recursos orçamentários da União, serão de

propriedade do Governo Federal, representado pelas entidades vinculadas ao Ministério do

Interior.”. Por sua vez, o seu decreto de regulamentação - Decreto n° 89.496/84 -, dispõe em

seu artigo 9°:

“§1° - Os projetos públicos de irrigação, de interesse social predominante,

parcial ou totalmente implantados, poderão ser declarados emancipados,

por ato do Ministro de Estado do Interior, observados os preceitos legais

pertinentes.

§2° - Proceder-se-á à emancipação quando constatados o término das

obras de infra-estrutura indispensável, o assentamento de, pelo menos, 2/3

(dois terços) dos irrigantes e a comunidade esteja social e economicamente

apta a se desenvolver, dispondo de uma organização interna que lhe

assegure vida administrativa própria e atividades comerciais autônomas.

§3° - Quando declarado emancipado um projeto de irrigação, na forma dos

parágrafos anteriores, as infra-estruturas de uso comum continuarão a

pertencer ao Poder Público e serão administradas, operadas e mantidas

pelo respectivo órgão executor, ao qual competirá o controle do uso da

água e a cobrança das tarifas correspondentes, bem como do remanescente

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das prestações de remuneração referidas no §3° do artigo 16 deste

Regulamento.”.

Como se observa da legislação citada, a emancipação, independentemente do tipo de

projeto, pressupõe o alcance de determinado estágio de desenvolvimento desse projeto, que

lhe permita vida administrativa e econômica própria, ou seja, autonomia. No entanto, cabe

observar que a atual legislação obstaculiza a emancipação “plena” dos perímetros públicos de

irrigação, uma vez que não permite a transferência ou alienação da infra-estrutura de irrigação

de uso comum para as associações de irrigantes, sendo mantida como propriedade da União

mesmo após haver sido amortizada pelos seus usuários.

Para Graziano (1989), “...o processo emancipatório pode significar, também, a

passagem de um extremo a outro: de uma situação em que o poder público tudo executa e

domina, em detrimento até da participação dos irrigantes, para uma outra, em que as

atividades inerentes ao perímetro são totalmente administradas pelas associações ou

cooperativas, retirando-se o poder público da gestão do projeto, até mesmo das atividades

que deveriam permanecer sob sua responsabilidade. O projeto público, então, é totalmente

entregue à iniciativa privada (empresários ou colonos)”.

4.3.2. Transferência da Gestão

No que se refere à gestão de projetos púb licos de irrigação, o Decreto n° 2.178/97, que

altera o Decreto n° 89.496/84, estabelece, em seu art. 1°, que as atividades de administração,

operação, conservação e manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum dos

projetos públicos de irrigação, deverão, preferencialmente, ser delegadas às organizações de

irrigantes dos respectivos projetos.

Nesse mesmo sentido, o §1° do artigo 8°, da Lei n° 10.204/2001, que altera a Lei n°

4.229/63, que transforma o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) em

autarquia e dá outras providências, dispõe que “a administração dos novos perímetros

públicos de irrigação será conduzida, desde o início de suas atividades produtivas, pelas

organizações de produtores, preferencialmente com o apoio dos respectivos governos

estaduais, em parceria com o DNOCS.”.

Portanto, no que concerne à gestão dos projetos públicos de irrigação, o direcionamento

dado pela própria legislação é que se trata de atividade a ser desenvolvida pela organização de

produtores de cada projeto. No caso do Decreto n° 2.178/97, há margem para certa

discricionariedade por parte da administração pública em virtude da existência do termo

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“preferencialmente” no texto do artigo citado. Já a Lei n° 10.204/2001 é impositiva, neste

aspecto, para os novos perímetros do DNOCS, pois o texto legal determina que a

administração dos perímetros seja conduzida pelas organizações de produtores.

Uma outra possibilidade de transferência da gestão da infra-estrutura de irrigação de uso

comum de um projeto público de irrigação seria por meio de concessão, cujo marco

regulatório é a lei federal n° 8.987, de 13 de fevereiro de 1.995, que dispõe sobre o regime de

concessão e permissão de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá

outras providências. Essa lei estabelece as condições para concessão de serviço público que

pode ser precedida ou não da execução de obra pública.

Essa lei foi posteriormente complementada pela de n° 9.074, de 7 de julho de 1995, que

em seu artigo 1°, ao enumerar os serviços e obras públicas de competência da União passíveis

de concessão, incluiu a exploração de obras ou serviços de irrigações. Entende-se que para o

caso de um projeto público de irrigação já em funcionamento, o serviço público a ser

concedido seria o de fornecimento de água ou de operação e manutenção da infra-estrutura de

irrigação de uso comum, a ser remunerado por meio de tarifa de água paga pelos usuários à

empresa concessionária.

Observa-se que, pela via da concessão, a transferência da gestão do perímetro público

de irrigação para o “terceiro” passa pelo necessário processo de seleção, submetido ao regime

da prévia licitação pela modalidade concorrência e em obediência aos ditames da Lei n°

8.666, de 21 de junho de 1993, das citadas leis n° 8.987/95 e 9.074/95 e da Instrução

Normativa n° 27, de 2 de dezembro de 1998, do Tribunal de Contas da União - TCU. Essa IN,

em seu artigo 7°, estabelece quatro estágios de fiscalização dos processos de concessão,

detalhando a documentação, aliás bastante robusta, necessária em cada um deles. O artigo

seguinte contém os prazos, por estágio, para o envio dessa documentação ao TCU por parte

do órgão federal concedente.

No Brasil, sabe-se apenas de um caso de concessão de projetos de irrigação, levado a

efeito pelo governo estadual do Rio Grande do Sul. A licitação teve por objeto a concessão

para exploração dos serviços de distribuição de água às lavouras do Sistema Irrigatório do

Arroio Canas e do Sistema Irrigatório do Rio Vacacaí, no município de São Gabriel – RS. A

concorrência, lançada em 1997, foi do tipo menor preço, ou seja o objeto seria adjudicado à

licitante que ofertasse o menor valor de tarifa a ser cobrada dos usuários dos sistemas

irrigatórios, e com prazo estipulado de 30 anos, prorrogáveis por mais 20.

A legislação brasileira apresenta ainda uma outra forma de se contratar com um

particular o uso ou exploração de um bem público, que é o instrumento denominado

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concessão de uso. Considerando que a infra-estrutura de irrigação de uso comum é um bem

público, o particular exploraria este bem, fornecendo água aos usuários do sistema de

irrigação e cobrando pela água fornecida (parcela K2 da tarifa de água). Neste caso, o órgão

concedente deverá ser remunerado pela utilização do bem, remuneração essa que poderia ter

por base o valor da parcela K1 da tarifa de água. A licitação deverá ser na modalidade

concorrência, nos termos § 3º do art. 23 da Lei n° 8.666/93, por analogia com a concessão de

direito real de uso, tema tratado nesse artigo. Como critério de julgamento poder-se-ia utilizar:

a) o menor valor de K2 proposto, fixando-se um valor mínimo para remuneração ao órgão

concedente, ou, b) a maior oferta de remuneração ao órgão concedente, fixando-se um valor

máximo para o K2.

A concessão de uso merece ser levada em consideração como uma possibilidade na

medida em que é assaz controverso considerar as atividades de operação e de manutenção da

infra-estrutura comum de um projeto público de irrigação (leia-se atividades de fornecimento

de água para irrigação) como pertencente à categoria serviços públicos, que é o foco da Lei de

Concessão – n° 8.987/95. A questão que se a apresenta é a seguinte: o serviço de

fornecimento de água em projeto público de irrigação pode ser considerado como um serviço

público? A dúvida decorre do fato de que os beneficiários do fornecimento de água de um

perímetro de irrigação constituem um grupo muito restrito de cidadãos – os produtores do

perímetro - enquanto nos demais segmentos previstos para concessão, como as vias federais,

os serviços postais, as estações aduaneiras e os serviços fornecimento de energia elétrica, os

beneficiários são os cidadãos em geral, ou seja, em todos eles está presente um caráter de

universalidade do serviço público prestado.

Nessa linha de pensamento, Bandeira de Mello (2003) afirma:

“Cumpre, outrossim, não confundir concessão de serviço público e

concessão de uso de bem público, com o fito de explorá-lo. Só se tem

concessão de serviço público – e o próprio nome do instituto já o diz –

quando o objetivo do ato for o de ensejar uma exploração de atividade a ser

prestada universalmente ao público em geral. Diversamente, a concessão

de uso pressupõe um bem público cuja utilização ou exploração não se

preordena a satisfazer necessidades ou conveniências do público em geral,

mas as do próprio interessado ou de alguns singulares indivíduos.”.

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4.4. Indicadores

4.4.1 Conceito

Segundo o IPEA (1991) “indicadores são formas de representação quantificáveis de

características de processos e produtos utilizados para acompanhar e melhorar os resultados

ao longo do tempo”. Indicadores buscam organizar a informação de forma a deixar clara a

relação entre os recursos alocados a um projeto e os impactos, resultados ou rendimentos

obtidos, de forma a permitir a identificação de problemas que possam impedir o alcance dos

objetivos previstos.

Os benefícios dos indicadores advêm de serem mensuráveis e derivarem diretamente

dos objetivos dos projetos, que por sua vez são fundados em análises setoriais, econômicas, de

benefícios e de riscos. Indicadores estabelecem de maneira quantificável a ligação entre

insumos e atividades dos projetos com resultados e impactos esperados (Banco Mundial,

1996).

Indicadores de performance têm sido um componente da prática de irrigação desde que

o homem começou a controlar a água para aumentar a produção de alimentos. Os antigos

egípcios monitoravam rigorosamente o nível de água do Rio Nilo para saber qual área poderia

ser irrigada, para se prevenir de enchentes e da falta de alimentos. Falhas no monitoramento

de performance são também conhecidas há séculos: O colapso da civilização Mesopotâmica

deveu-se em grande parte à salinização e encharcamento de suas terras irrigadas. (Bos et al.,

1994)

Após estudo conduzido em alguns perímetros irrigados brasileiros, Brito (1986) chamou

a atenção para a inexistência de metodologia de avaliação de perímetros, com enfoque global,

ou seja, que pudesse dar uma idéia ampla sobre o desempenho, a partir de diferentes

perspectivas. A falta de uma metodologia que permita a avaliação do desempenho de projetos,

além de não possibilitar avaliação de forma objetiva e sistemática, contribui para a

manutenção do status quo dos perímetros, uma vez que não se dispõe de ferramenta para

identificar onde estão os entraves e propor intervenções para corrigi- los.

O Banco Mundial (1996) define indicadores de performance como sendo “medidas de

recursos alocados, impactos, produtos e resultados de um projeto, monitorados durante as

diversas fases do mesmo para avaliar seu desenvolvimento em relação aos objetivos

definidos”.

Modelo conceitual é uma metodologia para contextualização de projeto e uma

ferramenta analítica que tem o poder de apresentar, de maneira clara e facilmente

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compreensível, projetos de alta complexidade. Ele além de ser uma ferramenta de

planejamento participativo, cujo poder depende de como ela incorpora todo o espectro de

visão dos beneficiários e demais participantes do projeto, também é utilizado por planejadores

para ajudar no estabelecimento de objetivos adequados, definir indicadores de sucesso,

identificar conjuntos de atividades ou processos chaves, definir pressupostos críticos nos

quais o projeto está baseado, identificar meios de verificar as realizações do projeto e definir

recursos necessários (Banco Mundial, 1996).

4.4.2 Princípios gerais para a escolha de indicadores

O monitoramento é essencial para prover os dados necessários à avaliação de

performance, entretanto na sua forma bruta os dados obtidos são desprovidos de significado.

Um indicador de performance inclui necessariamente um valor atual, um parâmetro e uma

meta que permitem avaliar rapidamente o desvio verificado e determinar se o mesmo é ou não

aceitável. É importante assegurar que o indicador selecionado irá descrever a performance do

sistema em relação aos objetivos estabelecidos para mesmo. (Banco Mundial, 1996)

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA (1991), um indicador

revela o desempenho atual do sistema e em conjunto com outros indicadores permite

identificar o correto curso de ações para melhoria do desempenho do aludido sistema. O uso

do mesmo indicador durante algum tempo permite identificar tendências que podem

necessitar imediata reversão antes que medidas corretivas se tornem dispendiosas ou muito

complexas. A qualidade do indicador de performance será dada pelo grau em que atenda aos

seguintes requisitos, considerada a situação específica a que for aplicado:

• Relevância: os indicadores devem descrever a performance do sistema em relação

aos objetivos estabelecidos para mesmo.

• Seletividade: os indicadores devem refletir os aspectos essenciais do processo

monitorado.

• Simplicidade e baixo custo de obtenção: facilidade de compreensão e aplicação,

inclusive pelos executores diretos; gerado preferencialmente a custo baixo;

calculado através da utilização de relações matemáticas simples ou números

absolutos.

• Cobertura: suficientemente representativa, inclusive em termos estatísticos do

processo a que se refere, optando por aqueles grandes ou representativos de situação

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ou contexto geral e sempre que possível, estendendo o alcance do monitoramento

para cobrir maior número de situações.

• Estabilidade: permanência ao longo do tempo e geração com base em

procedimentos rotineiros e incorporados às atividades do órgão. Permitir a

formação de séries históricas.

• Rastreabilidade: permitir registro, manutenção e utilização dos dados, inclusive para

indicação de tendências. As informações utilizadas e memórias de cálculo, inclusive

os servidores envolvidos na coleta e manipulação dos dados são essenciais à

pesquisa dos fatores que afetam a qualidade.

• Razoabilidade: as variações medidas devem estar associadas diretamente aos

processos monitorados. Quanto maior a distância entre o objeto da avaliação e as

medições feitas para o cálculo do indicador, maior o número de fatores que podem

influir ou prejudicar a precisão.

4.4.3 Indicadores para perímetros irrigados

Segundo OLIVEIRA et al. (2004) os indicadores para perímetros irrigados podem ser

divididos em:

• indicadores de performance do serviço de operação e manutenção;

• indicadores de performance da atividade agrícola;

• indicadores sócio-econômicos.

4.4.3.1 Indicadores de performance do serviço de operação e manutenção

Indicadores de performance do serviço de operação e manutenção focam a atividade

primordial dos sistemas irrigação que é o fornecimento de água ao usuário e buscam avaliar se

os recursos colocados à disposição dos administradores dos perímetros irrigados estão sendo

bem utilizados. Os processos monitorados são o planejamento, execução e controle do:

a) Fornecimento de água – engloba as atividades de captação, condução, distribuição e

registro dos volumes de água fornecidos.

b) Faturamento – refere-se à atividade de geração, distribuição e recebimento da tarifa

d’água.

c) Manutenção – atividades concernentes à correção e prevenção de falhas na infra-

estrutura de uso comum.

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Receita Anual Gerada

Auto-Suficiência Financeira = Orçamento Operacional Anual

d) Administração – congrega atividades burocráticas e auxiliares.

e) Gerenciamento - coordenação e supervisão dos demais processos.

A maioria das informações necessárias ao cálculo destes indicadores é proveniente da

atividade cotidiana das entidades que administram os perímetros irrigados e, portanto não

envolve custo de coleta.

Eficiência Operacional

O indicador de eficiência operacional do sistema mede o percentual de perdas ocorridas

no sistema de transporte da água desde sua captação até a entrega na tomada de água do lote.

Indicadores de eficiência são largamente usados em irrigação, por serem facilmente

entendidos e seus parâmetros conhecidos. Permitem uma visão abrangente dos sub-processos

que compõem o fornecimento de água e podem ser utilizados em qualquer nível no setor de

agricultura irrigada.

Auto-Suficiência Financeira

A continuidade do processo de fornecimento de água em um sistema de irrigação está

diretamente relacionada com a capacidade de seus administradores em fixar tarifas

compatíveis com os custos operacionais. O indicador de auto-suficiência financeira permite

visualizar a adequação da tarifa d’água praticada no perímetro irrigado.

Inadimplência

Indicador tradicionalmente utilizado em atividades que envolvem o recebimento por

serviços prestados. O índice de inadimplência retrata a eficiência do processo de arrecadação

da entidade que administra o perímetro irrigado. Suas informações complementam aquelas

fornecidas pelo indicador de auto-suficiência financeira, na medida em que a garantia de

continuidade do processo de fornecimento de água advém da fixação em níveis adequados e

Volume Fornecido

Eficiência Operacional = Volume Captado

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recebimento tempestivo das tarifas d’água. Pode ser utilizado também como indicador de

sucesso econômico dos usuários.

Qualidade dos Serviços de Operação e Manutenção

Mede a proporção de usuários satisfeitos com o serviço de fornecimento de água no

perímetro irrigado. O indicador de qualidade dos serviços de operação e manutenção busca

identificar por meio da percepção dos usuários pontos relevantes de não conformidade nos

serviços prestados pela entidade que administra o perímetro irrigado. É um indicador

qualitativo.

Manutenção

O indicador que relaciona as despesas de manutenção e o orçamento anual do perímetro

mostra a disposição das entidades que administram os perímetros em investir recurso da tarifa

d’água em manutenção da infra-estrutura.

Número Usuários Satisfeitos Qualidade Serviços = Número Total Usuários

Tarifa D’água Devida

Inadimplência = Tarifa D’água Recebida

Despesas Manutenção Manutenção = Orçamento Operacional

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Impacto da Tarifa d’água na Produção

A água como insumo do processo de produção agrícola nos perímetros irrigados tem um

custo representado pela tarifa d’água. O indicador impacto da tarifa d’água mede o percentual

do valor bruto da produção necessário ao pagamento da tarifa d’água.

4.4.3.2 Indicadores de Performance da Atividade Agrícola

Os indicadores de performance da atividade agrícola buscam correlacionar os resultados

da agricultura irrigada com os insumos terra, água e recursos financeiros. A atividade agrícola

desenvolvida nos perímetros torna-se importante para os administradores da infra-estrutura

uma vez que estabelece a ligação entre a performance do sistema de irrigação com sistemas

econômicos mais amplos como o setor de agricultura irrigada e o setor econômico rural.

Rentabilidade da Área

O indicador rentabilidade da área informa quanto por unidade de área irrigável o

empreendimento está injetando de recursos financeiros na economia regional. A utilização da

área irrigável como denominador permite identificar eventuais problemas de

subaproveitamento da área.

Rentabilidade da Água

Num mundo onde a preocupação com a escassez de água cresce a cada dia, os conflitos

de interesse no uso da água são inevitáveis. Nesse contexto, a medição da riqueza gerada por

unidade de água consumida na irrigação torna-se um instrumento imprescindível na medida

em que permite a comparação da água utilizada em setores econômicos distintos.

Valor Bruto Produção

Rentabilidade Área = Área Irrigável

Orçamento Operacional Anual

Impacto Tarifa d’água = Valor Bruto da Produção

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Rentabilidade do Empreendimento

Razão entre resultados obtidos anualmente no processo produtivo do perímetro irrigado

e recursos financeiros aplicados na implantação da infra-estrutura. Possibilita comparar

empreendimentos diferentes e avaliar aquele que proporciona melhor retorno por unidade de

recurso investido. A série histórica do indicador permite determinar o alcance da maturação

econômica do perímetro a partir da elevação consistente da taxa de crescimento do referido

indicador.

Uso do Solo

O índice de uso do solo, que é um indicador clássico do setor da agricultura irrigada,

onde cultivos permanentes se desenvolvem em paralelo com cultivos temporários.

4.4.3.3 Indicadores Socio-Econômicos

Os diversos participantes do setor da agricultura irrigada – planejadores, formuladores

de política, gestores de agências governamentais, agricultores, etc - têm perspectivas

diferentes a respeito da performance econômica de um perímetro público de irrigação.

Área cultivada Uso do Solo =

Área Irrigável

Valor Bruto Produção

Rentabilidade Água = Volume Água Fornecido

Valor Bruto Produção

Rentabilidade Empreendimento = Custo Implantação

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Amadurecimento do Empreendimento

O índice de amadurecimento é um indicador que busca retratar quão próximo um

determinado perímetro se encontra da condição de emancipação.

Geração de Empregos diretos

Este indicador tem como objetivo estimar o número de empregos gerados com base nos

coeficientes técnicos de mão-de-obra das culturas exploradas em cada perímetro.

Custo de Geração de Empregos Diretos

A medição do impacto de um sistema de irrigação com base no custo de geração de

emprego permite a comparação com empreendimentos completamente diferentes e, por isto, é

uma ferramenta útil à tomada de decisões estratégias.

Tempo Necessário para Emancipação

Amadurecimento = Tempo Previsto para Emancipação

Custo Implantação

Custo Geração Empregos = Número Empregos Gerados

Número Empregos Gerados

Geração Empregos Diretos = Área Irrigável

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5. METODOLOGIA

O trabalho objetivou o estudo de 16 perímetros públicos de irrigação da CODEVASF

com vistas a sua avaliação em função das peculiaridades, relativas à sua administração,

operação e manutenção, rentabilidade agrícola e ocupação da área com vistas a sua

emancipação. Para tanto, foram selecionados seis indicadores que compuseram um modelo

matemático para avaliar se um perímetro reúne condições para ser emancipado.

Os indicadores selecionados para o estudo foram:

• Eficiência operacional (%) = Volume fornecido (m³) / Volume captado (m³)

• Eficiência financeira (%) = Receita anual gerada (R$) / Orçamento operacional

previsto (R$)

• Adimplência (%) = Tarifa d’água recebida (R$) / Tarifa d’água faturada (R$)

• Índice de Manutenção (%) = Despesas manutenção (R$) / Orçamento operacional

(R$)

• Índice de Rentabilidade da área (%) = Valor bruto da produção observado (R$/ha)/

Valor bruto da produção esperado (R$/ha)

• Índice de Uso do solo (%) = Área cultivada (ha) / Área irrigável (ha)

A escolha dos indicadores foi feita baseada tanto na representatividade dos dados para a

avaliação quanto no desempenho econômico-financeiro de um Perímetro Púbico Irrigado,

além da confiabilidade e disponibilidade dos dados, atendendo uma necessidade da empresa e

a solicitação do Tribunal de Contas da União - TCU, que em seu Re latório de dezembro de

2001, sobre o Programa de Irrigação e Drenagem, sugere a adoção de indicadores de

desempenho que possibilitem uma avaliação mais acurada dos projetos de irrigação.

Em vista disto, a CODEVASF, em maio de 2004, pela Determinação no. 025/04 do

Diretor da Área de Produção, constituiu um grupo de trabalho para identificar parâmetros e

indicadores que permitam estabelecer critérios de hierarquização dos perímetros públicos de

irrigação e avaliar o desempenho das áreas irrigadas implantadas. A partir de então, os dados

coletados para determinação dos seis indicadores utilizados neste trabalho passaram a ser

coletados de forma sistematizada, diretamente pelas áreas técnicas da CODEVASF.

Pesquisa realizada junto ao Departamento Nacional de Obras Contra Secas (DNOCS) e

a Secretaria de Infra-estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional não identificou

nenhum processo sistematizado para identificação de parâmetros e indicadores que pudessem

avaliar a situação de seus perímetros públicos de irrigação com vistas à sua emancipação.

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Sendo assim, o presente estudo ficou restrito aos perímetros da CODEVASF que já possuem

dados de desempenho sistematizado. O estudo desenvolvido foi realizado com a utilização de

dados secundários referentes somente ao ano de 2004 devido a confiabilidade e

disponibilidade dos dados.

Com intuito de determinar um modelo matemático para avaliar se um perímetro reúne

as condições adequadas para ser emancipado, foi proposta uma função linear denominada de

função emancipação - f(E). Onde:

KIUSXIRAXIMXAdXFEXEOXf E ++++++= 654321)( ,

Sendo:

f(E) = função emancipação;

X1, X2, X3, X4, X5, X6 - são os coeficientes dados a cada uma das variáveis (indicadores);

EO = Eficiência operacional;

EF = Eficiência financeira;

Ad = Adimplência;

IM = Índice de Manutenção;

IRA = Índice de Rentabilidade da Área;

IUS = Índice de Uso do Solo; e,

K = Valor da constante.

Para a função, foi feita uma análise discriminante que permitiu estabelecer a relação da

variável não métrica f(E) com as variáveis independentes (indicadores).

Para tanto, foi utilizado o aplicativo para análise estatística SPSS versão 8.0 para

estudante, com intuito de definir a função f(E). Ele é um poderoso sistema de análises

estatísticas e manuseio de dados em ambiente gráfico. Sua utilização mais freqüente é para

previsão de eventos e mineração de dados (data mining) em análises mais complexas e

elaboradas.

Para possibilitar o agrupamento dos perímetros, foram atribuídas duas notas “1” e “2”

com o objetivo de proceder à análise discriminante:

(1) Perímetros que podem ser emancipados neste momento, e

(2) Perímetros a serem emancipados futuramente.

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As notas atribuídas aos perímetros foram:

Bebedouro 2 Ceraíma 2 Curaçá CP-1 2 Curaçá CP-2 2 Estreito 2 Formoso 2 Gorutuba 2 Jaíba 2 Lagoa Grande 1 Mandacaru 2 Maniçoba 2 Mirorós 2 Nilo Coelho 2 Nupeba /R.grande 2 Pirapora 1 Tourão 1

As notas foram atribuídas com base nos relatórios de diagnóstico da situação dos

perímetros públicos irrigados, elaborados por grupos técnicos constituídos pelo Ministério da

Integração Nacional (MI) em 2004.

Os diagnósticos foram elaborados com intuito de se determinar as condições de

emancipação de cada perímetro, levando-se em consideração as condições da infra-estrutura

de irrigação, a administração, operação e manutenção do sistema, a exploração agrícola, os

serviços prestados aos produtores, as organizações dos irrigantes, a atuação da CODEVASF e

a situação fundiária, entre outros.

Com base nestes relatórios, o MI determinou que fossem considerados emancipados, em

2005, os perímetros Lagoa Grande, Pirapora e Tourão.

No presente trabalho, propõe-se estabelecer uma correlação técnica entre os indicadores

levantados pela CODEVASF e a decisão do MI quanto à emancipação dos perímetros.

Para tanto, foram atribuídas as notas “1” para os perímetros que alcançaram condições

para serem emancipados em 2005 e, para os demais, foi atribuída a nota 2, que significa

emancipação após 2005.

Para subsidiar a formalização (“como”) do processo de emanc ipação de um perímetro

de irrigação, foram utilizadas as seguintes fontes de informações:

• Legislação vigente;

• Trabalhos técnico-científicos;

• Textos e trabalhos encontrados na internet;

• Relatórios produzidos no âmbito da CODEVASF.

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A minuta de convênio apresentada no Anexo A trata-se de instrumento já adotado pela

CODEVASF a partir de 2005, para a delegação da administração dos perímetros às

organizações de produtores (Distritos), tendo sido fornecida pela Assessoria Jurídica da

CODEVASF.

O Termo de Delegação – Anexo B – foi resultado dos estudos efetuados pelo Grupo de

Trabalho designado pela Decisão nº 662, de 11 de agosto de 2004, da Presidência da

CODEVASF. O relatório do Grupo (Filho et al, 2004) propõe a utilização deste instrumento

para estabelecer a relação enter a CODEVASF e os Distritos com vistas à transferência da

administração dos perímetros quando não houver a necessidade de repasse de recursos

financeiros.

A elaboração da minuta de portaria teve como ponto de partida o texto do artigo 9º da

Decreto nº 89.496, de 29 de março de 1984, que estabelece os procedimentos para a

emancipação de perímetros públicos de irrigação. Segundo o referido artigo, para a

emancipação é necessário um ato declaratório do Ministro de Estado da Integração Nacional,

ato esse que deve ser editado na forma de portaria - Anexo C.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1. Indicadores de Desempenho

Nos 16 perímetros públicos de irrigação da CODEVASF os indicadores de desempenho

que foram utilizados no estudo são referentes ao ano de 2004 e são mostrados na tabela 1.

Tabela 1. Indicadores de desempenho de 16 perímetros irrigados da CODEVASF - ano 2004.

Perímetro EO EF Ad IUS IM IRA

Bebedouro 45 100 100 48 90 98 Ceraíma 60 58 100 91 33 14 Curaçá CP-1 81 100 100 100 97 102 Curaçá CP-2 58 75 62 100 93 69 Estreito 40 50 91 96 30 33 Formoso 65 57 56 44 20 32 Gorutuba 35 80 92 80 58 32 Jaíba 63 43 98 44 52 32 Lagoa Grande 100 55 78 66 36 39 Mandacaru 66 74 100 100 32 38 Maniçoba 67 72 89 87 16 45 Mirorós 68 57 100 79 45 20 Nilo Coelho 100 77 100 100 26 64 Nupeba/R.grande 90 19 61 43 25 12 Pirapora 90 100 94 55 37 74 Tourão 65 96 100 100 50 85

Fonte: CODEVASF, 2004. EO – Eficiência operacional; EF – Eficiência Financeira; Ad – Adimplência; IUS – Índice de Uso do Solo; IM – Índice de Manutenção; IRA – Índice de Rentabilidade da Área

Com base nos indicadores da Tabela 1, foi feita uma análise de correlação dos

indicadores de desempenho que é apresentada na Tabela 2.

Tabela 2. Matriz de correlação dos indicadores de desempenho dos perímetros irrigados da CODEVASF - ano 2004.

EO EF Ad IUS IM IRA

EO 1,000 -0,259 -0,168 -0,082 -0,270 -0,058 EF -0,259 1,000 0,479 0,392 0,578 0,841 Ad -0,168 0,479 1,000 0,381 0,148 0,277 IUS -0,082 0,392 0,381 1,000 0,128 0,248 IM -0,270 0,578 0,148 0,128 1,000 0,721 IRA -0,058 0,841 0,277 0,248 0,721 1,000

EO – Eficiência operacional; EF – Eficiência Financeira; Ad – Adimplência; IUS – Índice de Uso do Solo; IM – Índice de Manutenção; IRA – Índice de Rentabilidade da Área

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Pela análise de correlação dos indicadores (Tabela 2) é possível notar que o indicador de

Eficiência Operacional é um indicador que apresenta correlação negativa com os demais. Tal

fato pode ser explicado, em razão deste indicador ser afetado pelas performances de condução

e distribuição de água, que, por sua vez, dependem de uma adequada manutenção da infra-

estrutura e das limitações impostas pelas características da infra-estrutura hidráulica projetada.

O indicador “Índice de Rentabilidade da Área” e os indicadores de “Eficiência

Financeira” e “Índice de Manutenção” apresentam uma forte correlação positiva, com

tendência à perfeita correlação positiva. Estes dois últimos indicadores tendem a uma forte

correlação positiva.

A análise discriminante, realizada com o auxílio do aplicativo SPSS, para a função

emancipação proposta, atribuiu a ordem de importância das variáveis (indicadores) para o

modelo, sendo que a ordem decrescente foi:

1°. Eficiência Operacional

2°. Eficiência Financeira

3°. Índice de Rentabilidade Área

4°. Índice Manutenção

5°. Índice Uso Solo

6°. Adimplência

Os coeficientes para cada variável (indicador) e valor constante na função emancipação

foram assim determinados:

• X1 = 0,03834

• X2 = 0,04740

• X3 = -0,00709

• X4 = -0,01493

• X5 = 0,01961

• X6 = -0,00102

• K = -3,27911

Assim, a função emancipação proposta é a seguinte:

911,273IUS020100,1961,00014930,0d007090,40740,0EO43830,0)( −−+−−+= IRAIMAEFf E

Sendo:

f(E) = função emancipação; EO = Eficiência operacional; EF = Eficiência financeira;

Ad = Adimplência; IM = Índice de Manutenção; IRA = Índice de Rentabilidade da

Área; e,IUS = Índice de Uso do Solo.

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Em seguida, calculou-se o valor da função emancipação (f(E)) para cada Perímetro

estudado, conforme mostrado na Tabela 3.

Tabela 3. Valores da função emancipação (f(E)), das variáveis e da constante (K) para 16 Perímetros Irrigados da CODEVASF - ano 2004.

Perímetro EO EF Ad IUS. IM RA K f(E)

Bebedouro 1,73 4,74 -0,71 -0,72 -1,76 0,10 -3,28 0,095 Ceraíma 2,30 2,75 -0,71 -1,36 -0,65 0,01 -3,28 -0,930 Curaçá CP-1 3,11 4,74 -0,71 -1,49 -1,90 0,10 -3,28 0,566 Curaçá CP-2 2,22 3,55 -0,44 -1,49 -1,82 0,07 -3,28 -1,187 Estreito 1,53 2,37 -0,64 -1,43 -0,59 0,03 -3,28 -2,009 Formoso 2,49 2,70 -0,40 -0,66 -0,39 0,03 -3,28 0,501 Gorutuba 1,34 3,79 -0,65 -1,19 -1,14 0,03 -3,28 -1,097 Jaíba 2,42 2,04 -0,69 -0,66 -1,02 0,03 -3,28 -1,164 Lagoa Grande 3,83 2,61 -0,55 -0,99 -0,71 0,04 -3,28 0,957 Mandacaru 2,53 3,51 -0,71 -1,49 -0,63 0,04 -3,28 -0,032 Maniçoba 2,57 3,41 -0,63 -1,30 -0,31 0,05 -3,28 0,504 Mirorós 2,61 2,70 -0,71 -1,18 -0,88 0,02 -3,28 -0,721 Nilo Coelho 3,83 3,65 -0,71 -1,49 -0,51 0,06 -3,28 1,558 Nupeba /R.grande 3,45 0,90 -0,43 -0,64 -0,49 0,01 -3,28 -0,481 Pirapora 3,45 4,74 -0,67 -0,82 -0,73 0,07 -3,28 2,773 Tourão 2,49 4,55 -0,71 -1,49 -0,98 0,09 -3,28 0,667

EO – Eficiência operacional; EF – Eficiência Financeira; Ad – Adimplência; IUS – Índice de Uso do Solo; IM – Índice de Manutenção; IRA – Índice de Rentabilidade da Área; f(E) - função emancipação

Conforme se observa, os Perímetros que podem ser emancipados neste momento são os

que possuem maior valor na função emancipação e o valor limite para que um perímetro seja

considerado em condições de emancipação é f(E) = 0,566.

A Tabela 4 mostra o resultado da função emancipação (f(E)) em ordem decrescente de

valor, além da previsão de agrupamento e das probabilidades de cada perímetro pertencer ao

grupo 1 ou 2. O grupo 1 corresponde aos Perímetros que detém as condições necessárias à

emancipação em 2005.

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Tabela 4. Valores da função emancipação (f(E)) em ordem decrescente; previsão de agrupamento; e probabilidade em percentual de pertencer ao grupo 1 ou 2, após análise discriminante, para 16 Perímetros Irrigados da CODEVASF - ano de 2004.

Perímetro f (E) Previsão

Agrupamento Probabilidade

Grupo 1 Probabilidade

Grupo 2 Pirapora 2,773 1 98,18% 1,82% Nilo Coelho 1,558 1 85,73% 14,27% Lagoa Grande 0,957 1 67,03% 32,98% Tourão 0,667 1 54,64% 45,36% Curaçá CP-1 0,566 1 50,09% 49,91% Maniçoba 0,504 2 47,32% 52,68% Formoso 0,501 2 47,17% 52,83% Bebedouro 0,095 2 30,04% 69,96% Mandacaru -0,032 2 25,44% 74,56% Nupeba /R.grande -0,481 2 13,19% 86,81% Mirorós -0,721 2 8,97% 91,03% Ceraíma -0,930 2 6,33% 93,67% Gorutuba -1,097 2 4,76% 95,24% Jaíba -1,164 2 4,24% 95,76% Curaçá CP-2 -1,187 2 4,08% 95,92% Estreito -2,009 2 0,96% 99,05%

f(E) - função emancipação

Os Perímetros Irrigados Senador Nilo Coelho e Curaçá – CP1 passaram a integrar o

Grupo 1, de acordo com análise feita por intermédio do SPSS. Com base na probabilidade

calculada, pode-se afirmar que Pirapora, Senador Nilo Coelho, Lagoa Grande, Tourão e

Curaçá CP-1 são os perímetros com probabilidades de serem emancipados nesta ordem.

É evidente que a aplicação dessa metodologia, seja pela abrangência das variáveis

selecionadas, seja pela limitação natural da análise de uma situação sistêmica e complexa,

como o grau de maturidade de um empreendimento, não dispensa inspeções e avaliações, in

loco, relativas ao desempenho tanto da gestão do Perímetro quanto dos aspectos relacionados

à produção agropecuária.

6.2. Processo Formal da Transferência de Gestão

Percebe-se que há certa confusão quanto ao significado das expressões transferência da

gestão e emancipação. A bibliografia sobre o assunto tende a conferir a essas expressões, no

sentido amplo, o mesmo significado. No entanto, pela própria análise da legislação brasileira,

verifica-se que há diferenças conceituais. A transferência da gestão está relacionada à

sistemática de administração dos perímetros, enquanto emancipação refere-se à autonomia e à

auto-suficiência econômica dessa administração. Assim, propõem-se as seguintes definições:

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a) Transferência da gestão – processo de delegação da administração, operação e

manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum de um perímetro público

de irrigação, de um ente público para uma entidade privada.

b) Emancipação – estágio do processo de transferência da gestão em que a entidade

que administra um perímetro de irrigação atinge a auto-sustentação econômica das

atividades de administração, operação e manutenção da infra-estrutura de irrigação

de uso comum.

Ressalte-se que, nos termos da lei, a entidade privada citada deverá ser,

preferencialmente, uma organização constituída pelos próprios produtores do perímetro.

O gráfico 1 foi elaborado pelos autores com base nas discussões de grupo e tem por

finalidade ilustrar os conceitos propostos. O processo de transferência da gestão é contínuo e

indefinido no tempo, sendo concluído de forma plena apenas quando for possível a

transferência da propriedade da infra-estrutura para os produtores, atualmente inviável por

impedimento legal. O estágio de emancipação é alcançado quando a curva de evolução das

despesas de administração, operação e de manutenção encontra a curva de evolução da receita

da tarifa de água paga pelos produtores (fim da Etapa I e início da Etapa II). Segundo o Banco

Mundial (2004), o período médio de consolidação de um perímetro de irrigação é de 10 a 15

anos.

Etapas da Transferência de Gestão

Tempo

Cust

o d

e O

pera

ção e

Manute

nçã

o Ponto de Equilíbrio de Custeio

Recursos Públicos Recursos de Tarifa d'água

10 a 15 Anos

BancoMundial

Fonte: Autores.

Gráfico 1. Dinâmica do Processo de Transferência da Gestão.

ETAPA I ETAPA II

EMANCIPAÇÃO

Constituição do Distrito de

Irrigação

DESPESAS

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Durante a Etapa I, onde as despesas operacionais do Perímetro são compartilhadas entre

o poder público e os produtores, o instrumento de delegação da transferência da gestão pode

ser o convênio, que é o instrumento adequado para efetivação da transferência de recursos de

um ente público para outro ente público ou privado. No caso, o ente privado é a organização

de produtores constituída sob a forma de uma associação civil de direito provado sem fins

lucrativos. Essa organização é denominada Distrito de Irrigação e constituída, normalmente,

até o primeiro ano do início do assentamento dos produtores, de forma semelhante à

constituição de um condomínio. A minuta de convênio a ser celebrado com o Distrito de

Irrigação consta do Anexo A e foi obtida junto à Assessoria Jurídica (PR/AJ) da CODEVASF.

Com relação ao instrumento a ser assinado entre o órgão público e a organização de

produtores do perímetro, para seqüência do processo de transferência na Etapa II, em que as

despesas operacionais são integralmente custeadas pelos produtores, sugere-se o Termo de

Delegação, conforme minuta constante do Anexo B (Filho et al. 2004). Esse instrumento

deverá substituir o convênio, uma vez que, em princípio, não haverá mais transferências de

recursos financeiros para a organização de produtores, razão maior dos convênios.

Previamente ao início da Etapa II, de acordo com o §1° do artigo 9º do Decreto

89.496/84, que estabelece que “Os projetos públicos de irrigação, de interesse social

predominante, parcial ou totalmente implantados, poderão ser declarados emancipados, por

ato do Ministro de Estado do Interior, observados os preceitos legais pertinentes.”, há a

necessidade de se providenciar o ato declaratório de emancipação a ser expedido pelo

Ministro de Estado da Integração Nacional. Para tanto, sugere-se, a minuta de portaria,

constante do Anexo C.

Em resumo, do ponto de vista formal, os procedimentos a serem adotados são:

1. Etapa I – celebração de convênio com o Distrito de Irrigação, conforme minuta

constante do Anexo A.

2. Etapa II – celebração de Termo de Delegação com Distrito (Anexo B) após a edição

de portaria ministerial constante do Anexo C.

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7. CONCLUSÕES

Com base no presente estudo pode-se inferir o seguinte:

a) Há diferenças conceituais entre os termos transferência da gestão e emancipação. O

primeiro está relacionado à administração do perímetro público de irrigação

efetuada por um ente privado. O segundo refere-se ao estágio alcançado pelo

processo de transferênc ia quando o ente privado não mais necessita do aporte de

recursos públicos para custeio da gestão do perímetro.

b) A legislação brasileira e os programas de transferência da gestão em curso nos

outros países privilegiam as organizações de irrigantes como delegatárias da gestão

do perímetro. O princípio subjacente a essa escolha é de que o produtor, quando

administra, está comprometido com a solução dos problemas, por que esses o afeta

diretamente, dando lucro ou prejuízo. Portanto, outros modelos de transferência que

afastem os irrigantes do processo decisório da gestão necessitam ser avaliados à luz

deste princípio.

c) No Brasil, existem três formas legais de se proceder à transferência da gestão:

diretamente à organização de produtores, via concessão de serviço público e por

meio de concessão de uso de bem público. A primeira dispensa o procedimento da

licitação e as demais exigem a licitação na modalidade concorrência.

d) Em que pese os avanços alcançados no processo de transferência da gestão na

CODEVASF, face à existência ainda de alguns problemas, notadamente as

deficiências de manutenção da infra-estrutura e baixo nível de capacidade gerencial

na gestão dos perímetros por parte das organizações de produtores, há a necessidade

de: 1) aperfeiçoamento do modelo, principalmente da fiscalização das atividades

delegadas e dos instrumentos contratuais, o que aliás coincide com a experiência

internacional de transferência de gestão. 2) testar outras formas de transferência,

previstas na legislação brasileira, para aqueles perímetros onde a sistemática de

gestão atual não vem correspondendo às expectativas.

e) Com base nos itens precedentes, a diretriz proposta é a de que a transferência da

gestão dos perímetros de irrigação da CODEVASF continue sendo, prioritariamente,

delegada aos respectivos produtores, com a incorporação dos critérios de

hierarquização dos perímetros constantes do item 7.1 e com a adoção dos conceitos

e procedimentos propostos no item 7.2.

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f) A emancipação propicia que o poder público se desonere, totalmente, das despesas

operacionais da infra-estrutura de irrigação de uso comum. No entanto, como

identificado em experiências internacionais, além dessas despesas, outras, ainda que

de valores mormente inferiores, permanecem sob a responsabilidade do órgão

público: assistência técnica para os pequenos produtores; passivos ambientais;

despesas judiciais e cartorárias, principalmente referentes a questões fundiárias;

despesas com fiscalização das atividades delegadas; imposto territorial rural sobre

áreas não utilizáveis do Perímetro. Por conseqüência, mesmo após a emancipação, a

desoneração do Estado não será total, havendo a necessidade de alocação de

recursos para a cobertura dessas despesas.

g) Considerando que o tamanho da amostra é pequeno, a função pode apresentar alto

grau de imprecisão, embora, no presente caso, os resultados encontrados

demonstram coerência com a situação observada in loco. Porém, a avaliação

continuada ao longo dos anos (três ou mais) trará certamente maior confiabilidade à

função.

h) A função emancipação (f(E)) mostra que os maiores valores correspondem a

Perímetros em condições de emancipação.

i) Os perímetros Pirapora, Nilo Coelho, Lagoa Grande, Tourão e Curaçá - CP1, pela

função emancipação proposta, apresentaram probabilidade de serem classificados

como aptos à emancipação.

j) A metodologia apresentada neste trabalho para avaliação do desempenho de

perímetros irrigados deve ser validada de forma sistemática pela CODEVASF, pois

somente com a sua aplicação prática, de forma constante, será possível detectar

eventuais desvios de dados e de consistência metodológica.

k) Outros indicadores poderão fazer parte da função reduzindo os desvios e incerteza

que possam existir no modelo.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anexo - A

Minuta de Convênio

Convênio que entre si fazem a COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO SÃO FRANCISCO E DO PARNAÍBA - CODEVASF e o DISTRITO DE IRRIGAÇÃO DE ____________, visando a administração, operação e manutenção da infra-estrutura de uso comum do Perímetro Irrigado de __________, localizado no município de ____________, no Estado de ____________________________.

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, CODEVASF empresa pública federal, vinculada ao Ministério da Integração Nacional- MI, criada pela Lei n° 6.088, de 16 de julho de 1974, alterada em parte pela Lei n° 9.954, de 06 de janeiro 2000, inscrita no CNPJ n° 00.399.857/0001-26, com sede no Setor de Grandes Áreas Norte, Quadra 601, Conjunto I, Ed. Deputado Manoel Novaes, em Brasília-DF, doravante denominada, simplesmente CODEVASF, representada, neste ato, pelo seu Presidente, _________________________, (nacionalidade, estado civil, profissão e residência), portador da cédula de identidade n° _____________ e do CPF n° ________________ e por seu diretor da Área de Produção, _________________ (nacionalidade, estado civil, profissão e residência), portador da cédula de identidade n° _____________ e do CPF n° ________________ e de outro lado, o Distrito de Irrigação do Perímetro Irrigado ____________, associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o n° doravante denominado simplesmente DISTRITO, inscrito no CNPJ n° __________________ neste ato representado pelo seu Gerente Executivo, Sr. _________________, (nacionalidade, estado civil, profissão e residência), portador da cédula de identidade n° _____________ e do CPF n° ________________, resolvem celebrar o presente Convênio na forma regida pelas disposições contidas na Lei n° 8.666/93, no que couber, bem como nos Decreto n° 93.872, de 23 de dezembro de 1986 e da Instrução Normativa n° 1, de 15 de janeiro de 1997, da Secretaria de Tesouro Nacional, e pelo Decreto n° 89.496/84, modificado pelo Decreto n° 2.178/97 que regulamenta a Lei n° 6.662/1979, mediante as cláusulas e condições seguintes: 1. Cláusula Primeira - DO OBJETO O presente convênio tem por objeto a execução pelo Distrito, de guarda, administração, controle, operação, manutenção e revitalização da infra-estrutura de irrigação de uso comum do Perímetro Irrigado de _____________, localizado no Município de __________________ no Estado de __________________. Parágrafo Único – O presente convênio está sendo firmado em obediência ao disposto no art. 42, § 4º do Decreto 89.496/84, com a redação introduzida pelo Decreto n° 2.178/97.

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2. Cláusula Segunda – DO PLANO DE TRABALHO Para alcance do objetivo pactuado, os convenentes obrigam-se a apresentar e cumprir os Planos de Trabalho elaborados pelo DISTRITO e aprovados pela CODEVASF, que passarão a fazer parte integrante deste instrumento. 2.1. Os Planos de Trabalho serão apresentados e aprovados pela Diretoria Executiva e passarão a integrar o presente convênio por meio dos competentes Termos Aditivos. 2.2. Faz parte integrante deste Convênio o 1º Plano de Trabalho. 2.3. O valor referente ao 1º Plano de Trabalho corresponde a execução de serviços de operação, manutenção e revitalização de infra estrutura de uso comum de irrigação é de R$ _______________________________. 3. Cláusula Terceira – DAS OBRIGAÇÕES DAS PARTES Como forma mútua de cooperação na execução do objeto previsto na Cláusula Primeira, são obrigações dos partícipes: 3.1. São obrigações da CODEVASF 3.1.1. Analisar e aprovar a programação anual apresentada pelo DISTRITO e alocar os recursos orçamentários e financeiros de sua responsabilidade. 3.1.1.1. A transferência dos recursos financeiros de responsabilidade da CODEVASF será feita através de Planos de Trabalhos para as atividades previstas na programação anual e fica condicionada à disponibilidade de créditos orçamentários e financeiros e aprovação pela Diretoria Executiva. 3.1.1.2. Os Planos de Trabalhos serão apresentados pelo DISTRITO, e obedecerão as normas estabelecidas na IN n° 001/97, da Secretaria do Tesouro Nacional. 3.1.1.3. A Programação Anual e os Planos de Trabalho serão analisados pela 1ª Superintendência Regional e aprovados pela Diretoria Executiva da CODEVASF, ouvida a Área de Produção. 3.1.2. Elaborar, em conjunto com o DISTRITO, e executar programa de obras de complementação, melhoramento e da infra-estrutura de irrigação de uso comum e/ou obras de recuperação decorrentes de acidentes ou casos fortuitos. 3.1.2.1. A execução das obras decorrentes de acidentes ou casos fortuitos está condicionada a apresentação de Laudo Técnico elaborado pela CODEVASF, com acompanhamento de técnico do DISTRITO. 3.1.2.2. A execução das obrigações constantes no item 3.1.2. acima, de acordo com a conveniência da CODEVASF, poderá ser realizada pelo DISTRITO, obedecidos os procedimentos estabelecidos nos subitens 3.1.1.2 e 3.1.1.3. 3.1.2.3. Estão excluídas das obrigações da CODEVASF a execução de obras de recuperação decorrentes da falta ou deficiência de manutenção pelo DISTRITO.

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3.1.3. Reconhecer a competência do DISTRITO, como representante legal dos associados, em assuntos relacionados com as competências delegadas no presente termo. 3.1.4. Prestar assessoramento técnico referente às atividades objeto deste termo. 3.1.5. Aprovar a indicação e promover eventuais exclusões de irrigantes apresentados pelo DISTRITO, obedecidos os critérios legais e diretrizes adotadas pela CODEVASF. 3.1.6. Repassar, mediante instrumento previsto na Cláusula Décima Sexta, todos os bens imóveis, móveis, ferramentas, peças de reposição e demais materiais existentes no perímetro, necessários ao fiel e exato cumprimento das obrigações ora delegadas, bens estes que serão previamente relacionados e identificados por Comissão mista instituída pela CODEVASF/DISTRITO. 3.1.7. Pagar ao Distrito a parcela K2 da tarifa d’água correspondente às áreas de sua propriedade. 3.1.8. Apoiar o DISTRITO no processo de seleção do Gerente Executivo e do pessoal responsável pelas atividades delegadas. 3.2. São obrigações do DISTRITO: 3.2.1. Apresentar à CODEVASF a Programação Anual de Trabalho contendo todas as atividades a serem desenvolvidas pelo DISTRITO durante o exercício, com os respectivos custos e fontes de recursos, até o mês de novembro do ano imediatamente anterior. 3.2.2. Apresentar Planos de Trabalhos para as atividades a serem desenvolvidas com recursos da CODEVASF , de acordo com o estabelecido na IN 001/97, da STN. 3.2.3 Executar os serviços e obras necessários à manutenção e perfeito funcionamento de toda a infra-estrutura da irrigação de uso comum do Perímetro. 3.2.4. Operar o sistema de irrigação adequadamente, distribuindo água aos usuários de acordo com as demandas programadas. 3.2.5. Fixar os valores do K2, que permitam o atendimento das obrigações assumidas por este instrumento nos termos da Lei n° 6662/79 e do Decreto Regulamentar n° 89.496/84 e Dec. 2178/97. 3.2.6. Proceder ao recebimento da tarifa d'água K2, adotando medidas administrativas e ou judiciais para cobrança das contas em atraso, informando à CODEVASF os resultados. 3.2.7. Propor à CODEVASF eventuais exclusões ou substituições de irrigantes, obedecidos os critérios legais e diretrizes adotadas pela CODEVASF. 3.2.8. Firmar contrato individual de fornecimento de água com os usuários do Perímetro, conforme modelo elaborado de comum acordo entre as partes convenentes. 3.2.9. Analisar, conjuntamente com a CODEVASF, o fornecimento de água a novos usuários ou a modificação do uso do lote, de acordo com a potencialidade do projeto.

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3.2.10. Manter a vigilância e a segurança dos bens sob sua responsabilidade direta, bem como a fiscalização de todo o Perímetro, incluindo áreas destinadas a reserva legal, jazidas, áreas de sequeiro não ocupadas ao longo dos canais e estradas, informando a CODEVASF, imediatamente sobre atos lesivos ao seu patrimônio e que induzam à ameaça de turbação ou esbulho. 3.2.11. Manter atualizado o cadastro de irrigantes do Perímetro, registrando as alterações informadas pela CODEVASF. 3.2.12. Manter ação permanente e efetiva na identificação dos lotes abandonados ou deficitariamente explorados, informando periodicamente à CODEVASF. 3.2.13. Fornecer mensalmente, à CODEVASF, os dados de acompanhamento de operação e manutenção, receitas da parcela K2 da tarifa d'água e despesas com administração, operação e manutenção, bem como, os relatórios físico-financeiros relativos à execução dos planos de trabalho vinculados a este convênio. 3.2.14. Adotar medidas necessárias à proteção do meio ambiente, envolvendo a preservação da fauna, flora, dos recursos hídricos, de solo e observando as normas relativas quanto ao controle de poluição ambiental e qualidade da água, notificando as autoridades competentes para a tomada das providências cabíveis. 3.2.15. Requerer à CODEVASF a formalização de atos imprescindíveis a confirmação de direito e questionamento aos irrigantes, e que sejam da sua competência confirmá- los, declará- los ou indeferi- los. 3.2.16. Mencionar, sempre com destaque, em qualquer divulgação que for feita sobre as atividades relacionadas com o perímetro, a colaboração da CODEVASF e manter nas entradas do perímetro e em destaque, placa indicativa com os dados relevantes onde constem o logotipo e o nome da CODEVASF. 3.2.17. Apoiar ações visando identificar alternativas de produção, de organização e de capacitação para os pequenos produtores. 3.2.18. Cumprir com os encargos trabalhistas, sociais, previdenciárias, tributários, comerciais e demais resultantes da execução deste termo, principalmente com a obrigatoriedade de requerer a exclusão da CODEVASF, da lide, das eventuais ações reclamatórias trabalhistas, propostas por seus empregados, declarando-se como único e exclusivo responsável pelas referidas ações, conforme disposto no art. 31 da Lei 8.212 de 27/7/91. 3.2.19. Executar outras ações delegadas pela CODEVASF voltadas para o apoio à produção, que não conflitem com os Estatutos do Distrito. 3.2.20. Submeter à apreciação da CODEVASF os currículos do pessoal selecionado para os cargos de Gerente Executivo e de responsáveis pelas atividades delegadas. 4.Cláusula Quarta - DO ACOMPANHAMENTO SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO O acompanhamento, fiscalização e supervisão técnica e administrativa, relativas às atividades transferidas ficarão a cargo da Área de Produção da CODEVASF e da _____

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Superintendência Regional, que, para tanto, terão acesso garantido às instalações e documentação do DISTRITO. 4.1. A fiscalização e supervisão técnica serão efetuadas a partir da Programação Anual e dos Planos de Trabalhos referidos nos itens 3.2.1 e 3.2.2. 4.1.1. O DISTRITO ao aplicar os recursos recebidos da CODEVASF, conforme previsto no item 3.1.1. observará as disposições do art. 2° da Lei n° 8.666/1993 e alterações posteriores, no tocante aos procedimentos licitatórios. 4.2. No caso de ser constatada deficiência na manutenção que possa comprometer a vida útil das infra-estruturas ou a segurança do Perímetro, o DISTRITO se compromete a executar os serviços necessários para sanar o problema em prazo fixado pela CODEVASF. 4.3. A fiscalização e auditoria da execução das atividades delegadas ao DISTRITO e de suas contas serão efetuadas pela CODEVASF cabendo ao DISTRITO manter registros contábeis atualizados e demonstrativos dos recursos recebidos e de sua aplicação. 5.Cláusula Quinta - DAS RESPONSABILIDADES A CODEVASF não será responsável por quaisquer danos causados por imperícia no manuseio e operação dos equipamentos e instalações ou negligência por parte dos agentes ou empregados do DISTRITO ou ainda, por falhas na manutenção do sistema da irrigação de uso comum do Perímetro 5.1.. Entende-se por quaisquer danos, aqueles que derivem direta ou indiretamente de erros de cálculo na estimativa das necessidades, deficiências e falhas no fornecimento de água e outras causas. 5.2. A CODEVASF não será responsável por quaisquer danos causados a terceiros pelo uso de suas instalações, equipamentos ou direito de uso ou propriedade por indivíduos que não sejam empregados do DISTRITO. 6. Cláusula Sexta - DO REPRESENTANTE A CODEVASF designará um representante para acompanhar, fiscalizar e supervisionar a execução do presente termo, que, para tanto, deverá participar das reuniões do Conselho de Administração do DISTRITO, como membro efetivo, sem direito a voto, mas com direito a voz e veto nas seguintes matérias: a) assuntos de competência privativa da CODEVASF ou do Poder Público; b) assuntos que contrariem as disposições do presente acordo; c) desvios de finalidades de planos de trabalho; d) ações lesivas ao patrimônio sob a guarda do DISTRITO. 6.1. Os vetos apresentados pelo representante da CODEVASF deverão ser justificados e registrados na Ata da Reunião em que ocorrerem; 6.2. Contra os vetos exercidos pelo representante da CODEVASF caberá recurso à Diretoria Executiva da CODEVASF, devidamente justificado por exposição de motivos sendo que a

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decisão da CODEVASF será comunicada ao DISTRITO em até 60 (sessenta) dias após a oficialização do recurso; 6.2.1. As decisões vetadas não poderão ser implementadas até o julgamento do recurso; 6.2.2. Contra os vetos mantidos após o indeferimento dos recursos não caberá novo recurso; 6.3. O representante da CODEVASF acompanhará a execução dos Planos de Trabalho, bem como os relatórios das demais tarefas constantes deste termo. 7. Cláusula Sétima - DO PRAZO E VIGÊNCIA O prazo de vigência do presente instrumento é de 05 (cinco) anos, contado da data de sua assinatura. 8. Cláusula Oitava – DO PESSOAL O DISTRITO será responsável pelo pessoal que utilizar na execução do objeto do presente termo, o qual ser- lhe-á diretamente vinculado e subordinado, observando o disposto no item 3.2.18 deste termo, bem como responderá perante terceiros por todos os atos praticados em decorrência do presente instrumento. 9. Cláusula Nona - DA DISPONIBILlZAÇÃO DE PESSOAL TÉCNICO A CODEVASF poderá disponibilizar, desde que solicitado pelo DISTRITO, técnicos que prestam serviços no Perímetro de Irrigação, para auxiliar nos procedimentos afetos ao objeto deste termo.

9.1. É vedada a cessão de funcionários da CODEVASF para exercer quaisquer cargos na estrutura organizacional do Distrito de Irrigação. 10. Cláusula Décima - DOS RECURSOS As despesas decorrentes da execução do 1º Plano de Trabalho integrante a este convênio correrão à conta do(s) Programa(s) de Trabalho ______________________________, Categoria Econômica _________, sob gestão da _______ Superintendência Regional. 10.1. A liberação dos recursos pela CODEVASF ao DISTRITO será efetuada de acordo com o cronograma físico-financeiro, constante do Plano de Trabalho e serão depositados no Banco do Brasil S/A, agência n° __________, na conta corrente vinculada n° _____ específica deste convênio, onde os recursos deverão ser mantidos 10.2. Os recursos transferidos, enquanto não empregados na sua finalidade serão, obrigatoriamente, aplicados em: I – Caderneta de poupança de instituição financeira oficial, se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês; II – Em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública federal, quando sua aplicação estiver prevista para prazos menores.

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10.3. Em caso de utilização dos recursos em finalidades diversas da estabelecida neste instrumento, salvo as autorizadas em legislação específica, fica o DISTRITO obrigado a restituir os referidos recursos atualizados monetariamente, acrescidos de juros legais. 10.4. As receitas financeiras auferidas na formado subitem 10.3 serão, obrigatoriamente, computadas a crédito deste convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que integrará as prestações de contas do convênio. 10.5. Os saques somente serão permitidos para pagamento de despesas prevista no Plano de Trabalho ou para aplicação no mercado financeiro. 10.6. Para cada exercício deverá ser apresentado nos Termos Aditivos a ser formalizados posteriormente o número das notas de empenho para aquele ano correspondente. 11. Cláusula Décima Primeira – DA PRESTAÇÃO DE CONTAS O DISTRITO prestará contas de recursos recebidos da CODEVASF, em consonância com o a IN STN n° 01/97, a cada Plano de Trabalho específico, no prazo de 60 (sessenta) dias após o encerramento do referido plano. 11.1. A não apresentação da prestação de contas dos Planos de Trabalhos impedirá a apreciação e aprovação dos Planos de Trabalhos subseqüentes, sem prejuízo do disposto no item 11.6. 11.2.Caso haja repasse em 03 (três) ou mais parcelas, o DISTRITO apresentará a Prestação de Contas dos recursos em consonância com o art. 20, parágrafo 2º, da IN STN n° 01/97, o qual determina que quando a liberação dos recursos ocorrer desta forma, a terceira parcela ficará condicionada à apresentação de prestação de conta parcial referente à primeira parcela liberada, composta da documentação específica nos itens III a VIII do art. 28, e assim sucessivamente. 11.3. Após a aplicação da última parcela, deverá ser apresentada a prestação de contas do total dos recursos recebidos, acompanhada de relatório de execução físico-financeira e, no que couber, dos elementos descritos no art. 28 da IN n° 1/97 – STN e outras legislações pertinentes. 11.4. Além dos documentos listados no “caput” desta cláusula, a prestação de contas deverá vir acompanhada de:

a) cópia do despacho adjudicatório das licitações realizadas pelo DISTRITO, ou justificativa da dispensa ou inexigibilidade, com o respectivo embasamento legal, em caso de serviços realizados por terceiros;

b) cópia dos contratos ou de outros instrumentos firmados com terceiros em decorrência

deste convênio;

c) extrato bancário da conta vinculada em que forem depositados os recursos. 11.5. Quando da conclusão do Plano de Trabalho, ou da denúncia, rescisão ou extinção deste Convênio, os saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas

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em aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos à CODEVASF, atualizados monetariamente, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena de imediata instauração de tomada de contas especial do responsável. 11.6. Quando a prestação de contas não for encaminhada no prazo convencionado, a CODEVASF concederá o prazo máximo de 30 (trinta) para sua apresentação, ou devolução dos recursos, incluídos os rendimentos da aplicação no mercado financeiro, acrescidos de juros e correção monetária, na forma da lei, comunicando o fato ao órgão de controle interno de sua jurisdição ou equivalente. 11.7. Esgotado o prazo referido no item anterior e não cumpridas as exigências, ou ainda se existirem evidências de irregularidade de que resultem prejuízo para o erário, o ordenador da despesa registrará o fato no Cadastro de Convênio do SIAFI e adotará providências para instauração, de imediato, da Tomada de Conta Especial do DISTRITO e a remeterá ao Tribunal de Contas da União, no prazo de 30 (trinta dias) de sua elaboração, de acordo com o estabelecido no parágrafo 2º do art.153 e art.154 do Decreto n° 93.872, de 23.12.86. 12. Cláusula Décima Segunda – DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS A CODEVASF fará o acompanhamento da execução do Convênio, além do exame das despesas, avaliação técnica relativa à aplicação dos recursos de que tratam as Prestações de Contas, a fim de verificar a correta aplicação dos recursos e a consecução dos objetivos. 12.1. A aplicação dos recursos deste convênio obedecerá fielmente ao Plano de Trabalho, onde consta a programação física e financeira para a execução dos seus objetivos. 12.2. O Plano de Trabalho somente poderá ser modificado mediante autorização expressa da CODEVASF, proposta pelo representante legal do DISTRITO. 13. Cláusula Décima Terceira – DA RESTITUIÇÃO DOS RECURSOS O DISTRITO compromete-se a restituir à CODEVASF o valor transferido, atualizado monetariamente, desde a data do recebimento, acrescido de juros legais, na forma da legislação aplicável aos débitos para a Fazenda Nacional, nos seguintes casos:

a) quando não for executado o objeto desta avença;

b) quando não for apresentada, no prazo exigido, a prestação de contas parcial ou final; e

c) quando os recursos forem utilizados em finalidade diversa da estabelecida neste convênio.

14. Cláusula Décima Quarta – DO CONTROLE E FISCALIZAÇÃO Fica assegurada à CODEVASF a prerrogativa de conservar a autoridade normativa e exercer controle e fiscalização das cláusulas deste convênio, bem como assumir ou transferir a responsabilidade pelo mesmo, no caso de paralisação ou de fato relevante que venha a ocorrer, de modo a evitar a descontinuidade do mesmo, na forma do disposto no art. 7º, V, da IN N° 001/97, da STN. 15. Cláusula Décima Quinta – DOS BENS REMANESCENTES Os bens adquiridos, produzidos, transformados ou construídos em razão deste convênio que remanescerem na data de sua extinção serão de propriedade da CODEVASF.

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15.1. Cumprido o objeto deste convênio, a critério da Diretoria Executiva da CODEVASF, mediante análise da conveniência e interesse público, os bens remanescentes poderão ser doados ao DISTRITO, incorporando-se ao seu patrimônio, vinculada a sua utilização às atividades relacionadas com os objetivos previstos na Cláusula Primeira. 16.Cláusula Décima Sexta - DOS BENS E EQUIPAMENTOS A CODEVASF poderá repassar para utilização e guarda do DISTRITO, veículos, máquinas, equipamentos e demais bens de sua propriedade, avaliada a oportunidade e conveniência da Administração Pública, devendo os mesmos ser relacionados e identificados por comissão mista instituída por CODEVASF/DISTRITO e objeto de um termo de responsabilidade específico vinculado a este instrumento, em um prazo de até 60 (sessenta) dias. 17. Cláusula Décima Sétima – DA DIVULGAÇÃO Em nenhuma hipótese e em qualquer tempo será permitida a divulgação das ações e resultados advindos deste convênio, por alguma das partes, sem citar explicitamente a participação em igual destaque, das partes envolvidas, sob pena de denúncia/rescisão e/ou imediata retratação da infração cometida, observadas as prescrições do parágrafo 1º do art. 37 da Constituição Federal. 17.1. Fica vedado aos partícipes utilizar nos empreendimentos resultantes deste convênio, nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. 18. Cláusula Décima Oitava – DA PUBLICAÇÃO A CODEVASF publicará o presente instrumento no Diário Oficial da União, na forma e prazo estabelecidos no art. 17, da IN n° 01/97, da STN. 19. Cláusula Décima Nona – DA DENÚNCIA E RESCISÃO O presente Convênio poderá ser denunciado a qualquer tempo por qualquer das partes, desde que haja aviso prévio e escrito com antecedência mínima de 90 (noventa) dias, ou rescindido por descumprimento de qualquer de suas cláusulas ou condições, ou pela superveniência de norma legal ou conveniência administrativa que o torne material ou formalmente impraticável ficando as partes responsáveis pelas obrigações decorrentes do tempo de vigência e creditando-lhes igualmente os benefícios adquiridos no mesmo período. 20. Cláusula Vigésima – DA MODIFICAÇÃO Este Convênio poderá ser modificado por meio de Termo Aditivo, de comum acordo entre as partes, exceto para alteração de objeto e prorrogação de prazo. 21. Cláusula Vigésima Primeira – DO FORO Fica eleito o Foro da Justiça Federal, Seção Judiciária do Minas Gerais, para dirimir quaisquer dúvidas suscitadas na execução deste instrumento, renunciando as partes a qualquer outro, por mais privilegiado que seja. E por estarem de acordo com as condições aqui estipuladas, lavrou-se o presente termo para delegar competência ao DISTRITO para a guarda, administração, controle, operação e manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum do Perímetro Irrigado de Jaíba, localizado no Município de Jaíba, no Estado de Minas Gerais, em 03 (três) vias de igual teor e

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para o mesmo efeito, que, após lido e achado conforme, é assinado pelas partes e pelas testemunhas. Brasília - DF,

_____________________________ _______________________________

Presidente da CODEVASF Diretor da Área de Produção

__________________________________________ Gerente Executivo do Distrito de Irrigação de Jaíba

TESTEMUNHAS: a)___________________________ b)_______________________________ nome nome CPF n° CPF n°

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Anexo - B

Termo de Delegação

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

TERMO DE DELEGAÇÃO que entre si fazem a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba - CODEVASF e o Distrito de Irrigação do Perímetro Irrigado de .......... , objetivando a administração, operação e manutenção da infra-estrutura de uso comum do Perímetro Irrigado de .................., localizado no Município de ...................., no Estado de ...............

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, empresa pública federal, vinculada ao Ministério da Integração Nacional - MI, criada pela Lei n° 6.088, de 16 de julho de 1974, alterada em parte pela Lei n° 9.954, de 06 de janeiro 2000, inscrita no CNPJ n° 00.399.857/0001-26, com sede no Setor de Grandes Áreas Norte, Quadra 601, Conjunto I, Ed. Deputado Manoel Novaes, em Brasília-DF, doravante denominada, simplesmente CODEVASF, representada, neste ato, pelo seu Presidente, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, (estado civil e profissão), brasileiro, residente e domiciliado nesta Capital, portador da cédula de identidade n° xxxxxxxxxxxxxxx e do CPF xxxxxxxxxx e por seu Diretor da Área de Produção, xxxxxxxxxxx, (estado civil e profissão), residente e domiciliado nesta capital, portador da cédula de identidade xxxxxxxxxxxx e do CPF n° xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx e de outro lado, o Distrito de Irrigação do Perímetro Irrigado xxxxxxx, associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o n° xxxxxxxxxxxxxx, doravante denominado simplesmente DELEGATÁRIO, neste ato representado pelo (Presidente do Conselho de Administração ou Gerente Executivo), Sr. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, (estado civil e profissão), portador da cédula de identidade xxxxxxxxxxxxe do CPF n° xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, resolvem celebrar o presente Termo na forma autorizada pelo Decreto n° 89.496/84 e de acordo com a autorização da Diretoria Executiva da CODEVASF, expressada por meio da Resolução n°.....de ...... de....... de........., constante às fls. n° .... do processo administrativo n° ................., mediante as seguintes cláusulas e condições. 1. Cláusula Primeira - DO OBJETO 0 presente termo tem por objeto delegar competência ao DELEGATÁRIO, para a administração, operação e manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum do Perímetro Irrigado xxxxxxxxxx, localizado no Município de xxxxxxxxxxxx, no Estado de xxxxxxxxxx Parágrafo único - 0 presente termo está sendo firmado em obediência ao disposto no art. 42 do Decreto 89.496/84, com a redação introduzida pelo Decreto 2.178/97.

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2. Cláusula Segunda - DAS OBRIGAÇÕES Para o alcance do objeto do presente termo ficam estabelecidas as seguintes obrigações: 2.1. São Obrigações da CODEVASF 2.1.1. Analisar e aprovar a programação anual apresentada pelo DELEGATÁRIO referente às atividades delegadas. 2.1.2. Alocar os recursos orçamentários referentes às atividades não delegadas e cuja competência esteja afeta ao poder público. 2.1.1.1. Na hipótese de a CODEVASF optar pela transferência dos recursos financeiros de sua responsabilidade para o DELEGATÁRIO, a mesma será efetivada por meio de convênios específicos para cada atividade ou grupo de atividades. 2.1.1.2. Os convênios específicos antes referidos serão precedidos de planos de trabalho apresentados pelo DELEGATÁRIO, e obedecerão, no todo, as normas estabelecidas na Instrução Normativa n° 001/97, da Secretaria do Tesouro Nacional. 2.1.1.3. A programação anual e os planos de trabalho serão analisados pela Superintendência Regional e aprovados pela Diretoria Executiva da CODEVASF, ouvida a Área de Produção. 2.1.2. Executar obras de recuperação e correção da infra-estrutura de irrigação de uso comum decorrentes de casos fortuitos. 2.1:2.1. A execução das obras está condicionada a apresentação de laudo técnico elaborado pela CODEVASF, com acompanhamento de técnico do DELEGATÁRIO. 2.1.2.2. A execução das obrigações constantes no item 2.1.2. acima, de acordo com a conveniência da CODEVASF, poderá ser realizada pelo DELEGATÁRIO, obedecidos os procedimentos estabelecidos nos subitens 2.1.1.2 e 2.1.1.3. 2.1.2.3. Estão excluídas das obrigações da CODEVASF as obras de recuperação decorrentes de manutenção não executada pelo DELEGATÁRIO. 2.1.3. Reconhecer a competência do DELEGATÁRIO, como representante legal dos associados, em assuntos relacionados com as competências delegadas no presente termo. 2.1.4. Aprovar a indicação e promover eventuais exclusões de irrigantes apresentados pelo DELEGATÁRIO, obedecidos os critérios legais e diretrizes adotadas pela CODEVASF. 2.1.5. Repassar, mediante instrumento previsto na Cláusula Sétima, todos os bens imóveis, móveis, ferramentas, peças de reposição e demais materiais existentes no perímetro, necessários ao fiel e exato cumprimento das obrigações ora delegadas, bens estes que serão previamente relacionados e identificados por comissão mista instituída pela CODEVASF/DELEGATÁRIO.

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2.2. São obrigações do DELEGATÁRIO: 2.2.1. Administrar a infra-estrutura de irrigação de uso comum do Perímetro. 2.2.2. Operar o sistema de irrigação adequadamente, distribuindo água aos usuários de acordo com suas demandas. 2.2.3. Fixar novos valores do K2, que permitam cobrir os deficites que ocorram no atendimento às obrigações assumidas por este instrumento. 2.2.4. Propor a CODEVASF eventuais exclusões ou substituições de irrigantes, obedecidos os critérios legais e diretrizes adotadas pela CODEVASF. 2.2.5. Firmar contrato individual de fornecimento de água com os usuários do Perímetro, conforme modelo a ser elaborado de comum acordo entre a partes contratantes. 2.2.6. Propor à CODEVASF o fornecimento de água a novos usuários ou a modificação do uso do lote, de acordo com a potencialidade do projeto. 2.2.7. Proceder ao recebimento da tarifa d'água K2, adotando medidas administrativas e ou judiciais para cobrança das contas em atraso, informando à CODEVASF os resultados. 2.2.8. Apresentar as programações anuais de manutenção do Perímetro, para aprovação pela CODEVASF, até o mês de novembro do ano imediatamente anterior. 2.2.9. Manter a vigilância e a segurança dos bens sob sua responsabilidade direta, bem como a fiscalização de todo o Perímetro, incluindo áreas destinadas a reserva legal, jazidas, áreas de sequeiro não ocupadas ao longo dos canais e estradas, informando a CODEVASF, imediatamente sobre atos lesivos ao seu patrimônio e que induzam à ameaça de turbação ou esbulho. 2.2.10. Executar os serviços e obras necessários a preservação e perfeito funcionamento de toda a infra-estrutura da irrigação de uso comum do Perímetro. 2.2.11. Manter atualizado o cadastro de irrigantes do Perímetro, registrando as alterações informadas pela CODEVASF. 2.2.12. Manter ação permanente e efetiva na identificação dos lotes abandonados ou deficitariamente explorados, objetivando a exclusão dos irrigantes ou o fortalecimento do trabalho nos lotes. 2.2.13. Fornecer mensalmente, a CODEVASF, em formulário próprio, os dados de acompanhamento de operação e manutenção, receitas da parcela K2 da Tarifa d'água e despesas com administração, operação e manutenção. 2.2.14. Adotar medidas necessárias a proteção do meio ambiente, envolvendo a preservação da fauna, flora, dos recursos hídricos, de solo e observando as normas relativas quanto ao controle de poluição ambiental e qualidade da água, notificando as autoridades competentes para a tomada das providências cabíveis.

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2.2.15. Requerer à CODEVASF a formalização de atos imprescindíveis a confirmação de direito e questionamento aos irrigantes, e que sejam da sua competência confirmá- los, declará- los, ou indeferí- los. 2.2.16. Manter nas entradas do projeto e em destaque, placa indicativa com os dados do projeto onde constem o logotipo e o nome da CODEVASF. 2.2.17. Cumprir com os encargos trabalhistas, sociais, previdenciários, tributários, comerciais e demais resultantes da execução deste termo, principalmente com a obrigatoriedade de requerer a exclusão da CODEVASF, da lide, das eventuais ações reclamatórias trabalhistas, propostas por seus empregados, declarando-se como única e exclusiva responsável pelas referidas ações, conforme disposto no art. 31 da Lei n° 8.212, de 27 de julho de 1991. 2.2.18. Executar outras ações delegadas pela CODEVASF voltadas para o apoio à produção, que não conflitem com o estatuto do DELEGATÁRIO. 3. Cláusula Terceira - DA TARIFA D'ÁGUA. As despesas anuais de administração, operação, conservação e manutenção das infra-estruturas de uso comum, será de responsabilidade do DELEGATÁRIO e serão cobertas com os recursos provenientes da arrecadação da parcela K2, da tarifa d'água, nos termos da Lei 6.662/79, do Decreto regulamentador n° 89.496/84 e Decreto n° 2.178/97. 4.Cláusula Quarta - DO ACOMPANHAMENTO FISCALIZAÇÃO E SUPERVISÃO O acompanhamento, a fiscalização e a supervisão técnica e administrativa, relativas às atividades transferidas ficarão a cargo da Área de Produção da CODEVASF e da Superintendência Regional, que, para tanto, terão acesso garantido às instalações e à documentação do DELEGATÁRIO. 4.1. A fiscalização e supervisão técnica serão efetuadas a partir das programações anuais. 4.2. No caso de se constatar deficiência na manutenção que possa comprometer a vida útil das infra-estruturas ou a segurança do Perímetro, o DELEGATÁRIO se compromete a executar os serviços necessários para sanar essa deficiência dentro de um prazo a ser fixado pela CODEVASF. 4.3. A fiscalização da execução das atividades delegadas ao DELEGATÁRIO será efetuada pela CODEVASF cabendo ao DELEGATÁRIO manter registros contábeis atualizados e fornecer dados técnicos e financeiros relativos às atividades de administração, operação e manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum bem como aqueles referentes à produção e comercialização dos irrigantes do Perímetro. 5. CIáusula Quinta - DAS RESPONSABILIDADES A CODEVASF não será responsável por quaisquer danos causados por imperícia no manuseio e operação dos equipamentos e instalações ou negligência por parte dos agentes ou empregados do DELEGATÁRIO como ainda, por falhas na manutenção do sistema da irrigação de uso comum do Perímetro Irrigado

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Parágrafo 1°- Entende-se por quaisquer danos, aqueles que derivem direta ou indiretamente de erros de cálculo na estimativa das necessidades, deficiências e falhas no fornecimento de água e outras causas. Parágrafo 2° - A CODEVASF não será responsável por quaisquer danos causados a terceiros pelo uso de suas instalações, equipamentos ou direito de uso ou propriedade por indivíduos que não sejam empregados do DELEGATÁRIO. 6. Cláusula Sexta - DO REPRESENTANTE TÉCNICO A CODEVASF designará um representante técnico para acompanhar, fiscalizar e supervisionar a execução do presente termo. 7.Cláusula Sétima - DOS BENS E EQUIPAMENTOS Os veículos, máquinas, equipamentos e demais bens de propriedade da CODEVASF, que a qualquer título sejam repassados à administração e guarda do DELEGATÁRIO serão relacionados e identificados por comissão mista instituída por CODEVASF/ DELEGATÁRIO e objeto de um termo de responsabilidade específico vinculado a este instrumento, em um prazo de até 60 (sessenta) dias. 8. Cláusula Oitava - DOS RECURSOS Os recursos financeiros necessários ao cumprimento do objeto do presente termo serão provenientes da arrecadação da parcela do K2 da tarifa d'água, correspondente ao valor das despesas anuais de administração, operação, conservação e manutenção da infra-estrutura de irrigação de uso comum, nos termos da Cláusula Terceira deste instrumento, e dos recursos decorrentes da prestação de serviços aos irrigantes, pelo DELEGATÁRIO. 9. Cláusula Nona - DO PRAZO O prazo de vigência do presente instrumento é de 25 (vinte e cinco) anos, contados da data de sua assinatura. 10. Cláusula Dez - DA RESCISÃO/DENÚNCIA O presente termo poderá ser declarado rescindido por inadimplemento de quaisquer de suas cláusulas ou condições, ou pela superveniência de norma legal ou conveniência administrativa que o torne material ou formalmente impraticável, ou denunciado por quaisquer das partes, desde que haja aviso prévio, por escrito, com antecedência mínima de 90 (noventa) dias. 11. Cláusula Onze - DO PESSOAL O DELEGATÁRIO será responsável pelo pessoal que utilizar na execução do objeto do presente termo, o qual ser- lhe-á diretamente vinculado e subordinado, observando o disposto no item 2.2.17 deste termo, bem como responderá perante terceiros por todos os atos praticados em decorrência do presente instrumento.

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12. Cláusula Doze - DA DISPONIBILIZAÇÃO DE PESSOAL TÉCNICO A CODEVASF poderá disponibilizar, desde que solicitados pelo DELEGATÁRIO, técnicos que prestam serviços no Perímetro de Irrigação, para auxiliarem nos procedimentos afetos ao objeto deste termo. 12.1. É vedada a cessão de funcionários da CODEVASF para exercer quaisquer cargos dentro da estrutura organizacional do DELEGATÁRIO. 13. Cláusula Treze - DA PUBLICAÇÃO A CODEVASF providenciará a publicação deste termo no Diário Oficial da União, na forma e prazo estabelecidos na Lei 8.666/93. 14. Cláusula Quatorze - DO FORO Fica eleito o Foro da Justiça Federal, Seção Judiciária de Brasília/DF, para dirimir questões oriundas do presente termo que não puderem ser resolvidas administrativamente entre as partes. E por estarem de acordo com as condições aqui estipuladas, lavrou-se o presente termo em três vias de igual teor e para o mesmo efeito, que, após lido e achado conforme, é assinado pelas partes e pelas testemunhas.

Brasília - DF, Presidente da CODEVASF Diretor da Área de Produção da CODEVASF Representante do DELEGATÁRIO TESTEMUNHAS:

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Anexo - C

Minuta de Portaria

PORTARIA N° xxx, DE xx DE xxxxxxxxx DE 2005

O MINISTRO DE ESTADO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, no uso das

atribuições que lhe confere o Parágrafo 1º do art. 9º do Decreto n° 89.496, de 29 de março de

1984, resolve:

Art. 1º - Declarar emancipado o Perímetro de Irrigação __________________ .

Art. 2º - Determinar à CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do

São Francisco e do Parnaíba, que proceda ao acompanhamento e fiscalização da gestão do

Perímetro, executando as ações complementares que forem necessárias e cuja competência

esteja afeta ao poder público.

Art. 3º - Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação.

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Anexo - D

Análise Discriminante - SPSS

Analysis Case Processing Summary

16 100,0

0 ,0

0 ,0

0 ,0

0 ,016 100,0

Unweighted CasesValid

Missing or out-of-rangegroup codesAt least one missingdiscriminating variableBoth missing orout-of-range group codesand at least one missingdiscriminating variableTotal

Excluded

Total

N Percent

Group Statistics

3 3,0003 3,0003 3,000

3 3,0003 3,0003 3,000

13 13,000

13 13,00013 13,00013 13,00013 13,000

13 13,00016 16,00016 16,00016 16,000

16 16,00016 16,00016 16,000

EOEF

AdIUSIMAIRAEO

EFAdIUSIMA

IRAEOEFAd

IUSIMAIRA

Nota do Grupo1

2

Total

Unweighted WeightedValid N (listwise)

Pooled Within-Groups Matrices

1,000 -,259 -,168 -,082 -,270 -,058-,259 1,000 ,479 ,392 ,578 ,841-,168 ,479 1,000 ,381 ,148 ,277

-,082 ,392 ,381 1,000 ,128 ,248-,270 ,578 ,148 ,128 1,000 ,721-,058 ,841 ,277 ,248 ,721 1,000

EOEFAd

IUSIMAIRA

CorrelationEO EF Ad IUS IMA IRA

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Summary of Canonical Discriminant Functions

Eigenvalues

,567a 100,0 100,0 ,601Function1

Eigenvalue % of Variance Cumulative %CanonicalCorrelation

First 1 canonical discriminant functions were used in theanalysis.

a.

Wilks' Lambda

,638 4,938 6 ,552Test of Function(s)1

Wilks'Lambda Chi-square df Sig.

Standardized Canonical Discriminant Function Coefficients

,7081,080-,115

-,358-,526,029

EOEFAd

IUSIMAIRA

1Function

Structure Matrix

,617,422,397

-,134-,097,078

EOEFIRA

IMAIUSAd

1Function

Pooled within-groups correlations between discriminatingvariables and standardized canonical discriminant functions Variables ordered by absolute size of correlation within function.

Canonical Discriminant Function Coefficients

,03834,04740

-,00709-,01493-,01961

,00102-3,27911

EOEF

AdIUSIMA

IRA(Constant)

1Function

Unstandardized coefficients

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Functions at Group Centroids

1,466-,338

Nota do Grupo12

1Function

Unstandardized canonical discriminantfunctions evaluated at group means

Classification Statistics

Classification Processing Summary

16

0

0

16

ProcessedMissing or out-of-rangegroup codesAt least one missingdiscriminating variable

Excluded

Used in Output

Prior Probabilities for Groups

,500 3 3,000,500 13 13,000

1,000 16 16,000

Nota do Grupo12Total

Prior Unweighted Weighted

Cases Used in Analysis

Classification Resultsb,c

3 0 3

2 11 13100,0 ,0 100,0

15,4 84,6 100,01 2 3

5 8 1333,3 66,7 100,038,5 61,5 100,0

Nota do Grupo1

2121

212

Count

%

Count

%

Original

Cross-validateda

1 2

Predicted GroupMembership

Total

Cross validation is done only for those cases in the analysis. In crossvalidation, each case is classified by the functions derived from all casesother than that case.

a.

87,5% of original grouped cases correctly classified.b.

56,3% of cross-validated grouped cases correctly classified.c.