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PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL DO DIA 24/07/2006 AO DIA 13/08/2006 1) Cabe pedido de liberdade provisória contra prisão preventiva? Caso negativo qual a medida adequada e em que se diferencia da liberdade provisória? Resposta: Não, não cabe. Contra decreto de prisão preventiva há duas saídas: 1) impetração de HC à instância superior (ex: falta de fundamentação da preventiva, réu preso por muito tempo preventivamente, etc); 2) pedido de revogação da preventiva, em que o requerente demonstrará a desnecessidade da manutenção da prisão. A fundamentação se assemelha com a do pedido de LP. Contudo, é considerado tecnicamente equivocado combater a prisão preventiva através de pedido de LP. 2) "Após proferida, a sentença deverá ser publicada, iniciando-se a partir desta data o prazo para eventual recurso da acusação ou defesa". Onde está o erro dessa assertiva? Resposta: Na verdade, o prazo se inicia da intimação das partes. Não se computa o dia de início e se computa o dia do vencimento. 3) No que consiste o princípio da complementariedade do recurso? Os recursos podem subsistir, como no caso da AP e PNJ? A AP seguirá ou vai esperar o resultado do PNJ? Poderá ser complementada com novos argumentos, dada a nova decisão? Resposta: O princípio em questão consiste na possibilidade de apresentação de novas razões recursais contra eventual mudança na decisão judicial após ter sido interposto o recurso. ex: embargos de declaração e apelação. O caso dado de apelação e protesto, trata-se de variabilidade dos recursos. 4) Em se tratando de interceptação telefônica sabe-se que junta aos autos o procedimento da interceptação (que corre em apartado); e, em que momento deve ocorrer esta juntada? Pode ainda o telefone grampeado (autorizado) ser usado como prova, no caso de terceiro que se utiliza da linha e confessa crime? Resposta: O momento da apensação ocorre conforme determina o 1

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PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO PROCESSUAL PENALDO DIA 24/07/2006 AO DIA 13/08/2006

1) Cabe pedido de liberdade provisória contra prisão preventiva? Caso negativo qual a medida adequada e em que se diferencia da liberdade provisória?Resposta: Não, não cabe. Contra decreto de prisão preventiva há duas saídas: 1) impetração de HC à instância superior (ex: falta de fundamentação da preventiva, réu preso por muito tempo preventivamente, etc); 2) pedido de revogação da preventiva, em que o requerente demonstrará a desnecessidade da manutenção da prisão. A fundamentação se assemelha com a do pedido de LP. Contudo, é considerado tecnicamente equivocado combater a prisão preventiva através de pedido de LP.

2) "Após proferida, a sentença deverá ser publicada, iniciando-se a partir desta data o prazo para eventual recurso da acusação ou defesa". Onde está o erro dessa assertiva?Resposta: Na verdade, o prazo se inicia da intimação das partes. Não se computa o dia de início e se computa o dia do vencimento.

3) No que consiste o princípio da complementariedade do recurso? Os recursos podem subsistir, como no caso da AP e PNJ? A AP seguirá ou vai esperar o resultado do PNJ? Poderá ser complementada com novos argumentos, dada a nova decisão?Resposta: O princípio em questão consiste na possibilidade de apresentação de novas razões recursais contra eventual mudança na decisão judicial após ter sido interposto o recurso. ex: embargos de declaração e apelação. O caso dado de apelação e protesto, trata-se de variabilidade dos recursos.

4) Em se tratando de interceptação telefônica sabe-se que junta aos autos o procedimento da interceptação (que corre em apartado); e, em que momento deve ocorrer esta juntada? Pode ainda o telefone grampeado (autorizado) ser usado como prova, no caso de terceiro que se utiliza da linha e confessa crime?Resposta: O momento da apensação ocorre conforme determina o parágrafo único do art. 8º da Lei. 9296/96 (recomenda-se a leitura do dispositivo). O sigilo das telecomunicações telefônicas constituem um direito que integra a esfera jurídica de alguém, de um sujeito. Quando se determina a quebra desse sigilo, o que se faz é afastar a incidência desse direito. Logo, somente aquele contra quem se determinou a quebra do sigilo é que pode ser vulnerado e sofrer os efeitos dessa ruptura.

5) Onde são julgados os membros do Congresso Nacional por crimes de Responsabilidade? Tem previsão legal expressa?Resposta: Nestes crimes, o membro do CN é julgado pela casa respectiva a que pertence. A base legal: CF, art. 102.

6) Quando existir uma prova nova pode o Ministério Público retratar-se do pedido de arquivamento do inquérito policial antes da manifestação judicial?Resposta: Não há previsão legal sobre a hipótese. Nada obsta que, existindo justa causa, o MP ofereça a denúncia, que não deixa de ser uma retratação do arquivamento. Logo, impõe-se a resposta positiva.

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7) Como deve agir a Autoridade Policial quando se depara com concurso (material ou formal, ou crime continuado) de crimes? Deve considerar a somatória ou o acréscimo para decidir se lavra TCO ou Flagrante? E os casos de aumento de pena que superem os dois anos?Resposta: De acordo como STF (informativo 193), neste caso, o delito não é de menor potencial ofensivo, devendo portanto o delegado proceder cf. determina o CPP (art. 301 e ss.). Idem para as causas de aumento que superarem 2 anos.

8) Contra uma sentença proferida no tribunal do júri com pena superior a 20 anos caberia protesto por novo júri? A pena proferida pela nova decisão do tribunal do júri pode suplantar a pena anterior uma vez que deve prevalecer o princípio da soberania dos vereditos? Qual é a posição dos tribunais superiores e da doutrina majoritária? O que deve prevalecer o princípio da "soberania dos vereditos" ou o princípio da não "reformatio in pejus"?Resposta: A questão é polêmica, porém defendem Ada Grinover, Scarance e Gomes Filho que não pode haver majoração na pena. Neste sentido, há julgado do TJSp também. Prevalece o entendimento de que por se tratar de recurso exclusivo da defesa, esta não pode ver sua situação piorada num segundo julgamento. não encontramos manifestação dos tribunais superiores a respeito.

9) Pergunta-se: a) sobre a incomunicabilidade do preso é certo dizer que é inconstitucional porque fere o art. 136, §3º, IV? Essa vedação a incomunicabilidade do preso não se refere somente quando houver estado de defesa decretado pelo Presidente da República? b) na fase do inquérito o interrogatório é, segundo o art. 6º, V do CPP, perante o juiz e poderá ter a participação do adv. (art. 185 CPP) que poderá formular perguntas (art. 188 CPP). Então haverá no inquérito policial duas oitivas do preso: uma inquisitiva e outra observando o contraditório?Respostas: a) a doutrina entende que é inconstitucional pelo seguinte: se no estado de defesa é vedada a incomunicabilidade, com muito mais razão é vedada a incomunicabilidade num estado d normalidade, cf. é o caso do art. 21, CPP. b) no interrogatório judicial, a presença do advogado é indispensável, havendo também o contraditório neste momento. Já na oitiva do indiciado em juízo, há quem defenda que também a presença do advogado é indispensável, existindo também o contraditório nesta etapa. Contudo, este entendimento não é unânime. Existem opiniões divergentes neste tema.

10) Dentre as providências do art. 6º do CPP está a de ouvir o indiciado. É certo que esta oitiva não constitui um interrogatório formal (com todas regras e garantias inerentes). Desta feita, é correto "exigir" que o mero suspeito (pois ainda não indiciado) fale a verdade?Resposta: Neste momento, é garantido o direito ao silêncio. O sujeito não só não estará obrigado a falar, como o seu silêncio não acarreta prejuízo. 11) Como se sabe a autoridade policial não pode indiciar (MP;Magistrado; Parlamentar), pergunta-se, no caso de prisão em flagrante desses, em crimes inafiançáveis, o delegado deve solta-lo ou mantê-lo preso, e remeter os autos às respectivas instituições?Resposta: A prisão em flagrante dessas pessoas só pode ocorrer se se tratar de crime inafiançável. Sendo este o caso, assim que a prisão for efetuada, o órgão competente deverá ser comunicado imediatamente.

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12) A lei 7960/89 traz em seu art 1º, III, um rol de crimes em que cabe prisão temporária, esse rol, juntamente com o rol dos crimes do art. 1º da lei 8072/90, são as únicas hipóteses em que cabe prisão temporária, ou seja, se trata de rol taxativo?Resposta: O rol é taxativo e as hipóteses de cabimento estão no art. 1º, III, da L 7960/89.

13) O suspeito é obrigado a comparecer para procedimento de reconhecimento, permitindo-se a sua condução coercitiva, justificada pelo fato de que para este ato não se exige conduta ativa do sujeito. No entanto, tal procedimento não deveria ser proibido, uma vez que obriga a produção de provas contrárias a si mesmo? Qual o fundamento legal e/ou doutrinário para a afirmativa ou negativa de tal questionamento?Resposta: Impõe-se o comparecimento neste caso. No entanto, perceba que o sujeito não está obrigado a produzir, fabricar, nada contra si mesmo. Por este motivo, é que não há no caso violação ao princípio da não auto-incriminação.

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