perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em … · perguntas e respostas sobre a...

22
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM MATÉRIA DE MEDIDAS RESTRITIVAS PARA AS EMPRESAS DA UE QUE LIDAM COM O IRÃO A conclusão do Plano de Ação Conjunto Global (JCPoA) com o Irão resultou no levantamento de todas as sanções das Nações Unidas, bem como das sanções multilaterais e nacionais relacionadas com o programa nuclear 1 . A União Europeia está profundamente empenhada na aplicação contínua, total e eficaz do JCPoA, desde que o Irão cumpra os seus compromissos no domínio nuclear. O levantamento das sanções no domínio nuclear, que permitirá a normalização das relações comerciais e económicas com o Irão, constitui uma componente essencial do JCPoA. As presentes perguntas e respostas têm por objetivo dar apoio às empresas europeias, em especial às PME (pequenas e médias empresas) que pretendam ter relações comerciais com o Irão. 1. POR QUE MOTIVO TÊM OS OPERADORES DA UE DE EFETUAR VERIFICAÇÕES EM MATÉRIA DE MEDIDAS RESTRITIVAS NO CASO DO IRÃO? Apesar do levantamento gradual das sanções ao abrigo do Plano de Ação Conjunto Global (JCPoA) com o Irão, ainda se encontram em vigor diversas medidas restritivas da UE (para mais informações sobre as sanções da UE aplicáveis, consultar a Nota Informativa da UE sobre o JCPoA, disponível nesta ligação). Os operadores da UE 2 interessados em estabelecer relações com o Irão devem analisar se as suas atividades serão abrangidas pelas medidas restritivas da UE aplicáveis. Antes de iniciarem qualquer atividade empresarial, os operadores da UE devem assegurar-se de que aplicam procedimentos adequados em matéria de diligência devida. 2. ONDE POSSO OBTER MAIS INFORMAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS RESTRITIVAS QUE AINDA SÃO APLICÁVEIS AO IRÃO? O mapa das sanções da UE 3 proporciona uma visão geral das sanções aplicáveis. 3. ONDE POSSO OBTER UMA LISTA DE PESSOAS, GRUPOS E ENTIDADES SUJEITAS ÀS MEDIDAS FINANCEIRAS RESTRITIVAS DA UE? O sítio da Comissão Europeia inclui uma lista consolidada de pessoas, grupos e entidades sujeitas às medidas financeiras restritivas da UE. Tenha em atenção que terá de criar um perfil de acesso da UE para aceder à lista completa. 1 Declaração conjunta da alta representante da União, Federica Mogherini, e do ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, Viena, 14 de julho de 2015. 2 As medidas aplicadas pelos operadores da UE não prejudicam os requisitos aplicáveis às entidades obrigadas no âmbito da Diretiva (UE) 2015/843 (Diretiva Antibranqueamento de Capitais, AMLD). As entidades obrigadas devem aplicar os requisitos específicos de prevenção do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo no âmbito da AMLD. O presente documento não visa proporcionar orientações às entidades obrigadas sobre a aplicação da legislação no domínio do branqueamento de capitais. 3 As restantes sanções que dizem respeito ao Irão incidem sobre o seguinte: violações graves dos direitos humanos, a proliferação de bens e tecnologias objeto de medidas de restrição, o apoio ao regime de Bashar al- Assad na Síria e o apoio ao terrorismo.

Upload: others

Post on 04-Feb-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM MATÉRIA DE MEDIDAS RESTRITIVAS PARA AS EMPRESAS DA UE QUE LIDAM COM O IRÃO

A conclusão do Plano de Ação Conjunto Global (JCPoA) com o Irão resultou no levantamento de todas as sanções das Nações Unidas, bem como das sanções multilaterais e nacionais relacionadas com o programa nuclear1. A União Europeia está profundamente empenhada na aplicação contínua, total e eficaz do JCPoA, desde que o Irão cumpra os seus compromissos no domínio nuclear. O levantamento das sanções no domínio nuclear, que permitirá a normalização das relações comerciais e económicas com o Irão, constitui uma componente essencial do JCPoA. As presentes perguntas e respostas têm por objetivo dar apoio às empresas europeias, em especial às PME (pequenas e médias empresas) que pretendam ter relações comerciais com o Irão.

1. POR QUE MOTIVO TÊM OS OPERADORES DA UE DE EFETUAR VERIFICAÇÕES EM MATÉRIA DE MEDIDAS RESTRITIVAS NO CASO DO IRÃO?

Apesar do levantamento gradual das sanções ao abrigo do Plano de Ação Conjunto Global (JCPoA) com o Irão, ainda se encontram em vigor diversas medidas restritivas da UE (para mais informações sobre as sanções da UE aplicáveis, consultar a Nota Informativa da UE sobre o JCPoA, disponível nesta ligação).

Os operadores da UE2 interessados em estabelecer relações com o Irão devem analisar se as suas atividades serão abrangidas pelas medidas restritivas da UE aplicáveis. Antes de iniciarem qualquer atividade empresarial, os operadores da UE devem assegurar-se de que aplicam procedimentos adequados em matéria de diligência devida.

2. ONDE POSSO OBTER MAIS INFORMAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS RESTRITIVAS QUE AINDA SÃO APLICÁVEIS AO IRÃO?

O mapa das sanções da UE3 proporciona uma visão geral das sanções aplicáveis.

3. ONDE POSSO OBTER UMA LISTA DE PESSOAS, GRUPOS E ENTIDADES SUJEITAS ÀS MEDIDAS FINANCEIRAS RESTRITIVAS DA UE?

O sítio da Comissão Europeia inclui uma lista consolidada de pessoas, grupos e entidades sujeitas às medidas financeiras restritivas da UE. Tenha em atenção que terá de criar um perfil de acesso da UE para aceder à lista completa.

1 Declaração conjunta da alta representante da União, Federica Mogherini, e do ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, Viena, 14 de julho de 2015. 2 As medidas aplicadas pelos operadores da UE não prejudicam os requisitos aplicáveis às entidades obrigadas no âmbito da Diretiva (UE) 2015/843 (Diretiva Antibranqueamento de Capitais, AMLD). As entidades obrigadas devem aplicar os requisitos específicos de prevenção do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo no âmbito da AMLD. O presente documento não visa proporcionar orientações às entidades obrigadas sobre a aplicação da legislação no domínio do branqueamento de capitais. 3 As restantes sanções que dizem respeito ao Irão incidem sobre o seguinte: violações graves dos direitos humanos, a proliferação de bens e tecnologias objeto de medidas de restrição, o apoio ao regime de Bashar al-Assad na Síria e o apoio ao terrorismo.

Page 2: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

O Secretariado-Geral das Nações Unidas disponibiliza igualmente todas as listas de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas nas seis línguas oficiais das Nações Unidas.

Diversos fornecedores privados oferecem um acesso pago às suas bases de dados, permitindo efetuar pesquisas nas listas de sanções (como, por exemplo, os fornecedores DowJones, Refinitiv (Worldcheck), Lexis Nexis (World Compliance), Arachnys ou Dun&Bradstreet)4.

4. ONDE POSSO OBTER INFORMAÇÕES OFICIAIS SOBRE OS MEUS PARCEIROS COMERCIAIS IRANIANOS?

As seguintes fontes nacionais iranianas proporcionam alguns conteúdos pela Internet em inglês. No entanto, a pesquisa está geralmente limitada à língua persa. Estão parcialmente disponíveis informações históricas sobre os diretores e os acionistas.

Jornal Oficial Do Irão

O Jornal Oficial do Irão publica atualizações do registo comercial oficial. Por meio desta fonte, é possível efetuar pesquisas pelo nome da empresa em anúncios que mencionem a entidade em causa. Os utilizadores podem ainda utilizar, no próprio sítio, o número da empresa para efetuar a pesquisa ou limitar a pesquisa a um determinado ano ou a uma determinada cidade. O Jornal Oficial do Irão constitui a principal fonte de verificação dos antecedentes de pessoas coletivas.

Gabinete do Registo Comercial

Em agosto de 2013, o Gabinete Geral do Registo Comercial do Instituto Nacional de Registo de Escrituras e Propriedades criou um novo portal para registar pessoas coletivas. É possível pesquisar informações básicas sobre pessoas jurídicas, utilizando o número de identificação e/ou a denominação.

Câmara Iraniana de Comércio, Indústria, Mineração e Agricultura

A Câmara de Comércio iraniana disponibiliza uma lista de aproximadamente 400 membros, incluindo as respetivas informações de contacto. As datas de nascimento e dados sobre formação estão disponíveis em linha e apenas podem ser consultados em persa.

Bolsa de Valores de Teerão

O sítio da Bolsa de Valores de Teerão permite efetuar pesquisas para obter informações sobre as entidades cotadas.

Codal O Instituto Iraniano de Valores Mobiliários e Câmbios procede à

4 A lista referida reflete as informações que são disponibilizadas à Comissão nos fornecedores privados de dados existentes. Não pretende ser exaustiva. A Comissão não recomenda nem apoia estes fornecedores privados de dados.

Page 3: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

manutenção da base de dados Codal, que aloja anúncios e demonstrações financeiras de empresas iranianas cotadas. Contém informações sobre os acionistas e os diretores das mesmas.

Central de Depósito de Títulos do Irão («CSD»)

O sítio da Central de Depósito de Títulos do Irão disponibiliza aos investidores (estrangeiros) informações sobre os títulos depositados.

5. QUE FONTES DISPONÍVEIS AO PÚBLICO POSSO CONSULTAR PARA OBTER INFORMAÇÕES SOBRE OS MEUS PARCEIROS COMERCIAIS IRANIANOS?

Os principais portais de notícias iranianos dispõem frequentemente de uma função de pesquisa e permitem efetuar pesquisas sobre empresas, os seus diretores e os seus acionistas.

Segue-se uma lista de alguns dos mais importantes portais de notícias em linha do Irão:

Nome Descrição

farsnews.com

A Fars News Agency é amplamente conhecida pelos meios de comunicação como uma agência noticiosa «semioficial» do Governo do Irão5.

yjc.ir

Young Journalists Club (YJC) – agência noticiosa do Irão. Foi criada pelo Gabinete de Assuntos Políticos da estação de Radiodifusão da República Islâmica do Irão6.

asriran.com

O Asriran descreve-se como o principal portal de notícias independente do Irão7.

tasnimnews.com Tasnim News Agency – agência noticiosa privada do Irão8.

isna.ir

Iranian Students News Agency (ISNA) – organização noticiosa dirigida por estudantes universitários iranianos9.

5 https://www.reuters.com/article/us-iran-security-missiles/iran-can-expan.... 6 https://www.yjc.ir/en/about. 7 http://www.asriran.com/fa/about. 8 https://www.tasnimnews.com/en/about. 9 https://www.isna.ir/news/95031711051/.

Page 4: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

mehrnews.com

Mehr News – agência noticiosa iraniana que pertence à Islamic Development Organisation (IDO)10.

tabnak.ir Tabnak – portal de notícias não governamental.

khabaronline.ir

De acordo com o seu sítio Web, Khabar Online é um portal de notícias independente11.

mashreghnews.ir Mashreghnews – portal de notícias não governamental.

irna.ir

A Islamic Republic News Agency (IRNA) é a agência noticiosa oficial da República Islâmica do Irão. É financiada pelo governo e controlada pelo Ministério iraniano da Cultura e Orientação Islâmica12.

No âmbito das verificações de diligência devida, poderão ser úteis informações que estejam disponíveis em portais de notícias em linha relacionadas com questões como, por exemplo:

Ligações à criminalidade organizada ou ao tráfico de armas;

Branqueamento de capitais;

Investigações regulamentares e litígios pertinentes;

Associação ao financiamento do terrorismo ou atividades terroristas; e

Investigações ou sanções regulamentares.

6. ONDE POSSO OBTER AJUDA PARA EFETUAR AS VERIFICAÇÕES?

Algumas câmaras de comércio dos Estados-Membros proporcionam apoio em matéria de verificações de diligência devida dos operadores da UE com relações com parceiros comerciais iranianos (como, por exemplo, a Advantage Austria, para as empresas austríacas, ou a Câmara de Comércio Germano-Iraniana). Deve contactar a embaixada ou o ministério competente do seu Estado-Membro para determinar se esse serviço é disponibilizado à sua empresa.

Estão disponíveis outras fontes de informações por meio da contratação dos serviços de consultores e agências locais com redes extensas no Irão, os quais podem obter mais informações efetuando entrevistas.

7. QUE MEDIDAS POSSO ADOTAR PARA EFETUAR AS VERIFICAÇÕES DE DILIGÊNCIA DEVIDA EM MATÉRIA DE CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS RESTRITIVAS DA UE?

10 https://www.mehrnews.com/news/2408725/. 11 https://www.khabaronline.ir/news/822035. 12 http://www.irna.ir/.

Page 5: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

Para efetuar as verificações de diligência devida em matéria de cumprimento das medidas restritivas da UE, poderão eventualmente ser seguidos os seguintes passos fundamentais:

Avaliação dos riscos (ver perguntas 8 a 12);

Diligência devida escalonada por níveis (ver perguntas 13 a 20); e

Acompanhamento contínuo (ver pergunta 21).

Deve-se ter em conta que é absolutamente obrigatório efetuar um rastreio em matéria de sanções. Trata-se de uma obrigação normativa que se aplica a todo o tipo de intervenientes, tanto a pessoas singulares como a pessoas coletivas, tendo de ser cumprida independentemente do resultado de qualquer avaliação dos riscos de uma determinada transação.

8. EM QUE CONSISTE UMA AVALIAÇÃO DOS RISCOS E QUE FATORES DEVE ESTA TER EM CONTA?

Uma avaliação dos riscos é um processo de identificação que avalia a probabilidade da ocorrência de um acontecimento e os possíveis danos decorrentes desse acontecimento. O âmbito e a exaustividade da avaliação poderão ter em conta os seguintes elementos:

A avaliação dos riscos deverá estabelecer o nível de risco esperado (baixo, médio ou elevado). O processo de avaliação dos riscos poderá integrar um projeto de atenuação dos riscos globais da empresa em todos os domínios da organização e da carteira de produtos.

9. QUE ETAPAS PODERÁ COMPREENDER O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DOS RISCOS?

Um processo simplificado de avaliação dos riscos poderá incluir as seguintes etapas:

Page 6: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

9.1.Identificar os riscos

O processo de identificação dos riscos precede a avaliação destes e produz uma lista exaustiva dos mesmos – e, frequentemente, também de oportunidades. A referida lista pode ser organizada de acordo com a categoria do risco (financeiro, operacional, estratégico, de cumprimento) e a sua subcategoria (de mercado, de crédito, de liquidez, etc.) para as unidades empresariais, as funções empresariais e os projetos de investimento em ativos fixos.

9.2.Estabelecer critérios de avaliação

A primeira atividade do processo de avaliação dos riscos consiste em estabelecer um conjunto comum de critérios de avaliação. Os riscos e as oportunidades são geralmente avaliados em termos de impacto e probabilidade.

9.3.Avaliar os riscos

A avaliação dos riscos consiste em atribuir valores a cada risco e a cada oportunidade, utilizando os critérios definidos. Numa triagem inicial, pode recorrer-se a técnicas qualitativas, ao que se seguirá uma análise mais quantitativa dos riscos mais significativos.

9.4.Avaliar interações entre os riscos

Os riscos não existem isoladamente. Como tal, as empresas poderão adotar, de modo crescente, uma visão integrada ou holística dos riscos, utilizando técnicas como, por exemplo, as matrizes de interação dos riscos, os diagramas bow-tie e as distribuições de probabilidade agregada.

9.5.Atribuir níveis de prioridade aos riscos

A atribuição de níveis de prioridade compara os níveis de risco com os níveis-alvo e os limiares de tolerância determinados previamente. Os riscos são ponderados, não apenas em termos dos respetivos impactos financeiros e da probabilidade de ocorrência, mas também em termos de critérios subjetivos, como, por exemplo, o impacto de um risco na saúde e segurança ou na reputação, quão vulnerável está uma entidade a esse risco e a rapidez inicial do mesmo.

9.6.Dar resposta aos riscos

Os resultados do processo de avaliação dos riscos constituem o principal contributo para a etapa de resposta aos riscos. Esta etapa examina as opções de resposta (aceitar, reduzir, repartir ou evitar), tem em conta as análises custo-benefício, formula uma estratégia de resposta e desenvolve planos de resposta aos riscos.

10. QUE CONTORNOS PODERÁ TER UM CENÁRIO DE RISCO BAIXO?

Descreve-se abaixo um exemplo característico e elementar de um conjunto de circunstâncias cuja avaliação dos riscos indicaria um risco baixo:

Exemplo: cenário de risco baixo Uma PME (pequena ou média empresa)13 sediada na UE pretende celebrar um contrato de venda de produtos de higiene pessoal. O cliente iraniano, uma sociedade de responsabilidade limitada, é uma entidade iraniana de dimensão média, propriedade de uma única família com estruturas e acionistas definidos, e declara não ter qualquer ligação a entidades sujeitas a medidas restritivas da UE. 13 Recordamos que todos os exemplos práticos são fictícios e não têm qualquer relação com pessoas ou empresas reais.

Page 7: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

O montante do contrato ascende a 50 000 EUR. Um intermediário – entidade jurídica sediada num país terceiro (fora da UE) – procederá à entrega dos bens. O contrato incluirá os termos de pagamento (em euros) por meio de um banco no país terceiro (fora da UE) para um banco na UE.

A PME da UE efetua uma avaliação dos riscos adequada, que abrange todos os aspetos do contrato com o cliente iraniano. Mesmo com o envolvimento de um intermediário na logística e no pagamento, a primeira avaliação dos riscos poderá indicar um risco baixo, dado que estruturas deste tipo são comuns no comércio com o Irão.

Page 8: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

11. QUE CONTORNOS PODERÁ TER UM CENÁRIO DE RISCO MÉDIO?

Descreve-se abaixo um exemplo de conjunto de circunstâncias cuja avaliação dos riscos indicaria um risco médio:

Exemplo: cenário de risco médio Uma PME14 sediada na UE pretende celebrar um contrato de venda de equipamento para hotéis no montante de 500 000 EUR. O comprador é uma sociedade anónima de direito privado no Irão, bem conhecida no mercado hoteleiro e com cadeias de distribuição de equipamentos de hotelaria naquele país. A responsabilidade pela logística e pela manutenção da relação comercial com o cliente iraniano recai sobre um agente, uma pessoa singular num país terceiro (fora da UE). O agente recebe uma comissão da PME sediada na UE. Os bens serão entregues passando pelo país terceiro e a entrega será efetuada em condições «à saída da fábrica» (a partir da fábrica na UE da empresa sediada na UE). A responsabilidade pela logística da entrega recai sobre o cliente iraniano. Uma filial do cliente iraniano, localizada no país terceiro, efetuará uma ordem de pagamento a partir de uma conta bancária no país terceiro para a conta bancária no país terceiro da filial da PME sediada na UE.

A avaliação dos riscos da PME sediada na UE resulta num nível médio de risco para a empresa, em especial devido à estrutura jurídica do cliente iraniano, que está registado sob a forma de sociedade anónima.

14 Recordamos que todos os exemplos práticos são fictícios e não têm qualquer relação com pessoas ou empresas reais.

Page 9: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

Neste caso, a forma jurídica da empresa não permite a terceiros acederem a informações relativas aos acionistas. As informações relativas aos acionistas não estão disponíveis ao público, pelo que a PME sediada na UE depende das informações prestadas pelo cliente iraniano. O pagamento da comissão ao agente aumenta o risco para a PME sediada na UE, pelo que a realização de uma verificação de antecedentes do agente poderá evitar riscos de cumprimento.

12. QUE CONTORNOS PODERÁ TER UM CENÁRIO DE RISCO ELEVADO?

Descreve-se abaixo um possível exemplo de um conjunto de circunstâncias cuja avaliação dos riscos indicaria um risco elevado:

Exemplo: cenário de risco elevado Um fabricante de motores elétricos, sediado no Estado-Membro A da UE,15 pretende vender um conjunto de motores elétricos a um cliente iraniano – uma transportadora aérea pública. O contrato prevê uma garantia e a entrega de peças sobresselentes. Uma fábrica no Estado-Membro B da UE realizaria as reparações ao abrigo da garantia. O montante contratual ascende a 5 milhões de EUR. A transportadora aérea iraniana explora aeronaves para transporte civil e de carga e necessita dos motores para os instalar em aeronaves de passageiros. Os bens serão entregues «à saída da fábrica» e o pagamento será transferido para a conta bancária (no Estado-Membro C da UE) do fabricante de motores elétricos (sediado no Estado-Membro A da UE). Engenheiros técnicos do fabricante de motores elétricos prestarão formação e assistência em caso de problemas técnicos. No decurso do estabelecimento de uma relação comercial e após várias visitas ao Irão, o fabricante de motores elétricos tomou conhecimento de alegações de que um dos membros do conselho de administração da transportadora aérea poderá estar ligado ao Corpo de Guardas da Revolução Islâmica, que consta da lista de entidades sujeitas a medidas restritivas da UE.

15 Recordamos que todos os exemplos práticos são fictícios e não têm qualquer relação com pessoas ou empresas reais.

Page 10: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

As alegações de que a transportadora aérea tem uma possível ligação a uma entidade sujeita a medidas restritivas da UE, o tipo de bens (dupla utilização) e o valor do contrato (superior a 1 milhão de EUR) indiciariam uma transação de risco elevado para o fabricante de motores elétricos. Além disso, o cliente é uma entidade pública e as respetivas estruturas são complexas. Não é fácil identificar determinadas pessoas com um nível de controlo importante das operações da empresa; seria necessário proceder a um exercício exaustivo de diligência devida antes de prosseguir a transação.

13. QUE CONTORNOS PODERÁ TER UMA POSSÍVEL ABORDAGEM EM MATÉRIA DE VERIFICAÇÕES DE DILIGÊNCIA DEVIDA?

Partindo da avaliação dos riscos, poderá ponderar-se a adoção de uma abordagem em matéria de diligência devida em três níveis. O nível I abrangeria a diligência devida em transações elementares ou de risco baixo, o nível II compreenderia o nível I acrescido da realização de pesquisas em língua

Page 11: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

persa para obter informações públicas e o nível III compreenderia os níveis I e II acrescidos de verificações locais de antecedentes assentes em entrevistas.

14. QUE INFORMAÇÕES DEVO RECOLHER EM VERIFICAÇÕES DE NÍVEL I?

As verificações de nível I assentam na autodivulgação feita pelo próprio parceiro comercial iraniano e na recolha de informações públicas.

14.1.Autodivulgação

A diligência devida poderá assentar na autodivulgação da entidade-alvo, que poderá compreender as informações seguintes:

Denominação completa da entidade;

Forma jurídica;

Número de identificação de registo;

Propriedade do Estado ou governo;

Contacto principal, endereço, número de telefone e URL do sítio Web;

Identificação dos diretores (nomes completos, data e local de nascimento, número de identificação, estatuto de pessoa politicamente exposta);

Acionistas (nomes completos e número de ações detidas, data e local de nascimento, número de identificação, estatuto de pessoa politicamente exposta);

Page 12: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

Empresa-mãe final;

Beneficiário efetivo;

Informações sobre a proveniência do capital;

Ligações da administração e dos acionistas a pessoas politicamente expostas;

Atividades, produtos;

Ligações ao governo (intervenientes da empresa com cargos ou funções em instituições/organizações públicas e/ou governamentais);

Ligações às forças armadas e/ou ao Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC);

Participação no programa nuclear do Irão.

Seria útil anexar à declaração de autodivulgação da entidade uma versão traduzida do Jornal Oficial do Irão e/ou outros documentos traduzidos.

Poderá ser aconselhável obter as seguintes informações complementares da entidade-alvo, especialmente se se tratar de bens de dupla utilização:

Apresentação da empresa;

Situação financeira;

Nome do revisor de contas;

Informações financeiras (as duas últimas demonstrações financeiras ou relatórios de auditoria);

Incumprimento de pagamentos, processos de falência;

Número de trabalhadores;

Processos judiciais;

Condenações penais proferidas contra a administração e os acionistas e/ou os beneficiários efetivos;

Processos de cumprimento nos últimos cinco anos.

14.2.Informações públicas

A título de requisito mínimo, é importante que as informações constantes da declaração de autodivulgação sejam verificadas por confrontação com:

O sítio Web da entidade-alvo; e

Informações disponíveis na Internet.

As verificações do cumprimento a um nível elementar devem compreender a verificação dos nomes (incluindo nomes semelhantes) nas listas de medidas restritivas da UE.

14.3.Em que consiste o «beneficiário efetivo» e por que motivo é importante?

Para os operadores da UE, nem sempre é evidente quem controla, direta ou indiretamente, o parceiro comercial iraniano.

Page 13: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

No entanto, os referidos operadores devem garantir que não disponibilizam – direta ou indiretamente – recursos económicos a uma pessoa ou entidade sujeita a medidas restritivas da UE, ao estabelecer uma relação comercial com uma entidade controlada ou detida por essa pessoa ou entidade.

O beneficiário efetivo consiste em qualquer pessoa singular que efetivamente detenha ou controle uma entidade empresarial ou outra entidade jurídica e/ou pessoas singulares em cujo nome é efetuada uma transação ou é exercida uma atividade. Regra geral (e sem prejuízo das circunstâncias específicas do caso em análise), o beneficiário efetivo de uma entidade jurídica poderá ser a pessoa singular que:

Detenha uma participação de, pelo menos, 25 %; ou

Controle, pelo menos, 25 % dos direitos de voto; ou

Seja beneficiária de, pelo menos, 25 % dos capitais próprios.

Existem outros direitos legais passíveis de conferir o controlo do parceiro comercial iraniano do operador da UE a uma pessoa ou entidade sujeita a medidas restritivas da UE. Esses direitos podem incluir a possibilidade de nomear membros do conselho de administração ou de supervisão, de exercer uma influência preponderante em decisões jurídicas e empresariais ou de agir na qualidade de financiador principal.

Os operadores da UE poderão consultar o artigo 3.º, n.º 6, da Diretiva (UE) 2015/849 (Diretiva Antibranqueamento de Capitais) para obter mais pormenores sobre a identificação dos beneficiários efetivos de pessoas coletivas e instrumentos jurídicos16.

15. QUE CONTORNOS PODERÁ TER UM EXEMPLO CONCRETO DE VERIFICAÇÕES DE DILIGÊNCIA DEVIDA NUM CENÁRIO DE RISCO BAIXO?

Exemplo: cenário de risco baixo Uma PME17 sediada na UE pretende celebrar um contrato de venda de produtos de higiene pessoal. O cliente iraniano – uma sociedade de responsabilidade limitada – é uma entidade iraniana de dimensão média, propriedade de uma única família com estruturas e acionistas definidos, e declara não ter qualquer ligação a entidades sujeitas a medidas restritivas da UE.

O montante do contrato ascende a 50 000 EUR. Um intermediário – uma entidade jurídica sediada num país terceiro (fora da UE) – procederá à entrega dos bens. O contrato incluirá os termos de pagamento (em euros) por meio de um banco no país terceiro (fora da UE) para um banco na UE.

Neste estudo de caso (ver pergunta 10), deverá ser efetuada uma diligência de nível I para ambas as entidades-alvo – o cliente iraniano e o intermediário sediado no país terceiro. Caso surjam sinais de alerta, será necessário proceder ao alargamento das verificações de antecedentes.

16 https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?qid=1561390430105&uri=CE....

17 Recordamos que todos os exemplos práticos são fictícios e não têm qualquer relação com pessoas ou empresas reais.

Page 14: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

Neste caso, a autodivulgação e as verificações por confrontação com o sítio Web das entidades-alvo revelaram que os acionistas destas últimas – o cliente iraniano e o intermediário sediado no país terceiro – são pessoas singulares. Embora o cliente iraniano tenha apenas um beneficiário efetivo com 80 % das ações, o intermediário sediado no país terceiro é controlado por dois acionistas, detendo cada um 50 % das ações. Um dos acionistas é o diretor executivo. Por conseguinte, ambos os acionistas são considerados beneficiários efetivos. A PME sediada na UE procedeu à pesquisa dos nomes das entidades-alvo, o cliente iraniano e o intermediário sediado no país terceiro, bem como dos nomes dos acionistas e dos diretores das mesmas, na lista de sanções financeiras da UE, não tendo identificado qualquer correspondência. Com uma pesquisa na Internet, pôde-se confirmar as atividades de ambas as empresas enquanto distribuidores de bens no setor civil.

Page 15: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

A PME sediada na UE confirmou com o cliente iraniano a realização das necessárias verificações de diligência devida, tendo, consequentemente, transmitido o pedido de financiamento da transação ao respetivo banco. Além disso, a PME sediada na UE solicitou um seguro de crédito à exportação junto de uma agência do ramo sediada na UE.

16. O QUE DISTINGUE AS VERIFICAÇÕES DE DILIGÊNCIA DEVIDA DE NÍVEIS II E III DAS DE NÍVEL I?

Nos níveis II e III, há que consultar fontes nacionais iranianas para obter os antecedentes, que deverão ser verificados por confrontação com as informações constantes da declaração de autodivulgação das entidades-alvo.

Através de uma abordagem global assente nas melhores práticas, é feita uma distinção entre o segundo e terceiro níveis. Para definir etapas para os diversos níveis de risco, as medidas que resultam em níveis de esforço e de custos intermédios (duas a três semanas) são incluídas no nível II e as medidas com uma abordagem alargada e níveis de esforço e de custos máximos (até seis semanas) são incluídas no nível III.

Em determinados casos, pode ser uma opção razoável adotar uma combinação das abordagens de segundo e terceiro níveis.

17. QUE INFORMAÇÕES PODERÃO SER RECOLHIDAS PARA UMA VERIFICAÇÃO DE DILIGÊNCIA DEVIDA DE NÍVEL II?

As verificações de nível II poderão compreender os seguintes tipos de verificações e medidas, sem terem de se limitar aos mesmos:

17.1.Informações sobre a empresa

A investigação em matéria de informações sobre a empresa deverá procurar obter as seguintes informações, disponíveis em persa:

17.1.1. Para as empresas de direito privado, cotadas na Bolsa de Valores de Teerão:

Page 16: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

Informações sobre o registo;

Identificação dos diretores;

Estrutura acionista.

17.1.2. Para as empresas de direito privado, registadas no Instituto Nacional de Registo de Escrituras e Propriedades do Irão:

Informações sobre o registo;

Identificação dos diretores;

Acionistas diretos e finais;

Beneficiários efetivos (no caso das formas jurídicas de responsabilidade limitada).

17.1.3. Para as empresas públicas:

Organização que exerce o controlo principal;

Identificação dos representantes.

17.2.Cumprimento

Devem coligir-se todas as informações potencialmente prejudiciais publicadas em bases de dados regulamentares, para identificar quaisquer referências à entidade e aos respetivos acionistas e diretores em matéria de branqueamento de capitais, sanções, financiamento do terrorismo e exposição política. As referidas informações podem ser recolhidas a partir da consulta de:

Listas de sanções da UE;

Listas de pessoas politicamente expostas («PEP»); e

Listas de execução coerciva e processos judiciais.

17.3.Meios de comunicação social

Devem consultar-se as bases de dados dos meios de comunicação social e os meios de comunicação social generalistas para detetar informações relacionadas com questões como:

Associação ao financiamento do terrorismo ou a atividades terroristas;

Ligações à criminalidade organizada ou ao tráfico de armas;

Branqueamento de capitais;

Investigações regulamentares e litígios pertinentes;

Alegações de participação em suborno e corrupção; e/ou

Investigações ou sanções regulamentares.

18. QUE CONTORNOS PODERÁ TER UM EXEMPLO CONCRETO DE VERIFICAÇÕES DE DILIGÊNCIA DEVIDA NUM CENÁRIO DE RISCO MÉDIO?

Page 17: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

Exemplo: cenário de risco médio Uma PME18 sediada na UE pretende celebrar um contrato de venda de equipamento para hotéis, no montante de 500 000 EUR. O comprador é uma sociedade anónima de direito privado no Irão, bem conhecida no mercado hoteleiro e com cadeias de distribuição de equipamentos de hotelaria no Irão. A responsabilidade pela logística e pela manutenção da relação comercial com o cliente iraniano recai sobre um agente, uma pessoa singular num país terceiro (fora da UE). O agente recebe uma comissão da PME sediada na UE. Os bens serão entregues passando pelo país terceiro e a entrega será efetuada em condições «à saída da fábrica» (a partir da fábrica na UE da empresa sediada na UE). A responsabilidade pela logística da entrega recai sobre o cliente iraniano. Uma filial do cliente iraniano, localizada no país terceiro, efetuará uma ordem de pagamento a partir de uma conta bancária no país terceiro para a conta bancária no país terceiro da filial da PME sediada na UE.

As entidades visadas pela diligência devida num cenário de risco médio (ver pergunta 11) são o cliente iraniano – uma sociedade anónima no Irão – e o agente comercial no país terceiro (fora da UE). É necessário identificar o utilizador final efetivo dos equipamentos de hotelaria, para garantir que não existem ligações a entidades sujeitas a medidas restritivas da UE. A avaliação dos riscos da PME sediada na UE resulta num nível médio de risco para a empresa, em especial devido à estrutura jurídica do parceiro iraniano.

O processo de diligência devida – após a obtenção de uma declaração de autodivulgação e a verificação das informações apresentadas por confrontação com informações ou bases de dados públicas – passaria por procurar informações sobre a empresa no registo comercial pertinente. Apesar de o registo das sociedades anónimas ser obrigatório no Irão (não na Bolsa de Valores de

18 Recordamos que todos os exemplos práticos são fictícios e não têm qualquer relação com pessoas ou empresas reais.

Page 18: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

Teerão, mas sim no Instituto Nacional de Registo de Escrituras e Propriedades do Irão e/ou no Jornal Oficial do Irão), as informações disponíveis podem, por vezes, estar incompletas ou desatualizadas. As informações sobre os acionistas das sociedades anónimas não estão, habitualmente, disponíveis nos registos públicos.

Além disso, as partes com ligações conhecidas à entidade deverão ser objeto de análise em matéria de branqueamento de capitais, sanções, financiamento do terrorismo e exposição política, por meio da consulta das listas pertinentes.

Neste caso, o cliente iraniano divulgou os acionistas e uma pesquisa nas listas pertinentes não revelou quaisquer resultados que suscitassem dúvidas. As verificações posteriores não conduziram a quaisquer dúvidas em matéria de cumprimento. Foi possível verificar os nomes do grupo de diretores e as informações sobre a empresa por confrontação com os dados disponíveis no Jornal Oficial do Irão. A PME sediada na UE pôde prosseguir a relação comercial com o cliente iraniano e transmitiu as informações ao banco no país terceiro (fora da UE).

19. QUE INFORMAÇÕES PODERÃO SER RECOLHIDAS PARA UMA VERIFICAÇÃO DE DILIGÊNCIA DEVIDA DE NÍVEL III?

Page 19: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

As verificações de nível III poderão implicar visitas aos locais e a recolha de informações pessoalmente.

19.1.Visitas aos locais

A visita ao local permitirá verificar a existência efetiva do endereço e da empresa, assim como a capacidade desta e as condições das instalações.

19.2.Verificações da reputação

No nível III, a diligência devida poderá compreender entrevistas a peritos e a trabalhadores (por exemplo, concorrentes, antigos trabalhadores, clientes) para avaliar a reputação da empresa e, deste modo, recolher informações sobre:

Os antecedentes, o historial, a reputação e a perceção de integridade das entidades na perspetiva do mercado local e da comunidade empresarial internacional;

Ligações ao Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC);

Questões relacionadas com o historial de cumprimento;

Processos judiciais em curso e no passado;

Os interesses do mercado;

As atividades da empresa; e

A existência efetiva da empresa.

19.3.Entrevista aos diretores

Em determinados casos, pode ser aconselhável realizar entrevistas complementares aos membros da administração da empresa, para alcançar uma maior compreensão nos domínios supramencionados. Uma visita ao local, especialmente no caso de empresas transformadoras, poderá contribuir para uma maior compreensão dos objetivos e da estratégia da administração.

20. QUE CONTORNOS PODERÁ TER UM EXEMPLO CONCRETO DE VERIFICAÇÕES DE DILIGÊNCIA DEVIDA NUM CENÁRIO DE RISCO ELEVADO?

Exemplo: cenário de risco elevado Um fabricante de motores elétricos, sediado no Estado-Membro A da UE19, pretende vender um conjunto de motores elétricos a um cliente iraniano – uma transportadora aérea pública. O contrato prevê uma garantia e a entrega de peças sobresselentes. Uma fábrica no Estado-Membro B da UE realizaria as reparações ao abrigo da garantia. O montante contratual ascende a 5 milhões de EUR. A transportadora aérea iraniana explora aeronaves para transporte civil e de carga e necessita dos motores para os instalar em aeronaves de passageiros. Os bens serão entregues «à saída da fábrica» e o pagamento será transferido para a conta bancária (no Estado-Membro C da UE) do fabricante de motores elétricos (sediado no Estado-Membro A da UE). Engenheiros técnicos do fabricante de motores elétricos prestarão formação e assistência em caso de problemas técnicos. No decurso do estabelecimento de uma relação comercial e após várias visitas ao Irão, o fabricante de motores

19 Recordamos que todos os exemplos práticos são fictícios e não têm qualquer relação com pessoas ou empresas reais.

Page 20: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

elétricos tomou conhecimento de alegações de que um dos membros do conselho de administração da transportadora aérea poderá estar ligado ao Corpo de Guardas da Revolução Islâmica, que consta da lista de entidades sujeitas a medidas restritivas da UE.

Neste cenário de risco elevado (ver pergunta 12), o fabricante de motores elétricos sediado na UE tem de verificar se os motores elétricos constituem bens de dupla utilização e se necessita de requerer um certificado à autoridade de controlo das exportações do Estado-Membro da UE no qual está sediado. A autoridade de controlo das exportações presta assistência ao fabricante de motores elétricos, fornecendo informações contextuais sobre a entidade-alvo, a transportadora aérea iraniana. A combinação de diversos fatores (ou seja, as alegações de que a transportadora aérea tem uma possível ligação a uma entidade sujeita a medidas restritivas da UE, o tipo de bens e o valor do contrato) podem indicar uma transação de risco elevado para o fabricante de motores elétricos.

Dado que foi atribuído um risco elevado a esta transação, é recomendado um exercício de diligência devida de nível III, em especial no caso de possíveis ligações ao Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC).

A realização de entrevistas a peritos e concorrentes no meio empresarial em causa, bem como aos diretores da entidade-alvo, poderá permitir recolher informações pertinentes. Essas entrevistas poderão revelar informações sobre a reputação da empresa e identificar ligações a pessoas sujeitas a medidas restritivas da UE. O fabricante de motores elétricos provavelmente terá de solicitar a um consultor terceiro que efetue as verificações de antecedentes adequadas. Além disso, a identificação das partes interessadas da transportadora aérea e das pessoas singulares que efetivamente controlam a empresa seria extremamente complexa.

Neste caso, as verificações de antecedentes revelaram que um membro do conselho de administração da transportadora aérea é consultor do conselho de administração de uma entidade

Page 21: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

sancionada, mas não tem uma posição oficial enquanto representante nem detém controlo sobre as operações da vida diária da entidade sancionada. A restante diligência devida e outras verificações de antecedentes não produziram outros resultados. Durante as verificações, surgiram alguns litígios no passado, bem como questões financeiras, mas sem qualquer impacto no acordo específico com o fabricante de motores elétricos.

Por conseguinte, o fabricante de motores elétricos pôde prosseguir com o acordo e requerer um certificado e garantias.

21. O QUE SIGNIFICA «ACOMPANHAMENTO CONTÍNUO»?

As informações sobre a entidade-alvo deverão ser atualizadas com regularidade. Os operadores da UE poderão obrigar contratualmente a parte iraniana a informar os operadores da UE sobre quaisquer alterações na administração ou na estrutura acionista.

Alguns fornecedores internacionais proporcionam, mediante pagamento, instrumentos eletrónicos para proceder ao acompanhamento de todos os parceiros comerciais. Em alternativa, é aconselhável proceder à atualização regular do relatório de diligência devida (p. ex., uma vez por ano).

Exoneração de responsabilidade A presente série de perguntas e respostas resulta1 de uma ação da Comissão, financiada ao abrigo do Instrumento de Parceria da UE e intitulada «Due diligence for EU operators related to Iran» (Diligência devida dos operadores da UE com relações com o Irão). Complementa a Nota Informativa sobre o JCPoA da UE. A Comissão Europeia recomenda a todos os operadores da UE que acompanhem os acontecimentos mais recentes relacionados com o Irão.

As presentes informações são disponibilizadas, sem assumir qualquer responsabilidade jurídica, aos operadores económicos que estejam interessados em estabelecer relações com o Irão. Visam proporcionar uma orientação geral e indicativa sobre uma possível abordagem assente nas melhores práticas em matéria de diligência devida neste domínio. Cumpre salientar que as autoridades nacionais competentes (ANC) dos Estados-Membros são responsáveis pela execução das medidas restritivas e sanções por incumprimento. Os operadores económicos são incentivados a verificar todas as orientações ou advertências nacionais neste domínio e a contactarem a respetiva ANC em caso de dúvida.

A presente série de perguntas e respostas apenas diz respeito às medidas restritivas da UE. Não é aplicável, nomeadamente, às sanções extraterritoriais impostas por países terceiros ao Irão ou aos efeitos das mesmas. A União Europeia não reconhece a aplicação extraterritorial de leis adotadas por países terceiros e considera que tais efeitos são contrários ao direito internacional. O Estatuto de Bloqueio da UE (Regulamento (CE) n.º 2271/96 do Conselho) visa proteger os operadores da UE contra a aplicação extraterritorial de legislação adotada por países terceiros e proíbe o cumprimento de qualquer exigência ou proibição baseados na legislação estrangeira especificada no seu anexo.

A presente série de perguntas e repostas também não é aplicável às «entidades obrigadas»2 na aceção da Diretiva Antibranqueamento de Capitais (AMLD). Cumpre salientar que a AMLD não abrange o risco de financiamento de armas nucleares, químicas ou biológicas («financiamento da proliferação», produtos de dupla utilização, utilização com fins civis ou militares, etc.) e que as transações com países terceiros de risco elevado estão sempre sujeitas a uma diligência reforçada ao abrigo da AMLD.

Page 22: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DILIGÊNCIA DEVIDA EM … · perguntas e respostas sobre a diligÊncia devida em matÉria de medidas restritivas para as empresas da ue que lidam com

1. Os trabalhos de fundo foram realizados por um consórcio empresarial liderado pela Ecorys/Deloitte ao longo de vários meses, com início em setembro de 2018. 2. Ver artigo 2.º da Diretiva (UE) 2015/849.