1

Perguntas e Respostas

sobre a Definio da

Classe Mdia

2

Sumrio

Afinal, o que classe mdia?................................................................................. 3

Por que a SAE/PR props uma definio de classe mdia? ..................................... 3

Para que serve uma definio de classe mdia? ..................................................... 3

O que a SAE/PR far com a definio da classe mdia? .......................................... 3

Classe Mdia em torno do meio ............................................................................ 3

Outros pontos da distribuio de renda ................................................................. 4

Esta uma proposta do Governo Federal como um todo? ..................................... 4

Composio das Comisses ................................................................................... 4

Qual o critrio sugerido pela Comisso para definir a classe mdia no Brasil? ........ 5

No que consiste o grau de vulnerabilidade? ........................................................... 5

Qual a linha de pobreza considerada? ................................................................... 5

Por que a Comisso props a diviso da populao em 8 faixas de renda? ............. 5

Como a Comisso chegou faixa de R$ 291 a R$ 1.019 familiar per capita para a

classe mdia? ........................................................................................................ 5

Como a Comisso chegou s demais faixas de renda? ............................................ 6

Diviso da populao brasileira em 8 classes de renda, segundo a proposta da

Comisso ............................................................................................................. 6

Entendendo quem est na classe mdia e quem est fora: exemplos ..................... 7

Essa definio de classe mdia universal? ........................................................... 7

Comparao com o Critrio Brasil .......................................................................... 8

O grau de vulnerabilidade foi o nico critrio testado pela Comisso para definir

classe mdia? ........................................................................................................ 9

Por que a Comisso escolheu como critrio o grau de vulnerabilidade? ................. 9

Pertencer classe alta tem o mesmo significado que ser rico? ............................... 9

A Comisso escolheu o critrio que resulta na maior classe mdia possvel? ........ 10

Como medimos o crescimento da classe mdia? .................................................. 10

Como medimos o tamanho atual da classe mdia? .............................................. 10

Sobre a diferena entre estimar renda com base em pesquisas de propsitos

mltiplos como a PNAD e pesquisas em maior profundidade como a POF............10

Por que a Comisso escolheu trabalhar com a PNAD, e no com a POF?...............12

3

Afinal, o que classe mdia?

Todos falam sobre expanso da classe mdia ou classe C ou classe emergente. No

entanto, existem muitas maneiras de se definir e medir a classe mdia (OCDE, Banco Mundial,

Goldman Sachs, FGV, CNI, Critrio Brasil, etc.). Isso faz com que nem sempre se esteja falando

da mesma coisa.

Por que a SAE/PR props uma definio de classe mdia?

Devido diversidade de definies existentes e falta de clareza relacionada ao

recorte dessa populao (cada definio apresenta um recorte distinto), a SAE/PR assumiu o

desafio de propor uma definio nica capaz de mostrar a evoluo da classe mdia e os

movimentos de ascenso e queda de renda da populao brasileira ao longo do tempo.

Para que serve uma definio de classe mdia?

Primeiramente, como existem muitas definies de classe mdia disponveis, temos

que eleger uma e olhar sempre para ela, a fim de captar os movimentos de ascenso e queda

de renda da populao ao longo dos anos. Em segundo lugar, na medida em que as polticas de

combate pobreza e extrema pobreza foram eficientes em suprir as necessidades bsicas do

segmento mais pobre da populao, so necessrias outras polticas para garantir queles que

conseguiram sair da situao de pobreza que continuem avanando. A SAE/PR entende que as

necessidades e riscos de cada grupo so diferentes. Para desenhar polticas adequadas a cada

um, precisamos antes de tudo definir que grupos so esses.

O que a SAE/PR far com a definio da classe mdia?

O prximo passo da SAE/PR, aps a definio dos estratos de renda, ser desenvolver

uma pesquisa denominada Vozes da Classe Mdia, que pretende levantar as aspiraes, viso

de futuro, valores, utilizao e avaliao dos servios pblicos, necessidades, riscos das

pessoas que pertencem a esse recorte da populao. Que servios pblicos utilizam? Que

servios pblicos esperam? Os resultados da pesquisa sero utilizados para desenhar polticas

pblicas mais adequadas s necessidades e riscos de cada estrato de renda. Se para as pessoas

que esto abaixo da linha de pobreza, os programas de transferncia de renda so

fundamentais, para as pessoas que j saram da pobreza so necessrios outros tipos de

polticas pblicas, como qualificao profissional, financiamento estudantil, acesso a crdito,

educao financeira, financiamento imobilirio, entre outras.

Classe Mdia em torno do meio

Embora no se possa definir com preciso o que a classe mdia (dadas as mltiplas

definies disponveis), razovel pensarmos que se trate de um grupo que varia em torno de

4

um ponto que divide a populao brasileira em duas, o que tecnicamente chamamos mediana

da distribuio (50% esto acima do ponto, e 50%, abaixo desse ponto).

Se estivermos falando da renda, estaremos falando do ponto em que 50% das pessoas

tero uma renda menor e 50% tero uma renda maior. No Brasil, a renda correspondente ao

ponto do meio de R$440 familiar per capita. Isso significa que 50% dos brasileiros possuem

renda familiar per capita inferior a R$440 e 50% possuem renda superior a R$440 familiar per

capita.

Assim, de se esperar que a classe mdia, medida em termos da renda familiar per

capita, esteja em torno de R$440 familiar per capita, o que resta fazer determinar onde

comea e onde termina.

Outros pontos da distribuio de renda

A renda familiar per capita dos 10% mais ricos comea em R$1.615 familiar per capita;

A renda familiar per capita dos 5% mais ricos comea em R$ 2.635 familiar per capita;

A renda familiar per capita do 1% mais rico comea em R$ 11.000 familiar per capita.

Esta uma proposta do Governo Federal como um todo?

No. a sugesto da Comisso criada pela SAE/PR para definir a classe mdia no Brasil,

a ser usada nas suas propostas de formulao e aprimoramento de polticas pblicas. Poder

ser usada tambm (de forma voluntria) por outras pastas ministeriais, alm de estados e

municpios.

A Comisso foi composta de duas partes: a Comisso Tcnica e a Comisso de

Validao. A partir das diretrizes definidas pela Comisso de Validao, a Comisso Tcnica

trabalhou durante 5 meses com o objetivo de oferecer uma definio conceitualmente slida,

de fcil compreenso, prtica e mais adequada formulao de polticas pblicas, que foi

submetida e aprovada pela Comisso de Validao.

Composio das Comisses

Comisso Tcnica:

Ministrio da Fazenda (Arnaldo Barbosa de Lima Jnior)

Ministrio do Desenvolvimento Social (Junia Quiroga),

IBGE (Elisa Caillaux),

IPEA (Miguel Foguel),

FGV (Andr Portela),

IPC/Pnud (Fbio Veras),

IE/UFRJ (Rudi Rocha) e

Datapopular (Renato Meirelles).

Comisso de Validao:

5

Ministrio da Fazenda (Marcio Holland de Brito)

Ministrio do Desenvolvimento Social (Paulo Januzzi)

INSPER (Eduardo Giannetti)

USP (Marilena Chau)

MCM Consultores (Amaury de Souza).

Qual o critrio sugerido pela Comisso para definir a classe mdia no Brasil?

O critrio sugerido foi o de grau de vulnerabilidade, desenvolvido originalmente pelo

Banco Mundial, e adaptado s bases de dados disponveis no Brasil.

No que consiste o grau de vulnerabilidade?

O grau de vulnerabilidade foi definido como sendo a probabilidade de retorno (ou

permanncia, se a pessoa j era pobre) condio de pobreza em algum momento dos

prximos 5 anos. Esta probabilidade foi obtida a partir da observao emprica dos

movimentos de ascenso e queda de renda da populao brasileira nos ltimos anos (usando

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios, PNAD, IBGE).

Qual a linha de pobreza considerada?

A linha considerada foi aquela definida pelo Ministrio do Desenvolvimento Social para

identificar os beneficirios do programa Bolsa Famlia, corrigida pela inflao.

Por que a Comisso props a diviso da populao em 8 faixas de renda?

A subdiviso til tanto para fins de comparao com medidas existentes (como o

Critrio Brasil), como tambm para facilitar o desenho de polticas pblicas mais adequadas s

necessidades e riscos de cada faixa de renda.

Como a Comisso chegou faixa de R$291 a R$1.019 familiar per capita para a

classe mdia?

Dividimos a populao brasileira em 100 pedaos de acordo com a renda domiciliar per

capita. Colocamos os 100 pedaos na ordem da menor renda para maior renda (obtendo o que

se chama tecnicamente de percentis da distribuio de renda).

Para cada um desses pedaos, temos associada uma probabilidade de retorno (ou

permanncia) condio de pobreza. A probabilidade de retorno (ou permanncia) pobreza

mais alta para os nveis de renda mais baixos e vai diminuindo conforme a renda vai

aumentando.

Feito isso, aplicamos o chamado mtodo da polarizao, que consiste no seguinte

problema estatstico: como dividir uma populao em grupos, de forma que cada grupo seja o

6

mais homogneo possvel do ponto de vista de quem est dentro dele e o mais diferente

possvel em relao aos demais grupos.

No problema especfico da Comisso, verificamos quais os pontos de corte que

dividem a populao brasileira em 3 grupos (classe baixa, mdia e alta) de forma que o grau de

vulnerabilidade seja o mais homogneo possvel do ponto de vista interno de cada grupo.

O exerccio estatstico resultou nos seguintes pontos de corte: 34 e 82 percentil.

Assim, temos que a classe baixa termina no 34, a classe mdia se situa entre o 34 e o 82 e a

classe alta, do 82 em diante.

Em seguida, olhamos para a renda familiar per capita correspondente a esses

percentis, chegando aos valores de R$291 e R$1.019.

Como a Comisso chegou s demais faixas de renda?

A partir das 3 classes geradas pelo mtodo da polarizao (baixa, mdia e alta),

subdividimos a classe baixa em 3 grupos, a classe mdia tambm em 3 grupos e a classe alta

em 2 grupos.

O grupo da classe baixa foi dividido com base nas linhas dos programas Brasil Sem

Misria e Bolsa Famlia, corrigidas pela inflao. Assim, temos: i) os extremamente pobres, que

so aqueles que possuem renda familiar per capita de at R$81; ii) os pobres (mas no

extremamente pobres), aqueles com renda familiar per capita entre R$81 e R$162; e iii) os

vulnerveis, aqueles que esto acima da linha de pobreza e abaixo da linha da classe mdia, ou

seja, que possuem renda familiar per capita entre R$162 e R$291.

Para a diviso da classe mdia, realizamos um novo exerccio de polarizao (s que

desta vez tomando apenas as pessoas que estavam na classe mdia), obtendo 3 grupos: i)

baixa classe mdia, ii) mdia classe mdia, e iii) alta classe mdia.

Para a diviso da classe alta, tambm realizamos um novo exerccio de polarizao (s

que desta vez tomando apenas as pessoas que estavam na classe alta), obtendo 2 grupos: i)

baixa classe alta, e ii) alta classe alta.

7

Diviso da populao brasileira em 8 classes de renda, segundo a proposta da

Comisso:

Entendendo melhor quem est na classe mdia e que est fora: exemplos

Em todos os casos abaixo foi considerada apenas a renda recebida de forma corrente e

regular, isto , no foram considerados montantes recebidos a ttulo de 13 salrio e frias

remuneradas, seguro desemprego, venda de ativos, etc.

Caso 1: Um casal, sem filhos, que recebe conjuntamente R$2.000, possui renda

familiar per capita de R$1.000. Portanto, estaria na faixa Alta Classe Mdia.

Caso 2: Um casal, com um filho, que recebe conjuntamente o equivalente a trs

salrios mnimos (R$1.866), possui renda familiar per capita de R$622,00. Portanto,

estaria na faixa Mdia Classe Mdia.

Caso 3: Uma pessoa solteira, sem filhos, que recebe um salrio mnimo (R$622), sem

benefcios (13, frias, etc.) se encontra na 66 posio de distribuio de renda

brasileira, ou seja, 66% da populao tem uma renda inferior a essa pessoa. Esta

pessoa estaria na Mdia Classe Mdia.

Caso 4: Um casal, com dois filhos, que recebe conjuntamente R$1.660, possui renda

familiar per capita de R$415,00. Portanto, estaria na faixa Baixa Classe Mdia.

Caso 5: Um casal, sem filhos, que recebe conjuntamente R$500, possui renda familiar

per capita de R$250. Portanto, estaria na faixa Vulnervel.

Ponto de corte

(R$/ms)

Renda per capita

mdia (R$/ms)

Renda familiar

mdia (R$/ms)

Extremamente

Pobre81 42 227

Pobre 162 124 648

Vulnervel 291 227 1.030

Baixa Classe

Mdia441 364 1.540

Mdia Classe

Mdia641 535 1.925

Alta Classe

Mdia1.019 804 2.813

Baixa Classe

Alta2.480 1.503 4.845

Alta Classe

Alta- 4.687 12.988

Nota: Va lores expressos em R$ de abri l de 2012.

Classes de Renda segundo a proposta da Comisso

Classes

Ba

ixa

M

dia

Alt

a

8

Caso 6: Uma pessoa que vive sozinha e recebe quatro salrios mnimos (R$2.488,00),

estaria na faixa Baixa Classe Alta.

Essa definio de classe mdia universal?

No. Sabemos que o poder de compra e o nvel de renda no so os mesmos

considerando diferentes localidades. No entanto, quando estamos falando da faixa entre

R$291 e R$1.019, estamos falando da classe mdia brasileira, considerando a renda do

conjunto de brasileiros. Caso aplicssemos o critrio do grau de vulnerabilidade somente no

estado de So Paulo, encontraramos uma classe mdia que se situaria entre R$430 (48%

maior que a calculada para o Brasil como um todo) e R$1.415 familiar per capita (39% maior

que a calculada para o Brasil como um todo). Caso aplicssemos o critrio na Europa,

certamente as faixas resultantes seriam mais altas, da mesma forma que a renda mediana na

Europa superior a do Brasil.

Comparao com o Critrio Brasil

O Critrio Brasil, como conhecido o critrio de classificao econmica das empresas

de pesquisa, j bem estabelecido no pas, contando com certa familiaridade da imprensa e

da populao, que se referem com naturalidade s classes "A", "B", "C", "D" e "E". Abaixo

encontra-se uma tabela de comparao entre as duas formas de definio:

Classes Segundo o Grau de Vulnerabilidade ClassesSegundo o Critrio

Brasil

Extremamente pobre 227 E 536

Pobres mas no extremanente pobres 648 D 802

Vulnervel 1.030 C2 1.150

Baixa classe mdia 1.540 C1 1.731

Mdia classe mdia 1.925 B2 2.882

Alta classe mdia 2.813 B1 4.963

Baixa classe alta 4.845 A2 9.457

Alta classe alta 12.988 A1 14.521

Nota: Valores expressos em R$ de abril de 2012.

Renda familiar mdia (R$/ms)

9

O grau de vulnerabilidade foi o nico critrio testado pela Comisso para

definir classe mdia?

A Comisso testou mais de 30 metodologias diferentes para definir e calcular o

tamanho da classe mdia no Brasil, com base no que h de mais tradicional ao mais avanado

na literatura acadmica e de instituies como o Banco Mundial e a Organizao para a

Cooperao e Desenvolvimento Econmico - OCDE.

Dentre elas, destacamos:

i. A metodologia de clculo utilizada pela OCDE, que resulta numa classe mdia entre

R$202 e R$660 familiar per capita, portanto, bem abaixo da faixa proposta pela

Comisso;

ii. O padro de consumo das famlias, considerando a proporo da renda gasta com

bens essenciais (tais como alimentos, transporte urbano, energia eltrica, gua e

esgoto) e a proporo da renda gasta com bens suprfluos (perfume, cabeleireiro,

viagens, joias e bijuterias, etc.). Foram obtidos resultados muito prximos quele

obtido pelo critrio do grau de vulnerabilidade (R$288 e R$1.009 familiar per capita,

considerando a proporo da renda gasta com bens essenciais e R$303 e R$1.056

familiar per capita, considerando a proporo da renda gasta com bens suprfluos);

iii. O 1 e o 3 quartis da distribuio da renda no Brasil. Caso organizssemos a

populao brasileira de acordo com sua renda e a dividssemos em 100 partes de igual

tamanho, a classe mdia corresponderia aquelas pessoas situadas entre a 25 e a 75

partes dessa distribuio, ou ainda aos 50% do meio da populao do pas, o que

corresponderia a uma classe mdia entre R$230 e R$802 familiar per capita;

iv. O entorno da mediana da distribuio de renda. Caso organizssemos a populao

brasileira de acordo com a sua renda, a mediana nos daria o valor exato que dividiria a

populao ao meio, com 50% de pessoas mais pobres abaixo e 50% de pessoas mais

ricas acima desse valor. Assim, uma maneira comum de definir a classe mdia pegar

o entorno dessa mediana, por exemplo, a metade dessa mediana e 2 vezes seu valor, o

que resultaria em uma classe compreendida entre R$220 e R$878 familiar per capita.

Por que a Comisso escolheu como critrio o grau de vulnerabilidade?

A Comisso escolheu esse critrio por acreditar que ele guarda ntima relao com a

capacidade das pessoas de olhar para o futuro e se planejarem, na medida em que a

probabilidade de risco de retorno pobreza diminui.

Pertencer classe alta tem o mesmo significado que ser rico?

No. Enquanto que ser rico um conceito absoluto, baixo, mdio e alto so conceitos

relativos. Assim, no podemos afirmar que quem pertence classe alta rico, mas

simplesmente que pertence classe alta brasileira. Alta em relao a quem? Em relao ao

10

conjunto de pessoas que tm uma renda inferior. Usando as definies que a Comisso

props, o ponto onde termina a classe mdia equivale 82 posio na distribuio de renda

brasileira. Portanto, quem est na classe alta tem 82% da populao com renda inferior a sua.

No Brasil, se a renda de uma famlia de 4 pessoas superior a R$4.500, ela j se encontra entre

as 15% com maior renda. Entretanto, isso no quer dizer que ela seja rica.

A Comisso escolheu o critrio que resulta na maior classe mdia possvel?

No. Outros mtodos resultaram em tamanhos de classe mdia bastante superiores ao

obtido com o critrio de grau de vulnerabilidade como, por exemplo, o tradicional entorno da

mediana, que resulta numa classe mdia correspondente a 55% da populao brasileira,

contra 48%, obtido pelo grau de vulnerabilidade (ambos referentes ao tamanho da classe

mdia no ano de 2009).

Como medimos o crescimento da classe mdia?

A partir dos dados sobre a distribuio de renda nos anos anteriores e do ndice de

inflao, podemos medir a expanso da classe mdia, verificando a proporo de pessoas com

renda familiar per capita equivalente a R$291 e R$1.019 (em valores de 2012). Em 2001 38%

da populao brasileira viviam em domiclios com renda per capita equivalente R$291 e

R$1.019, enquanto que em 2009 48% da populao brasileira vivia em domiclios com essa

renda per capita. Abaixo, encontra-se uma tabela com a evoluo do tamanho relativo dos oito

grupos de renda de 2001 a 2009:

Grupos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Extremamente pobre 11 10 11 9 8 7 6 5 5

Pobre mas no extremamente pobre 16 17 17 16 15 13 12 11 10

Vulnervell 21 21 21 21 22 20 20 19 19

Baixa classe mdia 16 16 16 18 17 17 16 17 17

Mdia classe mdia 11 12 11 12 13 15 16 16 17

Alta classe mdia 11 10 10 11 11 13 14 14 15

Baixa classe alta 10 10 9 10 10 11 12 13 13

Alta classe alta 4 4 3 3 4 4 4 4 4

em que a populao foi dividida

Nota: Valores expressos em porcentagem.

Evoluo do tamanho relativo dos oito grupos de renda

11

Como medimos o tamanho atual da classe mdia?

Como no temos dados referentes ao ano de 2012, fizemos o clculo do tamanho

atual da classe mdia atravs de uma estimativa, considerando a trajetria de crescimento dos

ltimos anos. O tamanho estimado da classe mdia para o ano de 2012 de 54% da

populao.

Sobre a diferena entre estimar renda com base em pesquisas de propsitos

mltiplos como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios - PNAD e

pesquisas em maior profundidade como a Pesquisa de Oramento Familiares -

POF:

Uma das preocupaes recorrentes do pblico em geral e dos usurios de definies

de classe mdia, em particular, a percepo que tipicamente as definies propostas pelos

estudiosos tendem a incluir como j pertencendo a classe mdia famlias com renda

considerada muito baixa. Esta diferena entre a percepo geral sobre o que a classe mdia

deveria ser e suas definies cientficas se deve a dois fatores que merecem ser isolados. Por

um lado, esta diferena resulta de uma efetiva dificuldade de grandes segmentos da classe alta

se reconhecerem como pertencentes a esta classe. No Brasil, tipicamente, a maior parte dos

5% mais ricos (aqueles que vivem em famlias com renda per capita acima de R$ 2.635,00) se

consideram como parte da classe mdia, quando claramente numa diviso do pas em apenas

trs classes (baixa, mdia e alta) seria impossvel conceber uma classe alta com menos de 5%

da populao.

Existe tambm uma explicao menos substantiva, muito mais estatstica e

metodolgica, que resulta da tendncia da populao subdeclarar sua renda em entrevistas.

Como o que tipicamente as classificaes de classe baixa, mdia e alta buscam so critrios

prticos para a classificao de famlias entrevistadas, estes critrios j implicitamente

incorporam a subdeclarao tipicamente presente nestas pesquisas. Desta forma no

representam uma forma de classificar famlias quanto a sua verdadeira renda e sim classificar

famlias quanto a renda que tipicamente declaram. Por este motivo tendem naturalmente a

apresentar limites de renda para a classe mdia bem inferiores percepo geral. Uma forma

de exemplificar este tipo de desajuste entre a renda efetiva e a declarada consiste em verificar

a sensibilidade dos limites definidores da classe mdia quando se melhora a mensurao de

renda.

Em pesquisas com propsitos mltiplos que investigam desde condies habitacionais

a insero no mercado de trabalho passando por situao educacional entre outras temticas,

o esforo dedicado a investigao da renda tende a ser naturalmente limitada. Este o caso

tanto nos Censos Demogrficos como nas Pesquisas por Amostra de Domiclios PNAD

realizadas anualmente pelo IBGE. Nessas pesquisas rendas eventuais como seguro

desemprego, abono salarial, 13 salrio, horas extras no usuais, ganhos financeiros no

recorrentes dentre outros componentes no so sequer objeto da investigao. Essas

pesquisas no buscam sequer mensurar este tipo de renda, como tambm no se preocupam

em avaliar a renda no monetria to importante entre os mais pobres. Por este motivo, essas

12

pesquisas mesmo quando muito bem implementadas levam a subestimativas da renda

familiar.

A magnitude da subestimativa pode ser avaliada contrastando-se a distribuio de

renda brasileira estimada com base na PNAD-2009 e a estimada com base na Pesquisa de

Oramentos Familiares-2008-09 (ambas realizadas pelo IBGE). Como a tabela abaixo ilustra, se

estamos de acordo com os pontos de corte que definem a classe mdia e seus trs

componentes (baixa, mdia e alta) como sendo os percentis: 34, 51, 68 e 83. Isto , a

classe mdia exclui os 34% mais pobres e os 17% mais ricos e, portanto, formada pelos 48%

intermedirios entre estes dois extremos (do 34 ao 82 percentil) e, alm disso, tem-se que a

baixa classe mdia vai do 34 percentil ao 51 e que a alta classe mdia vai do 68 ao 83

percentil, com a mdia classe mdia cobrindo o intervalo restante entre o 51 e o 68

percentil.

Dada, no entanto, a diferena substancial na qualidade da renda estimada por essas

duas pesquisas, a definio de classe mdia e seus componentes com base em nveis absolutos

de renda seriam completamente distintos como a tabela abaixo indica. Segundo a tabela, em

funo das deficincias na mensurao da renda na PNAD, os limites para a definio da classe

mdia seriam cerca de 60% maiores quando a POF utilizada do que quando se utiliza a PNAD.

Para captarem as mesmas famlias como classe mdia, segundo a PNAD se deveria incluir

como classe mdia todas as famlias com renda acima de R$291 per capita por ms, enquanto

que pela POF a renda mnima para incluso seria a de R$458 per capita por ms.

ClassePonto de corte

inferior (R$/ms), usando a PNAD

Ponto de corte superior (R$/ms),

usando a PNADBaixa

Classe Mdia

291 441

Mdia Classe Mdia

441 641

Alta Classe Mdia

641 1.019

Nota: Valores expressos em R$ de abril de 2012.

Diviso da Classe Mdia usando a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domiclios

13

Por que a Comisso escolheu trabalhar com a Pesquisa Nacional por Amostras

de Domiclios, e no com a Pesquisa de Oramentos Familiares?

Porque a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) realizada anualmente,

enquanto a Pesquisa de Oramentos Familiares realizada a cada 5 anos. Para

acompanharmos os movimentos de expanso (ou contrao) da renda de forma anual,

precisamos de uma base estatstica que seja tambm anual.

ClassePonto de corte

inferior (R$/ms), usando a POF

Ponto de corte superior (R$/ms),

usando a POFBaixa

Classe Mdia

458 675

Mdia Classe Mdia

675 1.032

Alta Classe Mdia

1.032 1.661

Nota: Valores expressos em R$ de abril de 2012.

Diviso da Classe Mdia usando a Pesquisa de Oramentos Familiares