7/25/2019 Perfume Perdido

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Perfume perdido

Cheirava os lenis, a fronha, o pijama... a toalha de banho... tudo possua

aquele cheiro, ou aquele cheiro possua tudo. No sabia. Ainda haviam roupas

amarrotadas penduradas num cabideiro atrs da porta, outras bem passadas dentro do

velho !uarda"roupa. A escova de dente ainda estava #mida e !uardava seu hlito fresco.

$udo o lembrava. A %cara ainda quente, o aroma fresco do caf& rec&m tomado, os

farelos do po sobre a madeira #mida do balco. Acabara de ir trabalhar. ' no se

falavam a dias, a i!norava e isso doa mais do que tudo. (ra como morrer aos poucos,

deva!ar, de um fumo nocivo ou uma bebida maldita. )oa, apenas doa aquela dor de

quem est prestes a morrer.

*echava os lbios, comprimindo"os contra os dentes com fora at& san!rar.

Apertava entre as pernas, sobre o se%o e%posto, contra os seios pequenos as roupas dele,

numa tentativa v de impre!nar em seu corpo frio o cheiro dele, de possuir aquele

cheiro ou ser possuda por ele. No sabia. ' que morria toda ve+ que sentia aquele

perfume de intimidade perdida.

- de janeiro de /0.

1uinta"feira, 2rec3, 4A.