perfil socioeconÔmico dos manipuladores de alimentos … · de conhecimento dos manipuladores a...
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XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, 17 a 21 de outubro.
PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS MANIPULADORES DE
ALIMENTOS DO MERCADO PÚBLICO DE AFOGADOS –
RECIFE/PE
Maycon Lennon Gonçalves Barros
1, Leila Vânia de Almeida Silva
2, Jurandir Alves de Almeida Júnior
3,
Giselle Ramos da Silva4 , Ana Paula Cruz Pereira
5, Adriana Carla de Andrade Araújo
6, Alessandro César
Jacinto da Silva7
________________
1. Primeiro Autor é Médico Veterinário, Discente do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e Bolsista do Programa de Extensão
Universitária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- PE. CEP: 52171030. Email:
2. Segundo Autor é Assistente de Vigilância Sanitária do Distrito Sanitário V – Recife / PE.
3. Terceiro Autor é Gerente Operacional da Vigilância Sanitária do Distrito Sanitário V – Recife / PE.
4. Quarto Autor é discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N,
Dois Irmãos- PE. CEP: 52171030.
5. Quinto Autor é Zootecnista, discente do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom
Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- PE. CEP: 52171030.
6. Sexto Autor é discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N,
Dois Irmãos- PE. CEP: 52171030.
7. Sétimo Autor é Professor Orientador, adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- PE. CEP: 52171030.
Introdução
Atualmente, a qualidade é o componente
fundamental dos alimentos, assim como a segurança é o
componente indispensável da qualidade. Desse modo,
torna-se relevante conhecer as variáveis que podem
afetar tais componentes, dentre as quais as condições
higiênico-sanitárias e o manipulador interferem
diretamente, podendo comprometer tanto a qualidade
quanto a segurança desses alimentos durante as
diferentes fases de elaboração, ainda quando tiverem
sido bem sucedidas as fases de produção,
industrialização e a distribuição dos produtos [1].
A maioria das pessoas envolvidas com a
manipulação de alimentos, nos estabelecimentos
alimentícios, carece de conhecimentos relacionados aos
cuidados higiênico-sanitários, que devem ser seguidos
na elaboração dos produtos, desconhecendo totalmente
a possibilidade de serem portadores assintomáticos de
microrganismos [2].
Cerca de 60% das enfermidades de origem alimentar
são causadas por agentes microbiológicos e sua
contaminação ocorre principalmente nas etapas de
manipulação e preparo dos alimentos, sendo os
manipuladores responsáveis por até 26% dos surtos de
enfermidades causadas por bactérias que podem
contaminar os alimentos. Essas bactérias podem
localizar-se principalmente na boca, nariz, garganta,
mãos e trato intestinal [3]. Como consequências têm-se
práticas inadequadas de higiene e processamento
realizadas por pessoas inabilitadas, podendo provocar a
contaminação dos alimentos [4]. Esse quadro se agrava
ainda mais quando os alimentos são manipulados em
locais inadequados, ou seja, quando não estão de
acordo com a Legislação Sanitária vigente.
Ainda há muita falta de informação por parte de grande
parcela da população e dos próprios manipuladores de
produtos de origem animal, a respeito das boas práticas de
manuseio e armazenamento desses produtos. Diante da
precariedade de conhecimento dos manipuladores e da
observação das más condições de trabalho em
estabelecimentos informais de alimentos de diferentes
localidades, surgiu o objetivo principal deste trabalho que
foi avaliar o perfil socioeconômico de manipuladores de
alimentos do Mercado Público de Afogados e a percepção
dos mesmos a respeito das boas práticas de manipulação,
segurança e higiene alimentar.
Este trabalho foi executado em parceria com a Vigilância
Sanitária do Distrito Sanitário V da Prefeitura da Cidade do
Recife.
Material e métodos
Realizou-se um levantamento do número de boxes
existentes no Mercado Público de Afogados que
comercializam produtos alimentícios manipulados.
Os boxes que, no momento da observação, apresentavam
manipuladores em atividade (manipulando alimentos)
foram quantificados e classificados de acordo com a
atividade exercida.
Após o levantamento quantitativo e qualitativo dos boxes,
os manipuladores foram convidados para participar de
palestras de orientação sobre boas práticas de manipulação,
segurança e higiene alimentar a ser ministradas por
Inspetores Sanitários do Distrito Sanitário V no Auditório
da Policlínica Agamenon Magalhães, localizada no bairro
de Afogados.
A primeira palestra foi realizada no dia 22 de agosto de
2011 e teve a participação de 47 manipuladores. No
momento da chegada destes manipuladores ao auditório,
eram fornecidos aos mesmos materiais informativos e o
XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, 17 a 21 de outubro.
questionário socioeconômico composto por 11
questões dispostas em três blocos principais: 1. Tempo
de atividade dos manipuladores; 2. Grau de
escolaridade dos manipuladores e 3. Estado de saúde e
noções básicas de higiene e segurança alimentar.
Antes da distribuição do questionário, foram
expostos os objetivos da pesquisa, seu caráter optativo,
ou seja, o preenchimento do questionário não era pré-
requisito para o recebimento do certificado da palestra;
sua importância para a saúde pública; bem como, a
confidencialidade dos dados pessoais e dos respectivos
estabelecimentos comerciais.
Os resultados dos questionários foram analisados
através de técnicas de estatística descritivas pela
obtenção da distribuição absoluta e relativa de acordo
com Sampaio [5].
A análise destes dados permitirá identificar o nível
de conhecimento dos manipuladores a respeito de boas
práticas de manipulação de alimentos, higiene e
segurança alimentar.
Estes dados serão utilizados para embasar a
confecção do material educativo (cartilhas auto-
explicativas) que serão entregues posteriormente aos
manipuladores participantes da pesquisa.
Resultados e Discussão
Foram quantificados 75 boxes de alimentos
manipulados, os manipuladores destes boxes foram
convocados para uma Palestra ministrada por
Inspetores Sanitários.
A Palestra contou com a participação de 59
manipuladores (78,6%), destes, 47 (79,7%) se
dispuseram a responder o questionário
socioeconômico, esta porcentagem permite observar o
considerável interesse dos manipuladores em responder
o questionário, já que o mesmo tinha caráter optativo.
Dos 47 manipuladores que responderam o
questionário 23 (48,9%) eram manipuladores de
açougues, 11 (23,4%) manipulavam frios e laticínios, 8
(17%) eram manipuladores de granjas, e 5 (10,6%)
manipulavam pescado.
Analisando proporcionalmente, Quanto ao tempo de
atuação na atividade, foi observado que dois (4,2%)
dos manipuladores trabalhava nesse ramo de atividade
há menos de cinco anos; cinco (10,6%) trabalhavam
como manipuladores de alimentos entre cinco e dez
anos e por fim, 38 (80,8%) dos manipuladores,
trabalhavam nessa atividade há pelo menos dez anos ou
há mais tempo, dois (4,2%) não responderam.
Relativo ao grau de escolaridade dos manipuladores
de produtos cárneos constatou-se que seis (12,7%)
eram analfabetos; 19 (40,4%) declararam que não
estudaram, mas sabiam ler (analfabetos funcionais); 12
(25,5%) alcançaram o ensino fundamental e dez
(21,2%) chegaram a cursar o ensino médio.
Em se tratando do controle de saúde dos
manipuladores, apenas dois (4,2%) deles afirmaram
realizar exames periódicos de saúde ocupacional e 39
(82,9%) informaram que só realizavam consultas ou
exames médicos caso estivessem doentes, ou apresentassem
algum desconforto, mal estar ou similar, seis (12,7%) não
responderam.
Um ponto que chamou atenção na referente pesquisa foi
o fato de apenas cinco (10,6%) dos entrevistados afirmarem
ter capacitação em Boas Práticas de Fabricação (BPF). Os
outros 35 (74,4%) informaram que nunca passaram por
essa capacitação, dois (4,2%) não responderam.
Quando questionados a respeito do seu conhecimento
sobre a existência de microrganismos presentes nos
alimentos, 28 (59,5%) dos manipuladores afirmaram ter
esse conhecimento e 13 (27,6%) afirmaram não saber dessa
possibilidade, seis (12,7%) não responderam.
Quando questionados se tinham conhecimento de que os
alimentos poderiam tornar-se impróprios para o consumo
humano se fossem expostos por tempo indeterminado e/ou
a temperaturas inadequadas, 40 (85,1%) dos entrevistados
afirmaram que conheciam essa informação e os outros sete
(14,8%), não detinham esse conhecimento.
Quando questionados a respeito do significado da
palavra “zoonose” apenas doze (25,5%) dos entrevistados
afirmaram saber do que se tratava e definiram como
“doença transmitida dos animais para o homem”. A
maioria, representada por 32 (68%) dos manipuladores, não
conhecia o significado ou a definição da palavra zoonose,
três (6,3%) não responderam.
Finalmente, quando questionados quanto à sua percepção
em relação à pesquisa e como a classificariam de acordo
com o grau de satisfação perante a mesma, os entrevistados
responderam da seguinte forma: 12(25,5%) classificou a
pesquisa como “boa”; 24 (51,7%) classificaram como
“excelente” e 3 (6,38%) classificaram como ruim, oito
(17%) não responderam.
A partir destes resultados, será feito o levantamento do
material necessário para a elaboração dos materiais
educativos sobre os temas abordados no questionário para
posterior distribuição entre os participantes.
Agradecimentos
A todos os colegas da equipe que ajudaram na realização
deste trabalho, aos Inspetores do Distrito Sanitário V e ao
meu Orientador Alessandro Jacinto pela oportunidade de
realização deste trabalho.
Referências
[1] PANETTA, J. C. Fator de segurança e qualidade dos alimentos.
Higiene Alimentar. v.12, n.57, 1998.
[2] TOSIN, I.; MACHADO, R.A. Ocorrência de Campylobater spp
entre manipuladores de alimentos em cozinhas hospitalares de
localidade urbana da região Sul do Brasil. Revista de Saúde
Pública. v.29, n.6, p.472-77. dez. 1995.
[3] SOUZA, L. H. L. A Manipulação Inadequada dos Alimentos: Fator
de Contaminação. Revista Higiene Alimentar, vol. 20, nº 146, p.
32- 39, 2006.
[4] GERMANO, P.M.L. Treinamento de manipuladores de alimentos:
fator de segurança alimentar e promoção da saúde. São Paulo: