perfil sociodemográfico, ambiental e de saúde da população
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências da Saúde
Perfil sociodemográfico, ambiental e de saúde da população da freguesia do Soito - Sabugal
Experiência Profissionalizante na Vertente de Farmácia Comunitária e Investigação
Raquel Alexandra Fernandes Bento
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Farmacêuticas (Ciclo de Estudos Integrado)
Orientador: Professora Doutora Maria Lurdes Paiva Monteiro Co-orientador: Professor Doutor João Luís Baptista
Co-orientador: Mestre Marta Duarte
Covilhã, fevereiro de 2019
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Dedicatória
Primeiro à minha Mãe, a minha maior força e saudade. Ao meu Avô Necas.
Ao meu Pai, ao meu Irmão, Alexandre, e ao meu namorado, Vasco, por serem o melhor de
mim e pelo apoio incondicional.
iv
v
Agradecimentos
Aos meus Pais e ao meu irmão, Alexandre, por me apoiarem em todas as minhas etapas
e aventuras que até hoje vivi, pelos sacrifícios que fizeram para eu chegar onde cheguei, por
suportarem as minhas ausências, por acreditarem sempre que conseguia. A toda a minha família
que igualmente me apoiou em todo o percurso.
Ao Vasco, a pessoa que encontrei nesta caminhada pela UBI, que se manteve ao meu
lado contra todas as dificuldades. Pelo apoio, pela paciência e amor, por me fazeres feliz todos
os dias, por seres a melhor parte de mim. À sua família, pelo igual apoio e por me acolherem
da melhor forma.
À minha fiel companheira, Beatriz. Por seres das melhores pessoas que este curso me
deu, por seres a melhor amiga, pela irmã que te tornaste, por compreenderes as minhas
ausências, pelo apoio incondicional das minhas decisões, pelos momentos que vivemos nesta
cidade, por esta amizade.
Aos meus amigos e à minha turma, que sempre acreditaram em mim em todos os
momentos.
Aos professores que me permitiram chegar até aqui, que sempre me apoiaram e me
fizeram crescer nesta casa. Um especial agradecimento à Professora Doutora Luiza Granadeiro
por estar sempre disponível e pelo apoio ao longo destes 5 anos.
Ao UBIPharma e às pessoas que aceitaram a sua responsabilidade comigo, por ter
conhecido pessoas fantásticas, por ser o início da minha experiência associativa e por me fazer
crescer.
À AAUBI e à equipa que me acompanhou no ano de 2017, pela aventura, por
acreditarem, por estarem sempre prontos para fazer sempre mais e melhor por todos os alunos
da nossa Universidade. Um agradecimento especial ao Luís Vítor e ao Tiago Lindeza, amigos e
companheiros que me levaram até à Casa Azul, que comigo viveram esta experiência.
A toda a equipa da Farmácia Pedroso, por terem sido o melhor exemplo que podia ter,
por todas as minhas aprendizagens, por todo o incentivo, esclarecimentos e acompanhamento
ao longo do estágio, e por último por me acolherem como parte da equipa.
À Câmara Municipal do Sabugal, pelo apoio a esta investigação. A todos os professores
que fizeram parte dela e que me auxiliaram na sua concretização, Professor Doutor João Luís
Baptista, Professor Doutor Pedro Almeida, Professora Doutora Anabela Almeida e Mestre Marta
Duarte, e também às colegas que iniciaram este projeto.
Por último, mas não menos importante, à minha orientadora, Professora Lurdes
Monteiro, por ter aceitado orientar-me, pelos ensinamentos técnicos e científicos, pela
paciência e tempo dispensado, pelo apoio que me deu neste percurso, por ser uma excelente
profissional e uma excelente pessoa.
vi
vii
Resumo
A presente dissertação apresenta-se como o culminar da formação técnico-científica
durante os 5 anos que constituem o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF).
Neste contexto, a experiência profissionalizante foi constituída por duas vertentes: a
Investigação e a Farmácia Comunitária, estando a presente dissertação divida em dois
capítulos.
O primeiro capítulo corresponde à vertente de Investigação, que consistiu num estudo
do perfil sociodemográfico, ambiental, de saúde e a qualidade de vida da população residente
da freguesia do Soito, pertencente ao concelho do Sabugal, distrito da Guarda. Sendo uma
população envelhecida, o objetivo trabalhado com mais detalhe foi o perfil de saúde e bem-
estar. Este estudo tornou-se importante para a descrição da população estudada, tendo sido os
dados fornecidos e apresentados à Câmara Municipal do Sabugal, com o intuito de poder existir
uma intervenção mais direcionada permitindo um aumento da qualidade de vida da população
residente na freguesia do Soito.
O segundo capítulo é referente à experiência profissionalizante na farmácia
comunitária, realizada na Farmácia Pedroso, na Covilhã sob a orientação do Dr. João Vale.
Neste capítulo é feita uma descrição da minha integração na equipa de excelência da Farmácia
Pedroso, de todas as atividades e responsabilidades inerentes ao farmacêutico, bem como
algumas particularidades alocadas ao enquadramento legal e financeiro desta componente.
Palavras-chave
Saúde; Perfil farmacoterapêutico; Qualidade de vida; População; Comunidade;
Envelhecimento; Região Centro; Farmácia Comunitária; Utente.
viii
ix
Abstract
The present dissertation is the culmination of the technical-scientific formation during
the 5 years that constitute the Integrated Master in Pharmaceutical Sciences (MICF). In this
context, the professional experience was constituted by two strands: Research and Community
Pharmacy, the present dissertation being divided into two chapters.
The first chapter corresponds to the research section, which consisted of a study of the
sociodemographic, environmental, health and quality of life of the resident population of Soito,
belonging to the municipality of Sabugal, Guarda district. Being an aging population, the goal
worked in more detail was the profile of health and well-being. This study became important
for the description of the studied population, and the data provided and presented to the City
Council of Sabugal, with the intention of being able to have a more targeted intervention
allowing an increase in the quality of life of the resident population in the parish of Soito.
The second chapter refers to the professional experience in the community pharmacy,
held at the Pharmacy Pedroso, in Covilhã under the guidance of Dr. João Vale. In this chapter,
a description is made of my inclusion in Pharmacia Pedroso's excellence team, of all activities
and responsibilities inherent to the pharmacist, as well as some particularities allocated to the
legal and financial framework of this component.
Keywords
Health; Pharmacotherapeutic profile; Quality of life; Population; Community; Aging; Central
Region; Community Pharmacy; Patient.
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xi
Índice
Capítulo 1 – Experiência Profissionalizante na Vertente de Investigação 1
1. Introdução 1
2. Perfil Sociodemográfico e Ambiental 3
2.1. Perfil Sociodemográfico e Ambiental em Portugal 3
2.2. Perfil Sociodemográfico e Ambiental na Região Centro 5
2.2.1. Caracterização da Freguesia do Soito 8
3. Perfil de Saúde 9
3.1. Perfil de Saúde em Portugal 9
3.2. Perfil de Saúde na Região Centro 11
4. Objetivos do estudo 14
4.1. Objetivos Gerais 14
4.2. Objetivos Específicos 14
5. Material e Métodos 15
5.1. Tipo de Estudo 15
5.2. Local de realização e população a estudar 15
5.3. Recolha de informação 15
5.4 Recolha dos valores de Pressão Arterial e de Medidas Antropométricas 15
5.5. Variáveis de estudo 16
5.6. Método de análise de dados 16
6. Ética e Confidencialidade 17
7. Resultados 18
7.1. Caracterização da amostra 18
7.2. Caracterização do perfil sociodemográfico e ambiental 19
7.3. Caracterização do perfil de saúde 20
7.3.1. Utilização de fármacos 20
7.3.2. Tratamentos não farmacológicas 21
7.3.3. Condicionantes da saúde e da qualidade de vida 21
7.3.4. Patologias 21
7.3.5. Assistência Domiciliária e Internamentos 24
7.3.6. Parâmetros da saúde 24
7.3.7. Hábitos na vida quotidiana 26
7.4. Caracterização do perfil da qualidade de vida 28
8. Discussão 30
9. Referência bibliográficas 39
Capítulo 2 – Experiência Profissionalizante na Vertente de Farmácia
Comunitária 41
1. Introdução 41
xii
2. Caracterização do Grupo Holon e das suas Farmácias 42
3. Organização da farmácia 43
3.1. Localização geográfica e caracterização dos utentes 43
3.2. Organização do espaço físico da farmácia 44
3.2.1. Espaço exterior 44
3.2.2. Espaço interior 44
3.2.3. Equipamentos e funcionalidades técnicas da farmácia 47
4. Recursos Humanos 48
5. Fontes de informação e documentação científica 50
6. Aprovisionamento e armazenamento 51
6.1. Fornecedores e submissão de encomendas 51
6.2. Receção de encomendas 52
6.3. Receção de encomendas 53
6.4. Armazenamento 53
6.5. Controlo de temperaturas e humidades 54
7. Atendimento e dispensa de medicamentos 55
7.1. Dispensa de receituário 56
7.1.1. Dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes 56
7.1.2. Regimes de comparticipação 57
7.2. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica 58
7.3. Aconselhamento de outros produtos de saúde 59
7.4. Serviços farmacêuticos 61
7.4.1. Serviço de Consulta Farmacêutica 61
7.4.2. Serviço de Preparação Individualizada da Medicação (PIM) 62
7.4.3. Serviço de Administração de Medicamentos Injetáveis 62
7.4.4. Serviço de Check Saúde 63
7.4.5. Serviço de Nutrição 64
7.4.6. Serviço de Pé Diabético 64
7.4.7. Serviço de Podologia 65
7.4.8. Serviço de Dermofarmácia 65
7.4.9. Serviço de Troca de Seringas 65
7.5. Farmacovigilância 66
7.6. Programa Valormed 67
7.7. Cartão de fidelização da farmácia 67
8. Preparação de medicamentos 69
8.1. Medicamentos manipulados 69
8.2. Preparações extemporâneas 70
9. Gestão administrativa da farmácia 71
9.1. Gestão de quebras 71
9.2. Gestão de lotes por faturar e faturação 71
xiii
10. Intervenções na comunidade 73
10.1. Feiras de Saúde 73
10.2. Idas às escolas 75
10.3. Projeto no Centro de Ativ’Idades 75
10.4. PIM no Lar da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã 76
11. Conclusão 78
12. Referências bibliográficas 79
Anexos 81
Anexo 1: Informação para o participante 81
Anexo 2: Consentimento Informado 82
Anexo 3: Inquérito aplicado à população em estudo 83
Anexo 4: Termohigrómetro 98
Anexo 5: Gráfico correspondente ao controlo da temperatura da zona de
atendimento da Farmácia Pedroso 98
Anexo 6: Gráfico correspondente ao controlo da humidade da zona de
atendimento da Farmácia Pedroso 99
Anexo 7: PillPacks para PIM 99
Anexo 8: Ficha de registo do esquema terapêutico do utente para PIM 100
Anexo 9: Formulário de registo de administração de injetáveis. 101
Anexo 10: Cartão de fidelização da Farmácia Pedroso, Holon Covilhã,
Diamantino, Holon Montijo e Holon Costa da Caparica 101
Anexo 11: Sistema FarmacoSmart 102
Anexo 12: Receita de Manipulado de Trimetropim solução oral a 1% 102
Anexo 13: Cartaz das Feiras da Saúde da Farmácia Pedroso, Farmácia Holon
Covilhã e Farmácia Diamantino 103
Anexo 14: Roda dos Alimentos interativa do Projeto Holon ‘’A Escola também
ensina a comer – A roda dos alimentos’’ 103
Anexo 15: Cartazes dos Projetos Holon desenvolvidos no Centro de
Ativ’Idades – Sessão de Dezembro 104
xiv
xv
Lista de Figuras
Figura 1 - População residente, NUTS II, 1991-2080 (estimativas e projeções –
cenário central).
1
Figura 2 - Índice de envelhecimento, NUTS II, 1991-2080 (estimativas e projeções
– cenário central).
2
Figura 3 - Pirâmide etárias, Portugal, 2011, 2016 e 2080 (projeções, cenário
central).
4
Figura 4 - Taxa de crescimento da população residente e suas componentes,
Portugal e NUTS II, 2016.
5
Figura 5 - Índice de envelhecimento, NUTS II, Estimativas e Projeções, cenário
central.
5
Figura 6 - Distribuição percentual da população ativa segundo o nível de
escolaridade completo por NUTS II, 2016.
6
Figura 7 - Alojamentos familiares por principal tipo de aquecimento e por NUTS
II.
7
Figura 8 - Evolução da população residente no Soito, 1981 a 2011 8
Figura 9 - Principais causas de mortalidade em Portugal, no sexo feminino e no
sexo masculino, no ano 2014.
9
Figura 10 - Prevalência entre 2008 e 2016 de baixo peso, excesso de peso e
obesidade da população portuguesa dos 6 aos 8 anos, de acordo com os valores de
referência de IMC da OMS.
10
Figura 11 - Evolução da taxa bruta de mortalidade (/1000 habitantes) (1996-2016). 11
Figura 12 - Percentagem de população residente por tipo de doença crónica na
região centro e no continente, INS 2005/2006.
12
Figura 13 - Mapa da distribuição geográfica das residências da freguesia do Soito. 18
Figura 14 - Mapa de georreferenciação das doenças do aparelho circulatório. 22
Figura 15 - Mapa de georreferenciação das doenças do sistema osteomuscular e
tecido conjuntivo.
22
Figura 16 - Mapa de georreferenciação das doenças endócrinas, nutricionais e
metabólicas.
23
Figura 17 - Mapa de georreferenciação das doenças do sistema geniturinário. 23
xvi
xvii
Lista de Gráficos
Gráfico 1 - Distribuição dos valores de pressão sistólica (mmHg), segundo os
valores de referência, na população em estudo (n=273).
25
Gráfico 2 - Distribuição dos valores de pressão diastólica (mmHg), segundo os
valores de referência, na população em estudo (n=273).
25
Gráfico 3 - Distribuição dos valores do IMC em kg/m2, segundo os valores de
referência, na população em estudo (n=250).
26
xviii
xix
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Descrição dos resultados obtidos, em percentagem, da alimentação por
frequência de consumo.
27
Tabela 2 - Descrição dos valores médios dos scores de qualidade de vida por
géneros.
28
Tabela 3 - Descrição dos valores médios dos scores de qualidade de vida por
intervalos de idades.
29
xx
xxi
Lista de Acrónimos
ANF Associação Nacional das Farmácias
AVC Acidente Vascular Cerebral
AVPP Anos de Vida Potenciais Perdidos
CCF Centro de Conferências de Faturas
CEDIME Centro de Informação sobre Medicamentos da Associação Nacional das Farmácias
CIM Centro de Informação do Medicamento da Ordem dos Farmacêuticos
CIMI Centro de Informação do Medicamento e dos Produtos de Saúde
CTT Correios de Portugal, S.A.
DGS Direção Geral de Saúde
DL Decreto de Lei
FEFO First-Expire, First-Out
HDL High Density Lipoproteins
IBP Inibidores da Bomba de Protões
IMC Índice de Massa Corporal
INE INEM
Instituto Nacional de Estatística Instituto Nacional de Emergência Médica
Infarmed Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P.
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado
LDL Low Density Lipoproteins
MICF Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
MUV Medicamentos de Uso Veterinário
MSRM Medicamentos sujeitos a receita médica
MNSRM Medicamentos não sujeitos a receita médica
NUTS Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos
OMS Organização Mundial de Saúde
PIM Preparação Individualizada da Medicação
PSA Antigénio Prostático Específico
PVP Preço de Venda ao Público
RAM Reação Adversa ao Medicamento
RCM Resumo das Características do Medicamento
RRL Relação Resumo de Lotes
SNS Serviço Nacional de Saúde
UE União Europeia
URF Unidade Regional de Farmacovigilância
VIL Verbete de Identificação de Lote
xxii
1
Capítulo 1 – Experiência
Profissionalizante na Vertente de
Investigação
1. Introdução
Segundo estudos do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal tem sofrido perdas
consecutivas de população, prevendo-se a estabilização dos números em 2080. As estimativas
indicam que a população portuguesa diminuirá de 10,3 milhões para 7,5 milhões de residentes
no ano de 2080, sendo a redução mais marcada nas regiões norte e centro de Portugal, tal como
se verifica na figura 1, onde se pode ver a evolução do número de habitantes por cada região
de Portugal. Estima-se também uma diminuição da população jovem residente em Portugal de
1,5 milhões em 2015 para 1 milhão em 2080, e um aumento da população idosa com mais de
65 anos de 2,1 para 2,8 milhões de pessoas, entre 2015 e 2080 (1).
Figura 1 - População residente, NUTS II, 1991-2080 (estimativas e projeções – cenário central) (1).
O índice de envelhecimento em Portugal tem aumentado cada vez mais, sendo visível
a evolução ao longo das últimas duas décadas e também das projeções até 2080 na figura 2,
sendo as regiões mais afetadas o Norte e o Centro de Portugal. A freguesia do Soito pertence
ao concelho do Sabugal, distrito da Guarda, situada geograficamente na região das Beiras e
Serra da Estrela (Região Centro de Portugal) (2). Segundo INE a freguesia tem uma população
residente total 1159 pessoas, sendo 577 do sexo feminino e 647 do sexo masculino. É uma região
2
que tem sofrido grandes baixas de população ao longo dos anos, sendo a população idosa com
mais de 65 anos de 526 014 indivíduos em 2015, representando 23,3% da população total da
região Centro (1,3)
Figura 2 - Índice de envelhecimento, NUTS II, 1991-2080 (estimativas e projeções – cenário central) (1)
O envelhecimento da população é um fenómeno global e não apenas nacional, que
acarreta consigo consequências para os países e seus governos, nomeadamente aos níveis da
saúde e económico (4). Em Portugal, 2015, representava 20,3% da população, face aos 18,9%
na União Europeia, e o estado de saúde em Portugal melhorou ao longo da última década, tendo
a esperança média de vida ultrapassado a média da União Europeia. As doenças
cardiovasculares e os tumores são os principais fatores que mais contribuem para a mortalidade
portuguesa, tendo a mesma vindo a diminuir, sendo as doenças crónicas as principais causas de
saúde precária no país, havendo uma tendência para o seu aumento (5).
As despesas com a saúde em Portugal diminuíram de 9,8% para 9% do PIB em 2015, em
contraste com a média da UE de 9,9%. O rácio enfermeiros/médicos é baixo para o panorama
nacional em que vivemos, sendo o número médio de médicos 4,6 e o número médio de
enfermeiros 6,3, ambos por 1000 habitantes. Os serviços de saúde são assegurados por um misto
de prestadores públicos e privados, existindo grandes disparidades geográficas na prestação dos
serviços. Estes factos tornam-se uma entrave às tentativas para a melhoria dos cuidados de
saúde primários portugueses, no entanto o Governo Português continua a implementar
estratégias a fim de melhorar o Serviço Nacional de Saúde, com a consciência do panorama
sociodemográfico nacional (5).
3
2. Perfil Sociodemográfico e Ambiental
2.1. Perfil Sociodemográfico e Ambiental em Portugal
Segundo a OMS, a nível mundial a maioria das pessoas têm uma esperança média de
vida acima dos 60 anos de idade, e conjuntamente com a diminuição das taxas de natalidade o
fenómeno do envelhecimento populacional torna-se uma questão global (6).
Em Portugal a esperança média de vida à nascença foi de 80,78 anos entre os anos 2015 e 2017,
sendo mais elevada nas mulheres (83,33 anos) do que nos homens (77,61 anos). Também no
ano de 2017 Portugal ocupava o 3º lugar nos países da UE relativamente ao índice de
envelhecimento, sendo de 148,7 % em Portugal e 123,9% na EU (7,8).
Existe uma tendência de decréscimo na população que se deve a: (1) saldo negativo
natural e (2) saldo negativo migratório, tendo o primeiro maior peso para esta diminuição de
população residente (9). Segundo as estimativas do INE, a população em Portugal no primeiro
trimestre de 2018 era de 10 270 800 indivíduos, existindo 1,1 vezes mais indivíduos do sexo
feminino do que do sexo masculino. Entre o ano de 2015 e 2016 foi registada uma taxa de
crescimento efetivo negativa de -0,31%, representando uma diminuição de 31 757 habitantes
no espaço de um ano. Estima-se que as taxas de crescimento se mantenham negativas nos
próximos anos (9,10). Consequentemente assistimos a um envelhecimento populacional,
ocorrendo um aumento na população idosa e a uma diminuição na população jovem. Em 2016
a população jovem1 residente em Portugal atingiu os 14%, e a população idosa2 os 21,1%, sendo
a queda da natalidade, o aumento da longevidade e, e os saldos migratórios negativos os
grandes motivos para estes valores (9).
Segundo as projeções do INE, em 2080 o número de idosos será de 2,8 milhões, e o
número de jovens de 0,9 milhões, ficando a população total residente pelos 7,5 milhões de
pessoas. Prevê-se também que o fenómeno do envelhecimento estabilize daqui a cerca de 40
anos, perto do ano 2060 (1).
Todos estes factos estão refletidos na pirâmide etária representada na figura 3, sendo
a sua base cada vez mais estreita e o seu topo cada vez mais largo, em que a média de idade
em 2017 de 44,4 anos, estimando-se que este fenómeno se acentue com o passar dos anos
(9,11).
1 Entende-se por população jovem os indivíduos com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos. 2 Entende-se por população idosa os indivíduos com idades superiores ou iguais a 65 anos.
4
Figura 3 – Pirâmide etária, Portugal, 2011, 2016 e 2080 (projeções, cenário central) (9).
No primeiro trimestre do ano de 2018 a população ativa estimada era de 5 216 800
pessoas, estando empregadas 4 806 700 pessoas com uma taxa de desemprego de 7,9%. Em
2080 estima-se que a população ativa diminua cerca 1,3 vezes em relação a 2017. Dos
empregados, a maioria exerce funções no setor terciário, sendo as funções mais desempenhadas
as profissões que envolvem atividades intelectuais e científicas, seguidas dos trabalhos de
serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores, e em terceiro os trabalhos
qualificados da indústria, construção e artífices. Dentro da população inativa 1 753 900 são
reformados (1,12–14).
Segundo os Censos de 2011 (INE), na população total portuguesa existem 499 936
indivíduos analfabetos, sendo a percentagem de mulheres superior à dos homens, existindo em
2017 7,3% de indivíduos sem escolaridade. No ano de 2016/2017 a taxa real de escolarização
era de 95,3% no 1º ciclo, 87,2% no 2º ciclo, 87,7% no 3º ciclo e 77,6% no ensino secundário.
Segundo o INE, no ano de 2017, 24% da população portuguesa com idades entre os 25 e os 64
anos tinha frequentado e concluído o ensino superior (15–18).
Ainda de acordo com os Censos 2011, 40,5% dos indivíduos são solteiros, 46,6% casados,
7,3% viúvos e 5,6% divorciados (19).
Relativamente à habitação dos portugueses, ela caracteriza-se pelos seguintes pontos:
O tipo de construção, segundo os Censos 2011, é maioritariamente baseada no
betão armado e em paredes de alvenaria, e 7,77% alicerçada na pedra;
Em média, cada habitação tem em 4,98 divisões (20,21).
Relativamente ao saneamento e abastecimento de água, em 2016 96,2% dos
alojamentos no continente tinham abastecimento de água, e 83% das
habitações são servidos por sistemas públicos de recolha e tratamento de
resíduos urbanos (22,23).
Por último, o aquecimento das habitações, 53% utiliza a eletricidade como
fonte de aquecimento, seguindo-se da madeira, carvão ou outros combustíveis
sólidos (34%) e o gás (9%)(24).
5
2.2. Perfil Sociodemográfico e Ambiental na Região Centro
Na região Centro de Portugal, o fenómeno do envelhecimento e da queda demográfica
é mais acentuada, e deve-se maioritariamente à componente natural como se pode verificar
na figura 4, sendo a componente migratória mínima.
Figura 4 – Taxa de crescimento da população residente e suas componentes, Portugal e NUTS II, 2016
(25).
A esperança média de vida é de 80,89 anos à nascença, e segundo o INE, estima-se que
em 2080 o índice de envelhecimento na região centro seja de 35%, prevendo-se que o número
de idosos seja cerca de 350 por cada 100 jovens, seguindo as tendências nacionais como se
verifica na figura 5 (1,25).
Figura 5 – Índice de envelhecimento, NUTS II, Estimativas e Projeções, cenário central (1).
6
Na região centro de Portugal estima-se que em 2080 residam 1 567 229 pessoas, cerca
de 1,4 vezes menos que o valor registado no ano de 2015; a população idosa, em 2080, atingirá
os cerca de 40% da população residente, e a população jovem cerca de 11%.
No que que diz respeito à população ativa na região centro de Portugal, ou seja, entre
os 15 e os 65 anos, estima-se que em 2080 seja cerca de metade dos valores existentes no ano
de 2015, de 6,7 milhões para 3,8 milhões de indivíduos. Entre esta população ativa no Centro,
em 2016, 3% não tinha qualquer instrução ou habilitações literárias, 49% possuía o ensino básico,
sendo o valor de 24% igual para o ensino secundário e superior, podendo-se verificar na figura
6 que os valores são similares nas restantes regiões de Portugal (12). Estimou-se também que,
em 2016, 34% da população do interior era reformada (1,12,26).
Figura 6 – Distribuição percentual da população ativa segundo o nível de escolaridade completo por NUTS
II, 2016 (12).
No ano de 2016, na região centro, foi registada uma taxa bruta de nupcialidade de 3,0%,
sendo a segunda região com a taxa mais baixa de casamentos. Foi registado também que a
média de idades aquando o casamento é de 32,5 anos no sexo masculino e de 31,0 anos no sexo
feminino, sendo assim considerada a terceira região de Portugal onde se casa mais cedo (12).
De acordo com os Censos de 2011, na região do interior de Portugal estimou-se que 92%
das casas são construídas com betão armado e paredes de alvenaria e 6,8% são alicerçadas em
pedra(21). Segundo o INE, a região centro em 2016 foi a terceira região de Portugal com maior
percentagem de alojamentos servidos por abastecimento de água (97,9%). Foi igualmente
estimado que 98,7% da água para consumo humano na região é controlada e considerada segura
(23,27).
Ao nível do aquecimento, a distribuição dos tipos de aquecimento encontra-se
demonstrada na figura 7, destacando a região centro onde as lareiras abertas predominam como
preferência para aquecimento, seguindo-se os aparelhos móveis como por exemplo os
radiadores (24).
7
Figura 7 – Alojamentos familiares por principal tipo de aquecimento e por NUTS II (24)
8
2.2.1. Caracterização da Freguesia do Soito
A freguesia do Soito pertence ao concelho do Sabugal, distrito da Guarda, com uma
área geográfica de 30,28 km3 e uma densidade populacional de 40,3 habitantes/km2.
Segundo os Censos 2011, a população residente na freguesia do Soito era de 1224
habitantes, sendo 577 homens e 667 mulheres. A evolução da população residente no Soito
pode-se verificar na figura 8, notando-se um decréscimo a partir de 1995, devendo-se este
facto à forte emigração e migração dos mais jovens, sendo visível pelo aumento da população
idosa e a diminuição da população jovem.
Figura 8 – Evolução da população residente no Soito, 1981 a 2011.
Ainda com base nos Censos, de 2001 e 2011, registou-se em 2001 que a população jovem
representava cerca de 15% da população total da freguesia, e a população idosa cerca de um
quarto da população total. Já em 2011, o grupo etário mais jovem diminuiu para menos de 10%,
e a faixa etária mais idosa aumentou para 32,19% da população. Relativamente à população
ativa, não se registaram grandes alterações entre esta janela temporal.
Quanto ao género, em 2011 as mulheres representavam 52,86% da população residente,
e os homens 47,14%.
9
3. Perfil de Saúde
3.1. Perfil de Saúde em Portugal
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um estado completo de bem-
estar físico, mental e social, esta tem vindo a melhorar consideravelmente ao longo dos anos,
quer a nível mundial como nacional. Em Portugal a esperança média de vida tem aumentado
cada vez mais, quer à nascença quer ou aos 65 anos, atingindo em 2015 os 81,3 anos, quando
em 2000 registou-se que era de 76,8 anos. Muito se deve aos avanços e às melhorias na área da
saúde, bem como a uma maior aposta nas medidas e ações preventivas. No entanto, têm surgido
novos paradigmas de doenças, existindo um aumento cada vez maior de doenças crónicas,
sendo percetível que a maioria destes problemas atuais se devem ao estilo de vida sedentário
da população, estando esta exposta a mais fatores de risco (5,26,28,29).
Na origem da maioria das doenças do século XXI estão fatores de risco modificáveis
e/ou evitáveis como o tabagismo, o sedentarismo, a má alimentação, entre outros, estando a
comunidade portuguesa a desperdiçar 41% do total de anos de vida saudável por morte
prematura, o que indica que o primeiro objetivo e prioridade é a prevenção e a
consciencialização da comunidade. As classes sociais mais baixas estão mais expostas aos
fatores de risco, sendo os indivíduos desempregados com maior taxa casos de hipertensão
arterial, diabetes e obesidade (29).
As doenças crónicas são responsáveis por 80% das mortes na UE, estando as principais
causas de morte, e as respetivas percentagens, em Portugal na imagem 9. Destacam-se as
doenças cardiovasculares como a principal causa de mortalidade no sexo feminino e as
neoplasias no sexo masculino (5,29).
Figura 9 – Principais causas de mortalidade em Portugal, no sexo feminino e no sexo masculino, no ano
2014 (5).
10
A diabetes e a hipertensão são as principais doenças que levam ao desencadeamento
de Acidentes Vasculares Cerebrais e Doenças Cardíacas, sendo as principais causas de morte
em Portugal. Portugal é um dos países da UE com mais casos conhecidos de hipertensão arterial,
afetando cerca de 36% da população entre os 25 e os 74 anos. Em relação à diabetes apenas
10% da população em Portugal é afetada, havendo maior incidência nos homens e em idades
mais avançadas. O colesterol total também tem um grande contributo para as causas de morte
referidas, em que mais de metade dos portugueses (63,3%) apresenta níveis elevados. (5,29).
Relativamente ao excesso de peso e obesidade, os valores nas idades infantis têm vindo
a decrescer desde 2008, como mostra a figura10: na obesidade a queda entre 2008 e 2016 foi
de 3,6%, e no excesso de peso 7,2% (29).
Figura 10 – Prevalência entre 2008 e 2016 de baixo peso, excesso de peso e obesidade da população
portuguesa dos 6 aos 8 anos, de acordo com os valores de referência de IMC da OMS.
Relativamente ao consumo de álcool e de tabaco, as taxas têm vindo a diminuir ao
longo do século XXI. Em 2014 foi registado que mais de metade da população (58%) nunca tinha
fumado, 20% fumavam com regularidade e 22% foram considerados ex-fumadores. Entre os
fumadores existia uma maior percentagem de homens do que mulheres, 28,3% e 16,4%
respetivamente. No consumo de álcool registou-se em 2016/2017 uma prevalência de 16,7%,
tendo ocorrido um decréscimo de cerca de 6% entre o ano de 2012 e o ano de 2016/2017 por
parte do sexo masculino, e um aumento na mesma percentagem no sexo feminino (5,29)
No que diz respeito à saúde mental, a taxa de mortalidade em 2016 deve-se
maioritariamente a casos de suicídio (3,1%), e o número de pessoas que são consideradas
incapacitadas devido a doenças mentais têm aumentado cada vez mais ao longo dos anos, tendo
sido registado no ano de 2016 que pelo menos um em cada cinco portugueses já teve ou tinha
uma doença psiquiátrica (29).
Em Portugal vive-se mais tempo, mas vive-se com mais comorbilidades, nomeadamente
nos últimos anos de vida; as principais doenças responsáveis pela morbilidade portuguesa, são
as doenças musculoesqueléticas, a depressão, as enxaquecas e as doenças de pele como acne,
a dermatite e a psoríase (5,29).
11
3.2. Perfil de Saúde na Região Centro
Na Região de Saúde do Centro reside cerca de 17% da população portuguesa,
apresentando o interior uma menor densidade populacional em relação ao litoral, e o segundo
índice de envelhecimento mais elevado de Portugal Continental. Acompanhando esta tendência
está também o índice de dependência de idosos.
As doenças que afetam o sistema circulatório são as grandes responsáveis pela
mortalidade em indivíduos acima dos 75 anos de idade, e as neoplasias na população com idades
inferiores a 75 anos; sendo as doenças respiratórias e as doenças do sistema digestivo muito
prevalentes na região. Nesta região regista-se uma maior taxa de mortalidade do que no
restante país, no entanto a mesma mantém-se estável ao longo dos anos como está refletido
na figura 11.
Figura 11 – Evolução da taxa bruta de mortalidade (/1000 habitantes) (1996-2016) (30).
Relativamente às doenças crónicas com maior incidência na região centro, as
percentagens encontram-se representadas na figura 12.
A diabetes e a hipertensão arterial, afetam maioritariamente a população com mais de
55 anos, registando-se na diabetes, uma maior incidência no sexo masculino, e na hipertensão
no sexo feminino, tal como a depressão e a osteoporose.
Em relação ao excesso de peso e obesidade, em 2006, registou-se que cerca de 50% da
população tinha excesso de peso ou obesidade. O sexo masculino era mais afetado pelo excesso
de peso, cerca de 40% da população da zona centro, no entanto a obesidade era mais prevalente
nas mulheres, afetando 10% da população total feminina. O excesso de peso é mais visível entre
os 55 e os 64 anos e a obesidade entre os 65 e os 74 de idade.
12
Figura 12 – Percentagem de população residente por tipo de doença crónica na região centro e no
continente, INS 2005/2006 (30).
Quanto aos hábitos de vida na região centro de Portugal, registou-se no ano de 2006
que a percentagem de indivíduos que nunca fumaram (70,7%) diminuiu face ao ano de 1999
(71,4%); os ex-fumadores aumentando o número de 12,1% para 13,1% entre o ano de 1999 e
2006. A taxa de fumadores não sofreu alterações significativas, mantendo-se a prevalência na
região centro nos 16%. No consumo de bebidas alcoólicas, no ano de 2006, registaram-se taxas
de consumo superiores no sexo masculino, 66,0% contra 51,8% do sexo feminino. As bebidas
mais consumidas são o vinho e a cerveja, registando-se que, durante o ano de 2006, 88,4% dos
homens e 37,5% das mulheres beberam vinho, e 76,2% dos homens e 42,8% das mulheres
beberam cerveja.
As maiores causas de anos de vida potenciais perdidos (AVPP) na região centro de
Portugal são as neoplasias, as causas externas (quedas, acidentes de viação, entre outros) e as
doenças que afetam o sistema circulatório, com incidência idêntica nos dois sexos (30).
Estudos globais e mais aprofundados, das regiões, que englobem os três eixos
Homem/Saúde/Ambiente, permitem avaliar as populações de modo a elaborar estratégias que
possam promover melhorias no seu bem-estar e qualidade de vida. Este estudo piloto pretende
avaliar o perfil sociodemográfico geral e o perfil de saúde específico (perfil
farmacoterapêutico, patologias, entre outros) da população estudada. Os dados recolhidos
foram acompanhados de um levantamento georreferenciado das vias de comunicação,
habitações e serviços que permitiram auxiliar a recolha através quer de suporte em papel quer
de equipamentos móveis e que permitam localizar os locais de residência, retificar incorreções
em endereços, ou mesmo confusão com toponímias alteradas. Foi também possível monitorizar
o andamento dos trabalhos de recolha de dados através de uma atualização dos dados num
sistema de informação geográfica e que posteriormente permitiu reconhecer padrões de
13
população. Estes dados georreferenciados poderão ser utilizados ainda para definir parâmetros
com dependência geográfica entre dados de saúde e do meio. É assim possível a representação
em forma de cartografia temática que torna a interpretação de resultados mais intuitiva e que
permite o cruzamento de informação de uma forma simples e graficamente apelativa.
14
4. Objetivos do Estudo
4.1. Objetivos gerais
O principal objetivo do presente estudo é a descrição do perfil de saúde da população
da Freguesia do Soito, pertencente ao concelho do Sabugal.
4.2. Objetivos específicos
Os objetivos específicos englobam:
A descrição do perfil sociodemográfico da população;
A descrição do perfil ambiental da população;
A descrição do perfil de saúde e bem-estar geral e específico da população
A descrição da qualidade de vida da população;
Georreferenciação dos perfis de doença com maiores taxas de incidência na população
e explorar relações possivelmente existentes.
15
5. Material e Métodos
5.1. Tipo de estudo
Estudo do tipo observacional descritivo transversal.
5.2. Local de realização e população a estudar
O estudo foi efetuado na freguesia do Soito, pertencente ao concelho do Sabugal,
distrito da Guarda.
A população alvo foi toda a população com residência fixa, quer institucionalizada e
não institucionalizada, que aceitou voluntariamente participar no estudo.
5.3. Recolha de informação
A informação foi recolhida mediante a realização de inquéritos aplicados aos residentes
do Soito, casa a casa, sempre com o acompanhamento de um elemento da Câmara do Sabugal
que residia no Soito. A todos os que aceitaram participar, foi solicitada a assinatura do
consentimento informado.
Com os inquéritos foi recolhida a informação relativamente a:
Dados sociodemográficos;
Dados clínicos;
Dados referentes à aplicação de escalas na Qualidade de Vida, como o Modelo de
Medição SF-36®.
5.4. Recolha dos valores de Pressão Arterial e de Medidas
Antropométricas
Os valores de Pressão Arterial e Medidas Antropométricas obtidos foram recolhidos de
todos os participantes do estudo que autorizaram a sua medição, e foram medidos os seguintes
parâmetros:
Pressão Arterial Sistólica (mmHg);
16
Pressão Arterial Diastólica (mmHg);
Peso (Kg);
Altura (m);
Perímetro Abdominal (cm).
Na medição da Pressão Arterial foi usado um tensiómetro eletrónico de braço. A cada
participante, devidamente sentado e em repouso, foi medida e registada a Pressão Arterial
Sistólica e Diastólica.
Para a medição das medidas antropométricas, foi utlizada uma fita métrica para a
medição do perímetro abdominal, um estadiómetro para a medição de altura, e uma balança
digital para a medição do peso.
5.5 Variáveis de estudo
Foram estudadas as variáveis sociodemográficas, geográficas, clínicas e de qualidade
de vida.
5.6. Método de análise de dados
A análise de dados foi realizada com recurso aos softwares Microsoft Office Excel 2016
e o EpiInfoTM versão 7.
Foi efetuado uma análise descritiva através do cálculo de frequências, médias, desvios-
padrão, valores mínimos e máximos, e também uma análise bivariada dos dados através do
teste t de Student (t), análise de variância (ANOVA) e o teste de Qui-quadrado.
17
6. Ética e Confidencialidade
A toda a população contactada, foi devidamente explicado o tema e o âmbito de toda
a investigação. Aos residentes que aceitaram participar voluntariamente no estudo, foi obtido
o consentimento informado por escrito.
Por motivos deontológicos e éticos foi garantida a total confidencialidade dos dados de
carácter pessoal dos indivíduos participantes, tendo sido igualmente respeitado o anonimato
através da atribuição de um código numérico a cada questionário antes de se iniciar o
preenchimento do mesmo, não permitindo assim a identificação de qualquer indivíduo ou
instituição abordada através da base de dados.
18
7. Resultados
7.1. Caracterização da amostra
Dos 383 residentes fixos da freguesia do Soito abordados, 287 aceitaram participar
voluntariamente no estudo, 80 (20,9%) recusaram participar e 16 (4,2%) foram não responsivos.
De entre os 287 participantes 109 encontram-se institucionalizados (38,0%).
A figura 13 representa a distribuição geográfica relativamente às residências e aos seus
habitantes da freguesia do Soito, onde se pode visualizar que a maioria das casas estava
inabitada ou fechada (918), e que existem duas instituições, um lar com 40 habitantes, e outro
com 90 habitantes.
Figura 13 – Mapa da distribuição geográfica das residências da freguesia do Soito.
19
7.2. Caracterização do perfil sociodemográfico e ambiental
Dos 287 participante, 191 (66,5%) são do sexo feminino e 95 (33,1%) do sexo masculino.
A média de idades da população em estudo (n=284) é de 61,9 anos (±21,7), com um mínimo de
22 meses e um máximo de 99 anos, em que 206 (72,5%) têm idade superior a 50 anos e 78
(27,5%) idade inferior a 50 anos.
Cerca de metade (48,2%) da população estudada (n=280) é casada ou está em união de
facto, 24,3% é viúva, 23,6% é solteira e 3,9% é divorciada.
No que se refere às habilitações literárias (n=272) 43,0% frequentou o primeiro ciclo,
19,8% o terceiro ciclo, 13,0% frequentou o segundo ciclo e 8,1% frequentou o ensino superior.
A restante população considera-se analfabeta (15,4%).
Na vida profissional (n=275) a maioria da população exerce trabalhos agrícolas e/ou de
construção civil (34,1%), 17,1 % atividades domésticas, 16,4% atividades industriais. Metade da
população (n=250) está reformada (50%).
A nível da habitação (n=287) 21,3% vive com mais uma pessoa em casa, 18,5% partilham
a sua casa com mais duas pessoas e 13,6% da população estudada vive sozinha. Relativamente
à construção (n=284) 77,1% das casas são alicerçadas em bloco, 13,7% tem uma construção
mista entre bloco e pedra e 9,2% é feita de pedra. Os telhados (n=277) são maioritariamente
construídos por telhas (98,6%) e 1,4% por lusalite. No interior das habitações (n=239) 36,4% tem
entre 6 a 10 divisões e 33,1% tem até 5 divisões. Em relação às casas de banho (n=239) 67,8%
das casas têm até 3 e 4,6% tem entre 4 a 7.
No abastecimento de água (n=284), mais de metade das habitações (59,5%), num total
de 284, são abastecidas pela rede pública, 31,0% é abastecida por furos e 9,5% divide o
abastecimento entre a rede pública, furos e poços. No que diz respeito ao saneamento (n=284)
81,7% casas usufruem do serviço de rede pública e 18,3% utilizam fossas.
A maioria das casas avaliadas (n=281), 66,2% utiliza aquecimento central e 33,8% utiliza
aquecimentos elétricos, a óleo ou a fogo.
Relativamente ao uso de tóxicos (pesticidas, herbicidas, inseticidas e adubos) (n=258)
71,3% dizem não utilizar com regularidade qualquer tipo de tóxico e 28,7% afirma utilizá-los
com regularidade.
No que diz respeito à posse de animais (n=284), a maioria dos inquiridos não tem
qualquer animal domésticos (68,7%), 16,5% possui animais domésticos, 10,9% têm aves e
animais domésticos e 3,9% possui apenas aves.
20
7.3. Caracterização do perfil de saúde
7.3.1. Utilização de fármacos
Da população estudada (n=277) 77,3% utiliza pelos menos um fármaco diariamente e
22,7% não toma nenhum fármaco diariamente. Entre os indivíduos que não utiliza medicação
(n=63) 55,5% tem idade inferior a 50 anos e 44,4% tem mais de 50 anos.
Segundo a classificação do Infarmed, referente aos grupos farmacoterapêuticos, o mais
utilizado pelos inquiridos (n=218) é do Aparelho Cardiovascular e Sangue (75,2%), seguindo-se
o Sistema Nervoso Central (56,4%), as Hormonas e medicamentos usados no tratamento de
Doenças Endócrinas (35,8%) e Aparelho Digestivo (29,8%).
Entre o grupo farmacoterapêutico do Aparelho Cardiovascular, a classe mais utilizada
são os Anti-Hipertensores (66,5%), seguindo-se os Antiarrítmicos, Anticoagulantes,
Cardiotónicos e Vasodilatadores (61,6%) e por fim os Antidislipidémicos (47,6%). Foi registado
que 20,1% dos inquiridos que usam medicamentos para o Aparelho Cardiovascular, utilizam
simultaneamente as três classes supramencionada.
No grupo do Sistema Nervoso Central, registou-se que 80,5% dos fármacos são
psicofármacos e 16,3% são antiepiléticos e anticonvulsivantes. Entre as subclasses dos
psicofármacos obtiveram-se os seguintes resultados:
Ansiolíticos, sedativos e hipnóticos – 61,0%
Antipsicóticos – 29,3%
Antidepressivos – 21,1%
Dentro das Hormonas e medicamentos usados no tratamento de Doenças Endócrinas
temos as Insulinas e Antidiabéticos (56,4%), seguindo-se as Hormonas Sexuais (26,9%) e as
Hormonas da Tiroide e Antitiroideus (19,2%).
Relativamente ao grupo farmacoterapêutico do Sistema digestivo, registou-se que
80,0% dos fármacos consumidos pelos inquiridos são Inibidores da Bomba de Protões (IBP), e
15,4% Protetores da Mucosa Gástrica. Foi registado que 10,8% dos inquiridos consome os dois
subgrupos de fármacos mencionados.
Os grupos farmacoterapêuticos menos usados são os Anti-infeciosos (0,5%), registando-
se apenas um inquirido que utilizava Ciprofloxacina, as Afeções cutâneas (1,4%), os
Antineoplásicos e Imunomoduladores (2,8%) e os Antialérgicos (3,2%).
21
7.3.2. Tratamentos não farmacológicos
Uma pequena percentagem da população (n=274) admitiu recorrer a tratamentos não
farmacológicos (8,8%), onde o tratamento mais comum é a fisioterapia (45,8%). Esta é realizada
maioritariamente (n=41) em instituições privadas (75,6%), 19,5% em instituições públicas e 4,9%
dos inquiridos já recorreu aos dois tipos de locais.
7.3.3. Condicionantes da saúde e da qualidade de vida
Os condicionantes da saúde e da qualidade de vida avaliados foram a audição, a visão,
a dentição e a mobilidade.
Ao nível da audição (n=278), 54,0% da população não refere ter qualquer dificuldade
em ouvir e 46,0% diz ter alguma dificuldade.
Na visão (n=269), a maioria dos inquiridos assumiu que vê bem e sem dificuldades
(76,6%) e 23,4% diz ter algumas dificuldades.
Relativamente à dentição (n=266) 57,5% não utiliza placa dentária e 42,5% utilizam,
6,0% (n=250) têm pelo menos um implante, e 28,7% (n=247) têm pelo menos um dente
chumbado.
A nível motor, dos 269 que responderam, 34,6% consideram que têm alguma dificuldade
em andar, e 30,0% desequilibra-se frequentemente (n=230).
7.3.4. Patologias
As patologias mais comuns na população em estudo (n=256), são as doenças endócrinas,
nutricionais e metabólicas (37,1%), as doenças do aparelho circulatório (34,8%), as doenças do
sistema osteomuscular e tecido conjuntivo (36,3%) e as doenças do sistema geniturinário
juntamente com gravidez, parto e puerpério (30,5%).
Relativamente às patologias dos antecedentes familiares dos inquiridos (n= 182) as mais
frequentes são as doenças do sistema circulatório (44,3%), as neoplasias (43,2%) e as doenças
endócrinas, nutricionais e metabólicas (38,4%). Respetivamente aos graus de parentescos3 o
mais mencionado é o de 1º grau (80,8%).
3 Considerou-se que os pais e os irmãos pertenceriam ao 1º grau de parentesco, e os restantes familiares como avós, tios e primos, pertenceriam ao 2º grau de parentesco.
22
Aplicando a georreferenciação às patologias mais comuns obtiveram-se 4 mapas, onde
se verifica que as patologias acima referidas se concentram em dois pontos, que correspondem
às duas instituições existentes na freguesia do Soito.
A tendência de distribuição das patologias mais comuns descrita na população estudada
na freguesia do Soito encontra-se mapeada da figura 14 à figura 17.
Figura 14 – Mapa de georreferenciação das doenças do aparelho circulatório.
Figura 15 – Mapa de georreferenciação das doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo.
23
Figura 16 - Mapa de georreferenciação das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas.
Figura 17 – Mapa de georreferenciação das doenças do sistema geniturinário.
24
7.3.5. Assistência Domiciliária e Internamentos
Na assistência domiciliária dos 178 inquiridos que não se encontram institucionalizados,
a sua maioria não recorre (93,3%) a qualquer tipo de assistência domiciliária e 6,7% tem ou já
teve algum tipo de assistência domiciliária. Deve-se ter em conta que estes indivíduos têm
idades superiores a 50 anos.
Dos que referem recorrer à assistência (n=12) a maioria diz que a mesma é feita por
lares da localidade (41,6%), seguindo-se os familiares (25,0%), e por último o INEM (16,7%).
Relativamente aos internamentos hospitalares (n=279), 89,6% nunca esteve internado
e 10,4% já esteve, sendo que 48,3% dos indivíduos que já foram internados estão atualmente
institucionalizados. Referem como principal motivo de internamento (n=27) as cirurgias
(37,0%).
7.3.6. Parâmetros de saúde
Os parâmetros de saúde que foram avaliados são a falta de ar, a existência de diabetes
na população inquirida e nos seus antecedentes familiares, a pressão sistólica e diastólica e por
último as medidas antropométricas (peso, altura e perímetro abdominal).
Dos parâmetros avaliados a maioria da população inquerida (n=275) refere não sofrer
de falta de ar (87,6%) e 12,4% afirma que sofre.
Relativamente à Diabetes, quando questionada a população em estudo (n=247), na sua
maioria (80,2%) diz que não tem a doença e 19,8% afirma que sim; verificando-se que nos
antecedentes familiares (n=254) 39,4% dos inquiridos tem familiares com a doença.
Os valores medidos da pressão sistólica e diastólica encontram-se resumidos segundo
os valores de referência, nos gráficos 1 e 2 (31).
25
Gráfico 1 – Distribuição dos valores de pressão sistólica (mmHg), segundo os valores de referência, na
população em estudo (n=273).
Gráfico 2 – Distribuição dos valores de pressão diastólica (mmHg), segundo os valores de referência, na
população em estudo (n=273)
26
Considerando que qualquer pressão sistólica acima de 140 mmHg ou pressão diastólica
acima de 90 mmHg se define como Hipertensão Arterial (n=110), 40,3% da população em estudo
é hipertensa.
Na medição do peso (n=254) 29,5% da população estudada encontra-se no intervalo de
60kg a 70 kg, 22,1% no intervalo de 70kg a 80kg e 21,7% no intervalo de 50kg a 60kg.
Em relação à altura (n=258) 39,5% da população encontra-se entre 1,50m e 1,60m e
32,6% situa-se no intervalo de 1,60m a 1,70m.
Quando calculado o IMC da população, os valores encontram-se refletidos, segundo os
valores de referência, no gráfico 3 (32).
Gráfico 3 – Distribuição dos valores do IMC em kg/m2, segundo os valores de referência, na população em
estudo (n=250)
Ainda nas medidas antropométricas dos inqueridos, para os quais foi medido o
perímetro abdominal (n=34), 70,6% situa-se acima dos 100cm; verificando-se que 66,7% são do
sexo feminino e 33,3% do sexo masculino.
7.3.6. Hábitos na vida quotidiana
Os hábitos de vida do quotidiana que foram avaliados foi a prática de exercício físico, as
horas de sono, os hábitos alimentares, a ingestão de água e bebidas alcoólicas e os hábitos
tabágicos.
Mais de metade da população (n=285) refere a prática regular de exercício físico (59,3%),
30,1% não têm atividade física regular e 10,5% raramente pratica exercício.
27
Relativamente às horas de sono (n=268) 74,6% dorme ente 5 a 8 horas, 19,8% dorme mais
de 8 horas e 5,6% dorme entre 1 a 4 horas por dia.
Em termos alimentares, os resultados obtidos encontram-se descritos na Tabela 1.
Tabela 1 – Descrição dos resultados obtidos, em percentagem, da alimentação por frequência de consumo.
Alimentos Percentagens
(Nº de respostas) Frequência
Frutas e Vegetais 87,9% (n=281) Diariamente
Peixe e Marisco 98,9% (n=281) Às vezes
Carne 63,0% (n=281) Às vezes
35,9% (n=281) Diariamente
Ovos 97,9% (n=281) Às vezes
Laticínios 82,2% (n=281) Diariamente
14,6% (n=281) Às vezes
Alimentos Pré-
Confecionados
74,4% (n=274) Nunca
25,6% (n=274) Às vezes
Relativamente à ingestão de água (n=275), 52,7% da população estudada ingere água da
rede pública, 30,6% ingere água dos furos, 11,6% compra água engarrafada e 5,1% consome
água de fontes.
No consumo de bebidas alcoólicas (n=271) 69,4% da população não consome, 16,2%
consomem raramente e 14,4% consome diariamente. Relativamente a hábitos passados (n=96)
55,2% assume que já consumiu bebidas alcoólicas, 30,2% admite que raramente consumia e
14,6% nunca consumiu bebidas alcoólicas.
Por último, os hábitos tabágicos (n=272) 89,3% dos inquiridos referem que não fumam
e 10,7% são fumadores. Dos fumadores (n=27) 44,4% fuma há mais de 10 anos, 29,6% fuma há
menos de 10 anos, 18,5% fuma há mais de 20 anos mas há menos de 40, e 7,4% fuma há mais
de 40 anos. Relativamente ao número de cigarros fumados por dia (n=28) 39,3% fuma 6 a 10
cigarros ao dia, 28,6% fuma 11 a 20 cigarros, 25,0% fuma 1 a 5 cigarros e 7,1%, fuma mais de
20 cigarros por dia. No que diz respeito aos inquiridos que tentaram deixar de fumar (n=34)
88,2% conseguiu e 11,8% não conseguiu. Analisando os ex-fumadores (n=27), cerca de metade
(51,9%) fumou entre 1 a 10 anos; relativamente ao número de cigarros que fumavam (n=29)
34,5% fumava entre 1 a 5 cigarros por dia, 27,6% fumava 11 a 20 cigarros e 17,4% fumava 6 a
10.
28
7.4. Caracterização do perfil da qualidade de vida
Ao avaliar a qualidade de vida na população em estudo, verificou-se que os valores
médios dos scores da Qualidade de Vida Global (533,8/800) e do Domínio da Saúde Mental
(273,9/400) são positivos. O score do Domínio de Saúde Física (259,9/400) apesar de positivo
apresenta valores médios baixos.
Relativamente aos valores médios dos scores dos subdomínios (Capacidade Funcional,
Aspetos Físicos, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspetos Sociais, Aspetos Emocionais,
Saúde Mental e Mudança de Saúde) não se registou nenhum valor negativo. Os subdomínios dos
Aspetos Emocionais (82,1/100), dos Aspetos Físicos (80,3/100) e dos Aspetos Sociais (79,4/100)
são os mais elevados; já os subdomínios de Saúde Mental (58,0/100), de Dor (57,9/100), de
Vitalidade (54,3/100) e de Estado Geral de Saúde (51,6/100) apesar de positivos apresentam
valores médios de scores baixos.
Analisando os valores médios dos scores da qualidade de vida da população estudada por
géneros e por intervalos de idades (<50 anos e >50 anos), obtiveram-se os resultados descritos
na Tabela 2 e na Tabela 3, respetivamente.
Tabela 2 – Descrição dos valores médios dos scores de qualidade de vida por géneros.
Score Homens Score Mulheres
Qualidade de Vida Global 533,71/800 524,4/800
Dom
ínio
s Saúde Física 259,9/400 253,9/400
Saúde Mental 273,8/400 270,5/400
Subdom
ínio
s
Capacidade Funcional 70,2/100 69,6/100
Aspetos Físicos 80,4/100 78,0/100
Dor 57,7/100 54,9/100
Estado Geral de Saúde 51,6/100 51,5/100
Vitalidade 54,3/100 54,2/100
Aspetos Sociais 79,3/100 78,2/100
Aspetos Emocionais 82,2/100 80,0/100
Saúde Mental 58,0/100 58,1/100
29
Tabela 3 – Descrição dos valores médios dos scores de qualidade de vida por intervalos de idades.
Score >50 anos Score <50 anos
Qualidade de Vida Global 515,3/800 524,4/800
Dom
ínio
s Saúde Física 245,3/400 253,9/400
Saúde Mental 270,0/400 270,5/400
Subdom
ínio
s
Capacidade Funcional 62,7/100 69,6/100
Aspetos Físicos 76,7/100 78,0/100
Dor 56,6/100 54,9/100
Estado Geral de Saúde 49,4/100 51,5/100
Vitalidade 53,9/100 54,2/100
Aspetos Sociais 80,0/100 78,2/100
Aspetos Emocionais 79,4/100 80,0/100
Saúde Mental 56,8/100 58,1/100
30
8. Discussão
O envelhecimento é cada vez mais visível em Portugal, e prevê-se que o seu
crescimento continue. Uma das regiões mais afetadas do país é a região centro, onde a
população jovem é cada vez mais escassa e a população com mais de 65 continua a aumentar.
Acompanhando o fenómeno do envelhecimento, surgem cada vez mais doenças crónicas em
Portugal, tornando-se grande parte da população idosa polimedicada e com perfis
farmacoterapêuticos complexos.
Sendo o Soito uma freguesia da região centro de Portugal, naturalmente afetada pelo
envelhecimento, revelou-se importante caracterizar e descrever a sua população. Neste
sentido, o presente estudo teve como objetivos principais a descrição do perfil
sociodemográfico e ambiental da população, bem como o seu perfil de saúde e a sua qualidade
de vida. Foi ainda realizada a georreferenciação das doenças mais prevalentes na população
desta freguesia.
No momento de aplicação dos inquéritos casa a casa, verificou-se que muitas delas
estavam inabitadas ou pertenciam a população emigrante. Desta forma, registaram-se apenas
383 residentes fixos abordados, um valor muito inferior de habitantes fixos na freguesia
relativamente aos valores dos Censos de 2011 (1224 habitantes), que se pode justificar por
algumas casas serem de residência temporária (de fim de semana ou de férias). Na freguesia
existem dois lares, tendo um deles a capacidade para 90 idosos e o outro para 40; entre os
participantes (n=287), registou-se que 38,0% da população residia num destes lares, valores que
evidenciam o envelhecimento da região e a consequente dependência dos idosos.
Relativamente à caracterização do perfil sociodemográfico e ambiental da freguesia do
Soito, os resultados do presente estudo mostram que da população que aceitou voluntariamente
participar, 66,4% representam o sexo feminino e 33,1% o sexo masculino, sendo a média de
idades de 61,9 anos em que 72,5% da população têm mais de 50 anos de idade. Esta tendência
deve manter-se nos próximos anos, uma vez que segundo os Censos de 2011 a população
residente do Soito era de 1224, 647 mulheres e 577 homens. No espaço temporal entre os Censos
de 2001 e os Censos de 2011, registou-se uma diminuição da população jovem e um aumento
da população idosa da freguesia, notando-se assim um duplo envelhecimento. Quanto à
distribuição por género, em 2011 as mulheres representavam 52,9% da população residente, e
os homens 47,1%.
De acordo com os resultados obtidos verifica-se que os casados mantêm a tendência
dos valores dos Censos 2011, representado 48,2% da população; os viúvos assumem um papel
mais marcante, representando 24,3% da população, seguindo-se dos solteiros (23,6%) e por
último os divorciados (3,93%). Estes resultados são explicados devido ao envelhecimento
registado nesta região, sendo natural que devido à média de idades a população seja
maioritariamente casada ou viúva. Tendo por base os Censos 2011, a maioria da população
31
portuguesa era casada (46,6%), seguindo-se os solteiros (40,5%) e por último os viúvos e os
divorciados (12,9%).
Relativamente às habilitações literárias da população portuguesa, analisando os
resultados obtidos no estudo, notam-se algumas diferenças em relação ao panorama nacional:
43% da população estudada frequentou o 1º ciclo, 13% o 2º ciclo, 19,8% o 3º ciclo e apenas 8,1%
o ensino superior. De destacar que a taxa de analfabetismo na população estudada é bastante
superior à taxa registada nos Censos 2011, 15,4%, valor este que se deve a grande parte da
população se situar acima dos 50 anos de idade. No ano letivo 2016/2017, registaram-se os
seguintes valores a nível nacional: (1) 95,3% da população possuía o 1º ciclo de estudos, (2)
87,2% possuía o 2ª ciclo de estudos, (3) 77,6% possuía o 3ª ciclo de estudos e (4) 24% da
população entre os 25 e os 64 anos de idade concluiu o ensino superior. No que diz respeito ao
analfabetismo, entre os Censos de 1991 e 2011, registou-se uma queda na sua taxa, de 11% para
5,2%, respetivamente.
Na atividade profissional, tendo em conta os resultados obtidos no estudo, verifica-se
uma inversão relativamente ao panorama nacional no que diz respeito às funções mais
desempenhadas, sendo elas os trabalhos agrícolas e/ou de construção civil (34,1%), seguindo-
se das atividades domésticas (17,1%) e das atividades industriais (16,4%); registou-se também
que metade da população inquirida é reformada, tendência essa idêntica a nível nacional.
Considerando a população portuguesa, sabe-se que a maioria tem como funções mais
desempenhadas as profissões de atividades intelectuais e científicas, seguidas dos trabalhos de
serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores, e em terceiro os trabalhos
qualificados da indústria, construção e artífices. Em 2011, 44% da população era considerada
inativa.
Falando agora das habitações, verificou-se que 21,3% partilha casa com mais uma
pessoa, seguindo-se as casas frequentadas por três pessoas (18,5%) e de seguida as pessoas que
vivem sozinhas (13,6%).
Relativamente à construção das habitações, vemos que a tendência nacional se
mantém. Na freguesia do Soito registou-se que 77,1% das casas são alicerçadas em betão
armado e alvenaria e 9,2% em pedra. Relativamente às divisões, é necessário ter em conta que
grande parte da população inquirida residia num dos dois lares existentes na freguesia,
registando-se assim que 36,4% das habitações têm entre 6 a 10 divisões e 33,1% até 5 divisões;
quanto às casas de banho, a maioria das casas têm até 3 (67,8%). Comparando com os Censos
2011, sabe-se que a maioria das casas portuguesas são construídas com betão armado e paredes
de alvenaria, e apenas cerca de 8% são construídas com pedra. Sabe-se também em média cada
habitação tem cerca de 5 divisões
Analisando os resultados do estudo, notam-se ligeiras diferenças relativamente aos
valores nacionais relativamente ao abastecimento de água e saneamento; no abastecimento de
água 59,5% usufruem da rede pública de abastecimento, 31% utilizam furo, 9,5% da população
divide o abastecimento da água entre a rede pública e furo. No saneamento, talvez devido à
localização mais rural da freguesia, regista-se ainda que 18,3% da população estudada utiliza
32
fossa, sendo que a restante usufrui do saneamento público. Em 2016 sabia-se que 96,2% das
casas eram abastecidas por água através da rede pública e 83% têm saneamento público.
Por último, no que diz respeito às habitações, provavelmente devido à localização
geográfica da região, zona onde se fazem sentir temperaturas mais baixas, registou-se no
estudo que a maioria das casas (66,2%) utiliza aquecimento central, seguindo-se os
aquecimentos elétricos, a óleo ou a fogo (33,8%). A nível nacional, cerca de metade dos
portugueses utilizam a eletricidade como fonte de aquecimento, seguindo-se da madeira e
carvão (34%) e depois o gás (9%).
Concluindo a caracterização do perfil sociodemográfico do Soito, devido à sua inserção
num meio mais rural, a maioria da população não possui qualquer animal doméstico (68,7%),
facto que se justifica pela população inquirida ter os animais fora de casa nos seus terrenos. É
de notar que existe uma baixa percentagem de população a utilizar com regularidade tóxicos
(28,7%), tais como pesticidas, herbicidas, inseticidas e adubos, nomeadamente estando
inseridos num meio rural. Este resultado pode dever-se ao desconhecimento do uso de produtos
que são tóxicos, ou então na hora da recolha de informação alguns dos inqueridos não quiseram
admitir o seu uso
Focando no perfil de saúde do Soito, é importante ter em conta que 72,5% da população
estudada tem mais de 50 anos de idade.
Acompanhando a tendência nacional, os resultados obtidos da população estudada na
freguesia do Soito mostram que as patologias mais comuns são as doenças endócrinas,
nutricionais e metabólica, grupo onde se insere a diabetes e as alterações do perfil lipídico
como o colesterol elevado, afetando 37,1% da população estudada; seguidamente surgem as
doenças do aparelho circulatório, tal como a hipertensão, e afetam 34,8% da população
estudado. Igualmente com uma percentagem elevada, 36,3% da população estudada sofre de
doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo, que apesar de não se refletir na
mortalidade reflete-se na qualidade de vida da população. Ao georreferenciarem-se os
resultados verificou-se, e como era de esperar, que a grande incidência se localiza em duas
zonas diferentes dos mapas, que é onde se localizam os dois lares da freguesia onde o estudo
foi realizado. Durante o estudo, foi inquirido aos participantes sobre as patologias dos seus
antecedentes familiares, sendo as mais referidas as doenças do aparelho circulatório (44,3%),
seguidas das neoplasias (43,2%) e depois as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas
(38,4%).
Em Portugal sabe-se que são as doenças crónicas que mais afetam a população, muito
devido ao aumento da esperança média de vida, mas também à evolução dos serviços de saúde
nacionais. Entre as doenças crónicas são a hipertensão arterial e a diabetes que mais afetam
os portugueses, que quando não controlados levam às principais causas de morte do país, as
doenças cardiovasculares como os AVC’s e as Doenças Cardíacas, e no segundo lugar estão as
neoplasias. As comorbilidades que mais afetam Portugal são as doenças musculoesqueléticas,
a depressão, as enxaquecas e as doenças da pele.
33
Quanto aos perfis farmacológicos da população estudada, registou-se que a maioria dos
inquiridos (77,3%) utiliza pelo menos um fármaco por dia. O grupo de fármacos mais consumido
são os do aparelho cardiovascular (75,2%), valor que se correlaciona com os resultados das
patologias mais comuns, tal como as Hormonas e medicamentos usados no tratamento de
Doenças Endócrinas (35,8%). Esta correlação com as patologias mais comuns já não se regista
relativamente ao segundo grupo de fármacos mais utilizado, que é o do Sistema Nervoso
Central, com uma percentagem relativamente elevada (56,4%). Este facto pode dever-se á
população inquirida ter desconhecimento da doença que os afeta, ou então da não admissão da
mesma.
Analisando mais pormenorizadamente os grupos farmacológicos usados, verificou-se
que entre o grupo do Aparelho Cardiovascular e Sangue a subclasse mais usada são os Anti-
Hipertensores (66,5%), seguindo-se a subclasse mais direcionada para o coração (61,6%) e por
último os Antidislipidémicos (47,6%). Estes valores vão de encontro às estimativas nacionais
acerca das Doenças Crónicas, bem como aos resultados obtidos acerca das patologias na
população estuda, o que nos indica uma correlação entre a medicação realizada e as doenças
mais prevalentes na população em estudo. É também de alertar que 20,1% dos inquiridos têm
as três subclasses presentes na sua terapêutica habitual.
Relativamente à classe dos fármacos do Sistema Nervoso Central, sabe-se que 80,5%
dos fármacos usados pela população estudada são Psicofármacos e apenas 16,3% são
Antiepiléticos e Anticonvulsionantes. Entre a subclasse dos Psicofármacos registou-se que a
grande maioria são Ansiolíticos, Sedativos ou Hipnóticos, sendo consumidos por 61,0% da
população, 29,3% são Antipsicóticos e 21,1% Antidepressivos. Este resultado é preocupante e
deve ser visto como um sinal de alerta para a utilização deste tipo de fármacos, nomeadamente
dos Ansiolíticos, Sedativos ou Hipnóticos. Tem sido notícia que em Portugal o uso e a prescrição
destes fármacos tem sido crescente, o que se pode revelar preocupante a curto prazo na
população mais idosa devido à sua dependência destes fármacos, não sendo os mesmos
alertados para os seus efeitos secundários aquando da sua utilização prolongada.
Na classe das Hormonas e medicamentos usados no tratamento de Doenças Endócrinas,
são as insulinas e os antidiabéticos que lideram o consumo na população em estudo (56,4%),
valores estes que se correlacionam igualmente com o panorama nacional e da população em
estudo na prevalência da Diabetes. Seguidamente surgem as Hormonas Sexuais (26,9%), como
os contracetivos orais, e depois as Hormonas Tiroideias e Antitiroideus (19,2%).
Por último nos fármacos, entre a classe farmacológica do Sistema Digestivo, 80,0% da
população inquirida consome Inibidores da Bomba de Protões (IBP), nomeadamente omeprazol,
pantoprazol e esomeprazol, seguindo-se os Protetores da mucosa gástrica (15,4%), como o
sucralfato. Registou-se também que 10,8% dos inquiridos consome estes dois medicamentos, e
apenas 2 dos inquiridos que consome IBP referem ter gastrite. Esta grande prevalência no
consumo de IBP deve-se a grande parte da população estudada ser polimedicada, sendo comum
em Portugal, nestes casos, a prescrição de um IBP e/ou de um Protetor da Mucosa Gástrica com
o objetivo de prevenir a agressão da mucosa gástrica por outros medicamentos utilizados.
34
Apesar da sua grande prescrição e consumo, no ano de 2018 foi lançado pelo Infarmed um alerta
relativamente ao uso dos IBP, evidenciando que estes medicamentos não são ‘’protetores’’ de
estômago e sim medicamentos, pelo que não devem ser usados cronicamente como
anteriormente se pensava. O documento divulgado mostra os principais efeitos secundários que
se têm registado nos últimos anos, aconselhando a suspensão graduada desta terapêutica,
excetuando dois casos: (1) Doentes em tratamento com Anti-Inflamatórios Não Esteroides
(AINES) que apresenta risco acrescido para hemorragia, e (2) Doentes que apresentam fatores
de risco acrescidos de úlcera de stress. Excetuando estes casos, os IBP não devem ser realizados
cronicamente, mas sim pontualmente para situações e patologias que assim o exijam (36).
Neste estudo foram medidos alguns parâmetros de saúde, tendo sido escolhidos de
acordo com os problemas mais comuns na comunidade Portuguesa.
Foi medida tensão arterial a cada participante do estudo. Os resultados foram
analisados em duas partes no que diz respeito às medições da pressão arterial: as pressões
sistólicas e as diastólicas. Iniciando pelas pressões sistólicas, a maioria registou pressões entre
os 120 e os 140 mmHg, valores considerados normais altos. Quanto às pressões diastólicas, os
valores mais comuns na população estudada foram entre 60 e 80 mmHg, valores considerados
normais.
Ainda dentro dos parâmetros de saúde, foram medidos os valores antropométricos dos
inqueridos, isto porque a obesidade e o excesso de peso são cada vez mais um problema sério
da comunidade em Portugal, principalmente entre a população infantil onde o seu crescimento
num curto espaço de tempo tem sido preocupante. Analisando o IMC, de acordo com os valores
de referência da OMS, verificou-se que a maior parte da população estudada registou valores
entre os 18,5 e os 24,9 kg/m2, o que indica que no momento das medidas tinham o seu peso
adequado à sua altura, no entanto 21,6% apresentam um IMC entre 30 e os 35,9 kg/m2, onde
se já se pode considerar obesidade. Por último nas medidas antropométricas, foi medido o
perímetro abdominal, e registaram-se que 70,6% dos inquiridos tinham um perímetro acima de
100 cm, sendo 66,7% do sexo feminino e 33,3% do sexo masculino. Segundo a OMS, em ambos
os sexos, os valores maioritariamente registados são considerados de risco de complicações
metabólicas aumentado, associados à obesidade.
No que diz respeito aos tratamentos não farmacológicos, na população estudada, foi
registado que 8,76% da população recorria a este tipo de tratamentos, sendo o mais
frequentado a fisioterapia (45,8%), facto que se pode correlacionar com uma das
comorbilidades mais comum na população em estudo, as doenças do sistema osteomuscular e
tecido conjuntivo. Cada vez mais a nossa comunidade procura tratamentos e medidas não
farmacológicas, evitando assim a ingestão de fármacos, facto este que não se registou com
grande peso no estudo, provavelmente devido às idades mais avançadas e à prevalência de mais
doenças.
Relativamente às condicionantes da saúde e da qualidade de vida, os resultados obtidos
são um espelho da faixa etária mais comum no estudo (>50 anos de idade). Registou-se que 46%
da população diz ter dificuldade em ouvir e 23,4% em ver bem; é importante relembrar que
35
estes resultados são baseados na resposta e perceção do inquirido e não de um diagnóstico
médico. Na dentição, 42,5% utilizam placa dentária devido à falta de uma parte ou da
totalidade da dentição. Por último, relativamente ao andar, 34,6% da população estudada diz
ter dificuldades em andar e 30% desequilibra-se, problemas muito comuns nas faixas etárias
mais avançadas.
Relativamente à assistência domiciliária, entre os não institucionalizados (62,0%),
apenas 6,7% assumiu ter assistência domiciliária, sendo que todos eles têm idade superior a 50
anos. A assistência mais recorrida são os lares (41,6%), seguindo-se os familiares (25,0%) e por
último o INEM (16,7%). Relativamente aos internamentos, apenas 10,4% da população já esteve
internado, sendo o principal motivo as cirurgias (37%), registando-se que 48,3% destes,
atualmente, estão institucionalizados. Mais uma vez, devido a grande parte da população
estudada ter mais de 50 anos de idade, foi importante questionar acerca da assistência
domiciliária e dos internamentos, devendo referir novamente que 38,0% da população está
institucionalizada. Todos estes valores remetem mais uma vez para o envelhecimento da
população estudada, sendo naturalmente um reflexo da região.
Analisando os resultados obtidos relativamente aos hábitos tabágicos, verifica-se uma
tendência para com os valores nacionais, uma vez a maioria da população estudada não fuma
(89,3%), sendo a restante percentagem fumadora. Entre os fumadores, grande parte deles já
fumam há mais de 10 anos (44,4%); e relativamente ao número de cigarros fumados por dia, a
maioria fuma entre 6 a 10 cigarros (39,3%). Quanto aos inquiridos que tentaram deixar de
fumar, 88,2 % conseguiram; e dentro dos ex-fumadores, 51,9% fumou entre 1 a 10 anos e
fumavam entre 1 a 5 cigarros por dia.
No consumo de álcool a tendência mantém-se. Mais de metade da população estudada
não consome bebidas alcoólicas (69,4%) e 14,4% admite consumi-las diariamente. Tendo em
conta os hábitos passados, 55,2% dos in queridos já consumiu álcool diariamente e 14,6% nunca
consumiu álcool.
Ainda nos hábitos de vida, 59,3% da população estudada considera pratica exercício
físico com regularidade e 30, 1% diz que não pratica qualquer tipo de exercício. Na análise
destes resultados deve-se ter em conta que no estudo foi considerado exercício físico todas as
atividades agrícolas dos inquiridos e as deslocações a pé pela freguesia, obtendo-se assim
percentagens mais elevadas que a nível nacional, mesmo sendo uma população mais
envelhecida.
Sabe-se que em Portugal, tanto as taxas de consumo de álcool, como de tabaco, têm
vindo a diminuir ao longo dos anos. Já no que diz respeito à prática de exercício físico o mesmo
já não acontece; apenas 5% da população portuguesa com mais de 15 anos diz praticar exercício
com regularidade, e apenas ¼ da população segue as recomendações para a sua prática.
Na alimentação, verificou-se que quase a totalidade da população (87,9%) consome
frutas ou vegetais diariamente, e o mesmo acontece com os laticínios (82,2%). Relativamente
ao peixe, à carne e aos ovos, 98,9% da população estudada consome peixe às vezes, 63,0%
consome carne igualmente às vezes e 97,9% consome ovos às vezes. Ainda na alimentação,
36
74,4% diz não consumir qualquer produto confecionado. Por último, resta o consumo de água,
onde se registou que 52,7% bebe água da rede pública, 30,6% bebe água dos furos e 11,6%
compra água engarrafada para consumo; podemos considerar que estes resultados se devem à
inserção da região numa zona maioritariamente rural, onde a água da rede pública e dos furos
é de boa qualidade para consumo. Analisando a totalidade dos resultados relativamente à
alimentação, pode-se concluir que a maioria da população estudada tem uma alimentação
cuidada e variada. É importante novamente referir, que grande parte da população inquirida
reside nos dois lares da freguesia, o que indica à partida que a alimentação é confecionada
adequadamente para os utentes.
Por último nos hábitos de vida temos a análise das horas de sono. A maioria (74,6%)
dorme entre 5 a 8 horas de sono por noite, 19,8% dorme mais de 8 horas e apenas 5,6% dorme
entre 1 a 4 horas. Tendo em conta a média de idades da população estudada, estes resultados
vão de encontro ao expectável, uma vez que com o avançar da idade o ser humano tende a
dormir menos horas de sono por noite.
Analisando os resultados da Qualidade de Vida Global (533,3/800), verificamos que a
população estudada no geral da sua vida e no seu dia-a-dia considera ter Qualidade de Vida.
Foi registado um score mais elevado de Qualidade de Vida Global no sexo masculino do que no
sexo feminino, tal como se registou um valor superior em idades inferiores a 50 anos de idade.
Estes valores poderão ser explicados com a esperança média de vida ser mais elevada nas
mulheres, o que consequentemente leva à maior probabilidade de terem mais patologias e mais
condicionantes na vida que se desenvolvem com o avançar da idade.
Analisando os Domínios de Saúde Mental e de Saúde Física, verificou-se que a nível
Mental as pessoas consideram ter Qualidade de Vida, no entanto a nível Físico já apresentam
mais queixas sendo os valores de Qualidade de Vida positivos mas perto do limite, podendo a
qualquer instante com agravamento do estado físico os valores tornarem-se negativos.
Novamente registaram-se em ambos os Domínios valores superiores no sexo masculino, mas o
mesmo não aconteceu tendo em conta os intervalos de idade. No Domínio de Saúde Menta
registou-se um valor ligeiramente superior na faixa etária <50 anos de idade, facto que se pode
explicar ao stress psicológico a que as pessoas em idade ativa estão sujeitas nos seus empregos
e obrigações familiares.
Foram também analisados os seguintes subdomínios de Qualidade de Vida: Capacidade
Funcional, Aspetos Físicos, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspetos Socias, Aspetos
Emocionais, Saúde Mental e Mudança de Saúde. De encontro aos valores registados na Qualidade
de Vida Global, nenhum dos domínios registou valores negativos, o que nos indicam novamente
que no geral as pessoas consideram ter Qualidade de Vida, no entanto há alguns subdomínios
que devem ser vistos como alertas. Foram três os subdomínios que obtiveram valores de scores
mais elevados, sendo eles os Aspetos Emocionais (82,1/100), os Aspetos Físicos (80,3/100) e os
Aspetos Sociais (79,4/100). Valores mais baixos, muito próximos do limite, estão os subdomínios
da Saúde Mental (58,0/100), de Dor (57,9/100), de Vitalidade (54,3/100) e de Estado Geral de
Saúde (51,6/100). Excetuando o subdomínio da Saúde Mental, que se encontra com um valor
37
ligeiramente mais elevado no sexo feminino, todos os restantes subdomínios apresentam
valores de scores mais elevados nos homens do que nas mulheres, facto que pode ser novamente
explicado pela longevidade de vida atingida pelo sexo feminino. Considerando as idades da
população, em todos os subdomínios são registados valores inferiores de scores na faixa etária
>50 anos de idade, excetuando o subdomínio da dor que apresenta valores inferiores em idade
< 50 anos de idade. Este resultado pode ser explicado por a população na idade ativa se sentir
mais afetada no dia-a-dia pela Dor, uma vez que é mais ativa física e psicologicamente qualquer
dor pode ser encarada como um condicionante de grande valor na qualidade de vida. O mesmo
já não acontece em idades mais avançadas, quer pela maior inatividade como também pelo
acostumar e tolerância da dor que podem vir a desenvolver, considerando outros fatores mais
relevantes para a classificação da sua Qualidade de Vida.
A OMS define Qualidade de Vida como ‘’a perceção do indivíduo sobre a sua posição na
vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação
aos seus objetivos, expetativas, padrões e preocupações’’, devendo ser baseada em três
pilares: subjetividade, multidimensionalidade e presença de dimensões positivas e negativas.
Desta forma a avaliação da Qualidade de Vida tornou-se importante e foi avaliada na população
em estudo mediante as respostas dos inquiridos, relembrando sempre que estas respostas
correspondem à perceção do doente e ao conjuntos dos seus valores pessoais e objetivos de
vida, que os levam a definir a sua Qualidade de vida, podendo ter havido uma influência
considerável pela saúde física e estado psicológico de cada indivíduo, bem como da sua
dependência, nomeadamente devido a ser uma população maioritariamente idoso e haver uma
percentagem considerável de institucionalizados (33).
Por último na Qualidade de vida, ai analisar os resultados, devemos sempre relembrar
os três pilares que a OMS refere para a Qualidade de Vida subjetividade, multidimensionalidade
e presença de dimensões positivas e negativas), tornando-se uma perceção pessoal da vida e
da forma de viver. No entanto os valores não devem ser negligenciados, podendo sempre as
entidades responsáveis e dominantes na freguesia do Soito, em conjunto com a Autarquia,
trabalhar em prol dos seus residentes, indo de encontro às suas maiores necessidades de forma
a garantirem uma melhor Qualidade de Vida à População.
Em forma de conclusão, o perfil sociodemográfico e ambiental da população estudada
vai maioritariamente de encontro ao panorama nacional, realçando o envelhecimento e a
desertificação mais acelerada desta região, principalmente devido à movimentação da
população mais jovem para as áreas mais urbanas. Ao nível do perfil de saúde, a freguesia do
Soito, como era de esperar devido à média de idades da população estudada, é largamente
afetada pelas doenças crónicas, acompanhando a tendência nacional. É de salientar a
percentagem de pessoas que vivem sozinhas, uma vez que é significativa e representa um alerta
para as entidades responsáveis pela região, sugerindo-se que esta população seja referenciada
e consultada a necessidade de apoio ou acompanhamento extra. As doenças mais comuns são
as de foro endócrino, metabólico e circulatório, com destaque da Hipertensão. Tendo em conta
que Hipertensão é considerada a partir de valores de pressão sistólica acima de 140 mmHg e/ou
38
de pressão diastólica acima de 90 mmHg, chegou-se à conclusão que 40,3% da população
estudada é hipertensa, resultado que pode ser equiparado ao valor nacional, cerca de 40%.
Registou-se também um elevado consumo de Psicofármacos, nomeadamente de Ansiolíticos,
Sedativos e Hipnóticos, e neste sentido os Profissionais de Saúde como os Médicos e os
Farmacêuticos têm o dever de alertar os doentes e de identificar casos de dependência, de
forma a minimizar os efeitos negativos da utilização deste tipo de medicação. Na qualidade de
vida, nomeadamente nos subdomínios, registou-se que as maiores queixas são a nível físico,
podendo desta forma a autarquia e as entidades da região estar atentas e considerar
reformulações na freguesia e nos edifícios que possam facilitar o dia-a-dia físico da população,
bem como os cuidadores e os profissionais de saúde devem procurar soluções para um melhor
conforto físico. A mesma preocupação deve ser tida em conta na população ativa no que diz
respeito à Saúde Mental, evitando assim a prevalência de esgotamentos e depressões nestas
faixas etárias.
O objetivo deste estudo foi a descrição global do perfil sociodemográfico, ambiental e
de saúde da população, com o intuito de se conhecerem as principais condicionantes na vida e
na saúde da população da Freguesia do Soito, podendo assim a Autarquia e as entidades locais
estabelecerem um plano estratégico objetivo e direcionado às necessidades da sua
comunidade. Recomenda-se que mais estudos equivalentes sejam feitos em mais zonas do país
e mais alargados em amostragem, podendo-se assim fazer uma intervenção social mais eficaz.
39
9. Referências Bibliográficas
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demográfico, em Portugal, que só tenderá a estabilizar daqui a cerca de 40 anos. Inst
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escolaridade completo mais elevado (%) [Internet]. Available from:
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mais+anos+por+nível+de+escolaridade+completo+mais+elevado+(percentagem)-2266;
40
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2010.
41
Capítulo 2 – Experiência
Profissionalizante na Vertente de
Farmácia Comunitária
1. Introdução
A Farmácia Comunitária em Portugal tem vindo progressivamente a centrar a sua
prática no utente, permitindo aos Farmacêuticos e às Farmácias prestarem serviços de apoio
mais dirigidos à comunidade que os rodeia, tornando Portugal num país a nível europeu com
maior nível de oferta de serviços diferenciados à população. Sendo as Farmácias a grande
maioria das vezes a primeira opção dos utentes na procura de ajuda, o Farmacêutico torna-se
por excelência determinante na promoção da Saúde Pública, pois devido à sua formação
técnico-científica é extremamente competente na farmacoterapia, conseguindo ainda
contribuir na administração de medicamentos, na determinação de parâmetros de saúde, na
identificação de fatores de risco nos utentes, na deteção precoce de diversas doenças e na
promoção de estilos de vida saudáveis. Com o avançar dos anos, é visível que os farmacêuticos
comunitários cada vez mais desenvolvem competências específicas de forma a servir melhor os
seus utentes e garantir o seu bem-estar e a sua saúde, exercendo assim um papel não só
terapêutico, mas também, e principalmente, preventivo, culminado num aumento da qualidade
vida da comunidade em que se inserem (1).
Durante o estágio curricular, que é realizado para conclusão do Mestrado Integrado em
Ciências Farmacêuticas, os alunos têm a melhor oportunidade de por em prática e consolidar
os ensinamentos que absorveram durante cinco anos. Tratando-se do primeiro contacto com a
realidade farmacêutica os alunos conseguem ter uma perceção do funcionamento base de uma
farmácia comunitária, bem como aprender novas competências e atitudes farmacêuticas de
forma a serem capazes de responder ás necessidades da comunidade dos dias de hoje.
A componente do estágio curricular em Farmácia Comunitária foi realizada na Farmácia
Pedroso, localizada no concelho da Covilhã, entre os dias 10 de setembro e 18 de janeiro.
Durante este período foi-me permitido por em prática todos os conhecimentos teóricos e
práticos aprendidos durante todo o Mestrado Integrado, com o apoio de toda a equipa da
farmácia, que sempre se mostrou totalmente disponível em ajudar, quer a nível profissional
como pessoal. Além disso foi-me possível tomar conhecimento de todo o funcionamento da
farmácia, bem como contactar de facto com as funções inerentes à prática farmacêutica em
farmácia comunitária.
42
2. Caracterização do Grupo Holon e das suas
Farmácias
O grupo Holon foi fundado em 2006 quando 60 farmácias aceitaram associar-se num
projeto de centralização de atividades de back office e criação de uma marca. Neste momento
as Farmácias Holon são uma rede nacional de farmácias, independentes e autónomas que
partilham a mesma marca, imagem e profissionalismo, estando presente em todos os distritos
de Portugal. As farmácias Holon têm-se diferenciado neste ramo muito devido à variedade e
qualidade dos serviços que prestam, à interação com toda comunidade (desde palestras
informativas aos idosos a ações de sensibilização nas escolas), produtos de marca Holon e
comunicação simultânea da mesma informação tanto na internet como numa revista igualmente
da marca. Caraterizam-se acima de tudo por terem um atendimento de excelência,
personalizado e especializado para cada utente, prezando sempre pelo bem-estar e saúde de
todos os visitantes e comunidade (2).
De destacar ainda o lema do Grupo Holon ‘’Um dia todos serão assim’’, que nos leva a
uma reflexão e reformulação da ideia de farmácia comunitária, quer por parte dos profissionais
de farmácia comunitária quer pela comunidade, incentivando assim a que todas as farmácias e
profissionais centrem a sua prática no utente disponibilizando-lhe sempre mais e melhores
condições para manter e aumentar a sua saúde, bem-estar e qualidade de vida.
43
3. Organização da farmácia
3.1. Localização geográfica e caracterização dos utentes
A Farmácia Pedroso, localizada na Rua Comendador Campos Melo na cidade da Covilhã,
Distrito de Castelo Branco. Encontra-se no centro da cidade com grande proximidade ao centro
histórico da mesma. Verifica-se que a farmácia tem uma boa afluência de utentes durante os
dias úteis, nomeadamente utentes com idades mais avançadas.
A Farmácia encontra-se aberta 365 dias por ano com um horário fixo das 8h00 às 20h00,
excetuando os dias em que a mesma se encontra de serviço. Deste modo a farmácia consegue
satisfazer as necessidades dos utentes locais e assim cumprir com a Portaria nº277/2012, de 12
de agosto de setembro.
Tratando-se de uma Farmácia localizada no coração da cidade a grande maioria dos
utentes são regulares e já fidelizados, facto que é percetível pela grande relação de
cumplicidade que existe entre os farmacêuticos, os técnicos de farmácia e os utentes. Como já
foi referido os utentes que mais frequentam a farmácia são idosos, apresentando várias
patologias crónicas e esquemas terapêuticos maioritariamente constituídos por polimedicação,
sendo que grande parte dos mesmos pertencem à classe dos antigos operários das fábricas de
lanifícios, condição muito caraterística da cidade da Covilhã. No entanto, existem
naturalmente utentes esporádicos, devido à relativa proximidade aos polos universitários da
Universidade da Beira Interior. Não olhando à frequência com que os utentes se deslocam à
Farmácia Pedroso, todos os profissionais de saúde que nela se encontram garantem sempre um
atendimento de excelência, colocando as devidas e pertinentes questões aos utentes ,
promovendo o uso seguro e racional de todo e qualquer medicamento ou produto de saúde
dispensado, bem como a saúde e o bem estar dos seus utentes.
Existe a possibilidade de um seguimento farmacoterapêutico mais controlado e atento
dos utentes com a criação de uma ficha de cliente, mediante autorização e assinatura de um
consentimento informado por parte de utente (documento que após assinatura é arquivado nas
instalações da farmácia). Durante a criação da ficha existe ainda a possibilidade de selecionar
a opção ''Acompanhamento local'', permitindo assim que cada dispensa de medicamentos e
qualquer medição de parâmetros biológicos possa ficar registada no histórico do utente,
permitindo um atendimento mais personalizado e acompanhado por parte do farmacêutico
e/ou técnico de farmácia.
44
3.2. Organização do espaço físico da farmácia
3.2.1. Espaço Exterior
A Farmácia Pedroso apresenta uma fachada com layout moderno e montras
envidraçadas sendo facilmente visível e identificável pelos utentes. A fachada tem cor roxa
estando gravado em letras grandes e visíveis ‘’Farmácia Pedroso’’, antecedido pelo logótipo do
Grupo Holon, apresentando-se idêntica a todas as farmácias do país pertencentes ao Grupo
Holon, sendo de fácil associação para os utentes. Tem ainda como forma fácil de identificação
a cruz verde luminosa. Durante as noites de serviço a fachada com o nome da farmácia e a cruz
verde apresentam-se iluminados de acordo com DL nº307/2007, de 31 de Agosto (3).
Existem três montras envidraçadas, nenhuma delas com produtos em destaque. No piso
superior a montra apresenta um autocolante que a ocupa na totalidade com a informação do
horário da farmácia (Todos os dias das 08h00 às 20h00); no piso inferior do lado esquerdo é
visível um expositor de cartazes que está localizado no interior da farmácia, e do lado esquerdo
existe igualmente um expositor de cartazes e ainda um autocolante com a informação dos
serviços disponíveis na farmácia (Consulta farmacêutica, Preparação individual da medicação,
Administração de vacinas, administração de medicamentos injetáveis, Check saúde, Serviço de
nutrição, Serviço de pé diabético, Serviço de podologia, Serviço de Dermofarmácia).
Junto à porta, do lado esquerdo, está uma placa em metal que identifica a farmácia, a
direção técnica da mesma e também o horário e do lado direito tem um pequeno espaço
envidraçado onde se encontram cartazes informativos de campanhas de saúde pública ou de
projetos da farmácia. A porta é automática e tem do seu lado esquerdo um painel com a
informação das farmácias de serviço do município de mensal, e do lado direito uma placa
pequena com o nome da farmácia e com as opções de frente e verso ‘’Aberto’’ ou ‘’Fechado’’.
Por último é de referir que a farmácia é de fácil acesso a todos os utentes, incluindo utentes
portadores de algum tipo de deficiência ou dificuldade em andar.
3.2.2. Espaço Interior
A Farmácia Pedroso é constituída por três pisos e encontra-se dividida nas áreas
distintas de acordo com a Deliberação nº. 1502/2014, de 3 de julho, distinguindo-se a zona de
acesso aos utentes e a zona de acesso exclusivo aos recursos humanos, sendo as mesmas
descritas de seguida (4).
A zona de atendimento apresenta-se como um espaço amplo, acolhedor, de aspeto
uniforme e profissional que se apresenta sempre limpo e com as condições ótimas de
luminosidade e temperatura, de forma a receber os utentes da melhor forma possível e
45
profissionalmente de acordo com o tipo de atendimento característico das farmácias do Grupo
Holon.
Existem 5 balcões de atendimento, numerados de 1 a 5 bem visível, com o layout muito
simples que transmite tranquilidade e confiança e todos eles estão equipados com um
computador, um leitor de código de barras e duas impressoras (uma de talões e uma de
etiquetas de posologia). Dois dos balcões são para um atendimento sentado, equipados com
uma cadeira para o profissional de saúde e duas cadeiras cada um para os utentes, e os
restantes três para um atendimento em pé, todos eles distanciados devidamente uns dos outros
de forma a garantir a privacidade de cada utente. Sobre os balcões eventualmente poderão
estar molduras com cartazes com informação das próximas datas dos serviços disponíveis na
farmácia ou folhetos de campanhas de sensibilização de saúde pública. Nos balcões existe uma
plataforma de exposição anexada, onde normalmente são colocados produtos em campanhas
de descontos. Para utilização dos cinco balcões estão disponíveis três terminais multibancos
móveis. Na parede encontram-se expostas as sinaléticas relativamente à videovigilância e à
posse de livro de reclamações.
Relativamente aos lineares na zona de atendimento, existem 7 lineares todos com 7
prateleiras envidraçadas e uma gôndola oval que se encontra no centro da zona de atendimento
com 3 prateleiras disponíveis. Iniciando pelo lado esquerdo da farmácia, os primeiros 3 lineares
estão reservados para produtos de dermocosmética para as diversas aplicações existentes;
seguem-se dois lineares de produtos capilares, desde champôs, a tintas e a cápsulas de diversas
marcas. Posteriormente temos o linear dedicado à sexualidade, onde podemos encontrar testes
de gravidez, diferentes tipos de preservativos, géis lubrificantes, MNSRM para infeções
geniturinárias e diversos produtos para lavagem e cuidado da higiene íntima. Os últimos dois
lineares deste lado da farmácia estão reservados para os produtos de higiene oral, como pastas
e escovas de dentes para diferentes situações e problemas, MNSM para aftas e problemas
gengivais, colutórios e elixires, tendo ainda por baixo junto ao chão seis gavetas onde estão
guardadas amostras de produtos ou outros produtos de saúde da mesma gama do linear.
Passando à zona que se encontra atrás dos 3 balcões de atendimento em pé, existem
dois lineares com vários produtos ortopédicos, seguindo-se de 2 lineares com medicação
familiar onde se encontram diversos medicamentos não sujeitos a receita médica, referindo
apenas que o segundo linear desta categoria tem as duas primeiras prateleiras reservadas para
medicação veterinária, como desparasitastes internos e externos, nomeadamente coleiras e
pipetas. Também por baixo destes lineares existem seis filas de gavetas cada uma com quatro
gavetas, estando nas mesmas guardados vários produtos que não estão expostos e também
amostras, existindo 4 gavetas reservadas para armazenamento de material de escritório, sacos
e outros materiais de apoio ao atendimento.
Por último do lado direito da farmácia, temos um linear dedicado à idade sénior onde
temos expostos dispositivos médicos, como tensiómetros, e também alimentação direcionada
aos utentes com caraterísticas nutricionais especiais. Segue-se o linear dos primeiros socorros
onde podemos encontrar dispositivos e MNSRM, o linear de pés e pernas onde também
46
encontramos dispositivos médicos e MNSRM, e por fim dois lineares dedicados aos bebés e às
mamãs onde temos disponível alimentação direcionada aos bebés, dispositivos médicos para
auxílio da amamentação e para os bebés, bem como produtos de dermocosmética e brinquedos.
Existe, ainda, uma gôndola, onde são colocados produtos sazonais ou em desconto.
Na Farmácia estão disponíveis dois gabinetes. Um deles encontra-se na zona de
atendimento e é mais utilizado para as consultas dos diversos serviços de que a farmácia dispõe
e está equipado com um lavatório, uma mesa com duas cadeiras, um cadeirão almofadado e
um móvel com gavetas para suporte de material que possa ser utilizado. O outro encontra-se
na zona de passagem para o back office, e é mais utilizado para a determinação de parâmetros
biológicos, administração de vacinas, consultas farmacêuticas e preparação individualizada da
medicação, estando por isso equipado com uma mesa e duas cadeiras, um tensiómetro, um
espectrofotómetro que permite determinar alguns parâmetros com maior precisão, uma vez
que são medidos por absorvância, uma centrifuga pequena de auxilio para algumas medições,
uma maca, equipamento de oxigénio e caneta de adrenalina e, um móvel com gavetas com
material de apoio. Neste gabinete existem contentores para o lixo biológico e outros materiais
de apoio, bem como uma estante de parede onde se encontram os dossiês dos diferentes
serviços prestados pela farmácia com as folhas de marcações.
Ao nível do back office, existem três andares como já foi referido. Iniciando pelo piso
-1, podemos encontrar uma sala espaçosa que serve de arquivo da farmácia e o laboratório,
com todo o material obrigatório e necessário por lei.
No piso 0 existe a zona de armazenamento dos medicamentos que tem ligação através
de um pequeno corredor para a zona de atendimento. Nesta zona encontramos uma bancada
com um lavatório onde se realizam as preparações extemporâneas necessárias, um móvel com
gavetas onde são arquivadas as receitas médicas manuais e eletrónicas de MSRM sem
comparticipação, portefólios de novos produtos e as mais recentes circulares do Infarmed e
ANF sobre os produtos de saúde e medicamentos de forma a estarem mais acessíveis para
consulta rápida em caso de dúvida. Na mesma zona temos também seis móveis para arrumação
de medicamentos. Os medicamentos estão organizados por ordem alfabética num armário de
gavetas. Na mesma zona temos um armário onde constam os folhetos informativos das
Farmácias Holon, a bibliografia necessária à farmácia, como por exemplo o Prontuário
Terapêutico, amostras de vários produtos dermocosméticos, e o contentor do Valormed. Por
último, o frigorífico encontra-se neste piso, e lá estão guardados os medicamentos que
necessitam ser conservados a temperaturas mais baixas.
No piso 1, existe uma cozinha equipada, duas casas de banho e um lavatório para uso
dos recursos humanos, uma sala ampla onde existem armários para armazenamento dos
excedentes de produtos de saúde e medicamentos. Nesta zona existem 3 secretárias cada uma
com um computador, uma reservada para a direção técnica, e as outras duas para receção de
encomendas. Na secretária principal para receção de encomendas existe um computador, um
leitor de código de barras, um telefone e uma impressora de etiquetas. No chão estão
delimitadas 3 zonas, uma para encomendas por rececionar, outra para encomendas já
47
rececionadas e prontas a arrumar e outra para as banheiras dos fornecedores já vazias para
poderem ser recolhidas.
Numa das secretárias existem ainda dois separadores, uma para as guias dos
psicotrópicos e benzodiazepinas das encomendas e outra para as notas de crédito. Cada
elemento da farmácia possuí um cacifo para guardar os seus bens pessoais.
3.2.3. Equipamentos e funcionalidades técnicas da farmácia
O software Sifarma 2000 está instalado em todos os computadores existentes na
farmácia, facilitando o atendimento e a gestão. Este sistema, durante os atendimentos,
permite consultar stocks de produtos e medicamentos, a sua localização na farmácia, os preços,
e as fichas dos utentes. Para além desta vertente, toda a gestão do sistema permite emitir a
faturação, dar entrada de encomendas, entre outras funções. Durante todo o período de estágio
tomei conhecimento com todas as funcionalidades deste software.
Todos os computadores estão igualmente equipados com o software ‘’FarmacoSmart’’,
que é o software que gere os cartões de fidelização dos utentes da farmácia. Este software
permite que em cada venda realizada se acumule dinheiro em cartão (não tendo qualquer
validade).
Os fornecedores, através do sistema permitem verificar quando será realizada a
próxima entrega de encomendas, encomendar produtos e verificação de todas as faturas das
encomendas realizadas.
A farmácia dispõe de termohigrómetros com a capacidade de registar as temperaturas
e a humidade, dos diferentes espaços da farmácia. Desta forma é possível verificar se as
condições exigidas de segurança para os produtos estão nos intervalos devidos. Foi-me possível
contactar com o processamento dos dados, que podem ser descarregados e impressos num
computador que está equipado com o Software ''Rotronic''. Os ficheiros são arquivados sempre
com a validação de um farmacêutico.
Por fim, a farmácia está equipada com um sistema de videovigilância, assegurando
assim a segurança de todos os utentes, dos recursos humanos e de todo o material, produtos
de saúde e medicamentos nela existentes.
48
4. Recursos Humanos
A Farmácia Pedroso é constituída por uma equipa coesa, que trabalha em prol dos
mesmos objetivos, dinâmica e profissional, e tem como o maior objetivo garantir o bem-estar
e a saúde de todos os utentes. Fui recebida por todos da melhor forma possível, tendo-me sido
transmitidas todas as competências do Farmacêutico Comunitário, incentivando-me também a
aprender mais e a ter espírito crítico perante as diversas situações vividas no dia a dia na
farmácia.
De acordo com o Decreto-Lei nº 75/2016 de 8 de novembro (5), a equipa é constituída
por:
Dr. Pedro Diamantino, proprietário, que tem uma função de decisão, planeamento
e direção da atividade da farmácia;
Dr.ª Ana Rita Cruz, Diretora técnica, que tem como função a gestão, liderança,
satisfação dos clientes e o bom desempenho e satisfação dos colaboradores;
Dr.ª Joana Ascensão, Farmacêutica substituta, que tem como função substituir o
diretor técnico na sua ausência, sendo ainda responsável pela faturação do
receituário;
Dr.ª Mafalda Jesus e Dr. João Vale, Farmacêuticos;
Dr.ª Joana Formoso e Dr.ª Fátima Silva, Técnicas de Farmácia.
Todas as funções e responsabilidades de cada elemento da equipa da farmácia estão
definidas à partida, e para além das funções inerentes de acordo com o Decreto-Lei 171/2012,
de 1 de agosto (6), existem ainda departamentos pelos quais são distribuídos:
Departamento do Marketing e Comunicação e Produtos Holon, sendo a Dr.ª Mafalda
Jesus e a Dr.ª Joana Formoso as responsáveis;
Departamento Projetos e Serviços, sendo a Dr.ª Joana Ascensão e a Dr.ª Fátima
Silva responsáveis;
Departamento de Compras e Logística, sendo o Dr. João Vale e a Dr.ª Joana
Formoso responsáveis;
Departamento de Intervenção Farmacêutica, sendo o Dr. João Vale e a Dr.ª Joana
Ascensão responsáveis;
Departamento de Atendimento Holon, sendo a Dr.ª Joana Ascensão e a Dr.ª Rita
Cruz responsáveis.
Ao nível dos serviços que são prestados na farmácia, o Grupo Holon a nível nacional
designa os seus prestadores, de acordo com a sua formação, para cada farmácia. Os seguintes
prestadores são aqueles que se deslocam à Farmácia Pedroso:
Serviço de Nutrição: Dr.ª Patrícia Gabriel (Nutricionista);
49
Serviço do Pé diabético: Dr. Lionel Monteiro (Enfermeiro) e Dr.ª Raquel Limão
(Enfermeira);
Serviço de Podologia: Dr.ª Vera Couto (Podologista);
Serviço de Dermofarmácia: Dr.ª Jéssica Santos (Farmacêutica);
Intervenção Farmacêutica: Dr.ª Maria João Mendes (Farmacêutica).
A Dona Natália é a pessoa que faz a manutenção e a limpeza da farmácia diariamente.
Qualquer trabalhador que se encontre em funções na farmácia usa a bata do Grupo
Holon, com um cartão identificativo do lado direito contendo o nome da farmácia, o nome, o
número da ordem e a função desempenhada na farmácia.
50
5. Fontes de informação e documentação
científica
Durante o atendimento aos utentes por vezes surgem dúvidas para os farmacêuticos e
técnicos de farmácia, muito devido à constante inovação e modificação na área da saúde. Posto
isto, e de forma a enriquecer e a sustentar da melhor forma o atendimento, a farmácia está
equipada com documentos de informação científica sempre pronta a consultar. São exemplos
o Prontuário Terapêutico, o Formulário Galénico Português, a Farmacopeia Portuguesa e as
Circulares informativas por parte da ANF e do Infarmed, sendo estas últimas enviadas a toda a
equipa da farmácia por email e impressas para consulta rápida. Poderão ainda existir
informações de vários fornecedores, que são normalmente enviadas por email, tal como as
circulares informativas; existindo ainda alguns centros de documentação e informação sempre
disponíveis via telefónica como o Centro de Informação do Medicamento da Ordem dos
Farmacêuticos (CIM), o Centro de Informação sobre Medicamentos da Associação Nacional das
Farmácias (CEDIME) e o Centro de Informação do Medicamento e dos Produtos de Saúde (CIMI).
No ato do atendimento, sempre que necessário, o software Sifarma tem a opção de
consulta de ''Informação Científica'', onde podemos ter acesso ao Resumo das Características do
Medicamento (RCM), sendo um auxílio e uma segurança para o farmacêutico e ou técnico de
farmácia.
Por último, a Farmácia Pedroso, em conjunto com a Farmácia Holon Covilhã e a
Farmácia Diamantino (localizadas na Covilhã e no Fundão, respetivamente), utilizam
conjuntamente um serviço de armazenamento e sincronização de arquivos, o Google Drive.
Com esta função é permitido que cada farmácia faça os seus registos e os partilhe com as
restantes farmácias do grupo. São registados no Google Drive as manutenções aos equipamentos
existentes, as fichas de preparação de manipulados, informações dos projetos e serviços
realizados, registo de temperaturas e humidades, entre outras.
51
6. Aprovisionamento e armazenamento
6.1. Fornecedores e submissão de encomendas
A Farmácia Pedroso trabalha diariamente com fornecedores/armazenistas de forma a
manter o stock necessário. Além dos fornecedores existem outros como é o caso dos
laboratórios, que são de uso mais esporádico, onde são feitas encomendas mais específicas e
em maiores quantidades. Na farmácia realizam-se duas entregas durante o dia, uma de manhã
e uma à noite, enquanto que os outros fornecedores apenas fazem entregas a pedido da
farmácia. É sempre do interesse das farmácias trabalhar com mais do que um fornecedor uma
vez que assim conseguem garantir, a maior parte das vezes, a chegada de um ou mais produtos
que estejam esgotados num determinado armazenista selecionado inicialmente.
Todos os consumíveis da farmácia, como rolos de papel, rolos de etiquetas, sacos, entre
outros, são fornecidos pelo Grupo Holon, sendo os produtos personalizados com o logótipo e
imagem das Farmácias Holon.
A Farmácia Pedroso realiza as encomendas diárias, uma de manhã e outra à tarde,
através do software Sifarma que propõe as encomendas necessárias sendo posteriormente
verificadas e enviadas via modem, tarefa esta que tive oportunidade de realizar durante o
período de estágio. As propostas que o Sifarma faz tem em conta o stock mínimo de cada
produto que está estabelecido na farmácia.
Este sistema informático permite-nos ainda fazer encomendas instantâneas em
qualquer momento do dia, consultando a ficha do produto que queremos encomendar e
visualizando as informações do produto e da data e horário de chegada do mesmo. Esta
ferramenta torna-se muito útil durante os atendimentos nos quais é necessário a encomenda
de algum produto que não se encontra na farmácia.
Além do Sifarma as encomendas de produtos mais específicos podem ser feitas
facilmente via telefónica ou via internet (no site dos armazenistas), estando sempre acessível
a informação relativamente à disponibilidade e existência do produto procurado.
Posteriormente à encomenda por estas vias, a mesma terá de ser criada manualmente no
Sifarma no separador ‘’Gestão de Encomendas’’, podendo depois ser rececionadas
normalmente.
52
6.2. Receção de encomendas
A receção de encomendas foi algo bastante efetuado durante o período de estágio,
tendo adquirido bastante conhecimento, quer ao nível burocrático, quer ao nível prático e até
relativamente a cada medicamento dos quais dava entrada.
As encomendas que chegam à farmácia vêm armazenadas em pequenos contentores de
plástico sempre identificados com o armazenista de onde vêm e com a farmácia de destino.
Por regra cada contentor vem acompanhado pela sua respetiva fatura/guia de remessa (caso
isso não aconteça é sempre possível imprimir na farmácia através do site do armazenista), onde
vem descrito a informação relativamente à farmácia, a informação de todos os produtos que
constam na encomenda, a sua quantidade, bonificações e respetivos preços e IVAs.
Chegadas várias encomendas, primeiro são registadas as validades, os códigos e as
quantidades dos medicamentos termolábeis, sendo de imediato arrumados no frigorífico de
forma a manter as devidas condições de armazenamento. Para rececionar as encomendas, no
Sifarma, no separador ‘’Receção de Encomendas’’, seleciona-se a fatura correspondente à
encomenda, lendo o código de barras do número da fatura. Introduz-se o valor total da mesma
e o número total de embalagens. De seguida lê-se o código de barras, verifica-se a validade (no
caso de a validade do produto ser inferior em relação à existente no stock, ou caso não exista
stock, a mesma deve ser alterada para a mais recente) e o preço da embalagem caso exista,
sempre produto a produto. No final da leitura de todos os produtos é conferida a quantidade
de produtos pedidos e aviados, o PVF, o PVP, o número total de embalagens, o valor total da
encomenda com IVA e sem IVA. Falando detalhadamente na marcação de preços, de acordo
com o Decreto-Lei nº 128/2013, de 5 de setembro, o PVP dos MSRM comparticipados e não
comparticipados que já está fixado encontra-se impresso na embalagem do mesmo, bem como
na fatura. Já aos produtos sem PVP pré-definido deve-se atribuir um preço e uma etiqueta caso
o mesmo seja exposto ao público; nestes casos o cálculo do PVP é feito de acordo com o preço
de aquisição, o IVA e a margem de lucro para a farmácia (6).
O original da fatura é assinado, datado e arquivado pelo funcionário que rececionou a
encomenda, sendo os produtos posteriormente arrumados de acordo com a sua localização na
farmácia prontos a ser dispensados. No caso de as encomendas conterem medicamentos
psicotrópicos e/ou estupefacientes o Infarmed obriga ao seu registo, e por isso as faturas vêm,
ou acompanhadas de uma requisição especial, numerada e em duplicado, ou de igual forma,
mas apenas mensalmente, sendo todas elas assinadas e carimbadas pelo Diretor Técnico. Os
duplicados serão entregues mensalmente ao fornecedor e os originais arquivados na farmácia
por um período mínimo de 3 anos.
Por último, e após conclusão do registo da totalidade dos produtos da encomenda,
aqueles que foram encomendados, mas encontram-se em falta na mesma são transferidos para
outro armazenista, tentando assim satisfazer sempre as necessidades da farmácia e dos
respetivos utentes.
53
6.3. Armazenamento
Na Farmácia Pedroso após a entrada das encomendas, a maioria dos produtos
rececionados são armazenados em gavetas por ordem alfabética, segundo o princípio FEFO -
‘’First-Expire, First-Out'’, processo com o qual me familiarizei desde cedo, tendo-se tornado
quase mecânico e intuitivo. Os produtos e medicamentos de uso veterinário encontram-se numa
gaveta a parte. Além das gavetas existem mais 5 móveis para arrumação dos produtos. Os
produtos termolábeis como algumas vacinas, insulinas e colírios são armazenados no frigorífico,
novamente por ordem alfabética, tendo na última prateleira um espaço reservado para
produtos não introduzidos.
Ao nível do armazenamento de produtos restam os lineares na zona de atendimento
(tendo os mesmo já sido descritos no ponto 3.2.2.), encontram-se produtos como suplementos
alimentares, produtos de uso veterinário e MNSRM estão fora do alcance dos utentes. Ao seu
alcance estão os produtos de cosmética, de puericultura, primeiros socorros, entre outros.
Tive oportunidade de visitar a Farmácia Holon Covilhã e a Farmácia Diamantino, e no
que diz respeito ao armazenamento, diferente da Farmácia Pedroso, estas duas farmácias
possuem um robot. Neste sentido o armazenamento da maioria dos MSRM e de alguns MNSRM é
feito neste enquadramento; no momento do armazenamento o código de barras do produto é
lido e inserido depois no computador a data de validade que vem inscrita na caixa, processo
este feito caixa a caixa. Tanto na Farmácia Holon Covilhã como na Farmácia Diamantino tive
oportunidade de realizar o processo descrito acima.
6.4. Controlo de prazos de validade e gestão de devoluções
O controlo dos prazos de validade é uma função extremamente importante para
qualquer farmácia, que garante a segurança dos seus utentes e a eficácia dos medicamentos.
Este controlo inicia-se na receção das encomendas, tal como já foi explicado atrás. No momento
da receção das encomendas os prazos de validade de cada embalagem são verificados e
alterados no programa Sifarma se assim houver necessidade. No final de cada mês, é impressa
uma listagem a partir do Sifarma de todos os produtos existentes na farmácia cujo prazo de
validade termine dentro de 6 meses. Após impressão da listagem, os produtos nela descritos
são verificados um a um na sua totalidade, sendo aqueles que correspondem à validade inscrita
na listagem retirados do seu local habitual de armazenamento e colocados num móvel à parte
que está destinado apenas a este tipo de produtos (o móvel encontra-se dividido por prateleira,
uma para cada mês, estando devidamente assinaladas), sendo localização destes produtos
alterada na sua ficha do Sifarma para ‘’Móvel das Validades’’, podendo assim priorizar a sua
venda desde que seja tido em conta a duração da terapêutica. No caso de alguma validade não
54
corresponder à da listagem a validade correta é registada na folha para posterior alteração na
ficha do produto. Todo este processo foi realizado por mim em conjunto com o Dr. João Vale
no final de cada mês.
Relativamente às devoluções, no caso dos produtos que se encontram com um prazo de
validade a terminar dentro de 1 mês, os mesmos são recolhidos e devolvidos ao respetivo
armazenista. Nestes casos é criada uma nota de devolução com o motivo da devolução (neste
caso é a aproximação do fim do prazo de validade) para o devido armazenista através do
Sifarma, sendo a mesma impressa em triplicado devidamente assinada e carimbada (original e
duplicado destinam-se ao fornecedor e o triplicado para arquivo na farmácia). Após envio, a
mesma poderá ser deferia ou indeferida; no caso de ser deferida pelo fornecedor o mesmo
poderá enviar um novo produto ou então ser emitida uma nota de crédito, caso aconteça o
contrário o produto é retirado do stock da farmácia através da quebra do mesmo. Para além
dos prazos de validade existem outros motivos para a realização de devoluções, como é o caso
de na encomenda existirem embalagens danificadas, produtos que não foram encomendados,
quantidades de um produto superiores à encomendada, preço faturado errado, entre outros,
sendo o processo de devolução idêntico alterando apenas o motivo da mesma.
6.5. Controlo de temperaturas e humidades
De acordo com o Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto, a Farmácia Pedroso esta
equipada com um sistema de medição e registo de temperaturas e humidades, de forma a poder
controlar as mesmas para garantir a segurança e a eficácia de todos os medicamentos que nela
constam. Assim sendo a farmácia dispõe de três termohigómetros (Anexo 4), um na zona de
atendimento, um na zona de armazenamento e outro dentro do frigorífico (3).
Posto isto, os registos dos três termohigómetros são retirados e analisados uma vez por
semana; os aparelhos são recolhidos e ligados a um computador, e através do Software
''Rotronic'' consegue-se obter os gráficos (um da temperatura e outro da humidade) (Anexos 5 e
6) e os dados das calibrações realizadas naquele momento. Após obtenção dos dados dos 3
aparelhos os mesmos são todos impressos e devidamente arquivados num dossiê para esse feito,
sendo ainda os dados carregado em formato PDF para o Google Drive da farmácia. No frigorífico
a temperatura pode oscilar entre os 2º e os 8º graus e a humidade entre 80 a 100%, nas restantes
duas zonas a temperatura deve-se encontrar entre os 15º e os 25º graus e a humidade entre 30
a 60% (7). No caso de se encontrar algum valor fora dos intervalos referidos o mesmo deve ser
devidamente justificado, caso que não é regular acontecer.
Menciono que tive a oportunidade de ver e de efetuar estes processos várias vezes,
considerando esta responsabilidade de extrema importância para a manutenção e eficácia dos
medicamentos e produtos existentes na farmácia, bem como a segurança e o bem-estar dos
utentes que nos visitam.
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7. Atendimento e dispensa de medicamentos
O atendimento é uma responsabilidade do Farmacêutico que permite a utilização
responsável, informada e segura dos medicamentos, sendo assim importante que se trate de
um ato de excelência e profissionalismo a fim da classe farmacêutica se afirmar perante a nossa
sociedade como um elemento importante sistema de saúde português (8).
O atendimento que é realizado diariamente na Farmácia Pedroso não se resume
simplesmente à venda de produtos de saúde, existindo um protocolo padronizado para este
seja uniforme e de excelência em todas as farmácias pertencentes ao grupo. A farmácia é
diariamente a primeira linha de contacto dos utentes com o SNS, sendo por isso o farmacêutico
responsável, para além de um atendimento de excelência, por um aconselhamento de
segurança e profissional suportado pelos seus conhecimentos técnico-científicos. Por outro
lado, os utentes também recorrem à farmácia como o último ponto de contacto com o SNS, no
elo entre a prescrição e o uso dos medicamentos, sendo igualmente responsabilidade do
farmacêutico informar de forma dinâmica e percetível, tendo sempre em atenção todas as
dúvidas e preocupações do utente, esclarecendo-as devidamente. Desta forma, os
farmacêuticos e os técnicos da Farmácia Pedroso seguem as Boas Práticas em Farmácia
Comunitária, sempre com o utente como centro de atenção, promovendo sempre a adesão à
terapêutica de forma eficaz, segura e com qualidade.
Cada utente que chega à Farmácia Pedroso é recebido sempre com empatia por um
profissional de saúde na zona de atendimento, sendo acompanhado para o devido balcão
(atendimento em pé, atendimento sentado ou gabinete). No início do atendimento o
profissional de saúde verifica se o utente vem aviar uma receita, adequando o seu atendimento
e aconselhamento (processo descrito no ponto 7.6 Farmacovigilância); no término do mesmo é
sempre questionado se podemos ajudar em mais alguma coisa, caso não seja é igualmente
questionado se deseja fatura com número de contribuinte, e finaliza-se o atendimento
entregando os produtos num saco ao utente já fora do balcão, despedindo do mesmo novamente
com empatia. Em todos os atendimentos realizados, a postura e linguagem do farmacêutico
devem ser adequadas a cada utente que se encontra ao balcão, não podendo existir um
atendimento padronizado para todos os utentes. A linguagem usada deve ser clara e simples,
de uma forma que transmita segurança e empatia para que a relação entre o farmacêutico e o
utente seja sempre de confiança e de segurança.
Durante o presente estágio, esta tarefa foi realizada inúmeras vezes, inicialmente
acompanhada e, posteriormente, autonomamente. De todas as tarefas realizadas na farmácia
este demonstrou-se a mais apreciada e gratificante a nível pessoal, tendo a oportunidade de
aprender intensivamente com os casos que surgiam no dia-a-dia, podendo igualmente por em
prática os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do MICF. Fui constantemente apoiada e
acompanhada por toda a equipa da farmácia Pedroso, que se demonstrou sempre pronta a
56
responder a todas as minhas dúvidas e ajudar em alguns procedimentos, sempre com o objetivo
de fazer um atendimento de qualidade e segurança aos nossos utentes.
7.1. Dispensa de receituário
Nos dias de hoje, chegam às farmácias três modelos de receitas: receita manual, receita
eletrónica materializada e receita eletrónica desmaterializada.
Iniciando pela receita manual, que é aquela que surge com menos frequência, no
Sifarma no separador ‘’Atendimento’’, é selecionado outro separador para receitas com
comparticipação (‘’C/Comprt.’’) e a receita é inserida manualmente no sistema informático
após interpretação e verificação total da receita, prevenindo a sua devolução. Este tipo de
receitas aparece com pouca frequência, sendo predominantemente prescritas quando ocorrem
falhas informáticas.
As receitas eletrónicas materializadas são as mais comuns nos dias de hoje, e os códigos
são introduzidos no Sifarma por leitura ótica dos mesmos, facilitando todos o processo na
seleção e dispensa dos medicamentos prescritos. Estas receitas permitem uma diminuição
bastante significativa nos erros de dispensa uma vez que, ao validar com o leitor ótico cada
produto, o próprio sistema informático indica a sua existência. Estas receitas chegam à
farmácia frequentemente por utentes com idades mais avançadas, sendo o formato em papel
importante para estes utentes porque permite o apontamento do número de produtos que ainda
podem levantar podendo controlar a sua medicação de forma mais eficaz.
Por fim, a receita eletrónica desmaterializada tem vindo a ser cada vez mais frequente,
mesmo na população mais idosa. A receita é passada pelo médico e é enviada uma mensagem
diretamente para o número de telefone do utente. A mensagem é constituída pelos códigos
necessários para a introdução da receita no Sifarma, tal como as receitas eletrónicas
materializadas.
No decorrer do meu estágio tive oportunidade de contactar com os três formatos de
prescrição, facto que se tornou importante para me familiarizar com todos os processos que
cada uma implica, tendo sido auxiliada sempre que necessária para o processamento das
mesmas.
7.1.1. Dispensa de medicamentos psicotrópicos e
estupefacientes
A dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes requer uma atenção e um
cuidado especiais.
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De forma a facilitar todo o controlo desta dispensa, o Sifarma já se encontra preparado
para responder às obrigações legais: quando uma receita com estas classes de medicamentos é
introduzida, e após seleção dos medicamentos, antes da verificação por leitura ótica, aparece
automaticamente uma janela no ecrã para preenchimento dos dados pessoas pessoais do utente
que levanta a medicação (nome completo, morada, data de nascimento, nº cartão de cidadão
e a sua data de validade), bem como dos dados do utilizador do medicamento.
No caso de o utente já ser cliente da farmácia, os dados pessoais normalmente já se
encontram preenchidos, no entanto deve ser sempre solicitado o cartão de cidadão para
verificação dos mesmos. De forma igualmente automática, o nome do prescritor e respetivo
número mecanográfico são assumidos pelo sistema no momento da leitura ótica dos códigos da
receita eletrónica. No final do fecho da venda, para além do talão de venda é emitido outro
talão com o medicamento dispensado que é arquivado num dossiê na farmácia.
Estas classes de medicamentos não são prescritas apenas em receitas eletrónicas,
surgindo por vezes na farmácia outros formatos de receitas. Nestes casos é tirada uma fotocópia
à prescrição, e é anexado a mesma o talão de dispensa que o software emite, sendo que esta
documentação é igualmente arquivada num dossiê na farmácia. Mensalmente, as cópias das
receitas manuais de psicotrópicos e estupefacientes e o registo de saídas mensal gerado pelo
Sifarma são enviados por email para o Infarmed.
No meu estágio tive oportunidade de verificar todos estes processos, bem como pude
consultar o dossiê de arquivo para visualização dos documentos.
7.1.2. Regimes de comparticipação
A comparticipação é um processo que tem como objetivo ajudar e beneficiar os utentes,
permitindo que os mesmo apenas paguem uma percentagem, ou não paguem qualquer valor,
do valor total do produto, sendo o restante valor reembolsado à farmácia pelo organismo de
comparticipação. O Estado Português é um dos organismos, e a sua comparticipação encontra-
se legislada pelo Decreto-Lei nº 103 /2013 de 26 de julho, estando descrito que os utentes
poderão ser incluídos em dois regimes: comparticipação geral e especial, cada qual com
diferentes escalões definidos pela classificação Farmacoterapêutica, a sua utilização,
entidades prescritoras e utente com determinadas patologias (9).
Na Farmácia Pedroso, devido à sua localização geográfica, a maioria dos utentes são
beneficiados pelo SNS e pelo organismo LA – Pensionistas Industriais de Lanifícios; no entanto,
diariamente, surgem receitas com outras entidades de comparticipação, em regime de
subsistemas, ou em regime de sistema próprio. No caso de o utente ter direito a
comparticipação em regime de subsistemas ou em regime de sistema próprio, deve ser tirada
uma fotocópia a esse cartão, sendo impresso no verso da receita o registo da medicação
dispensada e rubricado pelo próprio; sendo exceção os casos em que o utente apresenta uma
58
receita desmaterializada onde o Sifarma emite um documento comprovativo no formato de
talão do plano de comparticipação associado, sendo igualmente rubricado pelo utente.
No caso das receitas eletrónicas os planos de comparticipação são diferentes: No caso
das receitas materializadas os planos existentes são o 99 (quando não existe erros de validação)
e o 98 (quando existem erros de validação; e nas receitas desmaterializadas existem o plano
97 (quando não existem erros de validação) e o 96(quando existem erros de validação).
No final de cada mês a farmácia é reembolsada pelos respetivos organismos de
comparticipação, sendo este processo descrito a seguir.
7.2. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica
A dispensa de medicamentos não se limita às receitas médicas, existindo nas farmácias
medicamentos que podem ser dispensados sem receita. Os MNSRM são utilizados e aconselhados
pelos farmacêuticos como prevenção ou alívio de sintomas de baixa gravidade. A utilização
destes medicamentos atualmente é considerada como automedicação, facto que reforça e
torna de extrema importância o aconselhamento farmacêutico adequado e seguro,
maximizando os resultados da utilização dos produtos e a promoção do seu uso responsável.
Neste sentido, torna-se relevante referir que as situações clínicas passíveis de automedicação
estão descritas na legislação portuguesa no Despacho nº 17690/2007 de 23 de julho, devendo
por isso ser do conhecimento de todos os farmacêuticos, com o objetivo de os mesmos saberem
interpretar cada situação clínica e encaminhar o utente para consulta médica sempre que
necessário, zelando sempre pelo bem-estar e saúde de todos os utentes (10).
No dia-a-dia da farmácia são diversos os casos que surgem e são passíveis da utilização
de MNSRM, sendo a intervenção do farmacêutico de extrema importância. Inicialmente o
farmacêutico deve questionar o utente sobre os seus sintomas e também sobre outros
problemas de saúde ou medicação que eventualmente possam existir, tomando especial
atenção aos grupos mais vulneráveis (crianças, grávidas e idosos), evitando a duplicação ou
interações medicamentosas. Após análise do caso exposto, o farmacêutico deve mostrar ao
utente quais os produtos que considera adequados para a situação, fazendo o devido
aconselhamento.
Surgem casos em que os utentes chegam à farmácia e pedem especificamente um
destes produtos, e nestes casos o farmacêutico deve sempre avaliar a pertinência do pedido,
questionando o utente sobre o uso do produto devido e qual a situação que o levou a pedir o
produto. Por exemplo, o farmacêutico deve tentar sempre perceber se o produto solicitado foi
recomendado por um profissional de saúde, ou por familiares e amigos, ou ainda se é por
experiência própria da sua utilização. Isto permite consentir o pedido ou então fazer um
aconselhamento de produtos mais adequados para a situação apresentada.
59
Devido à panóplia de MNSRM existentes, qualquer profissional de saúde presente na
farmácia deve estar devidamente atualizado, estando disponíveis pelo Grupo Holon e também
pela ANF fluxogramas de indicação farmacêutica sobre os mais diversos problemas de saúde
passíveis de automedicação, que através do seu estudo, são um suporte ao bom aconselhamento
farmacêutico.
Uma vez que o período de estágio foi realizado maioritariamente no período de
outono/inverno, a maioria das situações passíveis de automedicação com que contactei
passavam pelos sintomas gripais e constipações, tosses, dores de garganta, dores musculares e
articulares ligeiras a moderadas, obstipação, pirose e por último, pequenas afeções cutâneas
como herpes labial, pequenas feridas superficiais, picadas de insetos e pediculose. Para um
aconselhamento com maior segurança, no início do meu estágio tive oportunidade de ler e
analisar todos os protocolos que o grupo Holon disponibiliza, tendo conhecimento da maioria
dos MNSRM mais utilizados, e ainda das medidas não farmacológicas que devem ser
aconselhadas em cada situação.
O aconselhamento destes produtos de saúde constituiu grande parte dos atendimentos
que realizei durante o meu estágio, tendo sido sempre auxiliada por toda a equipa da farmácia
e sempre que necessitei. Devido às inúmeras situações que surgiam, nem sempre os
conhecimentos teóricos adquiridos foram suficientes para um aconselhamento adequado.
Considero que se trata de um dos atos mais recompensadores para a profissão farmacêutica
devido à confiança que é depositada nos farmacêuticos pelos utentes, valorizando o
conhecimento e a prática farmacêutica. Isto mostra a importância dos farmacêuticos como
especialistas do medicamento e promotores da saúde pública.
7.3. Aconselhamento de outros produtos de saúde
A Farmácia Pedroso não tem apenas medicamentos disponíveis aos seus utentes, pois
existem outros produtos de saúde passíveis de aconselhamento farmacêutico, como os produtos
cosméticos, os produtos de alimentação e suplementos, dispositivos médicos e ainda
medicamentos de uso veterinário.
A dermocosmética encontra-se em constante evolução, e os farmacêuticos deparam-se
cada vez mais com pedidos de aconselhamento nesta área, devendo por isso pesquisar e estudar
as gamas existentes das marcas que as farmácias mais trabalham, estando prontos para
responder às necessidades dos utentes. Estes produtos estão igualmente regulamentados e são
avaliados pelo Infarmed. A maioria está exposta na farmácia ao alcance dos utentes,
transmitindo confiança e conforto para verificar e analisar os produtos. Tal como com os
MNSRM, também aqui existem utentes que procuram um produto específico, e outros que
apresentam a situação que os preocupa e solicitam aconselhamento.
60
Os produtos de alimentação encontram-se também eles, na sua maioria, acessíveis aos
utentes, pela mesma razão apresentada anteriormente. De acordo com o Decreto-Lei n.º
74/2010 de 21 de junho, os casos de alimentação especial são aqueles que devido à sua
composição especial ou processos especiais de fabrico, se distinguem dos alimentos de consumo
corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais especiais de determinados
grupos de utentes. Dentro deste tipo de produtos, destacam-se os leites e papas infantis, e as
soluções para a alimentação de adultos com necessidades nutricionais especiais, como é o caso
da gama ‘’Meritene e Resource’’ da Nestlé, sendo estes últimos produtos muito indicados nos
idosos com dificuldades na deglutinação e nos utentes que realizam colonoscopias (11).
Ao nível dos suplementos, existe uma enorme variedade, quer em constituição quer em
marcas comercializadas. São produtos solicitados pelos utentes, quer por indicação médica quer
por autorrecriação, sendo a falta de concentração e de memória dos mais comuns. Devido à
recorrência dos utentes a este tipo de produtos, e à sua vasta diversificação, é importante que
o farmacêutico consiga reconhecer as verdadeiras necessidades dos utentes de forma a
recomendar o suplemento mais adequado e na correta posologia. O farmacêutico deve alertar
sempre o utente que, normalmente, os efeitos dos suplementos não são sentidos de forma
imediata e que a manutenção da terapêutica deve ser mantida pelo período recomendado. Para
além disso deve ser referido que nenhum suplemento substitui uma alimentação cuidada e
equilibrada.
Consultando o Decreto-Lei n.º 145/2009 de 17 de junho, verifica-se que os dispositivos
médicos poderão ser desde instrumentos, aparelhos, equipamentos, softwares, materiais ou
artigos com efeito no organismo humano por meios não farmacológicos, imunológicos ou
metabólicos. Fazem parte destes produtos as lancetas e as agulhas que os utentes diabéticos
tanto recorrem, o material de primeiros socorros como os pensos, as compressas e adesivos, os
recipientes estéreis para recolha de amostras biológicas, testes de gravidez, entre outros (12).
Por último, nesta gama de produtos, encontram-se os MUV. Devido à localização da
Farmácia Pedroso a procura por estes produtos não é muito frequente e é feita por utentes,
normalmente, sem indicação veterinária, sendo por isso importante para o farmacêutico o
conhecimento destes produtos e a pesquisa para cada situação que surge. As maiores
solicitações de aconselhamento farmacêutico na área da veterinária correspondem à
desparasitação e contraceção para animais domésticos, nomeadamente cães e gatos.
Durante o estágio tive inúmeras oportunidades de aconselhamento deste género de
produtos, sendo muitas delas processos desafiantes devido à variedade de situações e produtos.
Os casos mais frequentes que me ocorreram foram os dispositivos médicos, principalmente as
lancetas, as agulhas e os materiais de primeiros socorros. De igual forma, com os MNSRM,
houveram situações com que suscitaram dúvidas, todas elas prontamente esclarecidas pela
equipa da farmácia.
61
7.4. Serviços Farmacêuticos
Como já foi referido anteriormente, as Farmácias Holon oferecem uma grande
variedade de serviços, e a Farmácia Pedroso não é exceção.
Em seguida, serão descritos cada um dos serviços ao dispor dos utentes, ressalvando já
que cada serviço é realizado por prestadores com a devida formação. Todos os serviços têm um
custo, podendo no Sifarma selecionar-se o separador ‘’Serviços’’ no atendimento, com a
exceção da medição da pressão arterial que é gratuita. Destaco ainda que tive oportunidade
de assistir a alguns dos serviços prestados várias vezes durante o meu estágio.
7.4.1. Serviço de Consulta Farmacêutica
Este serviço é prestado por um farmacêutico que esteja na farmácia havendo a
possibilidade de ser marcado de 15 em 15 dias, e consiste no acompanhamento de utentes que
sintam necessidade da ajuda do farmacêutico, nomeadamente utentes com mais de 65 anos e
polimedicados, que têm dificuldade na manutenção e gestão da sua terapia farmacológica.
Durante as consultas o farmacêutico consegue detetar as dificuldades dos utentes, bem
como os problemas relacionados com a medicação do mesmo (por exemplo, duplicação
terapêutica, reações adversas ou alérgicas, contraindicações), tendo a responsabilidade de
esclarecer devidamente o utente, prevenindo-se assim os efeitos indesejáveis e garantindo o
uso responsável e seguro dos medicamentos. Além disso cada utente tem a sua folha de registo,
onde é permitido registar toda a informação relativa ao doente, desde a sua medicação até aos
valores dos parâmetros biológicos que tenha medido nas idas à farmácia.
Os objetivos da prestação deste serviço são, nomeadamente: o aumentar da
compliance, a prevenção e deteção dos efeitos negativos e indesejáveis relativamente à
terapêutica, o melhoramento da qualidade de vida dos utentes que procuram por este serviço
e ainda contribuir ativamente para a farmacovigilância.
Durante o período de estágio na Farmácia Pedroso não foi possível assistir a nenhuma
consulta farmacêutica, no entanto durante os atendimentos realizados ao balcão ocorreram
inúmeras situações em que todo o processo descrito anteriormente é realizado, muito devido
aos utentes que mais frequentam a farmácia serem idosos e polimedicados. Contudo, tive a
oportunidade de fazer um dia do estágio na Farmácia Diamantino, no Fundão, onde este serviço
é prestado com bastante frequência e regularidade, tendo assistido a alguns acompanhamentos
dos utentes.
62
7.4.2. Serviço de Preparação Individualizada de Medicação (PIM)
O serviço de PIM é prestado por um farmacêutico que se encontre na farmácia, podendo
ser adquirido para uma semana, um mês, três meses, seis meses ou um ano, e consiste na
preparação da medicação do utente em ‘’PillPacks’’ com validade no máximo de um mês (Anexo
7).
No caso de a PIM requisitada ser superior a um mês, cada mês é preparado e entregue
um ‘’PillPack’’ para o utente. As pessoas que procuram para preparação de PIM, normalmente
caracterizam-se por terem mais de 65 anos e serem polimedicados, tendo por isso dificuldade
em cumprir corretamente a sua terapêutica. Assim sendo o farmacêutico neste serviço tem
acesso à medicação do utente, bem como à guia de tratamento prescrita, e distribui a
medicação em alvéolos para cada momento do dia (jejum, pequeno-almoço, almoço, lanche,
jantar e deitar) de acordo com a prescrição.
No caso de medicação noutras formas farmacêuticas que não são passíveis de colocação
nos alvéolos (como por exemplo Xaropes, Adesivos transdérmicos, Insulinas, Inaladores) as
mesmas são assinaladas como ‘’FORA PIM’’, de forma a lembrar o utente que o medicamento
não se encontra no ‘’PillPack’’ mas que deve tomar de acordo com a prescrição. A PIM irá assim
facilitar a toma da medicação e o processo de gestão da mesma por parte do utente,
aumentando claramente a adesão à terapêutica.
Tive oportunidade de realizar todo o processo de Preparação Individual de Medicação
na Farmácia Diamantino no Fundão, serviço muito prestado e utilizado na mesma. Inicialmente
identifica-se o utente e recolhe-se toda a medicação necessária para a preparação das suas
‘’PillPacks’’, registando sempre num documento Excel do utente (guardados no Google Drive
da Farmácia) o nome e laboratório do medicamento, o lote, a validade, a dosagem, as tomas
de acordo com a altura do dia, a forma e a cor do medicamento, o médico prescritor e algumas
observações que sejam necessárias registar (Anexo 8) Seguidamente os ‘’PillPacks’’ são
preparados de acordo com a prescrição médica, sendo verificados duas vezes (uma por quem
prepara e outra pelo supervisor), e finalmente selados.
No fim a folha Excel inicialmente preenchida é impressa duas vezes, uma que se cola
no interior do PillPack e outra que deve ser assinada e datada no momento do levantamento
da mesma, sendo seguidamente arquivada na farmácia.
7.4.3. Serviço de Administração de Medicamentos Injetáveis
Na Farmácia Pedroso existem dois farmacêuticos que são detentores do curso de
Vacinas e Administração de Medicamentos Injetáveis da Ordem dos Farmacêuticos, sendo eles
a Dr.ª Joana Ascensão e o Dr. João Vale que realizam as administrações, quer de vacinas, quer
63
de outros medicamentos injetáveis. O serviço pode ser prestado a qualquer momento desde
que na farmácia se encontre um dos profissionais mencionados.
Tendo realizado o estágio no período de Outono/Inverno foi-me possível assistir a
diversas administrações de vacinas da Gripe, no entanto também me foi permitido ver
administrações de outros medicamentos através de canetas, nomeadamente de metotrexato.
Em qualquer administração é preenchido um formulário relativamente a cada utente, sendo
feitas questões relativamente ao seu histórico de saúde, e ainda escritas as informações
relativamente ao medicamento e à administração em si (Anexo 9).
No caso específico das vacinas da gripe, caso a mesma seja adquirida e administrada
na farmácia, aquando o registo da vacina no Sifarma, o programa pergunta automaticamente
se a vacina será administrada na farmácia, seleciona-se o ‘’Sim’’ e posteriormente aparece
uma janela para registo do lote e da validade da vacina, bem como os dados do utente caso
não tenha já a sua ficha aberta.
7.4.4. Serviço de Check Saúde
O serviço Check Saúde consiste em medições de diversos parâmetros fisiológicos e
bioquímicos, tendo o prestador a responsabilidade de aconselhar e informar o utente
relativamente e de acordo com os seus resultados. Este serviço pode ser prestado por qualquer
profissional que se encontre na farmácia, desde que tenha conhecimento das técnicas e dos
seus procedimentos. O Check Saúde pode então incluir uma ou mais medições, sendo as
seguintes aquelas que se encontram disponíveis na Farmácia Pedroso: Pressão Arterial,
Glicémia, Hemoglobina, Colesterol Total, Colesterol HDL, Colesterol LDL, Triglicéridos, Ácido
úrico, Antigénio Específico da Próstata (PSA), Hemoglobina Glicosilada e Teste de Gravidez.
Precedendo cada medição de qualquer parâmetro o utente é sempre questionado pelo
profissional de saúde acerca de alguma medicação ou problema de saúde que possa influenciar
os resultados finais. Após medição, os valores são registados no cartão do utente (caso não
possua é fornecido um novo pela farmácia) e ainda no caso de o utente ter ficha de
acompanhamento na farmácia os valores são registados na mesma; após registo, o profissional
de saúde analisa os resultados fazendo o devido aconselhamento consoante a situação
encontrada, podendo fazer aconselhamento não farmacológico e/ou referenciação para
consulta farmacêutica ou médica.
No período de estágio tive oportunidade de fazer inúmeras medições, nomeadamente
da pressão arterial, a glicémia, o colesterol total e ainda os triglicéridos. Além destes
parâmetros tive oportunidade de visualizar a realização de um perfil lipídico completo, que
inclui a medição do Colesterol total, do Colesterol HDL, do Colesterol LDL e dos Triglicéridos.
64
7.4.5. Serviço de Nutrição
O serviço de nutrição é prestado quinzenalmente na Farmácia Pedroso por uma
nutricionista, sendo os utentes acompanhados quinzenalmente ou mensalmente conforme o
plano inicialmente definido. O serviço destina-se a qualquer utente, independentemente da
idade ou dos problemas de saúde, que necessite de ajuda para uma alimentação mais saudável
e equilibrada no seu dia-a-dia.
No início do estágio tive oportunidade de assistir a uma consulta de uma utente que,
neste caso, pretendia a diminuição do seu peso. Em cada consulta são realizadas várias
medições, como o peso corporal, perímetro abdominal, IMC, % Massa Gorda e Massa Magra, de
acordo com a situação em causa. Após as medições a nutricionista questiona o utente acerca
dos seus hábitos alimentares, de possíveis alergias alimentares, medicação e problemas de
saúde existentes e ainda a realização e a frequência da prática de exercício físico. Após análise
pela nutricionista da informação cedida pelo utente, é realizado um plano alimentar, plano
esse que deve ser incentivado a cumprir o máximo possível.
Na vinda a cada consulta é responsabilidade da nutricionista perceber os erros
realizados pelo utente durante o seu plano alimentar alertando-os para a sua correção, bem
como incentivando à sua continuação e adesão. Devo ainda referir que os resultados poderão
não ser visíveis tão rápido como o utente deseja.
7.4.6. Serviço de Pé Diabético
Este serviço é prestado por um enfermeiro designado pelo Grupo Holon que teve a
devida formação previamente, sendo a sua frequência de forma mensal. O serviço destina-se a
utentes diabéticos que tenham dificuldade ou que desejam ter uma vigilância profissional como
forma de prevenção das complicações do pé diabético.
Desta forma, durante a consulta o enfermeiro analisa os pés do utente, verificando
sempre a estrutura física e cutânea do pé, a sensibilidade no pé do utente, se existe alguma
ferida, ou qualquer outra situação que deva ter uma atenção especial.
No final da análise, o enfermeiro considera, consoante o que visualizou, se existe
necessidade para um encaminhamento médico ou tratamento específico.
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7.4.7. Serviço de Podologia
O serviço de Podologia é realizado quinzenalmente por uma Podologista com a devida
formação, novamente designada pelo Grupo Holon, e destina-se a utentes de todas as idades
que sintam algum desconforto ou tenham algum problema relacionado com os seus pés.
Nesta consulta, os pés do utente são analisados, quer ao nível cutâneo, ao nível
anatómico e ainda de carga, sendo posteriormente processada a informação recolhida e dado
o devido aconselhamento pela podologista. No caso de serem necessárias palmilhas para
correção de postura ou conformação do pé, existe a possibilidade de encomenda das mesmas
específicas para cada situação e para cada utente. O aconselhamento e o tratamento são assim
adaptados a cada utente e cada problema.
7.4.8. Serviço de Dermofarmácia
As consultas de Dermofarmácia são efetuadas por um farmacêutico com a devida
especialização e designado pelo Grupo Holon. As mesmas destinam-se a utentes de todas as
idades e com problemas de pele e/ou do couro cabeludo, podendo ir desde a queda de cabelo,
à acne e à psoríase, sendo este serviço recorrido maioritariamente como necessidade de auxílio
para o controlo ou melhoramento do problema do utente.
É sempre feito um diagnóstico cutâneo ou capilar pelo prestador, com o auxílio do
Aramo® TS – Skin & Hair Diagnosis Sustem. Após a análise, é possível ao prestador perceber em
que grau se encontra o problema de saúde, aconselhando o utente de forma mais facilitada e
precisa relativamente aos produtos e/ou às medidas não farmacológicas. O utente é
aconselhado a voltar à consulta de forma a existir um acompanhamento próximo, garantindo
um tratamento e um controlo da situação.
Durante o período que estive na Farmácia Pedroso foi possível assistir a uma consulta
de dermofarmácia, tendo visualizado todos os processos referidos.
7.4.9. Serviço de Troca de Seringas
A Farmácia Pedroso tem disponíveis, tal como a maioria das farmácias em Portugal, os
kits de trocas de seringas no âmbito do Programa de Troca de Seringas. Este programa foi
implementado em Portugal em 1993, sendo o objetivo principal prevenir a transmissão de
infeções por VIH e pelos vírus da Hepatite B e C, quer por via sexual ou endovenosa/parentérica;
garantindo o bem-estar social e ambiental prevenindo a reutilização das seringas e assegurando
66
a sua correta recolha e destruição. Este programa destina-se principalmente às pessoas que
utilizam drogas injetáveis, sendo possível a estes utentes o levantamento dos kits
gratuitamente nas farmácias aderentes.
O kit de seringas é constituído por duas seringas, dois toalhetes embebidos em álcool a
70º, um preservativo, duas ampolas de água bidestilada, um filtro, duas caricas, duas carteiras
de ácido cítrico e um saco de plástico. Quando o utente chega à farmácia para levar um kit é
necessário que ele traga duas seringas usadas, que são colocados pelo próprio utente num
contentor de recolha apropriado. No Sifarma, no separador ‘’Serviços’’ é selecionado o kit troca
de seringas a custo zero, fazendo-se a finalização da venda normalmente.
Foi através deste inovador Programa de Troca de Seringas que se conseguiu sensibilizar
a comunidade portuguesa para o fenómeno da toxicodependência, promovendo a saúde do
próprio utente beneficiador do kit, bem como a população em geral (13).
7.5. Farmacovigilância
O Infarmed define-nos Farmacovigilância como ‘’a ciência e o conjunto de atividades
relacionadas com a deteção, avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos indesejáveis (ou
reações adversas) ou qualquer outro problema de segurança relacionado a medicamentos,
visando melhorar a segurança dos medicamentos, em defesa do utente e da Saúde Pública’’;
existindo 7 Unidades Regionais de Farmacovigilância (URF) que promovem ações de formação
junto dos notificadores e receciona e avalia as notificações de RAM notificadas na área
geográfica onde se inserem (14).
Apesar de durante o meu período de estágio não ter assistido nem ter ocorrido a
nenhuma situação que fosse passível de notificação, é prática na Farmácia Pedroso questionar
os utentes relativamente à sua medicação. No caso de serem utentes que frequentam
normalmente a farmácia e que costumam trazer receitas, é questionado se a medicação está a
fazer efeito, se está a correr bem e se sente bem com a mesma, caso seja medicação nova para
o utente são dadas todas as indicações, alertas e aconselhamentos necessários. No caso dos
utentes esporádicos que procuram a nossa farmácia, nomeadamente em busca de MNSRM, é
sempre questionado os principais sintomas, se tem algum problema de saúde, alguma alergia,
se já alguma vez fez a medicação solicitada ou aconselhada, se vem por indicação médica ou
indicação de outras pessoas, sendo por último dado o devido aconselhamento relativamente
aos produtos dispensados.
Todo este processo habitual na farmácia permite na maioria das vezes ao farmacêutico
verificar se existe alguma RAM relativamente à medicação realizada pelos utentes, bem como
o alerta de possíveis reações que possam ocorrer, informando que caso sinta alguma coisa de
diferente durante a toma do medicamento ou medicamentos deve dirigir-se à farmácia ou ao
médico consoante a sua gravidade. Aí, os profissionais de saúde, ou o próprio utente, poderão
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fazer a notificação espontânea de RAM para a URF indicada (neste caso deverá ser feita para a
URF localizada na Covilhã), através de um formulário online, preenchendo-o devidamente com
todas as informações necessárias.
7.6. Programa Valormed
A Farmácia Pedroso, tal como tantas outras, tem uma parceria com o Valormed, que é
uma sociedade sem fins lucrativos com a responsabilidade de gerir os resíduos de embalagens
vazias e de medicamentos fora de uso (15).
Desta forma, a farmácia está equipada com um suporte sinalizado para contentores do
Valormed, estando o mesmo localizado na zona de armazenamento do piso 0. Os contentores
são feitos de cartão e têm um design próprio, com códigos de barras que são necessários para
encomendar mais contentores quando a farmácia necessita, sendo a encomenda realizada para
a OCP Portugal. Quando um contentor é cheio o mesmo é fechado processando-se o talão de
recolha para OCP através do Sifarma, sendo o mesmo assinado por um farmacêutico e colado
ao contentor para posterior recolha pelos armazenistas. Destaco que realizei este processo,
excetuando a assinatura, diversas vezes ao longo do estágio.
Como tal, é da responsabilidade dos farmacêuticos e técnicos da farmácia informarem
os utentes para a existência da Valormed, sensibilizando-os para a entrega na farmácia de
medicamentos que já não são usados, os que já estão fora de validade e ainda quaisquer
embalagens de medicamentos, sensibilização esta que também tive oportunidade de realizar
junto dos utentes.
7.7. Cartão de fidelização da farmácia
A Farmácia Pedroso tem ao dispor dos utentes um cartão de fidelização, personalizado
com o nome e códigos de barras associados à ficha do utente, que permite aos utentes acumular
dinheiro no mesmo em cada compra realizada na farmácia, podendo posteriormente descontar
numa compra assim que desejar, uma vez que os valores acumulados não têm qualquer prazo
de validade. Este cartão faz parte de uma rede de farmácias Holon, rede essa que inclui a
Farmácia Pedroso, a Farmácia Holon Covilhã, a Farmácia Diamantino (Fundão), a Farmácia
Holon Montijo e a Farmácia Holon Costa da Caparica, podendo assim o cartão ser utilizado em
qualquer uma das farmácias mencionadas (Anexo 10).
Detalhando o processo e os aspetos inerentes ao cartão, para funcionamento do mesmo
as farmácias estão equipadas com o software FarmacoSmart (Anexo 11), que tanto permite a
68
leitura do código de barras do cartão para acesso à ficha do utente, como a procura da ficha
pela digitação do nome no programa. Para criação de um novo cartão é solicitado ao utente os
seus dados pessoas para registo no software (caso exista ficha no Sifarma é possível importar
os dados), imprimindo-se um documento com o regime da proteção de dados para assinatura
por parte do utente, documento posteriormente arquivado na farmácia em questão. Após
criação da ficha os cartões são personalizados na farmácia e entregues ao utente.
Relativamente à acumulação de dinheiro no cartão, é possível acumular em qualquer compra,
excetuando em casos que sejam realizadas vendas suspensas ou a crédito, e ainda no caso de
o valor final da compra ser igual a zero (por exemplo no caso de uma receita abrangida pelo
plano dos Lanifícios). Os valores acumulados podem ser descontados na totalidade ou em
parcelas, tal como o utente desejar, em qualquer produto sujeito apenas a IVA 23%. Para
descontar o valor na compra é processado no Sifarma, durante o atendimento, a opção
denominada ‘’desconto cartão’’ e é modificado consoante o valor que faz automaticamente o
ajuste no valor final de compra; no software FarmacoSmart também teremos de aplicar o
desconto, sendo impresso um papel com a informação do desconto para assinatura pelo utente
e arquivo na farmácia.
Durante os atendimentos que realizei tive oportunidade de realizar inúmeras vezes
todos estes processos.
69
8. Preparação de medicamentos manipulados
8.1. Medicamentos manipulados
Inicio definindo medicamento manipulado como ''qualquer fórmula magistral ou
preparado oficinal preparada e dispensada sob responsabilidade de um Farmacêutico'' (10). O
número de medicamentos manipulados prescritos em Portugal tem vindo a decrescer cada vez
mais, facto este que pude verificar durante o meu período de estágio na Farmácia Pedroso, que
apenas nos chegou duas receitas de um manipulado. Uma das principais razões para a prescrição
médica de medicamentos manipulados é a personalização da terapêutica para os utentes de
acordo com o seu perfil fisiopatológico, obtendo-se assim medicamentos apara terapêuticas
alternativas mais vantajosas que os medicamentos habituais preparados em massa (7).
A Farmácia Pedroso não faz a preparação de medicamentos manipulados uma vez que
a sua procura pelos utentes é bastante reduzida. No entanto sempre que uma receita de
manipulados chega à farmácia o manipulado é solicitado à Farmácia Diamantino (Fundão),
processo este que é igualmente realizado pela Farmácia Holon Covilhã. Posto isto num dia
combinado com a Dr.ª Natália, farmacêutica responsável pelos medicamentos manipulados,
tive oportunidade de estar na Farmácia Diamantino para a preparação de dois medicamentos
manipulados, nomeadamente duas soluções orais de Trimetropim a 1%, ambas para uso
pediátrico.
Tal como a legislação obriga, a preparação, acondicionamento e rotulagem do
medicamento manipulado decorreu no laboratório da Farmácia Diamantino, que reúne
obviamente todas as condições adequadas, material e matérias primas necessárias à preparação
das formas farmacêuticas (16). Antes da preparação dos manipulados é tirada uma cópia à
receita, a mesma é analisada de forma a recolher a documentação necessária para a sua
preparação (Anexo 12). É registado nessa cópia todas as matérias primas que irão ser utilizadas
(nome, lote, fornecedor e volume da embalagem e preço de fatura); seguidamente todos os
materiais e matérias primas são recolhidos e realiza-se a preparação. Após a preparação de
cada manipulado segundo a técnica correspondente, toda a documentação envolvida e
necessária é devidamente preenchida e arquivada no Google Drive da Farmácia e os impressos
na farmácia, onde figura, nomeadamente: a denominação do medicamento manipulado, nome
e morada do utente, nome do prescritor, o lote atribuído ao medicamento manipulado, a
composição do medicamento (qualitativa e quantitativa), a descrição do modo de preparação,
o registo de todos os controlos efetuados, a descrição do acondicionamento o nome e a data
de quem preparou e de quem supervisionou a preparação do medicamento manipulado (16).
Juntamente procedi à elaboração dos rótulos dos dois manipulados que realizei, não tendo sido
70
necessário calcular o preço do mesmo uma vez que o medicamento já tinha sido pago
anteriormente.
Destaco a minha satisfação pela oportunidade de ver e realizar todos os processos que
a preparação de um medicamento manipulado envolve, tendo-me assim apercebido da
importância dos medicamentos manipulados e da sua utilidade, apesar do recurso aos mesmos
ter diminuído. Para além disso os medicamentos manipulados remetem-nos para uma prática
farmacêutica mais tradicional e consequentemente para o enaltecimento do farmacêutico
enquanto especialista dos medicamentos, que têm a responsabilidade exclusiva segundo a
legislação em vigor, a preparação destes medicamentos.
8.2. Preparações extemporâneas
Na Farmácia Pedroso, apesar da baixa frequência, ocorrem casos de os profissionais
terem de realizar preparações extemporâneas, nomeadamente de uso pediátrico. Devido à
instabilidade de certos medicamentos é exigido que estes tipos de preparações sejam feitas
apenas no ato da dispensa e consequente toma, garantindo assim uma estabilidade adequada
desde que o armazenamento seja feito corretamente.
Normalmente os medicamentos vêm embalados em frascos, sendo visível o seu pó no
fundo do mesmo. Para a preparação inicialmente devemos agitar bem o frasco com o objetivo
de soltar o pó do fundo e das paredes do frasco; de seguida devemos adicionar 2/3 do volume
de água purificada e agitar vigorosamente; por último deve-se completar o volume o volume
de água até ao traço que figura no frasco da preparação e agitar novamente vigorosamente
obtendo-se uma mistura homogénea. No ato da dispensa o profissional de saúde deve informar
acerca do prazo de validade da preparação em causa (pode variar entre 7 a 14 dias), podendo
ser armazenadas no frio ou à temperatura ambiente. É igualmente importante alertar o utente
que antes de qualquer administração o frasco deve ser bem agitado, uma vez que tratando-se
de uma suspensão a mesma deve estar homogeneizada no ato da toma para garantir uma
disposição uniforme do princípio ativo.
Durante o meu período de estágio tive oportunidade de preparar duas preparações
extemporâneas diferentes, uma delas foi o Clamoxyl 250mg/5mL pó para suspensão oral de uso
pediátrico e ainda o Ceclor 375mg/5mL pó para suspensão oral para uso de um adulto.
71
9. Gestão administrativa da farmácia
9.1. Gestão de Quebras
No funcionamento diário de uma farmácia é frequente a necessidade de usar
internamente determinados produtos para a realização de tarefas, os quais aquando suas
utilizações devem ser retirados do stock da farmácia. Temos como exemplo de produtos o
algodão, luvas descartáveis, álcool etílico, compressas para a prestação dos serviços da
farmácia. Além destes produtos de uso interno, sempre que se verifique um produto danificado
de tal forma que não seja possível a sua venda, o mesmo é igualmente retirado do stock da
farmácia, assim dando-se a quebra do produto.
Sempre que algum destes casos ocorra o produto, a quantidade, o motivo e o nome do
funcionário é registado numa folha que se encontra no back office da farmácia para posterior
acerto e verificação pelo farmacêutico responsável pela gestão dos stocks, o Dr. João Vale.
9.2. Gestão de lotes por faturar e faturação
Todas as farmácias do país verificam e enviam mensalmente o receituário dos diversos
organismos às devidas entidades, de forma a que possam ser reembolsadas no valor
correspondente às comparticipações, mantendo assim o desempenho lucrativo fundamental
para as farmácias. No momento do processamento das receitas que nos chegam à farmácia, o
Sifarma atribui um número no verso de cada receita consoante o organismo do qual o utente é
beneficiário. Sabemos também que ao invés das receitas eletrónicas desmaterializadas, as
receitas manuais e eletrónicas materializadas ficam na farmácia, sendo assim necessária à sua
conferência e organização pelo organismo correspondente. Na Farmácia Pedroso não se regista
muita afluência de receitas manuais, no entanto a verificação é feita diariamente e realizada
por duas vezes por pessoas diferentes, e foca-se principalmente na validade da receita, no local
de prescrição, na assinatura do prescritor, o número da receita impressa no verso, se foram
faturados os medicamentos prescritos no organismo correto, a assinatura do responsável pela
dispensa, carimbo da farmácia e assinatura do utente. As receitas por conferir encontram-se
nas gavetas dos balcões e as receitas duplamente verificadas e sem erros são guardadas numa
gaveta abaixo dos lineares da Medicação Familiar, aguardando pelo fecho do lote; se for
detetado algum erro numa receita esta deve ser separada das restantes para posterior correção
da mesma.
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No início de cada mês as receitas relativamente ao mês anterior são separadas por lotes
de acordo com os organismos em que são faturados. Seguidamente no Sifarma escolhemos o
separador ‘’Faturação – Gestão de Lotes por faturar’’ e para cada lote é emitido o Verbete de
Identificação de Lote (VIL). De seguida, são conferidos os valores do VIL e carimba-se este
documento; o VIL deve ser anexado às receitas do respetivo lote. Após a confirmação da
faturação no Sifarma é emita fatura e a Relação Resumo de Lotes (RRL), sendo os documentos
assinados, datados e carimbados. Relativamente às receitas comparticipadas pelo SNS é emitida
uma RRL correspondente a cada organismo, em duplicado, e a fatura em quadruplicado. Para
as restantes entidades tanto a RRL e a fatura são emitidas em quadruplicado. No momento do
envio da guia de fatura ao SNS, todos os documentos são colocados num envelope que é
posteriormente recolhido pelos CTT e entrega no Centro de Conferências de Faturas (CCF).
Falando agora na faturação de receitas comparticipadas por outros organismos, todos
os documentos (verbete, o original, o duplicado e o triplicado da RRL e a guia de fatura em
triplicado) são emitidos pelo Sifarma para cada organismo existente no mês que se está a
faturar. Posteriormente, e juntamente com o triplicado da guia de fatura para o SNS, é enviado
um envelope com os documentos por correio à ANF. A ANF irá assim reembolsar a farmácia das
comparticipações dos organismos, encarregando-se de entregar o receituário aos respetivos
organismos. Relembro que a cada mês é emitida uma circular informativa relativamente a todas
as datas limites de recolha e de envio de toda a documentação para as respetivas entidades.
Na receção dos documentos, o CCF e a ANF conferem as receitas enviadas pelas
farmácias, caso seja detetada alguma irregularidade as mesmas são devolvidas, juntamente
com um documento explicativo da razão da devolução, não sendo atribuída nenhuma
comparticipação à farmácia. Chegadas à farmácia as receitas são corrigidas e são emitidas as
respetivas notas de crédito e débito regularizadoras; após regularizadas as receitas são
incluídas em novos lotes e enviadas no mês seguinte para as devidas entidades para nova
conferência.
Destaco ainda que tive oportunidade de no final de cada mês ver todos estes
procedimentos passo a passo, ficando assim com um conhecimento geral da faturação realizada
no final de cada mês.
73
10. Intervenções na Comunidade
10.1. Feiras da Saúde
Logo no início do meu estágio, nos dias 15 e 22 de setembro, tive oportunidade de
participar nas duas Feiras de Saúde organizadas pelas Farmácias Pedroso, Holon Covilhã e
Diamantino, tendo a primeira ocorrida no Jardim das Tílias no Fundão e a segunda no Jardim
do Lago na Covilhã (Anexo 13).
Estas atividades tiveram como objetivo dar a conhecer à comunidade os serviços que
as Farmácias Holon prestam, aproveitando-se também para a realização de diversos rastreios.
Ambas estavam equipadas com vários postos sendo eles os seguintes:
Registo e entrada na Feira, onde os participantes recebiam um cartão identificado
com o nome e a data de nascimento, para posterior registo de informação e valores
medidos durante a feira;
Produtos e serviços Holon, um local onde estavam expostos todos os produtos
existentes da marca Holon, desde pomadas, a cremes de hidratação ou pastilhas
para a garganta e ainda os serviços que estão disponíveis;
Nutrição, onde se encontrava uma nutricionista que tinha à sua disposição vários
materiais e alimentos para a realização de showcookings, como águas
aromatizadas, folhetos com receitas e demonstração de receitas básicas e
saudáveis. Tinha ainda à sua disposição vários rótulos de alimentos e bebidas para
ensinar aos participantes como ler estes rótulos, permitindo-lhes fazer as melhores
escolhas nas suas compras, e também cartazes sobre mitos e verdades da
alimentação;
Dermofarmácia, onde se encontrava a prestadora do serviço designada pela Holon,
a Dr.ª Jéssica, e estava acompanhada pelo Aramo® TS – Skin & Hair Diagnosis
Sustem, que permitiu fazer um diagnóstico rápido dos participantes, oferecendo
amostras e encaminhando os utentes para as consultas de dermofarmácia nas
Farmácias Holon da região;
Podologia, de forma idêntica à dermofarmácia a Dr.ª Vera esteve presente fazendo
um diagnóstico rápido e básico dos participantes, encaminhando-os igualmente
para as suas consultas nas Farmácias Holon;
Check Saúde, foi prestado por um farmacêutico das nossas farmácias e o pelo
Enfermeiro Lionel que presta o serviço do Pé Diabético, encontrando-se dividido
em duas zonas: (1) Medição da Pressão arterial e da glicémia e (2) Cálculo do risco
de Diabetes. Neste local eram feitas as medições da pressão arterial e da glicémia,
sendo os valores posteriormente registados no cartão do participante e dado o
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devido aconselhamento consoantes os valores obtidos. Para além disso era
realizado um inquérito dos hábitos de vida, como a alimentação, os hábitos
tabágicos entre outros, sendo dado novamente o devido aconselhamento
consoante as respostas do participante. Relativamente ao risco de Diabetes era
realizado um inquérito relativamente aos hábitos alimentares, à frequência de
exercício físico, e à existência de diabetes na família, sendo também registado no
mesmo inquérito os valores medidos do perímetro abdominal, do peso e altura
(calculando-se também o IMC). A cada pergunta no inquérito, consoante a
resposta, eram atribuídos pontos, somando-se os mesmo no final e obtemos o risco
de o participante vir a ser portador de Diabetes. Consoante o resultado obtido era
novamente dado o devido aconselhamento.
Por último, existia o Espaço Kids, que era destinado às crianças que visitassem as
feiras. Neste espaço encontravam-se estagiários de enfermagem no fundão, e
alunos do MICF na UBI pelo UBIPharma na Covilhã. Este espaço ficou à minha
responsabilidade, e estava equipado com brinquedos, desenhos para pintar, lápis
de cor, arcos e cordas para as crianças se divertirem enquanto os pais visitavam a
feira. Para além disso quando as crianças vinham ter connosco era-lhes explicado
o que é uma farmácia e o que são os farmacêuticos, tendo à nossa disposição
garrafinhas a imitar xaropes (estavam cheias com groselha e água) com rótulos a
indicar a posologia permitindo-nos uma interação com as crianças ensinando-lhes
o que são os medicamentos, quando se podem e com quem se podem tomar,
promovendo o uso seguro e racional dos medicamentos, explicando ainda para que
serve o Valormed.
As feiras foram organizadas de forma conjunta entre as três farmácias, utilizando os
recursos materiais e humanos dos mesmos para os dias da sua realização. Para além de estar
responsável pelo Espaço Kids, tive oportunidade de percorrer cada posto e visualizar a atuação
de cada prestador ouvindo os seus aconselhamentos adquirindo novas competências e
conhecimentos.
Destaco que valorizei muito a minha participação nestas feiras, achando de extrema
importância a ocorrência destas iniciativas na comunidade uma vez que nos é permitido chegar
a mais pessoas despistando e alertando para os problemas de saúde mais emergentes do século
XXI, como são as doenças crónicas como a Diabetes e a Hipertensão, por exemplo. Desta forma
verificamos que para além da sua atuação na farmácia o farmacêutico pode e deve ter um
papel mais ativo na comunidade, aconselhando da melhor forma o mais indivíduos da sociedade,
contribuindo cada vez mais para um melhoramento da Saúde Pública em Portugal.
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10.2. Idas às escolas
No âmbito na celebração do Dia Mundial da Alimentação Saudável, no dia 16 de outubro,
a Farmácia Pedroso e a Farmácia Holon Covilhã foram convidados a participar em três ações
diferentes em duas escolas da Covilhã, a Escola Básica Pêro Covilhã e a Escola Básica de Santo
António, atividades essas que tive oportunidade em participar.
A primeira atividade foi realizada na Escola Pêro da Covilhã, no âmbito da inauguração
do Jardim de Ervas Aromáticas. As Farmácias Holon da região foram parceiras na construção
deste jardim, que teve e têm com objetivo a substituição do sal por ervas aromáticas nas
refeições confecionadas na cantina da escola. No dia da inauguração eu e a Dr.ª Patrícia Pais
da Farmácia Holon Covilhã estivemos presentes, tendo realizado um rastreio de Hipertensão
Arterial e de Glicémia e posteriormente a devida sensibilização e aconselhamento
relativamente aos riscos do consumo elevado de sal.
As outras atividades decorreram no âmbito do Projeto Holon ‘’A Escola também ensina
a comer – A roda dos alimentos’’, e consistiram em palestra realizadas no dia 16 e 17 de outubro
para turmas desde a pré-escolar até ao 6º ano, onde tive o prazer de acompanhar a Dr.ª Patrícia
Pais e a Dr.ª Joana Ascensão, respetivamente. As palestras consistiram numa apresentação de
PowerPoint adequada às idades das crianças, onde foi explicado a alimentação saudável, o que
é a roda dos alimentos e qual a sua constituição, terminando-se com conselhos sobre os lanches
saudáveis e mitos/verdades da alimentação. Tínhamos também à nossa disposição uma roda
dos alimentos em forma de cartaz e vários alimentos recortados que eram distribuídos pelas
crianças na sala, e após a apresentação feita pelas farmacêuticas fiquei responsável pela
interação com as crianças para em conjunto completarmos a roda dos alimentos, colando na
mesma os alimentos que inicialmente foram distribuídos (Anexo 14). Desta forma conseguimos
perceber se a informação durante a palestra foi assimilada pelas crianças de uma forma
cativante e interativa, permitindo assim uma melhor consolidação dos conhecimentos que
obtiveram.
10.3. Projetos no Centro de Ativ'Idades
A Farmácia Pedroso em conjunto com os Centro de Ativ’Idades da Câmara Municipal da
Covilhã realiza mensalmente uma palestra para todos os idosos que queiram assistir, sendo o
tema diferente a cada mês e adequado com a altura do ano em que nos encontramos. A Dr.ª
Joana Ascensão é a farmacêutica que tem a responsabilidade de marcação e realização destes
projetos, tendo sido estas funções assumidas pela Dr.ª Patrícia Pais a partir do mês de novembro
uma vez que a Dr.ª Joana Ascensão iniciou a sua licença de maternidade.
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As apresentações consistem numa apresentação em PowerPoint, onde durante a mesma
existe sempre interação e espaço para perguntas dos participantes, e iniciam-se por uma breve
apresentação do tema, os seus fatores de risco, os seus tratamentos e que serviços as Farmácias
Holon disponibilizam para ajudar na resolução ou controlo do problema em questão. Após a
apresentação esclarecemos todas as dúvidas que possam ainda existir e, consoante o tema,
fazemos um rastreio e/ou inquéritos aos idosos participantes.
Desde o início do meu estágio que tive a oportunidade de realizar estes projetos, um
em cada mês, fazendo sempre a apresentação em PowerPoint em conjunto com as
farmacêuticas que me foram acompanhando nestas sessões, e no fim realizava também os
rastreios e/ou os inquéritos, fazendo o devido aconselhamento consoante cada caso.
Seguidamente específico o tema de cada Projeto Holon relativo a cada mês que eu realize
durante o meu período de estágio na farmácia:
No mês de setembro o tema foi ‘’Hipertensão - Um perigo silencioso’’ e realizou-
se um rastreio no final;
No mês de outubro o tema foi ‘’Cuidados Sénior - Infeções Respiratórias: O que são
e como se previnem’’;
No mês de novembro o tema foi ‘’Dia a Dia com a Diabetes’’ e realizou-se um
rastreio no final;
No mês de dezembro o tema foi ‘’Higiene Oral no Idoso’’ (Anexo 15).
Ressalvo igualmente a importância destas atividades para a consciencialização da
população com idade mais avançada, que é onde se regista maior incidência de doenças
crónicas e também os maiores problemas com a medicação. Desta forma, e novamente, a
Farmácia Pedroso demonstra a participação ativa na comunidade tendo uma importância no
aumento e na qualidade da Saúde Pública e na saúde e bem-estar dos seus utentes.
10.4. PIM no Lar da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã
A Farmácia Holon Covilhã tem uma parceria de colaboração com o Lar da Santa Casa
da Misericórdia da Covilhã, que consiste na ajuda às enfermeiras do lar na preparação de toda
a medicação dos utentes que frequentam o lar. A partir do dia 13 de novembro, até ao final de
dezembro, eu própria fiquei responsável por todas as terças-feiras me deslocar ao lar e ajudar
então na Preparação Individual da Medicação (PIM) dos utentes do lar, sempre acompanhada e
supervisionada pelas enfermeiras de serviço no lar.
A sala onde as PIMs são preparadas está equipada com duas secretárias, um
computador, um armário de armazenamento e um armário de gavetas (idênticas às das
farmácias) com 3 colunas e 15 linhas. Cada gaveta está identificada com o nome de 3 utentes,
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estando por dentro a medicação de cada utente separada por 3 espaços (um espaço para cada
utente). As receitas de cada utente são aviadas pelos funcionários do lar na farmácia, sendo a
mesma armazenada nestas gavetas, e o excesso no armário presente na mesma sala, sendo toda
a medicação identificada.
Cada utente tem o seu dispensador de medicação semanal, estando cada um
identificado com o nome do respetivo utente. As caixas de todos os utentes estão armazenadas
num carrinho, facilitando assim o seu transporte e posterior distribuição da medicação pelos
utentes. Para correta preparação da medicação existe um dossiê que têm as fichas com os
esquemas terapêuticos prescritos pelo médico para cada utente, estando as fichas novamente
identificadas com o nome do utente, com os medicamentos prescritos e a sua posologia. As
fichas são devidamente atualizadas pelas enfermeiras de serviço quando existe qualquer
alteração realizada pelo médico no esquema terapêutico do doente.
Durante a preparação, primeiro retira-se então um dispensador de medicação semanal
e identificamos o utente, procurando a sua ficha do esquema terapêutico logo de seguida. Após
análise do esquema terapêutico recorremos às gavetas, que estão elas também identificadas,
e vamos buscar a medicação necessária para aquele utente. De acordo com o esquema
preparamos então a medicação para toda a semana, sendo a mesma dividida entre jejum,
pequeno almoço, almoço, lanche, jantar e deitar, sempre de acordo com a ficha de cada
utente. Após preparação é feita uma verificação a todo o dispensador, dia-a-dia e espaço-a-
espaço, de forma a garantirmos que toda a medicação está no seu correto local e na sua correta
dosagem.
Finalizando a preparação de cada dispensador de medicação semanal, os mesmos são
guardados no carrinho, sendo a medicação posteriormente dispensada aos utentes durante a
semana, sempre de acordo com a hora e o dia da semana.
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11. Conclusões
Hoje em dia estamos perante uma sociedade com padrões cada vez mais elevados de
exigência, e a saúde encontra-se como um pilar inequívoco para o bem-estar e qualidade de
vida de cada um, sendo a por isso a farmácia e os farmacêuticos um fator de importância
extrema como primeira e última linha de contacto com o SNS. Ser farmacêutico não é ser um
mero dispensador de medicação, passa por uma responsabilidade de garantir a saúde e o bem-
estar da população através da elevada diferenciação técnico-científica, permitindo um
aconselhamento de garantia e segurança.
O estágio curricular foi uma oportunidade única de poder aplicar todos os
conhecimentos teóricos adquiridos ao longo destes 5 anos, e ainda de adquirir novos
conhecimentos e competências que só vivendo a farmácia é possível. Destaco ainda que todas
as vivências ao longo destes meses permitiu-me ter uma perceção do mundo que é a Farmácia
Comunitária e a prática farmacêutica, quer a nível de conhecimentos técnicos científicos
específicos, como sociológicos e até de gestão do negócio que é farmácia.
Finalizando, gostaria de destacar que o estágio foi uma experiência incrível e
inesquecível, quer por toda a aprendizagem que adquiri como por toda a equipa fantástica que
me recebeu da melhor forma, estando sempre disponível para todas as minhas dúvidas e
dificuldades, consciencializando-me para da prática farmacêutica e do dia-a-dia numa
farmácia. Deixo assim um agradecimento muito especial a toda a equipa da Farmácia Pedroso
por todas oportunidades e experiências vividas que me fizeram crescer enquanto pessoa e
igualmente como futura profissional de saúde.
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12. Referências Bibliográficas
1. A Farmácia Comunitária - Farmácia Comunitária - Áreas Profissionais - Ordem dos
Farmacêuticos [Internet]. Available from:
https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/areas-profissionais/farmacia-comunitaria/a-
farmacia-comunitaria/
2. Quem somos | Farmácias Holon [Internet]. Available from:
https://www.farmaciasholon.pt/quem-somos
3. Legislação Farmacêutica Compilada Decreto-Lei n.o 307/2007, de 31 de Agosto
[Internet]. Available from: http://www.infarmed.pt/documents/15786/1067254/022-
A_DL_307_2007_6ALT.pdf/b01f6550-5848-4367-9644-d7ad6b74a720?version=1.1
4. Delibração no 1502/2014, de 3 de julho [Internet]. Available from:
http://www.infarmed.pt/documents/15786/1067254/023-C5_Delib_1502_2014_VF.pdf
5. Decreto-Lei 75/2016, 2016-11-08 - DRE [Internet]. Available from:
https://dre.pt/home/-/dre/75688299/details/maximized?p_auth=2wmYqC8U
6. Decreto-Lei 171/2012, 2012-08-01 - DRE [Internet]. Available from:
https://dre.pt/pesquisa/-/search/179072/details/maximized
7. Formulário Galénico Portugues [Internet]. Available from:
https://pt.scribd.com/doc/111027196/Formulario-Galenico-Portugues
8. Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de saúde [Internet].
Available from:
http://www.infarmed.pt/documents/15786/17838/Normas_Prescrição/bcd0b378-
3b00-4ee0-9104-28d0db0b7872
9. Decreto-Lei 103/2013, 2013-07-26 - DRE [Internet]. Available from:
https://dre.pt/pesquisa/-/search/498740/details/maximized
10. Despacho n.o 17690/2007, de 23 de Julho [Internet]. Available from:
http://www.infarmed.pt/documents/15786/1065790/011-D1_Desp_17690_2007.pdf
11. Decreto-Lei 74/2010, 2010-06-21 - DRE [Internet]. Available from:
https://dre.pt/pesquisa/-/search/335468/details/maximized?print_preview=print-
preview
12. Decreto-Lei 145/2009, 2009-06-17 - DRE [Internet]. Available from:
https://dre.pt/pesquisa/-/search/494558/details/maximized
13. Programa de Troca de Seringas – SNS [Internet]. Available from:
https://www.sns.gov.pt/noticias/2016/09/02/programa-de-troca-de-seringas/
14. Farmacovigilância - INFARMED, I.P. [Internet]. Available from:
http://www.infarmed.pt/web/infarmed/perguntas-frequentes-area-
transversal/medicamentos_uso_humano/muh_farmacovigilancia
15. Quem somos :: ValorMed [Internet]. Available from:
http://www.valormed.pt/paginas/2/quem-somos/
80
16. Legislação Farmacêutica Compilada. Portaria n.o 594/2004, de 2 de Junho [Internet].
Available from: http://www.infarmed.pt/documents/15786/17838/portaria_594-
2004.pdf/d8b8cac3-3250-4d05-b44b-51c5f43b601a
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Anexos
Anexo 1: Informação para o participante.
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Anexo 2: Consentimento Informado.
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Anexo 3: Inquérito aplicado à população em estudo.
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Anexo 4: Termohigrómetro.
Anexo 5: Gráfico correspondente ao controlo da
temperatura da zona de atendimento da Farmácia
Pedroso.
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Anexo 6: Gráfico correspondente ao controlo da
humidade da zona de atendimento da Farmácia
Pedroso.
Anexo 7: PillPacks para PIM.
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Anexo 8: Ficha de registo do esquema terapêutico
do utente para PIM.
101
Anexo 9: Formulário de registo de administração
de injetáveis.
Anexo 10: Cartão de fidelização da Farmácia
Pedroso, Holon Covilhã, Diamantino, Holon
Montijo e Holon Costa da Caparica.
102
Anexo 11: Sistema FarmacoSmart.
Anexo 12: Receita de Manipulado de Trimetropim
solução oral a 1%.
103
Anexo 13: Cartaz das Feiras da Saúde da Farmácia
Pedroso, Farmácia Holon Covilhã e Farmácia
Diamantino.
Anexo 14: Roda dos Alimentos interativa do
Projeto Holon ‘’A Escola também ensina a comer –
A roda dos alimentos’’.
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Anexo 15: Cartazes dos Projetos Holon
desenvolvidos no Centro de Ativ’Idades – Sessão de
Dezembro.