perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12 meses de idade de acordo com a duração do aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta RECIFE 2004

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Page 1: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição

Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12 meses

de idade de acordo com a duração do aleitamento materno exclusivo

e o uso da chupeta

RECIFE 2004

Page 2: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

PATRÍCIA GOMES BARBOZA

Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12 meses de idade de acordo

com a duração do aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Nutrição do Departamento de Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Nutrição – (área de concentração – Saúde Pública)

Orientadora: Profa Dra. Marília de Carvalho Lima

Co-orientadora: Dra. Sophie Helena Eickmann

RECIFE 2004

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Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . .

Barboza, Patrícia Gomes Perfil do desenvolvimento de linguagem em

crianças aos 12 meses de idade de acordo com a duração do aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta / Patrícia Gomes Barboza. – Recife : O Autor, 2004.

xiii, 53 folhas : il., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Nutrição, 2004.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Nutrição – Desenvolvimento infantil. 2. Desenvolvimento de linguagem – Crianças aos 12 meses. 3. Aleitamento materno exclusivo- Uso da chupeta. I. Título.

613.953 CDU (2.ed.) UFPE 649.3 CDD (21.ed.) BC2004-305

Page 4: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12
Page 5: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . .

“Reconhece à queda e não desanima, levanta

sacode a poeira e dá a volta por cima”.

Paulo Vanzolini

Page 6: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Dedicatória

Dedicatória

Aos meus pais Josualdo e Glória, pela dedicação , amor e

compreensão.

As minhas irmãs Alessandra (Chambinho) e Adriana

(Pulga) in memoriam, pelo apoio constante em todos os momentos.

A minha primeira sobrinha Giovana, luz e vida no meu

caminho

Page 7: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Agradecimentos

Agradecimentos

À Deus fonte inesgotável de força, tranqüilidade e amor

que me ensina constantemente a :“mudar as coisas que podem ser

mudadas, aceitar as que não podem e Ter a sabedoria de perceber a

diferença que existe entre as duas”.

À Professora Drª Marília de Carvalho Lima, pela

orientação, comentários e sugestões fundamentais ao meu

desenvolvimento como pesquisadora, bem como pela compreensão

diante de todas as dificuldades no percurso.

À minha Co-orientadora Drª Sophie Eickmann pelo

carinho e orientações não só em pesquisa científica mas, em relação à

vida ,à trilha desenvolvida pelo “simples” caminhar.

Ao Professor Dr. Pedro Israel, que desde o início do

mestrado sempre me acolheu com o coração aberto e um sorriso

cheio de sabedoria e paciência.

Page 8: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Agradecimentos

À Professora Drª Sônia Bechara, pelas correções,

conselhos e comentários que foram como um bálsamo nos momentos

difíceis.

Ao amigo e colega de profissão Fábio Lessa, por ter me

“iniciado” na vida acadêmica e pela amizade e estímulo contínuos.

À minha amiga Drª Maria Lúcia (Malú), verdadeira

consultora de vida, que com sua experiência, renovou em mim a força

necessária para a continuidade do processo acadêmico.

À minha família querida, que tenho o orgulho de ter e a

benção de participar junto à eles de minhas dificuldades e conquistas.

A minha amiga-irmã Kelen Cristina ,pelo ombro amigo e

ouvido sempre aberto, com a sinceridade que brota de sua alma.

À minha amiga Janacira pelas orientações espirituais,

ensinamentos cheios de amor e compreensão, pilares importantes

nos momentos de estresse.

À minha amiga e verdadeira doutora de almas Rosana

Miranda, meus agradecimentos.

Page 9: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Agradecimentos

À minha amiga contemporânea de faculdade Carmem

Lúcia Cerqueira pela ajuda inesgotável.

Às minhas amigas do coração Dani, Gladys e Bé, pela

energia positiva e carinho imensuráveis.

À minha amiga Aline Caldas, pela força e pelo apoio nos

momentos críticos.

À minha amiga Adriana Teixeira pela cumplicidade,

compreensão e carinho nos momentos certos.

À minha amiga Priscila Silveira pela ajuda na re-leitura da

dissertação e iluminação num período de trevas.

Ao meu amigo Wagner Teobaldo pela ajuda no processo

inicial de formatação da dissertação e pela amizade fruto doce de

uma relação sadia.

Aos meus colegas de turma do mestrado, Cristiane Ratis,

Gilvo, Sheila e Emília. Cada um a seu modo e estilo diversificados

contribuindo no processo de aprendizagem constante

Page 10: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Agradecimentos

Aos amigos de docência e vida: Silvia Benevides, Adriana

Guerra, Marília, Andréia Coelho, Michel (cachinhos), Hilton Justino,

Valência e Bianca Queiroga.

Aos meus queridos alunos , fonte de aprendizagem e

desenvolvimento acadêmico contínuo.

À toda a equipe de apoio na pesquisa em Palmares, em

especial Madalena (Madá), pelas conversas amigas e por ser uma

pessoa especial.

À Neci, secretária do Curso de Mestrado em Nutrição pela

disposição, carinho e paciência.

A Paulo Sérgio, secretário do Curso de Mestrado em

Saúde da Criança e do Adolescente (Pediatria)/UFPE, pela preciosa

contribuição na editoração deste estudo e palavras carinhosas de

estímulo.

Enfim, a todos os meus amigos que direta ou

indiretamente contribuem para o meu sucesso profissional.

Page 11: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Sumário

Sumário

LISTA DE TABELAS .......................................................................... IX RESUMO ............................................................................................ XI ABSTRACT ....................................................................................... XIII

p

1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 01 2. OBJETIVOS ....................................................................................... 03

2.1 Geral ....................................................................................... 03 2.2 Específicos ............................................................................ 03

3. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................ 04

3.1 A aquisição da linguagem .................................................... 04 3.2 A geração da fala .................................................................. 07 3.3 Processos do desenvolvimento da linguagem ................. 10 3.4 Hábitos orais inadequados: o uso da chupeta .................. 15 3.5 Testes objetivos de avaliação do desenvolvimento da

linguagem .............................................................................

17

4. CASUÍSTICA E MÉTODO .............................................................. 19

4.1 Local do estudo ..................................................................... 19 4.2 População original ................................................................. 20

4.2.1 Coleta de dados da população original ....................... 20 4.3 População do estudo ............................................................. 21

Page 12: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Sumário

p

4.4 Coleta de dados ....................................................................... 22

4.4.1 Instrumentos e procedimentos de coleta ..................... 22 4.4.2 Variáveis estudadas ...................................................... 24

4.4.2.1 Definição das variáveis .......................................... 24 4.4.2.2 Categorização das variáveis ................................ 24

4.5 Processamento e análise dos dados ................................... 25 4.6 Comitê de ética em pesquisa ................................................ 25

5. RESULTADOS ................................................................................. 26

5.1 Características da amostra ...................................................... 27 5.1.2 Características das crianças ........................................ 31

5.2 Fatores associados ao desenvolvimento da linguagem ...... 32 5.2.1 Aleitamento materno exclusivo (AME) e uso da

chupeta .........................................................................

32 5.2.2 Fatores socioeconômicos e ambientais ...................... 34 5.2.3 Relacionados às crianças ............................................ 37

6. DISCUSSÃO ..................................................................................... 38 7. CONCLUSÕES ................................................................................. 45 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 46 9. ANEXOS ........................................................................................... 53

Page 13: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Listas . . .

IX

Lista de Tabelas

p Tabela 1 − Avaliação da linguagem através da Escala de

Bayley II aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ......................................................

27

Tabela 2 − Características das famílias segundo a renda familiar e escolaridade materna. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ............................

28

Tabela 3 − Características das famílias segundo as condições de habitação e posse de bens domésticos. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ...................

29

Tabela 4 − Características das famílias segundo fatores demográficos. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 .....................................................

30

Tabela 5 − Características maternas quanto à depressão e qualidade da estimulação domiciliar. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002. ............................

31

Tabela 6 − Características das crianças ao nascer segundo sexo, peso ao nascer, aleitamento materno exclusivo e uso de chupeta. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 .............................

32

Tabela 7 − Aleitamento materno exclusivo (AME) e uso da chupeta com o desenvolvimento de linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ....................................................

33

Page 14: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Listas . . .

X

p

Tabela 8 – Condições socioeconômicas das famílias e

desenvolvimento da linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ....

34

Tabela 9 – Características demográficas maternas e desenvolvimento da linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ...

35

Tabela 10 – Depressão materna e qualidade da estimulação domiciliar com o desenvolvimento da linguagem aos 12 meses de idade. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ............................................

36

Tabela 11 – Sexo das crianças e peso ao nascer em relação ao desenvolvimento da linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002 ...

37

Page 15: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resumo

XI

Resumo

Esta pesquisa teve como principal objetivo verificar a influência

da duração do aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta no

desenvolvimento da linguagem de crianças aos 12 meses de idade.

Verificou-se também a associação desse desfecho com o sexo da criança,

peso ao nascer, condições socioeconômicas e demográficas maternas,

depressão materna e a qualidade da estimulação do ambiente domiciliar. O

desenho do estudo foi do tipo transversal realizado em uma sub-amostra de

192 crianças, residentes em quatro municípios da zona da mata meridional

de Pernambuco, que participaram de um programa de estímulo ao

aleitamento materno exclusivo do nascimento aos seis meses de vida. A

coleta de dados foi realizada no período de março a junho de 2002. O

desenvolvimento de linguagem foi avaliado através de sete itens

selecionados da escala de desenvolvimento mental de Bayley, a qualidade

da estimulação do ambiente domiciliar através do questionário Home

Observation for Measurement of the Environment (HOME) e a depressão

materna através do Self Report Questionnaire (SRQ20). A média do índice

de desenvolvimento da linguagem foi significantemente mais baixa entre as

crianças de famílias com baixa renda, possuindo duas ou mais crianças com

menos de cinco anos, com menor estimulação do ambiente domiciliar e nas

do sexo masculino. Não se observou uma diferença estatisticamente

significante entre o desenvolvimento da linguagem com a duração do

aleitamento materno exclusivo, o uso da chupeta, alfabetização,

Page 16: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resumo

XII

escolaridade, idade e depressão materna, e o peso ao nascer. O

desenvolvimento da linguagem não diferiu em relação à duração do

aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta, no entanto, esse

resultado deve ser interpretado com cautela tendo em vista a complexidade

dos fatores envolvidos e a sensibilidade dos instrumentos utilizados na sua

avaliação.

Page 17: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resumo

XIII

Abstract

This main aim of this research was to verify the influence of duration of

exclusive breastfeeding and use of pacifier on language development of

infants at 12 months of age. It was also verified the association of this

outcome with infant's sex, birthweight, maternal socio-economic and

demographic conditions, maternal depression and the quality of home

environment. The study design was cross-sectional conducted in a

subsample of 192 infants, residents in four municipalities of the southern

forest zone of the State of Pernambuco, that participated in a intervention

programme to encourage exclusive breastfeeding from birth to the six

months of life. Data collection was accomplished from March to June 2002.

Language development was evaluated through seven selected items of

Bayley scale of mental development, the quality of home environment

through the questionnaire Home Observation for Measurement of the

Environment (HOME) and maternal depression through Self Report

Questionnaire (SRQ20). The mean language development index was

significantly lower for infants from families with lower income, possessing two

or more children under five years old, with lower quality of home environment

and of male sex. There was no significant association between language

development and duration of exclusive breastfeeding, use of pacifier,

maternal literacy, years of schooling, age and depression, and birthweight.

Language development did not differ in relation to the duration of exclusive

breastfeeding and the use of pacifier, however, this result should be

interpreted with caution due to the complexity of the factors involved and the

sensitivity of the instruments used in its evaluation.

Page 18: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Introdução

1

1 –Introdução

Nas últimas décadas tem ocorrido um declínio da mortalidade

infantil e da prevalência da desnutrição nos países pouco desenvolvidos, a

atenção dos pesquisadores tem se voltado para o estudo do

desenvolvimento das crianças, especialmente daquelas que vivem em

precárias condições socioeconômicas. No entanto, o número de estudos

sobre o crescimento infantil, realizados em países em desenvolvimento

deixa muito a desejar, especialmente envolvendo áreas específicas como a

da linguagem.

O conhecimento dos fatores determinantes do

desenvolvimento infantil nas suas diversas áreas: motora, mental,

comportamental e linguística, entre outras, traz a tona várias possibilidades

de pesquisa cujos resultados poderão influenciar as políticas de saúde e

educação, no sentido de possibilitar a identificação de populações de risco,

que possam se beneficiar com programas de abordagem preventiva e/ou

terapêutica. Sendo assim, torna-se imprescindível o estudo dos fatores

determinantes do desenvolvimento como um todo e mais especificamente o

da linguagem.

Em 2001, docentes do Departamento Materno Infantil e do

Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco e da

London School of Hygiene and Tropical Medicine iniciaram um estudo de

Page 19: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Introdução

2

intervenção em crianças do nascimento aos seis meses de vida na Zona da

Mata Meridional de Pernambuco, com o objetivo de ampliar a duração do

aleitamento materno exclusivo (Coutinho, 2003). Essas mesmas crianças

participaram de um programa de intervenção com ferro e orientação da dieta

complementar visando à prevenção da anemia ferropriva. A avaliação do

desenvolvimento mental e motor aos 12 meses de vida em uma sub-amostra

de crianças que participaram desses programas de intervenção constituíram

a casuística do presente estudo.

A zona da mata meridional do estado de Pernambuco é uma

região onde prevalece a monocultura da cana de açúcar, vivendo a maior

parte da população em precárias condições socioeconômicas, o que motivou

a escolha desta localidade para a realização deste estudo.

Page 20: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Objetivos

3

2 –Objetivos

2.1 Geral

• Avaliar o desenvolvimento da linguagem aos 12 meses de

idade segundo a duração do aleitamento materno exclusivo e o uso da

chupeta em quatro municípios da Zona da Mata Meridional de Pernambuco.

2.2 Específicos

• Verificar a associação entre a duração do aleitamento

materno exclusivo e o uso de chupeta com o desenvolvimento da linguagem

das crianças aos 12 meses;

• Verificar a associação entre as condições socioeconômicas

e demográficas maternas, sexo e o peso da criança ao nascer com o

desenvolvimento da linguagem das crianças aos 12 meses;

• Verificar a associação entre a qualidade da estimulação

domiciliar e o grau de depressão materna com o desenvolvimento da

linguagem das crianças aos 12 meses.

Page 21: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

4

3 –Revisão da literatura

3.1 A aquisição da linguagem

Entende-se por linguagem humana a comunicação que os

indivíduos produzem no relacionamento social, através da expressão de

conceitos e trocas de idéias e experiências, utilizando a verbalização e a

escrita, transmitindo, assim, palavras que representam situações (LAW,

2001).

A linguagem é o sistema simbólico usado para representar os

significados dentro de uma cultura. Ela inclui tanto a assimilação, ou seja, a

capacidade que tem o indivíduo de decodificar o sinal que é percebido e a

construção ou compreensão do signo ou sinal (lingüístico) que será

posteriormente decodificado por outros. A compreensão verbal é o termo

utilizado para o processo de interpretação das informações lingüísticas

(AIMARD,1986; MCCUNE,1995; LAW, 2001).

A mente infantil trabalha com elementos a serem

compreendidos e elaborados, enquanto o adulto já os compreendeu e

elaborou. Por esse motivo, a criança não pode assimilar os conceitos

sistematizados pelos adultos. Ela precisa vivenciá-los antes (COSTA, 19--).

A aquisição da linguagem é um processo lento que se realiza

de forma espontânea no ambiente social, através de fenômenos de

Page 22: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

5

expressão dos sentimentos e emoções. Ela provêm da troca de experiências

simbólicas (LAW, 2001).

Quatro fatores a compõem, permitindo a transmissão de

conceitos:

a) A praxia é a seqüência de movimentos de boca, lábios,

língua, faringe, etc. que o organismo realiza;

b) A gnosia é o conhecimento e a identificação de

estímulos visuais e auditivos dos sinais simbólicos que conjuntamente

permitirão a expressão verbal e escrita;

c) A memória é a conservação dos sinais simbólicos

representantes das palavras;

d) A afetividade relaciona-se às emoções, permeando a

variação positiva ou negativa do ato de comunicação, aprimorando ou

piorando a transmissão de conceitos.

Os dois primeiros fatores fazem parte das funções do sistema

estomatognático que inclui basicamente a participação da mandíbula e da

língua. Este sistema possui um conjunto de estruturas ativas (nervos e

músculos) e passivas (dentes, articulação têmporo-mandibular, tendões e

mucosa oral), que desenvolvem funções sensitivas e motoras, sendo uma

junção da forma/função e a base estrutural para o desenvolvimento funcional

da linguagem (PALMER, 1998; DOUGLAS, 2002).

Esses mesmos autores referem, ainda, que a função sensitiva

do sistema estomatognático é bastante rica apresentando uma variedade de

receptores que têm, entre outras funções, a percepção gustativa, ou seja, a

percepção da forma, sabor e temperatura dos alimentos. O controle motor

básico desse sistema é do tipo tônico. Ele é responsável pelas funções

dinâmicas, determinando a postura mandibular e a base oclusal, abrangendo

atividades básicas como: sucção, deglutição, mastigação, respiração e

fonoarticulação. Também fazem parte desse sistema outras funções

Page 23: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

6

denominadas adaptativas, como bocejo, beijo, mordida, vocalização, vômito,

regurgitação, eructação e bruxismo.

A evolução da linguagem durante os dez primeiros meses de

vida passa por um período denominado pré-verbal que é caracterizado por

uma atividade sonora predominantemente lúdica, que independentemente

da percepção auditiva, e com o desenvolvimento global, adaptar-se-á

progressivamente à reprodução do som percebido (ALBUQUERQUE, 1998).

A fase do balbucio (atividade sonora) se inicia com sons

vocálicos por volta dos três meses de idade, num jogo intrínseco de

descobertas potenciais de seu aparelho fonador e ressoador, sem que haja

a priori intenções comunicativas. Após as relações maiores com o meio, por

volta dos dez meses de vida, esses sons vocálicos assumem significados e

evoluem para a etapa verbal, quando se observa maior aprendizagem

fonológica. Nessa fase, observamos também um trajeto ascendente na

audição funcional do indivíduo (CHIARI et al, 1991).

A criança emite sons e ouve a si própria. Sente prazer nesse

circuito que vai do ato fonético à impressão acústica que o segue. O choro

assume, na relação com os pais, uma forma que equivale “a um cordão

umbilical acústico” na comunicação de suas necessidades e desconfortos,

restabelecendo uma proximidade espacial entre a mãe e seu bebê

(LEBOVICI, 1987).

Quando as lalações ou balbucios começam a se tornar mais

claros, esboça-se, então, uma estrutura de repetição ritmada que

inicialmente é autônoma, reproduzindo fonemas emitidos pelos que a

cercam (GONÇALVES, 1999).

Essa imitação origina as descobertas fonéticas servindo de

base para o uso representativo da linguagem (período de vocalização), onde

as palavras são monossilábicas ou dissilábicas repetidas (“mamá”, ”papá”)

Page 24: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

7

representando uma palavra ou frase de acordo com o contexto. Seguem-se,

então, os fonemas mais evidentes em todas as línguas: os bilabiais (/p/, /b/,

/m/), os linguodentais (/t/, /d/, /n/), labiodentais (/f/, /v/) e outros. Durante

esse estágio, as seqüências predominantes são combinações de: CV

(consoante/vogal), VC (vogal/consoante), CVC (consoante/vogal/consoante)

(FERGUSON; FARWELL, 1975, apud GONÇALVES, 1999).

Os mesmos autores referem, também, que após essa fase

“monossilábica intencional”, a criança adquire a capacidade de combinar

sílabas – CVCV (consoante/vogal/consoante/vogal), mesmo que estas não

tenham significado no vocabulário do adulto, só sendo entendida pelos que

estão em convívio com a criança. Esta fase é denominada “palavra-frase”,

que ocorre por volta dos 12 aos 18 meses, quando já está mais

independente, começando a explorar o mundo através do andar.

Em seguida, tem-se a etapa da “palavra justaposta”, que são

palavras que a criança associa e que possuem correspondência entre si e

vem acompanhadas de gestos, nomeações e manipulações, traduzindo seus

desejos (GONÇALVES, 1999).

A autora supracitada afirma ainda, que por volta de um ano e

meio a dois anos, a criança apresenta um vocabulário de cerca de cinqüenta

palavras, que ela dispõe na formação de frases simples. O pensamento é

concreto, ainda precisando do objeto presente para atuar sobre ele.

3.2 A geração da fala A fala constitui-se de produção verbal, incluindo tanto

componentes fisiológicos quanto linguísticos. O primeiro é o sistema fonético

que envolve o sistema estomatognático, ou seja, a capacidade articulatória e

o segundo abrange o som ou o sistema fonológico da língua usada. Desse

Page 25: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

8

modo, todos os indivíduos possuem um mecanismo articulatório semelhante,

independente do idioma, com modificações nos seus aspectos fonológicos,

próprios de cada cultura (GONÇALVES, 1999).

A fala é o som da voz articulada e com significado, porém, para

que ocorra de forma eficaz, é indispensável a integridade de suas estruturas

anatômicas, que podem ser divididas em estruturas de recepção e estruturas

de emissão ou execução, as quais são partes integrantes do sistema

estomatognático:

A – Órgãos da recepção – são os órgãos da audição:

– Ouvido externo – responsável por captar os sons do

ambiente externo, o que favorece o contato da criança com o mundo sonoro

que a cerca. Tem função puramente mecânica;

– Ouvido médio – responsável pela condução dos sons.

Transmite o estímulo às terminações do nervo auditivo;

– Ouvido interno – responsável pelo refinamento do

estímulo. Ele é recebido pelos cílios das células de Corti e transmitido às

vias nervosas da audição.

Quando uma pessoa fala, as ondas acústicas atingem o

interlocutor e voltam para o falante – feedback acústico – processo de

retroalimentação muito importante para o monitoramento do mesmo, e

conseqüentemente para a aquisição da linguagem.

B - Órgãos da emissão ou execução – são os órgãos da

fonação:

Os órgãos da fonação produzem a voz através do ar

mobilizado pelos pulmões. Esse ar será convertido em som pelos elementos

vibrantes do aparelho fonador, as pregas vocais (PPVV). Os sons são

Page 26: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

9

produzidos durante a expiração através das PPVV que, localizadas na

laringe, vibram e emitem sons. Esses sons podem ser interceptados em

diferentes pontos desse trajeto pelos articuladores ativos (faringe, véu do

palato, língua, lábios, maxilar inferior) e passivos (cavidades delimitadas

pelas paredes nasais, palato, maxilar superior e dentes), o que vem a

determinar o ponto de articulação dos fonemas (GONÇALVES, 1999).

O funcionamento da palavra e da língua é norteado a nível

central pela organização cerebral numa perfeita conexão. Assim, a

comunicação pode ser visualizada em termos globais, abrangendo tanto a

fala como a linguagem. Todavia, sua aplicação não é limitada a esses

últimos, pois num nível pessoal, inclui o comportamento não-verbal e, em um

nível social, envolve todos os fatores imprescindíveis às transmissões

culturais, ou seja, todo um conjunto de crenças, costumes e atividades de

um grupo social. Esses componentes se interligam de forma significativa à

proporção que a criança se desenvolve (SYDER, 1997; GONÇALVES,

1999).

Outro ponto importante no desenvolvimento da linguagem é o

nível cognitivo, pois se torna extremamente difícil isolar as habilidades

linguísticas das cognitivas quando tratamos de evolução infantil. Por

exemplo, seria difícil discutir a capacidade de aquisição da linguagem sem

se referir à memória da criança, uma vez que ela faz parte de um

aprendizado sistemático, que vai se construindo e concretizando

paulatinamente (TEMBOURY et al, 1994; UAUY e DE ANDRACA, 1995;

ANDERSON; JOHNSTONE e REMLEY, 1999; VESTERGAARD et al., 1999;

ANGELSEN et al., 2001; RAO et al., 2002).

Page 27: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

10

3.3 Processos do desenvolvimento da linguagem A linguagem abrange diferentes aspectos como a comunicação

interior dos indivíduos, a fala, a escrita e os gestos, sendo a audição e a

compreensão partes integrantes desse conhecimento.

Sabe-se que, no embrião humano, a língua se forma antes do

aparecimento das estruturas ósseas e consegue-se perceber a sua

importância no desenvolvimento dentoarticular, nos órgãos fonoarticulares e

em todas as estruturas que lhe são anexas. A musculatura encontra-se

presente e formada (porém não amadurecida), mesmo antes do nascimento

constituindo o principal fator de direcionamento, estímulo de crescimento e

maturação do sistema estomatognático. Assim sendo, a amamentação é o

fator decisivo e primordial para o correto crescimento e funcionamento

dessas estruturas, mantendo-as aptas para exercerem o desenvolvimento

da musculatura orofacial, que secundariamente estimulará as funções

fisiológicas, garantindo não só a sobrevivência, mas também melhor

qualidade de vida (CARVALHO, 2003; SILVESTRE, 2004).

O aleitamento materno, além de apresentar vantagens

nutricionais (composição, espécie-específica), imunológica (imunidade

passiva), econômicas (não compromete a renda familiar) e psicológica

(vínculo mãe-bebê), é um dos fatores mais importantes na prevenção de

morbimortalidades infantis e para o crescimento harmônico do sistema

estomatognático (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994; STERKEN, 1998; INNIS;

GILLEY e WERKER, 2001).

Durante a amamentação, quando a pega é correta, a língua

fica anteriorizada entre os roletes gengivais e o mamilo muito aumentado vai

até o ponto de sucção, localizado entre o palato duro e o mole. Nesse

momento, ocorre o abaixamento mandibular e os coxins de gordura dos

bucinadores entram em ação numa movimentação sinérgica de todo

complexo neuromuscular, criando-se, desse modo, uma pressão negativa

Page 28: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

11

onde o leite é succionado (GALLER et al., 1999; GILL, 2000; CARVALHO,

2003).

Foi aceito, durante muito tempo, que os recém-nascidos, tendo

em vista as suas características anatômicas, poderiam sugar e deglutir ao

mesmo tempo (BERBAUM, 1983; NÓBILE, 1997/98). No entanto, pesquisas

atuais atestam que mesmo beneficiados nos aspectos anatomofisiológicos,

eles necessitam realizar uma pausa respiratória durante a deglutição. Ou

seja, ao sugar o seio materno, a criança estabelece um padrão correto de

respiração nasal e postura correta de língua, habilidades orais essas que

permitem uma maturação normal no processo de transição alimentar, além

de uma articulação correta dos sons da fala (HERNANDEZ, 2003;

SILVESTRE, 2004).

No entanto, o aleitamento artificial pode gerar uma série de

adaptações, na sua maior parte, inadequadas ao perfeito desenvolvimento

do sistema estomatognático, que podem repercutir no desempenho

fonoarticulatório e emocional do indivíduo. Na alimentação artificial com

mamadeira, há um aumento significativo do fluxo de leite, o que pode

promover engasgos, levando a língua a assumir uma postura de retração

como mecanismo de defesa quanto a entrada demasiada de alimento. O

recém-nascido (RN) não precisa estar em estado de alerta, consciente,

podendo alimentar-se sonolento, o que possibilita uma postura muitas vezes

horizontalizada que pode levar ao escoamento de leite pela tuba auditiva ao

ouvido médio, causando otites médias silentes e recurrentes.

A respiração, tanto nasal quanto oral, é essencial à vida, e tem

como finalidade o fornecimento de oxigênio às células. No entanto, o bebê,

devido à desproporção maxilo-mandibular e a redução da cavidade oral em

relação ao tamanho da língua torna-se um respirador predominantemente

nasal (CARVALHO, 2003).

Page 29: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

12

Uma das principais vantagens do mamilo em relação ao bico

de borracha é quanto à forma, pois por mais adaptado que seja o bico

artificial, ele não ocupa toda a região bucal como o mamilo (WOOLRIDGE,

1986, apud CARVALHO, 2003). No aleitamento natural, o bebê suga o

mamilo e parte da aréola, ou seja, extrai de forma direta o leite mediante

uma pressão negativa intra-oral diferente do “chupar” o leite do interior da

mamadeira, onde o movimento mandibular é apenas de abertura e

fechamento, como um “pistão” (CARVALHO, 2003; SILVA NETTO, 2003).

De acordo com Carvalho (2003), o termo sucção, por si

mesmo, já nos mostra uma diferença significativa entre o ato de ordenhar

(espremer o seio - movimento ativo) e chupar (absorver puxando -

movimento passivo).

A maneira como o bebê mama possui variações individuais que

evoluem com o tempo, regulados pela intensidade e vigor das sucções. O

tipo de sucção desencadeia um importante papel sobre a mãe que pode no

caso da mesma ser vigorosa, desfrutar de um sentimento de vaidade e, em

contrapartida uma certa angústia diante de sua avidez. Por outro lado, uma

sucção fraca pode em algumas situações, desencadear temores de futuros

problemas alimentares e, ao mesmo tempo, extrema frustração, produzindo

uma auto-estima rebaixada na sua capacidade de provedora. Estes fatores,

sob o ponto de vista psicanalítico, atuam diretamente na relação dual

podendo exercer um suporte positivo e/ou negativo nessa “troca” de

mensagens intrínsecas entre mãe e bebê, imprescindíveis na aquisição da

linguagem (WINNICOTT, 1983).

O leite artificial, administrado seja por mamadeira, copinho ou

outra via alimentar, pode ser dado à criança por qualquer pessoa; podendo

levar a uma quebra do vínculo mãe/bebê (RADFORD, 1992; SPINELLI,

2004).

Page 30: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

13

As melhores oportunidades de desenvolvimento de linguagem

ocorrem quando a mãe e/ou cuidador voltam a sua atenção à “fala” da

criança. Porém, para que essa responsividade seja eficaz, o adulto necessita de um sinal interativo da criança, fator este que se encontra entrelaçado com

aspectos neuropsicomotores da mesma, pois uma criança menos

responsiva, diminui inconscientemente no adulto o número de estimulações

que o mesmo faria em circunstâncias tidas como adequadas (TAMIS-

LEMONDA, 2001).

Dentro de uma análise interacionista, a linguagem se

desenvolve quando a criança interage desde o seu nascimento com um

outro que dá significado a suas ações e reações. No decorrer desse

processo (dialógico) emerge a possibilidade da criança conceber a si e ao

outro como sujeitos. “Nessa relação, a mãe não só ocupa o lugar do que

fala, senão que deve se constituir num lugar de escuta para que o pequeno

apareça, definindo-se como sujeito na linguagem” (JERUSALINSKY, 1989)

“A comunicação é um processo sinérgico de trocas

emocionais, fantasias e pensamentos, num jogo alternado de projeções e

introjeções. Antes de começar a falar, as crianças têm ainda muito o que

aprender a respeito da linguagem e de como usá-la” (COSTA, 19--).

Após a separação física causada pelo parto, os dois elos do

vínculo mãe/bebê precisam do re-encontro, resgatado pela amamentação e

os bebês são tão aptos nesse duo sensorial, que são capazes do

reconhecimento materno pelo olfato e pela voz. Por outro lado, a mãe apura

sua sensibilidade auditiva no reconhecimento dos diversos tipos de choro de

seu bebê (LEITE, 1979).

Alguns autores destacam a importância da estimulação do

bebê, uma vez que as crianças aleitadas exclusivamente choram mais

vezes, devido à angústia da separação da mãe, permitindo dessa forma,

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Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

14

contatos mais freqüentes, o que permite uma simbiose dual eficaz (LEITE,

1979; ALBUQUERQUE, 1998; LEE, 2000.).

A indiferenciação eu x não-eu permite uma relação simbiótica

com a mãe, na ilusão primária dos dois serem num só, completando uma

relação de dependência onde, de acordo com Andrade (1996), apud

MEDEIROS et al, (19--), “a região oral é o início do contato do RN com o

mundo. É a primeira fonte de prazer e uma das primeiras formas de

comunicação".

Alguns estudos apontam que a atividade de estimulação

materna, principalmente em crianças aleitadas ao seio pode propiciar que

sejam mais ativas e responsivas a situações em que os “espaços” interativos

vão além da alimentação. Transformam-os em jogos de livre associação

comunicativa, indo do simples direcionamento do olhar às trocas táteis

proprioceptivas, do contato pele a pele aos “ecos” reproduzidos pelas mães

aos primeiros sons emitidos pela criança, obedecendo a um ciclo

neurolinguístico de dar e receber onde o visual, auditivo e cinestésico são

interdependentes (HORWOOD, 1998; LAW, 2001).

A capacidade auditiva é imprescindível na retroalimentação

que fomenta o desenvolvimento da linguagem. Nos recém nascidos, a

audição tem precursores fetais em relação ao ritmo cardíaco e motriz. A

partir da 26ª semana de gestação o meio uterino torna-se relativamente

“barulhento” (em torno de 72 decibéis). O feto é exposto a estímulos

auditivos internos e externos, que incluem o som do ambiente e

principalmente a voz dos pais. Esse fato explica as reações de orientação e

discriminação sonoras do bebê, que variam de freqüência e intensidade,

notadamente mais evidentes no que se refere à voz humana, respondendo

de forma diferenciada e intencional de acordo com o nível maturacional

(LAW, 2001).

Page 32: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

15

Os efeitos relacionais entre o sexo da criança e a linguagem

são parcamente descritos na literatura, não havendo um consenso entre os

autores. Alguns referem que as meninas desenvolvem a linguagem mais

rapidamente que os meninos, porém esse fato deve-se mais aos aspectos

culturais do que ao gênero da criança, ou seja, sugere-se que as práticas

educacionais são o fator de maior importância. Por outro lado, outros

ressaltam que essas ligações simplesmente não existem ou são discretas

(LAW, 2001).

3.4 Hábitos orais inadequados: o uso da chupeta. Douglas (2002), relata que a sucção está completamente

desenvolvida na 32ª semana de vida intra-uterina. Ao nascer, o contato dos

lábios da criança no mamilo provoca os movimentos de sucção, que podem

ser também estimulados pela proximidade dos mesmos com o dedo ou a

chupeta. Isso é um reflexo inato de alimentação, que visa à ingestão do leite

materno. Quando o bebê chora, esse contato faz cessar o choro pela

resposta diencefálica de ordem fisiológica.

O uso de chupetas pode trazer prejuízos na função motora

oral, levando ao desenvolvimento da síndrome do respirador oral, problemas

ortodônticos, alterações na fala e desmame precoce (LAMOUNIER, 2003;

SOARES et al, 2003).

O uso da chupeta foi associado com a curta duração da

amamentação, conforme estudos realizados com indivíduos que tiveram o

desmame precoce (antes dos seis meses), com um maior predomínio do uso

de chupeta, associados à instabilidades emocionais. A maioria das mães dá

chupeta para os seus filhos sem saber muito o porquê e justificam: “porque

todo mundo dá”, “porque é costume”, “porque preferem a chupeta ao dedo”

e, sobretudo, “serve para acalmar o bebê”. E algumas mães quando

Page 33: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

16

questionadas a respeito de fornecerem a chupeta aos seus filhos, acham

que seria impossível não fazê-lo (LUTAIF, 199-).

O mesmo autor relata que o uso da chupeta parece ser um

costume, um hábito. Está totalmente arraigada em nossa cultura,

amplamente difundida. São poucas as crianças que não fazem uso dela,

sendo para as mães um utensílio indispensável. E é notório que ela seja

valorizada inicialmente, para logo em seguida ser motivo de preocupação,

parecendo ser mais uma necessidade da mãe do que da criança.

A sucção de chupeta e/ou mamadeira pode ter um aspecto

multifatorial, onde o hábito poderia ser iniciado por um determinado motivo,

ser sustentado por algum outro, e nas idades subsequentes seria mantido

por inúmeros reforços, como, por exemplo, os de caráter emocional

(KAUFMAN, 2001; QUELUZ, 2004).

A região oral é uma área de prazer desde a lactância até a

idade adulta, sendo naturalmente uma fonte de alívio para as ansiedades e

sua estimulação um tranqüilizante universal, seja por chupeta, dedo, cigarro,

comida, etc. Desse modo, uma ação pode ser repetida tanto para criar e/ou

consolidar um estado emocional ou fisiológico desejado como para evitar

estímulos indesejados (LUTAIF, 199-).

Segundo Brazelton (1987) desde a concepção, é exigido dos

bebês uma independência que promove um alto custo ao seu

desenvolvimento, na medida em que eles precisam “aprender” formas de

compensação às pressões internas e externas a que são submetidos. E

quando a ansiedade e a frustração são grandes, ocorre geralmente, a

repetição de determinados atos motores acompanhando o choro, tais como:

boca ao mamilo, mão ao peito, mão na roupa da mãe ou utilização do que

estiver ao alcance. Ora, o melhor que a mãe deveria fazer nesse momento

seria pegá-lo ao colo e confortá-lo, porém quando ela não consegue fazer

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Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

17

isso por estar muito ocupada ou ansiosa, oferece a chupeta ao bebê, e, essa

passa a funcionar como um “consolo”.

O mesmo autor afirma que o fato do bebê sugar o polegar ou

fazer uso da chupeta não é, necessariamente, um hábito, mas sim um sinal

de que ele sozinho está tentando aliviar as suas ansiedades, o que faz parte

de seu crescimento (BRAZELTON, 1988).

O hábito se instala, quando os pais inseguros e ansiosos com o

comportamento de seus filhos, interrompem esse processo natural, tentando

a todo tempo “controlá-los”, num momento que seria só deles. Dessa forma,

chupar dedo, chupeta e outros, são padrões de auto-satisfação que quando

são violados, desequilibram o ciclo pessoal das crianças e de muitos

adultos. Então, considerá-los como “errados” faz com que eles assumam um

papel de hábito, e não um saudável indício de hábil competência diante das

dificuldades.

Por outro lado, quando os pais são devidamente orientados

quanto ao fato de que as crianças possuem diferentes formas de

comunicação, certamente descobrirão melhores meios de interagir com seus

filhos. Mesmo diante de inúmeras dificuldades, diminuirão a necessidade

dos bebês de recorrerem a instâncias externas na satisfação de suas

necessidades (WINNICOTT, 1983; JERUSALINSKY,1989; KLAUSS e

KLAUSS, 1989).

3.5 Testes objetivos de avaliação do desenvolvi-mento da linguagem.

Nesse estudo foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Infantil

de Bayley II (EDIB II), que à priori não verifica diretamente os aspectos de

linguagem. A EDIB II é composta por três sub-escalas de mensuração de

desenvolvimento mental, motor e comportamental e tem sido amplamente

usada nos estudos de avaliação do desenvolvimento infantil (SIEGEL, 1995).

Page 35: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Revisão da Literatura

18

Outro teste de avaliação objetiva do desenvolvimento de forma

global é o de Gesell e Amatruda (2000), que considera características

comportamentais de acordo com a “idade-chave”, agrupando-as de acordo

com os cinco principais campos comportamentais: adaptativo,

comportamento motor grosseiro, comportamento motor delicado, de

linguagem e pessoal-social. Numa disposição que permite-nos uma

comparação cruzada em termos de tipos de comportamento e níveis de

maturidade.

Os testes de avaliação objetivos são eficientes na rápida

averiguação de grupos de risco, triando de forma rápida e em tempo

reduzido grandes populações, extremamente importante do ponto de vista

epidemiológico, mesmo tendo em vista o seu caráter observável,

reducionista e quantitativo.

Page 36: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Casuística e método

19

4 –Casuística e método

4.1 Local do Estudo

A presente pesquisa estudou crianças nascidas e residentes

nas áreas urbanas de quatro cidades da Zona da Mata Meridional do estado

de Pernambuco: Palmares, Catende, Água Preta e Joaquim Nabuco. Juntas,

estas cidades têm uma população de 140.000 habitantes e ficam

aproximadamente a 130 Km de Recife. A escolha destas cidades decorreu

da decisão de se trabalhar na zona da Mata Meridional, região com elevada

prevalência de problemas carenciais e longa tradição na realização de

estudos nutricionais.

A área em estudo é uma das mais importantes produtoras de

açúcar do estado e uma das mais subdesenvolvidas do Brasil. A agricultura

absorve 72% da força de trabalho da região, o restante composto por

pequenos industriais e comerciantes da área urbana.

Os cuidados de saúde são prestados por Unidades de Saúde

municipais, estaduais e particulares conveniadas. Entre essas o Hospital

Regional de Palmares, se destaca como um centro de referência para a

região e por dispor de infra-estrutura necessária ao estudo, foi escolhido

para sediar a pesquisa.

Page 37: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Casuística e método

20

4.2 População original

A população original foi composta de 350 crianças que

participaram do nascimento aos 6 meses de vida de um programa de

intervenção em aleitamento materno e dos 6 aos 12 meses de um programa

de prevenção da anemia ferropriva (COUTINHO, 2003).

4.2.1 Coleta de dados da população original

• Recrutamento dos recém-nascidos

Os recém-nascidos foram recrutados nas duas maternidades

das quatro cidades estudadas, no período de março a agosto de 2001,

respeitando os seguintes critérios:

– Critérios de inclusão: os pais residirem na área urbana das cidades estudadas e

não deslocarem-se de suas residências durante os seis meses posteriores

ao recrutamento.

– Critérios de exclusão:

✔ gestações múltiplas;

✔ evidência na fase neonatal de infecções congênitas,

anomalias cromossômicas, mal-formações maiores, distúrbios neurológicos

e doenças maternas.

Os profissionais responsáveis pelo recrutamento preenchiam

formulários específicos que continham informações de identificação e dados

antropométricos do RN, como o peso que era aferido com o mesmo sem

roupa, nas primeiras 24 horas de vida; utilizando-se uma balança portátil

digital (modelo 725, Soenhe, Hamburgo, Alemanha). A avaliação da idade

gestacional era obtida pelo método de Capurro et al (1978). As mães eram

Page 38: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Casuística e método

21

entrevistadas após o parto quanto as condições socioeconômicas,

demográficas e reprodutivas.

• Visitas domiciliares

Metade dessas crianças foram acompanhadas com visitas

domiciliares nos primeiros 6 meses, por uma equipe de 5 visitadoras, a fim

de fornecerem um suporte e incentivo ao aleitamento materno exclusivo,

num total de 10 visitas. Além disso, era aplicado um questionário monitorado

pela equipe de avaliação do projeto, onde se entrevistou a mãe em relação a

ocorrência de diarréia, vômitos, febre, dispnéia, aleitamento materno e

introdução de água, chás, sucos e outros alimentos, além dos dados

antropométricos. O grupo controle também foi monitorado com visitas

domiciliares pela equipe de avaliadoras nos primeiros seis meses, com o

mesmo questionário adotado no grupo acima, sem o incentivo ao

aleitamento materno exclusivo, mas sim, com o objetivo de realizar uma

associação entre os dados coletados para uma posterior análise num total

de sete visitas.

Foi realizada também uma intervenção nesta coorte dos 6 aos

12 meses com o objetivo de prevenir anemia ferropriva através da

administração de sulfato ferroso com dose semanal e orientação alimentar.

As visitas domiciliares continuaram a ser realizadas mensalmente para

coleta de dados sobre morbidade e o perfil alimentar.

4.3 População do estudo

A população da presente pesquisa consistiu de uma sub-

amostra de 192 crianças com doze meses que participaram dos programas

de intervenção descritos acima.

Page 39: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Casuística e método

22

4.4 Coleta de dados

A coleta de dados do presente estudo ocorreu de março a maio

de 2002 e consistiu da avaliação do desenvolvimento das crianças aos 12

meses, da depressão materna e da qualidade da estimulação domiciliar.

4.4.1 Instrumentos e procedimentos de coleta

• Desenvolvimento de linguagem

As mães e crianças eram transportadas de suas residências

até o Hospital Regional de Palmares por duas assistentes de pesquisa, onde

era realizada a avaliação do desenvolvimento mental e motor aos 12 meses

(±15 dias) utilizando a Escala de Desenvolvimento Infantil de Bayley II, por

uma neuropediatra e uma terapeuta ocupacional devidamente treinada

(Anexo 1).

Para o estudo do desenvolvimento da linguagem foram

selecionados sete itens da escala mental, descritos abaixo:

- Faz combinação de consoante e vogal repetidamente;

- Tagarela expressivamente (com intenção);

- Vocaliza quatro diferentes combinações de consoante e

vogal (balbucio);

- Responde a ordens verbais;

- Imita palavra;

- Aponta duas figuras;

- Usa apropriadamente duas palavras diferentes.

Cada item foi codificado com zero (ausente) e um (presente),

sendo criado um escore que variou de 0 a 7 pontos.

Page 40: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Casuística e método

23

A escala mental do Bayley testa a acuidade sensório-

perceptiva, a aquisição precoce da constância do objeto, a memória, o

aprendizado e a habilidade em resolver problemas. Incluindo a avaliação da

vocalização, o início da comunicação verbal e a incidência precoce de

conceitos como generalização e classificação que são a base do

pensamento abstrato.

• Qualidade da estimulação domiciliar

A avaliação da qualidade da estimulação domiciliar foi

realizada no domicílio quando as crianças completavam 12 meses, através

de entrevistas com as mães com questionário HOME (Home Observation for

Measurement of the Environment) (CALDWELL, 1984) por duas assistentes

de pesquisa (Anexo 2) Este questionário é subdividido em quarenta e cinco

questões que investiga dados sobre:

a) organização do ambiente físico e temporal

b) estimulação interpessoal

c) relacionamento da mãe com a criança

d) brinquedos disponíveis

e) restrições e castigos

f) estimulação afetiva e global

• Avaliação da depressão materna

A avaliação da depressão materna foi feita através do

questionário SRQ20 (Self Report Questionnaire) que é composto de 20

questões relativas aos aspectos comportamentais relacionados ao último

mês da data da entrevista, com perguntas dicotômicas categorizadas com

zero (ausente) e um (presente) (Anexo 3). As mães eram entrevistadas no

Hospital Regional de Palmares por ocasião da realização da avaliação do

desenvolvimento dos seus filhos, por uma pediatra e uma fonoaudióloga.

Page 41: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Casuística e método

24

4.4.2 Variáveis estudadas • Variável dependente:

– Desenvolvimento da linguagem

• Variáveis Independentes:

- Condições socioeconômicas e ambientais: renda

familiar, escolaridade e alfabetização materna, bens de consumo,

abastecimento de água, sanitário, destino do lixo;

- Demográficos : idade e ocupação materna, tamanho da

família, número de crianças menores de 5 anos no domicílio;

- Duração do Aleitamento Materno Exclusivo;

- Uso de chupeta;

- Qualidade de estimulação no ambiente familiar;

- Depressão materna;

- Peso ao nascer;

- Idade gestacional;

- Sexo.

4.4.2.1 Definição das variáveis

- Renda familiar: Rendimento de todas as pessoas que

residiam no mesmo domicílio no mês anterior à entrevista (um salário

mínimo correspondia na época da coleta a R$ 180,00).

- Aleitamento materno exclusivo: leite materno

diretamente do peito ou extraído, sem acréscimo de nenhum outro

alimento sólido ou líquido.

4.4.2.2 Categorização das variáveis

As variáveis contínuas foram categorizadas como a seguir :

- Escala mental de Bayley (sete itens de linguagem): 0 –

3; 4; 5; 6 – 7.

Page 42: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Casuística e método

25

- Renda familiar (SM): 0 – 1; 1,1 – 2; 2, 1 e mais

- Escolaridade Materna (anos): 0 – 4; 5 – 8; 9 e mais.

- SRQ20: 0 – 7 = sem depressão; 8-19 = com depressão.

- Índice de HOME:

✔ 15 –23 (equivalente a –1DP da amostra estudada);

✔ 24 – 29;

✔ 30 e mais (valor semelhante ao encontrado para a

média de estimulação das crianças nos Estados

Unidos).

4.5 Processamento e análise dos dados Os dados coletados foram codificados e registrados em

formulários específicos com a consistência do preenchimento checada

regularmente. A entrada de dados e a análise estatística foram realizadas

com o software EPI-INFO versão 6,04 (CDC – Atlanta). Realizou-se uma

dupla entrada dos dados para verificação de erros de digitação através do

subprograma Validate com correção posterior.

Inicialmente foi verificada a distribuição de freqüência das

variáveis categóricas e contínuas. Em seguida foi verificada a simetria das

variáveis contínuas através do histograma. A variável dependente (índice de

desenvolvimento da linguagem) foi analisada como variável contínua,

utilizando-se a análise de variância (ANOVA) para verificar a diferença entre

as médias. Tomou-se o valor de P ≤ 0,05 como nível de significância

estatística.

4.6 Comitê de ética em pesquisa Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Centro de Ciências da Saúde / UFPE.

Page 43: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

26

5 –Resultados

A apresentação dos resultados será feita considerando-se

inicialmente o índice de desenvolvimento da linguagem para a amostra como

um todo, a caracterização da amostra estudada e em seguida, a associação

entre os fatores socioeconômicos, demográficos, de estimulação ambiental,

duração do aleitamento materno exclusivo, uso da chupeta, depressão

materna e qualidade da estimulação do ambiente domiciliar com o

desenvolvimento da linguagem.

A amostra estudada foi constituída por 192 crianças que

tiveram a linguagem avaliada através de 7 itens da escala mental do teste de

Bayley II.

Observou-se um índice médio para os itens de

desenvolvimento da linguagem de 4,4 pontos com DP=1,5 para as crianças

estudadas.

Page 44: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

27

Tabela 1 - Avaliação da linguagem através da Escala de Bayley II aos 12

meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002

Itens selecionados da escala desenvolvimento mental de Bayley II (índices)

N = 192

%

0 – 3 38 19,8

4 49 25,5

5 61 31,8

6 – 7 44 22,9

Média (DP)

4,4 (1,5 )

5.1 Características da amostra 5.1.1 Características das famílias

A Tabela 2 apresenta as características das famílias segundo a

renda familiar, alfabetização e escolaridade materna. Considerando a renda,

70,7% das famílias recebiam até dois salários mínimos. Verificou-se um

percentual significativo de mães analfabetas ou semi-alfabetizadas 21,9%, e

cerca de 71,9% com até 8 anos de escolaridade.

Page 45: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

28

Tabela 2 - Características das famílias segundo a renda familiar e

escolaridade materna. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N=192 %

Renda Familiar (SM)*

0 –1 62 37,8

1,1 - 2 54 32,9

≥ 2,1 48 29,3

Alfabetização Materna

Não lê \ lê com dificuldade 42 21,9

Lê com facilidade 150 78,1

Escolaridade Materna

0 – 4 anos 52 27,1

5 – 8 anos 86 44,8

≥ 9 anos 54 28,1

Em 28 casos não foi possível obter informação 1 salário mínimo (SM) = R$ 180,00

A Tabela 3 apresenta as condições de salubridade do

domicílio, o destino do lixo e a posse de bens domésticos. Quanto às

condições de salubridade, 91,1% das habitações contavam com

abastecimento de água com canalização interna e 68,2% possuía sanitário

com descarga. Em relação ao destino do lixo, 71,4% era coletado pelo

serviço de limpeza urbana. Analisando-se a posse dos bens de consumo,

verificou-se que a maioria dos domicílios possuía televisão, rádio e

geladeira.

Page 46: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

29

Tabela 3 - Características das famílias segundo as condições de habitação e

posse de bens domésticos. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 %

Abastecimento de água

Com canalização interna 175 91,1

Sem canalização interna 17 8,9

Sanitário

Com descarga 131 68,2

Sem descarga 44 22,9

Não tem 17 8,9

Destino do lixo

Coleta direta 137 71,4

Coleta indireta 29 15,1

Enterrado \ outros 26 13,5

Televisão

Sim 153 79,7

Não 39 20,3

Rádio

Sim 148 77,1

Não 44 22,9

Geladeira

Sim 117 60,9

Não 75 39,1

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Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

30

A tabela 4 apresenta a distribuição das famílias quanto à idade

e trabalho materno, tamanho da família e número de crianças menores de 5

anos no domicílio. Observou-se que 31,3% das mães tinham menos de 20

anos. A maioria das mães 77,6% não tinha trabalho remunerado fora do

domicílio. Quanto ao tamanho das famílias, nota-se que a sua maioria 70,3%

é constituída por até 5 moradores. Apenas 14,6% dos domicílios contavam

com 2 a 5 crianças.

Tabela 4 – Características das famílias segundo fatores demográficos. Zona

da Mata Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 %

Idade materna

13 – 19 anos 60 31,3

20 – 24 anos 67 34,9

≥ 25 65 33,9

Ocupação materna fora do domicílio

Sim 43 22,4

Não 149 77,6

Nº de Pessoas na família

2 – 3 71 37,0

4 – 5 64 33,3

≥ 6 57 29,7

N° de crianças < 5 anos

Nenhuma 98 51,0

1 66 34,4

2 – 5 28 14,6

Na tabela 5, são apresentados os resultados da avaliação da

depressão materna e da qualidade da estimulação domiciliar realizados ao

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Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

31

final do primeiro ano de vida. Observa-se que 26,6% das mães

apresentavam tendências depressivas segundo o SRQ-20. Quanto à

qualidade da estimulação domiciliar, a média do índice de HOME foi de 27,6

pontos (DP = 4,9) com 20,3% da amostra abaixo de 24 pontos.

Tabela 5 – Características maternas quanto à depressão e qualidade da

estimulação domiciliar. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 %

Depressão materna (SRQ20)

Sim (8 –19 pontos) 51 26,6

Não (0 –7 pontos) 141 73,4

Índice de HOME

15 – 23 39 20,3

24 – 29 81 42,2

≥ 30 72 37,5

Média (DP)

27,6

(4,9)

5.1.2 Características das crianças

A tabela 6 apresenta as características das crianças ao nascer

segundo sexo e peso. Com relação ao sexo, houve um predomínio de

crianças do sexo masculino 55,7%. A média do peso ao nascer foi de 3.201g

(DP 421g) com um percentual de baixo peso de 3,6% e peso insuficiente de

29,7%. A freqüência de crianças em aleitamento materno exclusivo foi de

39,6% aos 2 meses, declinando para 26% aos 4 meses e 16,1% aos 6

meses de vida. O uso de chupeta foi observado em torno de 60% das

crianças, para cada uma dessas faixas etárias.

Page 49: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

32

Tabela 6 – Características das crianças ao nascer segundo sexo, peso ao

nascer, aleitamento materno exclusivo e uso de chupeta. Zona da Mata

Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 %

Sexo

Masculino 107 55,7

Feminino 85 44,3

Peso ao nascer (g)

< 2500 7 3,6

2500 – 2999 57 29,7

3000 – 3499 88 45,8

≥ 3500 40 20,8

Aleitamento materno exclusivo (meses)

2 76 39,6

4 50 26,0

6 31 16,1

Uso de chupeta (meses)

2 116 60,4

4 118 61,5

6 121 63,0

5.2 Fatores associados ao desenvolvimento da linguagem

Page 50: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

33

5.2.1 Aleitamento materno exclusivo (AME) e uso da chupeta

A tabela 7 mostra a associação entre o percentual do

aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta com o desenvolvimento

da linguagem. Não se observou associação estatisticamente significante

entre a duração do aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta aos 2,

4 e 6 meses de vida com o desenvolvimento da linguagem.

Tabela 7 - Aleitamento materno exclusivo (AME) e uso da chupeta com o

desenvolvimento de linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de

Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 Média DP Teste de Significância

Aos 2 meses

AME

Sim 76 4,4 1,6 t=0,34

Não 116 4,5 1,5 P=0,73

Chupeta

Sim 116 4,5 1,4 t=0,82

Não 76 4,3 1,7 P=0,41

Aos 4 meses

AME

Sim 50 4,2 1,9 t=0,26

Não 142 4,5 1,4 P=0,79

Chupeta

Sim 118 4,4 1,3 t=0,26

Não 74 4,4 1,8 P=0,79

Aos 6 meses

AME

Sim 31 4,2 1,8 t=0,70

Page 51: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

34

Não 161 4,4 1,5 P=0,49

Chupeta

Sim 121 4,4 1,4 t=0,35

Não 71 4,5 1,7 P=0,73

5.2.2 Fatores socioeconômicos e ambientais

A tabela 8 mostra que a média de pontos do desenvolvimento

da linguagem foi menor nas famílias que tinham rendimento menor do que

um salário mínimo (Média=4,1; DP=1,4) em relação àquelas de rendimento

maior que 2 SM (Média=4,9; DP=1,6). Esta associação foi estatisticamente

significante (P=0,03). A mesma tendência foi observada para a alfabetização

e escolaridade materna, no entanto, a associação entre essas variáveis não

foi estatisticamente significante.

Tabela 8 - Condições socioeconômicas das famílias e desenvolvimento da

linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 Média DP Teste de

significância Renda familiar (SM)*

≥ 2,1 48 4,9 1,6 F=3,46

1,1 – 2 54 4,5 1,5

0 – 1 62 4,1 1,4 P=0,03

Alfabetização materna

Lê com facilidade 150 4,5 1,6 F=2,08

Lê com dificuldade 23 4,6 1,3

Não lê 19 3,8 1,4 P=0,13

Escolaridade materna

≥ 9 54 5,0 1,4 F=7,49

5 – 8 86 4,4 1,4

0 – 4 52 3,8 1,6 P=0,51

Page 52: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

35

* Em 28 casos não foi possível obter informação. 1 salário mínimo (SM) = R$ 180,00

A tabela 9 mostra a associação do desenvolvimento da

linguagem com os seguintes fatores: idade materna, trabalho materno,

tamanho da família e número de crianças < 5 anos no domicílio. Não foram

observadas diferenças estatisticamente significantes entre o

desenvolvimento da linguagem com a idade materna e o tamanho da família.

Em relação ao trabalho materno, observou-se que o desenvolvimento da

linguagem das crianças cujas mães tinham um trabalho remunerado era

significativamente melhor quando comparado com as que não trabalhavam

fora do domicílio.

Tabela 9 - Características demográficas maternas e desenvolvimento da

linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 Média DP Testes de

significância Idade materna

25 ≥ 65 4,6 1,7 F=0,49

20 – 24 anos 67 4,3 1,3 P=0,61

≤19 anos 60 4,3 1,6

Trabalho materno

Sim 70 4,7 1,4 t=1,98

Não 122 4,2 1,6 P= 0,05

Pessoas na família

5 ≥ 57 4,2 1,6 F=0,68

3 – 4 64 4,4 1,7 P=0,51

1 –2 71 4,5 1,3

Page 53: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

36

Crianças < de 5 anos

≥ 2 28 3,3 1,9 F=21,80

Uma 66 4,0 1,3 P<0,001

Nenhuma 98 5,0 1,2

Com relação ao número de crianças menores de 5 anos no

domicílio, observamos que quando a criança era a única na casa o índice de

desenvolvimento da linguagem era significativamente melhor do que quando

existiam 2 ou mais crianças (P < 0,001).

A tabela 10 mostra a associação entre o desenvolvimento da

linguagem com a depressão materna e a qualidade da estimulação

domiciliar avaliadas aos 12 meses de vida das crianças. Não houve

diferença do índice de desenvolvimento da linguagem em relação a

ocorrência de depressão materna. No entanto, verificou-se uma elevação

progressiva e estatísticamente significativa do índice do desenvolvimento da

linguagem com a melhora da qualidade da estimulação domiciliar.

Tabela 10 - Depressão materna e qualidade da estimulação domiciliar com

o desenvolvimento da linguagem aos 12 meses de idade. Zona da Mata

Meridional de Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 Média DP Teste de

significância

Depressão materna (SRQ20)

Sim 51 4,4 1,7 t=0,58

Não 141 4,3 1,4 P=0,56

Índice de HOME

15 –23 39 3,4 1,7 F=19,3

24 – 29 81 4,2 1,4 P<0,001

≥ 30 72 5,1 1,1

Page 54: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Resultados

37

5.2.3 Relacionados às crianças

A tabela 11 mostra que o desenvolvimento da linguagem

apresentou um índice médio significativamente mais elevado no sexo

feminino (P < 0,001). O peso ao nascer não apresentou associação

significativa com o desenvolvimento da linguagem.

Tabela 11 Sexo das crianças e peso ao nascer em relação ao

desenvolvimento da linguagem aos 12 meses. Zona da Mata Meridional de

Pernambuco, 2002

Variáveis N = 192 Média DP Teste de significância

Sexo

Masculino 107 4,1 1,6 T=3,64

Feminino 85 4,8 1,3 P<0,001

Peso ao nascer

≥ 3.400 59 4,4 1,6 F=0,20

3.000 – 3.399 69 4,5 1,5 P=0,82

≤ 2.999 64 4,3 1,6

Comentário:

Page 55: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Discussão

38

6 –Discussão

Diversos autores citam que o desenvolvimento da linguagem

se dá de forma multifatorial. Entre esses fatores se destacam: o ambiente, o

tipo, a intensidade e a duração dos estímulos visuais, auditivos e

cinestésicos (MORLEY, 1988; VOHR, 1989; HERNANDEZ, 1996; SYDER,

1997; STRÖMQVIST, 1999; GONÇALVES, 1999; LAW, 2001;

BERNARDINO, 2002; DELGADO, 2002; MIKIEL-KOSTYRA, 2002).

Este estudo teve como um dos principais objetivos avaliar se o

desenvolvimento da linguagem aos 12 meses de idade era influenciado pela

duração do aleitamento materno exclusivo. Não foi encontrada uma

associação estatisticamente significante entre o desenvolvimento de

linguagem e o aleitamento materno exclusivo, avaliado em três fases

distintas nos primeiros seis meses de vida.

Uma das possíveis explicações para este resultado deve-se ao

fato da linguagem ter sido avaliada apenas no seu aspecto comportamental,

sabendo-se, entretanto, que a sua avaliação é mais complexa e subjetiva, o

que não foi possível de ser realizado nesta pesquisa. Um outro aspecto a ser

considerado se refere ao modo como a variável aleitamento materno

exclusivo foi analisada. As crianças incluídas no grupo de mães que não

estava mais amamentando exclusivamente, contemplavam todas aquelas

que já não mamavam mais, as que estavam em aleitamento predominante

Page 56: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Discussão

39

(leite materno mais água, chá ou suco) e em aleitamento materno (leite

materno complementado com fórmula láctea e/ou outros alimentos). O ideal

seria que neste grupo fossem incluídas as crianças que nunca mamaram ou

que mamaram por um curto intervalo de tempo. No entanto, vale salientar

que o número de crianças com essas características era insuficiente para

formar uma categoria de análise.

Há uma escassez de estudos que investiguem a influência

direta do aleitamento materno no desenvolvimento da linguagem. Por outro

lado, vários estudos têm referido ser o aleitamento materno um fator que

influencia o crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor infantil através

de mecanismos bioquímicos e imunológicos, além dos emocionais, atuando

de forma positiva na interação mãe/bebê (UAUY e DE ANDRACA, 1995;

MORRIS et al, 1999; DE ANDRACA et al, 1999).

Segundo Carvalho (2003), nos primeiros meses de vida a

amamentação é a maneira mais eficaz na promoção do crescimento e

desenvolvimento do recém-nascido, inclusive no que diz respeito ao sistema

estomatognático. Ou seja, ao sugar o seio materno, a criança estabelece

um padrão correto de respiração nasal, adquire uma postura correta de

língua e habilidades orais que permitam uma maturação normal no processo

de transição alimentar, além de uma articulação correta dos sons da fala. O

aleitamento materno tem um efeito benéfico no desenvolvimento da

cavidade oral da criança, propiciando o desenvolvimento de uma estrutura

básica na relação forma/função, levando a um adequado alinhamento dos

dentes e raros casos de má-oclusão (PALMER, 1998).

Conhece-se dois tipos de sucção: a nutritiva e a não nutritiva. A

primeira, quando realizada no seio materno, proporciona benefícios no

desenvolvimento do sistema estomatognático e das funções

neurovegetativas, pois há um dispêndio de força muscular necessária à

satisfação oral (MARTINEZ, 2001). A sucção não nutritiva, chupeta e/ou

dedo, são inicialmente usados para satisfazer à necessidade do bebê, só

Page 57: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Discussão

40

que na maioria das vezes, transforma-se em um mau hábito ou um vício

(NAGEM,1999). Nesta pesquisa, o uso da chupeta avaliado aos dois, quatro

e seis meses de vida, também, não apresentou associação estatísticamente

significativa com o desenvolvimento da linguagem aos 12 meses. O uso da

chupeta em relação ao desenvolvimento da linguagem pode ser analisado

de formas bastante diferenciadas.

Um aspecto seria a alteração que ela proporciona no sistema

estomatognático, com modificação direta do padrão oclusal, obrigando a

uma respiração oral, o que prejudica a anátomo-fisiologia crânio facial

(CARVALHO, 2003).

O uso da chupeta e o padrão de respiração oral desencadeiam

uma série de problemas, destacando-se a redução do movimento da língua,

um dos principais músculos da região orofacial, imprescindível à função

alimentar e a expressão oral do indivíduo (CASANOVA, 2002; DOUGLAS,

2002).

Um outro aspecto a ser considerado é que a criança usando

freqüentemente a chupeta é naturalmente levada à não comunicação verbal

que, somada a um ambiente de estimulação desfavorável pode propiciar

atrasos no desenvolvimento da linguagem. Além disso, estudos também

mostram que as chupetas estão constantemente contaminadas com

microorganismos fecais, sendo uma fonte potencial de contaminação (JBF,

2000; SERRA-NEGRA, 2001; SOARES et al., 2003).

Por outro lado, do ponto de vista psicológico da criança, a

chupeta pode servir como consolo, ajudando no equilíbrio emocional e

suprindo a necessidade oral, que porventura seja “quebrada” por

inadequação alimentar, dificuldades afetivas dos pais ou cuidadores e

fatores ambientais desfavoráveis.

Page 58: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Discussão

41

Segundo Zorzi (1999), a aquisição da linguagem verbal não é

um fato isolado no desenvolvimento da criança. Seu “aparecimento”, integra

uma série de modificações no comportamento e na forma dela compreender

e interagir com o mundo. Já Skinner (1957) apud Zorzi (1999), defende que

a exposição da criança ao meio ambiente é que vai fazer com que ela

desenvolva suas potencialidades através de mecanismos de imitação e

reforço às questões apresentadas.

Neste contexto, além do aleitamento materno exclusivo foram

estudadas outras variáveis, como: as socioeconômicas e demográficas

familiares, que poderiam influenciar no desenvolvimento da linguagem.

Verificou-se que apesar da baixa renda familiar da população do presente

estudo, a média do índice de desenvolvimento da linguagem aumentou entre

as famílias com melhor renda. O mesmo foi verificado entre as crianças

cujas mães tinham um trabalho remunerado fora do domicílio.

Alguns estudos têm demonstrado uma associação entre a

pobreza e o desenvolvimento cognitivo e comportamental de crianças após

ser ajustado por variáveis biológicas e ambientais (HALPERN et al, 1996;

LIMA et al, 2004). No entanto, outros autores relatam que o conceito de

pobreza não pode ser definido apenas através da renda, uma vez que se

trata de um conjunto complexo de condições e eventos que expõem a

criança a situações desfavoráveis, tanto para a sua saúde, como para o seu

desenvolvimento (ELÌZAGA, 1992; GARRETT; NG’ANDU e FERRON,

1994).

No que diz respeito ao trabalho materno alguns autores

também verificaram a sua influência no desenvolvimento infantil

(LORRAINE, 1995; PEDERSON et al, 1998; DE ANDRACA et al, 1999;

LANDE, 2003; GREINER, 2004). Mães que trabalham fora do lar podem ter

como vantagem melhoria no rendimento familiar e por outro lado uma maior

auto-estima e capacidade de superar situações adversas. A ausência da

Page 59: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Discussão

42

mãe em casa, pode diminuir o contato com o filho, no entanto, isto não

parece afetar a qualidade da estimulação a ele prestada (GUERRA, 2002).

Em relação à influência do número de crianças menores de

cinco anos residentes no domicílio no desenvolvimento da linguagem,

verificou-se que a média do índice de desenvolvimento da linguagem foi

significantemente maior entre as famílias que não tinham outra criança

menor de cinco anos. Concordando com Burchinal; Follmer e Bryant (1996),

pode-se especular que o fato da criança do estudo ser filho único favorece a

mesma ser o foco de atenção, tanto dos pais quanto dos cuidadores,

colaborando assim, para que ela seja mais estimulada e,

conseqüentemente, mais suscetível ao desenvolvimento de suas

potencialidades.

Segundo Guerra (2002), um ambiente familiar de pequeno

porte é geralmente mais responsivo e agregador, com maior predisposição

dos pais no estabelecimento de situações que forneçam mais experiências e

conseqüentemente, mais estímulos às crianças.

Quanto à qualidade da estimulação ambiental, a presente

pesquisa verificou uma elevação progressiva na média do índice de

desenvolvimento de linguagem para as crianças com uma melhor qualidade

da estimulação domiciliar, avaliada através do índice de HOME. Este

instrumento parece ser um indicador dinâmico e sensível, tanto nas

mudanças das necessidades da criança, como na habilidade dos pais em

promover um ambiente adequado ao seu filho (WIDMAYER et al, 1990;

GARRETT et al, 1994).

Esse achado corrobora ao encontrado por Pederson et al

(1998), De Andraca et al (1999), Lande (2003), Greiner (2004), Lima et al

(2004), que observaram a influência da qualidade do ambiente domiciliar

sobre o desenvolvimento como um todo.

Page 60: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Discussão

43

Estudiosos na área de desenvolvimento infantil tem destacado

a importância do meio ambiente onde a criança cresce e das possíveis

repercussões da estimulação psicossocial associadas ou não a riscos

biológicos. Famílias com privação econômica tendem a oferecer às crianças

um ambiente domiciliar inadequado, ou seja, pouco estimulador e protetor

(VENÂNCIO, 2002).

Quanto aos fatores biológicos relacionados à criança, verificou-

se nessa pesquisa que as crianças do sexo feminino apresentaram um

desempenho significantemente melhor em relação ao índice de

desenvolvimento da linguagem. Há discordância entre os estudiosos em

relação à associação entre a variável sexo e o desenvolvimento da

linguagem. Alguns autores acreditam que esta associação se deve a

influência de aspectos culturais e práticas educacionais, enquanto outros

defendem a inexistência de associação entre as mesmas (LAW, 2001).

Embora não se tenha demonstrado no presente estudo uma

associação estatisticamente significativa entre a depressão materna e o

desenvolvimento da linguagem, alguns autores como, Murray (1997) e Galler

et al. (1999) relatam uma influência da mesma sobre o desenvolvimento da

criança como um todo.

Liaw; Brooks-Gunn (1994) observaram que a depressão

materna teve um impacto adverso sobre o desenvolvimento mental e motor

de crianças de ambos os sexos, sendo este efeito mais deletério quanto

mais grave e prolongada foi a depressão materna. Para as meninas, a

depressão materna crônica teve um maior impacto sobre o desenvolvimento

cognitivo.

O presente estudo identificou uma influência dos fatores

socioeconômicos (renda familiar e trabalho materno), demográficos (crianças

menores de cinco anos), biológicos (sexo) e ambientais (qualidade da

estimulação do ambiente familiar) no desenvolvimento da linguagem em

Page 61: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Discussão

44

crianças aos 12 meses de idade. Duas importantes variáveis analisadas, a

duração do aleitamento materno exclusivo e o uso da chupeta que

nortearam o questionamento central deste estudo não apresentaram

associação com o desfecho estudado. Este resultado deve ser interpretado

com cautela tendo em vista a complexidade dos fatores envolvidos no

desenvolvimento da linguagem e dos instrumentos utilizados na sua

avaliação.

Page 62: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Conclusões

45

7 –Conclusões

A avaliação do desenvolvimento da linguagem das 192

crianças aos 12 meses de vida, residentes nos municípios de Palmares,

Água Preta, Joaquim Nabuco e Catende, mostrou que:

- O índice médio do desenvolvimento da linguagem avaliado

através de sete itens selecionados da escala de desenvolvimento mental

de Bayley II foi de 4,4 pontos (DP=1,5).

- O índice de desenvolvimento da linguagem não apresentou

associação estatisticamente significantes com a duração do aleitamento

materno exclusivo avaliada aos 2, 4 e 6 meses de vida nem com o uso da

chupeta. O mesmo foi observado em relação a algumas variáveis maternas

como alfabetização, anos de escolaridade, idade, tamanho da família,

depressão materna e o peso da criança ao nascer.

- A média do índice de desenvolvimento da linguagem foi

mais baixa entre as crianças de famílias com pior rendimento, com duas ou

mais crianças no domicílio, cujas mães não tinham um trabalho

remunerado, com baixo índice de estimulação domiciliar e entre as

crianças do sexo masculino

Page 63: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Referências bibliográficas

46

8 –Referências Bibliográficas

AIMARD, P. A linguagem da criança. Porto alegre: Artes médicas, 1986. 128 p. ALBUQUERQUE, R.C.V. Fonoaudiologia x alimentação do bebê. 1998. 24 f. Monografia (Especialização em Motricidade Oral) – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC). São Paulo. ANDERSON, J.W.; JOHNSTONE, B.M.; REMLEY, D.T. Breast-feeding and cognitive development: a meta-analysis. American Journal Clinical Nutrition, 70, 1999. p.525-35. ANGELSEN, N.K.; VIK, T.; JACOBSEN, G.; BAKKETEIG, L.S. Breast feeding and cognitive development at age 1 and 5 years. Archives of Disease in Childhood, 85 (3), sep. 2001. p.183-88. BERBAUM, J. et al. – Nonnutritive succcking during gavage feeding enhances growth and maturation in premature infants. Pediatrics, 71(1), 1983. p.41-5. BERNARDINO, L.M.F.; ROHENKOHL, C.M.F. (org.) O bebê e a modernidade: abordagens teórico-clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. 267 p. BRAZELTON, T.B. A dinâmica do bebê. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. 170p. ______. O desenvolvimento do apego. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. 208p. BURCHINAL, M.R.; FOLLMER, A.; BRYANT, D.M. The relations of maternal social support and family structure with maternal responsiveness and child outcomes among african american families. Developmental Psychology. 32 (6), nov. 1996, p.1073-83.

Page 64: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Referências bibliográficas

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Page 70: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

Barboza, Patrícia G. Perfil do desenvolvimento de linguagem . . . Anexos

53

9 –Anexos

ANEXO - 1 − Escala de desenvolvimento infantil de Bayley II (Mental)

ANEXO - 2 − Questionário HOME (Home Observation for Measurement of the Environment – 12 meses)

ANEXO - 3 − SRQ-20 – Self Report - Questionnaire

Page 71: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

54

54

Próximo item Item

Posiçã

o

Materiais Aval Admin

Item Prévio na série

Comentários/ Critério/Tentativa e Informação

relatada

Escore C,NC,R, RM,O

62. Puxa o barbante adaptativamente para obter o aro

Sentada

Aro com barbante

82 82 48

63. Imita vocalização

64. Coopera em jogo

Sentada

Anteparo

65. Retém dois de três cubos por 3”

Sentada

3 cubos 75 58

66. Toca o sino propositalmente

Sentada

Sino 59

67. Levanta xícara pela asa

Sentada

Xícara, cubo, coelho, ou outro brinquedo pequeno

55

68. Usa gestos para se fazer entender

Gestos(s):

69. Olha para figuras do livro

Sentada

Livro de figuras

73

70. Presta atenção seleti-vamente a duas pala-vras familiares

71. Faz combinação de vogal e consoante repetidamente

61 Combinações vogal-consoante:

72. Procura conteúdo da caixa

Sentada

2 contas quadradas e caixa (sem tampa)

73. Vira páginas do livro

Sentada

Livro de figuras

69

74. Põe um cubo na xícara

Sentada

Xícara e 9 cubos

86, 95

Número de cubos na xícara______

Fim 5, 6 e 7 meses

Observação Número de Itens que a criança recebeu crédito

Início: 9,10, 11 e 12

9

Idade dos

12

6 e 7 meses

ESCALA BAYLEY - MENTAL - 12 meses

10

11

5 meses

13

Anexo - 1

Page 72: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

55

55

75. Tenta segurar três cubos

Sentada

3 cubos 65

76. Tagarela expressiva-mente

71

77. Empurra o carro

Sentada

Carro

78. Vocaliza quatro diferentes combinações vogal e consoante

76 Combinações vogal-consoante:

79. Coloca dedos nos orificios do tabuleiro de pinos

Sentada

Tabuleiro de pinos (sem pinos)

Próximo item Item

Posiçã

o

Materiais Aval Admin

Item Prévio na série

Comentários/ Critério/Tentativa e Informação

relatada

Escore C,NC,

R, RM,O

80. Remove a tampa da caixa

Sentada

Caixa, tampa sólida, cubo ou outro brinquedo pequeno

72 Critério de avaliação: 2 de 3 Tentativa 1__2__3__

81. Responde a ordens verbais

70

82. Suspende o aro pelo barbante

Sentada

Aro com barbante

62

83. Bate no brinquedo com imitação

Sentada

Brinquedo que faça barulho/ chiado

84. Encontra um objeto

Sentada

Coelho e 2 xícaras

96 67 Critério de avaliação: 2 de 3. Tentativa 1__2__3__

85. Remove a Sentad Bolinha de açúcar e frasco de vidro

Fim 8, 9, 10 e 11 meses

Início 14 - 16 meses

Idade dos

8 meses

ESCALA BAYLEY - MENTAL - 12 meses

9 meses

14-16

10 meses

Page 73: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

56

56

bolinha de açúcar do vidro

a

86. Põe três cubos na xícara

Sentada

Xícara e 9 cubos 95 74 Número de cubos na xícara _______

87. Coloca um pino repetidamente 70 segundos

Sentada

Tabuleiros de pinos, 6 pinos amarelos e relógio

98 79 Número de pinos: Tentativa 1_2_3_ Tempo: Tentativa 1_2_3_

88. Recupera brinquedo (caixa transparente 1)

Sentada

Caixa transparente, coelho ou outro brinquedo pequeno

105

89. Põe seis contas na caixa

Sentada

Caixa, tampa com orifício e 8 contas quadradas

Critério de avaliação: 6 de 8. Número de contas:_________

90. Coloca 1 peça (tabuleiro azul) 150 segundos

Sentada

Tabuleiro de formas lado azul; 4 peças redondas; 5 peças quadradas do jogo de blocos azuis

Número de peças:___ Tempo:_____

91. Rabisca esponta-neamente

Sentada

Giz de cera e papel 103 60

92. Fecha caixa redonda

Sentada

Caixa redonda

93. Coloca peça redonda (Tabuleiro rosa)180 Seg.

Sentada

Tabuleiro de formas lado rosa; peça quadrada, triângulo, redonda do jogo de bloco vermelho

94. Imita palavra

63

95. Põe nove cubos na xícara

Sentada

Xícara e 9 cubos

86 Número de cubos na xícara_______

96. Encontra brin-quedo sob xícaras (posi-ção invertida)

Sentada

2 xícaras e coelho

102 84 Critérios de avaliação: 2 de 3 Tentativa 1_2_3_

Page 74: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

57

57

Próximo item Item

Posiçã

o

Materiai

s Aval Admin

Item Prévio na série

Comentários/ Critério/Tentativa e Informação

relatada

Escore C,NC,R, RM,O

97. Constrói torre de dois cubos

Sentada

12 cubos

123 Número de cubos: Tentativa 1__2__3__

98. Coloca pinos em 70 segundos

Sentada

Tabuleiro de pinos, 6 pinos amarelos

119 87 No. de peças: Tentativa 1__2__3__ Tempo: Tentativa 1__2__3__

Critério de Avaliação : 2 de 10 Nomeia aponta

Sapato Cachorro Xícara Casa Relógio Livro Peixe Estrela Folha

99. Aponta duas figuras

Sentada

Livro de estímulos

109, 122, 133

Carro

100. Usa apropriada-mente 2 palavras diferentes

94 Palavras:

101. Mostra sapato, outra roupa ou objeto

81 Vestuário / objeto:

102. Encontra brinquedo (deslocamento visível)

Sentada

2 xícaras e coelho

96 Critério de avaliação: 2 de 3 Tentativa 1__ 2__3__

103. Imita traçado do giz de cera

Sentada

2 giz de cera e papel

116 91

104. Usa vareta para pegar o brinquedo

Sentada

Coelho e vareta

105. Recupera brinquedo (Caixa transparente II)

Sentada

Caixa transp. e coelho ou outro brinquedo pequeno

88 Critério de avaliação: 2 de 2 Tentativa 1__ 2__

106. Usa palavras para se fazer entender

100 Palavras:

107. Segue ordens (boneca)

Sentada

Boneca, colher, pente e lenço de papel

101 Critério de avaliação: 2 de 3 Tentativa 1__ 2__3__

108. Aponta três partes do corpo da boneca

Sentada

Boneca 107 Critério de avaliação 3 de 7 Cabelo____ Boca ___ Orelhas___ Mãos_____ Olhos_____ Pés _____ Nariz ______

Critério de Avaliação : 1 de 10 109. Nomeia uma Sentad Livro de 122 99 Sapato

ESCALA BAYLEY - MENTAL - 12 meses

Fim 8, 9, 10 e 11 meses

Início 13 e 14-16 meses

Idade dos

12 meses

Observação Número de Itens que a criança recebeu crédito

13 meses

14-16 meses

17-19

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58

58

Cachorro Xícara Casa Relógio Livro Peixe Estrela Folha

figura a estímulos 133

Carro

110. Nomeia um objeto

Sentada

Bola, livro de figuras, lápis, colher e xícara

126 CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO: 1 DE 5 Bola___ Livro de figuras__ Colher____ Lápis ____

111. combina palavras e gestos

106

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59

59

PROJETO DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO AOS 12 MESES

ÍNDICE DE ESTIMULAÇÃO AMBIENTAL (HOME 1984)

No. da criança:

NUMERO

Nome da mãe: ________________________________________________________ Nome da criança:______________________________________________________ Entrevistado:

(1) Mãe

(2) Outro cuidador(a)

CUIDA

A - ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE (FÍSICO E TEMPORAL) 1. Quando a mãe está fora de casa, a criança fica sob os cuidados de uma mesma pessoa maior de 12 anos (se a mãe leva sempre a criança = (1) Sim )

(1) Sim (0) Não

AMB1

2. Alguém leva a criança ao supermercado, lojas ou mercados (venda/escola/igreja) pelo menos 1 x semana.

(1) Sim (0) Não

AMB2

3. A criança sai de casa (casa de parentes/amigos ou praça, etc) pelo menos 4 x semana

(1) Sim (0) Não

AMB3

4. A criança é levada ao médico (vacinação, posto de saúde) regularmente (pelo menos a cada 2 meses)

(1) Sim (0) Não

AMB4

5. A criança tem um lugar próprio para guardar seus brinquedos

(1) Sim (0) Não

AMB5

6. O local onde brinca a criança é seguro (livre de riscos, limpo e de tamanho apropriado (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

AMB6

B. OPORTUNIDADES VARIADAS DE ESTIMULAÇÃO

Anexo - 2

Page 77: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

60

60

7. O pai cuida da criança (dá banho, troca fraldas, alimenta ou brinca), pelo menos 3 x por semana

(1) Sim (0) Não

EST1

8. A mãe lê estórias, mostra livros/revistas/álbum de fotos para a criança pelo menos 3 x por semana

(1) Sim (0) Não

EST2

9. A criança faz suas refeições acompanhada dos pais (familiares) pelo menos 1 x ao dia

(1) Sim (0) Não

EST3

10. A família recebe visitas de parentes ou vizinhos pelo menos 1 x por semana

(1) Sim (0) Não

EST4

11. A criança tem 3 ou mais livros de estórias

(1) Sim (0) Não

EST5

C. RELAÇÃO MATERNA COM A CRIANÇA 12.A mãe tem sempre a criança dentro do seu campo visual e a olha constantemente (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

REL1

13. A mãe conversa com a criança enquanto faz seu trabalho em casa

(1) Sim (0) Não

REL2

14. A mãe anima e motiva conscientemente os êxitos do desenvolvimento da criança (ajuda a superar novas habilidades)

(1) Sim (0) Não

REL3

15. A mãe se interessa por jogos e brinquedos educativos (brinca com a criança: com os dedos ou bonecos, bate palmas, canta, esconde o rosto/pano).

(1) Sim (0) Não

REL4

16. A mãe estrutura os períodos de jogos da criança (ela usa o seu tempo para organizar brincadeiras com diferentes atividades).

(1) Sim (0) Não

REL5

Page 78: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

61

61

17. A mãe proporciona a criança brinquedos que estimulem o desenvolvi- mento de novas habilidades (comprados ou de sucata)

(1) Sim (0) Não

REL6

D. PROVISÃO DE MATERIAIS ADEQUADOS DE JOGOS/BRINQUEDOS (pedir para ver os brinquedos) 18. A criança tem brinquedos que permitem a atividade muscular (bola, objetos para subir, balanços, etc)

(1) Sim (0) Não

BRIN1

19. A criança tem brinquedos de puxar ou empurrar (brinquedo com fio ou pau, carrinho)

(1) Sim (0) Não

BRIN2

20. A criança tem anda-já, velocípede ou bicicleta

(1) Sim (0) Não

BRIN3

21. A mãe oferece à criança brinquedos ou atividades interessantes durante a entrevista (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

BRIN4

22. A mãe cria uma situação de brincadeira oferecendo brinquedos figurativos ou imaginativos durante a entrevista (bonecos/bonecas, roupas, telefone, bicho de pelúcia, telefone, etc) (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

BRIN5

23. A criança possui móveis como: berço, cama, guarda-roupa, mesa, cadeira infantil, cadeira, etc

(1) Sim (0) Não

BRIN6

24. A crianças possui brinquedos de coordenação viso-manual como: bolas, materiais de encaixar/montar, lápis, massinha, etc.

(1) Sim (0) Não

BRIN7

25. A criança tem brinquedos para aprender as formas ou cores (quebra- cabeça, caixas de diferentes tamanhos e cores, tábua com pauzinhos)

(1) Sim (0) Não

BRIN8

26. A criança tem brinquedos que façam sons (piano, violão, apitos, caixa de música) discos ou fitas com músicas infantis

(1) Sim (0) Não

BRIN9

E. AUSÊNCIA DE REPREENSÃO E CASTIGO

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27. A mãe não grita nem fala alto com a criança na entrevista (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

CAS1

28. A mãe não expressa incomodo ou irritação para com a criança (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

CAS2

29. A mãe não bate nem agride verbalmente (xinga) a criança durante a entrevista (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

CAS3

30. A mãe afirma que durante a última semana, a criança não recebeu mais que um castigo físico

(1) Sim (0) Não

CAS4

31. A mãe não repreende a criança durante a visita (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

CAS5

32. A mãe não interfere nas ações da criança ou não restringe seus movi- mentos por mais de 3 x durante a entrevista (OBSERVAÇÃO)

(1) Sim (0) Não

CAS6

33. Há, pelo menos, 10 livros visíveis na casa

(1) Sim (0) Não

CAS7

34. A família tem algum animal de estimação

(1) Sim (0) Não

CAS8

F. RESPOSTAS EMOCIONAIS E VERBAIS DA MÃE (Todas OBSERVAÇÃO do entrevistador) 35. A mãe fala espontaneamente com a criança, pelo menos 2 x durante a entrevista.

(1) Sim (0) Não

AFET1

36. A mãe responde às vocalizações da criança com uma resposta verbal durante a entrevista.

(1) Sim (0) Não

AFET2

Page 80: Perfil do desenvolvimento de linguagem em crianças aos 12

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37. A mãe explica à criança o nome de 1 objeto/pessoa/partes do corpo de modo didático.

(1) Sim (0) Não

AFET3

38. A fala materna é clara, nítida e precisa.

(1) Sim (0) Não

AFET4

39. A mãe conversa com o observador, pergunta-lhe e faz comentários espontâneos.

(1) Sim (0) Não

AFET5

40. A mãe expressa idéias livres e fáceis, utilizando linguagem adequada e bem elaborada (apropriadas com relação a entrevista).

(1) Sim (0) Não

AFET6

41. A mãe permite à criança, de modo ocasional, brincar desordenadamente (livremente).

(1) Sim (0) Não

AFET7

42. A mãe espontaneamente elogia o comportamento do filho, pelo menos 2 x durante a entrevista.

(1) Sim (0) Não

AFET8

43. Quando a mãe fala sobre a criança demonstra sentimentos positivos (tom de voz/afeição, carinho).

(1) Sim (0) Não

AFET9

44. A mãe acaricia ou beija a criança, pelo menos 1 x durante a entrevista

(1) Sim (0) Não

AFET10

45. A mãe apresenta uma resposta emocional positiva (se alegra), quando o observador elogia a criança.

(1) Sim (0) Não

AFET11

Entrevistadora: (1) Madalena (2) Conceição

ENTHO

Data: _____/______/__________

DATAHO

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PROJETO DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO AOS 12 MESES

SELF REPORTING QUESTIONNAIRE (SRQ-20)

No da criança:

NUMERO

Nome da mãe:_______________________________________________ 1. Você tem dores de cabeça frequentemente?

(1) Sim (0) Não

SRQ1

2. Você tem falta de apetite?

(1) Sim (0) Não

SRQ2

3. Você dorme mal?

(1) Sim (0) Não

SRQ3

4. Você se assusta com facilidade?

(1) Sim (0) Não

SRQ4

5. Você tem tremores nas mãos?

(1) Sim (0) Não

SRQ5

6. Você se sente nervoso, tenso ou preocupado?

(1) Sim (0) Não

SRQ6

7. Você tem má digestão?

(1) Sim (0) Não

SRQ7

8. Você tem dificuldade de pensar com clareza?

(1) Sim (0) Não

SRQ8

9. Você se sente infeliz?

(1) Sim (0) Não

SRQ9

10. Você tem chorado mais do que de costume?

(1) Sim (0) Não

SRQ10

11. Você encontra dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias?

(1) Sim (0) Não

SRQ11

Anexo - 3

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12. Você tem dificuldade para tomar decisões?

(1) Sim (0) Não

SRQ12

13. Seu trabalho (serviço) diário lhe causa sofrimento?

(1) Sim (0) Não

SRQ13

14. Você é incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?

(1) Sim (0) Não

SRQ14

15. Você tem perdido o interesse pelas coisas?

(1) Sim (0) Não

SRQ15

16. Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo?

(1) Sim (0) Não

SRQ16

17. Tem tido a idéia de acabar com a vida?

(1) Sim (0) Não

SRQ17

18. Você se sente cansado o tempo todo?

(1) Sim (0) Não

SRQ18

19. Você tem sensações desagradáveis no seu estômago?

(1) Sim (0) Não

SRQ19

20. Você se cansa com facilidade?

(1) Sim (0) Não

SRQ20

Entrevistador: (1) Marilia (2) Patricia (3) Outro0

ENTSRQ

Data: ______/______/_________

DATSRQ

Observações: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________