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1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E VOLUNTURISMO NO CONTEXTO DOS “MILLENNIUM DEVELOPMENT GOALS”: Percepções Brasil e México PROTECTED AREAS AND VOLUNTARISM IN THE CONTEXT OF "MILLENNIUM DEVELOPMENT GOALS: Perceptions in Brazil and Mexico. Cristina Marques Gomes Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Brasil) [email protected] Manuel Ramón González Herrera Universidad Autónoma de Ciudad Juárez (México) [email protected] Reinaldo Miranda de Sá Teles Universidade de São Paulo (Brasil) [email protected] RESUMO Apresenta a pesquisa “Unidades de conservação e volunturismo no contexto dos 'Millennium Development Goalds´: Percepções Brasil e México” cujo objetivo geral é: averiguar as percepções dos gestores das Unidades de Conservação, na Baixada Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México), sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de potencializar e alcançar os “Millennium Development Goals (MDGs)”, para tanto, busca-se, também, compreender as abordagens teóricas que estão sendo dadas ao “volunturismo” e as “unidades de conservação”, em âmbito internacional , nos últimos 3 anos. Adotam-se múltiplos procedimentos metodológicos quali-quantitativos. Cogita-se, pois, com este artigo, expor os alicerces iniciais do projeto e captar a atenção de outros pesquisadores/instituições que possam contribuir, direta ou indiretamente, com a pesquisa em questão. PALAVRAS-CHAVE Unidades de Conservação; Volunturismo; “Millennium Development Goals”; Brasil; México. ABSTRACT The results of the study of the protected areas and voluntarism in the context of "Millennium Development Goals” are presented. The general objective of this research is to explore the perceptions of managers of protected areas, in Santos (Brazil) and in the National Park of Cascada Basaseachi, Chihuahua (Mexico), on the implementation of a possible voluntarism in order to achieve the "Millennium Development Goals (MDGs)". It also seeks to understand the theoretical approaches related to "voluntarism and conservation units" in the

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E VOLUNTURISMO NO CONTEXTO DOS “MILLENNIUM

DEVELOPMENT GOALS”:

Percepções Brasil e México

PROTECTED AREAS AND VOLUNTARISM IN THE CONTEXT OF "MILLENNIUM

DEVELOPMENT GOALS:

Perceptions in Brazil and Mexico.

Cristina Marques Gomes

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Brasil)

[email protected]

Manuel Ramón González Herrera

Universidad Autónoma de Ciudad Juárez (México)

[email protected]

Reinaldo Miranda de Sá Teles

Universidade de São Paulo (Brasil)

[email protected]

RESUMO

Apresenta a pesquisa “Unidades de conservação e volunturismo no contexto dos 'Millennium Development

Goalds´: Percepções Brasil e México” cujo objetivo geral é: averiguar as percepções dos gestores das Unidades de

Conservação, na Baixada Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México),

sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de potencializar e alcançar os “Millennium

Development Goals (MDGs)”, para tanto, busca-se, também, compreender as abordagens teóricas que estão

sendo dadas ao “volunturismo” e as “unidades de conservação”, em âmbito internacional, nos últimos 3 anos.

Adotam-se múltiplos procedimentos metodológicos quali-quantitativos. Cogita-se, pois, com este artigo, expor os

alicerces iniciais do projeto e captar a atenção de outros pesquisadores/instituições que possam contribuir, direta

ou indiretamente, com a pesquisa em questão.

PALAVRAS-CHAVE

Unidades de Conservação; Volunturismo; “Millennium Development Goals”; Brasil; México.

ABSTRACT

The results of the study of the protected areas and voluntarism in the context of "Millennium Development

Goals” are presented. The general objective of this research is to explore the perceptions of managers of

protected areas, in Santos (Brazil) and in the National Park of Cascada Basaseachi, Chihuahua (Mexico), on the

implementation of a possible voluntarism in order to achieve the "Millennium Development Goals (MDGs)". It

also seeks to understand the theoretical approaches related to "voluntarism and conservation units" in the

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international context during the last three years. In order to do this, multiple procedures are adopted base on a

quali-quantitative methodology. The initial research design is then presented in order to capture the attention of

other researchers and institutions that can contribute directly or indirectly to the research in question.

KEYWORDS: Protected areas; Voluntarism, Millennium Development Goals, Brazil, Mexico.

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1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como propósito apresentar a pesquisa “Unidades de conservação e volunturismo

no contexto dos 'Millennium Development Goalds´: Percepções Brasil e México”. Tal pesquisa, que envolve 3

professores doutores (dois brasileiros e um cubano residente no México) e 3 Universidades (duas brasileiras e

uma mexicana), encontra-se numa fase inicial - de articulação e ajustes do projeto e de, consequentemente,

captação de financiamento. Nesse sentido, nosso propósito aqui é, justamente, expor os alicerces iniciais para

que, com a leitura, outros pesquisadores - de outras instituições e quiçá de outros países - possam contribuir,

direta ou indiretamente, com este trabalho. Além dessa breve introdução, incluimos, abaixo, os seguintes itens:

“elementos de conjugação/intersecção”; “problemas de pesquisa, objetivos e colocações adjacentes”;

“metodologia” e “considerações finais”.

2. ELEMENTOS DE CONJUGAÇÃO/INTERSECÇÃO

a. Millennium Development Goals (MDGs)

No ano 2000, na Cúpula do Milênio promovida pela Organização das Nações Unidas em Nova York

com o objetivo de assegurar o cumprimento de metas estabelecidas para a promoção do Desenvolvimento

Humano, 189 nações firmaram o compromisso para combater a extrema pobreza e outros males da sociedade no

mundo. Esta promessa acabou se concretizando nos chamados Millennium Development Goals ou Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio. Em setembro de 2010, o mundo renovou o compromisso para acelerar o

progresso em direção ao cumprimento desses objetivos1.

O processo culminou em oito grandes Objetivos que implicariam, quando adotados, em efeitos indiretos

importantes em um país ou região, no sentido de promover uma perspectiva multidimensional, colocando o

bem-estar e a redução da pobreza no centro dos propósitos do desenvolvimento pleno do homem, em todos os

seus aspectos, paradigma este que é o fundamento do desenvolvimento humano sustentável.

(PNUD/IDHS/PUC Minas, 2007).

Objetivo 1 - Erradicar a extrema pobreza e a fome.

Objetivo 2 - Atingir o ensino básico universal.

Objetivo 3 - Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.

Objetivo 4 - Reduzir a Mortalidade Infantil.

Objetivo 5 - Melhorar a saúde materna.

Objetivo 6 - Combater o HIV/AIDS, malária e outras doenças.

Objetivo 7 - Garantir a Sustentabilidade ambiental.

Objetivo 8 - Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

1 Millennium Ecosystem Assessment. Living beyond our means: natural assets and human well-being. 2005. Disponível em:

<http://www.millenniumassessment.org/en/BoardStatement.aspx>, acessado em 7 nov. 2012.

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Os ODM são metas concretas, mensuráveis e temporalmente delimitadas, que devem ser alcançadas até

2015, quando então, serão incorporados aos Sustainable Development Goals (SDG) ou Objetivos do

Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma nova etapa recentemente anunciada pelas Nações Unidas, em fase de

elaboração que atenderá à evolução da aplicabilidade dos ODMs no mundo2.

A municipalização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio é o principal desafio a ser enfrentado

para que os países cumpram suas metas até 2015. No Brasil, o processo teve início em 2009 (Agenda do Milênio

no Brasil), a cargo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (PNUD-Brasil). Alguns

estados e municípios, por meio de seus gestores públicos, vêm instituindo os “Núcleos Estaduais e Municipais de

ODM” e criando Comitês, com a participação de associações de municípios e organizações sociais e

empresarias3.

As principais metas a serem alcançadas no país são: fortalecimento da capacidade nacional para o

cumprimento das metas dos ODM; estímulo ao desenvolvimento de metodologias de desagregação dos

Objetivos para os níveis regional e local; difusão e advocacy dos ODM; e capacitação de diferentes atores sociais

para o seu monitoramento no nível local. (PNUD/IDHS/PUC Minas, 2007).

b. Unidades de Conservação na Baixada Santista (SP - Brasil)

A Baixada Santista (oficialmente denominada Região Metropolitana da Baixada Santista) foi criada no

âmbito das Constituições Federal e Estadual, respectivamente em 1988 e 1989, sendo regulamentada através da

Lei Complementar 815 de 30 de julho de 1996, sendo formada por nove municípios que abrangem 2.422 km².

(SÃO PAULO, 2006a).

No final da década de 1970, de acordo com Queiroga (2005), em plena fase de crescimento da Região

Metropolitana de São Paulo, iniciou-se a forte expansão da atividade industrial e populacional para além da

referida região, com uma desconcentração industrial num raio de aproximadamente 150 km da Capital, atingindo

as principais “regiões” já tradicionalmente mais industrializadas, entre elas, a Baixada Santista, entre 1980 e 2000.

É, segundo o autor, o período da megalopolização.

Os municípios da Baixada Santista abrigam 72% da população do Estado de São Paulo, com 1,7 milhão

de moradores. Esta população chega a dobrar nos períodos de férias, com a chegada de turistas. (SÃO PAULO,

2010).

Sua economia é pautada na indústria de transformação, destacando-se a fabricação e refino de petróleo e

álcool; metalurgia básica; na fabricação de produtos químicos; entre outros de menor destaque. No setor

terciário é composto por serviços diversos onde se destacam as atividades portuárias e de Turismo. Anualmente,

mais de três e meio milhões de turistas e veranistas são atraídos pelas suas 83 praias que se estendem por 161 km

e pela exuberância de seus corredores de turismo ecológico que se misturam com uma pequena inexpressiva

produção de bananas.

2 Disponível em <http://blogs.estadao.com.br/rio-20/o-que-ficou-estabelecido-na-rio20/>. Acesos em 10 nov. 2012.

3 Disponível em <http://www.odmbrasil.gov.br/odmbrasil/noticias/2012/09/03-09-2012-estados-e-municipios-criam-iniciativas-para-

alcancar-os-odm>. Acesso em 6 nov. 2012.

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Um fator positivo a se considerar quanto à situação ambiental e urbana na Baixada Santista, é que esta

abriga mais de 4,5% da cobertura vegetal natural remanescente do Estado de São Paulo, registrando-se também

nessa região a existência de expressivas Unidades de Conservação que favorecem a forte expressão do Turismo

de segunda residência na região e do Turismo de Aventura, destacando-se a presença do circuito ecoturístico

Costa da Mata Atlântica, que evidencia toda a riqueza natural das Unidades de Conservação inseridas no

território da Baixada Santista. (SÃO PAULO, 2003).

Quanto ao estabelecimento das Unidades de Conservação no Estado de São Paulo, tem por base legal,

além da Constituição Federal (Cap. V. art. 225, inciso 1º item III) a Constituição Estadual (Cap. IV, art. 193, item

III) de 1989, sendo administradas pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, pela Fundação

Florestal do Estado de São Paulo e pelo Instituto Florestal, sendo que, a maioria delas possui atividades de uso

público (educação ambiental e Turismo).

Os nove municípios que integram a Baixada Santista, além de abrigarem áreas ambientalmente

protegidas em diversas categorias e sob a administração de diversas instâncias da administração pública (federal,

estadual e municipal), também fazem parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), esta referendada

pela UNESCO em 1991, a partir do modelo internacional das Reservas da Biosfera para as áreas tropicais do

mundo (Figura “A”e Tabela “A”).

Tabela “A”: Unidades de Conservação Presentes na Baixada Santista em todas as Categorias de Manejo.

Diploma Legal Área (ha) (¹) Municípios Abrangidos na

Baixada Santista e Área (ha) (²)

PARQUE ESTADUAL (PE)

PE Marinho de Laje de Santos

Decreto Estadual 37.537/93

5.000 Santos (5.000).

PE da Serra do Mar Decreto Estadual

10.251/7 e Decreto Estadual 13.313/79

315.390

Bertioga (24.059,21), Santos (12.690,76), Cubatão (7.389,03), Praia Grande (4.531,61), Mongaguá (3.772,17), Itanhaém (21.094,46), São Vicente (8.407,68) e Peruíbe (6.697,00).

PE Xixová-Japuí Decreto Estadual

37.536/93 901 Praia Grande (554) e São Vicente (347,00).

PE Restinga de Bertioga Decreto Estadual n.

56.500/2010 9.312,32 Bertioga (³).

ESTAÇÃO ECOLÓGICA (EE)

EE Tupiniquins Decreto Federal

92.964/86 1.780,00 Peruíbe (³).

EE Juréia Itatins

Decreto Estadual N.º 24.646 de 20/1/86

Lei Nº5. 649 de 28/4/87

79.270 ha Peruíbe (8.067,56).

ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA)

APA de Cananéia-Iguape-Peruibe (APA

Decretos Federais 90.347/84 e

217.060 Peruíbe (Se sobrepõe à E. Ec. De Juréia

Itatins).

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CIP) 91.892/95

APA Marinha do Litoral Centro (Setor Carijó – Setor Guaibe – Setor Itaguaçu)

Decreto Estadual 53.526, de 08 de 10

de 2008.

449.259,70

Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe (³).

ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO (ARIE)

ARIE da Ilha do Ameixal

Decreto Federal 91.889/85

400 Peruíbe (³).

ARIE das Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande

Decreto Federal 91.887/85

33 Itanhaém e Peruíbe (³).

(¹) Área total da Unidade de Conservação dentro e fora da Baixada Santista. (²) Área da Unidade de Conservação dentro da Baixada Santista. (³) Sem Informação.

Fonte: São Paulo (2011).

Importante destaque deve ser dado ao Parque Estadual da Serra do Mar, visto que é extensa a sua

presença no território da Baixada Santista (Tabela “B”). Com 315.390 ha ao todo (88.641,92 ha dentro da

Figura “A”: Região Metropolitana da Baixada Santista: Unidades de Conservação e Áreas Indígenas. (Org.: Silvia Maria Bellato Nogueira).

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Baixada santista), seu continuum territorial é fundamental para a sustentabilidade da vida e para o suprimento de

serviços ambientais aos núcleos urbanos localizados em seu entorno, pois, além da constituição de belezas

cênicas e paisagens notáveis que favorecem o Ecoturismo, ameniza o clima; garante o suprimento de água para

toda a região; garante a proteção da biodiversidade; entre outros tantos benefícios.

c. Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México)

No México, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMARNAT) é a instituição

responsável pela proteção e implementação da política e da gestão ambiental em seus diferentes âmbitos, se

constituindo como órgão principal na proteção e conservação dos espaços naturais nas suas díspares categorias

de manejo garantido, por conseguinte, a estabilidade ecológica e a produtividade sustentável dos sistemas

ambientais no contexto mexicano.

O “Programa Nacional de Áreas Naturales Protegidas” através da “Comisión Nacional de Áreas

Naturales Protegidas” (2007-2012) tem a missão de “conservar o patrimônio natural do México mediante as

Áreas Protegidas, fomentando uma cultura de conservação e desenvolvimento sustentável das comunidades

localizadas em seu entorno” e, paralelamente, a visão de que “em seis anos a Comisión Nacional de Áreas

Naturales Protegidas (CONANP) terá articulado e consolidado um sistema nacional de Áreas Protegidas e de

diversas modalidades de conservação dos ecossistemas terrestres, aquáticos, marinhos, costeiros e insulares e sua

biodiversidade. O sistema envolverá o governo, a sociedade civil e as comunidades rurais e indígenas e será

representativo, sistêmico, funcional, participativo, solidário, subsidiário e efetivo”4.

Ao mesmo tempo estabelece como objetivos estratégicos:

Conservar os ecossistemas mais representativos do país e sua biodiversidade com a participação

correspondente de todos os setores;

Formular, promover, dirigir, gerir e supervisionar programas e projetos nas Áreas Protegidas em

4 Fonte: SEMARNAT. Disponível em: <http://www.semarnat.gob.mx/programas/Documents/programa_ANPs_2007-2012.pdf>,

acessado em 7 nov. 2012.

Tabela “B”: Área dos municípios abrangidos pelo Parque Estadual da Serra do Mar na Baixada Santista.

Município Área do Município Abrangida pelo Parque Estadual da Serra do Mar (ha)

% da Área Total do Município

Bertioga 24.059,21 49,92% Cubatão 7.389,03 49,93% Itanhaém 21.094,46 36,31% Mongaguá 3.772,17 27,94% Peruíbe 6.697,00 20,42% Praia Grande 4.531,61 31,25% Santos 12.690,76 46,83% São Vicente 8.407,68 57,69%

Fonte: SÃO PAULO (2006b).

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matéria de proteção, manejo e recuperação para a conservação;

Impulsionar a aplicação da “Estrategia de Conservación para el Desarrollo”, com o objetivo de

apoiar o melhoramento da qualidade de vida da população local e minimizar os impactos

negativos sobre os ecossistemas e sua biodiversidade;

Fomentar o Turismo nas Áreas Protegidas como uma ferramenta de desenvolvimento

sustentável e de sensibilização e cultura para a conservação dos ecossistemas e sua

biodiversidade mediante o “Programa de Turismo en Áreas Protegidas 2007-2012”;

Consolidar a cooperação e financiamento nacional e manter a liderança internacional na

conservação;

Atingir a conservação das espécies em risco com base nas prioridades nacionais mediante a

aplicação do “Programa Nacional de Conservación de Especies en Riesgo 2007-2012”.

A propósito dos objetivos anteriores o “Programa Nacional de Áreas Naturales Protegidas” reconhece

que a crescente visitação turístico-recreativa nas Áreas Protegidas Federais é uma realidade nacional e

internacional. A partir dessa tendência, o estudo, discussão e investigação do fenômeno turístico e recreativo

nestas áreas têm sido agregado também nos fóruns e organismos internacionais. Atualmente o turismo em Áreas

Protegidas tem sido reconhecido por convenções e declarações internacionais como uma oportunidade de

desenvolvimento sustentável. No entanto, o turismo desenvolvido sem um planejamento adequado e sem uma

visão de curto, médio e longo prazo pode constituir uma ameaça para a conservação do patrimônio natural e

cultural.

Nesse contexto sobressai, por seus valores para a proteção-conservação e seu alto potencial turístico, o

Parque Nacional Cascada de Basaseachi, no México. Esta Unidade de Conservação, declarada “Parque Nacional

en la Categoría UICN II” em 2 de fevereiro de 1981, está localizada a sul-oeste do Estado de Chihuahua em uma

superfície de 498 km2, o mesmo se caracteriza por seu alto valor natural estético-paisagístico. Está cercado por

um relevo montanhoso fortemente disseminado, com vales profundos e encostas íngremes, no âmbito da “Sierra

Madre Occidental de México”. Apresenta um clima semi-úmido temperado com florestas abundantes ricas em

pinheiros e carvalhos, etc. A principal atração é a cachoeira de mesmo nome, considerada a segunda mais alta do

país com 246 metros de queda livre em direção a “Barranca de Candameña” e outras importantes cascatas. A

fauna é dominada por veados, javalis, esquilos, répteis, aves, etc.

d. O Volunturismo

O “volunturismo” ou “turismo voluntário” une a viagem com a possibilidade de participação em

projetos sociais e/ou ambientais. Wearing (2001) oferece uma acepção valorativa ao definir o volunturismo como

aquele que oferece “uma experiência interativa direta, uma mudança de valor e de consciência no indivíduo que

influenciarão seu estilo de vida. Ao mesmo tempo, provê formas de desenvolvimento comunitário solicitadas

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pelas comunidades locais”5.

David Clemmons - Na realidade, são duas coisas: voluntariado e turismo reunidos para criar uma experiência híbrida que, na maioria dos casos, ultrapassa a imaginação, e, por conseguinte, a expectativa do participante, o “volunturista”. Por um lado, o Volunturismo é serviço voluntário que possui os quatro elementos que Ann Merrill e seu colega, RD Safrit, estabeleceram para caracterizar este tipo de atividade: 1) implica em uma participação ativa, 2) É (relativamente) espontâneo, 3) Não é motivado por ganhos financeiros, e 4) Incide sobre o bem comum. Por outro lado, Volunturismo é também turismo definido pela Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas(OMT) como tendo três características básicas: 1) Tem menos de 365 dias de duração, 2) Envolve o deslocamento da pessoa para fora do seu ambiente habitual, e 3) Viagens realizadas com qualquer outra finalidade que não seja a obtenção de ganhos financeiros6.

Alguns exemplos ligados ao meio ambiente são:

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - Projeto Boto: o turista colabora com a

Reserva do Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, no município de Tefé, Amazonas,

sendo responsável pela limpeza e manutenção de bases de pesquisas. Também prepara refeições

e ajuda nas atividades de observação dos botos amazônicos (Site:

http://www.mamiraua.org.br/);

Aoka Turismo Sustentável - Projeto Macaco Muriqui: os voluntários participam das atividades e

caminhadas juntos com os pesquisadores do programa. Juntos, procuram dormitórios dos

macacos e observam seus hábitos (Site: http://www.aoka.com.br/);

Earthwatch - Projeto expedição Águas Espanholas: o voluntarista aprende a lidar com

equipamentos de observação e aquisição de dados da vida marinha, especialmente os golfinhos

(Site: http://www.earthwatck.org/);

Sarvodaya - Projeto Sri Lanka: o voluntário aprende o modo de vida rural e compartilha

experiências na busca pelo desenvolvimento, paz e espiritualidade em comunidades (Site:

http://www.sarvodaya.org/).

PROBLEMAS DE PESQUISA, OBJETIVOS E COLOCAÇÕES ADJACENTES

Problemas de Pesquisa:

Diante dos conflitos relacionados à integração do Homem com a Natureza, no

contexto das Unidades de Conservação, o volunturismo poderia ser encarado como

um “elemento potencializador” dos “Millennium Development Goals (MDGs)”? Ou,

na mesma perspectiva, qual seria a opinião dos gestores das Unidades de Conservação

(no caso, Brasil e México) sobre essa questão?

5 Fonte: Volunturismo é nova tendência do turismo mundial. Disponível em: <http://noticias.limao.com.br/viagens/via150139.shtm>,

acessado em 7 nov. 2012. 6 Fonte: Portal do Voluntário - O que é “volunturismo”?. Disponível em: <http://portaldovoluntario.v2v.net/posts/1466>, acessado em

7 nov. 2012.

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E, de maneira complementar, podemos, ainda, refletir:

Quais são as abordagens teóricas que estão sendo dadas ao “volunturismo” e as

“unidades de conservação”, em âmbito internacional, nos últimos 3 anos?

Objetivo geral:

Averiguar as percepções dos gestores das Unidades de Conservação, na Baixada

Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México),

sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de potencializar e

alcançar os “Millennium Development Goals (MDGs)”, para tanto, busca-se,

também, compreender as abordagens teóricas que estão sendo dadas ao

“volunturismo” e as “unidades de conservação”, em âmbito internacional, nos

últimos 3 anos.

Objetivos específicos/metas:

1. Identificar e analisar a opinião dos gestores das Unidades de Conservação, na

Baixada Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua

(México), sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de

potencializar e alcançar os “Millennium Development Goals (MDGs)”.

2. Mapear e examinar a produção científica internacional, dos últimos três anos,

relacionada ao “volunturismo” e as “unidades de conservação”.

METODOLOGIA

Para cada objetivo específico temos uma estratégia metodológica derivada com base em Gomes (2012),

sendo que, o segundo (“mapear e examinar a produção científica internacional, dos últimos três anos, relacionada ao

´volunturismo´ e as ´unidades de conservação´”) é o suporte para o primeiro (“identificar e analisar a opinião dos gestores das

Unidades de Conservação, na Baixada Santista -Brasil- e no XXX -México-, sobre a implementação de um possível volunturismo

como forma de potencializar e alcançar os ´Millennium Development Goals (MDGs)´”), e os dois são assim delineados:

a. Segundo objetivo específico - tipo de pesquisa, estratégias de recolha de dados, análises e tratamentos (GOMES; 2012)

- Objetivo específico: Mapear e examinar a produção científica internacional, dos últimos três anos,

relacionada ao “volunturismo” e as “unidades de conservação”.

- Metodologia: Análise Quali-quantitativa; Pesquisa bibliográfica.

Nomeadamente, analisando diferentes modelos e comportamentos de busca de informação nos

deparamos com algumas diretrizes semelhantes aos resultados encontrados por David Ellis (1989) quando da sua

pesquisa com cientistas sociais da Universidade de Sheffield (Reino Unido). Tal trabalho foi realizado com o

propósito de delinear recomendações para o design de sistemas de recuperação da informação e apresentou, em

síntese, as seguintes etapas/características:

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Iniciar: são as atividades que definem o começo da busca por informação e que permitem uma visão geral do enfoque a ser estudado, descobrindo informações que podem servir de base para uma ampliação posterior da busca. A definição de referências pode ser um ponto de partida para o início do ciclo de pesquisa, assim como também podem ser consideradas atividades iniciais, as seguintes: conversar com colegas, consultar literatura de revisão, consultar catálogos online e índices e abstracts. Alguns pesquisadores já têm as suas referências iniciais quando fazem uso de recursos de informação, enquanto outros irão ainda buscar por estas referências. Esta situação está ligada à experiência do pesquisador e o conhecimento prévio que possui sobre o assunto que será pesquisado. Encadear: o indivíduo segue uma ligação entre as citações, que podem levar a outros materiais relevantes e, assim, realizando formas de conexão entre o que foi pesquisado e novas informações. As conexões têm dois aspectos básicos: o encadeamento para trás no tempo, que busca identificar material para leitura a partir das listas de referências que constam em de outros materiais; e o encadeamento para frente no tempo, que identifica material para leitura a partir dos índices de citação. O encadeamento para trás é uma atividade de busca de informação bastante utilizada por pesquisadores de todas as áreas, pois possibilita a localização de documentos relevantes de maneira simples. Navegar: é uma forma de pesquisa não muito objetiva, ou seja, é uma busca semi-direcionada a uma área de interesse geral. Os principais tipos de informação que são recuperados quanto este padrão é empregado são listas de autores, de periódicos, de anais de eventos, de trabalhos citados, entre outros. Diferenciar: o indivíduo utiliza a diferença entre as fontes como um filtro para verificar o material analisado. Ele avalia aspectos como tipo de conteúdo e relevância do material, a fim de obter uma comparação. Os três principais critérios de diferenciação empregados são os seguintes: tópico principal, acesso ou perspectiva e nível, qualidade ou tipo de tratamento. Monitorar: observa-se o desenvolvimento de uma determinada área, através do monitoramento de fontes de informações específicas. O monitoramento pode ser aplicado a várias fontes ou, por exemplo, somente a certos tipos de fontes dentro de uma determinada base de dados. O pesquisador é que define o que será monitorado, conforme seu interesse e suas necessidades. Extrair: o usuário trabalha de forma sistemática em uma fonte específica para obter material de seu interesse. Esta é uma característica que muitos pesquisadores se engajam por um tempo razoável em suas carreiras. Isto acontece tanto consultando diretamente a fonte, quanto através do uso de índices cumulativos enquanto fontes de pesquisa, ou através de uma combinação das duas (CRESPO; CAREGNATO, 2003 apud GOMES, 2012).

Em certo sentido, utilizaremos todas as seis características detalhadas acima, ora com maior, ora com

menor predominância, nas 4 fases, inicialmente planejadas, que compõem nossa pesquisa7 bibliográfica8 que, na

perspectiva cronológica, será dividida em: (1) “características macro do universo”; (2) “delineamento dos

domínios”, (3) “conjunto nuclear de investigações” e, por fim, (4) “matrizes: temáticas e de conceitos”. Tais fases

serão correspondentes a “coleta e organização do material” (da primeira a terceira) e “tratamento dos resultados”

(no caso da quarta) (GOMES; 2012).

Primeira fase (“características macro do universo”):

Universo da Pesquisa: artigos científicos revisados por pares;

7 A expressão “pesquisa”, no âmbito dessa metodologia, é sempre utilizada como sinônimo de “busca ou coleta de dados”.

8 “A pesquisa documental é muito próxima da pesquisa bibliográfica. O elemento diferenciador está na natureza das fontes: a pesquisa

bibliográfica remete para as contribuições de diferentes autores sobre o tema, atentando para as fontes secundárias, enquanto a

pesquisa documental recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes primárias. Essa é a

principal diferença entre a pesquisa documental e pesquisa bibliográfica […] (SÁ-SILVA et al, 2009)”.

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Nessa fase, utilizaremos, para a coleta do material, as palavra-chaves “volunturismo” e “unidades

de conservação” e todos os seus derivados;

Os textos em questão devem estar acessíveis nos seguintes idiomas, preferencialmente:

português, inglês, francês ou espanhol;

A identificação/seleção do material será realizada a partir das seguintes ferramentas:

(1) Web of Science (Disponível em: <http://www.isiknowledge.com/>)9;

(2) Scirus (Disponível em: <http://www.scirus.com/>)10;

(3) E-Lis (Disponível em: <http://eprints.rclis.org/>)11;

(4) Science Direct (Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>)12;

Além das pesquisas nas quatro fontes acima indicadas consultaremos a Networked Digital Library of Theses

and Dissertations (NDLTD)13 e o SCImago14. Na primeira a intenção será localizar o material corrente relacionado

ao tema e, no segundo, nosso interessante será pesquisar os periódicos das áreas de Comunicação, Ciência da

Informação, Meio Ambiente (Geografia) e Turismo, com seus respectivos SJR15 e H index16 (GOMES; 2012).

Tratamento: para cada pesquisa executada serão elaborados “mapas estruturais” a partir do Programa

Cmap Tools17 desenvolvido pelo Institute for Human and Machine Cognition18 da State University System da Florida

(EUA). Em termos quantitativos, também, será apresentado um quadro com a(s) palavra(s)-chave pesquisada(s)

9 “Multidisciplinar, inclui mais de 10.000 periódicos de alto impacto em âmbito internacional, incluindo revistas em Open Access e

110.000 ´proceedings conference´” (tradução livre nossa). Fonte: Web of Science. Disponível em:

<http://thomsonreuters.com/products_services/science/science_products/a-z/web_of_science>, acessado em 23 de março de 2010. 10

“É a ferramenta de pesquisa científica mais abrangente da web. Com mais de 370 milhões de itens científicos indexados […] permite

que os pesquisadores busquem não apenas o conteúdo diário, mas também as homepages dos cientistas, material didático […],

patentes e repositórios institucionais […] (tradução livre nossa). Fonte: Scirus. Disponível em: <http://www.scirus.com/>, acessado em

23 de março de 2010.

Uma observação: o Scirus dentre várias fontes inclui, também, o Science Direct mas, como nossa intenção era ter a dimensão “exata”

do universo da pesquisa, tal duplicação ao invés de “negativa”, foi considerada relevante para a validação dos dados. 11

“E-Lis foi formada em 2003 para o depósito de documento no domínio da Biblioteconomia e da Ciência da Informação” (tradução

livre nossa). Fonte: E-Lis. Disponível em:<http://eprints.rclis.org/information.html>, acessado em 23 de março de 2010. 12

“ScienceDirect […] banco de dados de textos completos oferecendo artigos de periódicos e capítulos de livros de mais de 2.500

revistas e mais de 11.000 livros” (tradução livre nossa). Fonte: Science Direct. Disponível em:

<http://www.info.sciencedirect.com/about/>, acessado em 23 de março de 2010. 13

Missão: “a Networked Digital Library of Theses and Dissertations (NDLTD) é uma organização internacional dedicada a promover a

adoção, criação, difusão, utilização e preservação dos análogos eletrônicos às tradicionais dissertações e teses em papel” (tradução

livre nossa). Fonte: NDLTD. Disponível em: <http://www.ndltd.org/about/mission-and-goals>, acessado em 23 de março de 2010. 14

“The SCImago Journal & Country Rank é um portal que inclui as revistas cientificas e os indicadores de países desenvolvidos a partir

da informação contida na base de dados Scopus (Elsevier BV). Esses indicadores podem ser usados para avaliar e analisar diversos

domínios científicos” (tradução livre nossa). Fonte: SCImago. Disponível em: <http://www.scimagojr.com/>, acessado em 23 de

março de 2010.

De forma complementar também consultamos alguns dados do Journal Citation Reports (JCR). 15

“SJR = SCImago Journal Rank Indicator. É uma medida de influência ou prestígio do impacto da revista. Expressa, pois, o número

médio de citações ponderadas recebidas no ano por documentos publicados no journal nos três anos anteriores” (tradução livre

nossa). Fonte: SCImago. Disponível em: <http://www.scimagojr.com/>, acessado em 23 de março de 2010. 16

“H index = Número de artigos (h) da revista que tenha recebido pelo menos h citações em todo o período” (tradução livre nossa).

Fonte: SCImago. Disponível em: <http://www.scimagojr.com/>, acessado em 23 de março de 2010.

“O Índice Hirsch, apresentado por Jorge Hirsch, consiste em ideia muito simples: levar em conta cada um dos trabalhos de um autor

e ordená-los em forma descendente a depender das citações recebidas. Assim, cada trabalho mantém certa quantidade de citações

e uma hierarquia no ranking. Constroem-se, então, duas listas: uma ascendente, para os trabalhos; uma descendente, para as

citações. Quando os valores se cruzam, obtém-se o índice H” (AGUADO-LÓPEZ, 2010). 17

Disponível em: <http://cmap.ihmc.us/conceptmap.html>. 18

O Institute for Human & Machine Cognition (IHMC) é um instituto de pesquisa que congrega cientistas e engenheiros com

investigações relacionadas aos seres humanos e as máquinas. Disponível em: <http://www.ihmc.us/about.html>.

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contendo a quantidade de documentos encontrados por fonte consultada (GOMES; 2012).

Análise dos resultados.

Resultados esperados: ao término desta fase, objetiva-se ter uma dimensão global manifesta do universo

do volunturismo/unidades de conservação e de suas variantes.

Segunda fase (“delineamento dos domínios”):

Coleta de dados mais direcionada.

Selecionaremos, portanto, duas bases complementares: a primeira é o software Harzing's Publish or Perish19

que recupera e analisa citações acadêmicas, utilizando como base o Google Scholar e, a partir dos dados obtidos,

disponibiliza ao usuário uma série de estatísticas20; e a segunda é o Scopus21, que possui “resumos e referências

bibliográficas de literatura científica revisada por pares, com mais de 18.000 títulos de 5.000 editoras

internacionais22”. O Google Scholar (fonte do Harizing's) é mais abrangente e coleta diferentes tipos de documentos

(teses e dissertações, livros, relatórios técnicos, etc), já o Scopus foi escolhido em detrimento de outros por ter

uma cobertura mundial (“mais da metade do conteúdo do Scopus é originária da Europa, América Latina e da

região Ásia-Pacífico23”) (GOMES; 2012).

Tratamento: um arquivo no Excel será montado com tabelas que incluirão, previamente, as seguintes

colunas: “autor(es)”; “título”; “data da publicação”; “número de citações no Harzing´s”; “número de citações no

Scopus”; e “localização da fonte”. Os documentos encontrados serão agrupados em planilhas distintas de acordo

com a predominância e relevância (GOMES; 2012).

Uma tabela com a síntese quantitativa dos resultados do scopus será elaborada envolvendo, pois, as

seguintes colunas: “resultados”, “periódicos”, “autores”, “ano de publicação”, “afiliações” e “sub-áreas”. A

pesquisa no Harzing´s, acompanhando os mesmos parâmetros das colunas, será realizada no campo “Citation

Analysis” seguido do “General Citation Search” e incluindo a(s) expressão(ões)-chave(s) ao lado do termo “The

Phrase” (GOMES; 2012).

Análise dos resultados.

Resultados esperados: com a seleção e organização dos documentos por planilhas chegaremos aos dados

brutos específicos em âmbito internacional.

Terceira fase (“conjunto nuclear de investigações”):

Composta por:

Leitura dos resumos dos artigos. Salientamos, ainda, que, até a presente fase, todas as seleções serão 19

Disponível em: <http://www.harzing.com/>.

Além do Harzing´s existem outras ferramentas bibliométricas como, por exemplo, Eugene Garfield’s HistCite (Disponível em:

<http://www.histcite.com/>; Olle Persson’s Bibexcel (Disponível em: <http://www8.umu.se/inforsk/Bibexcel/>). 20

Número total de documentos; Número total de citações; Número médio de citações por artigo; Número médio de citações por

autor; Número médio de artigos por autor; Número médio de citações por ano; Hirsch's Index e parâmetros relacionados; Egghe's-g

index; O h-index contemporâneo; A idade da taxa de citação ponderada; Duas variações de individuais de h-indices; e uma análise

do número de autores por artigo. Fonte: Harzing´s. Disponível em: <http://www.harzing.com/pop.htm>, acessado em 19 de março

de 2010. 21

Disponível em: <http://www.scopus.com>. 22

Fonte: Scopus. Disponível em: <http://www.americalatina.elsevier.com/sul/pt-br/scopus.php>,acessado em 19 de março de 2010. 23

Fonte: Scopus. Disponível em: <http://www.americalatina.elsevier.com/sul/pt-br/scopus/pdf/fatos-numeros-15-01-10.pdf>, acessado

em 19 de março de 2010.

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realizadas somente a partir da análise dos títulos dos artigos24.

Seleção e possibilidade de exclusão de alguns textos.

Análise dos textos recolhidos via “Análise de Conteúdo não fidedigna”.

Nas “pesquisas bibliográficas” recorre-se, geralmente, a metodologia de Análise de Conteúdo (SÁ-

SILVA et al, 2009) e, nesta pesquisa, essa abordagem será adotada, com algumas ressalvas e diversas adaptações,

com o intuito de alcançarmos os objetivos da análise. Uma crítica básica ao método, que se contrapõe a linha de

investigação deste projeto de pesquisa, é a sua rigidez (GOMES; 2012).

Nesse movimento entre a heterogeneidade do objeto e o rigor metodológico é que se percebe em que modelo de ciência se funda a Análise de Conteúdo: um modelo duro, rígido, de corte positivista, herdeiro, como dissemos, de um ideal preconizado pelo Iluminismo. Centra-se, sobretudo, na crença de que a “neutralidade” do método seria a garantia de obtenção de resultados mais precisos. Essa busca se caracteriza inicialmente pelo equívoco clássico de associar análise quantitativa e “objetividade”, algo que pode ser observado no grande número de estudos pautados por essa orientação. Mais que isso, há sempre um patrulhamento no sentido de não só preservar a objetividade, mas também afastar qualquer indício de “subjetividade” que possa invalidar a análise. Aproximar-se da neutralidade equivale, nesses termos, a sustentar-se como ciência. O analista seria, portanto, um detetive munido de instrumentos de precisão para atingir a significação profunda dos textos (ROCHA; DEUSDARÁ, 2005 apud GOMES; 2012).

Em contraponto, contudo:

[…] pode-se afirmar que a Análise de Conteúdo é um método que pode ser aplicado tanto na pesquisa quantitativa como na investigação qualitativa, mas com aplicações diferentes, sendo que na primeira, o que serve de informação é a freqüência com que surgem certas características do conteúdo, enquanto na segunda é a presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é levado em consideração (Bardin, 1994) (SILVA et al, 2005 apud GOMES; 2012).

Quando as autoras incluem “presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo” vamos ao

encontro dos nossos objetivos e, nesse sentido, a Análise de Conteúdo é bem apreciada e vem a propósito.

Tratamento:

Empregando técnicas usuais da Análise de Conteúdo para decifrar, em cada texto, o núcleo emergente que servisse ao propósito da pesquisa, essa etapa consistiu num processo de codificação, interpretação e de inferências sobre as informações contidas nas publicações, desvelando seu conteúdo manifesto e latente (PIMENTEL, 2001 apud GOMES; 2012).

Complementação dos resultados via análise quantitativa - com o auxílio do programa “NVivo 9”25 da

QSR International cujo treinamento, com a própria empresa, foi realizado em janeiro de 2011.

Interpretação dos resultados.

Resultados esperados: um conjunto de artigos relevantes em torno do volunturismo e das unidades de

conservação.

24

Depois de realizada a busca, de forma geral e com o auxílio dos descritores, dependendo da base e do tipo da pesquisa.

“Um descritor, também conhecido como ´descritor de assunto´, ´termo´, ou ´unitermo´, é semelhante ao que se denomina como

´palavra-chave´. No entanto estas são palavras de livre escolha pelos utilizadores, ao passo em que os descritores disponíveis

encontram-se criteriosamente catalogados, com descrições, origens, significados e relações com outros descritores”. Fonte: B-On.

Disponível em: <http://www.b-on.pt>, acessado em 1 de agosto de 2009. 25

Disponível em: <http://www.qsrinternational.com/products_nvivo.aspx>.

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Quarta fase (“matrizes temáticas e de conceitos”):

Uma (ou várias) matrize(s) temáticas e de conceitos será(ão) criada(s) nos moldes proferidos por

Webster e Watson (2002) em “Analyzing the past to prepare for the future: writing a literature review”.

Tratamento: dessas matrizes vamos extrair, com base em regras de “exaustividade”26 e “pertinência”27,

elementos que possam subsidiar nossos objetivos.

Análise e interpretação.

Resultados esperados: maior conscientização e conhecimento sobre o universo do

volunturismo/unidades de conservação e aporte teórico que poderá sustentar a elaboração de um questionário

para a pesquisa de campo.

b. Primeiro objetivo específico - tipo de pesquisa, estratégias de recolha de dados, análises e tratamentos (GOMES, 2012)

- Objetivo específico: Identificar e analisar a opinião dos gestores das Unidades de Conservação, na Baixada

Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua (México), sobre a implementação de

um possível volunturismo como forma de potencializar e alcançar os “Millennium Development Goals

(MDGs)”.

- Metodologia: Análise Quali-quantitativa; Questionário (como técnica de coleta dos dados); Pesquisa de

campo.

Etapas básicas:

Junção dos dados - analisados e interpretados do objetivo anteriormente executado;

Tratamento e organização do material.

Elaboração metodológica dos dados a serem coletados na visita de campo;

Elaboração do questionário;

Realização do pré-teste;

Viagem - acompanhamento das atividades e diálogo/entrevistas com os gestores das Unidades de

Conservação no Brasil (Baixada Santista) e no México (Parque Nacional Cascada de Basaseachi, Chihuahua);

Aplicação do questionário.

Tratamento dos dados;

Análise e interpretação.

Salientando, que, os detalhes da estrutura metodológica e conteudística dessa etapa serão delineados

consoante os resultados atingidos nos outros dois objetivos específicos desse projeto de pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Salientamos, por fim, que os principais contributos do projeto são: de um lado a construção de um

panorama contemporâneo da produção científica, em âmbito internacional, dos últimos 3 anos, relacionada ao

26

“Deve-se esgotar a totalidade da comunicação, do acervo, da coleção” - Bardin (2009). 27

“Os documentos precisam adaptar-se ao conteúdo e objetivos previstos” - Bardin (2009).

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“volunturismo” e as “unidades de conservação” e, do outro, a constatação real (in loco) das percepções dos

gestores das Unidades de Conservação, na Baixada Santista (Brasil) e no Parque Nacional Cascada de Basaseachi,

Chihuahua (México), sobre a implementação de um possível volunturismo como forma de potencializar e

alcançar os “Millennium Development Goals (MDGs)”. Ambos os resultados poderão ser de grande valia para

pesquisas ulteriores em diversas áreas do conhecimento.

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REFERÊNCIAS:

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