pequenas centrais hidroenergéticas pc hs guaraú cascata

76
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS - FGV ESCOLA DE ECONOMIA SÃO PAULO – EESP Avaliação Econômica Financeira da Implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs em Estação de Tratamento de Água. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC MBA – REGULAÇÃO EM INFRAESTRUTURA MARCELO DANTON SILVA Orientador: Prof. ENLINSON MATTOS São Paulo Abril - 2010

Upload: marcelo-danton-silva

Post on 05-Jun-2015

1.942 views

Category:

Education


7 download

DESCRIPTION

MARCELO DANTON SILVA - ECONOMISTA AMBIENTAL

TRANSCRIPT

Page 1: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS - FGV

ESCOLA DE ECONOMIA SÃO PAULO – EESP

Avaliação Econômica Financeira da

Implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs

em Estação de Tratamento de Água.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC

MBA – REGULAÇÃO EM INFRAESTRUTURA

MARCELO DANTON SILVA

Orientador: Prof. ENLINSON MATTOS

São Paulo

Abril - 2010

Page 2: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

Descrição Bibliográfica:

DANTON SILVA, Marcelo: Economista com Especialização Relações Econômicas Internacionais e Pós Graduação Administração Financeira Controladoria. Tema: Avaliação Econômico Financeira das Instalações de Pequenas Centrais Hidroelétricas em Sistema Produtor de Água Tratada da Sabesp. 2010. 76 ff. Trabalho de Conclusão de Curso (MBA Executivo em Infraestrutura) – Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP). São Paulo, 2010.

Resumo: Em alguns sistemas produtores de água na Sabesp apresentam possibilidades de geração hidroenergética. Propostas apresentadas por empresas de engenharia e fornecedores de equipamentos indicam duas possibilidades mais promissoras para instalações de PCHs – Pequenas Centrais Hidroelétricas. Guaraú e Cascata.

Palavras-chave: PCHs Guaraú Cascata.

Page 3: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

AGRADECIMENTOS:

Aos meus pais que, com esforço, puderam fornecer uma educação humanista focada no respeito ao próximo, nos direitos e nos deveres de cada um;

Aos meus familiares onde buscava momentos de conforto e descontração nos períodos difíceis da vida;

Aos professores e equipes de apoio da FGV que tiveram a didática para apontar o caminho do conhecimento;

A Sabesp e equipe que acreditaram e propiciaram essa jornada;

Enfim agradeço a todas as pessoas com quem convivo pela paciência, amizade e palavras incentivadoras.

MUITO OBRIGADO!

Page 4: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

A luz do conhecimento só

permanece acesa pela dedicação e

persistência da humanidade.

Page 5: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

RESUMO:

Em 1988 a Sabesp contratou estudos para levantar as possibilidades, nos sistemas produtores de água, do potencial de geração hidroenergética.

Possibilidades identificadas, propostas surgiram através de empresas de engenharia e fornecedores dos equipamentos interessados nas duas mais promissoras localidades para instalações de PCHs – Pequenas Centrais Hidroelétricas.

Guaraú com uma turbinas tipo “S” de quatro MW e Cascata também com uma turbina de três MW, totalizando sete MW. Número considerável para uma empresa de saneamento básico começar a ingressar em novo negócio. Geração de energia.

O trabalho aborda o ciclo histórico da companhia que remonta a uma São Paulo em transformação e preparação para esse gigantismo atual. A sagacidade no enfrentamento dos desafios para consolidar a vila de São Paulo de Piratininga como centro econômico relevante.

Abordo também conceitos técnicos do setor elétrico para dotar o leitor de conhecimento básico para melhor entendimento da proposta. Boa leitura!

Page 6: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

SUMÁRIO:

CAPÍTULOS:

1. Posicionamento Histórico e Descrição do Sistema Cantareira. 1.1. História.........................................................................................................7 1.2. Descrição do Sistema Cantareira Atual.................................................................20

2. Descrição das propostas das PCHs. 2.1. Aspectos Técnicos........................................................................................36 2.2. Aspectos Gerais............................................................................................45 2.3. Especificações da Turbina - PCH Guaraú....................................................46 2.4. Especificações da Turbina - PCH Cascata...................................................49

3. Avaliação e Modelo Econômico Financeiro das PCHs Guaraú e Cascata.

3.1. Considerações iniciais ...................................................................................56

Conclusões ...............................................................................................................58

Page 7: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

6

Introdução:

Em alguns sistemas produtores de água na Sabesp apresentam possibilidades de geração hidroenergética.

Propostas apresentadas por empresas de engenharia e fornecedores de equipamentos indicam duas possibilidades mais promissoras para instalações de PCHs – Pequenas Centrais Hidroelétricas.

Guaraú com duas turbinas tipo “S” de três MW e Cascata também com duas turbinas de duas MW, totalizando 7 MW.

Número considerável para uma empresa de saneamento básico começar a ingressar em novo negócio. Geração de energia.

Esta proposta de aproveitamento hidroenergético no Sistema Produtor de Água Potável Cantareira foi originalmente apresentada em 1996 para estudo da viabilidade econômico-financeira.

Continua um assunto atual e de grande relevância para a companhia, pois a empresa ensaia o desenvolvimento em novos negócios há algum tempo e essa proposta vai ao encontro dos anseios da organização.

O modelo de licitação já esta na pauta para 2010 com grande possibilidade de implantação nos próximos dois anos, marcando a entrada da Sabesp no setor energético.

Page 8: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

7

Capítulo 1

1.1 – História1:

O maciço da Serra da Cantareira contribuiu significativamente para o desenvolvimento da cidade de São Paulo na formação e crescimento da atualmente denominada macro metrópole paulista (conceito expandido da Região Metropolitana de São Paulo: RMSP +, Baixada Santista, região Campinas, região Sorocaba e região de São José dos Campos,).

O mapa histórico (Figura 12), que delineia a capitania de São Vicente e os aldeamentos indígenas existentes no período de 1552-1597, nomeia a Serra da Cantareira como ”Jaguamimbaba”.

“Do ponto de vista histórico, é possível contextualizar a ocupação do entorno do Parque

Estadual da Cantareira no século XVI, uma vez que, quando os europeus chegaram ao

Brasil, encontraram um território povoado, e cuja população indígena, segundo as

estimativas, era de aproximadamente cinco milhões. Divididos, em linhas gerais, entre os

tupis que ocupavam a costa brasileira do Nordeste ao litoral sul de São Paulo, e o guarani

entre o litoral Sul e o interior, nas bacias dos rios Paraná e Paraguai.

As tribos que não falavam as línguas do tronco tupi eram genericamente chamados

“Tapuia”, e ocupavam outras regiões da extensão territorial brasileira.

Em São Paulo, palco de contato com as primeiras presenças européias, sua população era

constituída essencialmente pelos Tupiniquins, embora, vivessem também no planalto, outros

grupos do tronco lingüístico macro-jê, como os Maromomi, que habitavam as regiões da

Serra da Mantiqueira, também chamada no início do século XVII, como “montes

Guarimunis, ou Marumininis”. Nos textos do século XVII, que tratam da doação de

sesmarias, surgem grupos Maromomi, em Atibaia: “uma légua de terras (...) começando da

tapera dos Garomemis até o rio Juqueri” 2.

“Eram caçador-coletores e segundo o padre Manoel Viegas, que se empenhou em sua

catequização, “andava atraz delles pelos matos, capões e praias todo em seu remedio;

1

Resenha da Publicação Ligação SABESP; São Paulo 2003 Saneamento Cenários Históricos - Anexo 15.

2PREZIA, Benedito A. Os indígenas do Planalto Paulista nas crônicas quinhentistas e seiscentistas. São Paulo, Humanitas 2000, p. 179.

3ABREU, Capistrano de. Os Guaianazes de Piratininga. Artigo publicado no “Jornal do Comércio de 25 de janeiro de 1917.

Page 9: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

8

Figura 1: Mapa Histórico da Região São Paulo.

Page 10: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

9

mas como estes Maramumis não se aquietam em seu lugar, e seu viver é sempre pelos matos,

à caça, ao mel e às frutas, difficultava isto muito a esperança de sua conversão.

Elle comtudo a todos resistia... e assim aos poucos foi domesticando, e fez fazer assento em

um lugar e aldeia em que até hoje habitam todos juntos; é a aldeia a que chamam Nossa

Senhora da Conceição de Goarulho.3 O aldeamento desapareceu, mas este nome que surge

no século XVII, persiste com pequena alteração, até hoje.

Os demais aldeamentos e aldeias, também tiveram o mesmo destino, em idêntico período,

após a sistemática preagem do indígena, e as constantes epidemias que dizimavam suas

populações.”

Muito além do clima favorável aos costumes europeus e do relevo, a melhor descrição do

então povoamento de São Paulo de Piratininga esta na frase de um religioso jesuíta:

“São Paulo não é apenas o resultado de seu local, de sua situação e de seu clima: antes disso

tudo, é o produto do trabalho dos homens que, em épocas diferentes, conforme as

circunstâncias históricas mutáveis, tiraram partido da natureza inerte. Obra humana, São

Paulo e o seu crescimento são o reflexo e, ao mesmo tempo, o fruto das civilizações e das

sociedades que se sucederam nas margens do Tietê durante quatro séculos”.4

“Um planalto suavemente ondulado, com campos e clareira aprazíveis, boas águas e clima

sadio”.5

A definição da localidade é perfeita para comportar um povoado pequeno ao redor das

catequeses dos jesuítas, sem muitas ambições de crescimento, mas que atendia a política cristã

da época em expandir sua teologia ao então denominado Novo Mundo. Na realidade São Paulo de Piratininga estava a poucos quilômetros das nascentes dos belos

rios descritos nos documentos da época (Tamanduateí, Anhangabaú e Tietê), mas não

apresentam grandes volumes perenes, assim a água começaria se mostrar escassa (1744) com

o crescimento da população em virtude do desenvolvimento econômico. As terras férteis e

relativamente fáceis de cultivar se comparadas ao litoral, a captura de índios para trabalho

escravo (primeiras Bandeiras), tornaram São Paulo centro de abastecimento e

4

MONBEIG, P. Aspectos geográficos do crescimento de São Paulo. Ed. Anhambi, SP, 1958, p.17. 5 ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Memória Urbana: a Grande São Paulo até 1940. Imprensa Oficial, SP, 2001, p.13.

Page 11: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

10

ponto de partida dos bandeirantes e concentração de tropeiros com suas mulas a saciarem a

sede nas margens do Tamanduateí (atual região do Parque Dom Pedro Segundo), antes de

seguirem viagem. Rio de Janeiro, por exemplo, quando alçado centro administrativo da

colônia (1763), demandava grandes quantidades de produtos, assim desenvolveram rotas e

consolidaram vilas ao longo do vale do Paraíba/Baixada Fluminense.

Criações de animais, grandes tropas de muares e aumento populacional, começaram a poluir a

já escassa água. Surgiram as epidemias.

A Serra da Cantareira (franja sul) estava preservada e seus diversos cursos d’águas, apesar de

pequenos, juntos iriam fornecer o abastecimento que São Paulo necessitava para se consolidar

definitivamente. Tamanduateí, Anhangabaú dentre outros, supriram São Paulo precariamente

nos primeiros 200 anos até o século XVIII.

Começo da adução das Águas da Cantareira.

Ao longo do século XIX, o eixo econômico (ciclo da cana de açúcar séculos XVI e XVII) que

até então era primazia do Nordeste (capital Salvador), passa a ser da região Sudeste com o

ciclo do ouro desbravando novos territórios (Bandeirantes - séculos XVIII) e início do

desenvolvimento da cultura cafeeira, na baixada fluminense e no vale do Paraíba.

O ciclo do café e a tão propalada estrada de ferro Santos-Jundiaí (1962-1867) consolidaram a

hegemonia econômica paulistana e do Estado, mas foram as águas da Cantareira (1863-1881)

que abasteceram São Paulo e impediram que se auto-sufocasse com o grande crescimento que

a estrada de ferro trouxe. Forneceu o tempo que a cidade necessitava na busca de outras

custosas e complexas alternativas no suprimento de água.

A explosão demográfica paulistana acentuou-se a partir da segunda metade do século XIX; no

começo da década de setenta, a população era de 23.243, já em 1900 apresentava o número

alarmante de 239.934 habitantes.

No ano de 1863 surgiu o primeiro projeto que pretendia utilizar os recursos hídricos da Serra

da Cantareira em São Paulo - franjas face sul.

Page 12: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

11

O engenheiro inglês James Brunless relatou em seu projeto a preferência em captar água no

ribeirão da Pedra Branca cujas águas apresentavam-se de excelente qualidade (atualmente

esse ribeirão contribui na formação dos três lagos do parque Horto Florestal).

O projeto não foi adiante em virtude dos recursos financeiros escassos.

A província de São Paulo não era economicamente forte, nesta época, para absorver os

imensos investimentos necessários para tamanha empreita.

Os ventos começaram a mudar na economia brasileira a partir de 1830. O deslocamento

econômico migrava do nordeste para o sudeste, em virtude da decadência do ciclo da cana de

açúcar (monocultura) e a descoberta de ouro pelos Bandeirantes.

A nova fronteira econômica pertencia agora à monocultura do café, iniciando-se na região do

litoral paulista, Bananal, Vale do Paraíba e avançou para a região de Campinas.

“....o café era apenas um medicamento à

venda nas boticas. Em São Paulo, sua mais remota referência

vem de 1788: à beira do Tietê frutificara o primeiro cafezal.

Então, o futuro marechal José Arouche colhia café em sua

chácara da Casa Verde, suficiente para o consumo familiar e

para regalo de alguns parentes e amigos. No litoral paulista,

dez anos depois, já se produziam 260 arrobas do “ouro verde”,

como ficaria conhecido mais tarde.

Em princípios do século XIX, a cultura penetrou o chamado

“norte de São Paulo”, iniciando-se por Bananal, Areias,

Silveiras e Lorena, espalhando-se pelo vale do Paraíba. Em

1835/36, a colheita paulista chegava a 587.649 arrobas.” 6

Ano de 1877, a população de São Paulo estava por volta de 33 mil habitantes.

A questão do abastecimento era critica. Naquele ano, alguns capitalistas locais contrataram os

serviços de engenheiros ingleses; era organizada a Companhia Cantareira de Água e Esgotos,

dirigida, provisoriamente, pelo Barão de Três Rios, Rafael de Aguiar Paes de Barros e

Clemente Falcão de Sousa Filho.

6Memória do Saneamento Cenários Históricos - Anexo 15.

Page 13: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

12

Um ano depois, o governo associou-se ao empreendimento, constituindo-se então uma

verdadeira sociedade de economia mista. A partir daí, gradativamente os chafarizes e a

distribuição por meio de carros-pipa foram sendo substituídos por ligações domiciliares de

água.

“No dia 27 de setembro de 1878, na presença do imperador D. Pedro II, do Dr. João Batista

Pereira, presidente da Província, do Visconde de Sinimbu e demais autoridades, em terrenos

da chácara do major Benedito Antonio da Silva, no alto da Consolação, foi fincada a pedra

fundamental da primeira caixa de abastecimento de água para a cidade.” 7

Era o reservatório da Consolação, cujas águas reservadas originavam-se dos córregos

Toucinho, Guatemy e Barro Branco, todos na região do atual bairro da Vila Rosa-Tremembé

zona norte de São Paulo. Bastou 10 anos para a Companhia Cantareira ter seus serviços

totalmente deficientes – a população ultrapassava os 65 mil habitantes.

O governo da Província se viu obrigado a tomar para si o encargo da Companhia. Criação da

RAE - Repartição de Água e Esgotos (1893).

No mesmo ano seria inaugurada a adutora do Guaraú, com 13.397 metros de tubos de 60

centímetros até o reservatório da Consolação.

Era pouco!

Um ano depois, captavam-se os mananciais Cassununga, Campo Redondo e Engordador,

reunidos numa caixa de junção denominada Guapira, e as águas canalizadas para um novo

reservatório localizado no antigo Largo13 de Maio (hoje praça Amadeu Amaral).

Em fins de 1893, o suprimento local de água fornecida à cidade era de 27 mil litros por dia,

mas a população tinha saltado para 192 mil.

Durante 1895 a 1898, foram completadas as aduções de todos os recursos hídricos da Serra da

Cantareira (franja sul). Em 1898, era o aproveitamento final das sobras do Engordador, na ala

esquerda da Cantareira - franjas sul. Encerra-se o primeiro ciclo da Serra da Cantareira,

prioriza-se Guarapiranga e Billings.

7Jornal "A Província de São Paulo" de 29/09/1878.

Page 14: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

13

Entrada no século XX. Descrição de São Paulo na virada do século:

“No crepúsculo do oitocentos, como conseqüência direta da valorização territorial das áreas

localizadas nas partes altas do perímetro urbano, surgem os arredores de São Paulo,

caracterizando-se como um mundo original, refratário a mudanças, e sem infra-estrutura

necessária à sua inclusão na chamada “modernidade” que se avizinhava, com a chegada do

século XX.

A população de baixa renda concentrava-se nas áreas vizinhas às várzeas, surgindo bairros

como a Mooca, Bom Retiro, Brás, Belenzinho e Penha, com suas habitações coletivas, os

cortiços, situados próximos às fábricas e as estradas de ferro.

Nessa outra São Paulo, os equipamentos coletivos urbanos eram raros e de qualidade

duvidosa, a exemplo do abastecimento de água que passou a utilizar o rio Tietê em 1903, e

conforme atestaram as análises efetuadas na virada do século, suas águas eram

consideradas, em sua maioria, não potáveis, porque além de não receber nenhum tratamento,

o rio ainda era depositário em seu curso de todo o esgoto da cidade sem qualquer tipo de

desinfecção.

Captadas na altura do Belenzinho, essas águas foram aduzidas para as zonas baixas, na

divisão altimétrica da cidade, passando por algumas galerias filtrantes, somente com caixa

de distribuição, e sem a adoção de qualquer medida profilática, a despeito de seu estado

sanitário deplorável na época das secas.

O Tietê oferecia pouca profundidade, volume e correnteza necessários para a eliminação dos

materiais tóxicos, como também, não tinham sido feitas as necessárias desapropriações em

seus mananciais e margens, para evitar o impacto antrópico causado sobre elas, uma vez que

a população, muitas vezes, se dedicava à pecuária e à suinocultura fazendo do rio um grande

depósito para os excrementos.”8

As três barragens, construídas pela comissão de Obras Novas, nos vales dos rios Engordador,

Guaraú e Cabuçu, juntamente com os reservatórios de acumulação da Cantareira, formavam o

Sistema Cantareira Antigo.

Nas páginas seguintes apresento algumas fotos da construção do Sistema Cantareira Antigo - 1894.9 8

CARLOS, Ana Fani. A cidade e a organização do espaço, apud BERTOLLI Filho Cláudio in A gripe Espanhola em São Paulo, 1918, Ed. Paz e Terra S/A, São Paulo, 2003, p.37.

9

SABESP. Publicação Sistema Cantareira Antigo, Departamento de Comunicação.

Page 15: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

14

Figura 2: Tanque do Engordador – 1894.

Fonte: Sabesp Figura 3: Pequena Barragem do Engordador 1894.

Fonte: Sabesp

Page 16: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

15

Figura 4: Barragem Engordador 1906.

Fonte: Sabesp Figura 5: Barragem do Engordador Formação do Lago 1907.

Fonte: Sabesp

Page 17: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

16

Figura 6: Bomba Vapor do Engordador - 1898.

Fonte: Sabesp Figura 7: Conjunto do Forno e Caldeira para Bomba Vapor Engordador – foto de 1980.

Fonte: Sabesp

Page 18: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

17

Figura 8: Casa da Bomba a Vapor.

Fonte: In relatório da Repartição de Águas e Esgotos de 1907/1908, enviado ao Secretário da Agricultura, pelo Diretor, Typographia Brazil– Rothschild & Co, São Paulo, 1909. Figura 9: Construção dos Tanques do Clarificador Guaraú Antigo

Fonte: In relatório da Repartição de Águas e Esgotos de 1907/1908, enviado ao Secretário da Agricultura, pelo Diretor, Typographia Brazil– Rothschild & Co, São Paulo, 1909.

Page 19: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

18

Quadro I: Resumo da População (somente cidade de São Paulo). 11

ANO Habitantes

1872 23.2431877 33.3901886 44.0301890 64.9341893 192.4091900 239.9441910 375.0001937 1.186.0001940 1.326.2611950 2.198.0961968 5.785.0071970 1971 1973

5.885.4756.118.5636.600.157

1974 1980 1990 2000

6.848.3838.475.3869.512.545

10.398.576 Fonte: SEADE, Cenários Históricos e Autor.

O Surgimento do Sistema Cantareira atual – captações na franja norte:

Em 1964, ano do golpe militar, o DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica

contratou o consórcio Hibrace para a elaboração de um Plano Diretor.

Em 1968, a Capital teria 5.785.007 habitantes.

Foi nesse ano que aconteceu a primeira grande alteração institucional no setor do

abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo: a 7 de fevereiro criou-se a

Companhia Metropolitana de Água de São Paulo - Comasp, empresa de economia mista, com

o objetivo de captar, tratar e vender água potável no atacado aos 37 municípios da então

chamada Grande São Paulo, inclusive ao DAE.

As obras do Sistema Cantareira, iniciadas em 1967 pelo DAE, passaram para a

responsabilidade da Comasp.

11 Elaborado pelo autor. Fontes: SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados e publicações Histórico do Saneamento 15-16.

Page 20: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

19

Novo marco institucional de caráter centralizador e planificado12 para o setor de saneamento

básico no Brasil. Criação das grandes empresas estatais e vasto programa de financiamentos.

Criação da Sabesp, em 1973 e da CETESB - Cia. Estadual de Tecnologia de Saneamento

Ambiental. Ao mesmo tempo, cria-se o Programa Nacional de Habitação, que institui o

Planasa - Plano Nacional de Saneamento.

O Planasa, com recursos provenientes do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e

financiamentos externos, tinha um caráter extremamente centralizador, provocando a

desativação da maioria dos serviços e empresas municipais de água e esgotos (os municípios

que não aceitavam sua inclusão não obtinham financiamentos pelo Planasa), substituídas por

companhias estaduais, mobilizando recursos num montante jamais visto. 

Em tais condições, mesmo com o Sistema Cantareira entrando em operação em 1974 (4,5 mil

litros por segundo a época - atualmente são 31m³/s e capacidade total de 33m³/s) a Sabesp

teria pela frente o sempre renovado círculo vicioso entre demanda e oferta de água (agora já

agravado por problemas ambientais).

A RMSP não parava de crescer em pleno ápice do milagre econômico brasileiro.

O país não podia perder tempo e grandes obras demandavam muito capital.

Essa combinação de poder centralizador, rapidez, grandes obras e capitais já pré-destinados e

priorizados geraram avanços notáveis mas também deficiência alocativa econômica.

Começa aqui a história das PCHs, pois os recursos eram finitos e não era objeto do negócio

Sabesp gerar energia, assim, embora conhecedores do potencial energético do Sistema Guaraú

deixou-se de lado esta opção.

No capitulo seguinte apresento o Sistema Cantareira atual.

12 A macroeconomia brasileira era dirigida através de Planos - Planos de Metas 1956 e os PND I (1972) e II (1974).

Page 21: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

20

1.2 - DESCRIÇÃO DO SISTEMA CANTAREIRA ATUAL 13

O Sistema Cantareira, localizado e esquematicamente apresentado nas Figuras 10 e 11.

É formado pelos reservatórios e pelos barramentos nos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira e

Atibainha, da bacia do rio Piracicaba, e pelo reservatório Paiva Castro, criado pelo

barramento no rio Juqueri, da bacia do Alto Tietê.

Os reservatórios formados pelos barramentos nos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha

apresentam uma condição particular, pois constituem um “Sistema Equivalente” que transpõe

águas da bacia do rio Piracicaba para o reservatório Paiva Castro, localizado na bacia do Alto

Tietê.

Esta transposição consiste num desafio para a gestão de recursos hídricos nas duas bacias e

demanda um acompanhamento contínuo da Agência Nacional de Águas – ANA,

Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto

Tietê – CBH-AT, Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari – CBH-PCJ

e Sabesp.

Figura 10 – Localização do Sistema Cantareira.

Fonte: Sabesp 13 SABESP Edital Licitação.

Page 22: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

21

Figura 11 – Representação esquemática do Sistema Cantareira.

Fonte: Sabesp A concepção desse sistema data da década de 1960, sendo o Sistema construído em duas

etapas: a primeira, iniciada em 1965 e concluída em 1975, envolveu a implantação dos

reservatórios Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro, enquanto a segunda etapa, iniciada em

1975 e concluída em 1981, envolveu a construção dos reservatórios interligados dos rios

Jaguari e Jacareí.

Os reservatórios nos rios Jaguari e Jacareí são ligados por um canal artificial, de pequena

extensão, o qual possibilita ampliar a regularização das vazões provenientes do rio Jaguari. As

interligações entre os reservatórios nos rios Jacareí e Cachoeira e entre os reservatórios nos

rios Cachoeira e Atibainha são feitas por meio dos túneis 7 e 6, respectivamente.

A reversão de vazões do Sistema Equivalente para o Paiva Castro é feita por meio do túnel 5,

que conecta o Atibainha ao canal do Juqueri. Do Paiva Castro, as águas são aduzidas pela

estação elevatória Santa Inês até a estação de tratamento de água do Guaraú (ETA Guaraú).

A figura 12 apresenta um perfil esquemático do Sistema Cantareira.

Page 23: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

22

Figura 12 – Perfil esquemático do Sistema Cantareira.

Fonte: Sabesp

Page 24: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

23

As negociações que antecederam a outorga do Sistema Cantareira expuseram dúvidas quanto

aos reais volumes úteis limites dos reservatórios que tiveram de ser dirimidas junto à Sabesp,

operadora do sistema, referenciando-se a Nota Técnica ANA/DAEE (2004), onde essas

estruturas são detalhadas, resultando na tabela 1, a seguir:

Tabela 1 – Volumes característicos dos Reservatórios do Sistema Cantareira

Fonte: Edital SABESP. O Sistema Cantareira constitui-se em uma das intervenções hidráulicas mais significativas do

país. Através da sua capacidade de regularização e com o acréscimo da vazão mínima

garantida na bacia do rio Piracicaba, consegue abastecer 9 milhões de pessoas na Região

Metropolitana de São Paulo.

Page 25: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

24

Figura 13 - BARRAGEM DO JAGUARI

Fonte: Sabesp Dados do barramento

Curso d’água: rio Jaguari

Bacia Hidrográfica/UGRHI: Piracicaba/UGRHI-5

Área de drenagem: 1.057 km²

Represa: volume total 142,979 x 106 m³

Volume útil 101,583 x 106 m³

Características da barragem

Tipo: Aterro compactado

Altura máxima: 55m

Largura da crista: 10m

Volume do maciço: 4,55 hm³

Comprimento: 700m

Cota de coroamento: 847,00

Órgãos de controle

Segurança contra cheias e descargas de jusante:

- Vertedor de superfície tipo Creager, com 3 comportas de setor;

- Tubulação/galeria de descarga de fundo com controle (válvula/comporta) a montante.

Page 26: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

25

Figura 14 - BARRAGEM DO JACAREÍ

Fonte: Sabesp Dados do barramento

Curso d’água: rio Jacareí

Bacia Hidrográfica/UGRHI: Piracicaba/UGRHI-5

Área de drenagem: 195 km²

Represa: volume total 894,366 x 106 m³

Volume útil 706,273 x 106 m³

Características da barragem

Tipo: Aterro compactado

Altura máxima: 50m

Largura da crista: 10m

Comprimento: 1.300m

Cota de coroamento: 847,00

Órgãos de controle

Segurança contra cheias e descargas de jusante:

- Vertedor da barragem do Jaguari uma vez que estas represas estão interligadas;

- Tubulação/galeria de descarga de fundo com controle (válvula/comporta) a montante.

Page 27: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

26

Figura 15 - BARRAGEM DA CACHOEIRA

Fonte: Sabesp Dados do barramento

Curso d’água: rio Cachoeira

Bacia Hidrográfica/UGRHI: Piracicaba/UGRHI-5

Área de drenagem: 410 km²

Represa: volume total 114,602 x 106 m³

volume útil 70,553 x 106 m³

Características da barragem

Tipo: Aterro compactado

Altura máxima: 40m

Largura da crista: 10m

Comprimento: 310m

Cota de coroamento: 827,28

Órgãos de controle

Segurança contra cheias e descargas de jusante:

- Tulipa (raio interno de 2,00m); tomada d’água com comporta plana quadrada, abertura de 2,00 x

2,00m, entre cotas 808,00 e 810,00;

- Tubulação/galeria de descarga de fundo com controle (válvula/comporta) a montante.

Page 28: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

27

Figura 16 - BARRAGEM DO ATIBAINHA

Fonte: Sabesp Dados do barramento

Curso d’água: rio Atibainha

Bacia Hidrográfica/UGRHI: Piracicaba/UGRHI-5

Área de drenagem: 305 km²

Represa: volume total 301,510 x 106 m³

volume útil 100,161 x 106 m³

Características da barragem

Tipo: Aterro compactado

Altura máxima: 38m

Largura da crista: 10m

Comprimento: 410m

Cota de coroamento: 791,00

Órgãos de controle

Segurança contra cheias e descargas de jusante:

- Vertedouro tipo Tulipa (raio interno de 1,50m); tomada d’água com comporta plana quadrada,

abertura de 1,00 x 1,10m, entre cotas 774,27 e 775,37;

- Tubulação/galeria de descarga de fundo com controle (válvula/comporta) a montante.

Page 29: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

28

Figura 17 - CANAL DE RETIFICAÇÃO DO RIO JUQUERI Local da PCH CASCATA - 3 MW de potencia gerada.

Fonte: Sabesp

O canal é o desemboque das águas oriundas da represa Atibainha através do Túnel 5.

Aproveitou-se o leito do rio Juqueri onde foi construído o barramento Paiva Castro.

Apesar da leve declividade este curso d’água apresenta essa pequena queda, potencializada

pela retificação do leito do rio Juqueri (profundo e estreito) aliado com as altas vazões obtidas

pela regularização das massas d’águas dos outros rios/reservatórios, (33 m³/s).

Obtém-se uma correnteza considerável.

Page 30: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

29

Figura 18 - BARRAGEM PAIVA CASTRO

Fonte: Sabesp Dados do barramento

Curso d’água: rio Juqueri

Bacia Hidrográfica/UGRHI: Alto Tietê/UGRHI-6

Área de drenagem: 314 km²

Represa: volume total 27,572 x 106 m³

volume útil 9,444 x 106 m³

Características da barragem

Tipo: Aterro compactado

Altura máxima: 22m

Largura da crista: 7m

Comprimento: 270m

Cota de coroamento: 75,00

Órgãos de controle

Segurança contra cheias e descargas de jusante:

- Descarregador principal com duas comportas de setor (larg. 4,0m; alt. 6,7m) sobre 2 vertedores

Creager;

- Descarregador de emergência tipo fusível, com dois diques de concreto;

- Descarregador de fundo com válvula borboleta diâmetro 1.000mm; válvula esférica (“by-pass”)

diâmetro 300 mm, implantadas nas estruturas do descarregador de fundo.

Page 31: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

30

A casa de máquinas da Elevatória Santa Inês (figuras 19 e 20) está implantada a cerca de 70m

abaixo da superfície do terreno. Vizinha ao maciço da Serra da Cantareira e do Reservatório

Paiva Castro de onde retira e bombeia as águas que irão transpor a Serra.

Tem quatro bombas de 20.000 hp cada (01 é de reserva) com capacidade para recalcar 11 m³/s

a uma altura de 120m e dispo-las no Reservatório Águas Claras através de dois túneis 1 e 4

ilustrados na figura 3 no ínicio deste capítulo.

Figura 19 - Estação Elevatória Santa Inês – ESI (Construção da ESI - 1969)

Figura 20 - Estação Elevatória Santa Inês – ESI (Montagem das Bombas - 1971)

Fonte: Sabesp

Page 32: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

31

Figura 21 - BARRAGEM ÁGUAS CLARAS (1971-1973)

Fonte: Sabesp

Dados do barramento

Curso d’água: ribeirão Santa Inês

Bacia Hidrográfica/UGRHI: Alto Tietê/UGRHI-6

Área de drenagem: 26 km²

Represa: volume total 1,328 x 106 m³

volume útil 0,616 x 106 m³

Características da barragem

Tipo: Aterro compactado

Altura máxima: 24m

Largura da crista: 7m

Comprimento: 120m

Cota de coroamento: 864,42

Órgãos de controle

Segurança contra cheias e descargas de jusante:

- Tulipa (raio interno de 1,30m); tomada d’água com comporta plana quadrada,

abertura de 2,00 x 2,00m, entre cotas 808,00 e 810,00;

- Comporta plana de fundo para abertura de seção quadrada de base 1,50m, implantada na mesma

estrutura do vertedor tulipa.

Page 33: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

32

O Reservatório Águas Claras recebe as vazões recalcada pela Estação Elevatória Santa Inês,

em múltiplos de 11 m³/s; sua função é regularizar os níveis diários e horários a partir das

vazões de tratamento requisitadas pela ETA Guaraú para atender a demanda da Região

Metropolitana de São Paulo – RMSP.

Tem a capacidade de suprir a ETA – Guaraú em sua capacidade máxima de produção (33

m³/s) por 3 horas, caso as bombas da ESI Santa Inês parem de funcionar.

Lago de Estabilização das Águas – ETA Guaraú:

As águas do reservatório acima descrito são encaminhadas por gravidade através do Túnel 2

(figura 23), até o lago de estabilização antes da ETA Guaraú porém na mesma planta (figura

22). O Túnel 2 com quase 5 km de extensão é trifurcado no trecho final para instalação de 3

válvulas dispersoras da energia hidráulica gerada pela queda d’água (média 31 m³/s) de 22

metros. Nas proximidades desse local esta prevista a instalação da PCH – Guaraú com cerca

de 4,6 MW de potencia gerada.

Figuras 22 - Reservatório de Estabilização – Guaraú Desemboque do Túnel 2 e Dispersores de energia das águas.

Fonte: Sabesp

Page 34: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

33

Figura 23 - Construção do Túnel 2.

Fonte: Sabesp

Características do Túnel 2:

Escavado em rocha, revestido totalmente em concreto nos trechos inicial e final com seção

circular de diâmetro 3,80m, com 4.878 metros de extensão. Comporta até 33m³/s de adução

firme.

Será necessário a construção de “by pass” no Túnel 2 para que a ETA - Guaraú funcione sem

interrupção durante as obras de instalação do reator/turbina.

A ETA é imprescindível no abastecimento humano da Região Metropolitana de São Paulo.

Nove milhões de pessoas e cerca de 29% do PIB do Estado dependem dessa Estação de

Tratamento.

Page 35: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

34

Características da ETA Guaraú:

A ETA Guaraú se localiza à Estrada de Santa Inês km 2, no bairro de Pedra Branca, região

norte do município de São Paulo.

A ETA Guaraú trata atualmente até 33,0 m³/s em regime contínuo, sendo responsável pelo

abastecimento de aproximadamente 9 milhões de pessoas, atendendo toda zona norte da RMS

área central da Capital e parte das zonas leste e oeste.

Figura 24 – ETA Guaraú.

Fonte: Sabesp

Page 36: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

35

Observamos que o Sistema Cantareira poderia ter aproveitado alguns túneis com bom

potencial de geração hidroenergética.

Esses potenciais foram relegados em virtude da rapidez exigida nas obras de infra-estrutura

sanitária (o milagre econômico antecipou os gargalos), do modelo econômico planificado que

segmentou institucional e empresarialmente grande parte da economia nacional (Estatais) e

dos investimentos, elaborados nos governos militares (1964-1986).

Por um lado, esta estrutura montada acelerou o crescimento econômico, mas gerou deficiência

alocativa econômica em alguns projetos.

Uma curiosidade.

Quando a SABESP encomendou os três dissipadores de energia hidráulica para a ETA

Guaraú, técnicos responsáveis argumentaram a grandiosidade dos mesmos e do porquê não se

instalava uma turbina para Guaraú ser auto-suficiente em energia elétrica.

Resposta fornecida. “A obra não poder sofrer atraso!” São Paulo enfrentava novamente escassez de água e o Brasil tinha o complexo Furnas (1963)

com a UH de Estreito pronta em 1969 e o mega projeto de Itaipu (1985), com a esperança de

energia barata, sendo a maior usina hidroenergética do mundo e orgulho dos militares.

Tenho o conceito que a eficiência financeira raramente acompanha a eficiência econômica

plena e, ao menos no segmento de infraestrutura, esta última deveria prevalecer.

Page 37: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

36

Capítulo 2

Descrição das propostas das PCHs:

2.1 - Aspectos Técnicos14:

O crescimento da demanda energética no Brasil, especialmente por fontes renováveis, além

do alto impacto ambiental e do esgotamento do potencial dos rios na construção de grandes

hidrelétricas, têm feito com que o interesse por Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)

cresçam progressivamente.

Com potência entre 1 MW e 30 MW, baixo impacto no meio ambiente e com área alagada

igual ou inferior a 3 km², são regulamentadas pela Aneel - Agência Nacional de Energia

Elétrica desde 1998 (resolução nº 394 - 04-12-1998). Segundo Aneel, operam hoje no Brasil,

359 pequenas centrais hidrelétricas, gerando 3.045 megawatts (MW), ou 2,78% da energia do

País. Outras 72 estão em construção e outorgadas mais 145.

De modo geral uma PCH típica opera a fio d'água, isto é, o reservatório não permite a

Figura 10: Planta Genérica de uma PCH.

Fonte: Portal PCH. 

14 Origens: Wikipédia com adaptações PORTAL PCH e do Autor 

Page 38: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

37

 

Fonte: Portal PCH.

Page 39: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

38

regularização do fluxo d´água. Com isso, em ocasiões de estiagem a vazão disponível pode

ser menor que a capacidade das turbinas, causando ociosidade.

Em outras situações, as vazões são maiores que a capacidade de engolimento das

máquinas/turbinas, permitindo a passagem da água pelo vertedor. Por esse motivo, o custo da

energia elétrica produzida pelas PCHs é maior que o de uma usina hidrelétrica de grande porte

(UHE-Usina Hidrelétrica), onde o reservatório pode ser operado de forma a diminuir a

ociosidade ou os desperdícios de água.

Nenhum dos dois casos acima se aplica nas PCHs propostas para o Sistema Cantareira, pois

este sistema já disponibiliza massa d’água regularizada e reservatórios já formados.

Turbinas hidráulicas são artefatos eletromecânicos projetados e construídos para transformar

energia mecânica (pressão e/ou cinética/movimento) de um fluxo de água, em potência de

eixo. Até recentemente este conceito é mais difundido em grandes Usinas Hidrelétricas –

UHE. O eixo em movimento é acoplado a um gerador, que por sua vez, é conectado à rede de

energia, através de estações conversoras.

Com o avanço tecnológico projetaram-se turbinas com melhores rendimentos e adaptadas

para geração de energia em pequena escala nas comunidades isoladas. Primeiramente

desenvolvida para termoelétricas essas turbinas se mostraram adequadas também no

aproveitamento de pequenos e perenes cursos d’águas. Ganharam o nome de PCH.

Existem quatro tipos principais de turbinas sendo elas Pelton, Francis, Kaplan e Bulbo. Cada

um destes tipos é adaptado para funcionamento a determinada faixa de altura de queda. O

princípio básico de todos os modelos segue o fluxo com a água entrando pela “tomada de

água” a montante da usina hidrelétrica que está num nível mais elevado; segue conduzida

através de um conduto forçado até a entrada da turbina. Um sistema de palhetas guias móveis,

controlam esta vazão volumétrica fornecida à turbina. As palhetas se abrem para aumentar ou

fecham para diminuir a potência produzida.

Após passar por este mecanismo a água chega ao rotor da turbina. As turbinas Pelton, não

utilizam o sistema de palhetas móveis, e sim um bocal com uma agulha móvel, semelhante a

Page 40: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

39

uma válvula. O controle da vazão é feito por este dispositivo. Deste modo a energia potencial

dela é transferida para o rotor na forma de torque e velocidade de rotação.

Uma turbina é constituída basicamente por cinco partes: caixa espiral, pré-distribuidor,

distribuidor, rotor e eixo, tubo de sucção. Nas PCH (Pequena Central Hidrelétrica) as turbinas

são fabricadas com eixo na horizontal.

A seguir descrevo os tipos de turbinas mais comuns no setor hidroenergético:

Turbina Pelton: São adequadas para operar entre quedas de 350 m até 1100 m. São comuns

em países montanhosos. Usina de Henry Borden é exemplo de utilização deste modelo no

Brasil.

Figura 11: Turbina PELTON

Fonte: Wikipédia.

Turbina Francis: São adequadas para operar entre quedas de 40 m até 400 m. A Usina

hidrelétrica de Itaipu assim como a Usina hidrelétrica de Tucuruí, Furnas e outras no Brasil

funcionam com turbinas tipo Francis com cerca de 100 m de queda d' água.

Page 41: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

40

Figura 12: Turbina FRANCIS (parte azul) Hidrogerador (parte vermelha) - eixo na horizontal.

Fonte: Wikipédia.

Figura 13: Como funciona a turbina Francis por dentro - instalada eixo na vertical.

Fonte: Wikipédia.

Page 42: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

41

Turbinas Kaplan: São adequadas para operar entre quedas de 20 m até 50 m.

O rotor se assemelha a um propulsor de navio (similar a uma hélice) com duas a seis pás

móveis. Um mecanismo complexo é montado dentro do cubo do rotor sendo responsável pela

variação do ângulo de inclinação das pás.

O acionamento das pás é correlato aos das palhetas do distribuidor, portanto uma determinada

abertura do distribuidor corresponde a uma determinada inclinação das pás do rotor. Turbinas

Kaplans apresentam curva de rendimento equalizada garantindo bom rendimento em uma

ampla faixa de operação. Geralmente são instaladas na vertical.

Figura 14: Cone com pás Kaplan (similar às turbinas Bulbos).

Fonte: Wikipédia.

Figura 15 – Kaplan - eixo vertical (UHE-Yacyreta Venezuela).

Fonte: Wikipédia.

Page 43: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

42

Figura 16: UHE Padrão

Fonte: Wikipédia.

Turbina Bulbo: Operam em quedas abaixo de 20 m.

Uns falam que foram projetadas em 1930 e fabricas pela empresa Escher Wyss em 1936

outros que foram inventadas na década de 1960, na França para a usina maremotriz de La

Rance e depois desenvolvidas para outras finalidades.

Sua arquitetura de eixo é similar a uma turbina Kaplan horizontal, porem devido à baixa

queda, o gerador hidráulico encontra-se em um bulbo por onde a água flui ao seu redor antes

de chegar às pás da Turbina. Muito diferente das usinas hidroelétricas tradicionais que pode

ser visualizada na figura 5.

Este conceito de Bulbo evita a necessidade de grandes escavações no leito dos rios ou a

construção de grandes paredões de concreto para o represamento dos mesmos com a

finalidade de ter espaço para instalação das Kaplans na posição vertical, bem como a escassez

Page 44: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

43

de locais (rios em vales) propícios para a construção dessas mega estruturas de cimento e aço.

Assim abriu-se um leque enorme de novas possibilidades de aproveitamento hidroenergético

que antes não tinham viabilidade financeira, aliado ao discurso ambiental, pois este tipo de

projeto não requer grandes represamentos dos rios e legislação regulatória adequada, fez das

turbinas Bulbos a tendência no setor de auto produtores de energia.

Figura 17: Bulbo por dentro da turbina.

1-Bulbo 2-Tubo de acesso 3- massa d’água 4- Gerador 5-Estator 6-Pilar sustentação 7- Eixo 8- Base fixação 9- Articulação pás 10-Pás do distribuidor 11- Pás rotor 12- Cone 13- Cubo 14- Rotor.

Fonte: Wikipédia.

Page 45: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

44

Figura 18: Esquemática da localização Turbina Bulbo (vermelho).

Fonte: Wikipédia.

Os tipos de turbinas usadas mundialmente e fabricadas para pequenas centrais hidrelétricas

são: Turbina Turgo; turbina Pelton; turbina de fluxo cruzado; turbina Francis ; turbina Axial;

turbina sifão; turbina S e a turbina Bulbo.

Como a energia chega a nossos lares. Breve relato:

Hidrogerador: É o gerador síncrono, essa máquina é capaz de converter energia mecânica em

elétrica (dínamo) quando operada como gerador e, energia elétrica em mecânica, quando

operada como motor.

Geradores síncronos são utilizados em todas as usinas hidrelétricas e termelétricas.

Rotor: Parte girante da máquina, constituído de um material ferromagnético envolto em um

enrolamento chamado de enrolamento de campo, que tem como função de produzir um

campo magnético constante assim como no caso do gerador de corrente contínua para

interagir com o campo produzido pelo enrolamento do estator. Análogo aos motorzinhos

elétricos dos brinquedos e carrinhos de autorama.

Estator (armadura): Parte fixa da máquina, montada em volta do rotor de forma que o mesmo

possa girar em seu interior, também constituído de um material ferromagnético envolto em

um conjunto de enrolamentos distribuídos ao longo de sua circunferência.

Page 46: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

45

Subestação: Instalação elétrica de alta potência com equipamentos para transmissão,

distribuição, proteção e controle da energia elétrica. No percurso entre as usinas e as cidades,

a energia passa por diversas subestações, onde transformadores aumentam ou diminuem a

tensão. Para diminuir a perda de eletricidade ao longo das grandes extensões que separam a

UHE das cidades a tensão elétrica é elevada no início da transmissão pelos transformadores.

Quando das proximidades dos centros urbanos, a tensão é rebaixada para permitir a

distribuição da energia por toda a cidade.

Apesar de mais baixa, a tensão utilizada nas redes de distribuição ainda não está adequada

para o consumo residencial imediato, necessitando da instalação de transformadores menores

nos postes das ruas para reduzir ainda mais a voltagem da energia que vai diretamente para as

residências, comércios e outros locais de consumo.

2.2 – Aspectos Gerais: Estudos encomendados em 1988 pela Sabesp identificaram determinado potencial de geração

hidroelétrica no Sistema Cantareira através de PCHs.

Estima-se um potencial total de geração hidroenergética de aproximadamente 24 MW, mas

em virtude do enchimento dos túneis para início das operações, somente Guaraú e Cascata

apresentam menores complicações para instalações de turbinas. A produção de água para a

Região Metropolitana de São Paulo não pode parar.

Apurou-se uma geração energética nominal para essas duas PCHs de 4,6 MW Guaraú e 3

MW Cascata. Traduzindo em energia firme o número fica perto de 67 Gwh, suficiente para

suprir 25% do consumo energético anual com tratamento de esgoto, que foi de

aproximadamente 266 Gwh em 2007. Supre com folga o consumo de eletricidade pelos

setores administrativos da empresa em 2007 que foi de 16 Gwh correspondente a R$

5.300.000.

Page 47: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

46

O reservatório Águas Claras tem capacidade de atender demanda de água para tratamento na

ETA Guaraú, apenas durante 3 horas (plena carga produtiva da ETA de 33 m³/s) caso o

bombeamento de Santa Inês sofra uma parada.

Como o Sistema Adutor Metropolitano está integrado, determinadas regiões da RMSP

poderão diminuir a dependência do Sistema Cantareira e serem abastecidas pelos Sistemas

Guarapiranga e/ou Taiaçubeba/Alto Tietê. Esta operação coordenada poderá aumentar esta

janela de 3 horas.

O risco é enorme e para diminuí-lo uma opção seria a construção de duto igual e paralelo ao

Túnel 2 (by pass) onde seria instalada a PCH – Guaraú. Este “by pass” também facilitará a

manutenção da turbina no futuro, não interrompendo a produção de água.

O túnel 2 apresenta um extensão em gravidade considerável de aproximadamente 5 km,

portanto tem muita energia cinética acumulada no percurso caso a turbina seja instalada

diretamente no lugar dos dissipadores, percebi no projeto de engenharia proposto que esta

energia cinética não será aproveitada em todo seu potencial, mas sim somente a energia de

pressão.

Executados estudos alternativas de engenharia com uma e com duas unidades geradoras. Foi

escolhida a solução com uma única máquina. Foi também considerado o fato de que a outra

PCH em estudo, a PCH Cascata, também terá uma única máquina instalada e, desse modo, o

conjunto das duas usinas permitirá uma maior flexibilidade operacional à SABESP.

2.3 - Especificações da Turbina - PCH Guaraú15

Os valores de queda e vazão, respectivamente 14,8 m e 33 m3/s, existentes em Guaraú,

conduziram à solução com turbinas do tipo Kaplan.

A possibilidade do emprego de turbinas bulbo foi descartada, considerando-se que o diâmetro

do bulbo, que contém o gerador, tornaria o acesso de pessoas ao interior do mesmo, para

15 Origem: SABESP com adaptações do autor.

Page 48: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

47

manutenção do gerador e dos mancais, muito apertado. Nos modelos (Bulbos) adotados na

futura UHE Santo Antônio no rio Madeira, o gerador hidráulico ficará instalado dentro de um

bulbo com cerca de 8 metros de diâmetro.

As alternativas com Kaplan vertical e com tubular “S” jusante também foram eliminadas,

tendo em vista o elevado volume de escavação resultantes dessas soluções.

A alternativa com tubular ”S” montante foi a que forneceu melhor arranjo e menores valores

de custos de implantação. Turbinas tipo "S" montante com eixo horizontal, empregadas em usinas de baixa queda.

O gerador e o multiplicador são instalados a montante, fora das passagens hidráulicas da

turbina. Nesse caso, considerando o arranjo proposto, é possível remover o gerador sem

maiores dificuldades, com o auxílio de ponte rolante.

As turbinas tipo "S" têm sua aplicação, principalmente para aproveitamento de baixas

quedas, entre 5 e 20 m, podendo em alguns casos chegar a 25 m de queda. Seu emprego em

projetos de pequenos aproveitamentos é conveniente por apresentar flexibilidade de operação,

simplicidade de montagem e facilidade de acesso e manutenção.

Cada dimensão de turbina pode ser fornecida, dependendo das variações de altura de queda e

vazão em quatro variantes: distribuidor móvel e rotor de pás móveis; distribuidor fixo e rotor

de pás móveis; distribuidor móvel e rotor de pás fixas; distribuidor fixo e rotor de pás fixas.

Grandes variações requererão, geralmente, instalações de turbinas com pás móveis (tipo

Kaplan). No caso de aplicação de turbinas com distribuidor fixo, a partida e a parada da

unidade deverá ser assegurada por método de segurança, geralmente uma comporta vagão ou

por uma válvula borboleta.

A Alstom-ABB (antiga Mecânica Pesada) em Taubaté, fornece este tipo de turbinas para

alturas entre 3 e 22m, vazões entre 9 e 50 m3/s e faixa de potência de 500 a 5000 kW, com

diâmetros de rotores que variam de 1,50 m até 2,65 m. Existe ainda a possibilidade de o rotor

trabalhar no lado de montante ou jusante, dependendo do lado onde fica situado o grupo

gerador.

Page 49: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

48

Resumo das vantagens da Turbina Tubular “S” montante:

• Alta rotação no gerador e, portanto, dimensões e custos menores;

• Posição horizontal do Tubo de Sucção na mesma elevação da unidade geradora e conseqüente redução das escavações;

• Possibilidade de desmontagem do gerador sem esvaziamento da unidade;

• Utilização de geradores padronizados de alta rotação;

• Economia proporcionada no gerador é maior do que o custo do multiplicador.

Page 50: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

49

Figura 19: Projeto PCH – GUARAÚ

Fonte: Sabesp.

Page 51: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

50

As turbinas serão do tipo tubular “S” montante, com rotor Kaplan, de eixo horizontal, sendo compostas dos seguintes itens:

Turbina:

Tipo........................................................................................ Tubular “S” montante

Número de Unidades ..............................................................................................1

Potência Nominal (kW) ......................................................................................4.400

Queda Nominal (m) ............................................................................................10,0

Rotação Síncrona (rpm) .......................................................................................200

Vazão Nominal por Unidade (m3/s) ...................................................................33,00

Diâmetro do Rotor (m)..........................................................................................2,56

Peso (ton) ...........................................................................................................61,0

Rendimento (%)...................................................................................................92,0

Geradores:

Potência Nominal (kVA) ...................................................................................4.650

Rotação (rpm) ....................................................................................................900

Rendimento Máximo (%)....................................................................................97,0

Fator de Potência (cos ϕ)....................................................................................0,90

Tensão Nominal (kV) ..........................................................................................4,16

Cronograma:

Início das Obras mês 01

Desvio mês 02

Geração Comercial mês 16

Page 52: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

51

Custos (x 103 R$):

Meio Ambiente 69,30 Custo Total sem JDC 17.459,44

Obras Civis 3.763,25

Juros Durante a Construção

1.745,94

Meio Ambiente 69,30 Custo Total sem JDC 17.459,44

Obras Civis 3.763,25 Juros Durante a Construção

1.745,94

Equipamentos Eletromecânicos 11.080,69

Custo Total com JDC 19.205,38

Custo Direto Total 14.913,24 Data de Referência Outubro/2002

Custos Indiretos 2.546,20 Taxa de Câmbio 3,644

Custo de O & M R$ 5,00/Mwh/ano

2.4 - Especificações das Turbinas - PCH Cascata15

O Vertedouro da Cascata foi implantado no canal retificado do rio Juqueri, que liga o túnel

adutor de jusante do reservatório Atibainha ao reservatório Paiva Castro, para permitir a

dissipação controlada de energia e evitar a erosão ao longo do canal. Nesse local há um

desnível bruto de 10,20 m onde a vazão média mensal aduzida varia entre cerca de 20,6 e

32,3 m3/s.

O empreendimento prevê o aproveitamento dessa queda, adicionado de 1,00 m com a

implantação de comportas no vertedouro, sem alterar a vazão aduzida. Essa vazão deixará de

passar pelo vertedouro para alimentar a usina e será restituída imediatamente a jusante desse

vertedouro.

Os valores de queda e vazão, respectivamente 9,9 m e 32 m3/s, existentes em Cascata,

conduziram à solução com turbinas do tipo Kaplan. A possibilidade do emprego de turbina

bulbo foi descartada, considerando-se que o diâmetro do bulbo, que contém o gerador,

15 Origem: SABESP com adaptações do autor.

Page 53: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

52

tornaria o acesso de pessoas ao interior do mesmo, para manutenção do gerador e dos

mancais, muito apertado.

As alternativas com Kaplan vertical e com tubular “S”, com gerador a jusante também foram

eliminadas, tendo em vista o elevado volume de escavação resultantes dessas soluções. A

alternativa com tubular ”S”, com gerador a montante foi a que forneceu melhor arranjo e

menores valores de custos de implantação.

Turbina tipo "S" montante são turbinas de eixo horizontal, empregadas em usinas de baixa

queda. O gerador e o multiplicador são instalados a montante, fora das passagens hidráulicas

da turbina. Nesse caso, considerando o arranjo proposto, é possível remover o gerador sem

maiores dificuldades, com o auxílio da ponte rolante.

Foram estudadas alternativas com uma e com duas unidades geradoras. Foi escolhida a

solução com uma única máquina, considerando o menor custo de investimento e manutenção.

Foi também considerado o fato de que a outra PCH do Sistema Cantareira, em estudo, a PCH

Guaraú, também terá uma única máquina instalada e, desse modo, o conjunto das duas usinas

permitirá uma maior flexibilidade operacional à SABESP, dada às semelhanças de

características tais como queda, vazão, rotação, potência, padronização em geral, manutenção,

peças sobressalentes, etc..

Page 54: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

53

Figura 10: Projeto PCH – CASCATA

Fonte: Sabesp.

Page 55: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

54

Turbina:

Tipo........................................................................................ Tubular “S” montante

Número de Unidades ..............................................................................................1

Potência Nominal (kW) ......................................................................................2958

Queda Nominal (m) ............................................................................................9,90

Rotação Síncrona (rpm) .......................................................................................200

Vazão Nominal por Unidade (m3/s) ...................................................................33,00

Diâmetro de Saída do Rotor (m)..........................................................................2,56

Peso (ton) ...........................................................................................................61,0

Rendimento (%)...................................................................................................92,0

Geradores:

Potência Nominal (kVA) ...................................................................................3.188

Rotação (rpm) ....................................................................................................900

Rendimento Máximo (%)....................................................................................97,0

Fator de Potência (cos ϕ)....................................................................................0,90

Tensão Nominal (kV) ..........................................................................................4,16

Cronograma:

Início das Obras mês 01

Desvio mês 02

Geração Comercial mês 16

Page 56: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

55

Custos (x 103 R$):

Meio Ambiente 69,3 Custo Total sem JDC 13.080,01

Obras Civis 2.251,63

Juros Durante a Construção

1.308,00

Equipamentos Eletromecânicos

8.849,84

Custo Total com JDC 14.388,01

Custo Direto Total 11.170,78 Data de Referência Outubro/02

Custos Indiretos 1.909,24 Taxa de Câmbio 3,644

Custo de O & M R$ 5,00/Mwh/ano

Page 57: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

56

Capítulo 3

Avaliação e Modelo Econômico Financeiro das PCHs Guaraú e Cascata.

3.1 – Considerações iniciais:

O enfoque dado pela alta administração em apenas duas alternativas mais atraentes e

pragmáticas tem justificativa no “core business” da Sabesp, este concentrado no saneamento

ambiental. A diretriz é universalização, dentro do Estado de São Paulo, dos municípios

operados pela companhia e somente depois alocar investimentos em outros setores

estratégicos.

Sintetizando! O paradigma interno da empresa aborta e/ou dificulta incursões em outros

segmentos de negócios, sendo o mais promissor o setor energético, muito correlato à

produção de água (reservatórios e pequenas quedas d’águas) e tratamento de esgoto (biogás

gerado nos biodigestores).

Desenvolveu-se ao longo do tempo, argumentos que atenuam essa resistência, como exemplo

o grande gasto com energia elétrica pela Sabesp nas suas operações e serviços.

Os gastos energéticos chegam a ficar próximos com o montante da folha de pagamentos e

com o avanço do tratamento de esgoto e automatização das operações, no curto prazo, a conta

energia elétrica tende ser a principal no custeio geral da companhia.

A argumentação foi aceita, minando os paradigmas estabelecidos que geraram deficiências

alocativa econômicas no aproveitamento integral de receitas potencias. As grandes obras de

infraestruturas operacionais da Sabesp proporcionam esses desvios.

Essas oportunidades apresentam retornos financeiros positivos e TIR atraentes quando

isolados do projeto maior, mas o montante de dinheiro é baixo frente ao alto fluxo financeiro

dos projetos de água e esgoto. Esta anomalia faz com que erroneamente descartemos receitas

potenciais.

Page 58: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

57

Desenvolvido e estabelecido este conceito passou-se a considerar a entrada da Sabesp no setor

energético e as portas se abriram para as PCHs, ideais neste momento inicial além de práticas,

pois causam impactos não significativos na cultura e operações da empresa.

Com geração de parcela da energia elétrica e posicionando os KWh de forma inteligente e

adequada no Mercado Atacadista de Energia – MAE, poderíamos maximizar receitas e obter

sinergias nas despesas, diminuindo os custos energéticos demandados nas operações

cotidianas de produção e tratamento (água e esgoto).

Fechando o circulo financeiro com a estratégia descrita acima, obteremos mais recursos e

robustez para o “core business” da Sabesp, além do incremento do Ativo Diferido da marca

Sabesp, marcando presença como uma empresa completa em soluções ambientais

sustentáveis.

Conquistaremos também, conhecimento de todo fluxo de negócio (licitação, produção e

venda) do setor energético, podendo partir para ambições maiores e mais complexas.

No término do capitulo espero conscientizar a importância, nem sempre observada, do

conceito de eficiência alocativa econômica nas grandes obras de infraestrutura. Essas

oportunidades, geralmente auto-sustentáveis, estão camufladas pelo véu da eficiência

financeira do projeto que enfoca somente 20-30 anos.

A eficiência econômica raramente se apresenta propícia - no exato momento do

desenvolvimento de grandes projetos - para alavancar financeiramente dois ou mais setores

econômicos diferentes, principalmente setores que fujam do objetivo principal. Deixamos de

aproveitar receitas potenciais pequenas, mas que no longo prazo (40-50 anos), com mudanças

econômicas, tecnológicas ou mesmo o esgotamento dos recursos naturais, façam do que

atualmente parece um patinho feio, um futuro e belo cisne.

As PCHs instaladas no sistema produtor de água em operação, projeto inédito no Brasil, vêm

corrigir decisões passadas, porém perdeu-se a maior parte do potencial hidroenergético que

ora se apresentava.

A história dos negócios esta cheia desses exemplos.

Page 59: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

58

Conclusões:

O projeto de instalação de Pequenas Centrais Hidroelétricas - PCHs no Sistema de Produção

de Água Guaraú (Sistema Cantareira) são obras únicas, portanto não tem condições de

desenvolver alternativas realmente relevantes. O máximo que poderíamos elaborar seria uma

turbina mais eficiente, mas com a modelagem proposta, deixaremos isso com os concorrentes

interessados em participar da licitação. O formato possibilita despertar interesse do mercado

e seus agentes econômicos tendem oferecer maior percentual, além do mínimo exigido, da

receita bruta para a Sabesp.

A Sabesp será uma espécie de sócia indireta e sua contrapartida é a disponibilização do

potencial hidroenergético gerado pela externalidade do projeto original; esse almejava sanar o

déficit crônico de abastecimento de água potável para a Região Metropolitana de São Paulo –

RMSP na década de 70 do século passado.

Dando inicio às conclusões, primeiramente justifico o montante do investimento através de

pesquisas e textos que tratam sobre o assunto (portal PCH). Conforme especialistas do

mercado energético, o custo de construção por MW instalado no segmento de PCHs esta na

faixa de três e meio a cinco milhões de reais (preços de 2009).

No projeto das duas PCHs no Sistema Cantareira esta previsto um potencial instalado de sete

MW. Considerei também outras informações pertinentes do mercado energético para

corroborar o montante dos investimentos; como as porcentagens estimadas para os valores das

obras de engenharia civil (60-70%) e valores dos equipamentos eletromecânicos/montagem

(30-40%) nos projetos de geração de energia.

Através dessas referencias de mercado, começo estabelecer determinadas premissas. As obras

de engenharia civil no projeto conjunto das PCHs terão proporções menores se comparadas

aos estipulados pelo mercado, pois os preços acima sugeridos fazem referência a obras

inéditas, ou seja, projetos que tem tudo por fazer (licenciamento ambiental, desapropriações,

regularização de massa d’água, canais, barragens, etc.).

Page 60: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

59

O Sistema Cantareira possui tudo pronto; reservatórios, dutos, canais, licenciamentos,

estradas, instalações, etc., a disposição e amplamente testados por 38 anos de operação

interrupta.

Temos ainda a tecnologia bastante simples e amplamente difundida das turbinas Kaplan tipo

“S” proposta para o projeto, além da quantidade de turbinas (duas) que aumentam o poder de

barganha da “SPE” na cotação de preços para sua fabricação. Assim justifico e proponho o

custo de 2,7 milhões por MW instalado e recalibro o montante investido para R$ 19.000.000

(ANEXO 1).

(equipamentos e montagens) 30% de 3,5 milhões + (obras civis) 21% de 3,5 milhões

As Despesas de Exploração – DEX foram calculadas somente na fase da entrada em operação

e foi considerada a estimativa de funcionários estritamente operacionais e de segurança,

seguindo uma lógica de otimização dos recursos. A manutenção foi estimada em 1% a.a. do

montante inicial investido. (ANEXO 2).

O prazo do projeto acompanha o da concessão fornecida pela Agencia Nacional de Energia

Elétrica – ANEEL e finda em 19/10/2030, portanto, 20 anos de autorização para exploração.

A partir da Data de Eficácia do contrato será concedido à “SPE”, o prazo máximo de 16

meses para conclusão das obras e a entrada do sistema em operação comercial. A “SPE” terá

um prazo total na exploração comercial (receitas, despesas e recuperação dos investimentos)

de 18 anos.

O Imposto de Renda – I.R. é calculado considerando as compensações tributárias dos

prejuízos iniciais, descontando-os dos impostos a pagar futuros, conforme especificado na

legislação tributária vigente no país.

Os seguros necessários (responsabilidade civil e riscos de engenharia) acompanham as

fórmulas e taxas usualmente aplicadas no mercado para esse tipo de projeto. O prazo do

seguro utilizado no fluxo de caixa abrange todo o período de construção, estimado em 24

meses mais 12 meses de efetiva entrada em operação comercial; perfazendo um total de 36

meses.

Page 61: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

60

Riscos de Engenharia aplicou-se a fórmula:

PR ={ VCR x [ ( Tb + ( Tm x Pm) ] } x ( 1+IOF )

PR = Premio Total de Risco Engenharia

VCR = Valor de Contrato de Obras (Investimento)

Pm = Prazo Contratual em meses

Tb = Taxa básica

Tm = Taxa mensal

IOF = Imposto Sobre Operações financeiras

Responsabilidade Civil Geral aplicou-se a fórmula:

PR =[( IS x Ta ) x Cf ] x ( 1+IOF )

PR = Premio Total de Risco Engenharia

IS = Valor da Importância Segurada

Cf = Coeficiente de RC conforme tabela de Curto Prazo / Longo Prazo

Ta = Taxa anual

IOF = Imposto Sobre Operações financeiras

Justifico a inclusão das despesas com seguros somente em 36 meses no fluxo de caixa do

projeto pelo mesmo motivo apresentado quando da elaboração do montante do investimento.

O Sistema Cantareira se mostra confiável há 38 anos. A tecnologia utilizada nas PCHs

também são confiáveis e amplamente testadas em diversos outros projetos mundo afora.

As tarifas que balizaram a Análise Econômica Financeira e que serviram para a calibragem

dos percentuais mínimos sobre a Receita Bruta exigidos, como contra partida a ser paga para

a Sabesp, pela cessão dos usos de suas instalações, seguiram as sugestões do mercado

energético.

Page 62: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

61

Os especialistas estimam que a tarifa para viabilizar a maioria das PCHs no Brasil deva

permanecer entre 150-170 R$/MWh. A Sabesp que tem descontos fixados em lei de 15% no

seu consumo de energia apresenta custos médios reais de 143 R$/MWh em 2009 com

fornecedores Elektro e Eletropaulo (ANEXO 4).

A tarifa média praticada pelas concessionárias Elektro e Eletropaulo, atuantes na área de

influencia das futuras PCHs, estão em 156 R$/MWh. Um pouco acima do mínimo pleiteado

pelos especialistas do setor. Saliento que o setor exerce gestões junto ao governo federal na

redução do Imposto de Renda incidentes sobre a energia da PCHs (Belo Monte consegui 75%

de redução do I.R.) de forma a viabilizar muitos empreendimentos que apresentam margens

apertadas (ANEXOS 5 e 6).

As PCHs propostas no Sistema Cantareira, nos seus fluxos financeiros integrados, apresentam

o Custo Marginal de 144 R$/MWh, ficando abaixo das tarifas sugeridas e satisfazendo a

rentabilidade do empreendimento exigida pelo mercado 12% (ANEXO 7).

A modelagem desta proposta visa traçar o melhor método para viabilização e inserção da

Sabesp no setor energético e cumprindo os limites corporativos atuais. Claro que se a

companhia investisse e operasse sozinha obteria a TIR total de 20%; conforme já explicado, a

premissa é universalização e o paradigma é focar investimento em serviços de água e esgoto,

“core business” da organização.

O presente estudo foi orientado de forma a apresentar e fixar limites sustentáveis de

rentabilidade (12%), para ambas as partes, ao mercado. Com esta modelagem a Sabesp não

colocaria dinheiro, não desviaria recursos para outras operações sem ser água e esgoto e os

impactos seriam mínimos, atendendo dessa forma a política estratégica interna atual da

empresa.

Exigindo contrapartida da Receita Bruta da “SPE” com fixação do percentual mínimo no

Edital de Licitação (20%), sobre o qual deverá ocorrer proposta melhores. Incorpora incentivo

subliminar intrínseco nesta modelagem, as empresas tendem a aperfeiçoar a técnica de

construção/engenharia e/ou aperfeiçoar o fluxo financeiro de formar a poder oferecer melhor

Page 63: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

62

participação na receita. Os argumentos de que poderiam causar obras com pouca segurança

não é valido dentro de uma sociedade responsável e ética que pretendemos. Caso insistamos

nesses argumentos não haveria modelagem segura.

A estratégia empregada na modelagem é valida, pois diminui o risco que a empresa incorre

pela falta de experiência operacional e administrativa na produção e comercialização da

energia.

O fluxo econômico financeiro desenvolvido, simula de forma conservadora os investimentos

e despesas necessários. Conservador porque conforme a experiência e o poder de negociação

do consórcio vencedor esse fluxo poderá ser melhorado, elevando a taxa de retorno.

Na realidade o interesse dos eventuais consórcios é a venda dos serviços de construção civil e

fornecimento de equipamentos eletromecânicos. A rentabilidade alta esta na alavancagem das

vendas das empresas formadoras do consórcio, onde as taxas de retorno são muito

interessantes e embutidas nos preços médios que o mercado estipula para o MW instalado (o

valor do investimento). A TIR poderá ser razoável ou pouco abaixo (do praticado pelo

mercado) nos fluxos de 18 anos da SPE. O Fluxo Financeiro construído apurou uma TIR de

11,5% que viabiliza o empreendimento.

Não esperemos a formação mais do que dois ou três consórcios em virtude do mercado

brasileiro ser restritivo aos concorrentes internacionais e pelo fato de haver poucas empresas

internas capacitadas no fornecimento das turbinas.

O consórcio requer (estratégia) que um de seus formadores seja fornecedor ou retentor do

conhecimento da construção dos equipamentos eletromecânicos inclusive a turbinas; assim o

modelo apresentado de oferecer o maior desconto a partir do mínimo exigido é vantajoso, pois

força a eficácia alocativa financeira e econômica do empreendimento.

Outro fator importante que corrobora a construção do fluxo de caixa conservador é despertar

amplo interesse do mercado empreendedor na participação do processo de licitação; é muito

nocivo para um projeto a concorrência vazia, sem apresentação de propostas. O projeto fica

estigmatizado e obviamente sofre uma desvalorização de difícil mensuração.

Page 64: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

63

Quanto maior o leque de consórcios participantes maior será a visibilidade do projeto e a

criatividade na elaboração do fluxo financeiro e/ou operacional visando oferecer o maior

percentual da Receita Bruta para a Sabesp.

O que é realmente positivo nessa empreita é o ganho de conhecimento, pela Sabesp, no

funcionamento do setor energético como produtor (expertise).

Temos também o ganho econômico e social pela correção, mesmo que tardia, da deficiência

alocativa econômica, deixando de competir por recursos com outros setores econômicos.

Contribuindo na diminuição do risco energético do país com investimento baixo, demandando

poucos recursos do mercado financeiro e colocando energia no mercado a um preço médio

facilmente absorvido pela sociedade.

No conjunto da obra a Sabesp conquista uma respeitabilidade no mercado em que atua, graças

ao enfoque na sustentabilidade econômica, financeira e ambiental. Uma empresa que utiliza

técnicas modernas de gestão nos projetos e na elaboração de soluções financeiras e

operacionais, alavancando recursos, fortalecendo receitas e a inserindo em novos negócios e

mercados, alargando o espectro de oportunidades.

Com absoluta certeza, todos os percalços que a proposta apresentou no seu longo percurso

(desde 1988) será premiado dentro de três anos com o início das operações das duas unidades

energéticas. Marcará uma etapa importante da história da Sabesp e mais uma da Serra da

Cantareira que há tempos contribui para o crescimento de São Paulo.

Criatividade e respeito à sociedade através da sustentabilidade econômico-ambiental farão

parte do portfólio da empresa e a credenciará em empreitadas futuras.

Page 65: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

64

Referências bibliográficas:

Leitura do Edital Licitatório

Leitura do projeto básico confeccionado pelo Consórcio de Engenharia.

SANVICENTE A. Z. - Administração Financeira, São Paulo, Editora Atlas S.A. – 1997.

HOFFMANN L. D. – Cálculo, Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.

1986.

Page 66: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

65

Glossário;

PCHs – Pequenas Centrais Hidroelétricas

ETA – Estação de Tratamento de Água

SPE – Sociedade de Propósito Específico

PND I II – Plano Nacional de Desenvolvimento

TIR – Taxa Interna de Retorno

VPL – Valor Presente Líquido

Page 67: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

66

Apêndices e anexos:

ANEXO 1 - DADOS E PREMISSAS BÁSICAS.

ANEXO 2 - MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO.

ANEXO 3 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO/CUSTOS FINANCEIROS DOS INVESTIMENTOS. ANEXO 4 - CÁLCULO DO GASTO REAL SABESP COM ENERGIA. ANEXO 5 - CÁLCULO DA TARIFA MÉDIA DE ENERGIA ELÉTRICA - ELETROPAULO.

ANEXO 6 - CÁLCULO DA TARIFA MÉDIA DE ENERGIA ELÉTRICA - ELECTRO.

ANEXO 7 - ANÁLISE ECONÔMICA E FLUXO FINACEIRO DA SOCIEDADE POR PROPÓSITO ESPECÍFICO – SPE.

Page 68: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

ANEXO 1 - DADOS E PREMISSAS BÁSICAS

Investimentos R$ mil 19.000.000

Prazo de depreciação dos ativos 16

Taxa de Desconto 12,0% a.a.

Impostos (Pis/Cofins) 3,65%

Impostos (ICMS) 0,00%

Imposto de Renda/Contribuição Social Lucro Líquido 34,0%

Taxa de Fiscalização (ANEEL - 0,5%) 0,50%

Geração Prevista das PCH´s Kwh Mwh/Mês Mwh/ano

Bacia de Estabilização - GUARAÚ 4.600 3.312 39.744

Vertedouro - CASCATA 3.000 2.160 25.920

Total 7.600 5.472 65.664

Preço Médio da Energia Elektro/Eletropaulo (Junho 2009) 156,0 R$/Mwh

Preço Médio da Energia pago Sabesp (Junho 2009) 142,8 R$/Mwh

Custo O&M 29,0 R$/Mwh/mês

Fator de Disponibilidade 99%

Seguro sobre Investimentos 8,0%

Seguro Operacional/Receita 9,0%

Perdas Geração/Transmissão (curta distancia da rede princi 1,0%

TUSD - Taxa Uso Sistema Distribuição 2.215 R$/(Mw/mês)Fonte: AutorDe fato, os custos de manutenção são tão baixos que sequer podem ser comparados aos de construção de uma hidrelétrica. De acordo com José Bonifácio Pinto Junior, diretor de contratos da Odebrecht, estima-se, de forma grosseira, que os custos de construção variem hoje de 3,5 a 5 milhões de reais por MW instaladoEsse gasto inclui custos sócio-ambientais, como ações mitigatórias, criação de reservas, além desapropriação de moradores, e outros, que podem significar de 5 a 10% do custo total de construçãoCusto Médio da Energia produzida por PCHs 150 , 160 e 170 R$/MW

12.920.000 CUSTO APURADO/ESTIMADO PARA A CONSTRUÇÃO DE PCHscom base nas informações mercado de 3,5 a 5 milhões/MW

60% obras civis 2.550.000 40% equipamentos 1.700.000

7,6 Mw4.250.000 por Mw instaladomédia Investimento

Potencia Instalada

em R$ I0-Junho 2009

Page 69: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

ANEXO 2 - MANUTENÇÃO E OPERAÇÃOReferente ao montante investido de => 19.000.000 em R$ I0-Junho 2009

Operadores (3 turnos + 1 folguista) x 2 27.630 Segurança PCHs Cascata (3 turnos + 1 folguista) 27.630 Secretária + BoyGerente 1/2Motorista

sub-total 55.260 Encargos (92% - SABESP) 50.839 Manutenção (1% a.a. do Investimento) 15.833

sub-total 121.932 BDI (30%) 36.580 TOTAL MÊS 158.511 TOTAL ANO 1.902.138 Fonte: Autor

Page 70: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

ANEXO 3 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO/CUSTOS FINANCEIROS DOS INVESTIMENTOS

16 Depreciação AmortizaçãoCusto FinanceirosInvestimentos Taxa Juros

19.000.000 12% TOTAL123 1.187.500 2.280.000 3.467.500 4 1.187.500 2.137.500 3.325.000 5 1.187.500 1.995.000 3.182.500 6 1.187.500 1.852.500 3.040.000 7 1.187.500 1.710.000 2.897.500 8 1.187.500 1.567.500 2.755.000 9 1.187.500 1.425.000 2.612.500 10 1.187.500 1.282.500 2.470.000 11 1.187.500 1.140.000 2.327.500 12 1.187.500 997.500 2.185.000 13 1.187.500 855.000 2.042.500 14 1.187.500 712.500 1.900.000 15 1.187.500 570.000 1.757.500 16 1.187.500 427.500 1.615.000 17 1.187.500 285.000 1.472.500 18 1.187.500 142.500 1.330.000 19 - - - 20 - - -

16 anos é o prazo mais eficaz para o custo marginal do projetoFonte: Autor

Page 71: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

MÉDIAS TARIFÁRIAS DA ENERGIA

ANEXO 4 - CÁLCULO DO GASTO REAL SABESP COM ENERGIA.

Consumo Real ajustado da ETA - GUARAÚ Concessionária - Eletropaulo (Grupo A4)Demanda Kw R$/Kw/mês * R$

Ponta 188 31,13 5.864,11 Fora de Ponta 1.319 7,35 9.694,47

sub-total 1.507 15.558,58 Consumo Kwh R$/Mwh *

Ponta 73.382 250,31 18.368,25 Fora de Ponta 1.237.018 155,92 192.879,97

sub-total 1.310.400 211.248,22 Total 226.806,80

Desconto saneamento 15% 1,15 (34.021,02) ICMS -

192.785,78 (*) Tarifa Média entre os meses úmido (5 meses) e sêco (7 meses) Junho 2009

Períodos: Ponta 3 hrs/dia Fora de Ponta 21 hrs/dia R$/Mwh 147,12 Demanda + Consumo

Consumo Real ajustado da ESI - CASCATA Concessionária - Elektro (Grupo A2)Demanda Kw R$/Kw/mês * R$

Ponta 5.706 44,10 251.634,60 Fora de Ponta 39.942 10,23 408.606,66

sub-total 45.648 660.241,26 Consumo Kwh R$/Mwh *

Ponta 2.884.554 213,64 616.253,71 Fora de Ponta 28.191.600 134,43 3.789.749,80

sub-total 31.076.154 4.406.003,51 Total 5.066.244,77

Desconto saneamento 15% 1,15 (759.936,72) ICMS -

4.306.308,06 (*) Tarifa Média entre os meses úmido (5 meses) e sêco (7 meses) Junho 2009

Períodos: Ponta 3 hrs/dia Fora de Ponta 21 hrs/dia R$/Mwh 138,57 Demanda + Consumo

Fonte: Autor

Page 72: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

ANEXO 5 - ELETROPAULOCÁLCULO DA TARIFA MÉDIA DE ENERGIA ELÉTRICA

HORO-SAZONAL AZUL

RESOLUÇÃO nº 846 de 01/Jul/2009

Concessionária: ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S/A - ELETROPAULO

US$ comercial - venda (ÉPOCA) 1,96

ANEXO I-ASUBGRUPO A4 (de 2,3 kv a 25 kv)

DEMANDA (em R$/kw/mês) TARIFA MÉDIA DA DEMANDA

PONTA (3 horas) -> 31,13 10,32 R$ / Kw / mês

FORA DE PONTA (21 horas) -> 7,35 5,27 US$ / Kw / mês

CONSUMO (em R$/Mwh) TARIFA MÉDIA DO CONSUMO

PONTA (3hrs) SÊCA (7 meses) -> 260,76 167,72 R$ / Mwh

PONTA (3hrs)ÚMIDA (5 meses) -> 235,68 85,57 US$ / Mwh

FORA DE PONTA SÊCA -> 161,99FORA DE PONTA ÚMIDA -> 147,43

TARIFA MÉDIA DO CONSUMO POR ESTAÇÃO

SÊCA -> 174,34 R$ / Mwh 102,55 US$ / Mwh

ÚMIDA -> 158,46 R$ / Mwh 93,21 US$ / Mwh

APLICAR DESCONTO DE 15% EMPRESA DE SANEAMENTO

Fonte: Autor

Page 73: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

ANEXO 6 - ELEKTROCÁLCULO DA TARIFA MÉDIA DE ENERGIA ELÉTRICA

HORO-SAZONAL AZUL

RESOLUÇÃO nº 874 de 25/Ago/2009

Concessionária: ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S/A - ELEKTRO

US$ comercial - venda (ATUAL) 1,96

ANEXO I-ASUBGRUPO A4 (de 2,3 kv a 25 kv)

DEMANDA (em R$/kw/mês) TARIFA MÉDIA DA DEMANDA

PONTA (3 horas) -> 44,10 14,46 R$ / Kw / mês

FORA DE PONTA (21 horas) -> 10,23 7,38 US$ / Kw / mês

CONSUMO (em R$/Mwh) TARIFA MÉDIA DO CONSUMO

PONTA (3hrs) SÊCA (7 meses) -> 222,41 144,33 R$ / Mwh

PONTA (3hrs)ÚMIDA (5 meses) -> 201,36 73,64 US$ / Mwh

FORA DE PONTA SÊCA -> 139,52FORA DE PONTA ÚMIDA -> 127,30

TARIFA MÉDIA DO CONSUMO POR ESTAÇÃO

SÊCA 149,88 R$ / Mwh 88,17 US$ / Mwh

ÚMIDA 136,56 R$ / Mwh 80,33 US$ / Mwh

APLICAR DESCONTO DE 15% EMPRESA DE SANEAMENTO

Fonte: Autor

Page 74: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

ANEXO 7 - ANÁLISE ECONÔMICO E FLUXO FINACEIRO DA SOCIEDADE POR PROPÓSITO ESPECÍFICO - SPE

MODELAGEM DE DESCONTOS MÍNIMOS SOBRE A RECEITA BRUTA

VPL TIR 1 2 3 4

INVESTIMENTOS da SPE1 (4.750.000) (13.300.000) (950.000) -

Geração de Energia (Mwh/ano) 476.042 65.664 65.664

Perdas na Transmissão (Mwh/ano) 657 657

Receita Bruta Geração Energia R$ 103.159.483 - - 14.229.542 14.229.542 Perdas na Transmissão - - 142.295 142.295

Receitas - subtotal R$ 101.279.674 13.137.246 14.087.246

Operação e Manutenção - - (2.641.858) (2.641.858)

Seguros (Risco Engenharia e Responsabilidade Civil Geral) (1.441.910) (1.441.910) (1.441.910) -

Custo Uso Sistema Distribuição - - (202.008) (202.008)

Total DEX R$ 19.899.044 (1.441.910) (1.441.910) (4.285.776) (2.843.866)

Taxa de Fiscalização ANEEL (0,5%) - - (65.686) (70.436)

PIS/Confins (3,65%) - - (479.509) (514.184) ICMS - - - - Depreciação/Amortização - - (3.467.500) (3.325.000)

Despesas - sub total R$ 53.916.360 (6.191.910) (14.741.910) (9.248.472) (6.753.487) Fluxo Financeiro SPE antes 20% Sabesp / I.R. R$ 27.499.368 30,8% (6.191.910) (14.741.910) 4.838.774 7.333.759 com desconto do Imposto de Renda(34%) R$ 11.051.746 19,9% (6.191.910) (14.741.910) 1.992.866 4.487.851

Participação Sabesp (20% da Receita Bruta) - - 2.845.908 2.845.908

Imposto de Renda (34%) R$ 14.671.989 - - (925.528) (1.745.435)

Fluxo Líquido da SPE R$ 644.674 11,5% (6.191.910) (14.741.910) 1.067.338 2.742.416

SPE1 - Sociedade de Propósito Específico.Fonte: Autor CUSTO MARGINAL DA ENERGIA NAS PCHs R$ 113,3

antes do Imposto de Rendaapós I.R. R$ 144,1

Preço Médio da Energia Elektro/Eletropaulo (Junho 2009 R$ 156,0Preço Médio da Energia pago Sabesp (Junho 2009) R$ 142,8

DE

X - D

espesas de Exploração

Impostos

em R$ I0-Junho 2009

Page 75: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

5 6 7 8 9 10 11 12 13

- - - - - - - - -

65.664 65.664 65.664 65.664 65.664 65.664 65.664 65.664 65.664

657 657 657 657 657 657 657 657 657

14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542

142.295 142.295 142.295 142.295 142.295 142.295 142.295 142.295 142.295

14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246

(2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858)

- - - - - - - - -

(202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008)

(2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866)

(70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436)

(514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184)

- - - - - - - - -

(3.182.500) (3.040.000) (2.897.500) (2.755.000) (2.612.500) (2.470.000) (2.327.500) (2.185.000) (2.042.500)

(6.610.987) (6.468.487) (6.325.987) (6.183.487) (6.040.987) (5.898.487) (5.755.987) (5.613.487) (5.470.987) 7.476.259 7.618.759 7.761.259 7.903.759 8.046.259 8.188.759 8.331.259 8.473.759 8.616.259 4.630.351 4.772.851 4.915.351 5.057.851 5.200.351 5.342.851 5.485.351 5.627.851 5.770.351

2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908

(1.779.350) (1.813.265) (1.847.180) (1.881.095) (1.915.010) (1.948.925) (1.982.840) (2.016.755) (2.929.528)

2.851.001 2.959.586 3.068.171 3.176.756 3.285.341 3.393.926 3.502.511 3.611.096 2.840.823

em R$ I0-Junho 2009

Page 76: Pequenas centrais hidroenergéticas   pc hs guaraú cascata

em R$ I0-Junho 2009

14 15 16 17 18 19 20

- - - - - - -

65.664 65.664 65.664 65.664 65.664 65.664 65.664

657 657 657 657 657 657 657

14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542 14.229.542

142.295 142.295 142.295 142.295 142.295 142.295 142.295

14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246 14.087.246

(2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858) (2.641.858)

- - - - - - -

(202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008) (202.008)

(2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866) (2.843.866)

(70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436) (70.436)

(514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184) (514.184)

- - - - - - -

(1.900.000) (1.757.500) (1.615.000) (1.472.500) (1.330.000) - -

(5.328.487) (5.185.987) (5.043.487) (4.900.987) (4.758.487) (3.428.487) (3.428.487) 8.758.759 8.901.259 9.043.759 9.186.259 9.328.759 10.658.759 10.658.759 5.912.851 6.055.351 6.197.851 6.340.351 6.482.851 7.812.851 7.812.851

2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908 2.845.908

(2.977.978) (3.026.428) (3.074.878) (3.123.328) (3.171.778) (3.623.978) (3.623.978)

2.934.873 3.028.923 3.122.973 3.217.023 3.311.073 4.188.873 4.188.873