Pensamentos acerca do

Reino de Deus,

ou a Igreja

Bispo Alexander (Mileant).

Traduo: Rev. Pedro Oliveira Junior

Onde Deveremos Procurar

o Reino de Deus?

"Teu reino vem!"

Lendo o Evangelho no podemos deixar de notar que ele fala com freqncia no Reino de Deus. Muitos dilogos e parbolas de Cristo so destinados a revelar a

natureza, atributos e propsito do Reino de Deus. Isso era to bvio para os

contemporneos que eles chamavam o ensinamento do conjunto desses ensinamentos de

"pregao das boas novas do Reino de Deus" (Mt. 4:23).

Mas no que implica este ttulo? Significa ele a futura vida depois da morte, que vem

depois da ressurreio dos mortos? Ou, talvez, ele signifique a condio espiritual

presente do homem, sua prontido para se comunicar com Deus? Implica ele numa

sociedade construda segundo os princpios evanglicos? Ou o reino universal dos

santos, de mil anos de durao descrito no livro do Apocalipse (Apocal. 20:4)?

A palavra "Reino" presume em si uma estrutura social extensiva e bastante complexa:

um estado, um imprio. Agora, se tudo que existe uma decorrncia de Deus (pois nada

existe que no tenha sido criado por Ele), ento o Reino de Deus , em principio e por

projeto, o mundo inteiro de Deus, o imenso universo, que inclui todas as coisas

visveis e invisveis. Esta parece ser uma afirmao correta.

Mas se ns sabemos que Deus infinitamente bom e justo, de onde vem toda esta

discrdia? Todas estas calamidades e desastres, mirades de malignidades: crimes, atos

de violncia e injustia, doenas e mortes, que so vistas por toda parte? Porque aquilo

que deve acontecer no se ajusta ao que acontece de fato?

" por causa do pecado e desobedincia a Deus, por causa da resistncia consciente a

Ele," explica a Sagrada Escritura.

o dom da liberdade concedido aos homens (e aos anjos) pelo Criador, que pressupe

a habilidade para infringir a Sua vontade e leis, que traz desarmonia para a beleza e

ordem que deveria ter existido em todo o universo. A liberdade da vontade como fogo,

que um selvagem pode usar para cozinhar sua comida ou esquentar a sua morada no

tempo frio, ou ento queimar toda a floresta e talvez at mesmo perecer neste fogo.

A principio Deus poderia nos ter "programado" para s fazermos o bem, no causarmos

danos aos outros e a ns mesmos, e agirmos somente como predestinados: comer,

dormir, multiplicar. Mas neste caso ns seriamos robs ou animais, dirigidos pelos

instintos naturais, e no como seres de esprito-livre. Ns seriamos espiritualmente

deficientes e, alm disso, estaramos privados da real possibilidade do prazer do

trabalho criativo, inspirao e de atos de livre-vontade de caridade e amor. Deus criou

muitos seres sem liberdade moral, que, no entanto, vivem somente pelas leis fsicas.

Mas eles foram simplesmente um estgio preparatrio antes da concretizao do

homem, para quem nosso Deus criou o mundo fsico.

Em Seu incompreensvel amor Deus no fez os homens como "mecanismos" cegamente

submissos, mas nos criou como "filhos" livres, capazes de amor consciente, e desejosos

por Ele como Prottipo e Ideal. Deus deu ao homem grandes dons espirituais, colocou-o

no doce paraso, fez dele dirigente de todas as criaturas e deu a ele a rvore da vida, para

que ele fosse sempre saudvel, pudesse se aperfeioar e amar a vida. Que honra e graa!

E qual no deveria ser a gratido das pessoas que habitavam no den!

Mas ns temos conscincia da tragdia que ocorreu: o selvagem apreendeu a fazer fogo

e tocou fogo na floresta. Felizmente, ele no a queimou inteiramente e para sempre!

Ns no vamos aqui recontar os detalhes da catstrofe espiritual do homem, descrita no

captulo 3 do Livro da Gnesis. importante lembrar que devido a esta tragdia todas as

pessoas nascem moralmente defeituosas e predispostas a pecar. O pecado original

como um defeito biolgico da clula, que passa dos pais para as crianas.

A tragdia da humanidade que as pessoas, com todas as suas boas intenes e

esforos, no conseguem curar a podrido espiritual, que tem suas razes muito fundas

no nosso ser fsico e espiritual.

Por misericrdia de Deus, nem a terra nem o inferno a tenebrosa morada do mal, que os demnios fizeram para si prprios, se espalharam atravs do Reino de Deus. Elas so mais como "ilhas" isoladas, "reas de quarentena," ou manchas escuras no

imensamente grande Reino da Luz e do Bem. Paz e harmonia reinam por toda parte,

especialmente no mundo anglico. Todos rejubilam com a luz vivificante dada pelo

Criador, agradecendo a Ele por Sua eterna bondade.

Mas murmrios, gemidos e maldies so ouvidos na nossa sociedade, que se afastou

do Criador. As pessoas enganam e ofendem umas s outras, "o homem tornou-se um

lobo para com seu companheiro." s vezes parece que as trevas espirituais absorvero o

nosso mundo, fazendo dele um inferno real.

Mas isto nunca acontecer! Ns sabemos, como nos foi prometido pelo Salvador, que o

mal ser permitido somente por um certo tempo. Vindo para o nosso mundo por uma

segunda vez, o Filho de Deus ressuscitar todas as pessoas. Ento todos os malignos,

malfeitores, estupradores e malfeitores, todos os que odeiam a luz e esto felizes com o

mal, sero jogados na gnea Gehena, junto com os demnios. O mundo ser

completamente renovado. Todos aqueles que viveram pelo Evangelho, amaram o bem,

procuraram a verdade, sofreram sem culpa, evitaram mentiras e violncia, sero

"salvos," o que significa que eles sero reunidos com o resto do Reino de Deus. E isto

ser a alegria inexplicvel.

"E vi um novo cu, e uma nova terra," escreve o Apstolo Joo no

Apocalipse, "Porque j o primeiro cu e a primeira terra passaram... E

Deus limpar de seus olhos toda a lgrima; e no haver mais morte,

nem pranto, nem clamor, nem dor; porque j as primeiras coisas so

passadas... E nela no vi templo, porque o seu templo o Senhor Deus

Todo-poderoso, e o Cordeiro. E a cidade (Nova Jerusalm) no necessita

de sol nem de lua, para que nela resplandeam, porque a glria de Deus a

tem alumiado, e o Cordeiro (Filho de Deus) a sua lmpada. E as naes

andaro sua luz; e os reis da terra traro para ela a sua glria e honra. E

as suas portas no se fecharo de dia, porque ali no haver noite. E a ela

traro a glria e a honra das naes... E mostrou-me o rio puro da gua

da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.

No meio de sua praa, e de uma e da outra banda do rio, estava a rvore

da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de ms em ms; e as

folhas da rvore so para sade das naes... E vero o seu rosto, e nas

suas testas estar o seu nome. E ali no haver mais noite, e no

necessitaro de lmpada nem da luz do sol, porque o Senhor Deus os

alumia" (Apocalipse 21 e 22).

A natureza deste mundo to diferente do nosso universo fsico que faltam palavras ao

autor para descrev-lo. claro, no entanto, que este o mais belssimo mundo, e o

simples entendimento do pecador condenado de que ele nunca chegar l, parece ser a

mais dolorosa tortura.

Ai est porque o Evangelho fica insistentemente chamando todo mundo para fazerem

todos os esforos, sacrificando qualquer coisa inclusive esta prpria vida temporal, para

viv-la no Reino de Deus. O Reino de Deus nossa verdadeira ptria, enquanto este

mundo, no estado presente, estranho para Deus, e assim deve ser estranho para ns

tambm.

Significado da Penitncia.

Quando o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, veio para este mundo, Ele o

encontrou na mais miservel condio. "Todo mundo est no maligno" (I Jo. 5:19).

Malignidade na forma de ignorncia espiritual e de moral grosseira, privao dos

direitos dos fracos, descarada dissoluo dos ricos, violncia e vulgaridade, estupefao

bestial das massas, impulsivas e insolentes orgias das paixes inferiores, eram lugar

comum e considerados uma norma. Eis porque regenerao espiritual das pessoas por

iluminao de suas mentes e correo da sua moral tornou-se o principal trabalho do

Salvador.

Jesus parece ter estado dizendo, "Vs pessoas, sofrendo sob o jugo da inverdade e

ilegalidade! A vida que construstes para vs no pode vos dar a felicidade que vs

buscais. Mas se vs quiserdes obt-la, ento arrependei-vos: pois o Reino do Cu est

mo."

"Arrependimento" o primeiro chamado do Evangelho. Arrependimento a condio

primria para o recebimento do Reino de Deus. A palavra russa "arrependimento"

insuficiente para dar a noo original; "metanoite" a palavra do texto original significa

mudar a maneira de pensar, a atitude para com a vida e o sistema inteiro de valores.

Este chamado para o arrependimento supe que outra vida possvel e realizvel no

mundo, uma vida diferente daquela que as pessoas vivem, gemendo sob seu jugo.

Iluso, amor prprio, malicia e fluxo catico de instintos baixos no formam uma

corrente inquebrvel. Vontades melhores, nobres e santas existem junto com as

anteriormente citadas no homem, ao menos em forma latente e potencial: amor pela

verdade, compaixo, fraternidade e desejo de justia. Se no se as perde, mas se deixa

que abram e floresam, ento o mundo interior brilhar com luz celeste; a vida mudar

alm do conhecimento: paz, justia e caridade habitaro no corao, substituindo

viciosos e vergonhosos desejos.

O processo de renovao interior do homem muito individual. Ele pode ser

instantneo ou gradual. Tudo depende da sinceridade e do esforo da vontade, que o

homem faz ao se voltar para Cristo. Pessoas que esto "prontas e disponveis" hoje no

se ajustam ao Reino de Deus; elas tm que mudar radicalmente, reavaliar as bases do

seu pensamento, desejos e ambies, e iniciar uma nova vida: numa palavra, elas tm

que embeber o esprito com o ensinamento de Cristo e procurar imit-Lo.

Mas somente desejo sincero no suficiente: a prolongada doena moral minou nossos

poderes espirituais, e a prpria boa vontade tornou-se instvel e murcha. Um fluxo de

novos poderes espirituais necessrio para uma mudana fundamental e para uma

virada completa para o Reino de Deus. O homem precisa nascer por uma segunda vez:

"Na verdade, na verdade te digo que aquele que no nascer de novo, no pode ver o

Reino de Deus."(Jo 3:3). Tal nascimento para a vida espiritual dado atravs do

Esprito Santo, e as guas batismais transportam o Seu poder.

Significado da Graa.

A graa de Deus a fonte primria de todos os poderes e habilidades espirituais.

como o sol que d ao nosso mundo luz e calor.

Tendo cado de Deus atravs do pecado, as pessoas perderam Seu poder vivificante e

morreram espiritualmente. Cristo veio ao mundo para retornar para ns a companhia de

Deus, e com ela as nossas vidas perdidas. Eis porque se virar para Jesus comparado a

ressuscitar dos mortos: o Salvador disse, "Em verdade, em verdade vos digo que vem a

hora, e agora , em que os mortos ouviro a voz do Filho de Deus, [a proclamao do

Evangelho], e os que a ouvirem vivero" (Jo. 5:25).

A graa penetra no corao do pecador e torna a misria e dano de sua alma manifesta

para sua conscincia. E de repente, como acordando de um sono, ele realiza quo

trgica sua condio, teme por seu fado eterno, e cuida da libertao e salvao. Ele

que estava habituado a ser cego para a salvao, insensvel e descuidado; agora ele pode

ver, tem sentido e toma conta. Mas isto ainda no uma mudana; somente uma

oportunidade e chamada para uma mudana. a graa batendo no corao do pecador,

dizendo: "Olha por onde tu andas, e toma cuidado para seres resgatado." Se ele notar

este chamado e prestar ateno no aviso, ele far bem para si; se no atentar, ele ser

abandonado e mergulhar no seu sono profundo.

Insatisfao consigo prprio e perseguio de coisas mais elevadas so sentimentos

comuns de arrependimento incitados pela graa de Deus. O homem se torna insatisfeito

com tudo que o cerca, com suas vantagens e posses ainda que ele seja muito rico.

As palavras, "Aquele que no nascer da gua e do Esprito...." (Jo. 3:5) destacam a

graciosa regenerao do homem nas guas do Batismo e a recepo da graa do Esprito

Santo atravs da Crisma. Outros meios espirituais institudos pelo Salvador, e em

particular o sacramento do Arrependimento e Comunho, so destinados a confirmar e

reforar o poder de nosso esprito. Nossas oraes em casa e na igreja, as austeridades

Crists e fazer o bem ajudam a obter estes fins. Ateno especial deve ser dada Orao

do Corao, porque ela traz a graa de Deus para ns e nos transforma no templo do

Esprito Santo.

A graa ajuda o homem a enxergar a misria e a sordidez de qualquer coisa mundana, e

esquenta nossos coraes com um afetuoso amor por Deus. Pouco a pouco, o homem

comea a enxergar a companhia de Deus como o seu mais precioso tesouro.

Zelo e entusiasmo em captar coisas espirituais so caractersticos da morada do Reino

de Deus na alma de um homem. "Vim lanar fogo na terra, e que mais quero, se j est

aceso?," disse o Salvador (Lc. 12:49). Como as chamas envolvem um prdio inteiro

durante um incndio, assim a chama espiritual deve capturar a natureza inteira do

Cristo: seus pensamentos, interesses, desejos, toda a sua atividade. Mas h um risco de

se perder a companhia de Deus. "No extingais o Esprito" (I Tessal. 5:19), "no sejais

vagarosos no cuidado: sede fervorosos no esprito," alerta o Apstolo Paulo (Rom.

12:11).

A boa disposio posta em ns atravs da especial sugesto de Deus, e do mesmo

modo Ele nos ajuda a fazer coisas boas. O que depende de ns a maior ou menor

presteza em obedecer sugesto de Deus e em aceitar o auxilio Dele. Ns merecemos

punio ou recompensa por sermos vagarosos ou reverentemente obedientes para

seguirmos a vontade de Deus em nossas vidas.

O processo de renovao espiritual ocorre fundo no interior do homem, e por isto

que se l que "O Reino de Deus no vem com aparncia exterior. Nem diro: Ei-lo

aqui, ou ei-lo ali; porque o Reino de Deus est entre vs" (Lc. 17:20-21). Todo esforo

deve ser feito para se segurar este Reino dentro de ns: "mas buscai primeiro o Reino de

Deus, e a Sua justia, e todas estas coisas vos sero acrescentadas" (Mt. 6: 33) diz o

Salvador. Ele no diz, "buscai somente o Reino de Deus e Sua justia" mas sim "buscai

primeiro" significando que o cuidado com o Reino de Deus, desejando justia na vida,

deveria ser a prioridade de nossa conscincia.

O inimigo de nossa salvao faz todas as tentativas de nos distrair de nossa prioridade,

jogando-nos numa grande quantidade de tarefas urgentes e importantes. Prevenido-nos contra a nova escravizao ao materialismo, o Senhor disse, "No andeis pois

inquietos, dizendo: que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

Porque todas estas coisas os gentios procuram (Mt. 6: 31-32). Coisas materiais podem

satisfazer somente pessoas com moralidade adormecida. Para os filhos do reino de

Deus, o mundo exterior com toda sua convenincia s instrumental para o atingimento

do objetivo principal, que est alm dele.

Quem o Reino Chama?

J foi dito que, nas condies de hoje em dia, o Reino de Deus no to realizado nos

melhoramentos sociais exteriores, quanto no melhoramento interior que ele produz

nas pessoas. O Reino de Deus est especialmente prximo daqueles oprimidos por este

mundo de vulgaridades e crueldade, degenerado sob seus prprios pecados e

imperfeies, agarrado na atmosfera circundante de mentiras e inverdades, e esperando

pelo triunfo do bem e da verdade.

Se algum tem sede de renovao espiritual, o Reino de Deus vir para ele. Se uma

nao tem esta sede, ento o Reino vir para ela. Mas para aquele que est feliz e

satisfeito com o mundo existente, que no consegue entender e ridiculariza este desejo

pelo ideal, que no est preocupado com falsidades e quebras da lei, que despreza

pureza e falta de egosmo, que persegue as alegrias mundanas e os prazeres corporais,

para ele o Reino de Deus estranho e um ensinamento indesejado.

O Reino de Deus no para triunfar neste mundo. a "porta apertada e o caminho

estreito" que poucos podem encontrar. No um "prdio" acabado, mas um em

construo. Mesmo assim uma clara coisa real que tem sido realizada neste mundo

desde o dia que o Salvador veio para a terra. Ele sempre cresce e se espalha, atraindo e

absorvendo pessoas sensveis espiritualmente de todos os nveis da sociedade, de todas

as naes e de todos os estgios de desenvolvimento. uma organizao (associao)

de indivduos, pensamentos, poderes, escritos, transformaes e ocorrncias externas,

guiadas por Deus e desenvolvidas pelo invisvel poder de Sua graa. O Reino de Deus

uma vida nova, justa, construda sobre a f no Salvador e aceitao de Seus

ensinamentos.

O completo e manifesto triunfo do Reino de Deus s ocorrer aps a Segunda Vinda de

Cristo, quando a comunidade dos justos se fundir com o mundo dos anjos para se

tornarem o Reino de Deus. Mas agora ele s pode ocorrer, parcial e incompleto, nos

coraes dos fiis, pelo grau do avano espiritual deles.

No entanto, os resultados benficos ou "frutos" deste Reino ficaram evidentes na

histria da humanidade depois da Natividade de Cristo: abolio da escravatura,

correo da moral, superao da brutalidade e depravao, humanizao da legislao,

morte das supersties, maior respeito pela personalidade, melhoria de todas as artes, literatura, pintura, arquitetura, msica...

Concluso.

A vida inteira do Salvador teve por objetivo o lanamento de novas bases espirituais

para a vida humana: f pura, caridade viva e amor por Deus, lutando por melhoria moral

e santidade. nestas bases que ns deveramos construir nossa propenso religiosa e

nossa vida toda.

Construindo nossa vida sob os comandos de Cristo, ns nos acalmamos por pensarmos

que o Reino de Deus certamente triunfar, e as prometidas paz, justia, alegria e vida

eterna viro para a Terra renovada. Ns oramos para que Deus nos faa dignos de

herdarmos o Seu Reino!

Ento, mesmo aqui, sob as abbadas dos tmulos dos mrtires, alguns pesarosos

suspiros dissolvidos no alegre hino da f vitoriosa. Atentos ao inicio do raiar-do-dia das

Boas-Novas para o mundo, os Cristos esquecem suas prprias desgraas e infortnios.

Ns temos que recordar que "o reino de Deus sofre violncia, e o violento o toma

fora."

Que venha para ns o Teu Reino, Senhor!

A Necessidade da Igreja.

A floresta no pode produzir Newtons ou Einsteins, Apstolos Paulos ou reverendos Serafins. Entretanto, mesmo dotado, ou at mesmo um gnio, um homem no consegue

compreender tudo sobre si prprio, e precisa de famlia e sociedade para o seu

desenvolvimento. At a pessoa mais talentosa, no se torna um excelente violinista se se

der para ela um violino e partituras de msica. Algum tem que ensinar e passar

experincia para ela. O progresso visvel da humanidade, o avano da civilizao tem

lugar pela experincia anteriormente ganha. As geraes precedentes servem como base

para o crescimento intelectual das geraes que se seguem. Quando um estado ou

imprio entra em colapso como resultado de algum desastre, a cultura colapsa com ele.

Esforos de muitas geraes sero necessrios posteriormente para o restauro do

conhecimento e experincia.

Para o desenvolvimento de habilidades mentais e progresso geral harmonioso um

homem necessita de professores, escolas e uma estrutura muito complexa da sociedade

humana. O homem cresce, melhora e se torna til como um membro da comunidade.

Sem ela, o homem se torna um selvagem, no adaptado vida. Em resumo, o homem

foi criado de modo tal que no pode viver fora da comunidade.

Idealmente, a famlia e a comunidade tem que formar no s as habilidades mentais e

prticas de um homem, mas construir seu ser espiritual tambm. Foi assim que Deus

projetou. O mundo anglico celestial a comunidade ideal de bondade e verdade,

fundado nos princpios do amor divino, onde seres inocentes vivem no para si prprios,

mas para cada um dos outros, com um alegre louvor do Autor.

O pecado se introduziu na ordem inteira da vida humana, perverteu a natureza espiritual

do homem, e a vida social como um todo. A comunidade, que por projeto de Deus, teria

que facilitar o correto desenvolvimento espiritual dos humanos, na prtica perdeu a

capacidade para isto. Sem os pontos de conferncia espiritual, a comunidade dirigiu

todos os esforos no desenvolvimento de avanos exteriores, coisas materiais,

resultando isto na viso unilateral de seus membros, e s vezes resultando em frieza,

crueldade, brutalidade e outras coisas que ns vemos diariamente no mundo que nos

cerca.

Por isso, para a salvao de nossas almas, e para a elevao e desenvolvimento

espiritual do homem, Deus estabeleceu outra comunidade: a Igreja. "mas vs sois a

gerao eleita, o sacerdcio real, a nao santa, o povo adquirido, para que anuncieis

as virtudes Daquele Que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vs, que

em outro tempo no reis povo, mas agora sois povo de Deus" (I Pe. 2:9).

A Igreja uma comunidade peculiar, estabelecida e santificada por Deus. A Igreja

diferente de qualquer outra sociedade ou estado humano, pis ela o Reino de Deus na

Terra, e seus objetivos so a renovao moral dos humanos e a conduo para a

salvao. Cristo deu para a Igreja tudo que era necessrio para a realizao deste

propsito, que pode ser posto em duas palavras: graa e verdade. Estes so os tesouros

espirituais dela Igreja os quais ela chamada a guardar, e enriquecer os fiis com eles.

Mas nem mesmo a maior jia no ser de nenhuma valia para o homem se ele no fizer

uso dela. Por esta razo que necessrio para todos se enriquecerem com os tesouros

espirituais da Igreja: apreender com a verdade que ela guarda, receber a santificao

atravs dos dons de graa dela, absorver a experincia do povo justo dela.

Um homem tem um corpo e uma alma, e similarmente a Igreja tem uma parte visvel e

uma parte invisvel. Sua parte invisvel a ao da graa de Cristo, a melhoria espiritual

dos fiis, e sua poro celeste a Igreja Triunfante. A Igreja uma comunidade celeste-terrestre, encabeada por Cristo. Eis porque muito da vida eclesistica no pode

ser assunto de estudo. A parte visvel da Igreja seu ensinamento, sua hierarquia

eclesistica, conclios ecumnicos e locais, templos, ofcios divinos, festas e tradies,

leis cannicas e assemblias religiosas.

Muitos Cristos contemporneos no compreendem para que existe a Igreja. Eles acham

que suficiente ler os Evangelhos e creditar em Cristo. Mas, primeiro, o Evangelho no

caiu do cu. Algum teve que coletar os livros escritos pelos apstolos conferi-los in

totum, e incorpor-los no corpo das Escrituras. Algum teve que tirar das Escrituras

qualquer escrito falso ou hertico. A Igreja fez isto nos trs primeiros sculos. Segundo,

no se pode apreender somente por livros. Mesmo na ultra precisa e lgica cincia da

matemtica, um estudante precisa de algum que lhe explique o que no est claro para

ele, confira seus acertos, e lhe de orientao para futuro aprendizado. Do mesmo modo,

a educao espiritual do homem requer guias espirituais para explicar o que no est

claro, e preveni-lo contra falsos professores e falsos profetas que sempre foram

abundantes.

Prestando ateno no ensinamento do Salvador e de Seus Apstolos, ns podemos

entender que, de acordo com o plano Divino, as pessoa no so chamadas ao acaso e

isoladamente; ao contrrio, elas podem ser salvas em seu estar-juntas, como membros

de uma grande famlia. Os fiis no so chamados somente para utilizar o que a Igreja

d, mas tambm para assistir uns aos outros quanto salvao. Pecado e egosmo so

fontes de desintegrao, enquanto caridade e carinho iniciam integrao.

Nenhum homem pode atingir a perfeio num piscar de olho. A vida Crist um

processo de auto-melhora. , portanto natural que a Igreja consista de pessoas de

diferentes estgios de desenvolvimento espiritual. Aqueles que atingiram um maior grau

de perfeio, deveriam ajudar seus companheiros mais fracos. O prprio Senhor

estabeleceu a ordem que uns ensinem e outros sejam ensinados.

Na Igreja um Cristo apreende a verdade e recebe santificao pela graa do Esprito

Santo. No Santo Sacramento da Eucaristia, ele entra em real comunho com Cristo,

Filho Encarnado de Deus, e atravs Dele torna-se partcipe da Divina natureza. Nesta

misteriosa comunho com Deus o homem recebe poderosas foras espirituais, que o

ajudam a crescer e melhorar espiritualmente. Perfeio moral o objetivo de nossa

vida: "Sede vs pois perfeitos, como perfeito o vosso Pai Que est nos cus" (Mt.

5:48).

A Igreja

o Reino de Deus na Terra.

Porque ela o reflexo do ideal Reino do Cu, a Igreja de Cristo chamada de Reino de Deus nas Sagradas Escrituras. No seu uso regular, "reino" significa um alto grau de

sociedade desenvolvida, um estado com seus legisladores, executivos e todas as outras

autoridades. Um estado consiste de cidados, governo, administrao. Ele tem leis,

costumes, lngua, exrcito e assim por diante. A Igreja tambm um reino, e peculiar

porque ela cheia de graa. Ela consiste de pessoas em processo de regenerao moral.

Sendo um Reino, ela tem sua Cabea, o Rei Celestial, o Senhor Jesus Cristo, e tambm

suas prprias leis, estrutura interna, ministros (hierarquia), e cidados fiis Cristos. Sem estas caractersticas ela no seria um reino, mas algo sem forma e vago. Os

Cristos gozam de todos os privilgios do Reino espiritual ao qual eles pertencem, mas

no simplesmente como consumidores, mas como "cidados" ativos, cooperando para

o bem comum.

As Santas Escrituras falam da Igreja como um Reino de Deus em vrias passagens:

Mateus 3:2, Mateus 4:17, Mateus 6:10, Mateus 6:33, Mateus 9:35, Mateus 18:3, Marcos

10:14-15, Lucas 12:32, Lucas 17:21, Joo 3:5, Joo 18:36, Romanos 14:17, 1 Corintios

4:20, Colossenses 1:12-22.

O Salvador, com freqncia comea a ensinar com as palavras, "O Reino de Deus

como..." "E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles,

e pregando o evangelho do reino," o que a boa-nova de que o Reino de Deus est

chegando (Mt. 9: 35). Isto mostra que as pessoas no sero salvas individua e

solitariamente, mas conjuntamente, como uma famlia, fazendo uso dos meios graciosos

que Ele implantou no Seu Reino.

As condies para se entrar no Reino: "Arrependei-vos, (literalmente mudar o modo de

pensar), porque chegado o reino do cu" (Mt. 4: 17). Esta entrada somente possvel

atravs do Sacramento do Batismo, no qual o homem se torna renascido para a vida

espiritual: "Na verdade, na verdade, te digo que aquele que no nascer da gua e do

Esprito, no pode entrar no Reino de Deus. O que nascido da carne carne, e o que

nascido do Esprito esprito" (Jo. 3: 5-6).

A Igreja tem em sua base o sacrifcio expiatrio de Cristo que nos permite, por f e

atravs de um novo nascimento, nos tornarmos partcipes da natureza divina (II Pe. 1:4).

Eis porque a vida da Igreja sobrenatural em essncia, apesar dela fluir em

circunstncias muito naturais e em formas visveis. Isto tambm a explicao das

palavras do Salvador (motivo de tanta confuso para os no-crentes) sobre a posio dos

fiis na vida mundana: "... e o mundo os aborreceu, porque no so do mundo, assim

como Eu no sou do mundo" (Jo. 17:14). "Se vs fosseis do mundo, o mundo amaria o

que era seu, mas, porque no sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso

que o mundo vos aborrece" (Jo. 15:19). Estas palavras mostram a incompatibilidade da

vida justa com os costumes pecaminosos e fora-de-Igreja do mundo secular. "Meu

Reino no deste mundo" (Jo. 18:36).

Assim, a Igreja uma unidade cheia de graa e sobrenatural das pessoas

nascidas de novo, que formam o Corpo mstico de Cristo, fundado por

Cristo no Calvrio, cheio do Esprito Santo, e encabeado pelo prprio

nosso Senhor Jesus Cristo.

Atributos da Verdadeira Igreja.

O nmero crescente de "igrejas" e seitas torna muito difcil encontrar qual delas a verdadeira Igreja, e se uma verdadeira Igreja existe mesmo nestes tempos. Alguns

pensam que a Igreja Apostlica original deve ter de desintegrado gradualmente, e hoje

em dia grupos de "igrejas" so simplesmente seus "estilhaos," mantendo certos

fragmentos de sua anterior riqueza espiritual de graa e verdade.

Alguns dos que participam desta posio assumem que a Igreja pode ser restaurada das

denominaes Crists existentes, por meio de acordos e compromissos. Esta suposio

est na base do movimento ecumenista moderno, que considera que nenhuma igreja

verdadeira. Outros pensam que a Igreja, provavelmente, nunca teve nada em comum

com as igrejas oficiais, mas tem sido construda com crentes individuais que

pertencem a diversos grupos de "igrejas." Esta ltima opinio se desenvolveu dos

ensinamentos sobre a assim chamada "igreja invisvel," promovidos por alguns telogos

protestantes. Finalmente, para muitos Cristos no fica claro se se precisa da Igreja para

alguma coisa, j que o homem deve ser justificado por sua prpria f.

Todas estas opinies controversas e falsas sobre a Igreja resultam da falta de

entendimento da verdade bsica do ensinamento de Cristo a salvao do homem. Atravs da leitura dos Evangelhos e das Epstolas Apostlicas se torna bvio que, no

plano do Salvador, as pessoas so chamadas para salvar suas almas no como

individualidades separadas, mas conjuntamente, para o estabelecimento de um

indivisvel e cheio de graa Reino de Deus. At mesmo o reino do mal, encabeado pelo

prncipe das trevas, est reunido para a guerra contra a Igreja. Cristo nos lembra disto

dizendo, "E se Satans expulsa a Satans, est dividido contra si mesmo; como

subsistir pois o seu reino?" (Mt. 12: 26).

Apesar de todas as opinies modernas, misturadas sobre a Igreja, muitos Cristos

sensveis concordam que na era apostlica existia uma Igreja de Cristo verdadeira, que

era a comunidade unida dos salvos. O Livro dos Atos dos Apstolos nos mostra como

a Igreja comeou em Jerusalm, quando, no quinqagsimo dia depois da Ressurreio

de Cristo, o Esprito Santo desceu sobre os Apstolos como lnguas de fogo. Deste dia

em diante a f Crist comeou a se espalhar pelo extensivo Imprio Romano. Ao se

disseminar em aldeias e cidades, comunidades Crists, ou igrejas, brotavam. Por conta

das tremendas distncias, estas comunidades eram mais ou menos separadas no seu

cotidiano. Mesmo assim elas se consideravam como partes orgnicas da Igreja Uma,

Santa, Catlica, Apostlica. Elas eram unidas por uma f e uma fonte de santificao,

obtida dos sacramentos cheios e graa (Batismo, Comunho e Ordenao, ou Imposio

de Mos).

Inicialmente, os Santos Apstolos realizaram estas aes sagradas. Mas logo eles

comearam a precisar de assistentes, e os Apstolos escolheram os dignos entre os

membros das comunidades, e os ordenaram bispos, presbteros e diconos. (Por

exemplo, o Apstolo Paulo ordenou Timteo e Tito para o grau de bispos. Os Apstolos

compeliram os bispos a observar a pureza do ensinamento Cristo, instruir os fiis a

uma vida justa e ordenar novos bispos, padres e diconos como assistentes para si

prprios. Fazendo assim, os prprios Apstolos estabeleceram a hierarquia

eclesistica, que ainda existe hoje. Durante sua vida a Igreja, como uma rvore (Mc. 4:

31), cresceu e se espalhou permanentemente, ficando mais rica em experincia

espiritual, literatura religiosa, oraes e cantos dos divinos ofcios, e mais tarde em

arquitetura e arte de igreja; e ela ainda preserva sua essncia da Igreja da era

Apostlica.

Os Evangelhos e Epstolas Evanglicas no apareceram todos ao mesmo tempo, nem

todos no mesmo lugar. Durante dcadas depois da Igreja ter sido criada, ela no foi

instruda pelas Escrituras, mas sim pela pregao oral que os Apstolos chamaram de

tradio (1 Corintios 11:16 e 15:2; 2 Tessalonicenses 2:15 e 3:6; 1 Timteo 6:20). A

Tradio um costume unificado de instruo na f. Ao longo do tempo ela tem sido

sempre decisiva, quando as pessoas precisam encontrar o que certo e o que errado.

Quando alguma coisa estava inconsistente com a tradio apostlica, nos assuntos da f,

na conduo dos sacramentos ou na administrao, era considerada falsa e rejeitada.

Alinhados com a Tradio apostlica, os bispos dos primeiros sculos conferiram todos

os manuscritos Cristos completamente e a fundo, e juntaram os trabalhos dos

Apstolos, Evangelhos e Epstolas, um aps outro, num conjunto de livros. Ns

conhecemos este conjunto como Novo Testamento, e junto com os livros do Velho

Testamento, formam as Escrituras que ns lemos hoje. Este processo de reunir os livros

foi finalizado no sculo III. Os livros controversos, que no se mostravam de acordo

com tudo da tradio apostlica (ainda que deles fosse dito terem sido deixados pelos

apstolos), foram rejeitados como falsos, ou apcrifos. A Tradio Apostlica

desempenhou papel decisivo na formao do Novo Testamento, o tesouro escrito da

Igreja. Hoje Cristos de todas as denominaes usam o Novo Testamento, apesar de,

com freqncia, voluntariamente, sem piedade e sem entendimento de que ele

propriedade da verdadeira Igreja, o tesouro que ela reuniu e manteve a salvo.

Ns estamos gratos a outros documentos, escritos pelos discpulos dos Santos Apstolos

e preservados at hoje, pelos muitos detalhes valiosos da vida e crena das Primeiras

Comunidades Crists, que conhecemos hoje. A crena na existncia da Igreja Uma,

Santa, Catlica e Apostlica foi ento universal. Foi somente natural que a Igreja

tambm tivesse seu lado visvel ento: as refeies agpicas (Liturgia) e outros ofcios,

bispos e padres, oraes e cantos da Igreja, cnones (Constituies Apostlicas) que

governavam os costumes e relaes da Igreja, e, em geral, todas as reas da vida das

comunidades Crists. por isto que ns devemos concordar que a "igreja invisvel"

uma inovao falsa.

Se ns concordamos que uma Igreja real existiu nos primeiros sculos do Cristianismo,

ento ns podemos encontrar o momento histrico no qual ela se fraturou, espalhou-se e

deixou de existir? A resposta honesta no. Desvios da clara Doutrina Apostlica, ou

heresias, comearam a ocorrer ainda na era apostlica. Muito ativos eram os

ensinamentos gnsticos ento, que juntavam a crena Crist com elementos de filosofia

pag. Os Apstolos preveniram os Cristos contra estes ensinamentos em suas epstolas,

e colocaram claramente que aderentes a estas seitas tinham cado da f. Os Apstolos

consideraram os herticos como galhos secos partidos da rvore viva da Igreja. De

maneira igual, os sucessores dos Apstolos, bispos dos primeiros sculos, renunciaram

aos desvios da f Apostlica que surgiram em seu tempo, e excomungaram aderentes

persistentes aos falsos ensinamentos, de acordo com as instrues apostlicas. "Mas,

ainda que ns mesmos ou um anjo do cu vos anuncie outro evangelho alm do que j

vos tenho anunciado, seja antema" (Ga. 1:8)

Assim, a unidade e unicidade da Igreja no era questionada nos primeiros sculos do

Cristianismo: a Igreja uma famlia espiritual, que vem mantendo a verdadeira

doutrina, Sacramentos, e sucesso no-quebrada da graa, transferida de bispo

para bispo desde a era Apostlica (sucesso Apostlica). Os sucessores dos

Apstolos nunca tiveram dvidas sobre a Igreja ser absolutamente necessria para a

salvao. Ela proclama e mantm o puro ensinamento de Cristo, ela santifica os fiis e

os conduz salvao. Ns podemos usar as imagens das Escrituras e dizer que, nos

primeiros sculos do Cristianismo, a Igreja foi vista como um aprisco cercado onde o

Bom Pastor, Cristo, guarda suas ovelhas do lobo, o demnio. A Igreja foi comparada a

uma vinha, na qual os fiis, como galhos, da mesma raiz, recebem poderes espirituais

para a vida Crist e boas obras. A Igreja tambm foi vista como o Corpo de Cristo, no

qual todo fiel um membro que tem algum servio para fazer, necessrio para o todo. A

Igreja tambm foi apresentada como a Arca de No a bordo da qual os fiis cruzam o

mar sempre tempestuoso da vida e alcanam a praia do Reino do Cu. A Igreja foi

comparada a uma alta montanha, elevada acima das iluses humanas e conduzindo os

viajantes para o Cu, e para a comunho com Deus, anjos e santos.

Nos primeiros sculos do Cristianismo, acreditar em Cristo foi acreditar que o que Ele

tinha feito na terra, e os meios que Ele tinha dado para os fiis para a salvao, no

poderiam ser perdidos para os esforos dos inimigos da Igreja. Os profetas do Velho

Testamento, o Senhor Jesus Cristo e os Apstolos tinham definitivamente ensinado que

a Igreja iria existir at os ltimos tempos do mundo: "Mas, nos dias destes reis

(pagos), o Deus do cu levantar um reino que no ser jamais destrudo; e este reino

no passar a outro povo: esmiuar e consumir todos estes reinos, e ser

estabelecido para sempre. predisse um Anjo para o profeta Daniel (Dan. 2:44). O Senhor fez uma promessa para o Apstolo Pedro "e sobre esta pedra edificarei a minha

Igreja, e as portas do inferno no prevalecero contra ela" (Mt. 16:18).

Desta forma, basta que acreditemos na promessa do Salvador, para reconhecermos que

Sua Igreja existe em nosso tempo e at o final do mundo. Ns ainda no indicamos onde

ela est, mas colocamos uma questo principal: ela deve existir na sua santa e

indivisvel totalidade e real essncia. Fraturada, prejudicada, evaporada, ela no a

Igreja.

Ento, onde est ela? Quais so as marcas que ajudam a encontr-la entre os muitos

"ramos" Cristos modernos?

Primeiro, a verdadeira Igreja deve manter a Doutrina Crist, proclamada pelos

Apstolos, intacta e em sua pureza. O Filho de Deus veio ao mundo com o objetivo de

trazer a verdade para as pessoas, como Ele disse antes do Seu sofrimento na Cruz, "Eu

para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo

aquele que da verdade ouve a minha voz" (Jo. 18: 37). O Apstolo Paulo, instruindo

seu discpulo Timteo em como preencher seu oficio de bispo, concluiu, "Mas, se

tardar, para que saibas como convm andar na casa de Deus, que a firmeza do Deus

vivo, a coluna e firmeza da verdade" (I Tm. 3:15).

triste reconhecer significativas divergncias em assuntos doutrinais entre os Cristos

modernos. Em principio ns temos que concordar que todos os ensinamentos no

podem estar corretos. Se uma igreja ensina que, digamos, a Eucaristia a carne e o

sangue de Cristo, e a outra diz que no assim, no pode ser que ambas estejam

corretas. Se uma igreja acredita nos poderes espirituais do sinal da cruz, e a outra rejeita

este poder, ento, obviamente, uma das duas est em erro. A Igreja Verdadeira aquela

que no tem desvios doutrinais em relao Igreja dos primeiros sculos do

Cristianismo. Se compararmos imparcialmente os ensinamentos das igrejas Crists

modernas, ento (como veremos adiante) ele ou ela ter que concluir que somente a

Igreja ortodoxa mantm intacta a f da antiga Igreja dos Apstolos.

Outra indicao da verdadeira Igreja a graa e poder de Deus com os quais a Igreja

santifica e refora os fiis. Apesar da graa ser invisvel, existe uma condio visvel

que nos permite julgar se a graa est presente ou no: a sucesso apostlica. Desde a

era apostlica a graa era dada para os fiis atravs do Sacramento do Batismo,

Comunho, imposio de mos (Crisma ou Querotonia, ou ordenao) e outros

mistrios. Primeiro estes sacramentos eram realizados pelos Apstolos (At. 8:14-17), e

depois por bispos e presbteros. Os presbteros diferem dos bispos no que eles no tm o

direito de ordenar. O direito de realizar estes Sacramentos poderia ser conferido

exclusivamente na forma de sucesso: os Apstolos ordenaram bispos, e ordenar

outros bispos, padres ou diconos, era permitido s a eles. A sucesso apostlica

similar ao santo fogo que acende muitas velas de uma. Tivesse o fogo morrido e a

corrente da sucesso apostlica descontinuado, e no haveria mais o sacerdcio e os

Sacramentos, e os meios de santificao dos fiis estariam perdidos. Por isso, a

continuidade da sucesso apostlica tem sido completamente observada desde o tempo

dos Apstolos: que um bispo seja ordenado somente por bispos genunos e legtimos,

com suas ordenaes rastreadas at os Apstolos. Se bispos cassem em heresia ou

levassem uma vida imoral, eles eram depostos e perdiam o direito de realizar

sacramentos ou ordenar sucessores.

Hoje em dia existem muito poucas igrejas que possuem indiscutvel sucesso

apostlica: a Igreja ortodoxa, a Igreja Catlica Romana e algumas no-ortodoxas igrejas

orientais (que romperam com a pureza da doutrina Apostlica ainda nos tempos dos

Conclios Ecumnicos). Denominaes Crists, que principalmente negam a

necessidade do sacerdcio e da sucesso apostlica, so significativamente diferentes da

Igreja Primitiva devido a isto, e no podem ser verdadeiras.

Uma pessoa sensvel espiritualmente no necessitar de nenhuma evidncia externa das

aes da graa de Deus quando ele ou ela sentir vividamente o seu calor e sopro

pacificador nos sacramentos da Igreja ortodoxa. Um Cristo deveria distinguir entre a

graa de Deus e o baixo nvel, xtase no-saudvel dos sectrios, como os

Pentecostalistas, induzidos artificialmente durante seus encontros de orao. Indicaes

da graa genuna so paz da alma, amor por Deus e pelos prximos, gentileza, brandura,

humildade e outras qualidades que tais, enumeradas por So Paulo em sua Epstola aos

Glatas (5:22-26).

Mais uma indicao da verdadeira Igreja o seu sofrimento. Pode ser difcil para as

pessoas reconhecer que Igreja a verdadeira, mas o inimigo dela, o demnio

compreende muito bem. Ele odeia a Igreja e tenta extingui-la. Quando estudamos a

historia da Igreja ns vemos que ela escrita com o sangue e lgrimas de seus mrtires.

Sumos sacerdotes e escribas judeus deram inicio perseguies j no tempo dos

Apstolos. Ento se seguiram trs sculos de perseguies no Imprio Romano,

foradas pelos Imperadores romanos e por dirigentes regionais. Do segundo ao nono

sculos, dirigentes persas, de tempos em tempos, perseguiram severamente os Cristos.

Em meados do sculo sete os rabes maometanos levantaram a espada contra a Igreja,

seguidos pelos Cruzados vindos do Ocidente. Eles minaram tanto os poderes fsicos de

Bizncio, que esta fortaleza da F Ortodoxa no suportou os turcos que fluram nos

sculos quatorze e quinze. E nos ltimos tempos, os combatentes-contra-Deus

comunistas, com toda brutalidade exterminaram mais Cristos que seus predecessores,

todos juntos, mataram. E aqui est a maravilha: o sangue dos mrtires tornou-se a

semente de novos Cristos, e, como Cristo prometeu, as portas do inferno no

prevaleceram contra a Igreja.

Finalmente, a investigao histrica prov um meio correto e relativamente fcil de se

encontrar a Igreja de Cristo. A Verdadeira Igreja tem que ter uma sucesso contnua

desde a era apostlica. O principio de investigao histrica no requer verificao dos

detalhes do desenvolvimento e espalhamento do Cristianismo. Basta verificar quando

esta ou aquela Igreja veio a existir. Se ela veio, digamos, no sculo dezesseis ou em

qualquer outro sculo que no tenha sido na poca dos Apstolos, ento esta igreja no

pode ser genuna. Este principio suficiente para denunciar as reivindicaes de todas

as denominaes, inclusive as que vem de Lutero e seus advogados: nem Luteranos,

nem Calvinistas, Presbiterianos, Mrmons, Batistas, Adventistas, Testemunhas de

Jeov, Pentecostalistas e outras denominaes similares, algumas aparecidas at depois,

podem ser a Igreja de Cristo. Estas denominaes no foram estabelecidas por Cristo e

Seus Apstolos, mas por falsos profetasLutero, Calvino, Henry, Smith e tantos outros inovadores.

A Igreja Ortodoxa.

A histria do Cristianismo mostra que o estabelecimento da Igreja Ortodoxa ocorreu na poca dos Apstolos. A Igreja que foi inicialmente pequena, como uma semente de

mostarda, de acordo com a expresso do Salvador, eventualmente cresceu como uma

grande rvore, e seus ramos encheram o mundo (Mt. 13:31-32). Ainda no final do

primeiro sculo, eram encontradas comunidades Crists em praticamente todas as

cidades e vilas do Imprio Romano: na Terra Santa, Sria, Armnia, sia Menor, Hellas

(antiga Grcia), Macednia, Itlia, Glia, Egito e frica do Norte, Espanha e Britnia; e

tambm alm dos limites do Imprio: nas distantes Arbia, ndia e Citia. No fim do

primeiro sculo, comunidades Crists de todas cidades mais ou menos importantes eram

encabeadas por bispos que eram os portadores da plenitude da graa apostlica.

Bispos tinham autoridade sobre as comunidades das vizinhanas de menor importncia.

No sculo dois bispos das principais cidades (regionais) do Imprio Romano

comearam a serem chamados de metropolitas, e suas metrpoles cobriam as ss dos

bispos da proximidade. Os metropolitas eram obrigados a reunir regularmente os bispos

em conclios para resolver assuntos correntes de religio e administrao.

parte das cidades principais, existiram dioceses imperiais no Imprio Romano. Estes

centros mais importantes da administrao do estado se tornaram o ponto-de-partida de

reas mais abrangentes da administrao da Igreja, que posteriormente foram chamados

de Patriarcados. O Quarto Conclio Ecumnico reunido em Calcednia em 451 definiu

os limites dos cinco Patriarcados: os de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e

Jerusalm (este com pequeno territrio no concernente administrao, mas tendo

grande significado religioso).

Com o passar do tempo, os territrios dos Patriarcados cresceram ou encolheram por

conta de diferentes eventos histricos. Srias modificaes ocorreram devido s

invases das tribos germnicas na Europa (fim do sculo quarto), opresso pelos persas

e invaso pelos rabes nos distritos orientais do Imprio Bizantino (meados do sculo

sete). Em meados do sculo nono ouve um movimento pela adoo da f Crist entre os

povos eslavos. Os irmos de Tessalnica, Santos Cirilo e Metdio trabalharam muito

pela iluminao dos blgaros e moravios. Da Bulgria a f Crist se espalhou pela

Srvia. Um grande mrito dos Santos Cirilo e Metdio que eles criaram o alfabeto

eslavnico e traduziram livros selecionados das Escrituras e divinos servios da lngua

grega para o eslavnico. Seu trabalho preparou o terreno para o espalhamento do

Cristianismo na Rssia.

Apesar de comunidades Crists existirem to cedo quanto o fim do sculo primeiro nas

praias do norte do Mar Negro, a converso macia ao Cristianismo das tribos eslavas,

que habitavam a Rssia, comeou somente no tempo Cristianizador da Rssia em 988,

quando o Grande Prncipe Vladimir teve a populao inteira de Kiev batizada no Rio

Dnieper (ver folheto sobre So Vladimir e o Milnio do Cristianismo Russo). De Kiev a

f Ortodoxa se espalhou para outras partes da Rssia. Dos dados estatsticos que se

seguem possvel julgar quo grande era a Rssia Ortodoxa antes da Revoluo:

existiam 1098 mosteiros na Rssia com o total de mais de 90.000 monges. parte o

Patriarcado de Moscou, existiam mais 6 Metropolitas, 136 Bispos, 48.000 padres e

diconos servindo em 60.000 igrejas e capelas. Quatro Academias, 57 seminrios e 185

escolas provendo treinamento para o clero. Escrituras, obras teolgicas e outras

literaturas espirituais eram publicadas em grandes quantidades. Infelizmente, ns no

avaliamos a riqueza que nos tnhamos e nos tornamos cativos de idias ocidentais. A

perseguio da Igreja por atestas ps 1918, a exterminao de clero e fiis e a

destruio de templos, s podem ser explicadas luz do Apocalipse, que prediz severa

perseguio da f em Cristo antes do fim do mundo.

De meados do sculo dezoito, atravs dos esforos de So Herman do Alasca e de

outros missionrios russos, a Ortodoxia fez seu caminho pelo Alasca, onde alguns

poucos aleutas receberam batismo, dando inicio assim a disseminao da f Ortodoxa

na Amrica do Norte. Hoje em dia, cerca de trs milhes de Ortodoxos vivem nos

Estados Unidos.

A Igreja Ortodoxa presentemente inclui as seguintes igrejas autocfalas (regionais ou

locais): Constantinopla (com vrias parquias na Europa, Amricas do Norte e do Sul e

S Patriarcal em Istambul na Turquia), Alexandria (Egito), Antioquia (com sua capital

em Damasco, Sria), Jerusalm, Rssia, Gergia, Srvia, Bulgria, Chipre, Grcia,

Albnia, Polnia, Checo, Eslovquia, Litunia e a Igreja Ortodoxa na Amrica. As

Igrejas de Sinai, Finlndia e Japo so autnomas. Muitas parquias Ortodoxas gregas e

russas (Igreja Russa no Exterior) foram estabelecidas em quase todas as partes do

mundo depois da Primeira e Segunda Guerras Mundiais. O nmero total de Cristos

Ortodoxos no mundo de cerca de 160 milhes.

O termo Igreja Ortodoxa veio a uso na poca das disputas religiosas dos sculos quarto

a sexto, porque houve a necessidade de diferenciar entre a verdadeira Igreja e os grupos

herticos (Arianos, Nestorianos, etc.), que tambm se chamavam de Cristos. A palavra

Ortodoxo vem do grego rth-dk, que significa "pensamento correto." Outro termo da Igreja Catlico, que traduzido do grego como universal, reunio-de-todos,

incluso-de-todos. O significado deste termo que a Igreja chama todos para a

salvao, independente se sua nacionalidade ou status social.

As Igrejas regionais, como a de Jerusalm, Russa, Srvia e outras, s vezes so

encabeadas por Patriarcas, ou arcebispos, ou metropolitas. Para resolver problemas

relativos a certas Igrejas, o cabea desta igreja rene uma assemblia (snodo) de seus

bispos. Os problemas que se referem a toda Igreja Ortodoxa, isto , assuntos de f

(dogmas) ou leis da Igreja (cnones) deveriam ser discutidos em Snodos Ecumnicos

(ou Conclios Universais). Snodos Ecumnicos so atendidos por bispos de todas as

Igrejas Ortodoxas regionais e autnomas. Se necessrio, representantes do clero e dos

leigos so convidados. Assim, o governo da Igreja Ortodoxa no nem soberano, nem

democrtico, mas sinodal.

O ensinamento da Igreja ortodoxa est concisamente formulado no Credo desenvolvido no Primeiro e Segundo Conclios Ecumnicos em 325 e 381 (em Nicia e

Constantinopla). Por sua vez, este Credo foi construdo sobre credos mais antigos,

originados na poca dos Apstolos. Resumindo a doutrina Ortodoxa, ns acreditamos

em Um S Deus Pai, Filho e Esprito Santo Que a Trindade consubstancial indivisvel. O Filho gerado do Pai antes de todos os sculos. O Esprito Santo procede

eternamente de Deus Pai. Ns acreditamos que Um Deus, adorado na Trindade,

eterno, onipotente, onipresente, e que Ele, por Sua vontade, do nada, criou tudo que

existe: primeiro o mundo anglico invisvel, depois o nosso mundo visvel, material.

Tambm Deus criou a ns pessoas, soprando alma imortal em ns, e inscreveu Sua lei

moral em nossos coraes. Deus nos criou para que ns nos melhoremos e alcancemos a

felicidade sem fim em comunho com Ele. Ns acreditamos que Deus infinitamente

justo e misericordioso. Ele controla todo o universo e a vida de todo ser humano, e nada

pode acontecer sem a Sua vontade.

Quando as primeiras pessoas quebraram o comando de Deus, Ele no as rejeitou

completamente, mas, atravs dos profetas, comeou a preparar as pessoas para a

salvao, e prometeu enviar o Messias, ou Cristo, para elas. Quando o mundo

amadureceu o suficiente para aceitar a verdadeira f, o Filho de Deus, nosso Senhor

Jesus Cristo veio para a terra para nos salvar, povo pecador. Ele ensinou como acreditar

e como viver justamente. Para nossa salvao Ele morreu na Cruz e limpou nossos

pecados com Seu sangue. No terceiro dia Ele ressuscitou dentre os mortos, e lanou o

comeo da nossa ressurreio e vida eterna no Paraso. Ns acreditamos que no

quinqagsimo dia depois de Sua Ressurreio, o Senhor Jesus Cristo enviou o Esprito

Santo para os Apstolos, e desde ento o Esprito santo tem estado na Igreja, instruindo-

a na verdade. Ns acreditamos que a Igreja Una, Santa, Catlica, Apostlica no ser

superada pelos poderes do maligno at o completo final da existncia do mundo. Ns

acreditamos que nos Sacramentos do Batismo, Crisma, Confisso, Comunho e outras

aes dos ofcios divinos, o Esprito Santo purifica e santifica os fiis e d a eles

poderes para viverem vidas Crists. Ns acreditamos que o Senhor Jesus Cristo vir de

novo para a terra. Este ser o tempo da ressurreio dos mortos, e do Juzo mundial e

geral, onde cada um receber de acordo com sua vida. Depois do Juzo, a vida eterna

ter inicio: ela ser uma bem-aventurana sem fim, em comunho com Deus, para os

justos, e uma tortura sem fim no fogo da Gehena para os malignos e pecadores.

Ns reconhecemos que somente a f no suficiente para conformar a vida com a

crena. por isso que ns reconhecemos a necessidade de cumprir os Dez

mandamentos, dados por Deus ao profeta Moises (Ex., captulo 20), e os Comandos

Evanglicos, ou bnos, dados pelo Senhor Jesus Cristo (Mt. 5:3-12). A essncia

destes comandos o amor por Deus e pelo prximo, e at mesmo pelos inimigos (Mt.

5:43-45). Estes comandos de amor colocam a f Crist acima de outras religies no

sentido moral, e do ponto-de-vista da razo humana eles podem ser avaliados como o

nico meio de se estabelecer paz, respeito mtuo e legalidade entre as pessoas. Sem

genuno amor pelo prximo e perdo-geral, guerras e extermnio mtuo sero

inevitveis. O Senhor Jesus Cristo nos ensina a perdoar a todos no Pai Nosso, quando se

l: "Perdoa as nossas dvidas, assim como ns perdoamos aos nossos devedores" (Mt.

6:12). Em suas parbolas o Senhor nos ensina sobre as virtudes da f, tolerncia,

pacincia, constncia, justia e outras. Fora-de-srie entre outras a parbola dos

talentos, que nos chama a desenvolver todas as habilidades e talentos que o Senhor

Deus nos deu. A f genuna deve inevitavelmente se manifestar no crescimento interno

e no fazer-o-bem, porque "a f sem obras morta" (Tg. 2:20). Um Cristo no deve ser

avarento, isto , ele deve ser quieto sobre bem-estar material, e no pensar sobre seus

caprichos, mas usar seus bens para suas necessidades e para ajudar os outros. Orgulho,

oportunismo, arrogncia e egosmo so todas caractersticas desagradveis aos olhos de

Deus.

A Igreja Ortodoxa ensina que todos receberam livre arbtrio do Criador, e ento, cada

um responsvel por seus atos. O Senhor nos ama e Se apieda de ns. Ele nos ajuda em

tudo que bom e especialmente se ns pedirmos isto para Ele. Como Ele prometeu,

"Pedi e dar-se-vos-; buscai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-" (Mt. 7:7). Uma

orao fervorosa abre a mente, ajuda a superar tentaes e a viver de acordo com os

mandamentos de Deus. A orao nos ajuda a melhorar nossas capacidade espirituais, o

que o nosso objetivo principal na nossa vida na terra.

Quando um Cristo Ortodoxo sofre de doenas ou adversidades, ele ou ela no deveria

resmungar para Deus e se esquecer que Deus permite que ns soframos, e que para o

nosso prprio benefcio espiritual, para a purificao dos pecados e pelo reforo da

nossa vontade de fazer o bem. Nos momentos difceis de nossa vida ns devemos orar

para o nosso Pai Celestial, "seja feita a Tua vontade, assim na terra como nos cus."

Ns, os Ortodoxos honramos os santos: a Santa Virgem Maria, profetas, Apstolos,

mrtires, reverendos (monsticos) e outras santas pessoas que agradaram a Deus.

Muitos santos no quebraram a sua comunho conosco depois da morte, mas passaram

para a parte celestial da Igreja, chamada de Igreja Triunfante. No Trono de Deus eles

oram por ns, como por seus irmos menores e nos ajudam a adquirir o Reino de Deus.

Para ns russos muito preciosa a memria da Santa Princesa Olga e do Prncipe

Vladimir, dos santos Boris e Gleb, dos Reverendos Srgio de Radonezh, Antonio e

Teodsio de Pechersk, Serafim de Sarov, So Joo de Kronstadt e outros, inclusive dos

recentemente glorificados Novos Mrtires da Rssia.

Os divinos ofcios da Igreja ortodoxa seguem a ordem estabelecida h sculos. E o

principal ato de venerao a Liturgia (oficio de comunho). A parte essencial da

Liturgia a Eucaristia, quando os fiis recebem a prpria Carne e Sangue de Cristo sob

a forma de po e vinho, e misteriosamente tem comunho com Ele, como disse o

Senhor, "Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e eu o

ressuscitarei no ltimo dia" (Jo. 6:54). Antes da Comunho os fiis confessam seus

pecados.

Para ajudar os Cristos a superar suas imperfeies, dias de jejum foram estabelecidos.

Desde a poca apostlica tem sido tradicional jejuar s quartas e sextas-feiras (como

comemorao dos sofrimentos de nosso Salvador), e manter o jejum durante as

quaresmas, especialmente durante a Grande Quaresma que antecede a Pscoa. Nos dias

de jejum no permitido comer produtos de origem animal e ter entretenimento, e deve-

se orar mais e se ler mais literatura religiosa. A f Ortodoxa chama por prover a famlia,

cuidar dos idosos, doentes e pobres, e no recriminar ningum: "No julgueis, para que

no sejais julgados" (Mt 7:1). O propsito de nossa vida a contnua melhora moral:

"Sede vs perfeitos, como perfeito o vosso Pai Que est nos cus" (Mt. 5:48).

Porque Precisamos da Igreja?

Muitas verdades que formam a base da f Crist so incompreensveis para a conscincia humana. Quando a mente humana, orgulhosa mas limitada, tenta lidar com

elas no plano de suas prprias noes, ela ento distorce estas verdades reveladas-por-

Deus, e aparece a heresia. Foi assim que a verdade sobre a Santssima Trindade foi

distorcida nos primeiros sculos do Cristianismo, e a doutrina do Salvador foi distorcida

do terceiro ao stimo sculo. A doutrina da Igreja est sendo distorcida at hoje.

"Basta acreditar e estar salvo!" este o lema das denominaes Crists baseadas no Protestantismo. Mas nosso Senhor Jesus Cristo e Seus discpulos, os santos Apstolos

ensinaram que a salvao um processo de renovao espiritual, onde a f somente o

primeiro passo. A Sagrada Escritura trata do ensinamento sobre a salvao em uma

conexo prxima, orgnica com o ensinamento sobre a Igreja, o Reino de Deus entre

as pessoas, e impossvel separar uma coisa da outra. Esta a razo pela qual as

modernas concepes erradas sobre Igreja so, em sua essncia, mal-entendidos sobre a

doutrina Crist da salvao do homem.

As modernas concepes erradas sobre a Igreja podem ser divididas em dois grupos. O

primeiro grupo inclui os Cristos que acham que a Igreja no necessria para a

salvao, que o homem salvo s pela f, com absolutamente nenhuma considerao

pela igreja. Deste entendimento surge a doutrina da "igreja invisvel," popular entre

sectrios. Ela diz que todos os que crem, independente de suas confisses, so

membros de uma igreja invisvel. Por certo, se a igreja invisvel, e assim insensvel e

inativa, ela no pode ser um meio de salvao, e ento ela simplesmente o resultado da

existncia de fiis. O segundo grupo inclui aqueles Cristos que concordariam que a

Igreja pode ser til, mas, falhando em compreender sua natureza, eles acreditam que a

igreja pode ser criada atravs de esforos, conspirao e compromissos humanos. Este

grupo cobre os campees do assim chamado movimento ecumenista. Ambos os grupos

partilham da negativa da existncia da verdadeira Igreja visvel, apesar das claras

palavras do Salvador, "... edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno no

prevalecero contra ela;" (Mt. 16:18).

Porque as opinies erradas sobre a Igreja esto to espalhadas, ns os Cristos

Ortodoxos devemos estabelecer em nossas mentes o correto entendimento da Igreja, sua

significao e necessidade para a salvao de nossas almas.

O maligno, assim como o pecado um poder desintegrador, destrutivo, embora neste

mundo ele possa combater Deus em fileiras cerradas. Como oposta ao maligno, a Igreja

uma realizao milagrosa da multi-unidade, na qual coisas Divinas, Espirituais e

Celestes se juntam com coisas humanas, materiais e mundanas.

Unidade a principal caracterstica da Igreja. Ela organicamente unida per si, apesar

dela compreender muitas igrejas locais e incluir aspectos celestes e mundanos. Ela

tambm unida do exterior, e no h par para ela entre as confisses heterodoxas.

Falando-se imaginativamente, ela um vinhedo, um campo, uma rvore, um vinhedo,

uma montanha, um edifcio, um rebanho, uma famlia, um corpo. Jesus Cristo deu para

a Igreja um ensinamento, um Batismo, uma Comunho. A Igreja vive e santificada por

um Esprito de Deus, ela tem uma Cabea, Cristo. A unidade da Igreja foi o assunto da

orao do Sumo-Sacerdote, o nosso Salvador: "Para que todos sejam um, como Tu,

Pai, o s em Mim, e Eu em Ti; que tambm eles sejam um em ns" (Jo. 17: 21).

Esta unidade da Igreja a reproduo da tri-unidade de Pessoas na Santssima Trindade

e forma a Sua misteriosa natureza. Eis porque, quando falando sobre a Igreja, o Senhor

Jesus Cristo freqentemente usou parbolas, deu exemplos descritivos, para revelar

gradualmente os diversos aspectos dela, e as propriedades desta miraculosa unidade em

vrios planos. Usaremos estas imagens do Evangelho para a discusso da natureza da

Igreja.

A Igreja de Cristo embora exista neste mundo que est no maligno, no tem nada em

comum com ele. Ela tem sua cerca, seus limites, que separam as ovelhas de Cristo das

ovelhas mau-humoradas e dos lobos. Isto contado na parbola do Bom Pastor.

"Na verdade, na verdade vos digo que aquele que no entra pela porta no curral das

ovelhas, mas sobe por outra parte, ladro e salteador. Aquele, porm, que entra pela

porta o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e

chama pelo nome s suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas

ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz; mas de

modo algum seguiro o estranho, antes fugiro dele, porque no conhecem a voz dos

estranhos... Eu sou a porta; se algum entrar por Mim, salvar-se-, e entrar, e sair, e

achar pastagens... Assim como o Pai Me conhece a Mim, tambm Eu conheo o Pai, e

dou a Minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que no so deste aprisco;

tambm Me convm agregar estas, e elas ouviro a Minha voz, e haver um rebanho e

um Pastor" (Jo. 10:1-5, 9, 15, 16). Clareza do ensinamento Apostlico, legislao,

linhagem da Sucesso Apostlica, e a ordem completa da vida da Igreja formam a bvia

cerca separando a Igreja dos vrios grupos religiosos.

A porta da parbola o Sacramento do Batismo, por meio do qual os fiis tornam-se

membros da Igreja. Mas h tambm uma porta para os pastores, que a legtima eleio

e ordenao. Usurpadores das funes de pastores, que "subiram por outra parte" como

dito na parbola, so ladres e salteadores. A parbola do Bom Pastor enfatiza a idia

de obedincia para as ovelhas e auto-sacrificio para os pastores. Obedincia expressa

pela aceitao do ensinamento da Igreja, sem crticas e opinies particulares, e viver

vida Crist sob a conduo de bons pastores.

O pecado dos sectrios , antes de tudo, a sua desobedincia Igreja, sua

insubordinao e amotinao. Protestantismo um termo genrico muito caracterstico

para estes sectrios.

A parbola da videira abre a misteriosa comunho dos fiis com o Senhor Jesus Cristo,

a Fonte de dons da graa e de renovao espiritual.

"Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai o lavrador... Estai em Mim, e Eu em vs:

como a vara de si mesma no pode dar fruto, se no estiver na videira, assim tambm

vs, se no estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vs as varas: quem est em Mim, e Eu

nele, esse d muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer" (Jo. 15:1, 4, 5).

Qualquer um que arrogantemente se aliena da Igreja, se torna similar a um ramo

cortado: no s ele permanece sem fruto, como tambm, indubitavelmente, ir secar. A

conscincia da unidade com Cristo no Sacramento da Comunho deveria nos encher

com o sentido de completa gratido. Ns obtemos nossas melhores intenes e poderes

Dele. Ele a fonte de nossa vida espiritual!

Pastores e Doutores.

"E Ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para

profetas, e outros para evangelistas, e outros para

pastores e doutores, querendo o aperfeioamento dos

santos, para a obra do ministrio, para a edificao do

corpo de Cristo" (Ef. 4:11-12).

"O Prado espiritual" um livro que conta a histria de um velho que vivia uma vida muito justa. Quando ele oferecia Liturgias, ele via anjos que ficavam na Mesa do Altar.

Sendo ele de pouco conhecimento dogmtico, este homem adotou a ordem de venerao

dos herticos e, em toda simplicidade e com boas intenes, durante os ofcios divinos

ele repetia, que lhe haviam ensinado. Por Divina Providncia, certa vez um dicono o

visitou, e este conhecia a ordem correta de venerao. Ele notou o erro nas palavras do

ancio e o corrigiu. O velho no acreditou no dicono e perguntou ao anjo, que estava

na Mesa do Altar, qual era o jeito correto de dizer a orao. O anjo respondeu: "Tu

deves ouvir a ele, ele diz a coisa correta." "Mas porque, ento, no me corrigiste antes,

nas vezes que orei errado?" O velho perguntou ao anjo. O anjo respondeu, "Deus fez

com que pessoas corrigissem os erros de outras pessoas." Depois disto o velho rezou

corretamente, e ficou grato a Deus e ao dicono.

Esta antiga histria moralista ilustra um elemento importante da salvao: o plano de

Deus que as pessoas devem se ajudar umas s outras a fazer o bem!

Se ns olharmos para a organizao do mundo e da vida humana, ento ns veremos

que o principio estabelecido por Deus de ajuda mtua, assistncia e cooperao sublinha

tudo. Cada coisa e cada ser vivo tem o seu propsito prprio, e uma criatura precisa da

outra. Por exemplo, plantas so alimentos para os homens e animais, e tambm

produzem oxignio que necessrio para a respirao. Por sua vez, as plantas precisam

de dixido de carbono, exalado pelos animais, e de insetos para sua reproduo. Germes

que habitam o estomago e intestinos dos animais, so nutridos com substncias que os

animais comem, e ao mesmo tempo eles facilitam a digesto e nutrio dos animais. As

funes de macho e fmea se somam umas s outras no processo de concepo e

desenvolvimento de novas geraes. Com freqncia, na natureza, a morte de algumas

criaturas condio necessria para a existncia de outras.

A necessidade de ajuda mtua ainda mais evidente na vida da sociedade humana.

Quando o homem vem para o mundo, ele indefeso. Sua vida, crescimento, nutrio e

desenvolvimento so completamente dependentes de seus pais. Hereditariedade,

sucesso e comunicao formam as bases da cultura e progresso. Chegando na idade

escolar, o homem apreende cincias e artes, o resultado do esforo e estudos de muitas

geraes de cientistas, poetas e autores. A vida moderna toda com suas tecnologias e

tremendas conquistas em medicina, cincia e artes o fruto trazido por prvias

geraes. assim que o homem faz uso, constantemente, das conquistas daqueles que

se foram h muito tempo. Ele no pode existir em um vcuo, separada e

independentemente de outras pessoas. At mesmo o Cristianismo necessitou do trabalho

preparatrio do perodo do Velho Testamento, precisou de suas Leis, seus Profetas, e da

experincia espiritual das pessoas justas do Velho Testamento.

Em resumo, onde quer que se olhe na vida fsica animal ou humana, ns veremos uma

universal e inquebrvel lei de cooperao e interao por toda a parte. Sem esta lei, o

progresso e a prpria vida seriam impossveis. Como interao e cooperao so to

inevitveis na rotina diria, elas so ainda mais desejveis na nossa vida espiritual, para

o sucesso em virtudes. Foi para isto que Deus "deu uns para apstolos, e outros para

profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o

aperfeioamento dos santos,(isto , para o progresso espiritual dos Cristos), para a

obra do ministrio, para a edificao do corpo de Cristo; At que todos cheguemos

unidade da f, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varo perfeito, medida da

estatura completa de Cristo" (Ef. 4:11-13). No o objetivo de nossa vida movermos

mecanicamente a alma para o Paraso; o objetivo principal interior, renovao

espiritual. Por sua vez, isto requer conhecimento, experincia, orientao, assistncia,

purificao e santificao. E para isto a Igreja necessria, como a aliana espiritual dos

fiis.

O Santo Apstolo Paulo que incitava os Cristos a se ajudarem uns aos outros em

virtudes com freqncia toma este pensamento. Ele toma o corpo humano, no qual cada

parte tem sua funo, e ensina:

Porque, assim como o corpo um, e tem muitos membros, e todos os

membros, sendo muitos, so um s corpo assim Cristo tambm. Pois

todos ns fomos batizados em um Esprito formando um corpo, quer

judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um

Esprito. Porque tambm o corpo no um s membro, mas muitos. Se o

p disser: Porque no sou mo, no sou do corpo; no ser por isso do

corpo? E se a orelha disser: Porque no sou olho no sou do corpo; no

ser, por isso do corpo? Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o

ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas agora Deus

colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos

fossem um s membro, onde estaria o corpo? Agora pois h muitos

membros, mas um corpo. E o olho no pode dizer mo: No tenho

necessidade de ti: nem ainda a cabea aos ps: No tenho necessidade de

vs. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos so

necessrios. E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses

honramos muito mais; e aos que em ns so menos decorosos damos

muito mais honra. Porque os que em ns so mais honestos no tm

necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais

honra ao que tinha falta dela; Para que no haja. diviso no corpo, mas

antes tenham, os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que,

se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um

membro honrado todos os membros se regozijam com ele. Ora vs sois

o corpo de Cristo e seus membros em particular. E a uns ps Deus na

igreja, primeiramente apstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro

doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos,

variedades de lnguas. Porventura so todos apstolos? So todos

profetas? So todos doutores? So todos operadores de milagres; Tm

todos o dom de curar? Falam todos diversas lnguas? Interpretam todos?

(I Co. 12:12-30).

O pensamento chave dos Apstolos que dentro da Igreja todo membro, mesmo que

aparentemente desimportante, ainda necessrio para o bem comum. Uma famlia

Crist, a "igreja domstica," forma a primeira clula da Igreja universal. Os pais e os

mais velhos cuidam dos menores e os guiam no bom caminho. Cuidando dos menores e

dando assim um bom exemplo, os mais velhos ao mesmo tempo se aperfeioam nas

virtudes. Num nvel mais alto, famlias e membros da comunidade Crist se tornam

unidos em sua igreja paroquial. A reunio para orao comum, tomar parte na

venerao, receber a Comunho dos Santos Dons, partilhar de experincias espirituais.

Aqui, atravs da vontade de Deus, os esforos e venerao e orientao esto atribudos

para os pastores, os presbteros, que so responsveis perante Deus por cada "ovelha."

Num nvel mais alto, as comunidades Crists se renem em dioceses e igrejas locais,

onde bispos, "estes anjos da Igreja" (Apoc. 2:1), conduzem a vida espiritual dos

Cristos e cuidam da pureza da f Crist. Finalmente, as igrejas locais juntas com a

Igreja Celestial formam o Corpo Uno de Cristo, doado com vida pelo Esprito Santo.

Numa famlia normal e saudvel no deveria haver conflitos entre pais e filhos, entre os

mais velhos e os mais novos; assim, tambm na Igreja, os ministros podem ser

diferentes, mas todos eles so necessrios para o bem comum. "Aos presbteros que

esto entre vs admoesto eu," escreve So Pedro, "... Apascentai o rebanho de Deus,

que est entre vs, tendo cuidado dele, no por fora, mas voluntariamente: nem por

torpe ganncia, mas de nimo pronto; nem como tendo domnio sobre a herana de

Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.... Semelhantemente vs mancebos sede

sujeitos aos ancios" (I Pe. 5:1-5a).

Ns os Cristos Ortodoxos devemos valorizar o nosso pertencer Igreja. Ela nosso

tesouro espiritual, nossa guia nos assuntos de f e vida, nossa purificao, santificao,

fonte de poder moral e de alegria. Ns deveramos tentar nos transformar em ramos

vivos, verdes, do vinhedo de Cristo partindo dos ramos secos e escassos de fruto que ns somos!

As Duas Esferas.

"Pai Nosso Que ests nos Cus...."

Quando as pessoas falam sobre a Igreja, elas geralmente pensam no seu aspecto secular, a Igreja Militante. Em vrios pases, e atravs da sua histria, esta Igreja teve

perodos de tranqilidade e prosperidade, e perodos de perseguio e humilhao. Em

tempos de provas difceis, pessoas que esto assentadas nela comeam a sentir medo

pelo destino dela, e comeam a perguntar se chegou o fim de sua existncia e se o

mundo atingiu seus ltimos dias.

Nos tempos difceis para a Igreja, confortador levantar nossos olhos espirituais para o

alto, e orar ao Senhor, Pai Nosso Que estas nos Cus..." Atravs desta devoo, ns

entramos no misterioso companheirismo com o Deus Onipotente e com o mundo

espiritual, e a existncia da nossa Igreja em sua glria de fora deste mundo torna-se

revelada para nossa viso. Ento ns comeamos a compreender e sentir claramente que

a comunidade qual ns pertencemos de fato muito maior e mais forte do que ela

parecia. Partes desta comunidade so a Santssima Virgem Maria, os Apstolos,

profetas mrtires, monges santos, loucos-em-Cristo, santos, inumerveis justos de todos

os tempos e naes, e finalmente, o infinito oceano de do mundo anglico, com sua

glria e poder acima da compreenso. E esta grande multido conduzida pelo Chefe

de nossa salvao, o Vitorioso sobre o maligno e Conquistador da morte, nosso Senhor

Jesus Cristo!

O Santo Apstolo Paulo confortou seus compatriotas, Cristos judeus perseguidos pelos

judeus incrdulos, lembrando-os sobre a glria genuna da Igreja celestre-terrestre,

"Mas chegastes ao monte de Sio, e cidade do Deus vivo, Jerusalm celestial, e aos

muitos molhares de anjos; universal assemblia e igreja dos primognitos, que esto

inscritos nos cus, e a Deus, o juiz de todos, e ao esprito dos justos aperfeioados; e a

Jesus, o Mediador duma Nova Aliana..." (Hb. 12:22-24a). E ainda em outro lugar, ele

comparou a Igreja a um grande prdio e inspirou os fiis com as seguintes palavras,

"Assim que j no sois estrangeiros nem forasteiros, mas concidados dos Santos, e da

famlia de Deus; edificados sobre o fundamento dos apstolos e dos profetas, de que

Jesus Cristo a principal pedra de esquina; na qual todo o edifcio, bem ajustado,

cresce para templo santo no Senhor" (Ef. 2:19-21).

Em relao a universal Igreja celeste-terrestre, nossas Igrejas locais, nacionais so

somente pequenas clulas, como se fossem pedras na encosta de uma grande montanha,

ou cabanas nos subrbios de uma grande cidade; e as parquias s quais pertencemos

so simplesmente microscpicas.

Mas a aparente escassez e mesmo mediocridade no significa que ns fomos esquecidos

pelos nossos glorificados irmos e largados para os servos do prncipe das trevas. Pelo

contrrio, mais poderosos so os ataques das foras inimigas, mais prxima de ns a

ajuda da Igreja inteira. Se ns no permitimos que uma ameaa fira nosso pequeno

irmo diante de nossos olhos, ento, muito mais os santos, que atingiram a perfeio em

caridade, e que esto sempre prontos para virem em nosso resgate. E de acordo com as

palavras do Salvador, "... haver mais alegria no cu por um pecador que se arrepende,

mais do que por noventa e nove justos que no necessitam de arrependimento" (Lc.

15:7).

Nosso mundo como um campo de batalha, e talvez esteja no centro no qual Deus e

Satan lutam por todos e cada um dos seres humanos. Na verdade, a fronteira desta

guerra est muito alm dos limites do nosso universo, e a Igreja Celeste toma aes

vigorosas na luta contra o drago e seus servos. Ns somos capazes de observar

somente uma poro menor desta rdua, tensa guerra espiritual.

Para ver esta batalha em maior escala, ela deveria ser olhada atravs dos olhos do Santo

Visionrio, o Apstolo Joo o Telogo, o escritor do Livro do Apocalipse.

A Igreja Militante.

"Porque no temos que lutar contra a carne e o sangue,

mas sim contra os principados, contra as potestades,

contra os prncipes das trevas deste sculo, contra as

hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef.

6:12).

O demnio odeia os bons e os persegue tentando torn-los livres do seu poder. Deus permite que o demnio tente as pessoas para o prprio benefcio delas, pois a luta contra

as tentaes ajuda o homem a melhorar e a se reforar espiritualmente. Um pensador

antigo estava certo ao dizer: "Sem o demnio e as tentaes, no haveriam santos."

Apesar do demnio, por malicia, com freqncia armar perseguies fsicas para os

fiis, precisa ser lembrado que ele pode dominar e arruinar um homem somente atravs

do pecado! Malvado e experimentado psiclogo, o demnio ajusta astuciosamente suas

tticas de tentaes fraqueza individual do homem que ele quer inclinar para o pecado.

Assim ele tenta pessoas lascivas principalmente com pecados carnais; pessoas ligadas a

bens materiais com amor pelo dinheiro; pessoas convencidas e vaidosas com orgulho; pessoa pusilnimes e covardes com medo de perseguies, e assim por diante. Quando o demnio consegue inclinar um homem ao pecado, ento ele vence;

quando o homem rejeita as tentaes, ento o homem o vitorioso. Nossa vida inteira

tecida de vitrias e derrotas episdicas. O resultado final ser verificado no fim da nossa

vida.

As pginas da Santa Escritura, histrias seculares e de igreja, vidas de santos e de vidas

comuns contm, em bilhes de variaes, reflexos dos detalhes visveis da guerra

espiritual entre o demnio e o homem. A este respeito, o mais expressivo e brilhante

exemplo de escritos, descrevendo esta guerra, o Livro do Apocalipse ou Revelao.

Este livro foi escrito pelo Santo Evangelista Joo o Telogo, na ilha de Patmos durante

o seu exlio sob o Imperador Romano Domiciano. O livro particularmente caro por

descrever a luta espiritual entre os poderes do bem e do mal em sua mxima plenitude e

compreensibilidade, e graas a ele uma pessoa fiel pode ver que l ou ela luta com o

demnio no sozinha, mas com a ajuda de Deus e da Igreja Celeste inteira. Este livro

particularmente valioso por revelar os resultados extremos da guerra em que,

queiramos ou no, estamos todos envolvidos; a derrota final do demnio, sua punio e

punio de todos os exrcitos do demnio, e recompensa eterna para todos os que

brigaram com ele e no se entregaram. O que pode ser mais confortador do que saber

que o bem e a vida sero vitoriosos depois de tudo!

Antes de descrevermos alguns episdios dessa guerra, descritos no livro do Apocalipse,

ns deveramos dizer alguma coisa sobre o livro em si. Dentre os livros da Sagrada

Escritura, o Apocalipse o mais complicado para compreenso. assim porque o livro

escrito na linguagem de smbolos e similaridades. Ele no descreve eventos

diretamente, mas o faz atravs de imagens pitorescas. O livro no foi escrito assim para

faz-lo difcil de ser compreendido; seu objetivo foi demonstrar o cerne espiritual da

histria humana inteira, resumir as causas originais de todos os desastres acontecidos

em qualquer tempo para a humanidade, e descrever vividamente a abominao do

pecado e a beleza da justia.

Por isso o Apocalipse tem duas caractersticas particulares: 1) combinao de eventos

homogneos em uma viso, e 2) descrio repetitiva de eventos complicados partindo

de vrias perspectivas. Normalmente ensinado que o Livro do Apocalipse somente

prediz o que ir acontecer nos ltimos dias do anticristo e no final do mundo. Na

realidade, o livro inclui a histria da humanidade, e a histria da Igreja em sua

totalidade. O final do mundo e o julgamento so descritos simplesmente como o

trmino natural dos eventos passados. Eis porque o visionrio forma uma nica

descrio apocalptica para vrios eventos, que podem estar separados por um espao

de sculos, mas que so muito prximos em sua essncia. Por exemplo, combinadas

em uma viso esto perseguies de Cristos por Imperadores romanos nos primeiros

sculos desta era, massacres de Cristos pelos rabes do 7 ao 9 sculos e pelos turcos

do 14 ao 18 sculos, perseguies de fiis pelos atestas em paises comunistas em

nossos dias, e finalmente, perseguies sob o anticristo antes do final do mundo. Em

outras palavras, uma nica viso juntaria elementos de vrias pocas histricas:

Antiquio Epifnio, Nero e Deocleciano, Khozroi e Omar, Mohamed II e Murad III,

Stalin, anticristo e outros semelhantes todos estariam fundidos na imagem da assustadora besta de muitas cabeas. O valor de tal combinao de fatos em uma nica

viso que ela permite mostrar a essncia dos eventos; enquanto de uma descrio

precisa de cada caso separado, ns receberamos somente uma lista de detalhes

superficiais mas no seramos capazes de capturar a essncia .

Combinaes similares de diferentes episdios histricos em uma mesma viso podem

ser encontradas em outros lugares da Sagrada Escritura. Num instante, na conversao

Dele sobre o final do mundo, nosso Salvador sobrepe este evento devastao de

Jerusalm sob Tito em 70 a.D. Ele fez isto porque o primeiro prognosticou o segundo.

Outro exemplo de tal combinao de eventos em uma nica imagem encontrado na

descrio da viso da Mulher no captulo 12 do Livro do Apocalipse.

"E viu-se um grande sinal no cu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua

debaixo dos seus ps, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabea.

Estava grvida, e com dores de parto, e gritava com nsias de dar luz. E

viu-se outro sinal no cu; e eis que era um grande drago vermelho, que

tinha sete cabeas e dez chifres, e sobre as suas cabeas sete diademas. E

a sua cauda levou aps si a tera parte das estrelas do cu, e lanou-as

sobre a terra; e o drago parou diante da mulher que havia de dar luz,

para que, dando ela luz, lhe tragasse o filho. E deu luz um filho, um

varo que h de reger todas as naes com vara de ferro; e o seu filho foi

arrebatado para Deus e para o seu trono. E a mulher fugiu para o deserto,

onde j tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada

durante mil duzentos e sessenta dias. E houve batalha no cu: Miguel e

os seus anjos batalhavam contra o drago, e batalhava o drago e os seus

anjos; Mas no prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos cus. E

foi precipitado o grande drago, a antiga serpente, chamada o Diabo, e

Satans, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus

anjos foram lanados com ele. E ouvi uma grande voz no cu, que dizia:

Agora chegada est a salvao, e a fora, e o reino do nosso Deus, e o

poder do seu Cristo; porque j o acusador de nossos irmos derribado,

o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. E eles o

venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e

no amaram as suas vidas at morte. Pelo que alegrai-vos, cus, e vs

que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo

desceu a vs, e tem grande ira, sabendo que j tem pouco tempo. E,

quando o drago viu que fora lanado na terra perseguiu a mulher que

dera luz o varo. E foram dadas mulher duas asas de grande guia,

para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde sustentada por um

tempo, e tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente. E a

serpente lanou da sua boca, atrs da mulher gua como um rio, para que

pela corrente a fizesse arrebatar. E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu

a sua boca e tragou o rio que o drago lanara da sua boca. E o drago

irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que

guardam os mandamentos de Deus, e tm o testemunho de Jesus Cristo."

(Apocalipse 12:1-17).

A Mulher vestida de Sol a Igreja. A lua, estrelas e o sol que a decoram simbolizam

Sua beleza e glria espiritual. Trabalhos e dores de parto representam a austeridade dos

Cristos em seu caminho para seu renascimento espiritual. O drago vermelho o diabo