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PENAL II AULA 01 - 07/02/2013 Professor Bruno Gilabert TEORIA DA PENA CONCURSO DE CRIMES CONCURSO MATERIAL Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão , pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Concurso homogêneo – Vários crimes de mesma espécie (vários crimes de roubo, ou vários crimes de furto...). Concurso heterogêneo – Vários crimes de espécies diferentes (estupro, roubo, homicídio). CONCURSO FORMAL Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão , pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. CONCURSO FORMAL PERFEITO ou PRÓPRIO 1. Vontade designada a uma finalidade (Desígnio único); 2. O sujeito deseja 01 (um) resultado; 3. Só resultado culposo ou um resultado culposo e um doloso; 4. Sistema de aplicação da pena: exasperação.

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PENAL II

AULA 01 - 07/02/2013

Professor Bruno Gilabert

TEORIA DA PENA

CONCURSO DE CRIMES

CONCURSO MATERIAL

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

Concurso homogêneo – Vários crimes de mesma espécie (vários crimes de roubo, ou vários crimes de furto...).

Concurso heterogêneo – Vários crimes de espécies diferentes (estupro, roubo, homicídio).

CONCURSO FORMAL

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.

CONCURSO FORMAL PERFEITO ou PRÓPRIO

1. Vontade designada a uma finalidade (Desígnio único);

2. O sujeito deseja 01 (um) resultado;

3. Só resultado culposo ou um resultado culposo e um doloso;

4. Sistema de aplicação da pena: exasperação.

CONCURSO FORMAL IMPERFEITO ou IMPRÓPRIO

1. Pluralidade de desígnio;

2. O sujeito deseja vários resultados;

3. Mais de um resultado doloso;

4. Sistema de aplicação da pena: cúmulo material.

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SISTEMA DE APLICAÇÃO DA PENA

1. CÚMULO MATERIAL

CÚMULO MATERIAL

CONCURSO FORMAL IMPERFEITO

CONCURSO MATERIAL

Determina simplesmente a soma das penas, as sanções serão somadas.

2. EXASPERAÇÃO

EXASPERAÇÃO

CONCURSO FORMAL PERFEITO (1/6 até ½)

CRIME CONTINUADO (1/6 até 2/3)

Evita-se a desproporção da aplicação da lei penal.

- Crime mais grave mais fração de aumento.

ACRÉSCIMO – (1/6 até ½) O aumento da pena é calculado de acordo com o resultado.

1º crime 2º crime 3º crime 4º crime 5º crime

1/6 1/5 ¼ 1/3 ½

Obs.: O sistema da exasperação serve para beneficiar o réu, se não beneficiar não pode ser aplicado, portanto quando a EXASPERAÇÃO é prejudicial aplica-se o CÚMULO MATERIAL.

Art. 70. (segunda parte) As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

CONCURSO MATERIAL BENÉFICO – Compara-se o cúmulo material e a exasperação, quando a exasperação não favorecer o réu, aplica-se a o cúmulo material.

CRIME CONTINUADO

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos

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crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Crimes de mesma espécie em condições tempo, lugar e modo de execução.

Condições semelhantes (requisitos objetivos):

1. Tempo (prazo máximo de 30 dias);

2. Lugar;

3. Modo de execução;

4. Outros, a critério do juiz.

Diferença - concurso material (intenção é cometer vários crimes) e crime continuado (intenção é praticar crime único).

REQUISITO SUBJETIVO - INTENÇÃO

Segundo entendimento de doutrina MAJORITÁRIA o CRITÉRIO SUBJETIVO não precisa fazer parte do crime (dispensado).

Em alguns casos o STF exigiu o requisito subjetivo, antes de 2009, em casos de crimes sexuais. Sistema de aplicação da pena: exasperação (1/6 até 2/3).

CRIMES DE MESMA ESPÉCIE

Crimes previstos no mesmo DISPOSITIVO DE LEI ou aqueles previstos no mesmo ARTIGO (entendimento majoritário nos TRIBUNAIS).

Aqueles que têm descrição típica assemelhada ou que atinge o mesmo bem jurídico tutelado (entendimento de DOUTRINA majoritária).

Obs.: a pena é aplicada ao crime continuado pelo sistema da exasperação (1/6 até 2/3). A pena é aplicada ao concurso formal perfeito também pelo sistema da exasperação (1/6 até 1/2).

CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO

Art. 71. (Parágrafo único) - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do Art. 70 e do Art. 75 deste Código. 

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Requisito – Violência ou grave ameaça contra vítima diferente.

Aplicada a pena do crime mais grave, aumentada de até o triplo (3x) – Exasperação.

CRIME CONTINUADO CRIME PERMANENTE CRIME HABITUAL

02 OU MAIS CRIMES 01 CRIME 01 CRIME

PUNIDO COMO SE FOSSE CRIME ÚNICO

PROLONGA-SE NO TEMPO

VÁRIAS CONDUTAS, QUE ISOLADAMENTE NÃO CARACTERIZA O CRIME.

PENAL II

AULA 02 - 14/02/2013

FUNÇÕES DA PENA

Três grandes escolas tentam explicar a função da pena, a principal foi a teoria absoluta ou retribucionista.

ESTADO ABSOLUTISTA VS ESTADO LIBERAL

TEORIAS ABSOLUTAS

No Estado absolutista, aquele que viola a lei, é um pecador, portanto se alguém comete uma infração, esta sofre uma pena ou um pecado. Surge então a penitenciária (de penitência). O sujeito sofre a pena como retribuição (retribucionista) ao pecado por ele causado.

Com a ascensão da Burguesia surge o Estado Liberal, o povo no poder, e com a separação entre Igreja e Estado o conceito de pena deixa de ser pecado, a pena, então, passa a ser perturbação da ordem pública.

A pena no estado liberal é imposta porque uma lei foi violada.

Surge a teoria de KANT

Imperativo categórico de Kant - ¨A lei é uma finalidade em si mesma.¨ A sua função é garantir a própria lei, um estado sem regra tende a morrer. Logo, o réu deveria ser castigado pela única razão de haver delinquido, sem levar em conta nenhum utilitarismo da pena para ele ou para os demais integrantes da sociedade.

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KANT - A lei é uma finalidade em si mesma.¨

Teoria de HEGEL

Hegel por sua vez, pregava que a racionalidade e a liberdade são, pois, a base do direito. Assim, o delito é a negação do direito, manifestação de uma vontade irracional, vontade particular em contraposição à vontade geral.

A infração é uma negação das leis, ou seja, quando o delinquente infringe a lei ele está negando sua aplicabilidade, assim a pena deve ser imposta como pena de negação a conduta do criminoso.

HEGEL – o delito é a negação da lei.

As teorias implicam na retribuição da infração através do castigo, por isso são chamadas de retribucionistas.

Quanto mais grave a contuta do sujeito, maior será a pena aplicada.

Com o ILUMINISMO surgem as chamadas teorias relativas.

TEORIAS RELATIVAS

Cesare Beccaria – O marquês Cesare Beccaria, em sua obra, Dos Delitos e das Penas, de 1764, recomenda que é melhor prevenir o crime do que castigá-lo. as penas têm que ser úteis, o estado precisa ser voltado para um fim, a pena é imposta porque busca um objetivo.

FUNÇÃO PREVENTIVA GERAL de FEUERBARCH – Tal teoria tem como base o homem racional, que pensa que não vale a pena delinquir, vez que será castigado – coação psicológica, sob pena de coação física. A pena voltada para a sociedade.

FUNÇÃO PREVENTIVA ESPECIAL de VON LISZT – Para Von Lszt, a aplicação da pena obedece uma ideia de ressocialização e reeducação do delinquente, à intimidação daqueles que não necessitam resocializar-se e também para neutralizar os incorrigíveis.

É voltada exclusivamente para o criminoso. A prevenção especial visa segregar o sujeito do núcleo social para que esse não viole as leis novamente.

Num segundo momento a prevenção especial tem a finalidade ressocializadora da pena, ao sofrer uma pena o criminoso passa

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por um processo de reeducação, uma vez que o indivíduo aceite as regras do convívio social.

TEORIAS MISTAS- Teoria adotada pelo CP brasileiro.

Visa mesclar as teorias absolutas e as teorias relativas, sendo retributiva e preventiva ao mesmo tempo.

Art. 59 – (caput) O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

PREVENÇÃO POSITIVA FUNDAMENTADORA

Logo, para Welzel há preponderância da sociedade em face do indivíduo, uma vez que, quando o delito ocorre o direito individual já foi violado irreversivelmente, devendo-se, pois, resguardar o interesse social.

PREVENÇÃO POSITIVA LIMITADORA

A pena seria a reação estatal perante fatos puníveis, para proteger a consciência social da norma. Hassemer acredita que essa proteção consistiria na ajuda prestada ao delinquente na medida do possível.

Obs.: tem como objetivo restringir a atividade estatal.

CATEGORIAS DE PENAS NO CÓDIGO PENAL

PENAS DO CÓDIGO PENAL

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE - PRISÃO (PPL)

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO (PRD)

PENAS PECUNIÁRIAS

PENA DE MORTE- Somente em caso de guerra declarada (casos excepcionais)

Obs.: hoje, a principal sanção é a pena privativa de liberdade (prisão).

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Prisão (pena) – Direito Penal

Prisão cautelar – prisão do Direito Processual

Instrumentos que garantem a eficácia da ação penal.

PRISÃO CAUTELAR

PRISÃO TEMPORÁRIA (L. 7.960/89)

PRISÃO PREVENTIVA (Art. 312, CPP)

PRISÃO TEMPORÁRIA (L. 7.960/89)

Garante a eficiência da investigação, dura 05 dias, renovável por igual período.

Salvo em caso de crimes HEDIONDOS, prazo de 30 dias, renovável por igual período.

Art. 2º, L. 8.072/90 (Crimes Hediondos). Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

§ 4o  A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n o   7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

Rol dos crimes hediondos (L. 8.072/90)

1. Homicídio qualificado ou Praticado por grupo de extermínio;

2. Latrocínio;

3. Extorsão com resultado morte;

4. Extorsão mediante sequestro;

5. Estupro;

6. Estupro de vulnerável;

7. Epidemia com resultado morte;

8. Falsificação de documentos;

9. Genocídio.

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Tráfico de drogas, tortura e terrorismo – Não são crimes hediondos, mas são equiparados a hediondos.

PRISÃO PREVENTIVA (Art. 312, CPP)

A prisão preventiva se difere da temporária por, normalmente, ocorrer durante a ação penal, durante o processo.

Duração – Dura o tempo razoável (Razoabilidade)

PRISÂO POR ALIMENTOS – prisão unicamente civil (Duração de 90 dias)

PRISÂO ADMINISTRATIVA – Infração

PRISÂO (Pena) – Surge depois da condenação transitado em julgado, só surge com condenação irrecorrível.

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE - PRISÃO (PPL)

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (PRISÃO)

RECLUSÃO Fechado/ Semi-Aberto/ Aberto

DETENÇÃO Semi-Aberto/ Aberto

PRISÃO SIMPLES - (Contravenção penal)

Aberto

Pressupõe encarceramento do condenado.

Formas de cumprimento da pena de prisão (L. 7210/84 – Lei de Execução Penal).

Art. 34, CP. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.

FECHADO (segurança máxima ou média)

Cumprido em Penitenciária

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REGIMES PENITENCIÁRIOS

SEMI – ABBERTO Cumprido em Colônia Agrícola, industrial.

ABERTO (trabalho durante o dia s/ vigilância)

Cumprido em Casa de Albergado (a noite)

Art. 88, LEP. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.

Parágrafo único - São requisitos básicos da unidade celular:

a) salubridade do ambiente

b) área mínima de 6 m2 (seis metros quadrados).

Art. 89, LEP. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.

Regime inicial - Art. 33, LEP. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

§ 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

REGIME FECHADO (PENITENCIÁRIA)

1. Cela individual, 6m2;

2. Condições de salubridade;

3. Trabalho (trabalho comum ou estudo) diurno e

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isolamento noturno

Obs.: trabalho EXTERNO em regime FECHADO só é possível em obras públicas.

REGIME SEMI – ABERTO

1. Cumprido em COLÔNIA AGRÍCOLA ou industrial;

2. Trabalha INTRA ou EXTRA muros (Dentro ou fora da colônia, também pode ser em obras públicas, assim como iniciativa privada)

3. A principal diferença do regime fechado e aberto se da na cela ou no lugar onde trabalha.

REGIME ABERTO

A pena é cumprida em CASA de ALBERGADO.

Art. 33, § 2º, LEP - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

SISTEMA RECLUSÂO - Média e Maior gravidade

DETENÇÃO – Média e Menor gravidade

FECHADO Pena superior a 8 anos

Pena superior a 4 anos + Reincidência

SEMI – ABBERTO

Pena superior a 4 até 8 anos (primário)

Pena superior a 4 até 8 anos (primário)

Pena igual ou inferior a 4 anos + Reincidência

Pena igual ou inferior a 4 anos + Reincidência

ABERTO Pena igual ou inferior a 4 anos (primário)

Pena igual ou inferior a 4 anos (primário)

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STJ Súmula nº 269 - É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.Posição MAJORITÁRIA – mesmo que o indivíduo seja reincidente, começa no regime SEMI – ABERTO.

Art. 2º, L. 8.072/90 (Crimes Hediondos). Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

§ 1o  A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.

REGIME INTEGRALMENTE FECHADO

Em 2007 o STF declarou inconstitucional o regime integralmente fechado, efeito ERGA OMNES.

Argumento do STF – Princípio da humanidade das penas e princípio da individualização das penas.

O legislador, então, declara o REGIME INICIALMENTE FECHADO em substituição ao REGIME INTEGRALMENTE FECHADO.

O STF declara REGIME INICIALMENTE FECHADO inconstitucional para o PEQUENO TRAFICANTE.

Argumento do STF – Princípio da proporcionalidade.

Obs.: No cumprimento das penas, as mais graves serão cumpridas antes das mais brandas.

As penas devem ser aplicadas distintas e integralmente.

Art. 2º, L. 8.072/90 (Crimes Hediondos). Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

§ 2 o. A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.

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PENAL II

AULA 03 - 21/02/2013

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE - PRISÃO (PPL)

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE - PRISÃO

RECLUSÃO Fechado/ Semi-Aberto/ Aberto

DETENÇÃO Semi-Aberto/ Aberto

PRISÃO SIMPLES - (Contravenção penal)

Aberto

PROGRESSÃO DE REGIME

STJ Súmula nº 269 - É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

O Brasil adotou o sistema progressivo Irlandês, onde o apenado vai conquistando pouco-a-pouco sua liberdade de acordo com seu mérito (Sistema de cumprimento da pena). Aquele condenado que está no sistema fechado pode passar para o sistema semi-aberto.

Art. 112, LEP. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

Obs.: Critério objetivo – Crime comum 1/6 da pena.

Sujeito está no regime fechado e passa obrigatoriamente pelo regime semi-aberto para chegar no sistema aberto.

O condenado não pode ser punido pela ineficiência do estado, se fazia jus pode passar do sistema fechado para o aberto.

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Esse benefício será calculado de acordo com a pena fixada (cálculo de regime prisional)

Essa regra não se aplica ao exposto nos casos Hediondos ou equiparados. Aplica-se:

Art. 2º, L. 8.072/90 (Crimes Hediondos). Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (requisito objetivo p/ progressão – 2/5 ou 3/5)

§ 2 o. A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.

De 1990 até 2007 era vedada a progressão de regime.

Em 2007 o STF declarou inconstitucional o regime integralmente fechado, efeito ERGA OMNES.

Argumento do STF – Princípio da humanidade das penas e princípio da individualização das penas.

O legislador, então, declara o REGIME INICIALMENTE FECHADO em substituição ao REGIME INTEGRALMENTE FECHADO.

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O STF declara REGIME INICIALMENTE FECHADO inconstitucional para o PEQUENO TRAFICANTE.

Argumento do STF – Princípio da proporcionalidade.

Em 2007 0 congresso passou a admitir a progressão de 2/5 ou 3/5.

Art. 2º, L. 8.072/90 (Crimes Hediondos). Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

§ 2 o. A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.

OSTENTAÇÃO DE BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO

O Diretor do estabelecimento carcerário emite um boletim para o Juiz da VEP e este determina a progressão de regime.

Obs.: O regime anterior a 2007 não entra na regra da progressão de 2/5 ou 3/5.

EXAME CRIMINOLÓGICO – Testa as condições de ressocialização do apenado.

Art. 112 - A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

A única previsão do exame criminológico, hoje, serve apenas para determinar onde ficará o apenado.

O exame criminológico deixou de ser obrigatório e passou a ser facultativo.

5 anos

Crime Ação penal

Condenação Recorrível

Novo Crime

Condenação Irrecorrível

Extinção ou cumprimen N/C

Novo Crime

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to da pena

Reincidência

A condenação IRRECORRÍVEL por crime anterior marca a reincidência.

Excluem-se aqui os crimes militares próprios (Aqueles que só existem no CPM).

Crimes militares próprios não geram reincidência.

O sujeito que comete o crime depois de 5 anos da extinção do crime ou do cumprimento da mesma não mais é reincidente, esse sujeito tem tão somente maus antecedentes.

Obs.: REINCIDENTE É QUEM PRATICA CRIME DEPOIS DE CONDENAÇÃO IRRECORRÍVEL POR CRIME ANTERIOR.

Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.

Condenado por crime (Irrecorrível), comete uma contravenção, no Brasil ou no estrangeiro: é reincidente.

Condenado por contravenção (Irrecorrível), comete outra contravenção, no Brasil: é reincidente.

PROGRESSÃO DE REGIME

Art. 118 - A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena (Unificação) em execução, torne incabível o regime (Art. 111).

Art. 111 - Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou

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unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.Pela unificação da pena, crime doloso e a falta grave o apenado pode regredir de regime.

Art. 52 - A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada;II - recolhimento em cela individual;III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas;IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.§ 1º O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. § 2º Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.O RDD (art. 52) fere o princípio da taxatividade.

REMISSÃO E DETRAÇÃO

REMISSÃO – É o perdão de dias da pena pelo trabalho carcerário, o preso que trabalha tem direito a desconto de sua pena pelos dias trabalhados.

A cada 3 dias de trabalho/ 01 dia de pena.

Trabalho – Até ¾ do salário mínimo. Ainda que não haja trabalho pra todo mundo o preso não pode solicitar remissão da pena.

O ACIDENTE DE TRABALHO é a única hipótese em que o preso pode ter os dias de penas remidos.

O trabalho é pressuposto para concessão do regime aberto. O regime aberto não cabe remissão de dias da pena. O JUIZ DA VEP determina o desconto por dias de trabalho.

Caso o preso cometa falta grave perde os dias de trabalho remidos, os dias que por sentença o Juiz já havia determinado não serão perdidos.

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DETRAÇÃO Faz-se em virtude do tempo de cumprimento de prisão processual ou administrativa, ou de internação provisória. A pena cumprida em prisão preventiva pode ser descontada através de detração.

Art. 387, § 2º (Código Penal) O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)

A Lei 12.736/12 alterou a regulamentação da detração penal.

Segundo a nova lei o JUIZ de ALICAÇÃO DA PENA, na própria sentença condenatória, verifica a DETRAÇÃO. (Quando for útil para o criminoso)

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA

STF Súmula nº 716 - Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

A execução provisória da pena visa garantir todos os princípios de natureza processual.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO (PRD)

Através de estudos da ONU, surgem as regras de Tóquio, segundo a qual as penas de prisão precisam ser evitadas e somente aplicadas aos casos mais extremos.

Art. 43, CP. As penas restritivas de direitos são:

I - prestação pecuniária;

II - perda de bens e valores;

III - (VETADO)

IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

V - interdição temporária de direitos;

VI - limitação de fim de semana.

A prestação pecuniária e a perda de bens e valores são PENAS PECUNIÁRIAS que atingem o patrimônio do condenado.

Art. 117, LEP - Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:I - condenado maior de 70 (setenta) anos;

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II - condenado acometido de doença grave;III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;IV - condenada gestante.Prisão domiciliar - sujeito precisa está em regime aberto. O Estado que não tem CASA de ALBERGADO aplica-se a PRISÃO DOMICILIAR.

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA

Art. 45, § 1º (Código Penal) A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. 

O Juiz fixa um valor de 01 a 360 Salários Mínimos.

A pena de multa se da em favor do Estado (Fundo Penitenciário Nacional)

A pena de prestação pecuniária te caráter substitutivo, assim como todas as penas restritivas de direitos. O Juiz primeiro fixa, obrigatoriamente, a pena de prisão e depois é substituída por pena pecuniária (se o sujeito não cumpre a pena pecuniária volta a valer a pena de prisão). A pena de multa pode ser aplicada cumulativamente ou alternativamente a pena de prisão e não ter o caráter de conversibilidade (sujeito não paga multa, não pode ser preso, a multa deverá ser cobrada como se tributo fosse). A pena de prestação pecuniária é fixada em salário mínimo, a pena de multa é fixada pelo sistema de dias-multa (prestação pecuniária e multa podem ser cumulativas).

Prestação Inominada - O sujeito ativo pode pagar a pena pecuniária através de bens.

Art. 43, § 2º (Código Penal) No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.

PERDA DE BENS E VALORES

Não corresponde ao patrimônio ilícito, mas sim ao patrimônio lícito (Condenação é um confisco, atingindo ao patrimônio do sujeito).

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Art. 45, § 3º (Código Penal) A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto - o que for maior - o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime. 

PENAL II

AULA 04 - 28/02/2013

PENAS DO CÓDIGO PENAL

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE - PRISÃO (PPL)

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO (PRD)

PENAS PECUNIÁRIAS

PENA DE MORTE- Somente em caso de guerra declarada (casos excepcionais)

Penas restritivas especiais

- prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

- interdição temporária de direitos;

- limitação de fim de semana.

Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas.

Art. 46 - A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.

§ 1º A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.§ 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. § 3ºAs tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.

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§ 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (Art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.A prestação de serviço é aplicada a condenações superiores a 6 meses.

A prestação de serviço é uma pena, por isso não é remunerada.

O tempo é fixado em 1h/dia para não atrapalhar a atividade remunerada do condenado (1h/dia após ou antes do horário de serviço).

Se a pena restritiva é de 1 ano, a pena de prestação é também de 1 ano.

Segundo o § 4º do art. 46, o sujeito que tem a pena superior a 1 ano é facultado cumprir a pena em até metade do tempo.

Segundo entendimento da doutrina, esse cidadão irá trabalhar o dobro de HORAS/DIA (2h) para que as penas possam ser proporcionais.

Limitação de fim de semanaObrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5h diárias em casa de albergado.

Todas as penas restritivas com exceção da interdição temporária de direito são genéricas.

Interdição temporária de direitos - EspecíficaSó podem ser aplicadas em determinados crimes, o crime praticado tem que ser proporcional a natureza da pena.

Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:

I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.

IV - proibição de frequentar determinados lugares. 

Obs.: Prisão não cumula com pena restritiva

Art. 44 - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:

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I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;II - o réu não for reincidente em crime doloso;III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.Crime de ameaça – Crime de menor potencial

MENOR POTENCIAL OFENSIVO – pena máxima de até 2 anos.

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.Nas infrações de menor potencial ofensivo aplica-se a lei 9.099/95 (JECrim).A intenção do Juizado especial criminal era evitar a aplicação da pena.

MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO – Pena mínima de até 1 ano.

GRANDE POTENCIAL OFENSIVO – O que não for menor ou médio potencial.

HEDIONDOS ou EQUIPARADOS (l.8.072/90)

INSTIRUTOS DESPENALIZADORES DA L. 9.099/95

TRANSAÇÃO PENAL (principal instituto)

Antes de denunciar o promotor oferece ao autor dos fatos algumas condições, se o autor do fato aceita as condições extingue-se a punibilidade.

Art. 44 - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;II - o réu não for reincidente em crime doloso;Obs.: A reincidência impede aplicação da pena restritiva de direito.

§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.

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Pode ser o requisito do § 3º afastado ou flexibilizado pelo juiz. Com exceção da REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA.

REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA – É a reincidência no mesmo crime, esta não permite a aplicação da pena restritiva de direito.

Art. 44, III (Prognose favorável)- a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.O art. 44, L.11.343/06 (lei de drogas) vedou expressamente a conversão do art. 33 em penas restritivas de direitos.

Em 2007 passou a vigorar o regime inicialmente fechado em substituição ao anterior (integralmente fechado)

Art. 44.  Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.

Parágrafo único.  Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

Art. 33.  Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

§ 4o  Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades

criminosas nem integre organização criminosa.

Obs.: Segundo o STF o § 4o  é inconstitucional.

O STF não pode negar ao pequeno traficante a aplicação da pena restritiva de direito em substituição as penas privativas de liberdade.

Art. 44. § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou PRD; se superior a um

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ano, a PPL pode ser substituída por uma PRD e multa ou por duas PRD.

O Juiz escolhe multa ou RDD em pena igual ou inferior a 1 ano, só pode cumular PRD quando superior a 1 ano. (Não aplica a regra ao art. 28 L.11343/06).

Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

Em regra, PRD são penas substitutivas, as penas do art. 28 são principais.

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

As três penas podem ser aplicadas cumulativamente, não são penas substitutivas, são penas principais.

PENAS DO CÓDIGO PENAL

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE - PRISÃO (PPL)

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO (PRD)

PENAS PECUNIÁRIAS

PENA DE MORTE- Somente em caso de guerra declarada (casos excepcionais)

PENAS DE MULTA

Art. 44 - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser

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substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

Art. 49 (Código penal)- A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.

Regra do código penal para calcular multa.

SISTEMA DOS DIAS MULTA - Art. 49 

1. Fixação do número de dias multa entre 10 e 360 dias-multa.

2. 1/30 até 5X (valor)

3. Multiplicação.

Como fixar os dias e o valor (Critério)

1. Fixação dos dias-multa

(Posição mais antiga) Calculado de acordo com a reprovabilidade da conduta, a análise é calculada de acordo com base na pena de prisão.

POSIÇÃO MAJORITÁRIA (Mais moderna) Capacidade econômica do condenado (quanto melhores condições tiver o condenado, maior será o valor a ser pago na multa).

2. Fixação do valor de cada dia-multa

Calculado de acordo com a Capacidade econômica do condenado.

Obs.: A posição mais moderna é mais adotada porque a pena de multa perdeu seu caráter de conversibilidade.

ANTIGAMENTE – Se o sujeito não pagasse a multa, esta seria convertida em pena de prisão (até 1996), desde então a conversibilidade da pena de multa foi abolida, hoje uma vez aplicada se torna dívida de valor, se o sujeito não paga essa multa (será inscrito na dívida ativa do Estado) sendo cobrada como dívida ativa através de execução fiscal por meio da fazenda

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pública, se executado e o sujeito não pagar, os bens serão penhorados, se não tiver bens? AZM. Art. 51, CP

Se a multa não pode ser convertida em prisão, as condições econômicas do condenado serão afetadas.

PRINCÍPIOS ATINENTES A SANÇÃO PENAL

PRINCÍPIO DA INTRANSCEDÊNCIA ou DA PERSONALIDADE ou DA RESPONSABILIDADE PESSOAL

A pena não pode passará da pessoa do condenado, ou seja, ninguém pode ser punido pela conduta de outrem. As penas não são transmissíveis, não podem passar para os herdeiros. As penas tributárias podem ser cobradas, de multa não.

PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS

As penas não podem expor o condenado a tratamento indigno, ou seja, os condenados não podem ser atingidos na sua honra, ou na sua integridade física, como penas vexatórias, corporais, caráter perpétuo, morte...

Devem ser garantidas ao preso as condições mínimas de salubridade.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

Voltada principalmente para o legislador, orienta o legislador no momento da criação da pena, não podem ser nem excessivamente altas, assim como não podem ser ridiculamente baixas, devem ser compatíveis coma magnitude do crime ou a responsabilidade do sujeito. O legislador precisa ser ponderado, razoável.

PRINCÍPIO DA NECESSIDADE CONCRETA DA PENA

Só pode ser aplicada quando necessária para a reprovação da conduta.

Art. 59 – (caput) O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

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O legislador diz se a pena é necessária ou não, o juiz tem uma margem mínima de discricionariedade.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

Assim como as leis, as penas também não retroagem.

Uso de Documento FalsoArt. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.Uma cominação de pena indireta, embora não exista cominação direta é fácil identificar o dispositivo de lei.

Esse tipo de pena não ofende em nada o princípio da legalidade.

PENAL II

AULA 05 - 07/03/2013

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

LEGISLATIVA

JUDICIAL

EXECUTÓRIA

Cominação de uma pena em abstrato, o legislador cria o crime sem nenhum caso concreto em consideração, trabalha com situações genéricas.

O legislador fixa margens penais (pena fixada no limite mínimo e máximo), estabelece a reprovabilidade mínima e a reprovabilidade máxima.

A fixação de pena de certa forma se dirige a sociedade, assim serve como um instituto de garantia para o criminoso, evitando que o estado possa ultrapassar os limites de aplicação da pena, serve principalmente para o Juiz (o legislador balizando a atividade judicial).

LEGISLATIVA

JUDICIAL

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PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

EXECUTÓRIA

O sujeito infringe a lei, surge então o momento da DOSIMETRIA DA PENA (a individualização judicial).

O Juiz, balizado nos limites mínimos e máximos, estabelece a pena necessária para o caso concreto, fixando, individualizando, fazendo calculo, aquela pena que era abstrata passa a ser uma pena concreta (aplicação da pena em concreto).

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

LEGISLATIVA

JUDICIAL

EXECUTÓRIA

Efetivação da pena aplicada com todas as suas intercorrências, a pena aplicada será efetivada.

DOSIMETRIA DA PENA – Calculo da PPL (Prisão)

SISTEMA TRIFÁSICO (Sistema Nelson Hungria)

SISTEMA TRIFÁSICO

PENA-BASE

PENA PROVISÓRIA

PENA DEFINITIVA

PENA BASE

A aplicação da pena começa no art. 59, CP(Circunstâncias Judiciais).

QUALIDADE DA PENA

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;Dentro dos limites estabelecidos pelo legislador o juiz precisa da pena inicial.

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Parte da doutrina diz que a pena precisa ser começada pelo termo médio, esse é o equilíbrio, é justo que a pena comece pelo termo médio (Opinião de parcela amplamente minoritária).

A doutrina majoritária rejeita esse raciocínio, segundo seu entendimento a pena inicial tem que ser a mínima, por dois motivos:

1. A lei não determina qual a pena inicial;

2. A pena média não é a pena justa, a pena equilibrada, ao começar aplicar a pena pelo meio, indiretamente já se reprova a culpabilidade do sujeito, na constituição vigora o princípio da presunção da inocência, por isso, a aplicação da pena deve começar pelo mínimo.

PENA-BASE – É o marco pelo qual se começa fazer o calculo.

PENA-BASE – PENA INICIAL + CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS

Circunstâncias judiciais, art. 59 (caput), CP.

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

A pena inicial só será alterada se houver circunstancias judiciais abonadoras.

2º PASSO – O resultado da pena base é transportado para a pena provisória.

A pena provisória começa com a PENA-BASE mais AGRAVANTES e ATENUANTES (chega-se a um novo resultado).

O resultado da PENA PROVISÓRIA é repassado para a PENA DEFINITIVA.

PENA DEFINITIVA – PENA PROVISÓRIA mais CAUSA DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DA PENA.

QUALIFICADORAS

AGRAVANTES

CAUSAS DE AUMENTO

PREVILÉGIOS

ATENUANTES

CAUSA DE DIMINIUÇÃO

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Cada palavra significa um instituto diferente.

PENA-BASE

QUALIFICADORAS e PREVILÉGIOS

As qualificadoras e privilégios influenciam na pena inicial.Homicídio SimplesArt. 121 - Matar alguém:Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.

Homicídio Qualificado§ 2º - Se o homicídio é cometido:II - por motivo fútil;

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

A pena por MOTIVO FÚTIL é uma pena autônoma, diferente da pena do Caput, a pena do § 2º  é, portanto, QUALIFICADORA.

Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:

Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.

No Art. 242, Parágrafo único, há uma pena mais branda que a pena do caput, é também uma pena autônoma, pois não depende da pena do caput. Nesse caso o crime é PREVILEGIADO.CAUSAS DE AUMENTO e DIMINIUÇÃO de PENA

Causa de aumento (Majorado)

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

Causa de diminuição (Minorado ou Minorante)

Page 30: Penal II - Av1-Av2

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

O ARREPENDIMENTO POSTERIOR é uma causa de diminuição da pena.

Arrependimento PosteriorArt. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

AGRAVANTES e ATENUANTES

Nas agravantes e atenuantes o legislador não fala o quanto a pena é agravada ou atenuada.PENA PROVISÓRIA

Circunstâncias Agravantes

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:I - a reincidência;REINCIDÊNCIA – É uma causa que sempre agrava a pena.

II - ter o agente cometido o crime:(...)Agravantes no Caso de Concurso de Pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;II - coage ou induz outrem à execução material do crime;III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

Circunstâncias AtenuantesArt. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;

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II - o desconhecimento da lei;III - ter o agente:a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 

AGRAVANTES e ATENUANTES GENÉRICASAplicam-se a quase todos os crimes.Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena.EXCEÇÕES1. Se a pena já está fixada no seu limite máximo, a agravante não produz efeito se a pena já atingiu seu limite máximo.

2. Quando não constitui ou não qualificam o crime (BIS IN IDEM é vedado em direito penal)

3. A circunstância agravante não será aplicada quando houver uma atenuante preponderante

Reincidência é circunstância preponderante.

Atenuante ou agravante, uma delas vai prepondera sobre a outra.

Concurso de Circunstâncias Agravantes e AtenuantesArt. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. MOPERE

Segundo o STF a confissão espontânea é uma causa de circunstância preponderante. Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;Se o agente é menor que 21 (18 a 21) e maior que 70 (menoridade ou maioridade vão preponderar).

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Art. 61, II - ter o agente cometido o crime:a) por motivo fútil (BOBO, BANAL) ou torpe (REPUGNANTE);b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação (DESCONHECIMENTO DO CRIME), a impunidade ou vantagem de outro crime;c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge (PESSOAS QUE VIVEM EM MATRIMÕNIO);A LEI FOI OMISSA QUANTO AO COMPANHEIRO, PORTANTO NÃO SE PODE USAR ANALOGIA (malam partem) NESSE CASO, POIS ESTA PREJUDICARIA O RÉU. f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;l) em estado de embriaguez preordenada.

ENFERMO – Aquele que tem menor capacidade de defesa.EMBRIAGUEZ PREORDENADA – Aquele sujeito que usa a embriaguez para perder seus freios inibitórios. Agravantes no Caso de Concurso de Pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;II - coage ou induz outrem à execução material do crime;III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;

Art. 242, Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:

Divergência entre duplicidade de avaliação (Doutrina majoritária diz que não).

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Para ZAFARONI pode-se avaliar duas vezes a mesma atenuante.

STJ Súmula nº 231Circunstâncias Atenuantes - Redução da Pena - Mínimo Legal    A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.PROPORCIONALIDADE - A pena não pode ser nem tão alta, nem tão baixa.

PENAL II

AULA 06 - 14/03/2013

SISTEMA TRIFÁSICO

PENA-BASE Circunstâncias judiciais (art. 59)

PENA PROVISÓRIA Agravantes e atenuantes

PENA DEFINITIVA Causas de Aumento e Diminuição da pena.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

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I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;A pessoa deste artigo trata do sujeito de 18 a 21 anos.

Em Direito Penal as HORAS não serão consideradas para calculo, somente os DIAS.

Considera-se a MAIORIDADE na data em que a sentença é proferida.

Na MENORIDADE interessa a data do crime.

Qualquer que seja a sentença, se o sujeito já era maior de 70 anos a pena é atenuada.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: II - o desconhecimento da lei;ERRO – Falsa representação da realidade, não existe desconhecimento da lei.

IGNORÂNCIA – Ninguém pode alegar ou utilizar o desconhecimento da lei para não ser punido (LEGIS MEMINEM EXCUSA, o desconhecimento da lei não exime de punição).

O desconhecimento da lei não exclui punição, mas diminui a pena.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;Essa atenuante é admitida Até o julgado (antes do julgamento).

A atenuante da alínea B será aplicada nas hipóteses em que não são cabíveis a desistência voluntaria, o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior.

Desistência Voluntária e Arrependimento EficazArt. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.Desistência Voluntária – O sujeito inicia a execução, durante os atos executórios desiste e evita a consumação.

Arrependimento Eficaz - O sujeito inicia a execução, depois de terminados os atos executórios, desiste e evita a consumação.

Arrependimento Posterior

Page 35: Penal II - Av1-Av2

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.Arrependimento Posterior - Ocorre a consumação do crime e só depois o sujeito tenta reparar o dano.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL – Só responderá pelo crime aquele que executa a coação, sendo o coagido inimputável.

OBEDIÊNCIA HIERARQUICA – Se a ordem é manifestamente legal, diminuição de pena.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;Confissão provocada não é confissão espontânea.

O sujeito precisa ter o desejo de contribuir para a justiça, nesse caso a confissão espontânea é obrigatória para que se configure atenuante.

A confissão só vai atenuar a pena quando for total (Cabal).

A confissão só atenua a pena quando for repetida em juízo.

A confissão espontânea é considerada pelo STF como circunstâncias preponderantes.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.Crime multitudinário – Crime praticado sob influência de multidão.

O sujeito que pratica crime multitudinário tem sua pena atenuada, salvo quando este deu início.

Ex.: CRIME DE RIXA.

RixaArt. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

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Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. ATENUANTES INOMINADAS

Qualquer outra circunstância que se apresente relevante para o juiz mesmo não estando previsto em lei.

As agravantes sempre serão legalmente prevista.

PENA DEFINITIVA – 3ª FASE

Na fase definitiva os limites mínimos e máximos da pena podem ser ultrapassados.

Furto na modalidade tentada – pena base de 1 ano, pena provisória de um ano, pena definitiva pode ser menor que um ano.

O legislador estipulou o quanto a pena deve ser amentada ou diminuída.

A uma autorização legislativa para que os limites mínimos e máximos sejam violados.

Se a lei diz que a pena pode ser aumentada ou diminuída e não fala o quanto, esta é uma hipótese atenuante.

Após o SISTEMA TRIFÁSICO o juiz fixa o REGIME PENITENCIÁRIO e depois se houver calcula PENA DE MULTA, depois, se comportar, PRD , esta será substitutiva, só depois o juiz verifica se é cabível a SUSPENSÃO CONDICIONAL da pena.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (SURSIS)

O sistema FRANCO-BELGA (SURSIS) é uma hipótese de impedimento da execução de pena em que o sujeito ativo assume o compromisso de cumprir certas condições em troca de seu não recolhimento ao cárcere, depois de aplicada a pena pelo juiz.

Se o sujeito concorda com a pena do Juiz, o sujeito terá sua pena suspensa.

REQUISITOS (SURSIS):

Requisitos da Suspensão da PenaArt. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

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I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no Art. 44 deste Código.§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. § 2º - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.1. Só a pena de prisão apresenta SURSIS;

2. Pena igual ou inferior a 2 anos ou não superior a 4 anos (maior de 70 ou saúde);

3. Não reincidência em crime doloso (subjetivo);

Exceção ao art. 77, § 1º (mesmo cometido crime doloso e condenado a pena de multa).

4. Pro gnose favorável (subjetivo);

5. Impossibilidade de substituição por PRD.

No SURSIS o tempo de punição pode ultrapassar a própria condenação.

SURSIS não é pena, é suspensão da pena.

Obs.: os requisitos precisam existir cumulativamente.

Se os requisitos forem cumpridos o Juiz não pode negar, mas é um instituto condicional e só será aplicado caso ocorra aceitação por parte do beneficiário, o Juiz então faz uma AUDIÊNCIA ADMONITÓRIA, se o réu concorda com as condições que lhe são impostas começa o PERÍODO DE PROVA que será de 02 a 04 anos dependendo das circunstâncias (se o réu não aceitar, vai preso).

As condições imposta pelo Juiz:

Art. 78, CP - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (Art. 48). SURSIS SIMPLES

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§ 2º - Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do Art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares;b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

PRIMEIRO ANO – Prestação de serviço ou limitação de fim de semana (obrigatório).

Art. 77, § 2º - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.No § 2º do art. 77 temos SURSIS ETÁRIO ou HUMANITÁRIO.

O período de prova do SURSIS ETÁRIO ou HUMANITÁRIO é de 4 a 6 anos, o SURSIS SIMPLES e ESPECIAL de 2 a 4 anos.

O período de prova na PRISÃO SIMPLES (contravenção) e de 1 a 3 anos.

Art. 78, § 2º - Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do Art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: No § 2º do art. 78 temos o SURSIS ESPECIAL

Quando o sujeito demonstra cooperação.

O Juiz deve aplicar todas as condições do § 2º cumulativamente.

Caso o condenado descumpra as condições a ele imposta (art. 81).

Revogação ObrigatóriaArt. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;III - descumpre a condição do § 1º do Art. 78 deste Código.Revogação Facultativa

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§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Prorrogação do Período de Prova§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. 

A REVOGAÇÃO FACULTATIVA de SURSIS fica a critério do Juiz.

Se o sujeito cumpre todas as condições regularmente imposta por todo período de prova a pena é extinta.

PENAL II

AULA 07 - 21/03/2013

LIVRAMENTO CONDICIONAL

O Livramento será concedido considerado a soma total das condenações, mesmo que cada uma delas seja a pena inferior a 2 anos.

Requisitos objetivos:

a) PPL igual ou superior a 2 anos;

b) Cumprimento da pena;

ESPECIAL

Cumprimento de mais de 1/3 da pena

Condenado não reincidente em crimes dolosos + bons antecedentes

ORDINÁRIO Cumprimento de mais Condenado reincidente em

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de 1/2 da pena crime doloso

Crime hediondo Cumprimento de mais de 2/3 da pena

Crime hediondo ou equiparado (salvo reincidência específica)

c) Comportamento satisfatório durante a execução da pena (subjetivo);

d) Bom desempenho no trabalho e aptidão para prover a própria subsistência pelo trabalho honesto (subjetivo);

e) Reparação do dano (art. 83, IV, CP - salvo impossibilidade).

O livramento condicional é a última etapa do processo (sujeito passa a ter liberdade plena) sem restrição ou liberdade de locomoção, embora ainda esteja cumprindo pena (serve para verificar se o sujeito adquiriu senso de responsabilidade, por isso é tratado como um homem livre).

Se ficar comprovado que o indivíduo não apresenta essas qualidades a sua liberdade será cerceada.

Não existe livramento condicional em PRD.

A pena de 2 anos cabe tanto SURSIS quanto LIVRAMENTO CONDICIONAL.

Só pode alcançar o livramento condicional aquela pessoa que cumpriu certo período da pena (Requisito temporal).

Cumprimento de mais de 1/2 da pena

Condenado reincidente em crime doloso

a) Se o réu não é reincidente, mas possui maus-antecedentes terá que cumprir período de pena intermediário (cumprimento de pena entre 1/3 a ½).

POSIÇÃO MAJORITÁRIA – Se a lei não cuidou do condenado portador de maus-antecedentes, se a lei foi omissa, não se pode prejudicar o condenado, basta que ele cumpra 1/3 da pena;

b) Se o sujeito for condenado em crime hediondo ou equiparado, este precisa cumprir 2/3 da pena;

Ressalva: Se o sujeito é reincidente em crime hediondo não pode alcançar o livramento condicional.

c) Basta que seja satisfatório (o diretor do presídio atesta o comportamento satisfatório);

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d) Sujeito precisa demonstrar, durante execução da pena, bons antecedentes no trabalho;

e) Reparação do dano.

Progressão de regimes (requisitos)

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 

O sujeito só poderá progredir de regime se reparado o dano ou restituída a coisa.

INTERPRETAÇÃO CONFORME – Interpretação da lei de acordo com a constituição.

A progressão não é um instituto condicional, mas o livramento é.

Se o sujeito comete crime durante a vigência do benefício, volta a cumprir toda a pena.

Revogação do LivramentoArt. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:I - por crime cometido durante a vigência do benefício;II - por crime anterior, observado o disposto no Art. 84 deste Código.

Revogação FacultativaArt. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção (PRD ou MULTA), a pena que não seja privativa de liberdade. Crime cometido antes do período têm os dias de livramento descontado na condenação; crimes cometidos durante do período de provas faz com que o sujeito cumpra toda a pena que restava sem desconto na condenação; em caso de descumprimento de condições deverá o condenado cumprir integralmente a pena que estava suspensa.

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ExtinçãoArt. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.Obs.: O sujeito pode está no fim do prazo do período de provas e em paralelo pode está sendo processado, não podendo o Juiz declarar extinta a condenação antes do trânsito em julgado.

Efeitos secundários extrapenais da sentença condenatória:

Genéricos; Específicos.

Um dos efeitos penais é a inclusão do nome do réu no rol dos culpados.

Efeitos Genéricos e EspecíficosArt. 91 - São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. § 1º  Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.§ 2º  Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda.

GENÉRICOS – São aqueles que existem em qualquer que seja o crime praticado, surgem em qualquer sentença condenatória, dispensam motivação pelo juiz.

ESPECÍFICOS – Aqueles que surgem em certas categorias de crimes.

Só existiram quando houver motivação judicial, obrigatoriamente o juiz deve abordar em sentença condenatória.

Efeitos Genéricos (art. 91)

Toda prática criminosa contra uma vítima individualizada gera dano material ou dano moral (dano psicológico), passível de indenização, ação cível EX-DELITO.

Page 43: Penal II - Av1-Av2

A sentença penal condenatória gera título executivo em juízo cível.

A Ação cível fica suspensa enquanto a ação penal corre normalmente (processo em duas esferas – Cível e Criminal).

A sentença condenatória não terá nenhuma repercussão cível.

INSTRUMENTO – A coisa usada para a prática criminosa.

ANIMAL é considerado COISA (pessoa não é considerada coisa)

PRODUTO – É tudo aquilo que se arrecada com a prática criminosa.

PROVEITO – É tudo aquilo que é arrecadado através da prática criminosa.

Consequências – Podem ser perdidos em favor da união, pode ser confiscado, podendo ser leiloado ou destitudo pela união.

A regra do art. 91 não vale para o tráfico de drogas.

Ex.: Carro que, embora lícito, transporta drogas (todos os bens usados para o tráfico são confiscados).

De acordo com o STF perde toda a propriedade aquele que tem plantação de drogas

Art. 92 - São também efeitos da condenação:I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;A perda do cargo público só afeta a pessoa do condenado (o ato praticado precisa está ligado ao mandato).

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.

II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;

Sujeito perde o poder familiar.

Ex.: Sujeito estupra própria filha.

Após cumprimento de pena o sujeito recupera o poder familiar dos filhos, salvo a filha vítima de estupro.

Page 44: Penal II - Av1-Av2

III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.

REABILITAÇÃO

ReabilitaçãoArt. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.Serve para restituir ao condenado o status que ele possuía antes da condenação (se o sujeito é considerado reabilitado o nome dele é apagado ou excluído do rol dos culpados).

A certidão negativa de antecedentes vem em branco.

Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado;III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.Decurso do tempo – depois de 2 anos.

Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.

Gerada reincidência, acaba a reabilitação.

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PENAL II

AULA 08 - 28/03/2013

MEDIDAS DE SEGURANÇAS

GÊNERO ESPÉCIE

SANÇÃO PENAL

PENA IMPUTÁVEL

MEDIDAS DE SEGURANÇA

INIMPUTÁVELMEDIDAS SOCIO-EDUCATIVAS

Pena – A sanção penal é destinada aos IMPUTÁVEIS.

Medidas de segurança e medida sócio-educativa – São as sanções penais reservadas aos INIMPUTÁVEIS (falta discernimento ou auto-determinação).

Medidas de segurança - Se o sujeito tem retardamento mental ou alienação.

Medidas sócio-educativas – Idade de 12 a 18 anos (adolescente) Ato infracional análogo a crime. Duração máxima de até 3 anos.

O sujeito pode cumprir medida sócio – educativa até 21 anos.

O Brasil adota o SISTEMA VICARIANTE (ou pena ou medida de segurança).

ESPÉCIES

INTERNAÇÃO (CP) CUSTÓDIA

TRATAMENTO AMBULATORIAL

POSSIBILIDADE DE IR E VIR

O CP ESTABELECEU A REGRA DE INTERNAÇÃO.

Espécies de Medidas de SegurançaArt. 96. As medidas de segurança são: I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;II - sujeição a tratamento ambulatorial.Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.Imposição da Medida de Segurança para Inimputável

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Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (Art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. Prazo§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. Perícia Médica§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. Desinternação ou Liberação Condicional§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos. Caráter da medida de segurança – CURATIVA.

FUNÇÃO PREVENTIVA ESPECIAL – Tenta-se aqui curar o alienado mental, a medida de segurança está sendo aplicada, baseada na periculosidade do agente (se é perigoso deve ser tratado).

Inúmeros estudos comprovam que o tratamento ambulatorial vem sendo mais favorável, embora o art. 97 seja contrário.

Duração mínima da medida de segurança – 1 a 3 anos.

Através da perícia médica o juiz instaura durante a ação penal incidente de sanidade mental, ao ser constatada a imputabilidade pela perícia médica, o juiz instaura sentença absolutória denominada imprópria.

Mesmo sendo absolvido, é aplicada medida de segurança ao condenado, por isso chama-se sentença absolutória imprópria.

O prazo mínimo para a primeira perícia médica é de 1 a 3 anos (visa estabelecer se a pessoa continua perigosa ou não).

A partir do 3 ano ou depois do prazo mínimo fixado, caso não tenha sessado a periculosidade do agente a perícia se torna anual.

Se não for constatada a periculosidade - Art. 97, § 1º (prazo).

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Art. 97, § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. Segundo os tribunais a medida de segurança do Art. 97, § 1º é inconstitucional, pois o Brasil proíbe pena de caráter perpétuo, então a duração máxima da medida de segurança será aquela que o sujeito receberia caso fosse imputável.

Ex: pena máxima do furto – 4 anos. Então, a pena da medida de segurança será de 4 anos.

InimputáveisArt. 26, CP - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de PenaParágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O Parágrafo único do art. 26 trata dos semi - imputáveis.

Semi – imputáveis – Aquele que tem parcial capacidade de entendimento ou auto determinação. A critério do juiz a pena pode ser substituída por uma medida de segurança. Ou o semi-imputável cumpre pena ou cumpre medida de segurança.

SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL A Superveniência é cumprida como semi-imputável SEMI-IMPUTÁVEL – CONDENADO – PENA- MEDIDA DE SEGURANÇA

Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do Art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.

AÇÃO PENAL

É o instrumento de que se vale o estado para buscar a satisfação do direito de punir.

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 Jus PUNIEND (direito de punir) este não pode ser exercitado pelo estado sem uma apreciação judicial.

Jus Puniend é uma exclusividade estatal, é um direito atinente exclusivamente ao estado, no entanto a PERSECUTIO CRIMINIS (PERSECUTIO CRIMINIS IN JUDICIS) não é, mas pode ser delegada.

AÇÃO PENAL

PÚBLICA INCONDICIONADA

MINISTÉRIO PÚBLICO

PÚBLICA CONDICIONADA MP (ofendido ou representante legal ou Ministro da justiça)

PRIVADA PROPRIAMENTE DITA OFENDIDO ou REPRESENTANTE LEGAL

PERSONALÍSSIMA OFENDIDO

SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA OFENDIDO

A classificação leva em conta a proposição para abertura de ação penal.

Quando o Estado é legitimado para a abertura da ação:

PÚBLICA – oferecida através do MP.

A ação penal pública é feita através de DENÚNCIA pelo MP (propositura pública).

O OFENDIDO ou REPRESENTANTE LEGAL ao propor uma ação penal faz-se QUEIXA CRIME.

O sujeito que vai a delegacia narrar um fato faz NOTÍCIA CRIME (delatio criminis)

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA MINISTÉRIO PÚBLICO

O MP pode agir independentemente de qualquer representação ou manifestação prévia.

Page 49: Penal II - Av1-Av2

Ex: Homicídio, furto, roubo...

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA

MP (ofendido ou representante legal ou Ministro da justiça)

Quando a atuação do MP fica atrelada a uma manifestação prévia de vontade.

Quem oferece a ação penal pública condicionada é o MP, para isso e necessário que haja uma manifestação de vontade que pode ser do ofendido ou representante legal ou do ministro da justiça.

Ação penal pública condicionada a representação do ofendido.

Ex: crime de lesão corporal, estupro...

Em alguns casos a ação penal pode ser requisitada pelo Ministro da Justiça.

Ex: crime contra a honra do presidente da república.

AÇÂO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA OFENDIDO

Só o ofendido pode oferecer a QUEIXA, não há legitimação para seu representante legal (Só existe um crime no CP).

Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior.

A ação penal depende de queixa do contraente.

Se a vítima morrer extingue a punibilidade.

AÇÂO PENAL PRIVADA PROPRIAMENTE DITA OFENDIDO ou REPRESENTANTE LEGAL

Para que uma ação seja PRIVADA ou INCONDICIONADA precisa está EXPRESSA na lei.

A vítima tem um prazo de 6 meses para oferecer queixa crime a contar do conhecimento da autoria.

Crime contra a honra é normalmente de ação penal privada.

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Art. 100 - A Ação Penal é Pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.

Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.

Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

PRINCÍPIOS RELATIVOS À AÇÃO PENAL

AÇÃO PENAL PÚBLICA OBRIGATORIEDADE

INDISPONIBILIDADE

OBRIGATORIEDADE – Significa que se houver provas do crime e indícios de autoria o MP é obrigado a agir.

INDISPONIBILIDADE – Se ainda não houver sido oferecida a ação pública a vítima pode retirar a queixa, entretanto se torna indisponível depois de instaurada ação penal.

AÇÃO PENAL PRIVADA

OPORTUNIDADE

INDIVISIBILIDADE

INTRANSCENDÊNCIA

DISPONIBILIDADE

OPORTUNIDADE ou DISCRICIONARIEDDE – A vítima oferece a queixa se quiser.

DISPONIBILIDADE – O ofendido pode desistir da ação penal.

INTRANSCENDÊNCIA – Só podemos processar quem praticou o crime, o criminoso, não se podendo processar o herdeiro, por exemplo.

INDIVISIBILIDADE – Ou o sujeito oferece ação penal contra todos os indivíduos ou não processa ninguém (a vítima deve oferecer a queixa contra todos).

AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

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Se o MP extrapolar o prazo de instauração de ação penal, pode o ofendido oferecer queixa subsidiária.

Prazo p/ o PROMOTOR oferecer a DENÚNCIA (réu solto, 15 dias; réu preso, 05 dias).

A vítima tem um prazo de 6 meses a contar da INERCIA do MP.

Em caso de inércia do querelante o promotor volta a ser o dono da ação (perepção).

O pressuposto da ação penal subsidiária da pública é a INERCIA.

Embora o ofendido ofereça a queixa, a ação penal será pública.

PENAL II

AULA 09 - 11/04/2013

EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE

Punibilidade – É a possibilidade concreta de imposição de uma pena.

Fato punível – Aquele fato para o qual se pode aplicar uma pena.

Hipótese em que uma pessoa pratica um crime e não pode ser punido por essa conduta.

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Alterado pela L-007.209-1984)I - pela morte do agente;II - pela anistia, graça ou indulto;

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III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;IV - pela prescrição, decadência ou perempção;V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;VII - (Revogado pela L-011.106-2005)VIII - (Revogado pela L-011.106-2005)IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.O art. 107 não é taxativo ou exaustivo, o rol do artigo 107 é exemplificativo.

Sonegação de imposto – se o sujeito paga a sua pena, extingue-se a punibilidade.

I - pela morte do agente;No curso da ação penal o sujeito morre.

Arquiva-se o processo e o juiz determina a extinção de punibilidade.

Única prova – A Certidão de Óbito é a única prova jurídica da morte.

Se o sujeito finge que morreu para evitar a pena (sentença definitiva, arquivamento, reativação).

Da reativação (Duas posições):

Primeira posição - Declarou extinta a punibilidade, não se pode voltar atrás, só podendo o sujeito responder por falsificação de documento. A revisão criminal só é possível a favor do réu (Durante muito tempo foi posição majoritária na doutrina e na jurisprudência).

Posição atual – Segundo o STJ, se a sentença se fundou de um documento falso, a sentença é nula. E sendo nula a ação penal pode ser reativada a qualquer momento.

II - pela anistia, graça ou indulto;Podem ser conceituados como hipótese de clemência estatal (Estado perdoando o criminoso).

A ANISTIA é da competência do congresso nacional que o faz através de uma lei.

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Normalmente a anistia é reservada aos crimes de natureza política, mas nada impede que seja concedida a crimes comuns.

Ex.: Greve dos bombeiros (processados por crimes militares), porém houve criação de lei no congresso anistiando os militares.

A ANISTIA pode ser:

CONDICIONDA ou INCONDICIONADA

Condicionada – Estabelece condição, se é condicionada (bilateral), sujeito precisa cumprir condições para que seja concedida.

Incondicionada – É unilateral (independe de aceitação).

A anistia apaga todos os efeitos da sentença condenatória.

GRAÇA e INDULTO – Extingue a pena, mas não apagam os demais efeitos da sentença condenatória.

São atos do presidente da república, podendo ser delegado ao ministro da justiça.

O presidente concede a GRAÇA ou o INDULTO através de DECRETO.

Podem ser:

CONDICIONDA ou INCONDICIONADA (não se aplicam a crimes políticos).

Diferença entre GRAÇA e INDULTO.

A graça é individual, o indulto é coletivo.

Ex.: indulto de natal

Art. 5º, XLIII, CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Art. 2º, L.8.072/90 (Crimes Hediondos) Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

I - anistia, graça e indulto;

Duas posições:

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1ª – Se a const. Não proibiu o indulto, a lei de crimes hediondos não poderia coibir.

Obs.: O art. 5 trás os direitos e garantias constitucionais (direitos individuais), então esta não pode ser suprimida por normas infraconstitucional, somente normas constitucionais podem suprimir normas de conteúdo dos direitos fundamentais.

2ª – MOJORITÁRIA na jurisprudência (STF), não há inconstitucionalidade no indulto na lei de crimes hediondos, pois a constituição não recepcionou a vedação do indulto.

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

ABOLITIO CRIMINIS

A abolição do caráter criminoso de uma conduta em virtude de lei posterior (abrange pessoas condenadas e não condenadas) apaga reincidência e maus antecedentes. Não afeta os efeitos civis da sentença condenatória.

Para que haja abolitio criminis é preciso que o conteúdo seja apagado.

Ex.: O atentado violento ao pudor que tem sua redação típica transferida para o artigo de estupro e estupro de vulnerável não é abolitio criminis (Princípio da continuidade típico normativo).

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

Aplicado aos crimes de ação penal privada.

Renúncia e Perdão – Representam a prática de um ato incompatível com a vontade de processar. Podem ser expresso ou tácito.

Regra geral – Não há renúncia de representação, a renúncia é da QUEIXA.

Exceções: Na Lei Maria da Penha e na Lei 9.099 (JECrim) há a previsão expressa da renúncia da representação.

Diferença entre Renúncia e Perdão – A diferença refere-se ao momento em que se da o fato e a concordância do ofensor.

Renúncia – Fase pre-processual, Perdão – Fase processual.

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Renúncia – Não há necessidade de concordância do ofensor.

Perdão – Há a necessidade de concordância do ofensor.

Tanto a renuncia quanto o perdão ocorre antes da ação penal definitiva.

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

O sujeito oferece versão fraudulenta e depois modifica esta, estabelecendo a verdade.

A retratação só é possível quando há previsão expressa para cada modalidade criminosa.

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

A retratação independe de aceitação.

Não confundir retratação de punibilidade com a retratação da ação penal pública.

Obs.: até a denuncia é possível a retratação na ação penal pública.

VII - (Revogado pela L-011.106-2005)VIII - (Revogado pela L-011.106-2005)

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

O perdão judicial só pode ser concedido se estiver expresso no artigo, pois necessita de previsão de lei.

Ex.: homicídio culposo, art. 121, §5 , CP; art. 129; art. 242, § único.

O fundamento do perdão judicial é o PRINCÍPIO DA NECESSIDADE CONCRETA DA PENA, se a pena é desnecessária pode ser dispensada.

Quem permite a aplicação do perdão judicial é o legislador, não o juiz.

O perdão judicial é também um direito subjetivo do réu, se este preenche os requisitos necessários para a concessão do perdão não pode haver negativa do juiz.

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PERDÃO JUDICIAL POR SENTENÇA DECLARATÓRIA

Segundo posição majoritária, na doutrina e na jurisprudência, o juiz pode aplicar o perdão judicial antes da sentença condenatória.

PENAL II

AULA 10 - 18/04/2013

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;Decadência – É a perda do direito de ação pelo decurso do tempo, atinge ação penal PRIVADA e ação penal PÚBLICA CONDICIONADA.

Os direitos de queixa e de representação são temporalmente limitados, devendo ser exercido dentro de certo prazo (prazo decadencial).

Em regra o prazo decadencial é de 6 meses, a vítima tem 6 meses para oferecer queixa crime ou representação. Após esse prazo perde a vítima o direito a representação.

A decadência atinge o direito de ação, extingue também o direito de punir, a pena.

O prazo decadencial começa correr no momento em que o ofendido ou seu representante legal toma ciência da identidade do autor do fato.

O prazo decadencial não se suspende nem se interrompe, é peremptório.

O prazo decadencial do representante legal não se confunde com o do ofendido.

PEMRIPÇÃO - É a perda do direito de ação penal privada (única disponível) em face da inercia do ofendido.

Art. 60, CPP - Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos;II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de

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60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no Art. 36;III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

A Perempção só se aplica a ação penal privada propriamente dita ou personalíssima.

Não se aplica a Perempção a ação penal privada subsidiária da pública.

PRESCRIÇÃO

Jus puniend, também chamado de PRETENSÃO PUNITIVA (ocorre antes da sentença transitado em julgado), para que não haja punição em excesso o estado deve ir a juízo.

A pretensão punitiva só pode ser executada depois da sentença condenatória irrecorrível (com a aplicação da pena o estado tem satisfeita a pretensão punitiva).

Nesse momento surge a pretensão executória, também chamada de JUS EXECUTIONIS (Ocorre após a sentença transitado em julgado), esta é o poder dever do estado de executar a pena.

A prescrição atinge a pretensão punitiva e a pretensão executória.

Prescrição é a perda do direito de aplicar uma pena (Pretensão punitiva ou executória) em virtude do decurso do tempo.

Prescrição é a punição ao estado por sua ineficiência.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (Pena ainda não aplicada).

O estabelecimento do prazo prescricional do crime é intimamente ligado a gravidade do crime e o que caracteriza a gravidade do crime é a sua pena.

Obs.: Crime com pena alta demora a prescrever.

Roubo – 4 a 10 anos (a pena máxima vai determinar o prazo prescricional da pena).

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente;

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II - pela anistia, graça ou indulto;III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;IV - pela prescrição, decadência ou perempção;V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;VII -  (Revogado pela L-011.106-2005)VIII -  (Revogado pela L-011.106-2005)IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze);II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e não excede a 12 (doze);III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos e não excede a 8 (oito);IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e não excede a 4 (quatro);V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, sendo superior, não excede a 2 (dois);VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA EM ABSTRATO

PENA PRAZO

SUPERIOR A 12 ANOS 20

SUPERIOR A 08 até 12 ANOS 16

SUPERIOR A 04 até 08 ANOS 12

SUPERIOR A 02 até 04 ANOS 08

IGUAL A 01 até 02 ANOS 04

INFERIOR A 01 ANO 03

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Observa-se a pena máxima porque ainda não se tem uma pena em concreto.

AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA

Roubo 04 a 10 + 1/3 até (Sempre o que for maior)

Em caso de aumento o roubo passa a ter pena máxima de 15 anos e o prazo prescricional que era de 16 passa a ser de 20.

Roubo 04 a 10 + até ½ (Em caso de diminuição de pena utiliza-se o mínimo).

1º PASSO – Verificar a pena máxima.

2 º PASSO – considerar causa de aumento e de diminuição (Causa de aumento no máximo e diminuição no mínimo)

Causas de aumento em concurso de crimes não serão considerados, pois cada conduta prescreve de forma isolada.

Ex.: Crime continuado e concurso formal.

3 º PASSO – Observar a idade do criminoso.

Se o réu tem entre 18 e 21 anos na data do crime, ou se ele é maior de 70 anos na data da sentença o prazo prescricional é contado pela metade.

Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos

Causas impeditivas da prescrição

4 º PASSO – Fixar o termo inicial do prazo prescricional

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:I - do dia em que o crime se consumou;II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou

½

1/3

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conhecido.V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. Prazo prescricional

I - do dia em que o crime se consumou;II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;REGRA GERAL – O prazo prescricional começa a ser contado na data da consumação do crime, caso o crime não se consume a prescrição começa contar a partir do último ato de execução.

CRIME CONSUMADO – Data da consumação.

CRIME TENTADO – Data do último ato de execução.

1ª EXCEÇÃO – CRIME PERMANENTE

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;No crime permanente a consumação se prolonga no tempo, até a cessação da permanência.

O prazo prescricional, no crime permanente, começa a ser contado na data da cessação da permanência.

Sequestro e Cárcere PrivadoArt. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.2ª EXCEÇÃO – BIGAMIA E FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.Obs.: Tem início quando uma autoridade pública toma conhecimento do fato.

V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. O prazo prescricional começa a ser contado quando a criança completa 18 anos, salvo se a mãe ou responsável não entrar com

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ação penal (regra geral).

Só se aplica a crimes contra a dignidade sexual.

Ex.: Se a criança é surrada pelo pai a prescrição começa na data da consumação do crime.

Lei 8.069/90 Estatuto da criança e do adolescente.

CRIME HABITUAL - Uma EXCEÇÃO que não tá na lei

Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Rufianismo

O crime habitual começa a ser contado na data da cessação da habitualidade.

CAUSAS INTERRUPTIVAS E SUSPENSIVAS NO CURSO DA PRESCRIÇÃO

CAUSAS INTERRUPTIVAS

Causas Interruptivas da PrescriçãoArt. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;II - pela pronúncia;III - pela decisão confirmatória da pronúncia;IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

0 1 2 3 4 5 6 (anos) 0 1 2 3 4 5 (anos)

Termo inicial Causa interruptiva

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Interrompida a prescrição, a contagem começa do ZERO.

CAUSAS SUSPENSIVAS

Causas Impeditivas da PrescriçãoArt. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

0 1 2 3 4 02 anos 5 6 7 8

Termo inicial Causas Suspensiva

As causas suspensivas impedem o prosseguimento do caso durante certo período, mas quando esse é continuado da prosseguimento de onde parou.

PENAL II

AULA 11 - 25/04/2013

CAUSAS INTERRUPTIVAS

II e III só existem nos procedimentos relativos ao tribunal do júri (só crimes dolosos contra a vida).

O sujeito levou um tiro em 01/01/1990, no dia 01/04/1990 (termo inicial da prescrição) a vítima morreu.

O crime prescreve em 01/04/2010 (prescrição - começa a ser contada na data da consumação).

O homicídio foi investigado no dia 01/06/1992 e descobriu-se o autor do fato, o inquérito foi relatado e no 05/06/1992 o promotor de justiça ofereceu denuncia contra o autor do homicídio. Foi recebida a denuncia pelo juiz em 06/06/1992, no dia 20/06/92 o réu foi citado para oferecer defesa prévia.

Homicídio prescreve em 20 anos

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

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I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;O recebimento da denuncia é uma causa interruptiva da prescrição.

Em virtude do recebimento da denuncia, 06/06/2012 é a nova data de prescrição, pois o prazo é zerado e a contagem é reiniciada.

A ação penal começa com o ato de recebimento da denuncia ou da queixa, ato do magistrado (juiz).

O que interrompe o prazo e o RECEBIMENTO da denuncia e não o oferecimento.

A data da publicação da decisão que recebe a denuncia ou a queixa é o que interessa para a interrupção do prazo prescricional.

A publicação se da quando o juiz da entrada aos autos do procedimento em cartório, a partir desse momento a decisão está publicada e todos poderão acessa-la.

Esse é o momento interruptivo do prazo prescricional (data da publicação).

A ação penal no crime de homicídio é diferente dos demais crimes, pois o homicídio é um crime contra a vida e os crimes contra a vida, quando dolosos, são julgados perante o tribunal do júri.

O tribunal do júri comporta um procedimento bifásico. Quando o juiz sentencia (termina uma fase) e começa outra (convocando o plenário), conhecida como decisão de pronuncia.

O plenário é convocado para que os jurados possam jurar aquele caso.

No dia 20/02/2003 o juiz convocou a decisão de pronuncia.

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Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: II - pela pronúncia;Na maioria dos crimes não incidirá essa causa interruptiva, pois não é da competência do tribunal do júri.

Essa causa interruptiva se da somente nos casos, dolosos, de crimes contra a vida.

Assim como nos casos de recebimento da denuncia, precisa-se da decisão de pronuncia publicada em cartório. A partir daqui mais 20 anos para a prescrição do crime.

Quando o juiz da uma sentença de pronuncia o advogado do réu pode não concordar e este recorre da sentença de pronuncia.

O tribunal, no dia 30/04/2003, confirma a pronuncia que foi feita pelo juiz anteriormente (decisão confirmatória).

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: III - pela decisão confirmatória da pronúncia;Mais uma vez o prazo volta a ser contado do zero e o crime prescreve em mais 20 anos, 30/04/2023.

A condenação do réu ocorre no dia 05/10/2003.

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; O réu não se conformou e recorreu ao tribunal de justiça e este no dia 10/04/94 confirmou acordão confirmatório da condenação (O acordão é confirmatório então não pode interromper a prescrição de acordo com o art.117, IV).

Causas interruptivas da PPP:

Decisão que recebe denuncia ou queixa;

Decisão de pronuncia;

Acordão confirmatório da pronuncia;

Decisão ou acordão condenatório recorrível.

Exemplo – Furto (1 a 4 anos)

Arthur consumou seu crime de furto no dia 01/03/93, foi investigado até o dia 02/04/97 (promotor ofereceu denuncia), o recebimento da denuncia ocorreu em 05/04/97 e foi condenado em

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07/05/2001. Sendo certo que o Arthur nasceu em 01/06/73 é correto afirmar que o crime prescreveu?

Analisando a pena máxima do crime (4 anos) nota-se que este prescreve em 8 anos, segundo art. 109. O caso concreto não da indícios de causas de aumento e diminuição de pena, porém Arthur era ao tempo do crime menor de idade, portanto tem o prazo prescricional reduzido em metade, em conformidade com o art. 115, passando o prazo prescricional de 8 para 4 anos.

Determinando o termo inicial conclui-se que a consumação ocorreu em 01/03/93, portanto prescreverá em 4 anos, 01/03/97.

Resposta: sim, é correto afirmar que o crime prescreveu, pois este se consumou em 01/03/93 e, em conformidade com o art. 115, Arthur, tem o crime prescrito em 4 anos, 01/03/97.

Obs.: As causas de interrupção da prescrição ocorrem após o prazo prescricional.

5 º PASSO – Considerar as causas interruptivas da prescrição, sempre na publicação da decisão em cartório (Esse o ato que interromperá a prescrição).

CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;A primeira causa extintiva são as questões prejudiciais.

II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.Segundo doutrina e jurisprudência o prazo prescricional pode ficar suspenso pelo mesmo tempo que ele leva para determinar a suspensão prescricional do crime do agente.

6 º PASSO – Observar se em algum caso o prazo prescricional ficou suspenso.

Obs.: Em caso de suspenso descontar esse tempo do prazo decorrido até então.

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Arthur praticou furto em 08/ABR/98. Data da consumação – termo inicial (começo da contagem do prazo prescricional). No dia 10/NOV/98 o Arthur foi denunciado (denuncia foi recebida em 15/NOV/98). Arthur foi condenado no dia 20/DEZ/2001 a uma pena de 8 meses de prisão, o advogado do Arthur recorreu ao TJ.

O prazo prescricional começou correr em 08/ABR/98, 8 anos segundo art. 109.

Primeiro marco interruptivo - 15/NOV/98 (Recebimento)

Segundo marco interruptivo - 20/DEZ/2001 (Condenação)

Até aqui o prazo prescricional era de 8 anos, o crime não estava prescrito. Houve a fixação da pena de 8 meses, a acusação não recorreu, e o prazo prescricional será baseado, agora, na pena fixada.

O prazo prescricional será baseado na pena fixada após o trânsito em julgado.

Pena de 8 meses prescreve em 3 anos.

Da data da condenação até o recebimento da denuncia passaram-se 3 anos, então o crime está prescrito.

Prescrição retroativa – Verificar o prazo prescricional, voltando no tempo, depois que a sentença é transitada em julgado.

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. § 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.Na prescrição retroativa devem ser considerados até o recebimento da denuncia (na retroatividade prescricional deve ser observado todo o marco interruptivo da prescrição).

A prescrição retroativa é a primeira modalidade da prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto.

A condenação que vai do transito em julgado em diante se chama PRESCRIÇÃO INTERCONRRENTE.

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7 º PASSO – Caso haja o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, verifica-se o novo prazo prescricional com base na pena fixada da sentença condenatória. E então se verifica a prescrição retroativa, que não poderá ultrapassar o momento da denuncia ou da queixa.

8 º PASSO – Não ocorrendo a prescrição retroativa passa-se a analisar a prescrição intercorrente, também com base na pena aplicada.

Existem dois tipos de prescrição pela pena aplicada em concreto:

Prescrição retroativa e prescrição intercorrente.

Diferença – Segundo Fernando Capez, enquanto a prescrição intercorrente ocorre entre a publicação da sentença condenatória e o trânsito em julgado para a defesa, a retroativa é contada da publicação dessa decisão para trás.

PRESCRIÇÃO ANTECIPADA ou VIRTUAL ou EM PESPECTIVA

A jurisprudência majoritária entende que esse tipo de prescrição não existe, segundo o STF essa prescrição é ilegal, porém é útil para o juiz de 1grau.

As condições da ação que devem coexistir para que uma ação penal seja proposta:

1. Legitimidade das partes (MP, ofendido, representante);

2. Possibilidade jurídica do pedido (na ação penal o único pedido possível é o pedido condenatório).

Exemplo, filho que furta o pai.

Não existe punição por furto quando o delito acontece entre ascendente e descendente.

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

O juiz não pode receber essa denuncia, pois o pedido é impossível, não há possibilidade jurídica de pedido.

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3. Justa causa da ação penal – A ação penal só pode ser proposta com provas;

4. Interesse de agir – A ação penal tem que ser útil ao atendimento de uma finalidade (prescrição antecipada).

O juiz antevendo que o crime estará prescrito antes da sentença, desde logo já declara o crime prescrito.

O STF descarta essa possibilidade, porque no curso da ação penal podem surgir outras circunstâncias, podendo mudar o rumo da investigação.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (PPE)

Depois do transito em julgado a pretensão punitiva foi satisfeita, o sujeito foi condenado. Porém não basta que o sujeito seja condenado, a sanção penal precisa ser executada.

Cálculo da PPE – Se leva em conta a pena efetivamente aplicada e joga no art. 109, CP.

Se na sentença o condenado se torna reincidente o prazo prescricional é aumentado em 1/3.

TERMO INICIAL – O prazo prescricional da PPE começa a ser contado antes da sentença, no trânsito em julgado da sentença para a acusação.

O sujeito teve condenação decretada e fugiu, antes da prescrição do delito foi preso. E no início ou cumprimento da pena a prescrição é interrompida.

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. Desconto do tempo de pena cumprido – Sujeito tem prazo prescricional de 4 anos. Foi condenado a 3 anos, cumpriu 2 anos (falta um). O tempo de pena cumprido precisa ser descontado do prazo prescricional.

Pena de multa prescreve junto com a pena de prisão, se não houver pena de prisão, prescreve em dois anos.

Art. 30(Lei 11.343/06).  Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

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Penas Restritivas de Direitos prescreve no mesmo tempo da pena de prisão.

Lei de drogas – Posse ou porte de drogas para consumo pessoal prescreve em dois anos.

Crimes imprescritíveis:

1. Crimes de racismo (Lei 7.716);

2. Ação de grupos armados contra o estado democrático de direito.

DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio – Consiste na supressão da vida de outrem.

Art. 121 - Matar alguém:Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.Bem jurídico tutelado – A vida humana extrauterina.

Vida intra e extrauterina (início) – A transição da vida intra p/ a vida extra-uterina se da com o início do parto. Segundo posição majoritária, o inicio do parto se da com as contrações expulsivas que coincidem com a dilatação do color do útero.

O entendimento minoritário da doutrina diz que o início do parto se da com o rompimento do saco amniótico.

O saco amniótico ou bolsa amniótica é a bolsa onde ofeto se desenvolve no líquido amniótico. A sua morfología é fina e transparente, além de ser resistente.

O término da vida humana ocorre com a morte encefálica (Lei 9.434/2007), morte do tronco cerebral que controla todas as funções vitais de uma pessoa.

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.Bem jurídico tutelado – A vida humana extrauterina.

PENAL II

Page 70: Penal II - Av1-Av2

AULA 12 - 02/05/2013

Sujeito passivo

(Qualquer pessoa)

Direta

Núcleo do tipo Ação Indireta (Cuidado com a lei 7.180/73)

(Crime de forma livre) Omissão Imprópria

No crime de forma livre o artigo não estabelece os meios executórios.

No crime de forma vinculada o legislador especifica no próprio texto legal.

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado.

Homicídio – pode ser praticado mediante ação ou omissão, não existe homicídio praticado de forma imprópria, exceto aquele praticado pelo agente garantidor.

Na maioria dos casos a conduta é comissiva e pode ser por meios diretos e indiretos.

A ação pode ser direta ou indireta:

Direta – Atinge a vítima de forma imediata;

Indireta – A forma indireta é um segundo evento entre a conduta do sujeito e o resultado.

Ex.: Sujeito que deixa a jaula de leão aberta para que, este, ataque visitante que por lá se encontre.

O segundo evento, o ataque, está relacionado à conduta do sujeito.

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

MATAR ALGUÉM

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Obs.: Sujeito que induz inimputável ou incapaz ao cometimento de crime responde por homicídio, através da ação indireta.

Sujeito passivo (qualquer pessoa)

Art. 27 (Lei 7170/83) - Ofender a integridade corporal ou a saúde de qualquer das autoridades mencionadas no artigo anterior.

Art. 26 (Lei 7170/83) - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação.

Obs.: A intenção político subversiva caracteriza crime do artigo 29 da Lei 7.170/83 (Lei de segurança Nacional).

Subversivo - adj. Característica do que destrói; daquilo que provoca subversão: propósitos subversivos.Que causa ou motiva a subversão; revolta: manifestação subversiva.s.m. Algo ou alguém que incita subversão; revolucionário.

O Genocídio não substitui o homicídio, ambos podem coexistir, entre eles existe concurso de crime.

Bem jurídico tutelado no Genocídio – A existência de determinado grupamento.

Tipo subjetivo - O Homicídio pode ser:

Direto

Dolo Indireto ou Eventual

Culpa - art. 121, § 3º, CP

Art. 121 - Matar alguém:

§ 3º - Se o homicídio é culposo:Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Exclui-se a direção de veículo automotor terrestre (Lei 9.503/97 – Lei de Trânsito)

 Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

        Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

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        Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:

        I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

        II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

        III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

        IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

Para configurar o delito do art. 302 o sujeito precisa está conduzindo veículo automotor (Veículo movido por motor a combustão ou elétrico, desde que não ande sobre trilho).

Caso de Diminuição de Pena

§ 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

A doutrina chama impropriamente o homicídio do § 1º de privilegiado.

a) Relevante valor social – É o valor que visa constituir algum tipo de benefício comunitário.

Ao praticar o homicídio, o sujeito, quer beneficiar a comunidade onde mora (o interesse é o sentimento de ética social).

Ex.: Sujeito que mata traficante de favela.

b) Relevante valor moral – O interesse do sujeito é satisfazer um sentimento íntimo.

EUTANÁSIA – Sujeito resolve aliviar a vida de outrem para evitar o sofrimento. Eutanásia é crime de homicídio com pena reduzida.

DISTANÁSIA – É a manutenção da vida de uma pessoa por meios artificiais.

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ORTOOTANÁSIA (permitido no direito penal) – Significa o não uso de meios artificiais.

Quando o sujeito pratica o relevante valor moral ou social é preciso ver qual a real intenção.

c) Domínio de violenta emoção – A incapacidade de reflexão justifica a gravidade de sua conduta (não é causa de inimputabilidade).

O domínio de violenta emoção necessita de relação de imediatidade, o autor do crime precisa ser provocado pela vítima.

Homicídio Qualificado§ 2º - Se o homicídio é cometido:I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;II - por motivo fútil;III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.a) Motivos determinantes - I, II e V. (Bubjetivo)

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;MOTIVO REPUGUINANTE – Ultrapassa a reprovabilidade do crime de homicídio.

Paga e promessa de recompensa são exemplo de motivo torpe (Homicídio mercenário).

PAGA – Sujeito recebe remuneração para a prática do homicídio, a paga é anterior ao crime.

PROMESSA – É posterior ao crime.

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Doutrina minoritária entende que o motivo torpe precisa ser interpretado de acordo com o inciso I.

Doutrina majoritária sustenta que basta que no caso concreto haja a satisfação de um motivo torpe, não precisa necessariamente ser financeiro.

A qualificadora paga ou promessa de recompensa, segundo entendimento majoritário na doutrina, deve ser aplicada apenas a quem recebeu o dinheiro. Não presume questão de natureza econômica pode ser qualquer recompensa ou paga.

Torpe – demonstra maldade, motivo nefasto...

II - por motivo fútil;Motivação banal, boba, aquela que jamais poderia acarretar homicídio, sempre que a motivação for desproporcional estamos diante de motivo fútil.

Não existe homicídio sem motivo, o que existe é homicídio por motivo desconhecido.

Fútil – motivo ínfimo, pequeno, mínimo.

Ex: Matar alguém por um cigarro.

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.Também chamada de HOMICÍDIO POR CONEXÃO, um homicídio conexo a um crime já ocorrido ou que poderá ser praticado futuramente.

Boa noite cinderela caracteriza crime de roubo.

b) Meios de execução – III (Objetivo)

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;O legislador oferece formulas exemplificativas ou casuísticas e formulações genéricas, diferenciando a interpretação da lei.

Meio cruel (Genérica) – Asfixia, fogo e tortura (Casuística);

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Insidioso (Genérica) – Veneno (Casuística);

Perigo comum (Genérica) – Explosão (Casuística).

Meio Insidioso – Reduz a chance de defesa da vítima (Venefício).

Obs.: a vítima não pode saber que está sendo envenenada.

c) Modo de execução – IV (Objetivo)

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;Traição – Sujeito ativo se vale da confiança para a prática do homicídio.

Emboscada – Sujeito Ativo arma uma cena em que a vítima será surpreendida.

Dissimulação – Uso de meios fraudulentos para

Se no caso concreto incidir mais de uma qualificadora - Elege-se uma das qualificadoras e as demais poderão ser usadas como agravantes genéricas.

As causas de diminuição de pena tem natureza subjetiva (natureza pessoal ) se referem ao autor.

Os MOTIVOS são sempre subjetivo ou Pessoal (I, II e V)

Os meios de execução são de natureza objetiva ou impessoal (III)

Os modos de execução são de natureza objetiva ou impessoal (IV)

Os privilégios só se coligam com as causas de natureza objetivas.

Caso de Diminuição de Pena (Subjetivas) Homicídio Qualificado (Objetivas)

Relevante valor social Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.

Relevante valor moral

Domínio de violenta emoção, seguida a Traição, emboscada, dissimulação ou

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injusta provocação da vítima. outro meio que dificulte defesa.

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no   2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984)

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V)

Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos)

Homicídio Qualificado Hediondo

Homicídio Simples Não é Hediondo

Homicídio Privilegiado Nunca é Hediondo

O homicídio simples nunca é hediondo, salvo praticado por grupo de extermínios.

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO E QUALIFICADO (Simultaneamente)

O homicídio privilegiado e qualificado é hediondo?

Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

No conflito entre agravantes e atenuantes preponderam as circunstâncias de natureza subjetivas, portanto o homicídio privilegiado qualificado nunca é hediondo.

HOMICÍDIO EM CONCURSO DE PESSOAS

Arthur e Jurandir assassinam um colega de classe, aluno de Direito. Sujeito comia vários salgados e bombons na sala, deixando o chão completamente tomado pela sujeira. No concurso de pessoas Arthur responde ao crime de homicídio por relevante valor moral, e Jurandir responde por homicídio 

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qualificado mediante paga, pois recebeu quantia em dinheiro de alguns colegas para cometer o delito.

Pergunta-se, é correto afirmar que tanto Arthur quanto Jurandir responderão por Privilegiado? Responda de forma fundamentada.

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Circunstancia de caráter pessoal são incomunicáveis, salvo se são elementares do crime.

ELEMENTARES – Compõe a descrição típica fundamental do crime (Elementares sempre se comunicam).

Circunstancia qualquer:

Caráter objetivo – Aproveita a todos

Caráter subjetivo – Só aproveita ao autor

Arthur responde por homicídio privilegiado e Jurandir por homicídio qualificado.

Decisão do STF – O motivo torpe de um dos agentes aproveita a todos (um caso em que o STF admitiu os motivos determinantes).

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PENAL II

AULA 13 - 09/05/2013

Aumento de Pena§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

Homicídio culposo:

Inobservância de regra técnica;

Imprudência

Modalidade de culpa Negligência

Imperícia – Aquele sujeito que exerce a profissão mas tem habilidade precária.

O profissional que tem conhecimento das regras de sua profissão. O sujeito sabe o que faz e sem cautela pratica o homicídio.

Em tese essa regra é inconstitucional – A conduta culposa consiste no fato do sujeito não ter observado as regras técnicas, isso caracterizará ou imprudência ou negligência (Avaliação de duas causas ao mesmo tempo – Bis in idem).

Omissão de socorro;

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Só pode ser aplicada se o socorro for possível, se for impossível não há o que se falar no aumento da sanção penal.

O corre omissão quando o sujeito pode socorrer e não o faz. O sujeito não busca diminuir a consequência do seu ato.

Segundo entendimento majoritário na doutrina há REDUNDÂNCIA no coso concreto. O legislador usa cláusula genérica (tentativa de reduzir a lesão provocada). Pode ser observado pela omissão de socorro e não precisaria existir.

Não tentar diminuir as circunstâncias do seu ato;

Fuga para evitar a punição em Flagrante.

Trate-se de vítima que já morreu – O agente foge para não ser punido (Inconstitucional).

Homicídio Doloso:

Vítima menor de 14 ou maior de 60 anos.

A pena é aumentada por ter a vítima menor possibilidade de defesa. O sujeito ativo tem que saber que a vítima tem menor ou maior idade para que seja imputada a pena.

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.

Milícia Privada para prestação de serviço de segurança;

Grupo de extermínio.

Constituição de milícia privadaArt. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Acrescentado pela L-012.720-2012)Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.Parte da doutrina diz que o art. 288-A é inconstitucional por violação ao princípio da taxatividade (decorrente do princípio da legalidade). A lei precisa ser clara, objetiva e sem obscuridade.

QUADRILHA OU BANDO – 4 OU MAIS PESSOAS

GRUPO – 3 ou mais pessoas

ORGANIZAÇÃO PARAMILITAR – Pessoas militarmente hierarquizada que atua a margem do estado, em desacordo com o poder público (Integrada por civis ou militares).

MILÍCIA PRIVADA – Tem objetivo de exercer domínio sob pequeno espaço de terra, atuando como se fosse um órgão do estado (Punindo criminosos).

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GRUPO OU ESQUADRÃO – São grupamentos de pessoas que se dedicam a morte de outras.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Induzimento, Instigação ou Auxílio a SuicídioArt. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.Induzir – Fazer brotar a ideia criminosa.

Auxílio – Fornecer os meios para a prática do suicídio.

INDUZIMENTO MORTE

Condições Objetivas de Punibilidade.

INSTIGAÇÃO

AUXÍLIO LESÃO CORPORAL

Tipo misto alternativo – É o tipo que tem mais de um verbo, mas só um deles caracteriza o crime (Induzir, Instigar ou auxílio), em contrapartida o cometimento dos três verbos não caracteriza três crimes, e sim crime único.

Pacto de morte – Duas pessoas decidem morrer, uma abre a torneira de gás e a outra veda as entradas de ar. Nenhuma delas morre. As duas respondem por tentativas de homicídio.

Tipo Objetivo – O crime é sempre doloso / Conduta – Ação

O delito do art. 122 praticado mediante omissão própria não é admitido na doutrina.

Quanto à omissão imprópria – Segundo entendimento de doutrina majoritária o delito do art. 122 pode ser praticado mediante omissão imprópria, respondendo pelo resultado (induzimento, Auxílio e Instigação).

SUJEITO PASSIVO – Pessoas com capacidade de entendimento, pessoa ou grupo de pessoas determinado (Para caracterizar o

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suicídio é necessário que a vítima saiba e queira tirar a própria vida). É preciso está se dirigindo a pessoa determinada.

SUJEITO ATIVO – Quem induz, auxilia ou instiga o suicídio responde por COATORIA, pois induz, auxilia ou instiga são núcleo do tipo.

Consumação – C/ morte ou lesão grave da vítima (vítima paralítica).

Obs.: se não houver lesão grave ou morte a conduta é ATÍPICA.

Quem induz o menor de 14 anos, seja por ação ou omissão, responde por suicídio. Presume-se, absolutamente, que os menores de 14 anos não tem completo discernimento (Presunção de ausência de discernimento).

Quando a vítima tem entre 14 e 18 tem participação em suicídio com aumento de pena.

Aumento de PenaParágrafo único - A pena é duplicada:I - se o crime é praticado por motivo egoístico;II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. – Motivo egoístico é aquele que trás algum benefício para o sujeito ativo.

InfanticídioArt. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

MATAR SOB INFLUÊNCIA DO ESTADO PUREPERAL

O PRÓPRIO FILHO

DURANTE O PARTO OU LOGO APÓS

ESTADO PUREPERAL – Estado de confusão mental que acomete a gestante, ficando propensa a matar o próprio filho.

A pena é reduzida porque a gestante não está em pleno domínio de suas ações.

PISICOSE PUERPERAL – Doença mental desencadeada durante o parto (Causa de inimputabilidade).

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DEPRESSÃO PÓS PARTO – Acomete grande parte das gestantes.

Concurso de pessoas no infanticídio – Nelson Hungria até sua penúltima edição defendia que o sujeito que ajudava a mãe respondia por Homicídio, porém na sua última obra, Hungria, entende que o sujeito deve responder por INFANTICIDIO, sendo hoje a posição majoritária na doutrina.

Sujeito ativo – Mãe (Infanticídio é CRIME PRÓPRIO).

Elementar do tipo – Se comunica a todos aqueles que participaram do evento (Art. 30, CP).

Cooperação dolosamente distinta - É também chamada pela doutrina de desvios subjetivos entre os agentes ou participação em crime menos grave.

Trata-se de um corolário lógico da teoria unitária ou monista, adotada pelo CP, art. 29, visando afastar a responsabilidade objetiva no concurso de pessoas.

Assim, se um dos concorrentes para a infração penal quis participar do crime, mas este se desenvolve e acaba se tornando outro, e um dos agentes não quis participar desse crime mais grave, não haverá vinculo subjetivo nesse delito, respondendo somente pelo menos grave, o qual quis participar.

Entretanto, se a ocorrência do crime mais grave for previsível, o agente continuará respondendo pelo crime menos grave, contudo, poderá ter sua pena aumentada.

MATAR O PRÓPRIO FILHO (DOLOSAMENTE) – Nascente ou recém-nascido.

DURANTE O PARTO OU LOGO APÓS –

INÍCIO DO PARTO - Segundo entendimento de doutrina majoritária, o início do parto se dar com a dilatação do colo do útero.

Segundo entendimento de doutrina minoritária, o início do parto se dar com o rompimento do saco amniótico.

Em caso de parto cirúrgico o início do parto se da com a primeira incisão.

TÉRMINO DO PARTO – A doutrina diverge quanto ao tempo, prevalecendo a posição de enquanto durar o estado puerperal (Prazo máximo de 30 dias).

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Na origem presumia-se o estado puerperal, hoje precisa ser provado por exame pericial, na dúvida quanto ao estado puerperal IN DUBIO PRO REO.

Obs.: Segundo doutrina majoritária, a MAÊ que no estado puerperal, mata o próprio filho, de forma negligente, responde por HOMICÍDIO CULPOSO.

O estado PUERPERAL não se PRESUME.

ABORTAMENTO – Ato de abortar

Aborto – Produto do abortamento

Aborto

Natural

Acidental (Culposo)

Voluntário

Natural – Aquele que decorre de uma má formação do Embrião ou em virtude de problema de saúde que acomete a mãe.

Obs.: Não tem nenhuma relevância para o direito penal.

Acidental – É penalmente irrelevante, não existe crime de aborto na modalidade culposa.

Voluntário – Pode ser criminoso ou permitido

CRIMINOSO:

Auto Aborto;

Art. 124 (Primeira parte) - Provocar Aborto em si mesma.

Consentimento p/ o Aborto;

Art. 124 (Segunda parte) - consentir que outrem lho provoque:

Provocado por Terceiro S/ Consentimento Gestante;

Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:

Provocado por Terceiro C/ Consentimento Gestante;

Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:Aborto Qualificado.

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Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

PERMITIDO

Necessário ou Terapêutico

Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:Aborto NecessárioI - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;Humanitário ou SentimentalArt. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:II - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Feto anencefálico - STF

PENAL II

AULA 14 - 16/05/2013

Art. 124 - Provocar Aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Art. 124

1ª parte – Auto Aborto

2ª parte – Consentimento do ofendido

Art. 124 - É crime de MÃO PRÓPRIA – Não admite coautoria, mas admitem participação.

Conceito de Aborto – É a interrupção da gravidez com a consequente morte do produto da concepção.

Bem jurídico tutelado – Vida humana intrauterina.

TrÊs teoria tentam explicar o início da vida humana:

a) Teoria da fecundação (MAJORITÁRIA): Aqui o início da vida é marcado pela concepção, o momento em que o espermatozóide penetra o óvulo, carregando e definindo o produto com o material genético, DNA. Surgindo, assim, uma vida distinta de seus progenitores, possuindo um material genético único. Esta teoria é a, normalmente,

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adotada por religiões.

b) Teoria da nidação: defende que a vida iniciar-se-á a partir da implantação do embrião no útero. Após a fecundação o óvulo "viaja" das trompas ao útero, para neste fixar-se, processo que leva em torno de 5 a 15 dias. É nesta fase que o óvulo vai se dividindo, e está mais vulnerável a ações externas e internas, estas relacionadas à seleção natural, quando o organismo materno detectar defeitos na divisão celular. Muitos consideram que só com a nidação que pode-se considerar tecnicamente o início da gravidez. Esta é a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro.

c) Teoria encefálica: aduz que a vida começa com o início da atividade cerebral. A morte humana é constatada a partir da morte cerebral, da inatividade do cérebro, dessa forma muitos pesquisadores questionam porque o inicio da vida não segue a mesma premissa: a atividade cerebral.

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/o-aborto-e-a-pilula-do-dia-seguinte/33515/#ixzz2TWHV0gqo

Sujeito Ativo do Aborto – GESTANTE (A própria gestante executa as manobras abortivas ou autoriza que alguém pratique o aborto).

Aborto Provocado por TerceiroArt. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:Art. 125 e 126 - são CRIMES COMUM (Qualquer pessoa pode praticar)

Art. 126, Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

CAUSAS DE AUMENNTO DA PENA DO CRIME DE ABORTO

Forma QualificadaArt. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Lesão Corporal Resultado - Em face da gestante

Resultado Contempla art. 125, 126, CP

Morte

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Duas hipóteses de crimes preterdoloso.

A lesão leve é absorvida pelo crime de aborto.

ABORTO PERMITIDO

Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:Aborto NecessárioI - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;Aborto no Caso de Gravidez Resultante de EstuproII - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.I. Terapêutico ou Necessário

1º Requisito – Interrupção médica

Não se pune o aborto praticado por médico (Em caso de aborto necessário praticado por parteira, esta atua sob estado de necessidade).

O aborto necessário não precisa de autorização da gestante.

2º Requisito – Autorização

Sempre prevalece a vontade da gestante, independente da idade.

II. Sentimental ou Humanitário

Tem que ter obrigatoriamente um médico envolvido.

Permite-se a condição abortiva em caso de estupro (propriamente dito ou Estupro de vulnerável)

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:

Entende-se de forma quase unânime na doutrina que a intervenção abortiva pode ser autorizada, por ser norma não incriminadora esta aceita ANALOGIA.

Estupro – Ação penal pública condicionada a representação (STREPITUS JUDICIS) para que não haja exposição desnecessária da vítima.

Basta a CONVICÇÃO PESSOAL do médico.

FETO ANENCEFÁLICO (ADPF 54 - STF)

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Apesar de entender que a regra do Código Penal é a vedação do aborto, o ministro Gilmar Mendes avaliou que a hipótese específica de aborto de fetos anencéfalos está compreendida entre as excludentes de ilicitude, estabelecidas pelo Código Penal. Ele citou que, conforme a legislação brasileira, o aborto não é punido em duas situações: quando não há outro meio de salvar a vida da mãe (aborto necessário ou terapêutico) e quando a gravidez é resultante de estupro, caso em que se requer o consentimento da gestante, porque a intenção é proteger a saúde psíquica dela.

Assim, o ministro Gilmar Mendes votou pela procedência da ADPF 54 por entender que não se deve punir aborto praticado por médico, com sentimento da gestante, se o feto é anencefalo. Até o momento, também votaram desse modo os ministros Marco Aurélio (relator), Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ayres Britto.

LESÃO CORPORAL

Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Bem Jurídico tutelado – Saúde e Integridade corporal.

Tipo subjetivo – Dolo (Animus legendi ou vulnerandi) e Culpa.

ESPÉCIES DE LESÃO CORPORAL

Leve – Caput LESÃO CORPORAL QUALIFICADA PELO RESULTADO (SEMPRE DOLOSA)

Grave - § 1º 

Gravíssima - § 2º 

Seguida de morte - § 3º

Violência Doméstica - § 9º

Culposa - § 6º   

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A lesão corporal vai muito além da lesão anatômica, perceptível, visível.

INTEGRIDADE CORPORAL – Anatomia, sanidade psicológica e o bom funcionamento orgânico.

Pode ser doloso ou culposo, o dolo do agente recebe o nome de ANIMUS LEGENDI (Vontade de Lesionar). É a vontade do agente que vai diferenciar a lesão corporal da tentativa de Homicídio.

No Homicídio há o ANIMUS MERCANDI (Vontade de matar).

RESULTADO DA LESÃO CORPORAL – Inúmeros possíveis, o legislador estabeleceu escala de gravidade nos diversos tipos de lesão corporal (quanto mais grave o resultado, mais alta a pena).

Obs.: A lesão corporal qualificada pelo resultado é sempre DOLOSA.

Leve – Caput

Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:É toda lesão que não grave, gravíssima ou seguida de morte (conceito residual).

§ 1º - Se resulta:I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;Incapacidade – É a total incapacidade (A pessoa não pode, de modo algum, exercer qualquer atividade).Ocupações Habituais – São Ocupações rotineiras.Mais de 30 dias - A constatação se da por exame pericial.II - perigo de vida;O risco precisa ser concreto (Resultado unicamente culposo)III - debilidade permanente;Debilidade - Redução contínua da capacidade de funcionamento de órgão humano. Obs.: O fato do sujeito suprir a debilidade por meios mecânicos não descaracteriza a gravidade da lesão corporal.

IV - aceleração de parto:Dá-se quando há expulsão do feto antes do termo final da gravidez conseguindo sobreviver, em razão da lesão corporal sofrida pela gestante.

§ 2º - Se resulta:I - incapacidade permanente para o trabalho;

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Incapacidade permanente – Duradoura, prolongada (Não precisa ser vitalícia). Trabalho – Atividade exercida, aquela para a qual o sujeito se habilitou. II - enfermidade incurável;Transmissão de moléstia para a vítima, sem cura, no momento da transmissão.III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;Inutilização – Perda da funcionalidade do membro.Membro – Braço, antebraço, coxa, perna (A doutrina diverge quanto aos dedos, pés e mãos).Sentido – São as faculdades de percepção do mundo exterior (Paladar, tato, audição, olfato e visão).Função – Orgânicas (Respiratórias, digestivas...).Obs.: OLHO – Não é membro, é parte da visão (Debilidade ou Perda).Órgãos duplos – A perda de um não caracteriza lesão corporal de natureza grave.IV - deformidade permanente;Doutrina majoritária, defende que a caracterização deve ter como guia o critério estético.

“Para ser considerada deformidade, deve ser, ao menos, capaz de causar desagrado e ser irreparável pelos meios comuns da Medicina” (TJRS). Obs.: a possibilidade de correção por cirurgia estética não interessa, nem tão pouco descaracteriza a lesão. V - aborto.O resultado é obrigatoriamente culposo (Lesão corporal dolosa com resultado culposo)

OBSERVAÇÕES:

Perigo de Contágio VenéreoArt. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:Perigo de Contágio de Moléstia GraveArt. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:A AIDS não é considerada doença venérea e sim doença grave.O STF diverge sobre o tema:Segundo o Ministro Marco Aurélio, embasado pelo princípio da especialidade disse que o sujeito responde pelo art. 131, CP.

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Segundo o Ministro Aires Brito, a questão versa sobre crime de enfermidade incurável, do art. 129, § 2º, II, CP (Entendimento majoritário)Entenderam os ministros que a AIDS não leva a vítima necessariamente a morte, deixando, portanto de ser doença incurável, passando a ser moléstia crônica.

        Lesão corporal seguida de morte

        § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:

Caracteriza-se pelo Preterdolo.

        Lesão corporal culposa

        § 6° Se a lesão é culposa: 

        Pena - detenção, de dois meses a um ano.

A lesão corporal culposa jamais será qualificada.

Se a lesão corporal for praticada na direção de veículo automotor.

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior.Art. 302, Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

PENAL II

AULA 14 - 23/05/2013

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 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.886, DE 2004)

        § 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de

hospitalidade:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

Lesão corporal de NATUREZA LEVE.

Para configurar o crime de violência doméstica se faz necessário a existência de relação entre autor e vítima.

Na violência doméstica a qualificação do crime se da em virtude da relação especial entre autor e vítima.

Relação Familiar;

Relação Afetiva;

Relação em Ambiente doméstico.

Sujeito Passivo – Homem ou Mulher.

O gênero da vítima não interfere na tipificação da conduta.

O crime de violência doméstica abarca o Homem, mas quando praticado por Mulher deve ser aplicada a lei Maria da Penha.

Não confundir crime de violência doméstica com Lei Maria da Penha.

A lei Maria da Penha não estabelece nenhum tipo penal (Fornece, as mulheres, um instrumento de proteção).

Lei nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006

Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante

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intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

A lei Maria da Penha é um conceito de violência doméstica (Não é crime).

A Lei Maria Da Penha impede a aplicação da lei 9.099/95 (JECrim).

Os institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 não cabe a Lei Maria da Penha.

Obs.: se a lesão for qualificada, não se aplica o § 9o, e sim §§ 1o ou

2º, mas se entre a vítima e o autor houver uma das relações do § 9o

a pena será aumentada.

O § 9o é de natureza leve, a ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA.

ENTENDIMENTO DO TJDFT

É incondicionada a ação penal pública que processa os crimes de lesão

corporal praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, seja

qual for a natureza das lesões, consoante decisão do STF na ADI 4424/DF. É,

portanto, ineficaz a retratação da vítima em relação a fatos criminosos

posteriores à publicação do julgamento da referida ADI.

a)Em casos de lesões corporais dolosas graves, gravíssimas e seguidas de morte, a ação penal continua como sempre pública incondicionada, independentemente da condição da vítima.b)Ocorrendo lesões corporais culposas (de qualquer natureza), a ação penal continua sendo pública condicionada a representação, nos termos do art. 88 da Lei 9099/95, independentemente da condição da vítima.c)Ocorrendo lesões corporais dolosas leves, não importando a condição da vítima (homem ou mulher), desde que não classificáveis  como “violência doméstica  ou familiar” de acordo com os ditames da Lei 11.340/06, a ação penal continua sendo pública condicionada a representação por força do artigo 88 da Lei 9099/95.d)Tratando-se de lesões corporais dolosas leves classificáveis como “violência doméstica e familiar”, mas perpetradas contra homens, permanece a ação penal pública condicionada (art. 88 da Lei 9099/95).

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e)Finalmente, acontecendo lesões dolosas leves contra “mulher” no contexto de “violência doméstica ou familiar”, passou a ação penal a ser  pública incondicionada, vez que o art. 88 da Lei 9099/95 teve vedada sua aplicação a esses casos na forma do art. 41 da Lei 11.340/06.

Art. 88, (Lei 9.099/95). Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

Art. 41, (Lei 9340/06). Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei

no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

        § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

        § 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 

PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de Contágio VenéreoArt. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:Sujeito sabe está contaminado e mesmo assim pratica relação sexual com outra pessoa.Perigo de Contágio de Moléstia GraveArt. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:A doença é grave e existe a vontade de transmitir.

Perigo para a vida ou saúde de outrem

        Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:

Crimes de Perigo

Individual Uma pessoa ou grupo de pessoas determinado.

Comum A coletividade, pessoas indeterminadas.

        Abandono de incapaz 

        Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

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Configura o delito quando o agente abandona, deixa ao desamparo pessoa incapaz de se defender dos eventuais riscos oriundos quando tinha o dever de oferecer amparo em relação a uma situação de cuidado.

O crime se consuma quando o incapaz é submetida a uma efetiva situação de risco em razão do abandono.

        Exposição ou abandono de recém-nascido

        Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:

Para configurar o delito, que é próprio, a mãe deve abandonar filho recém-nascido, com a finalidade de ocultar desonra própria.

        Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

O crime de omissão de socorro só se configura quando o socorro era possível.

(Necessidade e possibilidade de socorro)

        Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:

Hospital não pode exigir cheque calção para atender alguém.

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

ANIMUS CORRIGENDI VEL DISCIPLINANDI (Intenção de educar – Excesso na forma de educação).

Art. 1º Constitui crime de tortura:I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

RixaArt. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

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Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.Obs.: não é possível, na rixa, individualizar as condutas.

CRIMES CONTRA A HONRA

Honra é um direito de personalidade

Honra

Objetiva Reputação de uma pessoa, conceito externo (Social).

Subjetiva Sentimento íntimo de dignidade ou decoro, consciência íntima sobre seus atributos intelectuais e morais (Amor próprio).

Honra Objetiva Calúnia

Difamação

Honra Subjetiva Injúria

Calunia – (Honra objetiva) Consiste em atribuir a alguém a prática de um fato criminoso (A imputação precisa ser falsa).

A calúnia admite a exceção da verdade.

Difamação – (Honra objetiva) Também há a atribuição de um fato, (não é definido como crime) a imputação de um fato desonroso, pouco importando se é verdadeiro ou falso.

A Difamação admite a exceção da verdade em caso do ofendido ser funcionário público.

Injúria – (Honra subjetiva) Ofender dignidade e decoro (Basta a atribuição que uma qualidade negativa,

Obs.: a Calúnia e a Difamação só se consumam quando terceiro toma ciência da ofensa.

A Injúria se consuma quando a vítima toma conhecimento.

Os crimes contra a honra não admitem modalidade culposa.

Elementos subjetivos:

Animus caluniandi;

Animus Difamandi;

Animus Injuriandi;

Animus Jocandi;

Animus Narandi;

Animus Criticandi.

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Se não existir a intenção de ofender não há crime contra a honra.