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Pharmacia Brasileira - Jan/Fev/Mar 2002 21 DIA DO FARMAC˚UTICO Afora o que teve de emoção e beleza, a solenidade de comemora- ção ao Dia do Farmacêutico de 2002, realizada pelo Conselho Fe- deral de Farmácia, em Brasília, teve ainda de profundidade nas discus- sões sobre Farmácia. E mais: a so- lenidade reiterou ser o mais impor- tante evento do gênero, no Brasil, e fazer parte do calendário do setor. A solenidade deste ano voltou a acontecer no Memorial JK, pela manhã. Na ocasião, o CFF conce- deu a Comenda do Mérito Farma- cêutico a 22 pessoas. Entre os ho- menageados, estavam o governa- dor de Goiás, Marconi Perillo, e o presidente da Ordem dos Farma- cêuticos da França, Jean Parrot, entre outras autoridades e farma- cêuticos. O evento contou com a presença de quase todos os dirigen- tes de entidades farmacêuticas do País. O auditório do grande e belo prédio, construído em meio ao ver- de de um dos eixos principais, o Eixo Monumental, que corta a ca- pital da República, para fazer lem- brar a memória do construtor da cidade, o presidente Juscelino Ku- bitschek, estava lotado. Ali, encon- travam-se pessoas que contribuí- ram com a atividade farmacêutica, tanto em significativas atitudes po- líticas, quanto nas áreas de atuação profissional farmacêutica (pesqui- sa científica, indústrias - farmácia, alimentos, saneantes e cosméticos -, atenção farmacêutica, análises clí- nicas e toxicológicas, ensino, entre outras). Estavam, ali, também, os parentes e convidados destes. A Comenda – Criada pelo Conselho Federal de Farmácia, atra- vés da Resolução 323, de 16 de ja- neiro de 1998, a Comenda do Mé- rito Farmacêutico, de acordo com a própria matéria que a institui, visa a “distinguir farmacêuticos e auto- ridades, pelos relevantes serviços prestados à profissão farmacêuti- ca”. A Comenda é constituída de uma medalha e de um diploma. As indicações dos nomes para receber a Comenda são votadas pelo Plenário do Conselho Federal e aprovada, por maioria absoluta, na sessão do mês de novembro de cada exercício. O Dia do Farmacêutico é 20 de janeiro. Por ter caído, este ano, em um domingo, o CFF trans- feriu as comemorações para 24 de janeiro, uma quinta-feira. A solenidade, mais que um ato puramente festivo, é também um instante político, de integração e de reflexão farmacêutica. O presiden- te do Conselho Federal, Jaldo de Souza Santos, aproveitou o ato, para anunciar as medidas que vai adotar para levar o farmacêutico às farmácias. O aspecto político da soleni- A mesa: Dr. Salim Tuma Haber, tesoureiro do CFF; Dr. Elber Barbosa Bezerra de Menezes, vice-presidente do CFF; Dr. Ovidio Antônio de Angelis, ministro do Desenvolvimento Urbano; Governador de GoiÆs, Marconi Perillo; Dr. Jaldo de Souza Santos, presidente do CFF; Dr. Jean Parrot, presidente da Ordem dos FarmacŒuticos da França; Dr. Gonzalo Vecina, presidente da Anvisa; Dr. Gustavo Éboli, presidente da Federaçªo Pan- americana de FarmÆcia (Fepafar) e Dra. LØrida Maria dos Santos Vieira, secretÆria geral do CFF. Auditório do Memorial JK, em Brasília, lotado na comemoraçªo ao Dia do FarmacŒutico Posse solene dos novos conselheiros federais Chegada do governador Pelillo ao Memorial JK: pausa para uma breve conversa com farmacŒuticos Pelo jornalista Aloísio Brandão, editor desta revista

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Pharmacia Brasileira - Jan/Fev/Mar 2002 21

DIA DO FARMACÊUTICO

Afora o que teve de emoção ebeleza, a solenidade de comemora-ção ao Dia do Farmacêutico de2002, realizada pelo Conselho Fe-deral de Farmácia, em Brasília, teveainda de profundidade nas discus-sões sobre Farmácia. E mais: a so-lenidade reiterou ser o mais impor-tante evento do gênero, no Brasil, efazer parte do calendário do setor.A solenidade deste ano voltou aacontecer no Memorial JK, pelamanhã. Na ocasião, o CFF conce-deu a Comenda do Mérito Farma-cêutico a 22 pessoas. Entre os ho-menageados, estavam o governa-dor de Goiás, Marconi Perillo, e opresidente da Ordem dos Farma-cêuticos da França, Jean Parrot,entre outras autoridades e farma-cêuticos. O evento contou com apresença de quase todos os dirigen-tes de entidades farmacêuticas doPaís.

O auditório do grande e beloprédio, construído em meio ao ver-de de um dos eixos principais, oEixo Monumental, que corta a ca-

pital da República, para fazer lem-brar a memória do construtor dacidade, o presidente Juscelino Ku-bitschek, estava lotado. Ali, encon-travam-se pessoas que contribuí-ram com a atividade farmacêutica,tanto em significativas atitudes po-líticas, quanto nas áreas de atuaçãoprofissional farmacêutica (pesqui-sa científica, indústrias - farmácia,alimentos, saneantes e cosméticos-, atenção farmacêutica, análises clí-nicas e toxicológicas, ensino, entreoutras). Estavam, ali, também, osparentes e convidados destes.

A Comenda – Criada peloConselho Federal de Farmácia, atra-vés da Resolução 323, de 16 de ja-neiro de 1998, a Comenda do Mé-rito Farmacêutico, de acordo coma própria matéria que a institui, visaa “distinguir farmacêuticos e auto-ridades, pelos relevantes serviçosprestados à profissão farmacêuti-ca”. A Comenda é constituída deuma medalha e de um diploma.

As indicações dos nomes parareceber a Comenda são votadas

pelo Plenário do Conselho Federale aprovada, por maioria absoluta, nasessão do mês de novembro de cadaexercício. O Dia do Farmacêuticoé 20 de janeiro. Por ter caído, esteano, em um domingo, o CFF trans-feriu as comemorações para 24 dejaneiro, uma quinta-feira.

A solenidade, mais que um atopuramente festivo, é também uminstante político, de integração e dereflexão farmacêutica. O presiden-te do Conselho Federal, Jaldo deSouza Santos, aproveitou o ato,para anunciar as medidas que vaiadotar para levar o farmacêutico àsfarmácias.

O aspecto político da soleni-A mesa: Dr. Salim Tuma Haber, tesoureiro do CFF; Dr. Elber Barbosa Bezerra de Menezes, vice-presidente doCFF; Dr. Ovidio Antônio de Angelis, ministro do Desenvolvimento Urbano; Governador de Goiás, MarconiPerillo; Dr. Jaldo de Souza Santos, presidente do CFF; Dr. Jean Parrot, presidente da Ordem dos Farmacêuticosda França; Dr. Gonzalo Vecina, presidente da Anvisa; Dr. Gustavo Éboli, presidente da Federação Pan-americana de Farmácia (Fepafar) e Dra. Lérida Maria dos Santos Vieira, secretária geral do CFF.

Auditório do Memorial JK, em Brasília, lotado nacomemoração ao Dia do Farmacêutico

Posse solene dos novos conselheiros federais

Chegada do governador Pelillo ao Memorial JK:pausa para uma breve conversa com farmacêuticos

Pelo jornalista Aloísio Brandão,editor desta revista

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DIA DO FARMACÊUTICO

dade vem adquirindo densidade, acada ano. Souza Santos diz quevem buscando o caminho da polí-tica, para sensibilizar as autorida-des brasileiras para as questões daprofissão. A sua aproximação comparlamentares e autoridades do Exe-cutivo, em todas as esferas de po-der, tem sido cada vez maior. As-suntos, como a atenção farmacêu-tica (tanto nos setores público,quanto privado), o acesso da po-pulação ao medicamento, a criaçãode uma política farmacêutica, “sa-nitária e socialmente justa”, entreoutros, têm adquirido espaço nosdebates políticos. “O Conselho Fe-deral tem sido o porta-voz da cate-goria”, arremata o presidente.

Do ponto de vista da aproxi-mação, Jaldo de Souza Santos ini-ciou, na gestão passada, uma polí-tica de quebra de barreiras com pa-íses do Primeiro Mundo, que tevecomo ápice o ingresso do CFF naFederação Farmacêutica Internaci-onal (FIP). Este ano, ele trouxe aoBrasil o presidente da Ordem dosFarmacêuticos da França, Jean Par-rot. Ele é também o vice-presiden-te da FIP. Carismático, acessível eum líder de grande penetração naEuropa, Parrot emocionou-se coma homenagem que lhe foi feita peloCFF, com a outorga da Comendado Mérito Farmacêutico, a mais im-portante homenagem farmacêuticabrasileira. Souza Santos entendeque o presidente da mais importan-te entidade farmacêutica francesairá reforçar a integração dos farma-cêuticos brasileiros com a catego-ria, na Europa.

Mas o tema relevante entre ospronunciamentos foi a deficiêncianos serviços de atenção farmacêu-tica, no Brasil. A atenção farmacêu-tica foi apresentada às autoridadespresentes como a filosofia que pro-moveu, no mundo inteiro, a refor-mulação da prática profissional. Elafez com que o farmacêutico secompromissasse com o paciente,prestando-lhe serviços, dentro efora das farmácias e drogarias co-

merciais ou públicas e hospitalares.Os serviços de atenção farmacêu-tica podem melhorar a qualidade devida dos pacientes e, numa dimen-são maior, podem ajudar a reverteros índices negativos da saúde detoda uma população.

As ações contidas na atenção,reforçou-se, são exclusivas do far-macêutico e não podem ser dele-gadas a outrem, porque ocorremcercadas de cuidados que são am-parados nos conhecimentos técni-cos e científicos profissionais. Oleigo, portanto, não está qualifica-do para exercê-las.

“Mas a atenção, nas farmáci-as, somente pode ser praticada, selá estiver presente o farmacêutico,o que não tem ocorrido em todosos estabelecimentos”, lamentou opresidente do CFF. Segundo ele,várias farmácias não mantêm o pro-fissional no local, por conveniênci-as, “principalmente para deixar oestabelecimento livre para a empur-roterapia e outras práticas espúriasque rendem dinheiro”. Este lucro,salientou, não é ético. Souza San-tos reforçou que a atenção farma-cêutica será prioridade em sua ges-tão. “Tudo faremos para que o far-macêutico vá para as farmácias”,reiterou, assegurando que o CFF jáestá elaborando um plano de ação.Para executá-lo, vai procurar o Mi-nistério Público, a Vigilância Sani-tária e o Procon. “Queremos atuarconjuntamente com eles”, adiantou.

A ausência de farmacêuticosem farmácias dos serviços públicoe privado tem gerado dificuldadesquanto ao acesso, custo e controledos medicamentos para a popula-ção. Exemplos são os problemas defalsificação, desvios, perda de pro-dutos e sua utilização inadequada.As consequências disso são o exa-gerado aumento no número de in-toxicações medicamentosas e a per-da da efetividade dos tratamentosfarmacológicos. No início da sole-nidade, os conselheiros federaiseleitos, em 2001, tomaram possesolene.

Presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina (terceiro daesquerda), com farmacêuticos

Presidente da Ordem dos Farmacêuticos da França, Jean Parrot(2º da esquerda): aproximação com farmacêuticos brasileiros

Maria Aparecida Zardini, do Gabinete do CFF, foi amestre de cerimônia da solenidade

Música descontraiu o almoço

Almoço foi um instante de confraternização

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DIA DO FARMACÊUTICO

DISCURSOS

Governador Perillo: “Farmáciasó tem razão de existir, se contar

com o farmacêutico”Defensor dos genéricos, os quais chama de remédio

social, o governador conclamou profissionais a engrossaro contingentes dos farmacêuticos-parlamentes

O governador de Goiás, Marco-ni Perillo, trouxe uma visão bastantesanitária e pragmática para o seu pro-nunciamento, durante a solenidade deComemoração ao Dia do Farmacêuti-co, ao dizer que “a farmácia só temrazão de existir, se for dirigida por far-macêutico e contar com a presençadeste, em tempo integral”. Por ser umestabelecimento de saúde, disse ele,a farmácia tem que estar sob a res-ponsabilidade exclusiva do único pro-fissional de saúde qualificado para ocargo – o farmacêutico.

Antes, surpreendeu e arrancouaplausos dos convidados, em pé,quando disse: “O farmacêutico estáconsciente da necessidade de ter Jal-do como um representante da catego-ria, no Congresso Nacional”. Apro-veitou o mote para observar que ascategorias profissionais que possu-em maior número de representantes,no Legislativo Federal, estão conse-guindo imprimir avanços importantes.Pediu que os farmacêuticos unam-separa eleger mais representantes. “Ofarmacêutico tem lutado para incluir oaspecto social na saúde e contra oavanço das doenças”, disse o gover-nador, observando que essa bandeirao farmacêutico levará para o Congres-so Nacional.

Remédio social – Marconi Peril-lo, que injetou recursos no fortaleci-mento do Pólo Farmacêutico de Aná-polis (GO) e atraiu indústrias para olocal, falou da importância dos gené-ricos. “Ele é o remédio social, pois éum produto mais voltado para a cura,que para o lucro”, explicou. Grandeparte das indústrias instaladas emAnápolis fabrica genéricos. O gover-nador disse que aquele pólo farma-cêutico reúne, hoje, 15 indústrias fun-cionando e dez em construção.

A empurroterapia foi uma teclasobre a qual Perillo bateu, insistente-

mente. Disse que “estamos atrasa-dos” em impedir que a cura transfor-me-se em lucro, e que “a farmácia sótem razão de existir, se for dirigida porfarmacêutico e contar com a presençadeste profissional, em tempo integral”.

Acrescentou: “O farmacêutico é umelo indispensável entre a cadeia pro-dutiva de medicamentos e a socieda-de”. Nesse particular, o profissional équem faz a ponte que resulta na segu-rança e na saúde da população.

Jean Parrot pede que farmacêuticoaproxime-se mais do paciente

O presidente daOrdem dosFarmacêuticos daFrança diz queprover assistência aquem precisa éuma questão deconsciência. �Osmedicamentos, porsi só, não sãosuficientes�,salienta

Em um pronunciamento bastan-te aguardado, o presidente da Ordemdos Farmacêuticos da França, JeanParrot, falou, com veemência, da enor-me responsabilidade do profissionaljunto à sociedade. Dizendo-se “toca-do profundamente” com a homena-gem que lhe foi feita pelo ConselhoFederal de Farmácia, Parrot manifes-tou o seu sentimento de fé na profis-são e no que ela representa para a saú-de. Esse sentimento, acrescentou, é aorigem de tudo o que ele tem feito pelaprofissão.

Jean Parrot fez questão de lem-brar os seus muitos anos de trabalhoem farmácia comunitária, na França.Salientou que sempre adotou comoprioridade assegurar o cumprimentodos princípios de boas práticas às

suas ações farmacêuticas. Para ele,prover assistência a quem precisa éuma questão de consciência. “Essesprincipais fundamentos de condutanão podem ser separados da respon-sabilidade profissional que tão forte-mente temos que abraçar. Esta respon-sabilidade implica direitos e deveresque nós temos que defender, junta-mente com a promoção dos direitosdo paciente e da atenção à saúde”,insistiu.

Aids – O farmacêutico francêslembrou que, em 1994, juntou-se aoComitê Executivo da Federação Far-macêutica Internacional (FIP), da qualé um dos vice-presidentes, para ado-tar uma medida, em nível internacio-nal, com vistas a auxiliar no combate àAids. Ele contou a experiência:

Governador de Goiás, Marconi Perillo

Presidente da Ordem dos Farmacêuticos da França, Jean Parrot

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DIA DO FARMACÊUTICO

DISCURSOS

- Neste tempo, os tratamentoseram praticamente inexistentes. A pre-venção era a única solução. E os far-macêuticos estavam em posição dedesempenhar um papel muito impor-tante no controle da propagação daepidemia. Então, formei um grupo detrabalho chamado Farmacêuticoscontra a Aids. O primeiro resultadofoi a assinatura de uma declaraçãoformal conjunta entre a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) e a FIP. Estadeclaração despertou um considerá-vel interesse internacional.

Agora, explicou Jean Parrot, ogrupo de trabalho da FIP sobre a Aidsfoi incumbido de preparar uma sériede publicações, em brochuras, visan-do aos farmacêuticos. O objetivo élevar-lhes mais informações, para fa-cilitar as suas ações preventivas e osseus cuidados com pacientes porta-dores da doença.

A primeira dessas brochuras tratadas ações possíveis de farmacêuticosno auxílio à prevenção da contamina-ção pelo vírus HIV entre os usuáriosde drogas. A segunda aborda o papeldo farmacêutico no tratamento comanti-retrovirais e as difíceis questõesde compreensão sobre o mesmo. Aterceira brochura descreverá as açõespreventivas que devem ser desenca-deadas pelo farmacêutico. Uma bro-chura complementar, metodológica,dará conselhos sobre como adaptaresses documentos, nos contextossocial, cultural e religioso, adaptan-do-os as vários países ou comunida-des. O presidente da Ordem dos Far-macêuticos da França enfatizou a vi-tal importância dos farmacêuticos nadispensação de medicamentos otimi-zada, segura e eficiente. “Os medica-mentos, por si só, não são suficien-tes”, frisou.

Linhas de ação – Jean Parrot su-geriu algumas linha de ação à catego-ria farmacêutica brasileira para enfren-tar os desafios futuros. Entre elas,pediu que o farmacêutico persiga umamelhor qualidade de assistência, ado-tando a escolha terapêutica correta,pelo menor custo, e que busque a co-laboração com outros profissionais desaúde. Ele falou ainda sobre o impac-to das novas tecnologias na profis-são, como a que envolve os produtosgenéticos. Os farmacêuticos devemestar preparados para enfrentar esseimpacto, pediu.

A educação continuada foi ou-tro ponto relevante no discurso deParrot. Disse que o farmacêutico deveestar continuamente se educando,para enfrentar as diversas situaçõesdo presente e do futuro e acrescentouque apenas o curso de graduação nãoé suficiente para a prática adequada daFarmácia. “Necessitamos da educaçãocontinuada para nos auxiliar na recicla-gem de nossa prática e na cooperaçãocom outros profissionais de saúde emtorno do paciente”, acrescentou.

Ao final do pronunciamento, ele

leu uma mensagem do presidente daFIP, Peter Kielgast, dirigida aos cole-gas do Brasil. A mensagem é a seguin-te: “Saudações aos farmacêuticos bra-sileiros. No Conselho Federal de Far-mácia, a FIP encontrou uma organiza-ção-membro efetivamente ativa. A FIPfica particularmente feliz com o enga-jamento e o compromisso que o Con-selho demonstrou junto à OMS e aoFórum Farmacêutico das Américas.Nós cremos que o Brasil terá um pa-pel de modelo, na América do Sul.Peter Kielgast”.

A visão social e crítica dafarmacêutica-deputadaAlice Portugal

A deputada estadual pelo PcdoB da Bahiadenunciou o avanço, sem freios, daprivatização sobre o setor de saúde,alertou que o farmacêutico está sendolevado por esse mar adverso e apresentoualternativas para melhorar o setor

Convidada pela Diretoria doConselho Federal de Farmácia parafalar em nome da categoria, na soleni-dade de Comemoração ao Dia do Far-macêutico, a farmacêutica-bioquímicae deputada estadual Alice MazzukoPortugal (PcdoB da Bahia) iniciou oseu pronunciamento, traçando umabreve linha da história profissional: “Ofarmacêutico trama e atua contra a do-ença, desde os primórdios do desen-volvimento humano na área das ciên-cias”. A partir daí, Alice ampliou oespectro de sua reflexão para as ques-tões sociais.

Disse que os farmacêuticosvêem e vivem um Brasil que, “teorica-mente” mudou, a partir da Constitui-ção de 1988, o foco de compreensãodo que é saúde pública e de como tra-tá-la. “A ênfase passou a ser a saúdee não a doença”, enfatizou. Para AlicePortugal, a criação do Sistema Únicode Saúde (SUS), sustentado nos prin-cípios da descentralização, universa-lização e reordenação, “foi um marco

no rompimento do País com o concei-to de indigência”. Em tese, disse, oscidadãos foram igualados, diante dosistema de saúde.

Ideal/real – Esses ganhos, en-tretanto, não avançaram muito alémdo plano ideal. “O Brasil, apesar defigurar entre as 15 maiores economiasdo mundo, é, paradoxalmente, recor-dista em desigualdades sociais”, de-nunciou. Alice Portugal, uma oradoradesenvolta, disse que a curva ascen-dente de interferência do Estado, nabusca de interceder pelos mais pobres,foi invertida. “O Estado brasileiro,monitorado pelos organismos finan-ceiros internacionais e pelos interes-ses dos grandes consórcios, se des-personalizou e definha”, lamentou adeputada.

Nesse aspecto, alertou que,“compulsoriamente”, o Brasil está im-portando programas e tendo que pro-duzir as estatísticas compatíveis como valor a ser destinado a cada um de-les. “A inspiração do conceito de Es-

Deputada estadual Alice Portugal

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DIA DO FARMACÊUTICO

DISCURSOS

tado mínimo, lastreado na estratégianeoliberal, colide com nossa trajetó-ria histórica e desampara a socieda-de”, observou. Prova disto, citou ela,é a venda do nosso parque industrialestratégico, da quebra de monopóli-os essenciais, como o do petróleo, douso do sub-solo, da navegação de ca-botagem, das telecomunicações e dageração e distribuição de energia.

Voltando à Carta Magna, adver-tiu que “a jovem Constituição de 88 éreformada inclusive em cláusulas pé-treas”. Mais: “Um cerco de novas leisgarante a primazia do capital e do in-teresse estrangeiro, no Brasil”. E deuo que ela qualifica de “duro exemplo”:a Lei das Patentes. Essa Lei, critica aparlamentar, “amordaça-nos e nos fazreféns do desenvolvimento científicoe tecnológico dos países centrais, ini-bindo, especialmente no Brasil, a evo-lução das ciências farmacêuticas, jáque há um controle evidente das mul-tinacionais sobre este naco de mer-cado”.

Influência do setor privado –Outra reflexão-denúnca de Alice Por-tugal calou o Plenário do Memorial JK.Disse a parlamentar:

- O SUS está na alça de mira dealguns empresários da saúde. A forteinfluência do setor privado sobre asgerências estaduais do sistema fazdeslocar parte significativa dos recur-sos para a rede complementar, impon-do sacrifícios e glosas à rede prioritá-ria. Por sua vez, o Governo impõe aopequeno conveniado valores irrisóri-os para as ações de saúde, estimulan-do fraudes e até falências, como temocorrido com muitos laboratórios deanálises clínicas.

A alternativa ao problema, se-gundo ela, está no relatório final daXI Conferência Nacional de Saúde,que reafirma a necessidade de fortale-cer o caráter público das ações e ser-viços de saúde e a responsabilidadedo Estado, definida, na ConstituiçãoFederal, no provimento da saúde dopovo.

Alice Portugal aproveitou o “pri-vilegiado” momento, para solicitar aoCFF que, em observância à indicaçãofeita pela CPI dos Medicamentos aoGoverno da Bahia, que peça a reaber-tura do Laboratório estatal Bahiafar-

ma, “importante elo da cadeia dos la-boratórios oficiais brasileiros”.

Novos alertas da parlamentar: Orisco da privatização dos hospitais pú-blicos universitários e dos serviçosde atenção básica e secundária é real.“As terceirizações e a criação das cha-madas organizações sociais e congê-neres são artifícios para alocar verbaspúblicas nas mãos da iniciativa priva-da, contrariando o preceito constitu-cional”, enfatizou.

O quadro social do Brasil foi ta-xado por Alice Portugal como “desa-nimador”. Disse que endemias primi-tivas, especialmente a fome, sob a for-ma de carência nutricional seletiva: tu-berculose; a dengue; a cólera; a Aids,entre outras, arrasam a saúde brasilei-ra, enquanto apenas 80 milhões debrasileiros têm dinheiro para comprarremédios, segundo estatísticas.

Farmacêutico e adversidades –Segundo Alice, o farmacêutico, ape-sar do peso de sua história profissio-nal, tem sido também “arrebatado poresse mar adverso”. Amargam esta re-alidade, observou, porém navegam. Adeputada informou que há, no entan-to, ataques desmedidos que ela nãopode deixar de mencionar. “Projetostramitam, no Congresso Nacional,com o objetivo de adulterar o nosso

âmbito profissional. O mais recente eaudaz, da senadora Marluce Pinto,retira a obrigatoriedade da assistên-cia técnica do farmacêutico na farmá-cia”, denunciou.

Estas investidas, aponta a depu-tada baiana, só serão definitivamenteinibidas, “quando, em forma de políti-cas públicas, a atenção farmacêuticafor adotada pelo Governo Federal, noseio do SUS, como programa oficialobrigatório, dando exemplo de quelugar de farmacêutico é na farmácia,no front do bom esclarecimento e ori-entação à sociedade”.

Farmácia de farmacêutico –Outra solução aos “desmandos” su-gerida pela deputada foi a adoção deum programa de farmácia para o far-macêutico, o qual poderia ser susten-tado por bancos oficiais. Essa medidairia diferenciar a natureza da farmáciados demais ramos do simples comér-cio.

Plural - Alice Portugal salientoua pluralidade que marcou a solenida-de realizada pelo CFF, referindo-se in-clusive às suas convicções políticasdivergentes das de outros ali presen-tes. Ela dedicou a Comenda que rece-beu às mulheres e homens que adota-ram o Juramento da Farmácia comoopção e voto de vida.

“Identidade e futuro da profissãoestão na atenção farmacêutica”, diz

Jaldo de Souza SantosPresidente do CFF observa que a humanidade aguarda muito

do farmacêutico e dos seus serviços de atenção primária

“Não fossem a perspicácia depesquisador, o tino de empresário ea vontade política de muitos deles enós, farmacêuticos, poderíamos es-tar plantando em terras improduti-vas ou arruinadas, onde a boa Far-mácia certamente não iria florescer”.As palavras são do presidente doConselho Federal de Farmácia, Jal-do de Souza Santos, ao iniciar o seudiscurso, no Dia do Farmacêutico,referindo-se aos homenageados

Jaldo de Souza Santos, presidente do CFF

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DIA DO FARMACÊUTICO

DISCURSOS

com a Comenda do Mérito Farma-cêutico. Disse que essas pessoassão “especiais”, por servirem à hu-manidade. “Quer nas ciências, naprodução ou nas decisões políticas,estes homens são, acima de tudo,movidos pela crença de que só obem pode transformar”, acrescen-tou o presidente.

Souza Santos observou que sehá algo que mais expressa o momen-to por que passa a atividade farma-cêutica, no Brasil, hoje, é a autodis-cussão. “E que assim seja, pois esteolhar para dentro e esta reflexão so-bre nós mesmos está levando a umaexplosão de transformações positi-vas e necessárias da atividade far-macêutica”, disse. Salientou, entre-tanto, que o farmacêutico tem olha-do para dentro, mas conectado como olhar para fora.

A atividade farmacêutica, noentender do presidente, passa pelamais bela página de sua história.“Vejam: a categoria, há alguns anos,vinha clamando por mudanças noensino de Farmácia, o qual julgavaarcaico, desatualizado. Nos dois úl-timos anos, o Conselho Federal re-alizou uma série de grandes deba-tes nacionais, reunindo represen-tantes de todos os segmentos pro-fissionais, para discutir e apresen-tar uma proposta contendo as mu-danças. E isso aconteceu”, expli-cou.

A proposta dos farmacêuticosfoi apresentada, votada e aprovadapela própria classe, durante o “IFórum Nacional de Avaliação deDiretrizes Curriculares”, realizado,no ano passado, pelo CFF, atravésde sua Comissão de Ensino. Em se-guida, foi encaminhada à ComissãoNacional de Educação, que a apro-vou praticamente na íntegra.

De acordo com a proposta, apartir de agora, quem estudar Far-mácia, no Brasil, irá se formar far-macêutico generalista. “Esta mu-dança é uma virada de mesa radicale significa que o farmacêutico quesair da universidade, daqui a unsanos, terá que dominar as três áreasbásicas da profissão, que são fár-

macos e medicamentos, análises clí-nicas e toxicológicas, além de con-trole, produção e análise de alimen-tos, sem contar as áreas específi-cas. Ou seja, o farmacêutico será umprofissional dotado de amplos co-nhecimentos nos seus diversoscampos de atuação. Essa sua fundaqualificação vai atender às novasexigências das indústrias farmacêu-tica, de alimentos, de cosméticos ede saneantes, como também às exi-gências dos modernos laboratóriosde análises clínicas e toxicológicase às farmácias comunitárias e hos-pitalares”, disse Souza Santos aoatento auditório.

Segundo ele, o mercado, hoje,necessita de um profissional multi-valente, até porque, no dia-a-dia far-macêutico, as qualificações se cru-zam, tornam-se comuns. E a propos-ta aprovada vai exatamente de en-contro a esses anseios do mercadoe da sociedade.

Segundo o presidente do CFF,essa mudança no ensino virá prin-cipalmente fortalecer a atenção far-macêutica, vez que a sua filosofia énutrida nos princípios da farmáciaclínica. “Um profissional, como ofarmacêutico generalista, de amplabagagem e com áreas de conheci-mento integradas entre si e de apli-cabilidade imediata junto ao paci-ente, terá muito mais a dar à socie-dade”, compreende. Lembrou que aproposta aprovada prevê ainda que

o novo farmacêutico deverá ser do-tado de conhecimentos humanitári-os e universais, o que amplia a suabagagem.

O presidente aproveitou o ca-lor das discussões sobre a origem/futuro do farmacêutico para dizer oseguinte:

- Seremos, para sempre, profis-sionais do medicamento. É ao medi-camento que o nosso cordão umbi-lical nos unirá, eternamente. Ao fa-lar de medicamento, falo também dopaciente que dele faz uso e da tera-pêutica medicamentosa. Isso é aten-ção farmacêutica. É, aí, que está anossa origem, a nossa identidade,o nosso futuro.

Disse que, por isso, a atençãofarmacêutica será prioridade nestasua gestão. “Fortalecer a atençãofarmacêutica é uma maneira de for-talecer todos os segmentos, pois aFarmácia é uma”, declarou.

A humanidade, segundo Sou-za Santos, aguarda muito do farma-cêutico e lhe reserva um papel im-portante, junto no momento em queas lideranças mundiais começam apensar na saúde da humanidadecomo um todo, com vistas a encur-tar as distâncias que separam ospovos. “Senhores, o farmacêuticoestá no centro dessa perspectiva”,disse. Hoje, quando se discute saú-de, no mundo, pensa-se no fortale-cimento da atenção primária aospovos, com a máxima participaçãodo farmacêutico, entende SouzaSantos.

Ele completou:- Uma grande parte, senão a

maioria, dos problemas de saúdecompõe-se de doenças e de neces-sidade de informações que os ser-viços de atenção primária podemsolucionar, perfeitamente, tanto doponto de vista da prevenção, quan-to da cura. Isso faria melhorar a qua-lidade de vida da população e redu-ziria os gastos do SUS. Ora, o con-junto de serviços que nós presta-mos, nas farmácias, chama-se exa-tamente atenção farmacêutica epode ser entendida como atençãoprimária ou primeira.

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DIA DO FARMACÊUTICO

OS HOMENAGEADOS

O Conselho Federal de Farmácia concedeu aComenda do Mérito Farmacêutico a 22

homenageados. São eles:

GOVERNADOR MARCONI PERILLOEm todas as suas experiências po-

líticas (como deputado estadual, deputa-do federal e governador do Estado deGoiás), Marconi Perillo voltou-se àsquestões ligadas à saúde pública, compropostas inovadoras. Por exemplo, eleacreditou na força do Pólo Farmacêuticode Anápolis, tendo a antevisão de que, ali,estava um enorme potencial empregador, uma maneira delevar a indústria nacional ao crescimento e um caminho

para estabilizar a políticanacional de medicamentosgenéricos. Deu certo. Coma injeção de recursos doGoverno de Goiás e com avinda, a convite de Perillo,de novas indústrias parao local, Anápolis transfor-mou-se em um dos maio-res centros produtores demedicamento do País, abri-gando empresas de proje-ção internacional.

Não contente apenascom as gestões de Gover-no, Marconi Perillo saiu

em defesa da política de genéricos, quando esta sofriapesados bombardeios, dando sinais de estremecimento.O governador então fez um périplo pelo Brasil, dizendoque integrava “a corrente lúcida que luta pela expansãodo uso de medicamentos que, além do valor terapêutico,traga conteúdo ético”. Denunciou a existência de uma redede influência mundial montada para induzir a prescriçãomédica pelo valor comercial acima do efeito terapêutico einformou que muitas indústrias passaram a investir maisem publicidade do que em pesquisa. Para o governadorPerillo, tudo parecia fora do controle, “quando surgiu umacorrente comercial interessada em ressuscitar os valoresético e social na produção farmacêutica”. Essa é a corren-te dos medicamentos genéricos.

DR. JEAN PARROTUma das maiores autoridades far-

macêuticas do mundo, Jean Parrot ocupao mais alto posto da Farmácia da França.Ele é o presidente da Ordem dos Farma-

cêuticos daquele País.Tem agregado aosseus atributos a con-dição de uma das maisexpressivas liderançasdentro do setor, em ní-vel internacional.Doutor em Farmáciapela Universidade deParis e graduado emEstudos Eletroquími-cos, o Dr. Parrot atuouem farmácia comunitá-ria e dirigiu o Labora-tório de Biologia Clí-nica de Montargis(França). Ele é tambémmembro da AcademiaNacional de Farmácia francesa, vice-presidente da Fede-ração Farmacêutica Internacional (FIP) e vice-presidentedo Centro Nacional de Farmacovigilância da França.

Jean Parrot esteve, no Brasil, a convite do presi-dente do Conselho Federal de Farmácia, Jaldo de SouzaSantos. A sua vinda ao País representa mais um passoimportante dentro da política externa do CFF, de aproxima-ção com entidades e lideranças farmacêuticas internacio-nais. O esforço do Conselho Federal encontra em Parrotgrande reciprocidade, vez que ele é um homem de fácilacesso, carismático e um defensor da aproximação entrefarmacêuticos de todo o mundo, o que, aliás, o faz umaespécie de embaixador da Farmácia francesa junto à co-munidade científica internacional.

DEPUTADA ALICE MAZZUCO PORTUGALA farmacêutica e deputada estadual da

Bahia Alice Portugal (PcdoB-BA), hoje, em seusegundo mandato, tem levado ao Legislativo bai-ano importantes reflexões e debates sobre a saú-de e, em especial, sobre a assistência farmacêuti-ca, com resultados proveitosos. Parlamentar irre-quieta e de apurada visão social, é autora de proje-tos revolucionários, como o que dispõe sobre o forne-cimento de medicamentos excepcionais para pessoas ca-rentes; e o que dispõe sobre a obrigatoriedade da utiliza-ção de medicamentos genéricos na rede pública estadual.

Recentemente, a deputada Alice Portugal encami-nhou ao governador da Bahia, César Borges, uma reco-mendação, no sentido de que reative o Laboratório Far-macêutico do Estado, o Bahiafarma, único oficial, no Bra-sil, a produzir medicamentos contra a tuberculose. Outrarecomendação audaciosa: que o Governo baiano somente

Governador de Goiás, Marconi Perillo, recebe a Comenda doMérito Farmacêutico do presidente do CFF, Jaldo de Souza

Santos. Perillo fortaleceu o Pólo Farmacêutico de Anápolis,acreditando respaldar a política de genéricos. Deu certo.

O presidente da Ordem dos Farmacêuticos da França,Jean Parrot (direita) recebe do Dr. Jaldo de SouzaSantos a homenagem. Parrot veio ao Brasil, a convite dopresidente do CFF. Souza Santos busca, com a visita dodiretor francês, romper as fronteiras culturais ecientíficas que separam a comunidade farmacêuticabrasileira da do Primeiro Mundo. A aproximação deveráresultar em acordos de cooperação entre os órgãos.

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DIA DO FARMACÊUTICO

regularize inscri-ções de estabele-cimentos farma-cêuticos, apósconsultar o Con-selho Regional deFarmácia, o Sindi-cato do Comérciovarejista e o Sindi-cato dos Farma-cêuticos. No Par-lamento, há algo

que Alice Portugal faz questão de salientar é a sua devo-ção à causa farmacêutica.

DEPUTADO MARCELO SOBREIRANo Legislativo do Ceará, a saúde e

a Farmácia, em especial, seriam mais vazi-as, não fosse a atuação ousada e deste-mida do farmacêutico-bioquímico e de-putado estadual Marcelo Sobreira (PSDB-CE). Para Sobreira, a saúde é a porta prin-cipal da prosperidade e todo esforço é pou-co em seu favor. Natural de Iguatu, no Ceará,Marcelo Sobreira vem fazendo uma carreira política em

curva ascendente. Devereador, período emque ocupou a presi-dência da Câmara Mu-nicipal de Iguatu, ele-geu-se prefeito doMunicípio e, em se-guida, deputado. Par-te desse sucesso vemde sua atuação na áreada saúde.Como deputado, pre-

side a Comissão de Se-guridade Social e Saú-de e, fora da vida par-lamentar, dirigiu enti-

dades de saúde e sociais. É autor dos projeto de lei quedispõem sobre a política de implantação da Fitoterapia emSaúde Pública, no Ceará; sobre a distribuição e a destina-ção de medicamentos cujos prazos de validade expiremem poder das farmácias, entre outros.

DR. LUIZ AUGUSTO PARANHOS SAMPAIOO goiano de Catalão Luiz Augusto

Paranhos Sampaio é o Consultor da União.Homem devotado ao Direito, tem sido umaluz para os farmacêuticos brasileiros, cla-reando caminhos, muitas vezes, escurosdentro do emaranhado jurídico que cercaautarquias especiais, como o Conselho Fe-

deral de Farmácia. Em situações de dúvidas, é a ele que oamigo Jaldo de Souza Santos, presidente do CFF, acorre.Com a grande e diversa cultura que possui, o Dr. Para-nhos age em outras áreas: é professor licenciado de lín-guas portuguesa e fran-cesa, de História das Dou-trinas Econômicas e deOrganização de Empre-sas. Ensina também Intro-dução à Ciência do Direi-to, Direito Processual Ci-vil e Direito Constitucio-nal.

Antes de atuar naUnião, Paranhos cupouvários cargos no Gover-no do Estado de Goiás.Fez palestras e conferên-cias pelo mundo inteiro eescreveu artigos e outros textos no campo da Justiça.Mas a sua criatividade abriram-lhe ainda outras perspec-tivas. Ele é também escritor e, entre os seus livros, está o“Café Central”, de crônicas.

DR. CAIO ROMERO CAVALCANTIEntre congressos, simpósios e cursos deque participou, o farmacêutico Caio Rome-ro Cavalcanti acumula nada menos que200 diplomas. Sócio fundador da Socie-dade Brasileira de Análises Clínicas(Sbac), sócio do Sindicato dos Farmacêu-

ticos do Estado do Rio de Janeiro, é mem-bro titular da Academia Brasileira de Admi-

nistração Hospitalar. Caio Romero é, destaque-se, o pre-sidente da Academia Nacional de Farmácia, por váriasgestões. No ano passado, foi reeleito ao cargo, por una-nimidade.

Formado pela Faculdade de Farmácia e Bioquími-ca da Universidade Federal de Pernambuco, Caio Romerotornou-se um multivalen-te. Além das inúmeras ati-vidades farmacêuticas,como a que desenvolve naFundação Municipal deSaúde de Niterói e naCasa de Repouso SantaIsabel, ele ainda exerce afunção de juiz classistados empregados, no Riode Janeiro. É ainda mem-bro da Comissão de Ques-tões Profissionais doConselho Federal de Far-mácia.

A deputada estadual (PCdoB-BA) e farmacêutica Alice Portugal recebeo Diploma e a Medalha do Mérito Farmacêutico do conselheiro federalpela Bahia, Jorge Piton. Alice levou ao Legislativo baiano reflexõesprofundas sobre a atenção farmacêutica.

O deputado estadual (PSDB-CE) e farmacêutico Marcelo Sobreira(esquerda) recebendo a Comenda das mãos do vice-presidente doCFF, Élber Barbosa Bezerra de Menezes. Uma das vozes maisativas em defesa da saúde, na Assembléia Legislativa cearense,Sobreira é o porta-voz da atenção farmacêutica, naquela Casa.

A secretária geral do Conselho Federal de Farmácia,Lérida Maria dos Santos Vieira, entrega a Comenda doMérito Farmacêutico ao Consultor da União, LuizAugusto Paranhos. Ele tem apontado caminhosjurídicos à autarquia dos farmacêuticos.

O conselheiro federal (suplente) por São Paulo, MárcioAntônio da Fonseca e Silva (esquerda), entrega aComenda ao homenageado Caio Romero Cavalcanti.Fundador de várias entidades farmacêuticas, o Dr. CaioRomero, por várias gestões, preside a AcademiaNacional de Farmácia. Exerce ainda a função de juizclassista dos empregados, no Rio de Janeiro.

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DIA DO FARMACÊUTICO

DR. ANTÔNIO NUNES LAGOUm caso de amor à profissão farma-

cêutica. Aos 82 anos de idade, o farma-cêutico Antônio Nunes Lago dedicou asua vida à Farmácia. Formado, em 1942,pela Escola de Farmácia e Odontologiado Estado do Rio de Janeiro, foi imediata-mente convocado pelo Hospital Central doExército, onde serviu por dois anos. Em se-guida, iniciou uma brilhante carreira na direção de váriasempresas farmacêuticas, como o Laboratório e FarmáciaHomeopática de Lago e Cia. Além disso, dirigiu a Associ-

ação Brasileira de Farmacêuti-cos e foi um dos criadores dosConselhos de Farmácia.

Nutrido do espírito investi-gador que move o meio jorna-lístico, Antônio Lago traba-lhou de secretário a diretor dojornal mensal “A Gazeta da Far-mácia”, criado com o objetivode levar aos farmacêuticos in-formações técnicas, científicas,econômicas, sociais, históricase de outras naturezas. É mem-bro da Academia Nacional deFarmácia e foi conselheiro re-gional de Farmácia no Rio deJaneiro. O Dr. Antônio Lago sóinterrompeu a sua atividade far-macêutica, há quatro anos, aconselho médico.

DR. ÓTOM ANSELMO DE OLIVEIRAO farmacêutico-bioquímico Ótom

Anselmo de Oliveira, desde 1999, vem gal-gando o posto máximo da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte – o dereitor. Doutor em Química Inorgânica pelaUnicamp, professor da UFRN de cursos

de graduação epós-graduação,o Dr. Ótom dirigiu o Centro deCiências Exatas e da Terra da-quela Universidade potiguar efoi o tutor do Programa Especi-al de Treinamento (PET) do cur-so de Química.

Pesquisador incansável, elecoordenou vários projetos depesquisa aprovados peloCNPq (Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico eTecnológico), do Ministério daCiência e Tecnologia; pela Fi-nep (Financiadora de Estudos

e Projetos) e UFRN. De professor a reitor, o farmacêuticoÓtom Anselmo orientou trabalhos de iniciação científica ede mestrado, transferindo para aquela Universidade partedo que acumulou em conhecimento, contribuindo para aformação de várias gerações de profissionais.

DR. RADIF DOMINGOSQuando se fala do farmacêutico Ra-

dif Domingos, deve-se começar semprepela sua incrível capacidade empreende-dora, o que o transformou num dos maisdinâmicos diretores de faculdades de Far-mácia do País. Formado pela UniversidadeFederal de Goiás (UFG), onde ingressou comoprofessor de Química Farmacêutica, em 1978, Radif é umhomem para quem obstáculos é um tentador desafio.

Para se ter uma idéia, ele idealizou e fundou oslaboratórios de Análises Clínicas dos Campus Avança-dos da UFG, em Picos (Piauí), em Porto Nacional (Tocan-tins), e em Firminópolis (Goiás), servindo como campo deestágio para os alunos de Farmácia-Bioquímica da Federalde Goiás. Radif é ainda o criador da Farmácia-Escola e do

Horto de Plan-tas Medicinaisda mesma Uni-versidade. Tam-bém, implantouo laboratório debioequivalênciapara validaçãode genéricos,uma parceriaentre a UFG e oInstituto Me-lon. Além disso,ele idealizou efundou o Labo-ratório de Aná-lises Clínicas

Rômulo Rocha, também dentro da Faculdade de Farmáciada UFG. E por aí, vai. Para Radif Domingo, não há limites.Ele tem sempre um horizonte à vista. E uma boa idéia.

DR. LEVY GOMES FERREIRAO carioca Levy Gomes Ferreira iniciou a

sua vida profissional na Universidade Federaldo Rio de Janeiro como bolsista do CNPq (Con-selho Nacional de Desenvolvimento Científi-co e Tecnológica), do Ministério da Ciência eTecnologia. Formado pela Faculdade Nacional deFarmácia da Universidade do Brasil, fez doutoradona UFRJ e uma infinidade de cursos de especialização, comoo de Administração Industrial, de Introdução à MedicinaNuclear, de Atualização em Cosmetologia, de Controle deQualidade na Indústria Farmacêutica, além de outros.

O conhecimento farmacêutico aliado à vervejornalística fizeram do Dr. Antônio Lago um

profissional de visão além do seu tempo. Não fossemesses atributos, e as gerações de farmacêuticos que

o sucederam dificilmente teriam a história dacategoria tão bem documentada. É que ele foi diretor-

redator de �A Gazeta da Farmácia�, infelizmenteextinto. Era um importante jornal voltado para aprofissão. Nesta foto, o farmacêutico-jornalista

(direita) recebe a Comenda do professor José AleixoPrates, integrante da Comissão de Ensino do CFF e

admirador declarado de Lago.

O farmacêutico Ótom Anselmo de Oliveira é oreitor da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, desde 1999. Doutor em QuímicaOrgânica, coordenou vários projetos de pesquisa,

área a que tem se dedicado com afinco. Na foto,ele recebe a comenda da conterrânea Lenira da

Silva Costa, conselheira Federal de Farmáciapelo Rio Grande do Norte e presidente da

Comissão de Análises Clínicas do CFF.

Professor Radif Domingos (direita) recebe a Comenda doamigo e ex-presidente do CFF, Jairo de Souza Santos. Radif

parece movido a desafios. Na Universidade Federal deGoiás, idealizou e fundou os laboratórios de Análises

Clínicas de campus avançados, a farmácia-escola e o hortode plantas medicinais, o laboratório de bioequivalência paravalidação de genéricos, o Laboratório de Análises Clínicas

Rômulo Rocha etc.

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DIA DO FARMACÊUTICO

Na produção técnico-científica, a sua carreira re-gistra atividades importan-tes, como a de coordena-dor da Sub-comissão deQuímica Inorgânica da“Farmacopéia Brasileira”.Levy Gomes Ferreira pos-sui ainda uma atividade in-telectual dinâmica, o quegerou a publicação de vári-os trabalhos, a exemplo do“Uso do frio e do calor natecnologia farmacêutica e

de alimentos”, “Obtenção e conservação de enzimas” etc.Outra experiência notável do farmacêutico foi de naturezadidático-pedagógica, principalmente na UFRJ. O farma-cêutico foi ainda assessor e farmacêutico responsável devários laboratórios e hospitais. Enfim, tudo o que fez, fezpela Farmácia.

DRA. HISAKO GONDO HIGASHIÉ rico e diverso o currículo da far-

macêutica-bioquímica brasileira HisakoGondo Higashi. São vários os trabalhosbrilhantes que ela vem desenvolvendo noInstituto Butantan, como pesquisadora ci-entífica. Ali, participou ativamente do Con-selho Superior, como conselheira e diretora, e assumiudiretorias do órgão, do qual foi também a responsável porprojetos e planejamento, aquisição e implantação de equi-pamentos para a produção dos imunobiológicos, dentrodo Programa de Autosuficiência em Imunobiológicos, im-plantado pelo Ministério da Saúde.

A Dra. Hisako Gondo foi também assessora técni-co-científica do Instituto Nacional de Higiene Rafael Ran-gel, em Caracas, Venezuela, tendo contribuído para a im-

plantação e remodelação daprodução de vacinas bacteria-nas por aquele órgão. É aindamembro da Comissão das Nor-mas Técnicas de Fabricação eControle de Qualidade das Va-cinas e dos Soros Hiperimunes,coordenado pelo Ministério daSaúde, e membro da Sub-co-missão de Imunobiológicos da“Farmacopéia Brasileira”. Hi-sako vem, assim, prestandovaliosa contribuição à pesqui-sa científica, no Brasil.

DRA. NILCE CARDOSO BARBOSAEm 1990, nasce, em São Paulo, uma empre-sa que vem revolucionando a qualificaçãode farmacêuticos, no Brasil: a Racine Qua-lificação e Assessoria. Pertencente aoGrupo Racine, composto ainda pela RCNEditora, Racine Consultores e InstitutoRacine, a empresa não existiria, não fosse

a determinação e coragem da farmacêuticaNilce Cardoso Barbosa, formada pela Unesp

(Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho)de Araraquara.

Nilce Barbosa foi maislonge. Criou a “Semana Raci-ne de Atualização Técnica emFarmácia”, um evento anualque já foi incorporado à agen-da do farmacêutico brasileiropreocupado com a reciclagemdos seus conhecimentos e desua qualificação. Outra gran-de idéia da farmacêutica-em-presária foi a instituição do“Prêmio Racine”, que vem re-conhecendo e valorizando asações e talentos de farmacêu-ticos cuja obra tem mudadopara melhor a qualidade de vida de uma determinada co-munidade.

DR. ANSELMO GOMES DE OLIVEIRAO professor doutor da Faculdade de Far-

mácia da Unesp (Universidade Estadual PaulistaJúlio de Mesquita Filho) de Araraquara (SP), An-selmo Gomes de Oliveira, é uma das maiores au-toridades brasileiras em estabilidade de medica-mentos. Tem se dedicado a colaborar com a pro-fissão farmacêutica, seja como orientador, palestran-te ou pesquisador. Publicou cerca de 50 trabalhos científi-cos, em periódicos nacionais e internacionais, e apresen-tou cerca de 100 trabalhos emeventos científicos. Mais: é ocoordenador científico da ses-são “Infarma”, da revistaPHARMACIA BRASILEIRA.O Dr. Anselmo é ainda asses-sor científico da Fapesp,CNPq, Finep e de outras agên-cias de financiamento da pes-quisa.

Integrante da Comis-são de Especialistas de Ensi-no de Farmácia do Ministérioda Educação, o professor dou-tor Anselmo abraçou a profis-são de professor da área far-

Levy Gomes Ferreira (esquerda) mostra a Comendaque acaba de receber do Conselheiro Federal pelo

Rio de Janeiro, Jorge Cavalcanti de Oliveira (aolado). Doutor em Farmácia, tem múltiplas

especializações, como em Administração Industrial,Medicina Nuclear, Cosmetologia, Controle de

Qualidade na Indústria Farmacêutica, etc.

Hisako Gondo Higashi tem desenvolvido um trabalhobrilhante, na área de pesquisa científica, no InstitutoButantan, bem como dirigindo setores do órgão. Na

foto, ela recebe a Comenda do Mérito Farmacêutico daConselheira Federal de Farmácia pelo Espírito Santo,Magali Demoner Bermond (esquerda), presidente da

Comissão de Ensino do CFF.

Nilce Cardoso Barbosa, farmacêutica paulista, crioua Racine Qualificação e Assessoria, empresa quetem trazido novos conhecimentos para ofortalecimento da qualificação de farmacêuticos eempresas brasileiros. Criou também a �SemanaRacine�. Na foto, Nilce CArdoso recebe a Comendado farmacêutico Rogério Tokarski, ConselheiroFederal de Farmácia pelo Distrito Federal.

Anselmo Gomes de Oliveira, professor doutor daFaculdade de Farmácia da Unesp de Araraquara (SP) epesquisador Nível 1 do CNPq, é uma das maioresautoridades brasileiras em estabilidade demedicamentos. Aqui, Anselmo (direita), no momento emque recebe a Comenda do Mérito Farmacêutico de OsneyOkumoto, Conselheiro Federal pelo Mato Grosso do Sul.

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DIA DO FARMACÊUTICO

macêutica, desde 1983, tendo sido chefe do Departamen-to de Fármacos e Medicamentos por duas gestões conse-cutivas. Na área científica, vale citar que o farmacêutico épesquisador Nível 1 do CNPq, desde 1992.

DRA. ELZA WAQUIM BUCAR DE ALMEIDA NUNESQuando a farmacêutica piauiense Elza

Waquim Bucar de Almeida Nunes assumiu,em 1990, a administração do LaboratórioIndustrial Farmacêutica Rocha Ltda. jun-to à sua irmã gêmea Elda, sabia que tinhanas mãos uma enorme responsabilidade.Afinal, o laboratório, deixado pelo seu pai,Arudá Bucar, trazia uma tradição de quase100 anos e gozava de especial respeito entrea população de Floriano, no Piauí. Só restou uma opção àDra. Elza: crescer. Mas crescer, mantendo o mesmo respei-to adquirido, ao longo de um século.

A partir daí, Elza diversificou os negócios da em-presa e lançou vários produtos no mercado nacional. Mas

não é estritamente a questãoempresarial que fascina a far-macêutica. Sob a sua direção,em parceria com a irmã, o La-boratório Rocha criou e man-tém a Fundação Arudá Bucar,voltada à educação de adul-tos e à prevenção às drogasentre jovens. Agora, a empre-sa de Dra. Elza Bucar prepara-se para outro desafio: cons-truir o Museu da Farmácia.Elza vê na preservação da his-tória farmacêutica uma pontepara a travessia para o futuroda profissão. “Só se constrói

um bom futuro, amparado na história”, acredita. Elza Bu-car, uma intransigente defensora da atenção farmacêutica,é também professora e ativista política, tendo sido verea-dora, na Legislatura passada.

DR. LOVOIS MIGUELFarmacêutico formado pela Univer-

sidade Federal do Rio Grande do Sul, emPorto Alegre, em 1954, com pós-gradua-ção em Indústria Farmacêutica, em Paris,o Dr. Lovois Miguel traz a fantástica expe-riência de diretor de várias indústrias farma-cêuticas expressivas. Entre elas, estão a Hoesch, a UniãoFarmacêutica e Industrial Ltda., o Laboratório Lifar e oLafergs. Dirigiu também o Centro de Saúde Modelo, daSecretaria Estadual de Saúde, e esteve à frente de outrasempresas e entidades, em Porto Alegre.

Lovois Miguel fez vários estágios de aperfeiçoa-mento em farmácias hospitalares da França e também de-dicou-se ao magistério. Foi professor da Faculdade de

Farmácia da UniversidadeFederal do Rio Grande doSul (das disciplinas Cos-metologia e outras). Já che-fiou o próprio Departamen-to e ministrou vários cur-sos de curta duração, comoo de Farmacotécnica e deTecnologia de Cosméticos.

DRA. ESTER DE CAMARGO FONSECA MORAESNão se deve falar de Toxicologia, no Brasil,sem citar o nome de uma de suas maioresautoridades, a farmacêutica Ester de Ca-margo Fonseca Moraes. Aliás, não se devetambém esquecer, principalmente os toxi-cologistas, de que foi a Dra. Ester quemprimeiro levantou a voz para provar que o

farmacêutico, por conta de sua qualificaçãoacadêmica, era um profissional altamente ga-

baritado para atuar na área toxicológica.Formada pela então Faculdade de Farmácia e Odon-

tologia da Universidade de São Paulo, Ester dedicou-seexclusivamente ao ensino farmacêutico, e sempre na Uni-versidade de São Paulo (USP), cargo que exerceu por 45anos, a partir de quando seaposentou. Mas a vonta-de de colaborar não a dei-xou inativa, vez que exer-ceu voluntariamente a fun-ção de orientadora de mes-trandos e doutorandos. Sódepois de 50 anos de tra-balho ininterrupto é que eladeixou a USP, definitiva-mente. A Dra. Ester nãopôde comparecer à soleni-dade em comemoração aoDia do Farmacêutico parareceber a Comenda e o ca-rinho dos seus amigos eadmiradores. Foi represen-tada pela filha, Regina Stella (fotos).

DR. JOSÉ DOMINGOS FONTANAO farmacêutico José Domingos Fonta-

na possui um currículo pródigo em especiali-zações e realizações que revelam o perfil de umprofissional de fundos conhecimentos e quali-ficações. Formado pela Universidade do Para-ná, é PhD em Ciências Químicas pela Universidadede Buenos Aires e fez pós-doutorado em Ciências Bioló-gicas, em Otawa, no Canadá. Atualmente, é professor vi-sitante do Departamento de Farmácia da UFPR e profes-sor sênior do Departamento de Bioquímica e Biologia Mo-lecular da mesma Universidade, como PhD aconselhador.

A farmacêutica piauiense Elza Waquim Bucar enfrentouum grande desafio: administrar o tradicional e respeitadoLaboratório Industrial Farmacêutica Rocha Ltda., criadopelo seu pai. Em pouco tempo, levou a empresa aocrescimento e à diversificação. Agora, está criando umafundação farmacêutica. Elza Bucar foi homenageada como Mérito Farmacêutico, que recebeu das mãos doConselheiro Federal pelo Paiauí, Ronaldo Costa.

Lovois Miguel (direita) recebendo a Comenda de GustavoÉboli, Conselheiro Federal pelo Rio Grande do Sul e presidenteda Fepafar (Federação Pan-americana de Farmácia).Farmacêutico com pós-graduação em Indústria, em Paris, oDr. Lovois dirigiu várias indústrias farmacêuticas expressivas.Foi ainda professor da Faculdade de Farmácia da UFRS.

Ester de Camargo Fonseca Moraes é uma das maioresautoridades nacionais em Toxicologia e a primeirapessoa a defender que o farmacêutico é um profissionalgabaritado para atuar na área. Ester não pôdecomparecer à solenidade de comemoração ao Dia doFarmacêutico. A sua filha, Regina Stella, foi quemrecebeu a Comenda, das mãos do Conselheiro Federalpela Paraíba, João Samuel de Morais Meira (foto).

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DIA DO FARMACÊUTICO

Pesquisador de Car-reira do CNPq, nível 1, des-de 1993, o Dr. José Fonta-na é autor de publicaçõesvaliosas e conferencista re-conhecido, dentro e fora doBrasil. Para se ter umaidéia, de 1986 a 2000, apre-sentou 15 conferências empaíses como a Argentina,Áustria, Canadá, Inglater-ra, França, Itália, EstadosUnidos, Suécia, entre ou-

tros. Pelo mundo inteiro, é também premiado pelos rele-vantes serviços prestados à Farmácia.

EMPRESÁRIO WALTERCI DE MELOEle situou o Laboratório Teuto Bra-

sileiro na vanguarda da indústria farma-cêutica mundial. O anapolino Walterci deMelo iniciou a sua vida profissional, nosanos 70, como representante comercial doTeuto, nos Estados de Goiás, Tocantins, par-te do Maranhão e Pará. Mais tarde, tornou-se proprietáriode uma rede de farmácias e da Distribuidora Melo, emAnápolis, Goiás. Casado, pai de três filhos e empresárionato, em 1986, ele conquistou o controle acionário do Teu-

to, sediado em Contagem, Mi-nas.

A partir daí, o Teuto só cres-ceu. Em 1992, Walterci transfe-riu a indústria para o DistritoAgro-industrial de Anápolis. Aempresa foi pioneira no lança-mento de medicamentos gené-ricos, no País, e a primeira areceber o certificado ISO 9002.No fim do ano passado, o Teu-to deu o seu maior salto. In-vestiu 100 milhões de dólaresna expansão de sua área, quepassou a ter 105 mil metrosquadrados, e na aquisição de

equipamentos. Com a nova estrutura, o Laboratório Teutomarca uma nova fase: a das exportações para países domundo inteiro, o que o torna uma das maiores indústriasfarmacêuticas do mundo.

DRA. TEREZINHA DE JESUSALMEIDA SILVA RÊGO

A farmacêutica maranhense Tere-zinha de Jesus Almeida Silva Rêgo encon-trou na Fitoterapia a sua missão e inspira-ção maior. Sobre essa área, debruçou-se em

incontáveis estudos e espe-cializações, tirando, daí, infor-mações preciosas para a pu-blicação de livros e artigos decabeceira para farmacêuticos.A Fitoterapia já lhe rendeu tí-tulos, como o de membro doInstituto Histórico e Geográ-fico do Maranhão, membro daAcademia Nacional de Farmá-cia e representante da Socie-dade Botânica do Brasil, noMaranhão.

Formada pela Faculda-de de Farmácia e Odontolo-gia do Maranhão, Terezinhade Jesus é livre docente em Botânica Geral pela Universi-dade Federal do Estado e especialista em Fitoterapia pelaSociedade de Botânica Latino-americana, em Havana,Cuba. É professora titular de Botânica aplicada à Farmá-cia e Etnobotânica no mestrado em Saúde e Meio Ambi-ente na UFM.

EMPRESÁRIO MARCELOHENRIQUE LIMÍRIO GOLÇALVEZ

Aos 15 anos de idade, Marcelo Henri-que já apresentava um incrível dom para osnegócios. Desde então, passou a trabalhar emuma distribuidora de medicamentos adquiridapela família. Não saiu mais nunca do universodo medicamento. O seu crescimento nos negóci-os foi rápido. Já em 1970, assume a representação comer-cial da Crismar Produtos Farmacêuticos, ali, ficando, porsete anos.

Tempos depois, Marcelo e o pai, Ildefonso, tor-nam-se sócios do Laboratório Neo Química, que aindafuncionava, no Rio. O empre-sário transfere o negócio paraAnápolis, em Goiás, e assumea sua presidência. O Labora-tório Neo Química possui umcomplexo industrial com maisde 90 mil metros quadrados deárea construída e emprega1.400 funcionários. Está, hoje,entre as dez principais empre-sas do Brasil, no setor farma-cêutico. Quanto a Marcelo,traz a marca do empresário ar-rojado. Tanto que está inves-tindo cerca de 65 milhões naexpansão da empresa que tem,entre os seus produtos, vári-os genéricos.

O farmacêutico José Domingos Fontana, com pós-doutorado em Ciências Biológicas, em Otawa, no

Canadá, é professor visitante do Departamento deFarmácia e professor sênior do Departamento de

Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR, além depesquisador de careira do CNPq, nível 1. Na foto, JoséDomingos (direita) apresenta a Comenda recebida do

Conselheiro Federal pelo Paraná, Arnaldo Zubioli.

O empresário Walterci de Melo transformou o seuLaboratório Teuto Brasileiro, situado em Anápolis (GO),

em uma das maiores indústrias farmacêuticas domundo. A sua especialidade é o medicamento genérico.

O industrial não pôde comparecer à comemoração,sendo representado pela filha, Priscila Nogueira AlvesMello. Na foto, ela recebe a Comenda do Conselheiro

Federal pelo Mato Grosso, Edson Chigueru Taki.

A farmacêutica Terezinha de Jesus Almeida Silva Rêgorecebe a Comenda do Conselheiro Federal peloMaranhão, Ronaldo Ferreira Pereira Filho. Terezinhadevotou a sua vida à fitoterapia. Realizou incontáveisestudos e pesquisas sobre a área, que renderaminformações importantes para a publicação de livros eartigos indispensáveis a farmacêuticos.

O empresário Marcelo Henrique está investindocerca de 65 milhões na expansão de sua indústriafarmacêutica, o Laboratório Neo Química, sediada emAnápolis (GO). A empresa, hoje, encontra-se entre asdez maiores do setor, no País. Marcelo foirepresentado, na solenidade de comemoração ao Diado Farmacêutico, por Álvaro Zanella, diretor daempresa, que recebeu a Comenda da ConselheiraFederal por Sergipe, Maria da Aparecida Vianna.

Page 13: Pelo jornalista Aloísio Brandão, - cff.org.br · presentes como a filosofia que pro-moveu, ... em farmácias dos serviços público e privado tem gerado dificuldades ... vel interesse

Pharmacia Brasileira - Jan/Fev/Mar 2002 33

DIA DO FARMACÊUTICO

DRA. ZILDETE PEREIRA DE SOUZAParece que, às vezes, a profissão é

que escolhe o profissional. É como se bus-casse nele alguém em quem deitar as suasraízes, com segurança, vislumbrando fru-tos novos. Zildete Pereira de Souza foi es-colhida pela farmácia hospitalar para ser umdos seus arrimos. Farmacêutica-química, elaalinhavou a sua vida profissional em cima des-se segmento, com inúmeras especializações, até tornar-seuma excelência.

Chefe da Farmácia do Hos-pital das Clínicas da Univer-sidade Federal de Minas Ge-rais (UFMG) e professora deFarmácia Hospitalar da Fa-culdade de Farmácia da mes-ma Universidade, função emque, aliás, é uma pioneira, aDra. Zildete saiu, como umapaladina, pregando a neces-sidade de as universidadesbrasileiras adotarem a disci-plina em seus cursos de Far-mácia. Integrante de váriosgrupos de trabalho na áreahospitalar, a farmacêutica éainda co-autora de várias pu-blicações científicas de inte-resse da Medicina e da Far-mácia.

Não dá para falar sobre farmáciahospitalar, sem se falar em Zildete Pereira

de Souza. Ela é uma das pioneiras noensino de FH, no País, e chefia a farmáciado Hospital das Clínicas da UFMG. A Dra.

Zildete recebeu a Comenda em suahomenagem das mãos do Conselheiro

Federal por Minas, José Aparecido Vidal.

DR. BRUNO CARLOS DE ALMEIDA CUNHA(IN MEMORIAM)

Treze de agosto de 2001. O Brasil perdeum dos seus mais brilhantes farmacêuticos. Parafalar desse profissional talentoso, começare-mos pelo homem excepcional que ele foi. Ale-gre, afetivo, bom contador de casos, o Dr. Bru-no Carlos de Almeida Cunha foi, ainda cedo,estimulado ao estudo. Farmacêutico químicopela UFMG, fez mestrado em Microbiologia, naUniversidade de Mennesota, nos Estados Unidos.Quando retornou ao Brasil,trazia o seu futuro delineado.E o seu futuro estava na USP.

Ali, fez doutorado, foiprofessor adjunto e titular daFaculdade de Ciências Farma-cêuticas, tanto na graduação,quanto na pós-graduação.Fora do universo acadêmico,o Dr. Bruno, apostando na for-ça do associativismo, ajudoua fundar a Associação Paulis-ta de Farmacêuticos e a Asso-ciação Brasileira de Cosmeto-logia. Durante cerca de dezanos, o Conselho Regional de São Paulo o teve em seusquadros como conselheiro, vice-presidente e presidente.Foi um lutador sem trégua em favor do uso racional demedicamentos e contra abusos e fraudes no mercado far-macêutico.

A professora Ângela Andrade recebe do ConselheiroFederal por Alagoas, Clóvis Lorena, a Comenda doMérito Farmacêutico, numa homenagem ( inmomoriam) do CFF ao seu esposo, Bruno Carlos deAlmeida Cunha, falecido a 13 de agosto de 2001.Farmacêutico brilhante, o professor doutor Brunodedicou a sua vida ao ensino de Farmácia, na USP.

HOMENAGEM

Centro Acadêmico do Cesumar leva o nome de Arnaldo ZubioliO professor e conselheiro federal de

Farmácia pelo Paraná, Arnaldo Zubioli, teveuma surpresa, no mínimo, emocionante, nofinal do ano passado, durante a realizaçãodo I Cesufarma – Jornada de Farmácia eBioquímica do Cesumar (Centro de EnsinoSuperior de Maringá – PR). Acadêmicos deFarmácia deram o seu nome ao recém-cria-do Centro Acadêmico do Cesumar, que jáganhou uma sigla: Cafaz (Centro Acadêmi-co de Farmácia Arnaldo Zubioli).

Zubioli participava do evento comopalestrante. Falou sobre um dos temas quemais o empolgam e de que é um defensorardoroso - a atenção farmacêutica. No anopassado, ele lançou o livro “Farmácia Clíni-ca na Farmácia Comunitária”, voltado aoassunto. Durante a palestra, aproveitou parareforçar a importância do papel do farma-cêutico na sociedade e do quanto o profissi-onal pode contribuir para reverter as esta-tísticas negativas na saúde.

De repente, os acadêmicos fizeramuma pausa no evento, para homenageá-lo.

Arnaldo Zubioli recebeu do presidente doCafaz, Michel Bragatto, uma placa alusiva àhomenagem e ouviu do mesmo palavras elo-giosas: “É uma justa homenagem a quem jáfez e continua fazendo em favor da profissãofarmacêutica, durante anos de luta pela valo-rização e conquista do espaço do farmacêuti-co na sociedade”, disse Michel Bragatto.

Arnaldo Zubioli, emocionado, agra-deceu a homenagem e salientou o fato deter ajudado a criar o curso de Farmácia doCesumar e de acompanhar o seu desenvol-vimento, que conta com o especial empe-nho de professores e estudantes.

Mestre em Farmacologia e Terapêu-tica pela Universidade de São Paulo (USP),Zubioli especializou-se em Farmácia Clíni-ca na Universidade Nacional do Chile. Éprofessor adjunto do Departamento de Far-mácia e Farmacologia da Universidade Es-tadual de Maringá (PR), cidade onde nasceu.Foi presidente, vice-presidente e secretáriogeral do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Estréia - A Jornada de Farmácia e

Bioquímica foi o primeiro evento científi-co do curso de Farmácia do Cesumar. O cur-so tem apenas dois anos de criação. O Cesu-farma contou com mais de 200 participan-tes e foi avaliado positivamente pela suapresidente, professora Eliane CampesattoMella. “O número de participantes e o gran-de interesse por parte dos acadêmicos foramo ponto forte do evento que, por ser o pri-meiro, superou as expectativas”, comenta.

Da esquerda para a direita: Michel Bragatto, acadêmico deFarmácia e presidente do Centro Acadêmico Arnaldo Zubioli;professora Carolina Justus B. F. Neto, coordenadora do cursode Farmácia; Marcelo Peretta, argentino e especialista emfarmácia clínica; professora Eliane Mella, presidente da ICesufarma; e o conselheiro federal de Farmácia, Arnaldo Zubioli.