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Pedro Burmester 10 JANEIRO 2017 pedro burmester © rita carmo

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Pedro Burmester

10 JANEIRO 2017

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10 DE JANEIROTERÇA21:00 — Grande Auditório

Ciclo de piano

Pedro Burmester Piano

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Ludwig van BeethovenSonata para Piano n.º 14, em Dó sustenido menor, op. 27 n.º 2, "Ao luar"

Adagio sostenutoAllegrettoPresto agitato

Sonata para Piano n.º 30, em Mi maior,op. 109

Vivace ma non troppo. Sempre legato – Adagio espressivoPrestissimoAndante molto cantabile ed espressivo

intervalo

Duração total prevista: c. 1h 45 min.Intervalo de 20 min. Este concerto é gravado pela RTP – Antena 2

Johann Sebastian BachPartita para tecla n.º 2, em Dó menor,BWV 826

Sinfonia: Grave adagio – Andante – AllegroAllemandeCouranteSarabandeRondeauCapriccio

Franz LisztBalada n.º 2, em Si menor, S. 171

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Contemporânea da Sonata para Piano em Ré maior, op. 28, Pastoral, a Sonata em Dó sustenido menor, op. 27 n.º 2, “Ao luar”, de Ludwig van Beethoven, recebeu este último epíteto por sugestão do poeta Ludwig Rallstab (1799-1860), conhecido do compositor e autor de vários textos de Lieder musicados por Schubert. O sentimento romântico latente suscitado pela designação Ao luar, a qual se tornou célebre, encontra já raízes no título originário da obra, Sonata quasi una fantasia, título que denota o plano formal bastante livre do primeiro andamento, Adagio sostenuto. O ritmo harmónico relativamente rápido, faz suceder colorações tonais diferentes e contrastantes, sempre veiculadas por um mecanismo repetitivo de acompanhamento em tercinas na mão esquerda do pianista. É este mesmo suporte harmónico que está na origem da conotação sombria e misteriosa, tantas vezes associada ao Adagio. Sobre esta teia uniforme é disposto o material temático, baseado na repetição de uma mesma célula rítmica e na sucessão de graus conjuntos.

O segundo andamento, Allegretto, em Ré bemol maior, toma o lugar do Scherzo e demarca-se dos andamentos extremos da obra pela delicadeza do fraseado melódico. O uso muito frequente de síncopas constitui um elemento de instabilidade rítmica que age como mecanismo propulsor do discurso musical. No derradeiro andamento, Presto agitato, Beethoven projeta toda as ânsias e instabilidades emocionais que certamente sentia, aliadas à perceção de uma corrente virtuosística que começava a ganhar mais adeptos junto do público. Como pianista excecional que era, o músico não hesitou em combinar essa faceta tecnicista com a mais pura expressão de dramatismos e sentimentos, numa estratégia consciente e determinada que o define também como precursor do movimento romântico.

A composição das três derradeiras sonatas para piano absorveu os esforços criativos de Beethoven a partir do verão de 1820, dado que o músico tinha acordado a publicação do tríptico com o editor berlinense Adolf Martin

Ludwig van BeethovenBona, 16 (ou 17) de dezembro de 1770Viena, 26 de março de 1827

Sonata para Piano n.º 14, em Dósustenido menor, op. 27 n.º 2, "Ao luar"

Sonata para Piano n.º 30,em Mi maior, op. 109

composição: 1801duração: c. 16 min.

composição: 1820duração: c. 20 min.

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Schlesinger, num prazo máximo de seis meses. Contudo, outros projetos tiveram entretanto origem, em particular a composição da grandiosa Missa Solemnis, reservada à consagração cardinalícia do Arquiduque Rudolfo da Áustria (1788-1831), pelo que o músico não foi capaz de cumprir inteiramente o compromisso que havia assumido. A Sonata em Mi maior, op. 109, foi a única a ser concluída dentro do prazo estipulado, com dedicatória a uma das alunas do compositor, Maximiliane Brentano.Baseado numa leitura livre da forma de sonata, o primeiro andamento, Vivace ma non troppo, evolui através de sonoridades fluidas e extremamente originais, contradizendo a linearidade habitualmente associada às sonatas para piano da tradição vienense. O primeiro tema é acompanhado pela indicação Sempre legato e parece anunciar a veia poética de um Robert Schumann. O segundo constitui uma declamação lenta, baseada em prolongados harpejos, sob a indicação Adagio espressivo.A mesma criatividade esteve na origem

do segundo andamento, Prestissimo, uma súmula de dramatização musical que opõe diferentes figurações e agregados motívicos, num continuum envolvente que apenas abranda na secção intermédia de desenvolvimento, como que a deixar espaço para uma reflexão introspetiva. O andamento encerra com a recapitulação abreviada do material musical inicial. Por seu turno, a forma tradicional do tema e variações inspira o andamento conclusivo, Andante, mas Beethoven não deixa, também aqui, de oferecer uma visão inovadora desse mesmo modelo formal, introduzindonão apenas uma ideia musical de partida,como habitualmente, mas sim dois componentestemáticos diferenciados, indicados Andante molto cantabile ed espressivo e Molto expressivo, respetivamente. A variação sobre o tema de partida surge, curiosamente, em segundo lugar (Var. II), após o enunciado do Molto espressivo que é designado pelo compositor como“Var. I” mas que constitui, em si, um temapor direito próprio.

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As seis partitas para tecla de Johann Sebastian Bach, BWV 825-830, foram publicadas em Leipzig, em 1731, como primeira parte do Clavierübung, o livro de exercícios para tecla de Bach. Na sua estrutura interna, partilham da conceção da suite instrumental de danças, integrando, para além das quatro danças convencionais da suite (Alemanda, Corrente, Sarabanda e Giga), um número acrescidode andamentos como o Minueto, o Scherzo,a Burlesca ou o Rondó, considerados por Bach como “galanterias” no título da edição.O primeiro andamento da Partita n.º 2, BWV 826, uma Sinfonia, tem por base uma estrutura de três secções de natureza contrastante. Os ritmos ponteados e os acordes majestosos da abertura francesa caracterizam o Grave adagio inicial.Em contrapartida, o Andante seguinte demonstra a influência do arioso italiano, com uma melodia esguia que evolui sobre um baixo-contínuo regular. A terceira e última secção, Allegro, introduz uma textura fugada a duas partes.O segundo andamento, Allemande, é composto sobre um esboço temático central, apresentado,

desde o primeiro compasso, sob a forma de cânone a duas vozes. Apesar do surgimentode episódios mais agitados, a três vozes,a atmosfera do andamento mantém-se grave. Na densa textura polifónica do Courante seguinte toma parte um motivo recorrente cuja sequência intervalar aparece, por vezes, invertida. Uma longa e expressiva Sarabande sucede o Courante. Segue-se um Rondeau de grandes proporções, evocador dos andamentos homónimos da escola francesa de cravo.O imponente Capriccio final constitui um caso excecional no contexto global das partitas, vindo a substituir a convencional Gigue.Bach explora aqui uma intrincada textura polifónica, fazendo uso dos recursos da fugae do contraponto florido de quinta espécie, tal como codificado no tratado Gradus ad Parnassum (1725) de Johann Joseph Fux (1660-1741).Trata-se não apenas de uma mostra das potencialidades contrapontísticas a duas mãos, mas também de uma extraordinária musicalidade, inspirada em parte nos idiomas heterogéneos do Barroco italiano.

Partita para tecla n.º 2, em Dó menor,BWV 826

composição: 1725duração: c. 20 min.

Johann Sebastian BachEisenach, 21 de março de 1685Leipzig, 28 de julho de 1750

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Monumento menos visitado da produção pianística de Franz Liszt, a Balada n.º 2, em Si menor, oferece uma perspetiva única sobre duas linhas de força contrastantes que definiram, no essencial, a postura artística do compositor: a manifestação intrépida do mais exigente tecnicismo pianístico e a procura do diálogo recatado com a Arte, longe dos palcos e da crítica. Trata-se, no fundo, de um encontro ambicionado e sincero com a íntima poesia dos sons. Concluída em 1853, a obra foi publicada no ano seguinte por Carl Friedrich Kistner, em Leipzig. O selo do virtuosismo lisztiano está presente em toda a primeira secção da composição, sendo veiculado pelo turbilhão de colcheias que a mão esquerda descreve e servindo de berço ao primeiro tema, exposto pela mão direita no registo grave (notado em clave de Fá). Sobrevém uma secção contrastante, Lento assai, na tonalidade dominante de Fá sustenido maior. Eleva-se aqui um novo tema de perfil suave, harmonizado à imagem de coral, inicialmente lento e contemplativo; logo depois lesto e esguio, à medida que as duas partes

evoluem conjuntamente, em tom despreocupado e alegre, como que a participarem num jogo infantil. Liszt faz repetir integralmente estas duas secções distintas, à distância de meio-tom superior. A secção seguinte, Allegro deciso, reveste-se de invulgar tom marcial, oferecendo o espaço necessário ao desenvolvimento dos componentes temáticos anteriores, assim como de novos motivos que os complementam. A serenidade regressa à textura em nova secção alargada, Allegro moderato, na tonalidade de Ré sustenido maior. Ressaltam aqui as harmonizações variadas do material temático, dispostas num fluxo contínuo de sonoridades que cativam, a cada instante,a imaginação do ouvinte. A penúltima grande secção é um Grandioso com acordes serrados em ambas as mãos, os quais alternam com figurações harpejadas de extrema dificuldade técnica.A textura progride rumo a um limiar que se antevê de grande artifício sonoro, mas que se concretiza por via do segundo tema, com a sua envolvência doce e serena. É desta forma surpreendente que o compositor encerra uma partitura ímpar, repleta de belezas inolvidáveis.

notas de rui cabral lopes

Franz LisztRaiding, 22 de outubro de 1811Bayreuth, 31 de julho de 1886

Balada n.º 2, em Si menor, S. 171

composição: 1853duração: c. 20 min.

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Natural do Porto, Pedro Burmester foi aluno de Helena Sá e Costa, tendo terminado o Curso Superior de Piano do Conservatório do Porto em 1981. Entre 1983 e 1987, trabalhou com Sequeira Costa, Leon Fleicher e Dmitri Paperno nos Estados Unidos da América. Foi premiado em vários concursos, destacando-se o Prémio Moreira de Sá, o 2.º Prémio no Concurso Internacional Vianna da Motta e o prémio especial do júri do Concurso Van Cliburn, nos Estados Unidos da América. Iniciou a sua atividade de concertos aos dez anos de idade e, desde então, já realizou mais de 1000 concertos em Portugal e no estrangeiro. Participou em todos os festivais de música portugueses e apresentou-se também no festival La Roque d’Anthéron, na Salle Gaveau (Paris), no Festival da Flandres, na Filarmonia de Colónia, na Frick Collection e na 92nd Y (Nova Iorque), no Gewandhaus de Leipzig, na Casa Beethoven (Bona) e no Concertgebouw de Amesterdão. Em 2015 tocou uma integral dos concertos para piano e orquestra de Beethoven, com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Ao longo das últimas três décadas, Pedro Burmester têm-se apresentado com regularidade na Fundação Gulbenkian, tanto em concerto,

como em recital ou em contexto de música de câmara, a última vez em fevereiro de 2012, com a Orquestra Gulbenkian, sob a direção de Krzysztof Urbanski. Mantém há alguns anos um duo com o pianista Mário Laginha, atuou com os violinistas Gerardo Ribeiro e Thomas Zehetmair, com os violoncelistas Anner Bylsma e Paulo Gaio Lima e com o clarinetista António Saiote. Formou um grupo de pianos e percussões que tem obtido grande sucesso em diversos festivais e concertos em Portugal. As suas gravações a solo incluem obras de Bach, Schumann, Schubert e Chopin. Gravou também com Mário Laginha e com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Em 1999 gravou, com Gerardo Ribeiro, as sonatas para violino e piano de Beethoven. Em 2007 foi lançado o CD/DVD “3 Pianos”, onde atua com Bernardo Sassetti e Mário Laginha num espetáculo gravado ao vivo no Centro Cultural de Belém. Em 2010 gravou a Sonata D. 959 de Schubert e os Estudos Sinfónicos op. 13 de Schumann. Pedro Burmester foi Diretor Artístico e de Educação na Casa da Música, projeto que ajudou a criare a implementar. É professor na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, no Porto.

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O BPI foi reconhecido como a marca bancáriade maior confiança em Portugal, de acordocom o estudo Marcas de Confiança que as Selecções do Reader’s Digest organizam há 16 anos em 10 países. O nível de confiançado BPI subiu de 39% para 46%, registandoo melhor resultado alguma vez alcançado em todo o sistema financeiro português desdeo lançamento do estudo em 2001. O BPI agradece este voto de confiança e tudo fará para continuar a merecê-lo.

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Lisboa, Janeiro 2017

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