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Índice

Introdução

A IGREJA PRIMITIVA

A REFORMA PROTESTANTE

MARTINHO LUTERO (1483-1546)

ÚLRICO ZWÍNGLIO (1484-1531)

GUILHERME FAREL (1489-1565)

JOÃO CALVINO (1509-1564)

JOHN KNOX (1505/15?-1587)

A ORIGEM DO ARMINIANISMO

ARMINIANISMO X CALVINISMO

1. Depravação Total

A CRIAÇÃO DO HOMEM

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A QUEDA DO HOMEM

ARMINIANOS x CALVINISTAS

CONCEITUANDO A DEPRAVAÇÃO TOTAL

OBJEÇÕES DOS ARMINIANOS

O ENSINO BÍBLICO SOBRE A DEPRAVAÇÃO TOTAL

2. Eleição Incondicional

ARMINIANOS x CALVINISTAS

O ENSINO DOS CÂNONES DE DORT

O ENSINO DAS CONFISSÕES DE FÉ

O ENSINO BÍBLICO SOBRE A ELEIÇÃO INCONDICIONAL

O DESEJO DE DEUS: QUE TODOS SEJAM SALVOS

A REALIDADE DO HOMEM: MORTO EM DELITOS E PECADOS

DESEJO E PLANO IMUTÁVEL DE DEUS

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A PREDESTINAÇÃO

3. Expiação Limitada

O QUE É EXPIAÇÃO

O OFÍCIO SACERDOTAL DE CRISTO

CONCEITO DE EXPIAÇÃO LIMITADA

O ENSINO DOS CÂNONES DE DORT

O ENSINO BÍBLICO SOBRE A EXPIAÇÃO LIMITADA

4. Graça Eficaz

ARMINIANOS x CALVINISTAS

AS OPERAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO

1. Chamado Eficaz

ll. Regeneração

lll. Conversão: arrependimento e fé

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lV. Santificação

5. Perseverança dos Santos

ARMINIANOS x CALVINISTAS

O ENSINO DOS CÂNONES DE DORT

O ENSINO DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

O ENSINO BÍBLICO SOBRE A PERSEVERANÇA DOS SANTOS

Os Cinco Pontos do Calvinismo e a Vida Cristã

SEGURANÇA DE SALVAÇÃO

CONFORTO NAS PROVAÇÕES

HUMILDADE

OUSADIA E CORAGEM

TOLERÂNCIA PARA COM CRENTES E DESCRENTES

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OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO

Rev. Adão Carlos Nascimento

Introdução:

A Igreja de Cristo é invisível, não pode ser discernida pelos olhos físicos porque é essencialmente espiritual. O seu rol de membros é o livro da vida (Lucas 10.20; Apocalipse 20.15; 21.27). Mas a Igreja de Cristo tem, também, um lado visível, que são as comunidades de crentes, as igrejas locais, organizadas e compostas pe-los servos de Jesus Cristo. "Justamente como a alma humana se adapta a um corpo e se expressa por meio do corpo, assim a igreja invisível, que consiste, não de al-mas, mas de seres humanos que têm alma e corpo, assume necessariamente forma visível numa organização externa, por meio da qual se expressa".

A IGREJA PRIMITIVA

Historicamente a igreja cristã nasceu no dia de Pentecostes. A princípio ela era considerada apenas uma seita do judaísmo (Atos 24.14; 28.22). Mas, com o passar do tempo, adquiriu identidade própria.

Os cristãos foram violentamente perseguidos pelos judeus e pelos romanos. A per-seguição, contudo, ajudava a igreja. Os crentes tornavam-se mais ousados, E os falsos cristãos não suportavam a pressão e saíam. Assim a igreja ia, ao mesmo tempo, se fortalecendo e se purificando.

No século IV cessaram as perseguições. No ano 313, Constantino e Licínio, con-correntes ao trono imperial, se encontraram e assinaram o Edito de Milão, conce-dendo plena liberdade ao cristianismo. Em 323 Constantino finalmente derrotou Licínio, tornando-se o único governante do mundo romano. Com seu tino político sentiu a necessidade de unificar o Império. “Havia uma só lei, um só imperador e uma única cidadania para todos os homens livres. Era necessário que houvesse também uma só religião”. E o cristianismo passou a receber proteção oficial do Império Romano. A partir de então, a igreja cristã passou a receber um grande número de adesões. Muitas pessoas, sem a verdadeira conversão, entraram para a igreja. A atuação de tais pessoas e a influência do mundo pagão levaram a igreja a

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adotar doutrinas e práticas que se chocam brutalmente com os ensinos bíblicos. Eis alguns exemplos: no ano 375 foi instituído o culto aos santos; no ano 431, instituiu-se o culto a Maria, a partir do Concílio de Éfeso, cidade em que pontifi-cava a grande Diana dos Efésios, divindade feminina pagã; em 503 surgiu a dou-trina do purgatório; em 783 foi adotada a adoração de imagens e relíquias; em 1090, inventou-se o rosário; em 1229 foi proibida a leitura da Bíblia. Há muitas outras inovações que seria longo mencionar aqui.

Algumas pessoas afirmam que a igreja organizada pelos apóstolos é a Igreja Católica Romana. Quanto a isto devemos esclarecer o seguinte:

a) A igreja dos apóstolos não adotou nenhum nome específico. Ela é chamada no Novo Testamento simplesmente de igreja. Historicamente ela é denominada Igreja Primitiva, por ter sido a primeira.

b) O sistema de governo e a organização da Igreja Primitiva, suas doutrinas e sua liturgia, eram bem diferentes do que é praticado pela Igreja Católica Romana.

c) A verdade é que a Igreja Católica Romana surgiu das transformações ocorridas na Igreja Primitiva. Transformações que, lamentavelmente, só afastaram a igreja dos ensinos de Jesus Cristo.

As heresias mencionadas, aliadas à corrupção e imoralidade do clero, levaram a igreja a perder suas principais características de igreja cristã. Mas ainda existiam pessoas sinceras, tementes a Deus, que clamavam por uma reforma.

A REFORMA PROTESTANTE

A partir do ano 1300, o mundo ocidental experimentou um sentimento crescente de nacionalismo. Os povos não queriam sujeitar-se a Roma. Aspiravam ver surgir uma igreja nacional. Esse clima favoreceu o surgimento dos Precursores da Reforma. Eram homens cultos, de vida exemplar, que tinham prazer na leitura e na exposição da Bíblia Sagrada. São chamados precursores porque antecederam aos reforma-dores e, principalmente, porque não conseguiram superar o legalismo religioso – não descobriram a graça salvadora. Queriam fazer alguma coisa para alcançar a salvação, quando a Bíblia afirma: “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não

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vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9).

Os principais precursores da Reforma foram: João Wyclif (1328?-1384), professor na Universidade de Oxford, na Inglaterra: João Huss (1373?-1415), professor na Universidade de Praga, que foi queimado por causa de sua fé; e Girolano Savon-arola (1452-1498), monge dominicano, que foi enforcado e queimado por ordem do Papa Alexandre VI, em Florença, na Itália.

Além dos movimentos liderados pelos Precursores da Reforma, ocorreram outras tentativas de reformar a igreja, mas sem êxito. No século XVI a situação era bas-tante propícia a uma reforma da igreja. A Europa estava no limiar de uma nova época política e social. Gutemberg revolucionara o processo de impressão de livro; Colombo descobrira a América... E o descontentamento com a igreja persistia. Tudo isso preparava o terreno para a reforma. E Lutero foi o homem que Deus le-vantou para desencadear o movimento que resultou na Reforma Religiosa do Sé-culo XVI.

MARTINHO LUTERO (1483-1546)

Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483. Sua família era pobre e ele lutou com muita dificuldade para estudar. Preparava-se para ingressar no curso de Direito, quando resolveu tornar-se monge. Entrou para o mosteiro agostiniano de Erfurt, em 1505, antes de completar 22 anos de idade. Dois anos depois foi or-denado sacerdote. No ano seguinte foi para Wittenberg preparar-se para ser profes-sor na recém-criada universidade daquela cidade. Foi lá que Lutero dedicou-se ao estudo das Escrituras. E ao estudar a Epístola aos Romanos, descobriu que “O justo viverá por fé” (Romanos 1.17). Ele já havia feito tudo que a igreja indicava para alcançar a paz com Deus. Mas sua situação interior só piorava. Ao descobrir a graça redentora, entregou-se a Jesus Cristo, pela fé, e encontrou a paz e a se-gurança de salvação.

No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou, na porta da capela de Wit-tenberg, as suas 95 teses. Era o início da Reforma.

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Lutero tentou reformar a igreja, mas Roma não quis se reformar. Antes o perseguiu violentamente. Em 1521 ele foi excomungado. Neste mesmo ano teve que se es-conder durante 10 meses no castelo de Wartburgo, perto de Eisenach, para não ser morto. Depois voltou para Wittenberg, de onde comandou a expansão do movi-mento de reforma.

Lutero faleceu em Eisleben, no dia 18 de fevereiro de 1546.

ÚLRICO ZWÍNGLIO (1484-1531)

Paralela à reforma de Lutero, surgiu na Suíça um reformador chamado Úlrico Zwínglio. Era mais novo do que Lutero apenas 50 dias, mas tinha formação e idé-ias diferentes do reformador alemão.

Úlrico Zwínglio nasceu na Suíça, no dia 1º de janeiro de 1484. Seu pai era magis-trado provincial. Sua família tinha uma boa posição social e financeira, o que lhe permitiu estudar em importantes escolas daquela época. Estudou na Universidade de Viena, de Basiléia e de Berna. Graduou-se Bacharel em Artes, em 1504, e Me-stre dois anos depois.

Em 1506 Zwínglio tornou-se padre, embora o seu interesse pela religião fosse mais intelectual do que espiritual. Em 1520 Zwínglio passou por uma profunda ex-periência espiritual, causada pela morte de um irmão querido. Dois anos depois iniciou um trabalho de pregação do evangelho, baseando-se tão somente na Escri-tura Sagrada. O Papa Adriano VI proibiu-o de pregar. Poucos meses depois, o gov-erno de Zurique, na Suíça, resolveu apoiar Zwínglio e ordenou que ele continuasse pregando.

Em 1525 Zwínglio casou-se com uma viúva chamada Ana Reinhard. Nesse mesmo ano Zurique tornou-se, oficialmente, protestante. Outros cantões (estados) suíços também aderiram ao protestantismo. As divergências entre estes cantões e os que permaneceram fiéis a Roma iam-se aprofundando.

Em 1531 estourou a guerra entre os cantões católicos e os protestantes, liderados por Zurique. Zwínglio, homem de gênio forte, também foi para o campo de batalha, onde morreu no dia 11 de outubro de 1531.

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Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não morreu. Outros líderes deram continuidade ao seu trabalho. Suas idéias foram reestudadas e aper-feiçoadas. As igrejas que surgiram como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas de igrejas reformadas em alguns países, e igrejas presbite-rianas em outros. Dentre os líderes que levaram avante o movimento iniciado por Zwínglio destacam-se Guilherme Farel e João Calvino.

GUILHERME FAREL (1489-1565)

Guilherme Farel nasceu em Gap, província francesa do Delfinado, no ano de 1489. Os seus biógrafos o descrevem como um pregador valente e ousado. Embora sua família fosse aristocrática, ele era rude e tosco. Sua eloqüência era como uma tem-pestade.

Farel converteu-se em Paris. O homem que o levou a Jesus Cristo era seu professor na universidade e se chamava Jacques LeFévre. Parece que Farel inicialmente não pretendia deixar a Igreja Católica, pois em 1521 ele iniciou um trabalho de pre-gação sob a proteção do bispo de Meaux, Guilherme Briçonnet. Mas logo depois foi proibido de pregar e expulso da França, acusado de estar divulgando idéias protestantes.

Em 1524 estava em Basiléia fazendo as suas pregações. Mas a sua impetuosidade o levou a ser expulso da cidade.

Em 1526 Farel iniciou o seu trabalho de pregação na Suíça de fala francesa. Ligou-se aos seguidores de Zwínglio. Conseguiu implantar o protestantismo em vários cantões (estados) suíços. E em 1532 entrou em Genebra pela primeira vez. Sua pregação causou tumulto na cidade. Teve que se retirar... Mas voltou logo depois. E no dia 21 de maio de 1536, a Assembléia Geral declarou a cidade oficialmente protestante.

Mas Genebra aceitara o protestantismo mais por razões políticas que espirituais. E agora Farel tinha uma grande tarefa pela frente: reorganizar a vida religiosa da ci-dade.

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Guilherme Farel era um homem talhado para conquistar uma cidade para o protes-tantismo. Mas se perdia completamente no trabalho que vinha a seguir. Não sabia planejar, nem organizar, nem liderar, nem pastorear. Mas, felizmente, conhecia suas limitações e convidou João Calvino para reorganizar a vida religiosa de Gene-bra.

No dia 23 de abril de 1538, Farel e Calvino foram expulsos da cidade. Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou uma igreja formada por refugiados franceses. Farel foi para Neuchâtel, uma cidade que havia sido conquistada por ele para o Evangelho. Calvino voltou para Genebra em 1541. Farel permaneceu em Neuchâ-tel, onde faleceu em 1565, com 76 anos de idade.

JOÃO CALVINO (1509-1564)

O homem responsável pela sistematização doutrinária e pela expansão do protes-tantismo reformado foi João Calvino. O “pai do protestantismo reformado” é Zwínglio. Mas o homem que moldou o pensamento reformado foi João Calvino. Por isso, o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas ou Presbiteri-anas chama-se calvinismo.

João Calvino nasceu em Noyon, Picardia, França, no dia 10 de julho de 1509. Seu pai, Geraldo Calvino, era advogado e secretário do bispado de Noyon. Sua mãe, Jeanne le Franc, faleceu quando ele tinha três anos de idade.

A família Calvino tinha amizade com pessoas importantes. E a convivência com essas famílias levou João Calvino a aprender as maneiras polidas da elite daquela época.

Geraldo Calvino usou o seu prestígio junto ao bispado para conseguir a nomeação de seus filhos para cargos eclesiásticos, conforme os costumes daquela época. An-tes de completar doze anos, João Calvino foi nomeado capelão de Lá Gesine, próximo de Noyon. Não era padre, mas seu pai pagava um padre para fazer o tra-balho de capelania e guardava os lucros para o filho. Mais tarde essa capelania foi trocada por outra mais rendosas.

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Em agosto de 1523, logo depois de ter completado 14 anos, João Calvino ingressou na Universidade de Paris. Ali completou seus estudos de pré-graduação no começo de 1528. A seguir foi para a Universidade de Orléans onde formou-se em Direito.

Em maio de 1531 faleceu Geraldo Calvino. E João, que estudara Direito para satis-fazer o pai, resolveu tornar-se pesquisador no campo de literatura e filosofia. Para isto, matriculou-se no Colégio de França, instituição humanista fundada pelo rei Francisco I. Estudou Grego, Latim e Hebraico. Tornou-se profundo conhecedor dessas línguas.

Em 1532 João Calvino lançou o seu primeiro livro: Comentários ao Tratado de Sêneca sobre a Clemência. Os intelectuais elogiaram muito a obra. Era um trabalho de grande erudição. Mas o público ignorou o lançamento – poucos compraram o livro.

João Calvino converteu-se a Jesus Cristo entre abril de 1532 e o início de 1534. Não se sabe detalhes da sua experiência. Mas a partir daí Deus passou a ocupar o primeiro lugar em sua vida.

No dia 1º de novembro de 1533 Nicolau Cop, amigo de Calvino, tomou posse como reitor da Universidade de Paris. O seu discurso de posse falava em reformas, usando linguagem semelhante às idéias de Lutero. E o comentário geral era que o discurso tinha sido escrito por Calvino. O rei Francisco I resolveu agir contra os luteranos. Calvino e Nicolau Cop foram obrigados a fugir de Paris.

No dia 4 de maio de 1534 Calvino compareceu ao palácio do bispo de Noyon, a fim de renunciar ao cargo de capelão. Foi preso, embora por um período curto. Libertado logo depois, achou melhor fugir do país. E no final de 1535 chegava a Basiléia cidade protestante, onde se sentiu seguro.

Em março de 1536 Calvino publicou a sua mais importante obra – Instituição da Religião Cristã. O prefácio da obra era uma carta dirigida ao rei da França, Fran-cisco I, defendendo a posição protestante. Mas a Instituição era apenas uma apre-sentação ordenada e sistemática da doutrina e da vida cristã. A edição definitiva só foi publicada em 1559.

A Instituição da Religião Cristã, conhecida como Institutas de Calvino, é a mais completa e importante obra produzida no período da Reforma.

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Em julho de 1536 Calvino chegou a Genebra. A cidade tinha se declarado oficial-mente protestante no dia 21 de maio daquele ano. E Guilherme Farel lutava para reorganizar a vida religiosa da cidade.

Calvino estava hospedado em uma pensão, quando Farel soube que ele estava na cidade. Foi ao seu encontro e o convenceu a permanecer ali para ajudá-lo na reor-ganização da cidade.

Calvino era bem jovem – tinha apenas 27 anos. A publicação das Institutas fizera dele um dos mais importantes líderes da Reforma na França. Mas o seu início em Genebra foi muito modesto. Inicialmente ele era apenas um preletor de Bíblia. Um ano depois foi nomeado pregador. Mas enquanto isso elaborava as normas que pretendia implantar e fazer de Genebra uma comunidade modelo.

João Calvino teve muitos adversários e opositores em Genebra. À medida que ele ia apresentando as normas que pretendia implantar na cidade, a fim de torná-la uma comunidade modelo, a oposição ia crescendo. Finalmente a oposição venceu as eleições. E no dia 23 de abril de 1538, Calvino e Farel foram banidos de Genebra.

Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou uma igreja constituída de refugiados franceses. Ali viveu os dias mais felizes de sua vida. Casou-se. A escolhida se chamava Idelette de Bure. Era holandesa. E viúva.

Genebra, enquanto isso, passava por várias mudanças. Os adversários de Calvino foram derrotados. E, no dia 13 de setembro de 1541, ele entrava novamente em Genebra. Voltava por insistência de seus amigos. Voltava fortalecido. E, enfim, pôde reorganizar a vida religiosa da cidade.

Calvino introduziu o estudo do seu catecismo, o uso de uma nova liturgia, um gov-erno eclesiástico presbiterial, disciplinou a vida civil, estabeleceu normas para o funcionamento do comércio e fez de Genebra uma cidade modelo.

No dia 29 de março de 1549 Idelette faleceu. Mas Calvino continuou o seu tra-balho. Pesquisava, escrevia comentários bíblicos e tratados teológicos, adminis-trava, pastoreava, incentivava...

Em 1559 fundou a Academia Genebrina – a Universidade de Genebra. Jovens de vários países vieram estudar ali e levaram a semente do evangelho na volta à sua

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terra. Esses jovens se espalharam pela França, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Alemanha e Itália.

João Calvino faleceu em Genebra, no dia 27 de maio de 1564. Mas a sua obra permaneceu viva.

JOHN KNOX (1505/15?-1587)

Os seguidores do movimento iniciado por Zwínglio e estruturado por Calvino se espalharam imediatamente por toda a Europa. Na França eles eram chamados de huguenotes; na Inglaterra, puritanos; na Suíça e Países Baixos, reformados; na Escócia, presbiterianos.

A Escócia é uma país muito importante na história do protestantismo reformado. Foi lá que surgiu o nome presbiteriano. Por isto, alguns livros de história afirmam que o presbiterianismo nasceu na Escócia.

O grande nome da reforma escocesa é John Knox. Pouco se sabe a respeito dos primeiros anos de sua vida. Supõe-se que tenha nascido entre os anos 1505 a 1515. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote, possivelmente em 1536. Não se sabe quando e em que circunstâncias ocorreu a sua conversão. Em 1547 foi levado para a França, onde ficou preso dezenove meses, por causa de sua fé. Libertado, foi para a Inglaterra, onde exerceu o pastorado por dois anos. Em 1554 teve que fugir da Inglaterra, indo, inicialmente, para Frankfurt, e depois para Genebra, onde foi acolhido por Calvino. Em 1559 voltou para a Escócia, onde liderou o movimento de reforma religiosa. Sua influência extrapolou a área religiosa, atingindo também a vida política e social do país. Sob a sua influência, o parlamento escocês decla-rou o país oficialmente protestante, em dezembro de 1567. A igreja organizada por ele e seus auxiliares recebeu o nome de Igreja Presbiteriana. John Knox faleceu no dia 24 de novembro de 1587.

O presbiterianismo foi levado da Escócia para a Inglaterra; de lá, para os Estados Unidos da América.

Em 1726 teve início um grande despertamento espiritual nos Estados Unidos. Este despertamento levou os presbiterianos a se interessarem por missões estrangeiras.

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Missionários foram enviados para vários países, inclusive o Brasil. No dia 12 de agosto de 1859 chegou ao

A ORIGEM DO ARMINIANISMO

João Calvino (1509-1564) faleceu no dia 27 de maio de 1564, antes de completar 55 anos de idade. Não teve uma vida muito longa, mas realizou uma grande obra. Além de suas atividades políticas, administrativas e eclesiásticas, Calvino foi um grande teólogo. Mas ele se caracterizava mais como formulador do que como cria-dor. Por isso, suas obras são a sistematização das doutrinas ensinadas pelos grandes pensadores cristãos, chamados de Pais da Igreja, e pelos reformadores. Sua princi-pal obra – Instituição da Religião Cristã, conhecida como As Institutas de Calvino – é o mais profundo e o mais completo tratado de Teologia produzido no período da Reforma.

A fama e a influência de Calvino se espalharam por toda a Europa. “Ele moldou o pensamento e inspirou os ideais do protestantismo da França, Países Baixos, Escócia e dos puritanos ingleses. Sua influência penetrou na Polônia e na Hungria, e antes de sua morte o calvinismo lançara raízes na própria Alemanha. Os homens seguiam seus pensamentos. O sistema dele foi o único que a Reforma produziu que se pôde organizar poderosamente em face da hostilidade governamental, tal como na França e na Inglaterra. Preparou homens fortes, certos de sua eleição para cola-boradores de Deus na execução de Sua vontade, corajosos na luta, exigentes quanto ao caráter, confiantes de que Deus dera nas Escrituras a norma de toda a conduta humana e culto adequado”.

Após a morte de Calvino, alguns teólogos, sob a influência das tradições human-istas, passaram a questionar algumas doutrinas formuladas por ele. Entre estes destacou-se Jacó Arminius (1560-1609), professor da Universidade de Leyden, na Holanda. O sistema de doutrina formulado por Arminius em oposição às doutrinas formuladas por Calvino é conhecido como arminianismo. Após a morte de Armin-ius, um grupo de seus seguidores redigiu um documento chamado de A Represen-tação, no qual questionavam cinco pontos fundamentais das doutrinas sistematiza-das por Calvino.

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ARMINIANISMO X CALVINISMO

O Rev. Paulo Anglada, pastor da Igreja Presbiteriana Central do Pará, em seu livro Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, apresenta uma síntese dos cinco pon-tos do arminianismo e a posição calvinista, que transcrevo a seguir:

1. Uma das doutrinas fundamentais questionadas foi a doutrina da queda. Mais es-pecificamente, a natureza da corrupção que a queda produziu no coração do homem. Até onde o pecado corrompeu a vontade humana no que diz respeito à sal-vação? O arminianismo defende o livre arbítrio ou a capacidade humana. Segundo eles, o homem em seu estado natural tem, em si mesmo, a capacidade para re-sponder negativa ou positivamente ao evangelho. A queda não o deixou totalmente incapacitado para escolher no que diz respeito às questões espirituais. Ainda em estado de pecado, sem uma operação prévia do Espírito Santo, ele pode cooperar, com a fé e o arrependimento. A corrupção espiritual produzida pela queda, por-tanto, para os arminianos, foi apenas parcial.

O Calvinismo entende o oposto. Entende que, depois da queda, o homem não tem mais livre arbítrio. Ele continua responsável, pois o estado de pecado em que se encontra foi decorrente da sua livre decisão no Éden. Mas agora, em estado de pe-cado, a vontade do homem foi escravizada pelo pecado que o cegou, impedindo-o de discernir e consequentemente decidir positivamente, por si mesmo, em questões espirituais vitais para a salvação. Entende que a corrupção espiritual produzida pela queda foi tal que, espiritualmente falando, o homem está morto nos seus deli-tos e pecados. Assim, para o calvinista, o homem não precisa apenas de justifi-cação, mas de vivificação; ele precisa ser primeiro regenerado pelo Espirito Santo de Deus, para que, então, possa ser convencido do pecado e se arrependa, e seja iluminado para crer no evangelho da salvação. Para os calvinistas, a queda foi realmente uma queda e não um tropeço, ou um escorregão sem maiores con-seqüências.

2. Outra área rejeitada pelos arminianos foi a doutrina da eleição. O arminianismo crê na eleição condicional; na eleição baseada na presciência de Deus. Crê que Deus, antes da fundação do mundo, escolheu aqueles a quem anteviu que se arre-penderiam e creriam no evangelho. Trata-se, portanto, de uma eleição condicional – a condição é o arrependimento e a fé. Ou seja, Deus elege aqueles a quem previu que o elegeriam.

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O calvinismo, por sua vez, crê na eleição incondicional. Crê que a escolha de al-guns homens para a santidade e para a vida não se baseia em nenhum mérito ou virtude humana, nem mesmo na fé ou no arrependimento; mas unicamente no amor e na misericórdia de Deus como expressão da sua livre e soberana vontade. Para os calvinistas, a fé e o arrependimento não são condição, mas resultado da eleição, o meio que Deus escolhe para aplicar a salvação aos eleitos. Deus não elege porque antevê arrependimento e fé. Ele produz arrependimento e fé porque elegeu.

3. Outro item da representação arminiana dizia respeito à doutrina da expiação. As Escrituras afirmam que Cristo nos resgatou do pecado morrendo na cruz em nosso lugar; o justo pelo injusto. Pois bem, por quem Cristo morreu? O arminiano crê na expiação geral (na redenção universal). Ou seja, que Cristo morreu na cruz por to-dos os seres humanos indistintamente. Crê que a expiação de Cristo não foi indi-vidual, mas potencial. Cristo não morreu na cruz em substituição a cada um dos eleitos individualmente, mas de modo geral, por toda a raça humana, permitindo, assim, que Deus perdoasse os pecados daqueles que viessem a crer nele. Desse modo, a doutrina arminiana da expiação afirma que o sacrifício de Jesus apenas tornou possível a salvação de todos, mas não assegurou a salvação de ninguém.

Já o calvinismo crê na expiação limitada de Cristo. Isto não quer dizer que a ex-piação de Cristo não seja suficiente para a salvação do mundo inteiro; mas que foi eficiente apenas para a salvação dos eleitos, pois este foi o seu propósito. Ou seja, Cristo morreu na cruz, não apenas potencialmente, mas em substituição verdadeira e individual aos eleitos. O calvinismo não entende que Cristo veio ao mundo ape-nas para possibilitar a redenção (de todos), mas para efetivamente redimir (os elei-tos) através da sua morte vicária e expiatória na cruz. A expiação não é potencial e geral, mas objetiva e pessoal.

4. O item seguinte da representação arminiana era com relação à doutrina da graça; a natureza da graça de Deus em alcançar os pecadores; a eficácia do chamado de Deus; a soberania do Espírito Santo na aplicação da obra da redenção. O arminian-ismo crê na graça resistível. Ou seja, que depende do pecador permitir que a graça de Deus o alcance, ou resistir a ela. Crê que a aplicação da redenção ao coração dos pecadores não é obra soberana do Espirito Santo, mas depende da vontade livre do homem que pode submeter-se ou resistir a graça de Deus. Os redimidos não serão

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aqueles a quem Deus eficazmente chamou, mas aqueles que decidem aceitar o apelo geral e indistinto do Espirito.

Os calvinistas crêem na graça irresistível; na soberania de Deus em aplicar a re-denção no coração dos eleitos; no chamado eficaz de Deus para a salvação. Os cal-vinistas crêem que o que faz alguns submeterem-se e outros rejeitarem a vontade de Deus, em última instância, é a graça irresistível de Deus em chamar eficazmente os eleitos para a salvação. Crêem que a ação de Deus no coração dos seus eleitos não poderá ser eficazmente resistida; isso não quer dizer que os pecadores serão convertidos à força, mas que suas vontades serão eficazmente convencidas; serão levados ao arrependimento e crerão no evangelho, de modo que acabarão respon-dendo positivamente ao chamado do Espírito Santo. Os calvinistas crêem que a ação do Espírito Santo no coração dos eleitos é invencível. Que a graça de Deus para com eles é irresistível; e que os propósitos de Deus na eleição e a obra de Cristo na expiação serão efetivamente aplicados pelo Espírito Santo. Em outras pa-lavras, os calvinistas crêem que a quem Deus elegeu, a estes também chamou, e a estes também justificou. Crêem que hão há eleito que não seja chamado; e que não há chamado que não seja justificado.

5. O quinto e último ponto da doutrina calvinista atacado pelos arminianos relacionava-se com a doutrina da salvação. Ou melhor, com a perseverança na sal-vação; a durabilidade, certeza, consumação, ou eternidade da salvação. Os armini-anos crêem na instabilidade da salvação; que a salvação pode durar, ou não, depen-dendo da própria determinação humana. É coerente. Se a salvação para eles de-pende do livre arbítrio, é de se esperar que a glorificação também dependa da de-terminação da vontade humana. Assim, crêem que o salvo pode cair da graça, pode efetiva e definitivamente apartar-se da graça de Deus, se não permanecer na fé. Em outras palavras, para os arminianos é possível ser salvo hoje, e amanhã não. Eles crêem na regeneração e na “desgeneração”.

Os calvinistas ensinam o oposto: a perseverança dos santos. Ensinam que a mesma graça de Deus que os salvou, agirá eficazmente nas suas vidas, de modo que não poderão cair total e finalmente da graça de Deus. O calvinista crê que a justifi-cação, a regeneração e a adoção são obras irreversíveis; que já não pode mais haver condenação para os que estão em Cristo Jesus. Crê que, visto que Deus começou a obra, haverá de completá-la; e que não há justificado que não será glorificado. Isso

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não quer dizer, entretanto, que o salvo não mais cometa pecado; mas que Deus, sendo fiel, não permitirá que seus eleitos sejam tentados além das suas forças e que lhes concederá o auxílio necessário a fim de que possam resistir às tentações, e não venham jamais a se apartar definitivamente da graça de Deus.

A divulgação de A Representação gerou grande controvérsia entre os protestantes dos Países Baixos. Uns se posicionaram ao lado do calvinismo, outros ao lado do arminianismo. Por isso, foi convocado um sínodo para tratar do assunto. O sínodo reuniu-se na cidade de Dort (ou Dordrecht), na Holanda, no período de 13 de no-vembro de 1618 a 9 de maio de 1619. Os cinco pontos do arminianismo foram re-jeitados. E a resposta dada pelo sínodo a A Representação ficou conhecida como Os Cinco Pontos do Calvinismo.

Depravação Total

Os seguidores de Jacó Arminius (1560-1609), através do documento denominado A Representação, atacaram cinco pontos fundamentais das doutrinas formuladas por João Calvino (1509-1564). O Sínodo de Dort, reunido para tratar do assunto, rejeitou as teses do arminianismo. A resposta do sínodo deu origem aos cinco pon-tos do calvinismo, que são: (1) Depravação Total, (2) Eleição Incondicional, (3) Expiação Limitada, (4) Graça Eficaz e (5) Perseverança dos Santos.

Hoje vamos estudar a Depravação Total, isto é, a natureza e a extensão da cor-rupção que a queda produziu no homem.

A CRIAÇÃO DO HOMEM

Para compreendermos melhor a depravação total temos de partir da criação do homem. O registro da criação do homem, na Bíblia Sagrada, começa assim: "Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa se-melhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra" (Gênesis 1.26). E continua assim: "Criou Deus, pois, o homem à sua im-agem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gênesis 1.27). Os

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vegetais e os animais foram criados "segundo a sua espécie", mas o homem foi cri-ado à imagem e semelhança do Criador.

A imagem e semelhança de Deus no homem, no sentido restrito, consiste no ver-dadeiro conhecimento, retidão e santidade, com que o homem foi dotado na criação. E num sentido mais abrangente, inclui também o fato de o homem ser um ente espiritual, racional, moral e imortal.

Após a queda, por causa do pecado, o homem perdeu a imagem de Deus no sentido restrito, ficando apenas com a imagem no sentido mais abrangente. Isto é, o homem perdeu o verdadeiro conhecimento, retidão e santidade, mas continuou sendo um ente espiritual, racional, moral e imortal, embora imperfeito em todas es-sas áreas.

Detalhando mais a criação do homem, a Bíblia Sagrada afirma que "formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente" (Gênesis 2.7). O corpo do homem foi feito de material que Deus havia criado antes, que no texto bíblico é chamado de "pó da terra". Mas a alma surgiu como resultado do sopro divino. O primeiro homem era formado por um elemento material, o corpo, e por um elemento imate-rial, a alma. E todos os demais seres humanos também são constituídos de corpo e alma.

A QUEDA DO HOMEM

Na criação Deus estabeleceu uma aliança com o homem, que os teólogos chamam de pacto ou aliança das obras. O Criador o colocou no jardim do Éden, e lhe deu esta ordem: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do con-hecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres cer-tamente morrerás" (Gênesis 2.16,17). A ameaça de morte, no caso de desobediên-cia, deixa implícito que havia também uma promessa de vida. "Adão foi, de fato, realmente criado num estado de santidade positiva, e não estava sujeito à lei da morte. Mas não possuía ainda os mais elevados privilégios à espera do homem; ainda não havia sido elevado acima da possibilidade de errar, de pecar e de morrer. Ainda não possuía o mais alto grau de santidade, nem gozava a vida em toda a sua

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plenitude". Se ele obedecesse alcançaria a plenitude de vida, ou seja, estaria acima de qualquer possibilidade de errar, pecar ou morrer. A promessa tinha uma con-dição: perfeita obediência. Se o homem falhasse, a penalidade seria a morte. A obediência consistia em não comer do fruto da árvore do bem e do mal. Era o teste para provar se Adão estava disposto a submeter a sua vontade à vontade de Deus.

E o homem não passou no teste. Caiu. Deus lhe havia dado uma variedade enorme de frutas, verduras, legumes e cereais para sua alimentação (Gênesis 1.29). Mas ele preferiu comer da árvore proibida, desobedecendo ao Criador. Assim rejeitava a vontade de Deus, e fazia a sua própria vontade. Abandonava o Criador, e tomava o seu próprio caminho. A sentença de morte pairava sobre o homem. Morte, na Bíb-lia Sagrada, significa basicamente separação. Ao pecar, o homem separou-se de Deus. Morreu espiritualmente. E as sementes da morte física começaram imedi-atamente a agir no seu corpo. Ele passou a viver sob a tirania da morte, que final-mente o alcançaria.

Adão arrastou para o pecado toda a sua descendência. Ele era o cabeça e o repre-sentante de toda a raça humana. Por isto, todos se tornaram pecadores quando ele pecou. Nós não somos responsáveis pelo pecado de nosso pai ou de nossa mãe. "O filho não levará a iniqüidade do pai" (Ezequiel 18.20). Mas somos responsáveis pelo pecado de Adão, porque ele era nosso representante. O apóstolo Paulo escre-veu que "por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação" (Romanos 5.18).

Além de herdarmos a culpa do pecado de Adão, herdamos também a corrupção moral. Por isto, temos uma inerente disposição para o pecado. O próprio apóstolo Paulo confessou: "... vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros" (Romanos 7.23). "Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim, o que detesto. Porque não faço o bem que pre-firo, mas o mal que não quero, esse faço" (Romanos 7.15,18).

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ARMINIANOS x CALVINISTAS

O Rev. Paulo Anglada, pastor da Igreja Presbiteriana Central do Pará, em seu livro Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, apresenta uma síntese das posições arminiana e calvinista sobre a doutrina da queda, que transcrevo a seguir:

Até onde o pecado corrompeu a vontade humana no que diz respeito à salvação? O arminianismo defende o livre arbítrio ou a capacidade humana. Segundo eles, o homem em seu estado natural tem, em si mesmo, a capacidade para responder negativa ou positivamente ao evangelho. A queda não o deixou totalmente inca-pacitado para escolher no que diz respeito às questões espirituais. Ainda em estado de pecado, sem uma operação prévia do Espírito Santo, ele pode cooperar, com a fé e o arrependimento. A corrupção espiritual produzida pela queda, portanto, para os arminianos, foi apenas parcial.

O Calvinismo entende o oposto. Entende que, depois da queda, o homem não tem mais livre arbítrio. Ele continua responsável, pois o estado de pecado em que se encontra foi decorrente da sua livre decisão no Éden. Mas agora, em estado de pe-cado, a vontade do homem foi escravizada pelo pecado que o cegou, impedindo-o de discernir e consequentemente decidir positivamente, por si mesmo, em questões espirituais vitais para a salvação. Entende que a corrupção espiritual produzida pela queda foi tal que, espiritualmente falando, o homem está morto nos seus deli-tos e pecados. Assim, para o calvinista, o homem não precisa apenas de justifi-cação, mas de vivificação; ele precisa ser primeiro regenerado pelo Espirito Santo de Deus, para que, então, possa ser convencido do pecado e se arrependa, e seja iluminado para crer no evangelho da salvação. Para os calvinistas, a queda foi realmente uma queda e não um tropeço, ou um escorregão sem maiores con-seqüências.

CONCEITUANDO A DEPRAVAÇÃO TOTAL

Nem sempre a doutrina da depravação total é corretamente entendida. Por isso, deve ficar claro que, quando falamos em depravação total, estamos afirmando: (1) Que a corrupção inerente abrange todas as partes da natureza do homem, todas as

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faculdades e poderes da alma e do corpo; e (2) que absolutamente não há no peca-dor bem espiritual algum, isto é, bem com relação a Deus, mas somente perversão.

Mas a depravação total não significa:

(1) Que todos os homens são completamente depravados como poderiam chegar a ser; (2) Que o pecador não tem nenhum conhecimento inato de Deus, nem tam-pouco tem uma consciência que discerne entre o bem e o mal; (3) Que o homem pecador raramente admira o caráter e os atos virtuosos dos outros, ou que é incapaz de afetos e atos desinteressados em suas relações com os seus semelhantes; (4) Que todos os homens não regenerados, em virtude da sua pecaminosidade inerente, se entregarão a todas as formas de pecado: muitas vezes acontece que uma forma de pecado exclui outra.

O ENSINO DAS CONFISSÕES DE FÉ

Nos dias dos apóstolos também surgiram problemas relacionados com as doutrinas que eram ensinadas. “Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos. Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena dis-cussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão. Então, se re-uniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão” (Atos 15.1,2,6). Por-tanto, o problema foi tratado por um concílio.

Os calvinistas entendem que esta é a forma correta de tratar as questões dou-trinárias: submetê-las a um concílio, isto é, a uma reunião de líderes da Igreja de-vidamente qualificados e oficialmente designados para tratar do assunto. E é isso que tem sido feito ao longo da História. Em várias ocasiões os líderes da Igreja têm-se reunido para tratar de assuntos doutrinários. E as deliberações tomadas em algumas reuniões foram publicadas em forma de confissão de fé.

Vejamos, agora, o ensino de algumas confissões de fé a respeito da natureza e da extensão da corrupção que a queda produziu no homem.

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Confissão Escocesa (Escócia, 1560), capítulos II e III:

... a mulher, enganada pela serpente e o homem dando ouvido à voz da mulher, ambos conspiraram contra a soberana majestade de Deus, que, com palavras claras, os havia previamente ameaçado de morte, se ousassem comer da árvore proibida.

Por essa transgressão, geralmente conhecida como pecado original, a imagem de Deus foi totalmente deformada no homem, e ele e seus filhos se tornaram, por na-tureza, inimigos de Deus, escravos de Satanás e servos do pecado, de modo que a morte eterna tem tido e terá poder e domínio sobre todos os que não foram, não são e não forem regenerados do alto.

Segunda Confissão Helvética (Basiléia, Suíça, 1561-1566), capítulo VIII:

... por instigação da serpente e pela sua própria culpa, ele (o homem) se afastou da bondade e da retidão e tornou-se sujeito ao pecado, à morte e a várias calamidades. E qual veio ele a ser pela queda – isto é, sujeito ao pecado, à morte e a várias cala-midades – tais são todos os que dele descenderam.

Por pecado entendemos a corrupção inata do homem, que se comunicou ou propa-gou de nossos primeiros pais, e a todos nós, pela qual nós – mergulhados em más concupiscências, avessos a todo o bem, inclinados a todo o mal, cheios de toda im-piedade, de descrenças, de desprezo e de ódio a Deus – nada de bom podemos fazer, e, até, nem ao menos podemos pensar por nós mesmos. Além disso, à medida que passam os anos, por pensamentos, palavras e obras más, contrárias à lei de Deus, produzimos frutos corrompidos, dignos de uma árvore má.

Confissão de Fé de Westminster (Inglaterra, 1643-1648), capítulo VI:

Nossos primeiros pais, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, pecaram ao comerem o fruto proibido.

Por este pecado eles decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, e assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas as faculdades e partes do corpo e da alma.

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Sendo eles o tronco de toda a humanidade, o delito de seus pecados foi imputado a seus filhos; e a mesma morte em pecado, bem como a sua natureza corrompida, fo-ram transmitidas a toda a sua posteridade, que deles procede por geração ordinária.

Desta corrupção original, pela qual ficamos totalmente indispostos, incapazes e ad-versos a todo bem e inteiramente inclinados a todo mal, é que procedem todas as transgressões atuais.

O ENSINO DOS TEÓLOGOS

Além do ensino das confissões, temos também os escritos de grandes teólogos confirmando a doutrina da depravação total. Citaremos, inicialmente, João Calvino, que escreveu o seguinte:

As Escrituras atestam que o homem é escravo do pecado; o que significa que seu espírito é tão estranho à justiça de Deus que não concebe, deseja, nem empreende coisa alguma que não seja má, perversa, iníqua e impura; pois o coração, comple-tamente cheio do veneno do pecado, não pode produzir senão os frutos do pecado. Não pensemos, entretanto, que o homem peca como que impelido por uma neces-sidade incontrolável; pois peca com o consentimento de sua própria vontade con-tinuamente e segundo sua inclinação. Mas, visto que, por causa da corrupção de seu coração, odeia profundamente a justiça de Deus; e, por outro lado, atrai para si toda sorte de maldade, por isso afirmamos que não tem o livre poder de eleger o bem ou o mal – que é o que chamamos livre-arbítrio.

Citaremos, também, um teólogo de nossa época, James Kennedy, que afirma o se-guinte:

Em seu estado natural, o homem é escravo do pecado. Um escravo pode pensar que lhe é dado fazer qualquer coisa que quiser, mas a verdade é que o homem sempre prefere fazer o que é torto. Ponhamos uma Bíblia e uma garrafa de bebida alcoólica diante de um alcoólatra. Esse homem tem a liberdade de fazer o que bem entender; a dificuldade é que já sabemos o que ele sempre preferirá! Convidemos um toxicômano a uma festa de heroína ou a uma reunião de oração; ele tem a lib-erdade de fazer o que bem entender, mas o problema está naquilo que ele vai

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querer fazer! É um escravo, e, por conseguinte é servo de suas próprias emoções, afetos, desejos e paixões.

Inicialmente, o homem estava no estado de inocência – capaz de fazer o bem e ca-paz de cair no pecado. Mais tarde, já no estado de pecado, em sua natureza caída, ele tornou-se capaz somente de pecar. O homem é incapaz de alterar sua natureza moral, incapaz de elevar-se para chegar à santidade.

OBJEÇÕES DOS ARMINIANOS

Mais uma vez vamos recorrer ao livro do Rev. Paulo Anglada, Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, e transcrever o que ele escreveu sobre as objeções à doutrina da depravação total:

1. Alegam os arminianos que a doutrina da depravação total é inconsistente com a obrigação moral. Como pode o homem ser considerado justamente responsável por obrigações morais, às quais não tem capacidade para responder? É justo o homem ser exortado ao arrependimento e a crer, se, por si mesmo, não pode fazê-lo? Re-sposta: Sim, porque o seu estado de depravação e incapacidade espiritual é decor-rente da sua própria decisão no Éden, quando, livremente (ainda em estado de in-ocência) decidiu pecar. Adão poderia ter escolhido não pecar. Mas, no exercício do seu livre-arbítrio, escolheu pecar, apesar de haver sido alertado para a trágica con-seqüência que adviria daquela decisão. Logo, se o próprio homem é o culpado pela sua incapacidade espiritual, este seu estado não o torna espiritualmente irre-sponsável. Alguém isentaria de responsabilidade um motorista embriagado que at-ropela e mata uma criança, por estar incapacitado de frear ou desviar o carro?!

2. E que dizer do restante da raça humana? A explicação é válida com relação a Adão e Eva. Todavia, e com relação ao restante da raça humana que não teve a oportunidade de decidir livremente como Adão, e já nasce herdeira do pecado? Re-sposta bíblica: A decisão de Adão representou a decisão de toda a humanidade. Ou seja, se a oportunidade que foi dada a Adão fosse dada a qualquer um de nós, teríamos tomado exatamente a mesma decisão. Teríamos escolhido o pecado.

Em relação a essa última objeção, devemos lembrar, também, que Adão era o nosso representante. Logo, o que ele decidiu foi decidido também em nosso nome.

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Quando o Presidente da República declara guerra a um país, ele o faz em nome da nação. E nenhum soldado poderá negar-se a ir para o campo de batalha sob a ale-gação de que não foi ele quem declarou aquela guerra. Pois o Presidente da Repúb-lica o fez em nome de todos os cidadãos daquele país.

O ENSINO BÍBLICO SOBRE A DEPRAVAÇÃO TOTAL

O ensino das confissões de fé e dos teólogos é muito importante, mas nossa única regra de fé e prática é a Escritura Sagrada. Por isso, vejamos agora o que diz a Es-critura sobre a natureza e a extensão da corrupção que a queda produziu no homem.

1. O Relato da Queda

“Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2.15-17). Desta forma, Deus submetia o homem ao teste da obediência. E o homem foi reprovado. “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gênesis 3.1-6). O pecado não estava no fruto, mas na ati-tude do homem. Infelizmente, o homem desobedeceu a Deus. “A essência desse pecado está no fato de que Adão se colocou em oposição a Deus, recusou-se a su-jeitar a sua vontade à vontade de Deus de modo que Deus determinasse o curso da sua vida; e tentou ativamente tomar a coisa toda das mãos de Deus e determinar ele próprio o futuro”.

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2. Conseqüências Imediatas da Queda

Acompanhando o relato bíblico da queda, podemos ver que o pecado trouxe imedi-atamente as seguintes conseqüências para o homem:

a) Perda da comunhão com Deus – “Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim” (Gênesis 3.8). O homem perdeu a imagem e semelhança do Criador, isto é, perdeu o verdadeiro conhecimento, a verdadeira retidão e a verdadeira santidade. Deus passou a ser um estranho para ele; e, em lugar de segurança, passou a inspirar-lhe terror.

b) Consciência corrompida – “Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, perce-bendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si” (Gêne-sis 3.7). A perda da comunhão com Deus refletiu imediatamente na consciência do homem. O fato de ter os seus olhos abertos para sua nudez mostra que o homem teve consciência de sua corrupção. Sentiu-se numa situação de grande desconforto e procurou cobrir sua nudez.

c) Depravação – “Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ele me deu da árvore, e eu comi.” (Gênesis 3.11,12). A mulher teve a sua participação, mas o grande responsável era o homem. Foi ele quem recebeu a ordem para não comer do fruto daquela árvore. Ao não assumir a responsabilidade pelo erro cometido, o homem demonstrou que havia sido corrom-pido pelo pecado. Ali estava a semente da depravação total da natureza humana. Esta completa depravação do homem foi aprofundando-se até chegar ao ponto de Deus “arrepender-se” de ter criado o homem (Gênesis 6.5,6).

d) Morte – “... tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3.19). Ao pecar, o homem separou-se de Deus. Morreu espiritualmente. Morte, na Bíblia Sagrada, significa basicamente separação. E as sementes da morte física começaram imediatamente a agir no seu corpo. Antes de pecar, o seu estado era posso não morrer; mas agora passou a ser não posso não morrer. Ele passou a viver sob a tirania da morte, que finalmente o alcançaria.

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e) Saída do Éden – “O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden” (Gênesis 3.23). O jardim do Éden era o lugar da comunhão com Deus e, também, o símbolo da vida plena de sentido e significado e da bem-aventurança que estavam reservadas para o homem, caso ele fosse aprovado no teste da obediência. Tendo desobedecido, o homem perdeu a comunhão com Deus e a plenitude de vida que lhe estava reservada; por isso, foi expulso do Éden.

3. Conseqüências Para a Raça Humana

Adão arrastou para o pecado toda a sua descendência. Ele era o cabeça e o repre-sentante de toda a raça humana. Por isto, todos se tornaram pecadores quando ele pecou. Nós não somos responsáveis pelo pecado de nosso pai ou de nossa mãe. "O filho não levará a iniqüidade do pai" (Ezequiel 18.20). Mas somos responsáveis pelo pecado de Adão, porque ele era nosso representante. O apóstolo Paulo escre-veu que "por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação" (Romanos 5.18).

Além de herdarmos a culpa do pecado de Adão, herdamos também a corrupção moral. Por isto, temos uma inerente disposição para o pecado. O próprio apóstolo Paulo confessou: "... vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros" (Romanos 7.23). "Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim, o que detesto. Porque não faço o bem que pre-firo, mas o mal que não quero, esse faço" (Romanos 7.15,18).

CONCLUSÃO

“Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Salmo 14.2,3). Esta é a triste situação do homem. O apóstolo Paulo a descreveu assim: “Ele vos deu vida, es-tando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos ou-trora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos

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pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Efésios 2.1-3)

A consciência do nosso estado de pecado vai determinar o valor que damos à sal-vação, a gratidão de nosso coração por termos sido alcançados pela graça salvadora de Deus em Cristo e o nosso empenho na busca de uma vida de maior comunhão com Deus. Quem crê que a queda foi parcial perde de vista a sublimidade da sal-vação pela graça, mediante a fé em Cristo.

Eleição Incondicional

Entre os cinco pontos fundamentais da doutrina formulada por João Calvino (1509-1564) que foram questionados pelos seguidores de Jacó Arminius (1560-1609) está a doutrina da eleição. O arminianismo crê que a base da eleição é a presciência de Deus, isto é, Deus escolheu aqueles que ele sabia que receberiam Jesus como Sal-vador e Senhor. Os calvinistas crêem que a base da eleição é o amor de Deus. E, portanto, a eleição é incondicional.

Kuiper nos adverte que, quando tratamos de quem será salvo, estamos tocando na secreta vontade de Deus, e, portanto, devemos "lembrar que estamos lidando com um profundo mistério, que estamos em terra santa, onde os anjos temem pisar, que o homem finito não pode nem começar a compreender o Deus infinito, e que, por-tanto, temos que ser sóbrios, evitando escrupulosamente qualquer especulação hu-mana e apoiando-nos estritamente na segura Palavra de Deus".

ARMINIANOS x CALVINISTAS

O Rev. Paulo Anglada, em seu livro Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, apresenta uma síntese das posições arminiana e calvinista sobre a doutrina da eleição, que transcrevo a seguir:

Outra doutrina rejeitada pelos arminianos foi a doutrina da eleição. O arminian-ismo crê na eleição condicional; na eleição baseada na presciência de Deus. Crê que Deus, antes da fundação do mundo, escolheu aqueles a quem anteviu que se

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arrependeriam e creriam no evangelho. Trata-se, portanto, de uma eleição condi-cional – a condição é o arrependimento e a fé. Ou seja, Deus elege aqueles a quem previu que o elegeriam.

O calvinismo, por sua vez, crê na eleição incondicional. Crê que a escolha de al-guns homens para a santidade e para a vida não se baseia em nenhum mérito ou virtude humana, nem mesmo na fé ou no arrependimento; mas unicamente no amor e na misericórdia de Deus como expressão da sua livre e soberana vontade. Para os calvinistas, a fé e o arrependimento não são condição, mas resultado da eleição, o meio que Deus escolhe para aplicar a salvação aos eleitos. Deus não elege porque antevê arrependimento e fé. Ele produz arrependimento e fé porque elegeu.

O ENSINO DOS CÂNONES DE DORT

Os pastores e presbíteros que participaram do Sínodo de Dort estudaram exausti-vamente a doutrina da eleição, e chegaram às seguintes conclusões, que foram ap-rovadas por unanimidade e estão nos Cânones de Dort:

• (Artigo 1) Todos os homens pecaram em Adão, estão debaixo da maldição de Deus e são condenados à morte eterna. Por isso, ninguém teria sido injustiçado se ele tivesse resolvido deixar toda a raça humana no pecado e sob a maldição e de-cidido condená-la por causa do seu pecado, de acordo com as palavras do apóstolo: ... para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus ... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus..., e ... o salário do pecado é a morte... (Romanos 3.19,23; 6.23).

• (Artigo 2) Mas nisto se manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus en-viado o seu Filho unigênito ao mundo..., ... para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (1 João 4.9; João 3.16).

• (Artigo 3) Para que os homens sejam conduzidos à fé, Deus envia, em sua mis-ericórdia, mensageiros dessa alegre boa nova a quem e quando ele quer. Pelo min-istério deles, os homens são chamados ao arrependimento e à fé no Cristo crucifi-cado. Porque ... como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? (Romanos 10.14,15).

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• (Artigo 4) A ira de Deus permanece sobre aqueles que não crerem no Evangelho. Mas aqueles que o aceitam e abraçam a Jesus, o Salvador, com uma fé verdadeira e viva, são redimidos por ele da ira de Deus e da perdição, e presenteados com a vida eterna (João 3.36; Marcos 16.16).

• (Artigo 5) Em Deus não está, de forma alguma, a causa ou culpa dessa increduli-dade. O homem tem essa culpa, assim como a de todos os demais pecados. Mas a fé em Jesus Cristo e também a salvação por meio dele são dons gratuitos de Deus, como está escrito: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus... (Efésios 2.8). Semelhantemente, Porque vos foi concedida a graça de ... crer em Cristo (Filipenses 1.29).

• (Artigo 6) Deus nesta vida concede a fé a alguns enquanto não concede a outros. Isto procede do eterno decreto de Deus. Porque as Escrituras dizem que ele ... faz estas coisas conhecidas desde séculos... e que ... ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade... (Atos 15.18; Efésios 1.11). De acordo com este decreto, ele graciosamente quebranta os corações dos eleitos, por duros que sejam, e os in-clina a crer. Pelo mesmo decreto, entretanto, segundo seu justo juízo, ele deixa os não-eleitos em sua própria maldade e dureza de coração. E aqui especialmente nos é manifesta a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre homens que estão sob a mesma condição de perdição. Este é o decreto da eleição e reprovação revelado na Palavra de Deus. Ainda que os homens perversos, impuros e instáveis o deturpem, para sua própria perdição, ele dá um inexprimível conforto para as pessoas santas e tementes a Deus.

• (Artigo 7) Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a sal-vação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído, por sua própria culpa, de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, mas envolvidos na mesma miséria. São es-colhidos, porém, em Cristo, a quem Deus constituiu, desde a eternidade, Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação. E, para salvá-los por Cristo, Deus decidiu dá-los a ele e efetivamente chamá-los e atraí-los à sua comunhão por meio da sua Palavra e de seu Espírito. Em outras palavras, ele de-cidiu dar-lhes verdadeira fé em Cristo, justificá-los, santificá-los, e depois, tendo-se

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guardado poderosamente na comunhão de seu Filho, finalmente glorificá-los. Deus fez isto para a demonstração da sua misericórdia e para o louvor da riqueza de sua gloriosa graça. Como está escrito ... assim como nos escolheu nele, antes da fun-dação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos conce-deu gratuitamente no Amado... E em outro lugar: E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justifi-cou, a esses também glorificou (Efésios 1.4-6; Romanos 8.30).

• (Artigo 9) Esta eleição não é baseada em fé prevista, em obediência de fé, santi-dade ou qualquer boa qualidade ou disposição, que seria uma causa ou condição previamente requerida ao homem para ser escolhido. Ao contrário, esta eleição é para a fé, a santidade, etc. Eleição, portanto, que é a fonte de todos os bens da sal-vação e, finalmente, tem a própria vida eterna como seu fruto. É conforme o teste-munho do apóstolo: Ele ... nos escolheu ... não por sermos mas ... para sermos san-tos e irrepreensíveis perante ele ... (Efésios 1.4).

• (Artigo 10) A causa desta eleição graciosa é somente o bom propósito de Deus. Este bom propósito não consiste no fato de que dentre todas as condições possíveis Deus tenha escolhido certas qualidades ou ações dos homens como condição para a salvação. Mas este bom propósito consiste no fato de que Deus adotou certas pes-soas dentre a multidão inteira de pecadores para ser sua propriedade.

• (Artigo 11) Como Deus é supremamente sábio, imutável, onisciente e Todo-Poderoso, assim sua eleição não pode ser cancelada e depois renovada, nem alte-rada, revogada ou anulada; nem mesmo podem os eleitos ser rejeitados ou o número deles ser diminuído.

• (Artigo 13) A consciência e a certeza desta eleição daria aos filhos de Deus maior motivo para se humilharem perante ele, para adorarem a profundidade de sua mis-ericórdia, para se purificarem e para amarem ardentemente aquele que primeiro tanto os amou. Contudo, não é absolutamente verdade que esta doutrina da eleição e a reflexão sobre a mesma os façam relaxar na observação dos mandamentos de Deus ou rendam segurança falsa. No justo julgamento de Deus isto ocorre freqüen-temente àqueles que se vangloriam levianamente da graça da eleição ou facilmente falam acerca disso, mas se recusam andar nos caminhos dos eleitos.

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• (Artigo 15) A Escritura Sagrada mostra e recomenda a nós esta graça eterna e imerecida sobre nossa eleição, especialmente quando, além disso, testifica que nem todos os homens são eleitos; alguns, pois, são preteridos na eleição eterna de Deus. De acordo com seu soberano, justo, irrepreensível e imutável bom propósito, Deus decidiu deixá-los na miséria comum em que se lançaram por sua própria culpa, não lhes concedendo a fé salvadora e a graça da conversão. Para mostrar sua justiça, decidiu deixá-los em seus próprios caminhos e debaixo do seu justo julgamento e, finalmente, condená-los e puni-los eternamente, não apenas por causa de sua incre-dulidade, mas também por todos os seus pecados, para mostrar sua justiça. Este é o decreto da reprovação, o qual não torna Deus o autor do pecado (tal pensamento é blasfêmia!), mas o declara o temível, irrepreensível e justo Juiz e Vingador do pe-cado.

O ENSINO DAS CONFISSÕES DE FÉ

As conclusões a que chegaram os pastores e presbíteros que elaboraram os cânones de Dort estão de acordo com o ensino das confissões de fé, elaboradas antes e de-pois do Sínodo de Dort, conforme veremos a seguir:

Confissão Escocesa (Escócia, 1560), capítulo VIII:

O mesmo eterno Deus e Pai, que somente pela graça nos escolheu em seu Filho, Jesus Cristo, antes que fossem lançados os fundamentos do mundo, designou-o para ser nosso chefe, nosso irmão, nosso pastor e o grande bispo de nossas almas.

Segunda Confissão Helvética (Basiléia, Suíça, 1561-1566), capítulo X:

DEUS NOS ELEGEU PELA GRAÇA. Deus, desde a eternidade, livremente e movido apenas pela sua graça, sem qualquer respeito humano, predestinou ou ele-geu os santos que ele quer salvar em Cristo, segundo a palavra do apóstolo: “Ele nos escolheu nele antes da fundação do mundo” (Ef 1.4); e de novo: “... que nos salvou, e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas con-forme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e manifestada agora pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus” (2Tm 1.9-10).

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Confissão de Fé de Westminster (Inglaterra, 1643-1648), capítulo III:

Segundo o seu eterno e imutável propósito, e segundo o conselho secreto e o bene-plácito da sua vontade, antes que fosse o mundo criado, Deus escolheu em Cristo, para a glória eterna, os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por pre-visão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra cousa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa.

Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno propósito de sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo; são eficazmente chamados para a fé em Cristo, pelo seu Espírito que opera no tempo devido; são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder, por meio da fé salvadora.

O ENSINO BÍBLICO SOBRE A ELEIÇÃO INCONDICIONAL

A doutrina da eleição incondicional está baseada na Bíblia toda, e não em alguns versículos isolados. Mas vejamos alguns textos bíblicos que apontam para esta doutrina:

1. Jesus chama os salvos de eleitos ou escolhidos

Mateus 24.24: porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes si-nais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.

Mateus 24.31: E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.

Marcos 13.20: Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias.

2. Paulo afirma que Deus nos predestinou; e chama os salvos de eleitos ou escolhi-dos

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Efésios 1.3-5: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, as-sim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e ir-repreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de fil-hos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.

Romanos 8.33: Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.

Colossenses 3.12: Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de lon-ganimidade.

2 Tessalonicenses 2.13: Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade.

2 Timóteo 2.10: Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória.

3. O apóstolo Pedro também chama os salvos de eleitos

1 Pedro 1.1: Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dis-persão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia.

4. O livro de Atos dos Apóstolos mostra que as pessoas que criam em Jesus haviam sido destinadas para a salvação

Atos 13.48: Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.

Atos 16.14: Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púr-pura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia.

Atos 18.9,10: Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e nin-guém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade.

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4. O último livro do Novo Testamento chama os salvos de eleitos

Apocalipse 17.14: Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.

O DESEJO DE DEUS: QUE TODOS SEJAM SALVOS

O versículo mais conhecido da Bíblia afirma que "Deus amou ao mundo de tal ma-neira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Qualquer que seja a interpretação dada a esse versículo, é inegável que ele afirma a universalidade do amor de Deus.

O apóstolo Paulo declarou que Deus "deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade" (1 Timóteo 2.4). E Pedro escreveu que Deus é longânimo e não quer "que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2 Pedro 3.9).

Jesus, em várias ocasiões, tornou clara a universalidade do amor de Deus. De braços abertos, ele disse às multidões que o rodeavam: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mateus 11.28). Ele declarou também: "Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (João 5.24). Ele a ninguém rejeita. "... o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6.37). João declarou que "ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro" (1 João 2.2).

A REALIDADE DO HOMEM: MORTO EM DELITOS E PECADOS

O homem tem sido insensível ao grande e imensurável amor de Deus. Criado à im-agem e semelhança do Criador, o homem preferiu dar ouvido a Satanás e afastar-se de Deus. Foi expulso do Éden. E afundou de tal maneira no pecado que "viu o

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SENHOR que a maldade do homem havia multiplicado na terra, e que era con-tinuamente mau todo desígnio do seu coração" (Gênesis 6.5).

Deus levanta Israel para ser o seu povo. Mas esse povo passa a maior parte de sua história vivendo na incredulidade, na desobediência e na idolatria. Através do profeta Isaías, Deus disse: "Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o Senhor é quem fala: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim" (Isaías 1.2).

Deus enviou os profetas para chamar o povo de volta à sua comunhão. Mas, além de não darem ouvido à mensagem dos profetas, cometeram contra eles as maiores atrocidades. "Alguns foram torturados; outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos an-tros da terra" (Hebreus 11.35-38). E quando veio Jesus, o Messias prometido, crucificaram-no entre dois ladrões.

O apóstolo Paulo descreveu a situação espiritual do homem, afirmando: "Não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Não há temor de Deus diante de seus olhos" (Romanos 3.10-12,18). O homem está morto em seus delitos e pecados, e nada – absolutamente nada – pode fazer para ser salvo (Efésios 2.1-9).

DESEJO E PLANO IMUTÁVEL DE DEUS

O Rev. Blaine Smith, pastor presbiteriano em Washington, nos Estados Unidos, ensina que precisamos fazer distinção entre o desejo de Deus e o seu plano imutável. Ele afirma que quando o Novo Testamento fala do desejo de Deus, usa a palavra grega thélema. Um exemplo pode ser visto em 1 Tessalonicenses 4.3: "Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação". Vontade aqui é thélema e significa que Deus deseja que tenhamos uma vida santificada. Esta vontade de Deus requer a nossa colaboração para que ela seja realizada. Ou seja: Deus deseja mas não nos

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impõe essa sua vontade. Mas o Novo Testamento fala também de um plano imutável de Deus que será realizado, quer colaboremos ou não com ele. Para falar dessa vontade intencional de Deus o Novo Testamento usa a palavra grega boulê. Em Atos 2.23 está escrito que Jesus foi entregue para ser crucificado "pelo deter-minado desígnio e presciência de Deus". Desígnio aqui é boulê, isto é, o plano imutável de Deus.

A PREDESTINAÇÃO

O desejo de Deus é que todos os homens sejam salvos, mas o homem – morto em seus delitos e pecados (Efésios 2.1) – não tem condições de colaborar com o Cria-dor no processo de salvação. E se depender dessa colaboração ninguém será salvo. Por isto, Deus, movido pelo seu profundo amor, incluiu no seu plano imutável a salvação daqueles que lhe aprouve salvar. A Bíblia Sagrada chama isso de eleição ou predestinação.

A predestinação está presente em todo o Novo Testamento. Nos evangelhos encon-tramos várias declarações de Jesus onde ele fala em eleitos e escolhidos, o que confirmam a predestinação. Ele disse que os falsos profetas procurariam enganar, se possível, até os eleitos (Mateus 24.24). E falando da grande tribulação, afirmou que se o Senhor não tivesse "abreviado aqueles dias, ninguém se salvaria; mas por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias" (Marcos 13.20). Disse também que, na sua segunda vinda, "enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus" (Mateus 24.31).

O apóstolo Paulo, na epístola aos Romanos, perguntou: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Romanos 8.33). Aos efésios ele escreveu que Deus nos escolheu em Cristo, para a salvação, antes da fundação do mundo; "e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos" (Efésios 1.3-5). Aos colossenses ele recomendou: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade" (Colossenses 3.12). Aos tessalonicenses, ele escreveu: "Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação" (2 Tessalonicenses 2.13). Na segunda epístola a Timóteo, ele declarou: "Tudo suporto por causa dos eleitos" (2 Timóteo 2.10).

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O apóstolo Pedro também escreveu sobre a predestinação. Ele inicia a sua primeira epístola se dirigindo "aos eleitos que são forasteiros da Dispersão, ... eleitos se-gundo a presciência de Deus Pai" (1 Pedro 1.1,2).

O último livro do Novo Testamento chama os salvos de eleitos (Apocalipse 17.14).

Algumas pessoas, apesar de a Bíblia Sagrada ensinar claramente a predestinação, tentam levantar objeções contra essa doutrina. As duas principais objeções dizem respeito à evangelização e à justiça de Deus.

Quanto a evangelização, afirmam que se já estão escolhidos os que serão salvos, não é necessário evangelizar. Mas a Bíblia ensina o contrário. Paulo estava pre-gando o evangelho em Corinto, quando alguns judeus passaram a fazer-lhe opo-sição e a blasfemar. À noite teve Paulo "uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade" (Atos 18.9). Deus tinha muitos predestinados naquela cidade, e Paulo devia permanecer ali pregando o evangelho, pois os predestinados precisavam conhecer o evangelho para serem sal-vos. Na epístola a Tito, Paulo se apresenta como "apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus" (Tito 1.1). Jesus afirmou: "As minhas ov-elhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem" (João 10.27). Os pre-destinados para a salvação precisam ouvir o evangelho, a voz do Bom Pastor, para seguí-lo.

Quanto a alegação de que Deus seria injusto se escolhesse uns e não escolhesse ou-tros, o argumento é até infantil. Quando um rapaz vai se casar, ele escolhe uma moça e deixa de escolher outra. Às vezes deixa até de escolher uma que tem mel-hores qualidades e, que, além disso é apaixonada por ele. Ao fazer isso, ele está cometendo injustiça? De modo nenhum; está apenas usando o seu direito de es-colha. Se a humanidade toda está perdida, e Deus escolhe alguns para a salvação, onde está a injustiça? Mas como queremos tratar esse assunto com os ensinos da palavra de Deus, vejamos o que a Bíblia diz sobre isto. "Que diremos, pois? Há in-justiça da parte de Deus? De modo nenhum. Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra? Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade

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os vasos de ira, preparados para perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de an-temão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?" (Romanos 9.14,20-24).

A questão séria que está por detrás das objeções à predestinação é esta: quem é deus? É Deus ou é o homem? Quando o homem questiona a Deus, ele quer ser deus. Ele quer dizer ao Criador o que é certo e o que é errado; o que deve ser feito e o que não deve ser feito. Mas quando o homem se coloca no seu lugar de cria-tura, ele reconhece humildemente que Deus é soberano e, portanto, pode fazer o que quiser.

CONCLUSÃO

A convicção de que Deus nos predestinou para a salvação – alcançada mediante o estudo da Escritura Sagrada e a atuação do Espírito Santo em nós – deve gerar em nós pelo menos três sentimentos:

Humildade – Só pela graça de Deus somos o que somos. Não somos melhores do que as outras pessoas,, talvez sejamos até piores, mas Deus teve misericórdia de nós e nos escolheu para a salvação.

Gratidão – O que seria de nós se Deus não nos tivesse escolhido para a salvação? Estaríamos eternamente perdidos e nossa vida não teria sentido. Mas Deus nos es-colheu. A Ele toda honra, toda glória, todo louvor e toda exaltação!

Segurança – Se a nossa salvação dependesse de nossos esforços, não teríamos nen-huma segurança,, mas ela depende só de Deus. E, por isso, podemos ter a se-gurança e a certeza da vida eterna. Lembremo-nos das palavras do apóstolo Paulo: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6).

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Expiação Limitada

Uma outra área de divergência entre arminianos e calvinistas é a doutrina da ex-piação. Os arminianos crêem na “expiação geral (na redenção universal). Ou seja, que Cristo morreu na cruz por todos os seres humanos indistintamente. Crê que a expiação de Cristo não foi individual, mas potencial. Cristo não morreu na cruz em substituição a cada um dos eleitos individualmente, mas de modo geral, por toda a raça humana, permitindo, assim, que Deus perdoasse os pecados daqueles que vi-essem a crer nele. Desse modo, a doutrina arminiana da expiação afirma que o sac-rifício de Jesus apenas tornou possível a salvação de todos, mas não assegurou a salvação de ninguém. Já o calvinismo crê na expiação limitada de Cristo. Isto não quer dizer que a expiação de Cristo não seja suficiente para a salvação do mundo inteiro; mas que foi eficiente apenas para a salvação dos eleitos, pois este foi o seu propósito. Ou seja, Cristo morreu na cruz, não apenas potencialmente, mas em substituição verdadeira e individual aos eleitos. O calvinismo não entende que Cristo veio ao mundo apenas para possibilitar a redenção (de todos), mas para efetivamente redimir (os eleitos) através da sua morte vicária e expiatória na cruz. A expiação não é potencial e geral, mas objetiva e pessoal.”

O QUE É EXPIAÇÃO

O que é expiação? “O sentido da idéia envolvida nessa palavra é o processo da re-união de duas partes, antes alienadas, para que formem uma unidade”. O pecado havia estabelecido uma separação entre Deus e o homem. E alguma coisa precisava ser feita para remover a culpa do pecado e restabelecer a união entre Deus e o homem. Portanto, quando falamos em expiação estamos nos referido à obra que foi feita para reconciliar o homem com Deus.

Podemos definir expiação como a doutrina bíblica segunda a qual Jesus tomou o lugar dos pecadores, a culpa deles lhe foi imputada e a punição que mereciam foi transferida para ele. A doutrina da expiação afirma que o sacrifício de Jesus foi feito em lugar do homem pecador com o objetivo de oferecer a Deus um paga-mento, uma indenização ou reparação para satisfazer as exigências da justiça divina.

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Duas particularidades precisam ser acentuadas:

(1) O sacrifício de Jesus foi uma substituição penal, isto é, ele sofreu o castigo que devia cair sobre o pecador. Isto significa que foi uma expiação vicária e não pes-soal. Seria pessoal se a expiação tivesse sido feita pelo próprio pecador. Mas como o pecador não tinham as condições necessárias para satisfazer à justiça de Deus, Jesus assumiu a tarefa de ser o seu vicário, isto é, o seu substituto.

Amor e justiça são dois atributos de Deus. Em Deus, o amor e a justiça assumem proporções infinitas. Mas, como aplicar a mais alta justiça a quem se ama com o mais profundo amor?! Para a limitação de nosso entendimento, esse era o grande “dilema” de Deus.

Deus, sendo justo, não poderia fechar os olhos para os pecados dos homens. Ele não poderia simplesmente fazer de conta que o homem não era pecador. Sendo ele justo, santo e reto, não pode tolerar o pecado. O pecador tinha que sofrer as con-seqüências eternas de seu pecado. Mas Deus é também infinitamente amoroso. Ele não tem prazer na perdição do ímpio. Por isso, ele providenciou um meio para sal-var o pecador. Ele fez isso enviando seu Filho, Jesus Cristo, para morrer em nosso lugar e pagar pelos nossos pecados. Nossos pecados não ficaram impunes: Jesus sofreu a pena em nosso lugar! Extasiado diante de tão grande amor, o apóstolo Paulo escreveu: “Nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho... Dificilmente, alguém morreria por um justo... Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós pecadores” (Rm 5.10,7,8)..

Deus é justo, mas é também “o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.26).

(2) O sacrifício de Jesus inclui sua obediência ativa e passiva. Sua obediência ativa consiste em tudo o que ele fez, vivendo uma vida sem pecado em perfeita comunhão com o Pai. Sua obediência passiva inclui tudo o que ele sofreu em lugar do pecador. Quando falamos sobre o sacrifício que Cristo fez em nosso lugar, às vezes só nos lembramos de sua morte na cruz. Mas o sacrifício foi muito maior. O sacrifício começou quando ele deixou o seu trono na glória e tornou-se um embrião no ventre de Maria; e só foi concluído quando, após a ascensão, ele foi novamente

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introduzido à destra do Pai. Evidentemente, sua morte foi o vale mais profundo de seu sofrimento. Mas o seu sofrimento não se resumiu à sua morte.

O OFÍCIO SACERDOTAL DE CRISTO

Não podemos abordar a expiação sem lembrarmos do ofício sacerdotal de Cristo. O Breve Catecismo ensina que "Cristo exerce o ofício de sacerdote, oferecendo-se a si mesmo, uma só vez, em sacrifício, para satisfazer a justiça divina, para reconciliar-nos com Deus e para fazer contínua intercessão por nós"

No Antigo Testamento Deus instituiu o sacerdócio, como um meio para que o pe-cador se aproximasse dele. A função do sacerdote era oferecer sacrifícios e fazer intercessão pelo pecador. "Aquele que ia ao templo adorar, se estava cônscio de que era pecador, tinha de levar um animal vivo para ser sacrificado pelo sacerdote. Deus requeria da parte do homem uma obediência perfeita, mas falhando nisso, o mesmo Deus fazia provisão de um meio pelo qual o pecador se aproximasse dele: era o sacrifício. O homem devia levar um animal limpo, sem defeito, que nada tinha a ver com o seu pecado, e entregava-o para ser morto. A vida e o sangue do animal inocente tomavam o lugar do pecado do adorador. O animal a ser sacrifi-cado costumava ser um cordeiro, mas algumas vezes também se oferecia um no-vilho, um bode, ou uma pomba. Levava-se o animal vivo até ao altar, que era o lugar de adoração. A pessoa impunha a mão sobre a cabeça dele e confessava seus pecados. Compreendia-se por isso que os pecados eram impostos à criatura viva, de modo a ser considerada culpada, e então era ela tratada como se fosse o peca-dor." Tanto o sacerdote como o animal inocente sacrificado apontavam para Jesus.

Em Isaías 53 está descrito, profeticamente, o sofrimento vicário do Servo do SENHOR. Esse Servo "foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (v. 5). O Novo Testamento mostra que o Servo Sofredor é Jesus Cristo, que se ofereceu como sacrifício para a nossa salvação (Mt 8.17; Mc 15.28; Lc 22.37; Jo 12.38; At 8.32-35; Rm 10.16; 1 Pe 2.22-25; Ap 5.6). João Ba-tista o apresentou como "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (Jo 1.29).

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Mas o livro da Bíblia que fala mais diretamente sobre o ofício sacerdotal de Cristo é a Epístola aos Hebreus. Nela está escrito que Jesus é o grande sumo sacerdote (4.14-16), superior ao sacerdócio da antiga aliança (5.1-10), que seu sacerdócio é eterno (7.11-19) e que seu sacrifício não se repete, porque é perfeito e eficaz (9.11-22). O que é peculiar no sacerdócio de Jesus é que ele é, ao mesmo tempo, o sacerdote e o sacrifício. Ele ofereceu a si mesmo como sacrifício para a nossa eterna salvação. Ele declarou: "Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. ... e dou a minha vida pelas ovelhas. ... Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entre-gar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai."(Jo 10.14-18).

Mas a obra sacerdotal de Cristo não se limita ao seu auto-oferecimento como sac-rifício pelos nossos pecados. Ele continua a sua obra sacerdotal como nosso inter-cessor junto ao Pai. O apóstolo Paulo ensinou que "... Cristo Jesus ... está à direita de Deus, e também intercede por nós" (Rm 8.34). O autor da Epístola aos Hebreus afirmou que Jesus tem um sacerdócio eterno e imutável, "vivendo sempre para in-terceder" pelos salvos (Hb 7.23-25). E o apóstolo João recomendou: "Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nos-sos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo in-teiro" (1 Jo 2.1-2).

CONCEITO DE EXPIAÇÃO LIMITADA

Nós cremos que Jesus morreu para salvar os eleitos, e apenas os eleitos. Nós cre-mos que a expiação é completa na sua suficiência, mas é limitada em sua extensão, isto é, o sacrifício de Cristo é suficiente para salvar a humanidade inteira, mas se aplica apenas aos eleitos para a salvação.

A expressão expiação limitada não significa que a obra expiatória de Cristo tenha sido incompleta ou imperfeita. A obra de Cristo foi completa e perfeita. O termo limitada se aplica apenas à extensão da expiação. Daí a afirmação de que o sac-rifício de Cristo é suficiente para a salvação da humanidade toda, mas é eficiente para salvar apenas os eleitos.

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“Não deve haver qualquer mal-entendido quanto a este assunto. O arminiano limita a expiação assim como o faz o calvinista. Este limita a extensão da expiação quando afirma que ela não se aplica a todas as pessoas... o arminiano, por sua vez, limita o poder da expiação, pois ele afirma que ela não salva ninguém. O calvinista limita quantitativamente a expiação, mas não qualitativamente; o arminiano limita-a qualitativamente, mas não quantitativamente. Para o calvinista, a expiação é como uma ponte estreita que segue em todo o caminho por cima do rio; para o arminiano, a expiação é como uma ponte larga que vai somente até metade do caminho. Na realidade, o arminiano coloca mais limitações severas na obra de Cristo do que o faz o calvinista”.

Insistimos nisto: a expiação limitada não significa uma limitação da obra de Cristo. Pelo contrário, “estamos realmente apresentando um ponto de vista mais elevado sobre a obra de Cristo no Calvário, quando dizemos que a morte de Cristo realiza alguma coisa na realidade e não apenas na teoria. A expiação, nós cremos, foi autêntica, vicária e substitutiva; ela não foi uma expiação possível e teórica que, para ser eficaz, depende da ação do homem.”

O ENSINO DOS CÂNONES DE DORT

O Sínodo de Dort, examinando a doutrina da expiação, chegou às seguintes con-clusões:

• (Artigo 1) Deus é não só supremamente misericordioso mas também suprema-mente justo. E como ele se revelou em sua Palavra, sua justiça exige que nossos pecados, cometidos contra sua infinita majestade, sejam punidos nesta vida e na futura, em corpo e alma. Não podemos escapar dessas punições a menos que seja satisfeita a justiça de Deus.

• (Artigo 2) Por nós mesmos, entretanto, não podemos cumprir tal satisfação nem podemos livrar a nós mesmos da ira de Deus. Por isso Deus, em sua infinita mis-ericórdia, deu seu Filho único como nosso fiador. Por nós, ou em nosso lugar, ele foi feito pecado e maldição na cruz para que pudesse satisfazer a Deus por nós.

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• (Artigo 3) Esta morte do Filho de Deus é o único e perfeito sacrifício pelos peca-dos, de valor e dignidade infinitos, abundantemente suficiente para expiar os peca-dos do mundo inteiro.

• (Artigo 4) Essa morte é de tão grande poder e valor porque quem se submeteu a ela era não apenas homem verdadeiro e perfeitamente santo, mas também o Filho único de Deus. Ele é Deus eterno e infinito junto ao Pai e ao Espírito Santo. Assim devia ser nosso Salvador. Além disso, ele sentiu, ao morrer, a ira e a maldição de Deus que nós merecemos pelos nossos pecados.

• (Artigo 5) A promessa do Evangelho é que todo aquele que crer no Cristo crucifi-cado não pereça, mas tenha a vida eterna. Esta promessa deve ser anunciada e proclamada sem discriminação a todos os povos e a todos os homens, aos quais Deus, em seu bom propósito, envia o Evangelho com a ordem de que se arrepen-dam e creiam.

• (Artigo 6) Muitos que têm sido chamados pelo Evangelho não se arrependem nem crêem em Cristo, mas perecem na incredulidade. Isto não acontece por causa de algum defeito ou insuficiência no sacrifício de Cristo na cruz, mas por culpa de-les próprios.

• (Artigo 7) Mas aqueles que verdadeiramente crêem e pela morte de Cristo são libertos e salvos dos seus pecados e da perdição, recebem tal benefício apenas por causa da graça de Deus, que lhes é dada, em Cristo, desde a eternidade. Deus não deve a ninguém tal graça.

• (Artigo 8) Pois este foi o soberano conselho, a vontade graciosa e o propósito de Deus, o Pai, que a eficácia vivificante e salvífica da preciosíssima morte de seu Filho fosse estendida a todos os eleitos. Daria somente a eles a justificação pela fé e, por conseguinte, os traria infalivelmente à salvação. Isto quer dizer que foi da vontade de Deus que Cristo, por meio do sangue na cruz (pelo qual ele confirmou a nova aliança), redimisse efetivamente, de todos os povos, tribos, línguas e nações, todos aqueles – e somente aqueles – que foram escolhidos desde a eternidade para serem salvos e lhe foram dados pelo Pai. Deus quis que Cristo lhes desse a fé, que ele mesmo lhes conquistou com sua morte, juntamente com outros dons salvíficos do Espírito Santo. Deus quis também que Cristo os purificasse de todos os pecados por meio do seu sangue, tanto do pecado original como dos pecados atuais, que fo-

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ram cometidos antes e depois de receberem a fé. E que Cristo os guardasse fiel-mente até o fim e, finalmente, os fizesse comparecer perante o próprio Pai em glória, sem mácula, nem ruga (Ef 5.27).

O ENSINO BÍBLICO SOBRE A EXPIAÇÃO LIMITADA

Os calvinistas crêem na expiação limitada, isto é, que Cristo sofreu o castigo em lugar dos eleitos e que pagou pelos pecados de cada um daqueles que Deus havia escolhido para a salvação. Portanto, o arrependimento dos pecados e a fé em Cristo, condições para que uma pessoa seja salva, são operados pelo Espírito Santo na vida daqueles pelos quais Cristo se ofereceu como sacrifício expiatório. Isso significa que, com o seu sacrifício expiatório, Jesus garante a salvação individual de cada eleito.

Vejamos, agora, alguns textos bíblicos que mostram que Cristo se ofereceu como sacrifício em lugar dos eleitos.

1. Jesus morreu em lugar de “muitos” e não de “todos”

Mateus 20.28: “tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

Hebreus 9.28: “assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguar-dam para a salvação.”

2. Os “muitos”, em lugar dos quais Jesus morreu, são o “seu povo”, as “suas ovel-has”, a “sua igreja”, “os eleitos”.

Mateus 1.21: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele sal-vará o seu povo dos pecados deles.”

João 10.11,14,15: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovel-has.”

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Atos 20.28: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.”

Efésios 5.25: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”.

Romanos 8.33,34: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.”

CONCLUSÃO

A Bíblia afirma que nenhum plano de Deus pode ser frustrado (Jó 42.2). Portanto, se o sacrifício de Jesus tivesse o objetivo de salvar todos os homens, todos os homens seriam salvos. Mas esse não era o plano de Deus. Ele enviou seu Filho para salvar os seus escolhidos. Logo, os escolhidos de Deus serão salvos. E é nessa certeza que nós vivemos e descansamos.

Graça Eficaz

No estudo dos cinco pontos de calvinismo, chegamos ao quarto ponto: Graça Efi-caz. Em síntese, esta doutrina afirma que “a graça que Deus estende ao ser humano para efetuar a sua salvação não pode ser recusada, porque foi decretada por Deus, e os decretos de Deus sempre se cumprem”. Esta verdade pode ser exposta também assim: “Aqueles que Deus elegeu para a salvação não resistirão ao chamado divino para a salvação porque é o Espírito Santo que age nesse chamado, e ninguém pode resistir ao toque do Espírito Santo”.

A Confissão de Fé de Westminster interpreta o ensino bíblico sobre a Graça Eficaz da seguinte forma: “Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele

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o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes o coração de pedra e dando-lhes co-ração de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça.”

Os teólogos do Sínodo de Dort, discorrendo sobre a Graça Eficaz, declararam o se-guinte: “Deus realiza seu bom propósito nos eleitos e opera neles a verdadeira con-versão da seguinte maneira: ele faz com que ouçam o Evangelho mediante a pre-gação e poderosamente ilumina suas mentes pelo Espírito Santo de tal modo que possam entender corretamente e discernir as coisas do Espírito de Deus. Mas, pela operação eficaz do mesmo Espírito regenerador, Deus também penetra até os re-cantos mais íntimos do homem. Ele abre o coração fechado e enternece o que está duro, circuncida o que está incircunciso e introduz novas qualidades na vontade. Esta vontade estava morta, mas ele a faz reviver; era má, mas ele a torna boa; es-tava indisposta, mas ele a torna disposta; era rebelde, mas ele a faz obediente, ele move e fortalece esta vontade de tal forma que, como uma boa árvore, seja capaz de produzir frutos de boas obras (1 Co 2.14)”.

ARMINIANOS x CALVINISTAS

O Rev. Paulo Anglada, em seu livro Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, apresenta uma síntese das posições arminiana e calvinista sobre a doutrina da graça, da seguinte forma:

O arminianismo crê na graça resistível. Ou seja, que depende do pecador permitir que a graça de Deus o alcance, ou resistir a ela. Crê que a aplicação da redenção ao coração dos pecadores não é obra soberana do Espirito Santo, mas depende da von-tade livre do homem que pode submeter-se ou resistir a graça de Deus. Os redimi-dos não serão aqueles a quem Deus eficazmente chamou, mas aqueles que decidem aceitar o apelo geral e indistinto do Espirito.

Os calvinistas crêem na graça irresistível; na soberania de Deus em aplicar a re-denção no coração dos eleitos; no chamado eficaz de Deus para a salvação. Os cal-vinistas crêem que o que faz alguns submeterem-se à vontade de Deus, em última

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instância, é a graça irresistível de Deus em chamar eficazmente os eleitos para a salvação. Crêem que a ação de Deus no coração dos seus eleitos não poderá ser eficazmente resistida; isso não quer dizer que os pecadores serão convertidos à força, mas que suas vontades serão eficazmente convencidas; serão levados ao ar-rependimento e crerão no evangelho, de modo que acabarão respondendo positi-vamente ao chamado do Espírito Santo. Os calvinistas crêem que a ação do Espírito Santo no coração dos eleitos é invencível. Que a graça de Deus para com eles é irresistível; e que os propósitos de Deus na eleição e a obra de Cristo na ex-piação serão efetivamente aplicados pelo Espírito Santo. Em outras palavras, os calvinistas crêem que a quem Deus elegeu, a estes também chamou, e a estes também justificou. Crêem que não há eleito que não seja chamado; e que não há chamado que não seja justificado.

AS OPERAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO

As três pessoas da Santíssima Trindade participam da salvação do pecador. “O Pai elege, Cristo redime e o Espírito Santo aplica a graça redentora de Deus aos elei-tos, chamando-os irresistivelmente para a salvação.”

A obra de Jesus por nós é completa, mas ela não alcança o seu objetivo de salvação sem a obra do Espírito Santo em nós. Por isto, Jesus disse aos discípulos: "Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" (Jo 16.7). O Espírito Santo aplica em nós a obra redentora de Cristo. Ele atua nos corações dos pecadores e os leva a receber Jesus como Salvador e Senhor. Atua, também, na vida daqueles que foram salvos, levando-os a crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.

A seguir, veremos, segundo o ensino da Escritura Sagrada, como o Espírito Santo aplica ao pecador a graça eficaz.

l. Chamado Eficaz

O Espírito Santo usa a Bíblia Sagrada, a palavra de Deus, para chamar o pecador para receber a salvação. Tiago escreveu que o Pai, "segundo o seu querer, nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas" (Tg 1.18). A palavra da verdade é, sem dúvida, a palavra de Deus. E em

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1 Pedro 1.23,25 está escrito: "pois fostes regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. ... Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada". Somos feitos novas criaturas medi-ante a palavra de Deus, a palavra que nos foi evangelizada. A palavra de Deus pode chegar ao pecador por diferentes meios: através da pregação, da leitura da Bíblia Sagrada, de um livro ou até de um folheto, de um hino ou outros meios.

Qualquer que seja o meio usado pelo Espírito Santo para aplicar em nós a obra re-dentora de Jesus Cristo, a palavra de Deus é o instrumento que ele usa para nos chamar para a salvação. "E assim, a fé vem pela pregação, e a pregação pela pa-lavra de Cristo" (Rm 10.17). Mas a simples pregação do evangelho, sem a atuação do Espírito, é insuficiente para levar o pecador a Jesus Cristo. A Bíblia traz vários registros de pregação seguida de rejeição. Paulo fez uma veemente pregação em Antioquia, mas muitos rejeitaram a palavra de Deus (At 13.16-46). E isto repetiu-se em vários lugares.

A palavra de Deus só se torna eficaz para a nossa salvação quando o Espírito Santo atua através dela. Foi o que aconteceu com Lídia. Paulo pregava. Ela e outras mul-heres ouviam. E Deus, através do Espírito Santo, abriu o coração dela "para aten-der às cousas que Paulo dizia" (At 16.14). Os teólogos chamam isto de vocação eficaz, que é a atração irresistível que Deus, por meio da palavra e do Espírito Santo, exerce sobre o pecador levando-o a aceitar a Cristo como seu único Salva-dor.

ll. Regeneração

Deus vocaciona eficazmente o pecador para a salvação e o regenera. A regeneração consiste na implantação do princípio da nova vida espiritual na pessoa que está sendo chamada, pela palavra, para a salvação. Podemos definir regeneração como a ação do Espírito Santo, na mente e no coração do pecador, dando-lhe uma dispo-sição santa de servir a Deus em espírito e em verdade. Esta definição é compartil-hada por grandes teólogos e confirmada pela Bíblia Sagrada. Strong ensina que a "regeneração é aquele ato de Deus pelo qual a disposição dominante da alma é tor-nada santa e o primeiro exercício santo da disposição é assegurado". Gordon de-finiu regeneração como "um ato drástico, operado sobre a natureza humana caída, por parte do Espírito Santo, que produz uma alteração na atitude inteira do in-divíduo". E Berkhof ensina que "regeneração é o ato de Deus pelo qual o princípio

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da nova vida é implantado no homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa e o primeiro exercício santo desta nova disposição é assegurado". Esse pri-meiro exercício de que falam Strong e Berkhof é o novo nascimento. Este novo nascimento – o nascer do Espírito (Jo 3.5,6), o nascimento espiritual – entroniza Jesus Cristo na alma do pecador e o leva a se mover em direção a Deus.

O diálogo de Jesus com Nicodemos mostra claramente o que é a regeneração. Ni-codemos, um dos principais dos judeus, disse a Jesus: "Rabi, sabemos que és Me-stre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. A isto respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito, é espírito." (Jo 3.2-8). Nascer da água ou nascer da carne eram expressões usadas pe-los judeus para falar do nascimento físico. E Jesus afirma que, para entrar no reino de Deus é preciso nascer mais uma vez: nascer do Espírito. O processo que nos trouxe a este mundo iniciou-se no momento de nossa concepção. Assim também o processo da aplicação da obra de Cristo em nós se inicia com a nossa concepção espiritual, isto é, no momento em que o Espírito Santo implanta em nós a semente da nova vida. É a regeneração, isto é, somos gerados de novo pelo Espírito Santo.

Antes da regeneração a atração pelo pecado domina o pecador. A partir da regen-eração, ele passa a desejar o que é bom, reto e justo.

lll. Conversão: arrependimento e fé

Este toque regenerador do Espírito Santo leva o pecador à conversão. "Esta con-versão é apenas a expressão externa da obra da regeneração, ou a mudança que a acompanha, efetuada na vida consciente do pecador. Esta conversão tem dois as-pectos, um ativo, o outro passivo. No primeiro, a conversão é contemplada como a mudança efetuada por Deus, na qual Ele muda o curso consciente da vida do homem. E no último, é considerada como o resultado desta ação divina. (...) (É) aquele ato de Deus pelo qual Ele faz o regenerado, na sua vida consciente, voltar para Ele com fé e arrependimento". Conversão, portanto, é o resultado da ação do

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Espírito Santo que leva o pecador a arrepender-se de seus pecados e a crer em Cristo como Salvador e Senhor.

Os escritores do Novo Testamento usaram a palavra grega metanóia para designar o arrependimento. Metanóia significa mudança de mente, envolvendo opinião, alvo, intenção e propósito. Por isso, arrependimento pode ser definido como “a mudança produzida na vida consciente do pecador, pela qual ele abandona o pe-cado”. O arrependimento atinge nosso intelecto, nossas emoções e nossa vontade. Intelectualmente, ficamos convencidos de que o pecado gera degradação moral e nos faz culpados diante de Deus. Emocionalmente, ficamos tristes diante da con-vicção de que estamos desagradando a Deus. Volitivamente, tomamos a delib-eração de abandonar o pecado e buscar o perdão divino e a purificação. Esses ele-mentos podem ser vistos na experiência de Davi, refletida no Salmo 51. Intelectu-almente, ele reconheceu sua culpa e declarou: “Pois eu conheço as minhas trans-gressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (v. 3). Emocionalmente, ele demonstrou tristeza por ter desagradado a Deus quando declarou: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (v. 4). Volitivamente, ele buscou o perdão e a purificação, e demonstrou o propósito de abandonar o pecado: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado” (vv. 1 e 2); “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (v. 10).

O arrependimento, quando verdadeiro, leva o pecador a abandonar o pecado e a voltar para Deus. Qualquer coisa parecida com arrependimento, se não levar o pe-cador a abandonar o pecado e voltar para Deus não é verdadeiro arrependimento, é tristeza mundana (2 Co 7.10). O autor da Epístola aos Hebreus escreveu que “Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura (...) posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado” (Hb 12.16,17). O arrependimento de Esaú não era verdadeiro arrependimento; era apenas um sentimento de tristeza pela perda que havia sofrido. Outro exemplo de falso arrependimento é a atitude de Ju-das Iscariotes. “Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, to-cado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam:

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Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mt 27.3-5). O sentimento de tristeza de Ju-das foi gerado pelo resultado de seu ato, isto é, pela condenação de Jesus, e não pelo seu ato em si. O verdadeiro arrependimento está focado no ato praticado, e não apenas nos resultados desse ato.

As constantes exortações que a Bíblia faz aos homens para que se arrependam e creiam em Jesus Cristo podem dar a idéia de que o homem é capaz de arrepender-se e crer por si mesmo. A verdade, todavia, é que o verdadeiro arrependimento e a fé salvadora são dádivas de Deus. Os crentes de Jerusalém, ao ouvirem a expla-nação que Pedro fez sobre a conversão de Cornélio e de seus familiares, glorifi-caram a Deus, dizendo: "Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arre-pendimento para a vida" (At 11.18). Eles reconheciam que o verdadeiro arrepen-dimento é concedido por Deus, mediante a atuação do Espírito Santo. Por meio do profeta Jeremias, Deus disse a seu povo: "Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal" (Jr 13.23). O homem, morto em transgressões e pecados – ou em con-seqüência do pecado – é incapaz de arrepender-se; ele só se arrepende quando é to-cado pelo Espírito Santo.

Mediante o arrependimento, o pecador se desvincula da antiga vida de pecado; e através da fé ele se vincula à nova vida em Cristo.

A fé que leva à salvação pode ser definida como "uma confiante entrega a Cristo para a salvação". Calvino afirmou que "podemos ter uma definição perfeita da fé, se afirmamos que é um conhecimento firme e certo da vontade de Deus a nosso re-speito, fundado na verdade da promessa gratuita feita em Jesus Cristo, revelada ao nosso entendimento e selada em nosso coração pelo Espírito Santo". Berkhof de-fine a fé salvadora como "uma firme convicção, efetuada no coração pelo Espírito Santo, quanto a verdade do evangelho, e uma confiança sincera e entusiástica nas promessas de Deus em Cristo." O apóstolo Paulo deu testemunho de sua fé, afir-mando: "Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia" (2 Tm 1.12).

À semelhança do verdadeiro arrependimento, a fé salvadora também procede de Deus, através da atuação do Espírito Santo. O apóstolo Paulo escreveu: "Porque

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pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8). A fé é dom de Deus!

Devemos ter cuidado para não debitarmos a Deus a culpa por pessoas não rece-berem Jesus como Salvador e Senhor. Quando o homem manifesta a fé salvadora é porque o Espírito Santo operou em seu coração. Mas quando ele ouve o evangelho e não o aceita, age consciente e deliberadamente. Não aceita por sua livre e espontânea vontade. A este respeito, Jesus declarou: "... a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más" (Jo 3.18).

lV. Santificação

O propósito de Deus em nos salvar não é apenas nos levar para o céu, após a nossa morte. Ele pretende também estabelecer conosco um relacionamento vital e pro-duzir em nós um caráter que esteja de acordo com este relacionamento. Por isso, o mesmo Espírito que nos chamou eficazmente para a salvação, nos regenerou, nos concedeu o arrependimento para a vida e a fé salvadora, também nos santifica.

Algumas pessoas pensam que santidade é um conjunto de qualidades morais do in-divíduo, com o qual ele satisfaz a Deus. Outros pensam que a santificação consiste num alongamento da nova vida, implantada na alma pela regeneração. Isso, entre-tanto, não corresponde à verdade. A santificação é essencialmente obra de Deus, através do Espírito Santo. Strong define santificação como "aquela operação contínua do Espírito Santo, pela qual a disposição santa implantada na regeneração é mantida e fortalecida". E Berkhof a define como "a graciosa e contínua operação do Espírito Santo pela qual Ele liberta o pecador justificado da corrupção do pe-cado, renova toda a sua natureza à imagem de Deus, e o capacita a praticar boas obras".

O conceito básico de santificação na Bíblia é separação para Deus. No Antigo Tes-tamento Israel é apresentado como povo santo porque foi separado para Deus. No Novo Testamento os crentes são chamados santos porque foram separados para Deus (Rm 1.7; 1 Co 1.2; 2 Co 1.2; Ef 1.1; Fp 1.1). Por isto, a santificação do crente tem três aspectos: (1) Quando o Espírito Santo regenera uma pessoa, ela crê em Cristo e todos os seus pecados são perdoados. Não é mais considerada culpada de pecado algum. Isto é a santificação definitiva, e significa que esta pessoa foi defini-

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tivamente separada para Deus. (2) A partir da regeneração, o crente começa a cres-cer espiritualmente, e este crescimento continua a vida toda: é a santificação pro-gressiva. Esta santificação, nesta vida, é sempre incompleta; ninguém chega aos cem por cento de santidade nesta vida. (3) Mas na hora da morte, o crente é aper-feiçoado em santidade, a fim de comparecer diante de Deus: é a santificação final.

CONCLUSÃO

Onde entra a vontade do homem no processo de salvação? Horatius Bonar, no ar-tigo A Vontade de Deus e a Vontade do Homem, publicado na revista Fiel (Nº 12, Ano 2001), lembra-nos que “em tudo que o homem sente, pensa e faz, ele neces-sariamente exercita seu querer.” E no caso específico da salvação, “a vontade do homem seguiu os movimentos da vontade divina. Deus o tornou desejoso (da sal-vação). A vontade de Deus é a primeira a agir, não a segunda.” Bonar argumenta assim: “Se admitimos que a vontade de Deus regula os grandes movimentos do universo, temos de aceitar o fato de que ela também regula os pequenos movimen-tos. O mais insignificante movimento de minha vontade é regulado pela vontade de Deus. (...) A soberana vontade determinou a época de meu nascimento, bem como o dia de minha morte. Não foi também essa vontade que certamente determinou o dia de minha conversão? (...) Deus determinou o dia de nosso nascimento, bem como o de nossa conversão, mas deixou à nossa mercê determinar se nos con-verteríamos ou não? Deus determinou onde, quando e como nasceríamos; de modo semelhante, Ele determinou onde, quando e como seríamos nascidos de novo.”

A nossa salvação depende da graça divina, e não dos esforços humanos. Se depen-desse de nós, não poderíamos ter segurança; pois somos fracos, imperfeitos, in-stáveis. Mas como depende só da graça de Deus, a situação é diferente. “Quando o próprio Deus é o guardião de nossa alma, podemos ficar tranqüilos, na certeza de que estamos de fato seguros - sem o mínimo resquício de dúvida”. E a graça salva-dora de Deus é eficaz, isto é, ela realmente produz os efeitos que deve produzir, pois procede dos desígnios de Deus, e os desígnios de Deus sempre se cumprem.

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Perseverança dos Santos

A Perseverança dos Santos é a conclusão natural a que se chega depois de exami-nar os quatro primeiros pontos do calvinismo. “Se o homem é totalmente depra-vado e não pode fazer nada para ajudar a si mesmo no que diz respeito às coisas espirituais; se Deus é absolutamente soberano na questão da eleição, fundamentada tão-somente em sua própria vontade; se a morte de Cristo realizou-se em favor dos eleitos, assegurando-lhes a salvação; e se Deus chama os eleitos de maneira irre-sistível, conclui-se que Deus assegurará a salvação final destes eleitos, ou seja, eles perseverarão até o fim”, afirmou o Prof. Richard Belcher, do Reformed Theological Seminary de Charlotte, Estados Unidos, na Conferência Fiel de 2002.

O teólogo Louis Berkhof definiu a doutrina da Perseverança dos Santos "como a contínua operação do Espírito Santo no crente, pela qual a obra da graça divina, iniciada no coração, tem prosseguimento e se completa". Richard Belcher, na Con-ferência a que nos referimos, afirmou que “a perseverança dos santos é a doutrina que afirma que os eleitos continuarão no caminho da salvação (por serem eles o objeto do eterno decreto da eleição e por serem eles o objeto da expiação realizada por Cristo) visto que o mesmo poder de Deus que os salvou os preservará e os san-tificará até o final”.

ARMINIANOS x CALVINISTAS

O Rev. Paulo Anglada, em seu livro Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, apresenta a seguinte síntese das posições arminiana e calvinista sobre a doutrina da perseverança dos santos:

Os arminianos crêem na instabilidade da salvação; que a salvação pode durar, ou não, dependendo da própria determinação humana. É coerente. Se a salvação para eles depende do livre arbítrio, é de se esperar que a glorificação também dependa da determinação da vontade humana. Assim, crêem que o salvo pode cair da graça, pode efetiva e definitivamente apartar-se da graça de Deus, se não permanecer na fé. Em outras palavras, para os arminianos é possível ser salvo hoje, e amanhã não. Eles crêem na regeneração e na “desgeneração”.

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Os calvinistas ensinam o oposto: a perseverança dos santos. Ensinam que a mesma graça de Deus que os salvou, agirá eficazmente nas suas vidas, de modo que não poderão cair total e finalmente da graça de Deus. O calvinista crê que a justifi-cação, a regeneração e a adoção são obras irreversíveis; que já não pode mais haver condenação para os que estão em Cristo Jesus. Crê que, visto que Deus começou a obra, haverá de completá-la; e que não há justificado que não será glorificado. Isso não quer dizer, entretanto, que o salvo não mais cometa pecado; mas que Deus, sendo fiel, não permitirá que seus eleitos sejam tentados além das suas forças e que lhes concederá o auxílio necessário a fim de que possam resistir às tentações, e não venham jamais a se apartar definitivamente da graça de Deus.

O ENSINO DOS CÂNONES DE DORT

O Sínodo de Dort, examinando a doutrina da perseverança dos santos, chegou às seguintes conclusões:

Artigo 1 – 0 regenerado não está livre do seu pecado

• Aqueles que, de acordo com o seu propósito, Deus chama à comunhão do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e regenera pelo seu Santo Espírito, ele certa-mente os livra do domínio e da escravidão do pecado. Mas nesta vida, ele não os livra totalmente da carne e do corpo de pecado (Rm 7.24).

Artigo 2 – Pecados diários de fraqueza

• Portanto, pecados diários de fraqueza surgem e até as melhores obras dos santos são imperfeitas. Estes são para eles constante motivo para humilhar!se perante Deus e refugiar!se no Cristo crucificado. Também são motivo para mais e mais mortificar a carne através do espírito de oração e através dos santos exercícios de piedade, e ansiar pela meta da perfeição. Eles fazem isto até que possam reinar com o Cordeiro de Deus nos céus, finalmente livres deste corpo de morte.

Artigo 3 – Deus preserva os seus

• Por causa dos seus pecados remanescentes e também por causa das tentações do mundo e de Satanás, aqueles que têm sido convertidos não poderiam perseverar

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nesta graça se deixados ao cuidado de suas próprias forças. Mas Deus é fiei: mis-ericordiosamente os confirma na graça, uma vez conferida a eles, e poderosamente os preserva [na sua graça] até o fim.

Artigo 4 – Os santos podem cair em pecados sérios

• 0 poder de Deus, pelo qual ele confirma e preserva os verdadeiros crentes na graça, é tão grande que isto não pode ser vencido pela carne. Mas os convertidos nem sempre são guiados e movidos por Deus, e assim eles poderiam, em certos ca-sos, por sua própria culpa, desviar!se da direção da graça e ser seduzidos pelos de-sejos da carne e segui!los. Devem, portanto, vigiar constantemente e orar para que não caiam em tentação. Quando não vigiarem e orarem, eles podem ser levados pela carne, pelo mundo e por Satanás para sérios e horríveis pecados. Isto ocorre também muitas vezes pela justa permissão de Deus. A lamentável queda de Davi, Pedro e outros santos, descrita na Sagrada Escritura, demonstra isso.

Artigo 5 – Os efeitos de tais pecados sérios

• Por tais pecados grosseiros, entretanto, eles causam a ira de Deus, se tornam cul-pados de morte, entristecem o Espírito Santo, suspendem o exercício da fé, ferem profundamente suas consciências e algumas vezes perdem temporariamente a sen-sação da graça. Mas quando retornam ao reto caminho por meio de arrependimento sincero, logo a face paternal de Deus brilha novamente sobre eles.

Artigo 6 – Deus não permite que seus eleitos se percam

• Pois Deus, que é rico em misericórdia, de acordo com o imutável propósito da eleição, não retira completamente o seu Espírito dos seus, mesmo em sua de-plorável queda. Nem tampouco permite que venham a cair tanto que recaiam da graça da adoção e do estado de justificados. Nem permite que cometam o pecado que leva à morte, isto é, o pecado contra o Espírito Santo e assim sejam totalmente abandonados por ele, lançando!se na perdição eterna.

Artigo 7 – Deus quer renovar os eleitos para arrependimento

• Pois, em primeiro lugar, em tal queda, Deus preserva neles sua imperecível se-mente da regeneração, a fim de que esta não pereça nem seja lançada fora. Além disso, através da sua Palavra e de seu Espírito, ele certamente os renova efetiva-

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mente para arrependimento. Como resultado eles se afligem de coração, entriste-cendo!se com Deus pelos pecados que têm cometido; procuram e obtêm pela fé, com coração contrito, o perdão pelo sangue do Mediador; e experimentam nova-mente a graça de Deus, que se reconcilia com eles que, através da fé adoram sua misericórdia. E daí em diante eles se empenham mais diligentemente pela sua sal-vação com temor e tremor.

Artigo 8 – A graça do trino Deus preserva

• Assim, não é por seus próprios méritos ou força, mas pela imerecida misericórdia de Deus que eles não caem totalmente da fé e da graça e nem permanecem caídos ou se perdem definitivamente. Quanto a eles, isto facilmente poderia acontecer e aconteceria sem dúvida. Quanto a Deus, porém, isto não pode acontecer de modo nenhum. Pois seu decreto não pode ser mudado, sua promessa não pode ser que-brada, seu chamado em acordo com seu propósito não pode ser revogado. Nem o mérito, a intercessão ou a preservação de Cristo podem ser invalidados, e a se-lagem do Espírito tampouco pode ser frustada ou destruída.

Artigo 9 – A certeza desta preservação

• Os crentes podem estar certos e estão certos dessa preservação dos eleitos para a salvação e da perseverança dos verdadeiros crentes na fé. Esta certeza ocorre de acordo com a medida de sua fé, pela qual eles crêem que são e permanecerão ver-dadeiros e vivos membros da Igreja, e que têm o perdão dos pecados e a vida eterna.

Artigo 10 – 0 fundamento desta certeza

• Esta certeza não vem de uma revelação especial, sem a Palavra ou fora dela, mas vem da fé nas promessas de Deus, que ele revelou abundantemente em sua Palavra para nossa consolação; vem também do testemunho do Espírito Santo, testificando com o nosso espírito que somos filhos e herdeiros de Deus; e, finalmente, vem do zelo sério e santo por uma boa consciência e por boas obras. E se os eleitos não tivessem neste mundo a sólida consolação de obter a vitória e esta garantia in-falível da glória eterna, seriam os mais miseráveis de todos os homens (Rm 8.16,17).

Artigo 11 – Esta certeza nem sempre é sentida

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• No entanto, a Escritura testifica que os crentes nesta vida têm de lutar contra várias dúvidas da carne e, sujeitos a graves tentações, nem sempre sentem plena-mente esta confiança da fé e certeza da perseverança. Mas Deus, que é Pai de toda a consolação, não os deixa ser tentados além de suas forças, mas com a tentação proverá também o livramento e pelo Espírito Santo novamente revive neles a certeza da perseverança (1Co 10.13).

Artigo 12 – Esta certeza não leva à acomodação

• Entretanto, esta certeza de perseverança não faz de maneira nenhuma com que os verdadeiros crentes se orgulhem e se acomodem. Ao contrário, ela é a verdadeira raiz da humildade, reverência filial, verdadeira piedade, paciência em toda luta, orações fervorosas, firmeza em carregar a cruz e confessar a verdade e alegria sólida em Deus. Além do mais, a reflexão deste benefício é para eles um estímulo para praticar séria e constantemente a gratidão e as boas obras, como é evidente nos testemunhos da Escritura e nos exemplos dos santos.

Artigo 13 – Esta certeza produz diligência

• Quando pessoas são levantadas de uma queda (no pecado) começam a reviver a confiança na perseverança. Isto não produz descuido ou negligência na piedade delas. Em vez disto produz maior cuidado e diligência para guardar os caminhos do Senhor, já preparados, para que, andando neles, possam preservar a certeza da perseverança. Quando fazem isto, o Deus reconciliado não retira de novo sua face delas por causa do abuso da sua bondade paternal (a contemplação dela é para os piedosos mais doce que a vida e sua retirada mais amarga que a morte), e elas não cairão em tormentos mais graves da alma (Ef 2. 10).

Artigo 14 – Incluído o uso de meios

• Tal como agradou a Deus iniciar sua obra da graça em nós pela pregação do evangelho, assim ele a mantém, continua e aperfeiçoa pelo ouvir e ler do Evangelho, pelo meditar nele, pelas suas exortações, ameaças e promessas, e pelo uso dos sacramentos.

Artigo 15 – Este doutrina é odiada por Satanás mas amada pela Igreja

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• Deus revelou abundantemente em sua Palavra esta doutrina da perseverança dos verdadeiros crentes e santos e da certeza dela para a glória do seu Nome e para a consolação dos piedosos. Ele a imprime nos corações dos crentes, mas a carne não pode entendê-Ia. Satanás a odeia, o mundo zomba dela, os ignorantes e hipócritas dela abusam, e os heréticos a ela se opõem. A Noiva de Cristo, entretanto, sempre tem!na amado ternamente e defendido constantemente como um tesouro de ines-timável valor. Deus, contra quem nenhum plano pode se valer e nenhuma força pode prevalecer, cuidará para que a Igreja possa continuar fazendo isso. Ao único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, sejam a honra e a glória para sempre. Amém!

O ENSINO DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER!

! Vejamos, agora, o ensino da Confissão de Fé de Westminster a respeito da per-severança dos santos.

• Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santifi-cou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem final-mente; mas, com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos.

• Esta perseverança dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabili-dade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo, da permanência do Espírito e da se-mente de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade.

• Eles, porém, pelas tentações de Satanás e do mundo, pela força da corrupção neles restante e pela negligência dos meios de preservação, podem cair em graves pecados e por algum tempo continuar neles; incorrem assim no desagrado de Deus, entristecem o seu Santo Espírito e de algum modo vêm a ser privados das suas graças e confortos; têm os seus corações endurecidos e as suas consciências feridas; prejudicam e es-candalizam os outros e atraem sobre si juízos temporais.

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

! Aquele que recebe Jesus como Salvador e Senhor com toda a certeza chegará ao céu. Isto não significa que o crente não esteja sujeito a pecar e a quebrar sua

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comunhão com Deus. Mas o verdadeiro crente jamais cairá completamente; isto signi-fica que sua fé e seus hábitos cristãos jamais desaparecerão inteiramente. Mas essa perseverança também é obra do Espírito Santo. É a isto que os teólogos chamam de perseverança dos santos.

! O Rev. José Martins, em seu livro O Homem e a Salvação, aponta sete razões bíblicas para a nossa segurança de salvação. Duas se relacionam com o Pai, três com o Filho e duas com o Espírito Santo. Essas razões são as seguintes:

a) O propósito e o poder do Pai garantem a nossa salvação.

! Paulo escreveu aos efésios que "fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade" (Ef 1.11). E João escreveu: "Filhinhos, vós sois de Deus, e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo" (1 Jo 4.4). O Pai tem o propósito de nos salvar. Como ele não muda, podemos ter segurança da salvação. Satanás tem um propósito diferente. Ele quer nos levar para o inferno. Mas o poder do Pai garante a nossa salvação. Nós venceremos porque maior é aquele que está em nós do que aquele que está no mundo.

A morte, a ressurreição e a intercessão de Cristo garantem a nossa salvação.

! O apóstolo Paulo escreveu: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? ... Quem os condenará? É Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós" (Rm 8.33,34). Jesus morreu em nosso lugar, ressuscitou como prova de que o Pai aceitou o seu sacrifício e está constantemente intercedendo por nós. Ele é o nosso advogado diante do Pai. Por isto podemos ter a certeza da salvação.

c) O selo e o penhor do Espírito Santo garantem a nossa salvação.

! O apóstolo Paulo ensinou também que "depois que ouvistes a palavra da ver-dade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória" (Ef 1.13,14). Na antigüidade uma das funções do selo era garantir a propriedade de um objeto ou de um escravo. O selo era uma marca ou uma tatuagem, e o penhor era um objeto que garantia o pagamento de uma dívida. O Espírito Santo vem habitar em nós, a partir do momento em que recebemos Jesus como Salvador, assim ele nos sela como propriedade de Deus e, ao mesmo tempo, é o penhor de que o Pai cumprirá a promessa de nos salvar.

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O ENSINO BÍBLICO SOBRE A PERSEVERANÇA DOS SANTOS

! Vejamos, agora, alguns textos bíblicos que mostram que Deus garante a sal-vação daqueles que ele elegeu e que, consequentemente, recebem Jesus como Sal-vador e Senhor.

1. Deus prometeu que os novos israelitas, isto é, os servos de Jesus Cristo, nunca se apartarão dele

Jr 32.38-40: Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus fil-hos. Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.

Gálatas 3.7: Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.

2. Jesus apresentou a salvação como uma bênção presente e eterna

Jo 5.24: Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.

Jo 6.47, 51: Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.

Jo 10.27-29: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me se-guem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.

3. O apóstolo Paulo mostra que o que triunfará na vida do crente é a salvação e não o pecado

Rm 5.20,21: Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.

Rm 6.14: Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.

Rm 8.33-39: Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os jus-tifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem

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certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coi-sas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Rm 14.4: Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.

Fp 1.6: Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.

3. O apóstolo Pedro afirma que a nossa salvação está garantida porque somos guar-dados pelo poder de Deus

1 Pe 1.3-5: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarc-escível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.

CONCLUSÃO

! Jesus declarou que o Espírito Santo convenceria "o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (Jo 16.8-11). Isto significa, em outras palavras, que o Espírito Santo convenceria os homens de que eles não estão em situação correta diante de Deus; colocaria no co-ração deles o desejo de serem corretos diante de Deus e os levaria a se conscientiza-rem da realidade do juízo vindouro. A partir desse convencimento, o Espírito Santo gui-aria a toda verdade (Jo 16.13).

! Este mesmo Espírito continua atuando no crente até a glorificação. E isto que garante a nossa salvação.

Os Cinco Pontos do Calvinismo e a Vida Cristã

Há quase dois meses estamos estudando os cinco pontos do calvinismo. Vimos que os seguidores de Jacó Arminius (1560-1609), através do documento denominado A Rep-resentação, atacaram cinco pontos fundamentais das doutrinas formuladas por João Calvino (1509-1564). O Sínodo de Dort, reunido para tratar do assunto, rejeitou as te-ses do arminianismo. A resposta do sínodo deu origem aos cinco pontos do calvinismo,

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que são: (1) Depravação Total, (2) Eleição Incondicional, (3) Expiação Limitada, (4) Graça Eficaz e (5) Perseverança dos Santos.

Após pecar, a vontade do homem foi escravizada pelo pecado. O homem perdeu a ca-pacidade de discernir e, consequentemente, de decidir positivamente, por si mesmo, em questões espirituais. A corrupção espiritual produzida pela queda foi tal que, espiri-tualmente falando, o homem está morto nos seus delitos e pecados.

! Estando o homem “morto em seus delitos e pecados”, Deus, movido tão somente por seu grande amor, escolheu aqueles que lhe aprouve salvar. Esta eleição é denominada “incondicional” porque ela não se baseia em nenhum mérito ou virtude humana, nem mesmo na fé ou no arrependimento presumidos. A fé e o arrependimento não são condição, mas resultado da eleição. “Aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30). Se Deus não tivesse escolhido alguns para a salvação, ninguém seria salvo.

! Deus nos escolheu e providenciou a nossa expiação. Quando falamos em ex-piação estamos nos referido à obra que foi feita para reconciliar o homem com Deus. Expiação, portanto, é a doutrina bíblica segunda a qual Jesus tomou o lugar dos peca-dores: a culpa deles lhe foi imputada e a punição que mereciam foi transferida para ele (Is 53.4,5). A expressão expiação limitada não significa que a obra expiatória de Cristo tenha sido incompleta ou imperfeita. A obra de Cristo foi completa e perfeita. O termo limitada se aplica apenas à extensão da expiação. Jesus morreu em lugar de “muitos” e não de “todos”. Os “muitos” são o “seu povo”, “as suas ovelhas”, os eleitos. A suficiên-cia da expiação de Cristo é ilimitada, mas a sua extensão é limitada, pois ela atinge apenas os eleitos. O sacrifício de Cristo é suficiente para a salvação da humanidade toda, mas é eficiente para salvar apenas os eleitos.

! A graça que Deus estende ao ser humano para efetuar a sua salvação não pode ser recusada, porque foi decretada por Deus, e os decretos de Deus sempre se cum-prem. Aqueles que Deus elegeu não resistirão ao chamado divino para a salvação porque é o Espírito Santo que age nesse chamado, e ninguém pode resistir ao toque do Espírito Santo.

! Naturalmente, aqueles que foram alcançados pela graça eficaz perseverarão sob esta graça até ao fim. Louis Berkhof afirma que esta perseverança é resultado da "contínua operação do Espírito Santo no crente, pela qual a obra da graça divina, inici-ada no coração, tem prosseguimento e se completa”. E Richard Belcher define esta doutrina assim: “Perseverança dos Santos é a doutrina que afirma que os eleitos con-tinuarão no caminho da salvação (por serem eles o objeto do eterno decreto da eleição e por serem eles o objeto da expiação realizada por Cristo) visto que o mesmo poder de Deus que os salvou os preservará e os santificará até o final”.

! E agora... quais são as implicações dos cinco pontos do calvinismo para a nossa vida cristã?

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! O Rev. Paulo Anglada, em seu livro Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, responde, de forma magistral, essa indagação. A seguir, transcreveremos trechos do capítulo onde ele fala sobre calvinismo e vida cristã.

SEGURANÇA DE SALVAÇÃO

A primeira implicação prática das antigas doutrinas da graça para a vida cristã que quero mencionar é a segurança da salvação. O calvinista crê na salvação e na se-gurança de salvação. E crê que são bênçãos distintas. Ou seja, é possível ser salvo e não ter segurança de salvação. Nem todo o que é salvo está necessariamente convicto da sua salvação.

E esta certeza o calvinista pode ter, enquanto que o arminiano não. A doutrina armini-ana não dá lugar para que o crente possa ter convicção plena da sua salvação, porque ela depende dele, do seu livre arbítrio, da sua decisão, da sua fé. O arminiano crê que a qualquer momento pode apartar-se final e definitivamente da graça de Deus. O máximo que ele pode acalentar no seu coração é a esperança que consiga chegar lá. Mas não há segurança. Sua doutrina não permite. E esta é uma situação desespera-dora.

Já a fé reformada confessa que Deus é soberano e tem misericórdia de quem Lhe ap-rouver ter misericórdia; e que a base da salvação é o amor incondicional e imutável de Deus. Assim, o calvinista não apenas alimenta a esperança de ser salvo, mas está ple-namente convencido de que "aquele que começou boa obra em nós, há de completá-Ia até ao dia Cristo Jesus" (Fp 1.6). E que nada, nem ninguém poderá separá-Io do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem alturas, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor eterno e imutável de Deus, manifestado na redenção que temos em Cristo. Se quando ainda éramos inimigos, fo-mos reconciliados com Deus mediante a morte de Jesus, muito mais agora, estando já reconciliados, podemos estar seguros de que a nossa salvação se consumará.

Parafraseando o apóstolo Paulo, nós podemos dizer que se a segurança da nossa sal-vação dependesse de nós mesmos, nós seríamos os mais infelizes de todos os homens. Mas, bendito seja Deus, tão certo como chegamos aqui, também chegaremos lá. Pois não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a Sua mis-ericórdia. “Nossa salvação torna-se segura para nós, quando descobrimos que sua causa está no coração de Deus." E neste não pode haver variação nem sombra de mudança.

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CONFORTO NAS PROVAÇÕES

Outra implicação prática das antigas doutrinas da graça para a vida cristã é o conforto que estas doutrinas nos dão em momentos de provações. Nós cremos num Deus so-berano. Nós cremos num Deus cuja vontade é eterna, imutável, soberana, incondi-cional, abrangente e eficaz. Nós cremos no propósito dAquele que faz todas as cousas conforme o conselho da Sua vontade. Nós cremos em um Deus que opera em nós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade. Em um Deus cujo con-selho dura para sempre, e cujos desígnios do Seu coração por todas as gerações (Sl 33.11). Em um Deus que tudo faz como Lhe agrada. Remove reis e estabelece reis, e opera até na vontade do homem convencendo-a da Sua boa, santa e agradável von-tade.

Tais doutrinas são uma fonte segura de consolo e conforto nas horas de provações. Em sobrevindo as enfermidades, o infortúnio, as aflições, a necessidade, as perseguições e a dor, o calvinista não vê nenhuma dessas coisas como acidentais. Ele vê, sim, a sempre presente e soberana mão de Deus agindo para o bem dos Seus eleitos. Em-bora não compreenda no momento, ele sabe que estas desventuras são o "pilão" de Deus, a escola de Deus, a vontade boa e santa de Deus para o seu próprio bem.

Desse modo, o calvinista sincero fica convencido que, por mais intensos que sejam os seus sofrimentos, e que, por maiores que sejam as vagas e ondas de Deus que caiam sobre ele, nada lhe sobrevirá sem a necessária porção de graça suficiente para que possa suportar. Visto que estas coisas vêm de Deus ou são permitidas por Ele, nada lhe sobrevirá a mais do que o necessário, para que um bem maior, segundo a sábia consideração do Altíssimo, seja alcançado.

HUMILDADE

Outra excelente implicação prática da fé reformada na vida cristã é a humildade. As an-tigas doutrinas da graça são especialmente apropriadas para humilhar e manter humil-hado o nosso coração. Não há o menor lugar, nestas doutrinas, para a soberba,. para o orgulho, ou para a jactância espiritual. "Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? das obras? Não, pelo contrário, pela lei da fé." As antigas doutrinas da graça, atribuindo todo o mérito da obra da salvação a Deus, e toda a culpa pelo pecado ao homem, não permite que este reivindique qualquer glória pela sua salvação. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9).

O calvinista sincero sabe que a única diferença entre ele e os que perecerem é a su-prema riqueza da graça de Deus. O estado de depravação em que nos encontrávamos não permitia que fizéssemos nada para mudar o nosso estado. Mesmo a fé não repu-

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tamos como mérito nosso, mas, como realmente é, dom de Deus, favor imerecido e in-condicional do Todo-poderoso.

À luz das antigas doutrinas da graça, um calvinista orgulhoso é uma contradição de termos; um calvinista soberbo é simplesmente inconcebível; um calvinista jactancioso é uma abominação. Um calvinista que se vangloria em qualquer coisa, que não seja no favor imerecido e bendito do Deus Triúno para com ele, não tem direito a este nome; não sabe nada sobre a fé reformada; sequer começou a discernir os princípios elemen-tares das antigas doutrinas da graça.

OUSADIA E CORAGEM

Humildade não deve de modo algum ser confundida com covardia. Juntamente com humildade, as antigas doutrinas da graça produzem ousadia e coragem naqueles que as professam com sinceridade. Quando consideramos a vida de calvinistas verdadei-ros, esta qualidade desponta sempre com proeminência. Eles não são insolentes, nem arrogantes; a qualidade anterior (humildade) não permite que coragem degenere em imprudência, e a ousadia em insolência. Mas também não se acovardam diante dos inimigos, sejam eles deste mundo ou espirituais.

Considerem a humildade de Jesus. Humilhou-se até a morte. Mas considerem também Sua coragem diante das autoridades, dos perigos, do diabo e da morte. Considerem a humildade do apóstolo Paulo. Ele considerava-se o maior dos pecadores, um vaso de barro, um "insuficiente para essas coisas"; nem se considerava digno de ser chamado apóstolo. Mas considerem também sua ousadia. Ele não temia as perseguições, as oposições, os apedrejamentos, os salteadores, o deserto, a fome, a sede, o frio, os naufrágios, as prisões, ou a morte. Por quê? Porque sabia que o Senhor o livraria de toda obra maligna, e o levaria a salvo para o Seu reino celestial (2 Tm 4.18). Sabia em quem cria, e estava certo de que Ele é poderoso para guardar seu depósito até aquele dia (2 Tm 1.12). O apóstolo Paulo estava plenamente convicto de que o bom propósito de Deus para a sua vida seria alcançado.

Como acovardar-se, se a vitória é ganha? Por que temer, se cremos que tudo está sob o controle do Deus que faz todas as coisas conforme o conselho da Sua vontade? Por que amedrontar-se se "em todas as coisas somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou"?

Nós cremos que Deus nos amou antes da fundação do mundo e nos predestinou para a salvação. Cremos que Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos. Cremos que somos guardados pelo poder de Deus para a salvação pre-parada para revelar-se no último tempo. Nós cremos que o mesmo poder que Deus exerceu para ressuscitar Jesus dentre os mortos opera em nós, os que cremos. Que poder! Que força! Que eficácia!

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TOLERÂNCIA PARA COM CRENTES E DESCRENTES

As antigas doutrinas da graça, ao enfatizarem a graça de Deus na salvação de peca-dores totalmente depravados e imerecedores do favor de Deus, devem produzir, no co-ração dos que nelas crêem, tolerância, tanto para com crentes como para com os de-screntes.

Tolerância para com os descrentes

"Tais também fostes outrora" é a advertência do apóstolo Paulo que deveria estar sem-pre na nossa mente. Se somos calvinistas, ao considerarmos a impiedade dos de-screntes temos que lembrar que este era o nosso estado; que tais eram as nossas práticas; que assim também andamos outrora: "segundo o curso deste mundo, se-gundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobe-diência." Entre estes ”também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos" (Ef 2.2-3).

Se somos calvinistas, ao apontarmos para a depravação deste mundo lançado no ma-ligno, temos que considerar que nós, também, éramos igualmente depravados - total-mente depravados; e que o que nos tornou total, completa e radicalmente diferente dele não foi nada que houvesse em nós, mas a graça bendita e soberana do nosso Deus. Nós não demos o primeiro passo; nós não cooperamos com a graça de Deus; e a nossa resistência à graça só foi vencida por causa da eficácia da vocação do Espírito Santo. Ao contemplarmos a imensa e indescritível diferença entre o estado de graça em que nos encontramos, e o estado de pecado em que se encontram os não redimi-dos, precisamos ter em mente que tudo dependeu de Deus. Foi tudo obra da Sua graça. Do início ao fim. Até mesmo o arrependimento e a fé foram dons de Deus, para que não tivéssemos do que nos gloriar.

Assim, se realmente cremos nessas doutrinas, temos que ser tolerantes para com os descrentes, orando a Deus para que Ele lhes conceda o arrependimento dos seus pe-cados e fé em Cristo, na Sua obra redentora e na Sua graça salvadora.

Tolerância para com os irmãos

Se as antigas doutrinas da graça devem produzir em nós tolerância para com os ímpios, que dizer com relação aos irmãos em Cristo? Para com estes, nossa tolerância deve ser ainda maior. É certo que nossa tolerância para com os irmãos não pode in-validar o exercício da sinceridade, do aconselhamento e da disciplina. "Se o teu irmão pecar contra ti, vai argüi-Io entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoi-mento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça" (Mt 18.15,16); este é o conselho de Jesus. "Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o", diz o apóstolo Paulo; mas acrescenta: "com o espírito de bran-dura; e guarda-te para que não sejais também tentados" (GI 6.1). É inconcebível que

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alguém peque, como aquele irmão da igreja de Corinto, sem que a igreja o discipline; e isto deu razão à indignação do apóstolo Paulo, em I Cor 5. Estaria ele sendo intoler-ante? Não; e na sua segunda carta, sabendo que houve arrependimento, apressou-se a orientar a igreja a perdoá-lo e confortá-lo, para que não fosse consumido por exces-siva tristeza, dizendo: "Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor" (2 Cor 2.7-8).

As antigas doutrinas da graça devem nos conduzir à tolerância para com os irmãos. Se nos temos por fortes, "devemos suportar as debilidades dos fracos" (Rm 15.1), ensina o apóstolo. E mais, "Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com lon-ganimidade, suportando-vos uns aos outros em amor" (Ef 4.1-2). Depois de instruir aos colossenses a despojarem-se das obras da carne, Paulo exorta-os a revestirem-se, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade e de longanimidade. Então exorta-os: "Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mu-tuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós" (CI 3.12,13). Isto é tolerância. Isto é calvin-ismo.

Tolerância para com os que divergem de nós

E, se devemos ser tolerantes para com os irmãos no que diz respeito às suas atitudes erradas, devemos ser ainda mais tolerantes com relação àqueles que têm opiniões dif-erentes das nossas quanto a doutrinas e práticas que não sejam essenciais à fé e à conduta cristã. Esta é uma questão especialmente relacionada com membros de outras denominações evangélicas, que pensam e agem diferente de nós. Os batistas e os pentecostais de modo geral têm doutrina diferente da nossa quanto ao significado e forma do batismo. Os congregacionais e os episcopais têm forma de governo diferente da nossa. E há também aqueles que, sinceramente, não subscrevem as doutrinas cal-vinistas que estamos estudando.

Pois bem, qual deve ser a nossa atitude com relação a isso? Se estamos convencidos que nossas doutrinas e práticas são bíblicas e, por conseguinte, corretas, devemos crer nelas, apegar-nos a elas, ensiná-Ias e defendê-Ias (dar razão da nossa fé e prática). Nós estamos convencidos que as antigas doutrinas da graça, por exemplo, são a ver-dadeira expressão do ensino bíblico, enquanto que a doutrina arminiana é deficiente, e priva os que a professam de terem uma compreensão mais profunda e verdadeira da obra da redenção. Nós também estamos convencidos de que a nossa forma de gov-erno é mais bíblica e mais prática. O mesmo com relação à forma de batismo e ao bati-smo infantil. Por isso ensinamos, pregamos e praticamos estas coisas - e devemos fazê-Io com a convicção de um John Huss, de um Lutero, um Calvino, um Whitefield e um Spurgeon.

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Não obstante, nossas convicções não podem degenerar em intolerância para com os que não pensam como nós. Aqueles que, embora pensando diferente de nós, demon-strem sinceridade, santidade, e sejam apegados às verdades evangélicas essenciais e distintivas, têm o nosso respeito e comunhão. Precisamos ter cuidado para não negar comunhão e respeito àqueles a quem Deus não negará os céus. Deus os escolheu, Cristo os redimiu, o Espírito os regenerou; e nós lhes negaremos comunhão e amor fra-ternal porque não pensam como nós? Que Deus nos guarde de tal atitude.

CONCLUSÃO

Muitos crentes, infelizmente, pensam que doutrina é algo desnecessário e até mau. Al-guns chegam a citar as palavras do apóstolo Paulo “a letra mata, mas o espírito vivi-fica” (2 Co 3.6) para repudiar o ensino de doutrinas. Mas as doutrinas são a coluna ver-tebral de nossa vida cristã. Sem doutrina somos “como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef 4.14). Mas, bem doutrinados podemos cres-cer “em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efe-tua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.15,16).

O estudo sério dos cinco pontos do calvinismo e a prática dos princípios que neles en-contramos certamente nos levarão a crescer “na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.

BIBLIOGRAFIA:

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Pedras Vivas | Igreja Batista Reformada PedrasVivas.com

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José Martins - O Homem e a Salvação - p. 100

Louis Berkhof - Manual de Doutrina Cristã - p. 227

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Paulo Anglada, Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, p. 4-8

Os Cânones de Dort, Editora Cultura Cristã, p. 45-48

José Martins - O Homem e a Salvação - p. 137-143

Paulo Anglada, Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, p. 118-148

AUTOR: Rev. Adão Carlos Nascimento - Igreja Presbiteriana de Campinas

DIAGRAMAÇÃO E FORMATAÇÃO: Pr. Rupert Teixeira - Pedras Vivas | Igreja Batista Reformada

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