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ARQUEOLOGIA BRASILEIRA Editor/Publisher: Pascual Izquierdo-Egea. Todos los derechos reservados. All rights reserved. Licencia/License CC BY 3.0. PEDRA DO CANTAGALO I: UMA SÍNTESE DAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS Pedra do Cantagalo I: A Synthesis of the Archaeological Researches Luis Carlos Duarte Cavalcante, * Andrews Araújo Rodrigues, * Elnathan Nícolas Lima da Costa, * Heralda Kelis Sousa Bezerra da Silva, * Pablo Roggers Amaral Rodrigues, * Petherson Farias de Oliveira, * Yana Raquel Viana Alves * e José Domingos Fabris ** * Universidade Federal do Piauí, Brasil; ** Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil Figura 1. Proyecto arqueológico en la cañada del río Bolaños, Jalisco. Sin escala. © 2014 ARQUEOLOGÍA IBEROAMERICANA 23: 45–60. ISSN 1989–4104. http://www.laiesken.net/arqueologia/. Recebido: 6-9-2014. Aceito: 17-9-2014. Publicado: 24-9-2014. Figura 1. Vista parcial do sítio arqueológico Pedra do Cantagalo I. RESUMO. Este artigo apresenta uma breve revisão das pesquisas arqueológicas realizadas no sítio Pe- dra do Cantagalo I, patrimônio pré-histórico locali- zado na área rural do município de Piripiri, estado

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ARQUEOLOGIA BRASILEIRA

Editor/Publisher: Pascual Izquierdo-Egea. Todos los derechos reservados. All rights reserved. Licencia/License CC BY 3.0.

PEDRA DO CANTAGALO I:UMA SÍNTESE DAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS

Pedra do Cantagalo I: A Synthesis of the Archaeological Researches

Luis Carlos Duarte Cavalcante,* Andrews Araújo Rodrigues,*

Elnathan Nícolas Lima da Costa,* Heralda Kelis Sousa Bezerra da Silva,*

Pablo Roggers Amaral Rodrigues,* Petherson Farias de Oliveira,*

Yana Raquel Viana Alves* e José Domingos Fabris**

* Universidade Federal do Piauí, Brasil; ** Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil

Figura 1. Proyecto arqueológico en la cañada del río Bolaños, Jalisco. Sin escala.

© 2014 ARQUEOLOGÍA IBEROAMERICANA 23: 45–60. ISSN 1989–4104. http://www.laiesken.net/arqueologia/.

Recebido: 6-9-2014. Aceito: 17-9-2014. Publicado: 24-9-2014.

Figura 1. Vista parcial do sítio arqueológico Pedra do Cantagalo I.

RESUMO. Este artigo apresenta uma breve revisãodas pesquisas arqueológicas realizadas no sítio Pe-

dra do Cantagalo I, patrimônio pré-histórico locali-zado na área rural do município de Piripiri, estado

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Figura 2. Mapa do Brasil e mapa do Piauí com destaque para o município de Piripiri. Fonte: cortesia da FUMDHAM.

do Piauí, Brasil. O abrigo arenítico revelou umaexcepcional coleção de mais de 1.900 pinturas ru-pestres, gravuras rupestres, líticos lascados, líticospolidos, materiais cerâmicos e pigmentos minerais(ocres avermelhados). As pinturas rupestres consis-tem de grafismos geométricos, carimbos de mãoshumanas, motivos antropomórficos e zoomórficos,pintados em amarelo, preto, cinza, branco, alaran-jado e em diferentes tonalidades de vermelho.

PALAVRAS-CHAVE: pintura rupestre, gravurarupestre, lítico, cerâmica, patrimônio arqueológico.

ABSTRACT. This paper presents a brief review ofthe archaeological research conducted at the Pedrado Cantagalo I site, a prehistoric heritage site loca-ted in the rural area of the municipality of Piripiri,Piauí State, Brazil. The sandstone shelter revealedan exceptional collection of more than 1,900 rockpaintings, rock engravings, chipped lithics, polishedlithics, ceramic materials and mineral pigments(reddish ochres). The rock paintings consist of geo-metric graphisms, human handprints, anthropomor-phic and zoomorphic motifs, painted in yellow, black,gray, white, orangish and in different tonalities ofred.

KEYWORDS: Rock painting, Rock engraving,Lithic, Ceramic, Archaeological heritage.

INTRODUÇÃO

OPIAUÍ, LOCALIZADO NO NORDESTE BRASILEIRO,tem muitos sítios arqueológicos (NAP-UFPI-IPHAN 1986-2006; Guidon et al. 2002; Gui-

don 2007; Guidon, Pessis e Martin 2009), destacan-do-se, na área do Parque Nacional Serra da Capivarae em seu entorno, uma das maiores concentrações desítios de arte rupestre do mundo (Pessis 2003). Dife-rentes métodos de datação têm apontado que as pin-turas rupestres dessa região estão entre as mais anti-gas do planeta (Lage 1998; Watanabe et al. 2003;Pessis e Guidon 2009).

No centro-norte do território piauiense tambémexistem diversos sítios de arte rupestre situados emalgumas áreas de concentração, como os municípiosde Castelo do Piauí, São Miguel do Tapuio, Pedro II,Piripiri e no Parque Nacional de Sete Cidades (NAP-UFPI-IPHAN 1986-2006; Magalhães 2011).

A arqueometria tem tido um papel importante nainvestigação dos vestígios arqueológicos identifica-dos, nomeadamente no exame e análise químico-mi-

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Figura 3. Pinturas rupestres do sítio arqueológico Pedra do Cantagalo I.

O SÍTIO PEDRA DO CANTAGALO I

O sítio arqueológico Pedra do Cantagalo I (fig. 1)localiza-se no povoado Jardim, a aproximadamente30 km da sede municipal de Piripiri, no estado doPiauí. É um grande abrigo sob rocha arenítica daFormação Cabeças, Membro Oeiras, com aberturapara o sudeste, situado nas coordenadas geográficas4º 25’ 7,7” de latitude sul e 41º 40’ 20,2” de longitu-de oeste, a aproximadamente 232 metros de altitudeem relação ao nível médio do mar (Datum WGS 84;fig. 2). As paredes e reentrâncias da área abrigadaestão decoradas com mais de 1.900 pinturas rupes-tres (fig. 3), representando, sobretudo, grafismos geo-metrizados, havendo também carimbos de mãos,zoomorfos e alguns poucos antropomorfos, pintadosnas cores preta, amarela, cinza, branca, rosa, vinho,alaranjada e, majoritariamente, em diferentes tonali-dades da cor vermelha. Os painéis pictóricos exibemfrequente recorrência dos registros rupestres pinta-

neralógica de pigmentos de pinturas rupestres pré-históricas (Lage 1990; Lage 1996; Cavalcante et al.2008; Cavalcante, Abreu e Lage 2009; Alves et al.2011; Cavalcante 2012; Cavalcante et al. 2013; Ca-valcante, Gonçalves e Fabris 2013; Cavalcante 2014),de pigmentos minerais, inclusive utilizados em ri-tuais funerários antigos (Lage 1990; Cavalcante, Lagee Fabris 2008; Cavalcante et al. 2011; Cavalcante2012), de depósitos de alteração associados a pro-blemas de conservação (Cavalcante et al. 2007; Ca-valcante 2012), de paleossedimentos, na busca demarcadores químicos de ocupação humana pré-his-tórica (Lage, Cavalcante e Santos 2007; Cavalcantee Lage 2010), de restos esqueletais humanos, na ten-tativa de efetuar a reconstituição de paleodieta (Fa-rias Filho et al. 2012).

Este artigo objetiva reportar uma breve revisão daspesquisas arqueológicas realizadas na Pedra do Can-tagalo I, um sítio de arte rupestre da região arqueoló-gica de Piripiri.

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Figura 4. Gravuras rupestres do sítio arqueológico Pedra do Cantagalo I.

dos, bem como sobreposição dos grafismos repre-sentados e das manchas das tintas pré-históricas uti-lizadas para fazer as pinturas (Cavalcante e Rodri-gues 2010a).

Deve-se destacar igualmente a ocorrência de di-versas gravuras rupestres (fig. 4), que dividem har-monicamente o espaço gráfico com as pinturas ru-pestres. Os motivos gravados foram efetuados tanto

Figura 5. Gravuras rupestres pintadas. Sítio Pedra do Cantagalo I.

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Figura 6. Pilões no piso do abrigo, ocre vermelho e moedor com resíduos de pigmentos amarelo e vermelho.Sítio Pedra do Cantagalo I.

nas paredes quanto no piso do abrigo, ressaltando-seo elevado número de cupules e de pilões. Mençãoespecial deve ser dada à existência de gravuras pin-tadas (fig. 5), aspecto especialmente raro nos sítiosarqueológicos brasileiros. Presume-se que os pilões(fig. 6) eram utilizados para preparar as tintas anti-gas e/ou para macerar vegetais (ibid.).

Nos sedimentos superficiais do sítio foram encon-trados vestígios de cultura material, nomeadamentelíticos lascados (fig. 7) e polidos, restos cerâmicos(fig. 8), pigmentos minerais com indícios de prepa-ração (ocres vermelhos) e um moedor com resíduosde pigmentos (fig. 6) (ibid.).

Além da coleção excepcional de registros rupes-tres, a ampla diversidade de vestígios arqueológicosexistentes no abrigo Pedra do Cantagalo I conferema este sítio valor e importância únicos nas pesquisasde arte rupestre do centro-norte do Piauí. Portanto,ele é naturalmente um sítio chave para o conheci-mento dos grupos humanos pré-históricos da área

arqueológica de Piripiri e, consequentemente, a pre-servação deste patrimônio pré-histórico é de impor-tância primordial e representa um grande desafio.

BREVE HISTÓRICO DAS PESQUISASREALIZADAS

O sítio Pedra do Cantagalo I foi cadastrado no Ins-tituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacionalem outubro de 1997, por pesquisadoras do Núcleode Antropologia Pré-Histórica da Universidade Fe-deral do Piauí (NAP-UFPI-IPHAN 1997).

Após o cadastramento, as pesquisas sistemáticasno abrigo Pedra do Cantagalo I tiveram início ape-nas em 2009, com o projeto de Iniciação Científicade Andrews Araújo Rodrigues, junto à UniversidadeFederal do Piauí, cujo objetivo foi efetuar o levanta-mento dos registros rupestres (fig. 9) e dos princi-pais problemas de conservação, considerando tam-

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Figura 7. Líticos lascados. Sítio Pedra do Cantagalo I. Fonte: Cavalcante e Rodrigues (2010a).

bém a identificação da flora e da fauna da área (Ca-valcante e Rodrigues 2010b). Deste primeiro projetoresultaram os dados já reportados sobre o sítio Pedrado Cantagalo I, período no qual o seu potencial ar-queológico foi constatado. Andrews Rodrigues per-maneceu monitorando a evolução dos problemas deconservação atuantes no abrigo e aprofundando aavaliação dos dados preliminares até a conclusão desua Graduação em Arqueologia e Conservação deArte Rupestre, na Universidade Federal do Piauí,quando defendeu a monografia intitulada “Represen-tações rupestres e problemas de conservação do sítioPedra do Cantagalo I, Piripiri, Piauí” (Rodrigues2013).

Sônia Maria Campelo Magalhães, durante o seudoutoramento em História, junto à Universidade Fe-deral Fluminense, efetuou um interessante processoinvestigativo de interpretação de registros rupestresde sítios arqueológicos do centro-norte do Piauí, en-tre os quais os do abrigo Pedra do Cantagalo I. Apesquisadora citada utilizou-se especificamente de

um zoomorfo recorrente no sítio em foco, interpre-tando-o como um ornitomorfo, o jaburu (Jabiru myc-teria) (Magalhães 2011).

Microamostras de rocha contendo tinta de pintu-ras rupestres (fig. 10) e eflorescências salinas, umaamostra de ocre vermelho e o moedor com resíduosde pigmentos amarelo e vermelho foram investiga-dos no doutoramento em Ciências (Química) de LuisCarlos Duarte Cavalcante, defendido na Universida-de Federal de Minas Gerais. Em seu trabalho, Caval-cante (2012) analisou esses materiais com as técni-cas de fluorescência de raios X por dispersão deenergia, microscopia eletrônica de varredura, espec-troscopia de energia dispersiva (inclusive com ob-tenção de mapas químicos), espectroscopia de ab-sorção molecular na região ultravioleta-visível,espectroscopia de absorção na região do infraverme-lho com transformada de Fourier, espectroscopiaMössbauer do 57Fe em geometria de transmissão deraios gama, espectroscopia Mössbauer do 57Fe emgeometria de retroespalhamento de elétrons de con-

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Figura 8. Fragmentos cerâmicos e materiais líticos. Sítio Pedra do Cantagalo I.Fonte: Cavalcante e Rodrigues (2010a).

versão, difração de raios X em incidência rasante epor difração de raios X (pelo método do pó). O inte-resse do pesquisador foi, entre outros aspectos, in-vestigar a composição químico-mineralógica tantodas tintas pré-históricas em si quanto das eflorescên-cias salinas.

A composição química elementar de nove amos-tras, obtida por fluorescência de raios X, está apre-sentada na Tabela 1, do que se pode inferir a ocor-rência majoritária de minerais silicatados ricos emalumínio e fósforo. Menção especial deve ser dadaao teor de ferro da amostra PCI-03 de 20,57 (2) mas-sa % (composição, aqui, expressa como Fe2O3), en-quanto o teor natural de ferro na rocha (amostra PCI-17) é inferior a 0,2 massa %. O curioso é que se tratade uma amostra de pintura rupestre preta. A amostraPCI-20 é um ocre vermelho preparado pelo homempré-histórico, com teor de ferro de 72,12 (5) massa%. Uma inspeção dos valores constantes na Tabela 1permite sugerir a existência de eflorescências sali-

nas ricas em alumínio, fósforo, enxofre, cálcio e po-tássio.

A microanálise por EDS do filme pictórico evi-denciou que a tinta pré-histórica preta tanto é ricaem ferro (fig. 11 A) quanto em carbono (fig. 11 B eC). Os teores elevados de fósforo, enxofre, alumí-nio, cálcio e potássio (fig. 11 A e D), em algumasregiões da superfície da amostra, são indicativos daexistência de eflorescências salinas sobre a pinturapreta.

O refinamento da análise mineralógica do filmede tinta preta das pinturas rupestres foi efetuado porespectroscopia Mössbauer do 57Fe. O espectro daamostra PCI-03, obtido a 298 K, exibiu dois sexte-tos, um típico de hematita, com deslocamento iso-mérico (d), relativo ao aFe, de 0,379 (2) mm s–1, des-locamento quadrupolar (e) de –0,185 (4) mm s–1,campo magnético hiperfino (B

hf) de 51,42 (2) tesla

(Cornell e Schwertmann 2003) e área subespectralrelativa (AR) de 69 (1) % e outro característico de

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Figura 9. Levantamento de pinturas rupestres e evidenciação de pilões no piso do abrigo Pedra do Cantagalo I.

maghemita com d(aFe) = 0,341 (5) mm s–1, Bhf = 49,31

(6) tesla, correspondente a 29 (1) % de área subes-pectral relativa, além de um dupleto central caracte-rístico de Fe3+, com d

(aFe) = 0,40 (3) mm s–1, desdo-

bramento quadrupolar (D) de 0,68 (6) mm s–1 eAR = 2 (1) % (fig. 12).

O exemplo aqui ilustrado, do procedimento inves-tigativo da pintura preta, foi empregado na análisedas demais amostras, sempre utilizando-se de umconjunto de técnicas espectroscópicas para obter osresultados e efetuar a identificação dos constituintescom segurança. Os vestígios de cultura material re-colhidos dos sedimentos superficiais do abrigo (líti-cos lascados e polidos, restos cerâmicos e o moedorcom resíduos de pigmentos) foram estudados por Pe-therson Farias de Oliveira, em sua monografia finalda Graduação em Arqueologia e Conservação de ArteRupestre, defendida na Universidade Federal do Piauí

(Oliveira 2013). O interesse neste caso foi realizar aanálise tipológica preliminar dos vestígios de cultu-ra material. Oliveira efetuou o tombamento das peças;realizou o levantamento fotográfico, visando eviden-ciar detalhes e formas das peças; examinou as amos-tras sob estereomicroscópio trinocular, objetivandoa observação dos detalhes do núcleo dos fragmentoscerâmicos com maior magnitude de aumento; provi-denciou a confecção de desenhos de algumas peças,evidenciando mais claramente os microdetalhes; ela-borou fichas analíticas para a caracterização do ma-terial lítico e para o material cerâmico, respectiva-mente; realizou a análise dos materiais líticos ecerâmicos de acordo com os critérios estipulados nasfichas analíticas elaboradas e considerando o refe-rencial teórico clássico sobre o tema.

Uma avaliação mais efetiva dos problemas de con-servação atuantes no sítio foi realizada na Iniciação

Figura 10. Coleta de microamostra de rocha contendo tinta de pintura rupestre e realização de medida experimentalin situ de temperatura do substrato rochoso em área com tinta pré-histórica.

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Tabela 1. Composição química elementar,* determinada por EDXRF, expressa em proporção em massa, na forma do óxido doelemento correspondente. Sítio Pedra do Cantagalo I.

* Incertezas fornecidas pelo equipamento, de uma única sondagem analítica de cada amostra. PCI-03: pintura preta; PCI-04:pintura amarela; PCI-05: pintura vermelho-escura; PCI-06: pintura alaranjada; PCI-07: pintura cinza, com sobreposição de tintavermelho-escura; PCI-08: pintura vinho; PCI-10: eflorescência salina sobrepondo pintura vinho; PCI-17: rocha suporte; PCI-20:ocre vermelho. Fonte: Cavalcante (2012).

Científica de Yana Raquel Viana Alves, cujo objeti-vo principal do projeto foi o monitoramento siste-mático através de medidas arqueométricas in situ,nomeadamente medidas de temperatura do substratoarenítico (em áreas com e sem pinturas rupestres; fig.10) e do ar ambiente, bem como a aferição da umi-dade relativa do ar e da velocidade dos ventos atuan-tes no sítio (Cavalcante e Alves 2013). Os resultadosdo monitoramento da temperatura do ar (fig. 13), porexemplo, apontaram uma amplitude térmica anual de13,6 ºC (entre junho de 2012 e junho de 2013), comtemperatura máxima de 36,3 ºC, colhida em outubro

de 2012, e mínima de 22,5 ºC, registrada no mês deabril de 2013. A amplitude anual da umidade relati-va do ar foi de 65 %, com máxima de 91 %, detecta-da em abril de 2013, e mínima de 26 %, determinadaem outubro de 2012.

O estudo da composição químico-mineralógica dastintas das pinturas rupestres do abrigo Pedra do Can-tagalo I foi retomada por Heralda Kelis Sousa Be-zerra da Silva, durante a sua Iniciação Científica, nocurso de Graduação em Arqueologia e Conservaçãode Arte Rupestre da Universidade Federal do Piauí.Heralda Silva analisou as pinturas rupestres unica-

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Figura 12. Espectro Mössbauer a 298 K da amostra PCI-03. Sítio Pedra do Cantagalo I.

Figura 11. Espectros EDS da amostra PCI-03. Sítio Pedra do Cantagalo I.Fonte: Cavalcante (2012).

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Figura 13. Temperatura e umidade relativa do ar no período de junho de 2012 a junho de 2013. Sítio Pedra do Cantagalo I.

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mente com a espectroscopia Mössbauer do 57Fe emgeometria de retroespalhamento de raios gama, vol-tada especialmente para a análise de superfícies, que,diferentemente da espectroscopia Mössbauer de elé-trons de conversão, tem energia suficiente para pe-netrar as camadas de sais (que, em alguns casos, so-brepõem as pinturas) e atingir o filme de tinta antiga(Cavalcante e Silva 2014).

Também aprofundando a investigação da compo-sição mineralógica das camadas de tinta das pinturasrupestres, Yana Raquel Viana Alves utilizou, em umprojeto posterior de Iniciação Científica, outra técni-ca analítica voltada para medidas de superfícies, no-meadamente a espectroscopia Raman (Cavalcante eAlves 2014). O interessante desta técnica é que elapermite identificar uma ampla gama de fases mine-rais em uma única medida experimental, aspecto im-possível com a espectroscopia Mössbauer, técni-ca analítica que opera com um único núcleo sondapor vez, possibilitando a identificação simultâneaunicamente de diferentes fases minerais que tenhamo núcleo sonda em sua estrutura (hematita, goethita,magnetita, por exemplo, pois todas possuem ferroem sua rede cristalina).

Elnathan Nícolas Lima da Costa, ao contrário, de-bruçou-se, em sua Iniciação Científica, no exame eanálise químico-mineralógica dos fragmentos cerâ-micos previamente estudados por Oliveira (2013). Ointeresse de Elnathan Costa foi, além de determinaras composições química e mineralógica, tambémidentificar padrões de queima das peças cerâmicas,bem como os aditivos empregados na preparação dapasta para obter a plasticidade desejada (Cavalcantee Costa 2014). Buscou-se, essencialmente, elemen-tos capazes de possibilitar a realização de inferên-cias sobre a tecnologia que os grupos humanos auto-res detinham na confecção dos materiais a base deargila.

Pablo Roggers Amaral Rodrigues utilizou-se, emseu Mestrado em Arqueologia, defendido junto àUniversidade Federal do Piauí, de um motivo rupes-tre específico (o propulsor de dardos), recorrente emsítios de arte rupestre do centro-norte do Piauí, comoindicativo cronológico (Rodrigues, P. 2014). Entreos sítios estudados por Pablo Rodrigues, a Pedra doCantagalo I é um dos que mais apresenta a represen-tação do propulsor, repetidas vezes pintado nos pai-neis gráficos do abrigo. Os propulsores de dardosidentificados pelo pesquisador nas pinturas rupestresda Pedra do Cantagalo I (fig. 14) são essencialmentedo tipo “macho”, apresentando sempre tanto o es-porão ou gancho (na extremidade distal do eixo prin-

cipal do instrumento), para acoplamento dos dardos,quanto quase sempre a pedra mágica ou adereço cen-tral, bem como o ponto de apoio para a mão (na proxi-midade ou na extremidade proximal do eixo princi-pal da arma).

PESQUISAS ATUALMENTE EMDESENVOLVIMENTO

Atualmente outros projetos de pesquisa estão emandamento, investigando aspectos diversificados dosvestígios pré-históricos do sítio Pedra do CantagaloI. Andrews Araújo Rodrigues está propondo, em seuprojeto de Mestrado em Arqueologia, efetuar a aná-lise estilística das representações rupestres do sítioPedra do Cantagalo I, além de buscar correlação comos motivos representados em outro sítio do entorno(Rodrigues, A. 2014).

Elnathan Nícolas Lima da Costa está desenvolven-do outro projeto de Iniciação Científica no qual ointeresse primordial recai na caracterização quími-co-mineralógica de paleossedimentos, oriundos de re-centes sondagens efetuadas no solo abrigado do sí-tio. Nesta etapa Elnathan Costa está prospectandomarcadores químico-mineralógicos que possam sercorrelacionados com atividade/ocupação humanaantiga no abrigo em foco. Entre as suas propostasinvestigativas, a determinação de pH e as medidasdas concentrações das diferentes formas de fósforo(orgânico e inorgânico) são de fundamental impor-tância.

PESQUISAS FUTURAS

Entre as propostas de pesquisas a serem realiza-das no abrigo Pedra do Cantagalo I, a aprovação deum projeto pelo Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico, garante a continui-dade dos trabalhos, cujo interesse estará voltado paraa investigação dos diferentes vestígios arqueológi-cos recolhidos em estratigrafia. Nesta etapa futura oenvio de amostras para datar tem o objetivo primor-dial de obter as primeiras idades para este sítio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pesquisas têm demonstrado que o abrigo Pedrado Cantagalo I é um sítio arqueológico pré-colonialexcepcional e o seu grande tamanho e quantidade

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Figura 14. Alguns propulsores de dardos do sítio Pedra do Cantagalo I. Autor: Pablo Roggers A. Rodrigues.

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significativamente elevada de registros rupestres pin-tados e gravados, além das recorrências dos motivosrepresentados e da frequente sobreposição dos gra-fismos e cores, permitem classificá-lo como sítio tipo,a partir do qual a atividade pictórica teria se difundi-do para as áreas do entorno.

A existência de ocres avermelhados nos sedimen-tos superficiais do abrigo, de um moedor com resí-duos de pigmentos amarelo e vermelho e a eviden-ciação de numerosos pilões no piso rochoso da áreaabrigada permitem inferir que os pigmentos erampreparados no próprio abrigo. Os pilões também po-deriam ter sido utilizados para preparar ervas e/oupara macerar vegetais.

A identificação de material magnético entre osconstituintes da tinta preta permite levantar a hipóte-se de que possa ter ocorrido aquecimento na prepa-ração dos pigmentos, aspecto que precisa ser melhoravaliado e que deve ser respondido brevemente coma análise de novas amostras de ocre já coletadas emestratigrafia.

Igualmente, a constatação da existência de mate-riais líticos lascados e polidos, bem como de restoscerâmicos, associados aos demais vestígios já repor-tados, são fortes indicativos de que o sítio era inten-samente ocupado na pré-história.

Os projetos de pesquisa que têm sido e/ou que es-tão sendo empreendidos no sítio em questão permi-tiram uma saudável interação entre estudantes de gra-duação e de pós-graduação da Universidade Federaldo Piauí, resultando em iniciações científicas, tra-balhos de conclusão de curso da graduação em Ar-queologia e Conservação de Arte Rupestre e em pro-jetos do Mestrado em Arqueologia da mesmainstituição, portanto na formação de recursos huma-nos em diferentes esferas.

Agradecimentos

Os autores são gratos ao Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)pelo apoio financeiro (processos 487148/2013-4 e305755/2013-7) e pela concessão das bolsas de IC aHeralda K. S. B. da Silva (processo 124629/2013-0)e a Elnathan N. L. da Costa (processo 122182/2014-6); à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoalde Nível Superior (CAPES) pela concessão das bol-sas de Mestrado a Andrews A. Rodrigues e a PabloR. A. Rodrigues; à Universidade Federal do Piauípela concessão da bolsa de IC a Yana R. V. Alves epelo transporte em algumas viagens de campo; à

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mi-nas Gerais (FAPEMIG) pelos auxílios financeiros,que possibilitaram a compra de vários equipamentosda UFMG que foram utilizados na investigação deamostras do sítio Pedra do Cantagalo I; ao Centro deDesenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN)pelas análises com EDXRF, e à CAPES (PVNS a J.D. Fabris, na UFVJM).

Sobre os autores

LUIS CARLOS DUARTE CAVALCANTE é professor da Gra-duação em Arqueologia e Conservação de Arte Ru-pestre e do Mestrado em Arqueologia da Universi-dade Federal do Piauí. Tem Graduação e Mestradoem Química pela Universidade Federal do Piauí, eDoutorado em Ciências (Química), com tese em ar-queometria, pela Universidade Federal de MinasGerais. Tem 48 artigos científicos publicados em pe-riódicos nacionais e internacionais. Sua Disser-tação de Mestrado foi considerada significativa con-tribuição para a Arqueoquímica no Brasil. E-mail:[email protected].

ANDREWS ARAÚJO RODRIGUES é Bacharel em Arqueo-logia e Conservação de Arte Rupestre e aluno doMestrado em Arqueologia pela Universidade Fede-ral do Piauí.

ELNATHAN NÍCOLAS LIMA DA COSTA é aluno de Gra-duação em Arqueologia e Conservação de Arte Ru-pestre pela Universidade Federal do Piauí.

HERALDA KELIS SOUSA BEZERRA DA SILVA é aluna deGraduação em Arqueologia e Conservação de ArteRupestre pela Universidade Federal do Piauí.

PABLO ROGGERS AMARAL RODRIGUES é Bacharel emArqueologia e Conservação de Arte Rupestre e Mes-tre em Arqueologia pela Universidade Federal doPiauí.

PETHERSON FARIAS DE OLIVEIRA é Bacharel em Ar-queologia e Conservação de Arte Rupestre pela Uni-versidade Federal do Piauí.

YANA RAQUEL VIANA ALVES é aluna de Graduaçãoem Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre pelaUniversidade Federal do Piauí.

JOSÉ DOMINGOS FABRIS é professor titular aposen-tado do Departamento de Química da UniversidadeFederal de Minas Gerais. Atualmente é ProfessorVisitante Nacional Sênior na Universidade Federaldos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e tem Douto-rado em Ciências (Química) pela Universidade Fe-deral de Minas Gerais. É bolsista de Produtividadeem Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvi-

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mento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem maisde 150 artigos científicos publicados em periódicosnacionais e internacionais.

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