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  • 7/22/2019 Pea Tcnica Tcdf

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    Controle Externo p/ AUFC TCU 2013

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Erick Alves Aula 08

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    AULA 08

    Ol pessoal,

    Esta ltima aula do curso possui o objetivo de passar algumasorientaes e modelos para elaborao da pea de natureza tcnica,

    que uma das redaes geralmente exigidas nas provas discursivas doTCU e que causa dor de cabea a muita gente. Afinal, o que vem a seressa pea de natureza tcnica? Como deve ser redigida? Existem

    campos obrigatrios? Vamos aprender tudo isso nesta aula e, ao final,veremos que no existe mistrio algum.

    Para tanto, seguiremos o seguinte sumrio:

    Orientaes para elaborao da pea tcnica................................ 2

    Modelos de peas tcnicas............................................................ 11

    Na grande maioria das vezes, o assunto a ser abordado na pea

    tcnica versa sobre os conhecimentos especficos exigidos no Edital, ouseja, direito administrativo, auditoria governamental,administrao financeira e oramentria, obras pblicas etc. Noobstante, como veremos, o conhecimento de controle externo essencial para a elaborao de uma boa pea, especialmente os assuntosjurisdio, competncias, sanes e decises em processos de contas e defiscalizao.

    Antes de iniciar, cumpre ressaltar que as orientaes e modelos que

    apresentarei em seguida no constituem a nica maneira de se elaboraruma pea tcnica. Outros exemplos podem ser utilizados, at porque osEditais normalmente no fixam um modelo especfico. O contedo destaaula, porm, pode ser considerado uma boa referncia para a prova doTCU, vez que est baseado em instrues utilizadas internamente noTribunal.

    Bom, sem mais delongas...aos estudos!

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    ORIENTAES PARA ELABORAO DA PEA TCNICA

    O que ?

    Pea tcnica nada mais que um documento redigido para oferecersubsdios tomada de deciso por parte do TCU.

    A fim de cumprir essa finalidade, o elaborador da pea tcnica (AUFCou TEFC) deve reunir e organizar as informaes disponveis sobre oassunto em questo, analisa-las luz da legislao, doutrina e/ou dajurisprudncia e, por fim, propor um termo final para o caso, compossveis solues ou alternativas. Assim, a pea tcnica deve levar oassunto todo mastigado ao responsvel pela deciso, para que este

    tenha condies de avaliar o caso e adotar um encaminhamento justo ecorreto.

    Para melhor localiz-los, vamos relembrar as etapas do processo noTCU. Como vimos, de acordo com o art. 156 do RI/TCU, essas etapas so:a instruo, o parecer do Ministrio Pblico e o julgamento ou aapreciao. A pea tcnica o documento final que consolida a fase deinstruo, contendo a proposta ou, em outras palavras, o parecer daunidade tcnica a ser levado aos relatores ou aos colegiados (plenrio e

    cmaras) do Tribunal. Por essa razo, a pea tcnica tambm conhecidacomo instruoou parecer.

    Como se v, a elaborao de peas tcnicas o trabalho executadono dia-a-dia do servidor do Tribunal de Contas. Nas provas de concurso,essa tarefa de organizao das informaes e apresentao de umaproposta fica bastante facilitada, eis que os dados a serem explorados napea j esto todos discriminados no enunciado da questo. Na vida real,as informaes essenciais tomada de deciso devem ser buscadas nosautos do processo, s vezes em meio a centenas de documentos. Aredao em si, apenas uma parte do trabalho!

    A pea de natureza tcnica bem parecida com uma dissertao,vale dizer, tambm deve ser redigida em linguagem impessoal, deforma clara e objetiva, alm de ser estruturada em introduo,desenvolvimentoe concluso. Nas peas tcnicas elaboradas no TCU,essas trs partes da estrutura de um bom texto so subdividas em outrostpicos, de acordo com a natureza do processo que se est analisando. o que veremos em seguida.

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    Qual a estrutura bsica de uma pea tcnica?

    Uma boa pea tcnica deve ser estruturada da seguinte forma:

    1) Introduo ou relatrio2) Exame de admissibilidade (se for o caso)3) Exame tcnico4) Concluso5) Proposta de encaminhamento

    Vamos ento aprender as informaes que devem constar em cada

    um desses campos:

    1) Introduo ou relatrio

    A introduo ou relatrio o campo destinado apresentao doprocesso ou assunto em exame. Deve registrar o tipo de processo, rgo,entidade ou agente responsvel envolvido, assunto, valores e outroselementos que identifiquem a matria tratada.

    Essas informaes vo estar disponveis no enunciado da questo.

    Assim, no h problema algum em transcrever na pea os termos exatosdo enunciado. Pelo contrrio, at desejvel, pois evita o esquecimentode algum ponto importante a ser tratado.

    Exemplos

    Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo Ministrio XYZ, tendo

    como responsvel o Sr. fulano de tal, prefeito do Municpio ABC, devido omisso

    no dever de prestar contas dos recursos federais repassados aludida

    municipalidade por meio do Convnio 123/2012, firmado com o objetivo de realizar

    a obra tal, no valor de R$ (...).

    -------------------

    Trata-se de representao formulada pela empresa XYZ, com base na Lei de

    Licitaes, versando sobre possveis irregularidades no prego eletrnico 456/2012,

    conduzido pela empresa pblica ABC, que tinha por objeto a aquisio de material

    de expediente para a entidade.

    As possveis irregularidades apresentadas pelo denunciante so: 1) (...); 2) (...) e

    3) (...)

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    Portanto, na introduo, faa um relato de todos os detalhes trazidosno comando da questo, tal qual foram apresentados pela banca.

    2) Exame de admissibilidade

    Esse campo especfico para processos em que a legislao exigelegitimao do sujeito para demandar ao TCU. Assim, aplica-se apenasaos seguintes tipos de processo:

    a) Denncia(CF, art. 74, 2; RI/TCU, art. 234);b)Representao (RI/TCU, art. 237; Lei de Licitaes, art. 113);c) Consulta(RI/TCU, art. 264);d)

    Solicitao do Congresso Nacional (RI/TCU, art. 232);

    e) Recursos(RI/TCU, art. 285 a 289).No exame de admissibilidade, deve-se analisar se a pessoa que

    apresenta a denncia, representao, consulta, solicitao do Congressoou recurso possui ou no legitimidade para faz-lo. Embora o principaltema a ser avaliado no exame de admissibilidade seja a legitimao dosujeito, outros pontos tambm devem ser analisados, caso as informaesdo enunciado permitam. Um exemplo examinar se o assunto aduzido

    pela pessoa est ou no no rol de competncias do Tribunal. Alm disso,outros requisitos de admissibilidade especficos de cada instituto tambmdevem ser objeto de avaliao. Por exemplo, o relator ou Tribunal noadmitir consulta que verse apenas sobre caso concreto (RI/TCU,art. 265). Assim, o exame de admissibilidade de uma consulta deveanalisar se ela atende ou no a essa condio.

    Por outro lado, no necessrio realizar exame de admissibilidadenos demais tipos de processos, como os processos de contas, de

    fiscalizao (auditorias, inspees, levantamentos, acompanhamentos emonitoramentos) e nos processos de atos sujeitos a registro. Da mesmaforma, se o enunciado da questo no especificar o tipo de processo, oexame de admissibilidade desnecessrio.

    Exemplo

    Registra-se que a representao preenche os requisitos de admissibilidade

    constantes do Regimento Interno, haja vista ter sido apresentada por pessoa

    legitimadasenador da Repblica. Alm disso, refere-se a matria de competnciado TCU e a administrador sujeito sua jurisdio, bem como est redigida em

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    linguagem clara, objetiva e acompanhada de documentao relativa ao fato

    denunciado.

    Tambm aqui, os dados includos no exame de admissibilidade devemser retirados do enunciado. A anlise deve ser restrita a essasinformaes.

    A rigor, se a concluso for pelo no atendimento dos requisitos deadmissibilidade, a etapa posterior da pea, o exame tcnico, ir serestringir a informar que, uma vez no atendidos os requisitos, o processodeve ser arquivado com cincia aos interessados. Ou seja, no feita aanlise de mrito. Porm, acho muito pouco provvel que a banca traga

    uma situao dessas, pois perderia a oportunidade de avaliar osconhecimentos do candidato quanto ao caso concreto.

    3) Exame tcnico

    Esse o campo mais relevante da pea tcnica. Deve conter aexposio sucinta da matria trazida no comando da questo, o respectivoexame luz da legislao, doutrina e/ou jurisprudncia, assim como oencaminhamento considerado pertinente.

    Aqui local em que o elaborador da pea deve demonstrar seuconhecimento e capacidade de anlise, indicando as irregularidadesporventura existentes na situao apresentada pela banca, as normasinfringidas, os danos causados, os respectivos responsveis e aprovidncia mais adequada a ser adotada pelo Tribunal diante do caso.

    Exemplo

    No mrito, a contratao deve ser considerada irregular, pois afronta

    disposies da Lei de Licitaes que estabelecem isso, isso e aquilo, conforme

    evidenciado na documentao apresentada pelo representante. Ao contrrio, o

    gestor deveria ter feito de tal maneira, em atendimento aos ditames da lei.

    Ademais, verificou-se que a conduta causou dano ao errio, no valor de R$ (...),

    conforme documento tal.

    Diante disso, a providncia a ser adotada pelo Tribunal, nos termos da sua Lei

    Orgnica, a converso do processo em tomada de contas especial, para citao do

    responsvel para apresentar defesa ou recolher a importncia devida.

    --------------------

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    Quanto ao assunto X, verifica-se isso, isso e aquilo. Diante disso, tal

    providncia deve ser adotada.

    Em relao ao assunto Y, verifica-se isso, isso e aquilo, pelo que se prope tal

    providncia.

    Por fim, no que tange ao assunto Z, verifica-se isso, isso e aquilo. Dessa forma,

    o Tribunal deve adotar tal providncia.

    Geralmente, as questes pedem para o candidato se pronunciar sobreuma lista de assuntos relacionados situao trazida no comando daquesto. No exame tcnico, todos os pontos exigidos pela banca devemser abordados, seguidos do entendimento do candidato sobre o mrito de

    cada um desses pontos. A estrutura apresentada no segundo exemploacima uma boa forma de organizar essas ideias, sem deixar nada paratrs.

    4) Concluso

    Na concluso deve ser registrada a sntese da anlise realizada e dasprovidncias a serem includas na proposta de encaminhamento.

    Deve incluir informao sobre o conhecimento e procedncia, ou no,

    da denncia, da representao ou do recurso. Nos processos de contas, aconcluso deve informar se as anlises realizadas conduzem aojulgamento pela regularidade, regularidade com ressalva ouirregularidade.

    Se a concluso for pela imputao de dbito ou alguma sano, umaimportante providncia a ser adotada dar oportunidade de defesa aoresponsvel, mediante a respectiva citaoou audincia. Caso a decisoproposta ao Tribunal tambm afetar um terceiro, deve-se ainda promovera oitivadessa parte afetada.

    Exemplos

    Do exposto, conclui-se que, nos termos da Lei Orgnica do TCU, a

    representao deve ser conhecida para, no mrito, ser considerada procedente, eis

    que a conduta do gestor caracteriza infrao Lei de Licitaes.

    Diante das ilegalidades constatadas, prope-se a audincia prvia do

    responsvel para que apresente suas razes de justificativa. Caso a defesa no elida

    a causa da impugnao, prope-se a aplicao de multa ao responsvel, conforme

    previsto na Lei Orgnica do TCU, bem como a emisso de determinaes ao rgo

    para corrigir as falhas identificadas e prevenir a ocorrncias de outras semelhantes,

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    nos termos da proposta de encaminhamento a seguir.

    ---------------------

    Por todo o exposto, conclui-se que, nos termos da Lei Orgnica do TCU, as

    contas do responsvel devem ser julgadas regulares com ressalva, eis que

    apresentam as seguintes falhas de natureza formal que no caracterizam dano ao

    errio: (enumerar as falhas).

    No esqueam de que importante informar os fundamentos (lei,doutrina ou jurisprudncia) que sustentam suas concluses. Todavia, no necessrio citar o nmero de artigos e pargrafos, ou mesmo, das leis.Basta, por exemplo, mencionar que a concluso se fundamenta na

    Lei Orgnica, Lei de Licitaes, Lei de Responsabilidade Fiscal etc.5) Proposta de encaminhamento

    Neste campo so reunidas as sugestes de providncias que, naopinio do elaborador da pea, merecem ser adotadas pelo TCU vistados elementos apresentados no comando da questo e da anliseempreendida.

    As propostas devem ser compatveis com as concluses formuladas e

    indicar a base legal que permite ao TCU adotar as providncias sugeridas.Na maior parte dos casos, a base legal ser a Lei Orgnica ou oRegimento Interno do Tribunal, na qual esto consubstanciadas ascompetncias da Corte de Contas, podendo ser tambm a ConstituioFederal.

    Exemplos

    Submete-se o processo considerao superior propondo a adoo das

    seguintes providncias:

    a) conhecer a presente representao, uma vez atendidos os requisitos de

    admissibilidade, nos termos do Regimento Interno;

    b) considerar procedente a presente representao, eis que a conduta do

    gestor caracteriza infrao Lei de Licitaes;

    c) promover, nos termos da Lei Orgnica do TCU, a audincia do Sr. Fulano de

    Tal, responsvel pela infrao lei, para que apresente suas razes de justificativa;

    d) aplicar ao Sr. Fulano de Tal a multa prevista na Lei Orgnica do TCU, caso assuas justificativas no elidam o fundamento da impugnao.

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    Submete-se o processo considerao superior propondo a adoo das

    seguintes providncias:

    a) julgar regulares com ressalva as contas do responsvel, com base na Lei

    Orgnica do TCU, eis que apresentam falhas de natureza formal das quais no

    resultou dano ao errio;

    b) determinar ao rgo XYZ, com base na Lei Orgnica do TCU, que faa isso,

    isso e aquilo para corrigir as falhas identificadas;

    c) arquivar o presente processo, com fulcro no Regimento Interno.

    Para saber as principais providncias que podem ser adotadas peloTCU nas diversas situaes, os seguintes dispositivos do RegimentoInterno devem estar na ponta da lngua:

    Art. 202, 207, 208, 209, 211, 250, 251, 252, 267, 268, 270, 271,

    273, 274, 275 e 276.

    Alm da apresentao e estrutura da pea, outro aspecto avaliadopela banca a qualidade do texto. Vamos ver ento algumas dicas para

    melhorar a redao.

    Quais so os requisitos de qualidade de uma pea tcnica?

    Uma boa pea tcnica h que ser redigida observando-se osseguintes requisitos de qualidade: clareza, preciso, conciso eimpessoalidade.

    I - para obteno de clareza:

    a)usar palavras e expresses em sentido comum, sem preciosismos,regionalismos e neologismos;b)apresentar os fatos, argumentos e concluses em sequncia lgica,

    progressiva, de forma ordenada e objetiva;

    c) usar frases curtas e concisas;d)construir oraes na ordem direta, sem intercalaes

    desnecessrias;

    e)primar pela correo gramatical;

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    f) utilizar o mesmo tempo verbal em todo o texto, dando prefernciaao tempo presente ou ao futuro simples do presente;

    g)observar o paralelismo, adotando a mesma forma gramatical paraexpor ideias similares ou para apresentar um elenco deconstataes ou propostas;

    h)usar recursos de pontuao de forma judiciosa, evitando abusos decarter estilstico.

    II - para obteno de preciso:

    a)utilizar linguagem tcnica ou comum, que enseje perfeitacompreenso do objetivo do texto, evidenciando o contedo e o

    alcance pretendidos;b)expressar a ideia, quando repetida no texto, por meio das mesmas

    palavras do enunciado, evitando o emprego de sinnimos compropsito meramente estilstico;

    c) evitar emprego de expresses ou palavras que confiram duplosentido ao texto;

    d)escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maiorparte do territrio nacional, evitando o uso de expresses locais ouregionais;

    e)usar apenas siglas consagradas pelo uso, observando o princpio deque a primeira referncia no texto seja acompanhada deexplicitao de seu significado.

    III - para obteno de conciso:

    a) ir direto ao assunto, evitando comentrios e anlises desnecessrios formao do entendimento;

    b) restringir a anlise aos pontos indicados no enunciado, evitandotratar de questes no levantadas pela banca;

    c) realizar planejamento prvio para ordenar as ideias e estruturar oraciocnio, estabelecendo os pontos que devero constar do exametcnico (conforme exigido no enunciado), o critrio de organizaotextual e definindo um roteiro que oriente a elaborao do texto eque possibilite otimizar o uso do tempo.

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    IV - para obteno de impessoalidade:

    a) redigir em terceira pessoa.Lembre-se de que o foco do texto oassunto tratado e no a opinio pessoal do candidato. Dessa forma,

    ao invs de escrever entendo, considero, proponho e naminha opinio, escreva entende-se, considera-se, prope-se esegundo entendimento;

    b)apresentar o texto de forma equilibrada, em termos de contedo etom;

    c) evitar a utilizao de adjetivos ou de outros termos que valorizemde forma subjetiva as questes tratadas;

    d) fundamentar as concluses em critrios objetivos, como dispositivoslegais, normas e jurisprudncia.

    isso pessoal. A observncia desses requisitos de qualidade fatorimportantssimo, pois facilita em muito a compreenso do texto e,consequentemente, o trabalho do examinador, com reflexo na nota devocs. Para assimil-los, trs regrinhas bsicas: praticar, praticar epraticar!

    ----------------------------

    Com isso terminamos a primeira parte da aula. Em seguida,apresentarei trs modelos de peas tcnicas elaboradas por mim, a partirde enunciados de provas anteriores. Antes das propostas de soluo,inseri algumas orientaes gerais sobre os assuntos tratados, a fim defundamentar minhas respostas e tambm para que voc possa ter umnorte na elaborao das suas prprias respostas.

    Ressalto que minhas propostas de soluo no so os gabaritos dasquestes, mas apenas exemplos de resoluo que, na minha opinio,

    atenderiam bem as exigncias da banca.

    Observe o meu estilo de escrita, procure assimilar aquilo que teagrada e incorpore ao seu prprio estilo, nunca se esquecendo deobservar a estrutura bsica de uma pea tcnica, assim como osrequisitos de qualidade apresentados na aula.

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    MODELOS DE PEAS TCNICAS

    1. (TCU - ACE 2005 - Cespe, adaptada) A Unio pretende realizarrecuperao de um trecho de rodovia federal, o que envolver obras deterraplenagem, pavimentao e drenagem. Por considerar que essarecuperao um objeto divisvel, a Unio realizou trs concorrncias,uma para cada um dos tipos de obra acima relacionados (terraplenagem,pavimentao e drenagem), embora o custo estimado para cada umadelas era de 20% a 30% inferior ao limite mximo para a realizao delicitaes para obras e servios de engenharia na modalidade tomada depreos. Nos trs editais de licitao, foi definido regime de execuo deempreitada por preo global. Diante dessa situao, uma das empresas

    licitantes protocolou representao no Tribunal de Contas da Unio (TCU),alegando que a diviso do objeto em trs licitaes distintas evidenciavafracionamento de despesa, sendo, portanto, uma afronta s disposiesda Lei 8.666/1993. Alm disso, a empresa licitante informou, noexpediente encaminhado ao TCU, que o regime de execuo da obra seriainadequado, pois o correto seria o regime de empreitada integral.

    Tendo em vista essa situao hipottica, redija uma pea de naturezatcnica em que sejam avaliadas a admissibilidade da representao, a

    viabilidade do fracionamento da recuperao em trs procedimentoslicitatrios, bem como a adequao da modalidade de licitao e doregime de execuo definidos.

    Extenso mxima: 50 linhas.

    Orientaes Gerais

    Vamos relembrar os trechos da legislao e da jurisprudncia do TCUnecessrios soluo da questo:

    I) Admissibilidade da representao

    Nos termos do Regimento Interno do TCU, compete ao Tribunaldecidir sobre representaes relativas a licitaes e contratosadministrativos (art. 1, XXVI).

    Ademais, o Regimento tambm nos informa que:

    Art. 237. Tm legitimidade para representar ao Tribunal de Contas da

    Unio:

    VII outros rgos, entidades ou pessoas que detenham essa prerrogativapor fora de lei especfica.

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    Por sua vez, a Lei 8.666/1993 (Lei de Licitaes) assim dispe:

    Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais

    instrumentos regidos por esta Lei ser feito pelo Tribunal de Contas

    competente, na forma da legislao pertinente, ficando os rgosinteressados da Administrao responsveis pela demonstrao da

    legalidade e regularidade da despesa e execuo, nos termos da

    Constituio e sem prejuzo do sistema de controle interno nela previsto.

    1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa fsica ou jurdica

    poderrepresentar ao Tribunal de Contasou aos rgos integrantes do

    sistema de controle interno contra irregularidades na aplicao desta Lei,

    para os fins do disposto neste artigo.

    Assim, na interpretao conjunta do art. 1, XXVI e art. 237, VII,ambos do RI/TCU, com o art. 113, 1 da Lei de Licitaes, conclui-se quea representao deve ser conhecida pelo Tribunal.

    II) Viabilidade do fracionamento da recuperao

    A Lei de Licitaes dispe que:

    Ar. 23 (...)

    1o As obras, servios e compras efetuadas pela Administrao sero

    divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem tcnica eeconomicamente viveis, procedendo-se licitao com vistas ao melhor

    aproveitamento dos recursos disponveis no mercado e ampliao da

    competitividade sem perda da economia de escala.

    2o Na execuo de obras e servios e nas compras de bens, parceladas

    nos termos do pargrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da

    obra, servio ou compra, h de corresponder licitao distinta, preservada

    a modalidade pertinente para a execuo do objeto em licitao.

    Nos termos da Smula n 247 do TCU, o parcelamento obrigatrioquando o objeto da contratao tiver natureza divisvel, desde que nohaja prejuzo para o conjunto a ser licitado.

    Portanto, o gestor agiu corretamente ao fracionar o objeto dalicitao em trs licitaes relacionadas s etapas de terraplenagem,pavimentao e drenagem.

    III) Adequao da modalidade de licitao

    A modalidade a ser adotada na licitao em cada uma das parcelasdeve ser aquela que seria utilizada caso houvesse uma contratao nica,isto , a escolha da modalidade deve ser feita em face do montante

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    conjunto de todas as contrataes. O desmembramento do objeto comvistas a utilizar modalidade de licitao mais simples do que se o objetofosse licitado em sua totalidade chamado de fracionamento e no

    permitido (Lei de Licitaes, art. 23, 5).Dessa forma, a escolha da modalidade concorrncia para cada

    licitao foi acertada, vez que, embora o valor de cada etapa justificasse arealizao de tomada de preos, o valor global da despesa do objetoparcelado apontava para a modalidade concorrncia.

    IV) Adequao do regime de execuo

    Segundo a publicao Licitaes Contratos orientaes ejurisprudncia do TCU, 4 edio, temos as seguintes definies:

    Empreitada por preo global utilizada quando se contrata execuo de

    obra ou prestao de servio por preo certo para a totalidade do objeto.

    Verifica-se geralmente nos casos de empreendimentos comuns. Exemplo:

    construo de escolas e pavimentao de vias pblicas, nas quais os

    quantitativos de materiais empregados so pouco sujeitos a alteraes

    durante a execuo do contrato, pois podem ser mais bem identificados na

    poca de elaborao do projeto.

    Empreitada integral usada quando se contrata, por exemplo,

    empreendimento na integralidade, com todas as etapas da obra, servio einstalaes correspondentes. Nesse regime, o contratado assume inteira

    responsabilidade pela execuo do objeto at a entrega Administrao

    contratante para uso.

    Em suma, utiliza-se empreitada por preo global nos deempreendimentos comuns e empreitada integral nos empreendimentos degrande vulto e complexidade. Portanto, a opo do regime de execuofeita pelo gestor foi adequada, ao contrrio do que afirma o

    representante.Com isso, j somos capazes de elaborar a pea tcnica requisitada

    pela banca. Vejamos uma possvel resposta.

    Proposta de soluo

    INTRODUO

    Trata-se de representao formulada por empresa licitante, versando

    sobre possveis irregularidades em obra contratada pela Unio para recuperar

    um trecho de rodovia federal.

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    Para realizao da obra, a Unio promoveu trs licitaes na modalidade

    concorrncia, uma para cada etapa do empreendimento (terraplenagem,

    pavimentao e drenagem). O custo estimado para cada etapa foi de 20% a

    30% inferior ao limite mximo para a realizao de tomada de preos. Nostrs editais de licitao foi definido regime de execuo de empreitada por

    preo global.

    A empresa representante alega que a diviso do objeto em trs licitaes

    distintas evidencia fracionamento de despesa, contrariando as disposies da

    Lei 8.666/1993. Alm disso, segundo a empresa representante, o regime de

    execuo de empreitada por preo global seria inadequado, pois o correto

    seria o regime de empreitada integral.

    EXAME DE ADMISSIBILIDADE

    Preliminarmente, registre-se que a representao preenche os requisitos

    de admissibilidade previstos na legislao pertinente, pois foi apresentada por

    pessoa legitimada (empresa licitante), bem como versa sobre matria afeta

    competncia do Tribunal.

    EXAME TCNICO

    No mrito, verifica-se que as alegaes da empresa representante no

    merecem prosperar.Com efeito, o fracionamento de despesas, ao contrrio do aludido pela

    representante, caracteriza-se quando se divide a despesa com o intuito de

    utilizar modalidade de licitao inferior recomendada pela legislao para o

    total da despesa. No caso concreto, verifica-se que a escolha da modalidade

    concorrncia para cada licitao foi acertada, vez que, embora o valor de

    cada etapa justificasse a realizao de tomada de preos, o valor global da

    despesa do objeto parcelado apontava para a modalidade concorrncia.

    Ademais, o gestor agiu corretamente ao fracionar o objeto da licitao

    em trs licitaes relacionadas s etapas de terraplenagem, pavimentao e

    drenagem, visto que, luz da Lei de Licitaes e da jurisprudncia do Tribunal

    de Contas da Unio, o parcelamento obrigatrio quando o objeto da

    contratao tiver natureza divisvel, desde que no haja prejuzo para o

    conjunto a ser licitado.

    Por sua vez, tambm no h irregularidade na definio do regime de

    execuo da obra, ao contrrio do que afirma a representante, tendo em vista

    que a recuperao de rodovia consiste em empreendimento comum, para o

    qual o regime de execuo de empreitada por preo global o mais indicado.

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    CONCLUSO

    Pelo exposto, entende-se que a presente representao deve ser

    conhecida para, no mrito, ser considerada improcedente.

    PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

    Submete o processo considerao superior propondo: a) conhecer da

    representao para, no mrito, consider-la improcedente; b) dar cincia da

    deliberao que vier a ser proferida, bem como do Relatrio e do Voto que a

    fundamentarem, empresa representante e Unio; c) arquivar o presente

    processo.

    ----------------------------

    Os ttulos dos campos introduo, exame tcnico, concluso etc. no so

    obrigatrios, mas melhoram a organizao do texto. Insira-os apenas se no

    causar comprometimento do contedo por causa da limitao de linhas.

    2. (TCU - ACE 2004 - Cespe) Um ente pblico precisou adquirir, emcerto exerccio, o valor de R$ 500.000,00 em equipamentos deinformtica. O administrador desse ente determinou que fossemrealizadas diversas aquisies, cada uma com valor inferior ao limiteautorizado para dispensa de licitao. Dessa forma, todas as contrataesforam diretas, sob o fundamento da dispensa. Essa prtica foi detectadano exame da prestao de contas do referido ente pblico. Apesar doocorrido, constatou-se no ter havido leso ao errio, pois as contrataesforam realizadas por valores de mercado.

    Em face da situao hipottica acima, redija um parecer que,necessariamente, contemple consideraes a respeito da validade jurdicadas aquisies, apontando de que modo o Tribunal de Contas da Unio(TCU) dever julg-las e que providncias caber a esse tribunaldeterminar.

    Extenso mxima: 50 linhas.

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    Orientaes Gerais

    A questo nos pede para elaborar uma instruo de mrito em umprocesso de contas ordinria, especificamente quanto situao

    apresentada, caracterizadora do fracionamento de despesas.O fracionamento ocorre quando se divide a despesa para utilizar

    modalidade de licitao inferior recomendada pela legislao para o totalda despesa ou para efetuar contratao direta.

    A Lei 8.666/1993 veda o fracionamento de despesa:

    Art. 23. (...)

    1o As obras, servios e compras efetuadas pela Administrao sero

    divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem tcnica eeconomicamente viveis, procedendo-se licitao com vistas ao melhor

    aproveitamento dos recursos disponveis no mercado e ampliao da

    competitividade sem perda da economia de escala.

    2o Na execuo de obras e servios e nas compras de bens, parceladas

    nos termos do pargrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da

    obra, servio ou compra, h de corresponder licitao distinta, preservada

    a modalidade pertinente para a execuo do objeto em licitao.

    Em resumo, se a Administrao optar por realizar vrias licitaes aolongo do exerccio financeiro, para um mesmo objeto ou finalidade, deverpreservar sempre a modalidade de licitao pertinente ao todo quedeveria ser contratado.

    Por exemplo: se a Administrao tem conhecimento de que, noexerccio, precisar substituir 1.000 cadeiras de um auditrio, cujo preototal demandaria a realizao de tomada de preos, no lcita arealizao de vrios convites para a compra das cadeiras, fracionando adespesa total prevista em vrias despesas menores que conduzem modalidade de licitao inferior exigida pela lei.

    No raras vezes, o fracionamento de despesa ocorre pela ausncia deplanejamento da Administrao, o que no justifica a irregularidade,conforme entendimento consolidado na jurisprudncia do TCU:

    A ausncia de realizao de processo licitatrio para contrataes ou

    aquisies de mesma natureza, em idntico exerccio, cujos valores globais

    excedam o limite legal previsto para dispensa de licitao, demonstra falta

    de planejamento e implica fuga ao procedimento licitatrio e fracionamento

    ilegal da despesa.

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    Portanto, na situao apresentada, o gestor responsvel efetuoufracionamento da despesa, pois, diante do valor global da compra noexerccio (R$ 500.000,00) de um mesmo material (equipamentos de

    informtica), a modalidade que deveria ter sido utilizada era a tomada depreos (Lei de Licitaes, art. 23, II, b).

    A Lei Orgnica do TCU informa que:

    Art. 12. Verificada irregularidade nas contas, o Relator ou o Tribunal:

    I - definir a responsabilidade individual ou solidria pelo ato de gesto

    inquinado;

    (...)

    III - se no houver dbito, determinar a audinciado responsvel para,

    no prazo estabelecido no Regimento Interno, apresentar razes de

    justificativa;

    (...)

    Art. 16. As contas sero julgadas:

    (...)

    III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrncias:

    (...)

    b) prtica de ato de gesto ilegal, ilegtimo, antieconmico, ou infrao

    norma legal ou regulamentar de natureza contbil, financeira,

    oramentria, operacional ou patrimonial;

    (...)

    Art. 19. (...)

    Pargrafo nico. No havendo dbito, mas comprovada qualquer das

    ocorrncias previstas nas alneas a, be c do inciso III, do art. 16, o Tribunal

    aplicarao responsvel a multaprevista no inciso I do art. 58, desta Lei.

    Art. 58. O Tribunal poder aplicar multa(...), aos responsveis por:

    (...)

    II - ato praticado com grave infrao norma legal ou regulamentar de

    natureza contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial;

    Assim, em que pese no ter havido prejuzo ao errio - pois osequipamentos foram adquiridos a preo de mercado - a prtica de atocom infrao a norma legal (no caso, com afronta Lei de Licitaes)

    acarreta a irregularidade das contas.

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    Preliminarmente, o Tribunal deve assegurar o contraditrio e a ampladefesa, realizando a audincia do responsvel para que apresente suasrazes de justificativa (no caso, porque no houve dbito; se houvesse,

    seria citao).Pronto. Agora s elaborar a pea tcnica. Vamos l?

    Proposta de soluo

    INTRODUO

    Trata-se da prestao de contas de ente pblico federal referente a certo

    exerccio, de responsabilidade do respectivo administrador.

    No exerccio em exame, o ente pblico adquiriu equipamentos de

    informtica no valor global de R$ 500.000,00.

    Para tanto, o administrador do ente determinou que fossem realizadas

    diversas aquisies, cada uma com valor inferior ao limite autorizado para

    dispensa de licitao. Dessa forma, todas as contrataes foram diretas, sob

    o fundamento da dispensa, caracterizando o fracionamento da despesa.

    Cumpre salientar que, apesar do ocorrido, constatou-se no ter havido

    leso ao errio, pois as contrataes foram realizadas por valores de

    mercado.EXAME TCNICO

    No mrito, pode-se considerar que a conduta do responsvel, muito

    embora no tenha causado prejuzo ao errio, afrontou disposio expressa

    na Lei de Licitaes, bem como no observou a jurisprudncia desta Corte

    sobre o assunto.

    Com efeito, tem-se pacificado que, caso a Administrao opte por

    realizar vrias licitaes ao longo do exerccio financeiro, para um mesmo

    objeto ou finalidade, dever preservar sempre a modalidade de licitao

    pertinente ao todo que deveria ser contratado. No caso concreto, o valor

    global da contratao, de R$ 500.000,00, exigia licitao na modalidade

    tomada de preos, de modo que as diversas contrataes diretas realizadas,

    sob fundamento de dispensa, caracterizam fracionamento ilegal da despesa,

    assim como demonstram a falta de planejamento do administrador.

    Dessa forma, a no eliso das irregularidades pelo responsvel d

    ensejo ao julgamento de suas contas como irregulares, com aplicao de

    multa, nos termos da Lei Orgnica do Tribunal (LO/TCU). Por isso, a fim de

    assegurar o contraditrio e a ampla defesa, prope-se a sua audincia prvia,

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    para que apresente razes de justificativa. Adicionalmente, prope-se a

    expedio de determinao com vistas a prevenir futuras irregularidades

    semelhantes.

    CONCLUSODo exposto, verifica-se que o fracionamento de despesas caracterizou

    afronta Lei de Licitaes. Diante da ilegalidade, como medida preliminar,

    prope-se a audincia responsvel para que apresente suas razes de

    justificativa. Caso a defesa apresentada em resposta audincia for

    insuficiente para elidir ou justificar o fracionamento de despesas, as contas do

    gestor devem ser julgadas irregulares, com aplicao de multa, nos termos da

    Lei Orgnica. Por outro lado, caso a defesa afaste a ilegalidade, as contas

    devem ser julgadas regulares, com quitao plena ao responsvel.

    PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

    Submete-se o processo considerao superior propondo, com

    fundamento na LO/TCU:

    a) determinar a audincia do administrador responsvel, a fim de que

    apresente razes de justificativa para o fracionamento de despesas;

    b) julgar irregulares as contas do administrador responsvel, caso suas

    justificativas no elidam o fundamento da impugnao, bem como aplicar-lhea multa prevista na Lei Orgnica;

    c) alternativamente, julgar regulares as contas do administrador

    responsvel, caso suas justificativas elidam o fundamento da impugnao,

    dando-lhe quitao plena;

    c) determinar ao ente pblico federal que planeje a atividade de compras,

    de modo a evitar o fracionamento na aquisio de produtos de igual natureza,

    possibilitando a utilizao da correta modalidade de licitao, nos termos da

    legislao em vigor;

    d) arquivar o presente processo.

    -------------------------

    Nesse exemplo, lembre-se de que o Tribunal julga as contas doresponsvel. O administrador responde pessoalmente pela regularidade dasua gesto. Por outro lado, as determinaes, assim como asrecomendaes, geralmente so dirigidas ao rgo ou entidade. Isso

    porque o objetivo de tais deliberaes prevenir futuras irregularidadesno rgo, independente de quem esteja na sua direo.

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    Se o espao disponvel para o texto for muito reduzido, o campo conclusopode ser suprimido, desde que as anlises e providncias para cada ponto

    apresentado no enunciado estejam devidamente apresentadas no exame

    tcnico. Nessa hiptese, passa-se direto do exame tcnico para a proposta de

    encaminhamento.

    --------------------------

    3. (TCU TFCE 2012 Cespe)Considere que, no relatrio de gesto

    fiscal do primeiro quadrimestre de 2012 do Poder Executivo federal, ovalor total das despesas com pessoal tenha alcanado 39% da receitacorrente lquida, conforme definies previstas na Lei de ResponsabilidadeFiscal (LRF).

    Redija, na qualidade de tcnico federal de controle externo do TCU, umrelatrio tcnico acerca da situao hipottica apresentada acima.

    Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    < papel do TCU diante dessa situao; [valor: 4,00 pontos]

    < consequncias para o Poder Executivo federal decorrentes doestabelecido na LRF; [valor: 8,00 pontos]

    < providncias a serem tomadas pelo governo federal a respeito dessasituao nos prximos quadrimestres. [valor: 6,00 pontos]

    Extenso mxima:30 linhas

    Orientaes gerais

    Nessa questo, o enunciado no informa o tipo de processo que apea tcnica dever instruir: se uma prestao de contas, umarepresentao, uma denncia etc. Mas isso no tem importncia. Vamosresolver utilizando a mesma estrutura que aprendemos na aula, apenasfazendo as adaptaes necessrias para torn-la mais genrica. No caso,considerando ainda o espao reduzido disponvel para a resposta(30 linhas), vamos abordar os pontos exigidos no enunciado escrevendoapenas a introduo, o exame tcnico e a proposta de encaminhamento.

    Antes, porm, vamos dar uma olhada nos dispositivos da LRFaplicveis situao apresentada:

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    LRF:

    Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da

    Constituio, a despesa total com pessoal, em cada perodo de

    apurao e em cada ente da Federao, no poder exceder ospercentuais da receita corrente lquida, a seguir discriminados:

    I - Unio: 50% (cinquenta por cento);

    II - Estados: 60% (sessenta por cento);

    III - Municpios: 60% (sessenta por cento).

    (...)

    Art. 20. A repartio dos limites globais do art. 19 no poder

    exceder os seguintes percentuais:

    I - na esfera federal:

    a) 2,5% (dois inteiros e cinco dcimos por cento) para o Legislativo,

    includo o Tribunal de Contas da Unio;

    b) 6% (seis por cento) para o Judicirio;

    c) 40,9% (quarenta inteiros e nove dcimos por cento) para o

    Executivo, destacando-se 3% (trs por cento) para as despesas com

    pessoal decorrentes do que dispem os incisos XIII e XIV do art. 21 da

    Constituio e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos deforma proporcional mdia das despesas relativas a cada um destes

    dispositivos, em percentual da receita corrente lquida, verificadas nos trs

    exerccios financeiros imediatamente anteriores ao da publicao desta Lei

    Complementar;

    d) 0,6% (seis dcimos por cento) para o Ministrio Pblico da Unio;

    (...)

    Art. 22.A verificao do cumprimento dos limites estabelecidos nos

    arts. 19 e 20 ser realizada ao final de cada quadrimestre.

    Pargrafo nico. Se a despesa total com pessoal exceder a 95%

    (noventa e cinco por cento) do limite, so vedados ao Poder ou

    rgo referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:

    I - concesso de vantagem, aumento, reajuste ou adequao de

    remunerao a qualquer ttulo, salvo os derivados de sentena

    judicial ou de determinao legal ou contratual, ressalvada a

    reviso prevista no inciso X do art. 37 da Constituio;

    II - criao de cargo, emprego ou funo;

    III - alterao de estrutura de carreira que implique aumento de

    despesa;

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    IV - provimento de cargo pblico, admisso ou contratao de

    pessoal a qualquer ttulo, ressalvada a reposio decorrente de

    aposentadoria ou falecimento de servidores das reas de educao,

    sade e segurana;

    V - contratao de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II

    do 6o do art. 57 da Constituio e as situaes previstas na lei de

    diretrizes oramentrias.

    Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou rgo referido no art.

    20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuzo das

    medidas previstas no art. 22, o percentual excedente ter de ser

    eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um

    tero no primeiro, adotando-se, entre outras, as providncias

    previstas nos 3 e 4o do art. 169 da Constituio.

    (...)

    3o No alcanada a reduo no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o

    excesso, o ente no poder:

    I - receber transferncias voluntrias;

    II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;

    III - contratar operaes de crdito, ressalvadas as destinadas ao

    refinanciamento da dvida mobiliria e as que visem reduo das despesas

    com pessoal.

    4o As restries do 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total

    com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do ltimo ano do

    mandato dos titulares de Poder ou rgo referidos no art. 20.

    (...)

    Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxlio dos Tribunais de

    Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministrio

    Pblico, fiscalizaro o cumprimento das normas desta Lei Complementar,

    com nfase no que se refere a:

    (...)

    1o Os Tribunais de Contas alertaro os Poderes ou rgos

    referidos no art. 20 quando constatarem:

    I - a possibilidade de ocorrncia das situaes previstas no inciso II do art.

    4 e no art. 9;

    II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90%

    (noventa por cento) do limite;

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    III - que os montantes das dvidas consolidada e mobiliria, das operaes

    de crdito e da concesso de garantia se encontram acima de 90%

    (noventa por cento) dos respectivos limites;

    IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limitedefinido em lei;

    V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou

    indcios de irregularidades na gesto oramentria.

    2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os clculos dos

    limites da despesa total com pessoal de cada Poder e rgo referido

    no art. 20.

    Vamos ver tambm o que dispe os 3 e 4 do art. 169 da

    Constituio Federal, que foram mencionados no art. 23 da LRF:

    Constituio Federal:

    Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da Unio, dos Estados, do

    Distrito Federal e dos Municpios no poder exceder os limites

    estabelecidos em lei complementar.

    3 Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo,

    durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a Unio, os

    Estados, o Distrito Federal e os Municpios adotaro as seguintes

    providncias:

    I - reduo em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos

    em comisso e funes de confiana;

    II - exonerao dos servidores no estveis.

    4 Se as medidas adotadas com base no pargrafo anterior no

    forem suficientespara assegurar o cumprimento da determinao da lei

    complementar referida neste artigo, o servidor estvel poder perder o

    cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes

    especifique a atividade funcional, o rgo ou unidade administrativa objeto

    da reduo de pessoal.

    Tambm vale a pena conhecer as disposies da Resoluo TCU142/2001, que regula as competncias atribudas ao TCU pela LRF:

    Resoluo TCU 142/2001:

    Art. 2 Observado o disposto no art. 59 da LRF, compete ao Tribunal de

    Contas da Unio auxiliar o Poder Legislativo a fiscalizar o

    cumprimento das normas da Lei de Responsabilidade Fiscal, com

    nfase no que se refere a:

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    (...)

    I - alcance das metas fsicas e fiscais estabelecidas na Lei de Diretrizes

    Oramentrias;

    II - limites e condies para realizao das operaes de crdito;

    III - condies para inscrio em restos a pagar;

    IV - medidas para o retorno da despesa total com pessoal ao

    respectivo limite, a teor do disposto nos arts. 22 e 23 da LRF;

    V - providncias tomadas para reconduo dos montantes das dvidas

    consolidada e mobiliria aos respectivos limites, conforme o disposto no art.

    31 da LRF;

    VI - destinao de recursos obtidos com a alienao de ativos, de acordo

    com o disposto no art. 44 da LRF.

    (...)

    Art. 5 Sero submetidas ao relator das contas de que trata o art. 71, inciso

    I, da Constituio Federal [contas do Presidente da Repblica]as seguintesmatrias:

    I - previso de receita includa na proposta oramentria;

    II - avaliao da metodologia e da memria de clculo da receita corrente

    lquida;

    III - clculo dos limites da despesa total com pessoal por Poder e

    rgo;

    (1) IV - alerta quanto s situaes mencionadas no inciso II do art.

    1, desta Resoluo [entre elas, que o montante da despesa total compessoal ultrapassou 90% do limite];

    V - infraes administrativas tipificadas no art. 5 da Lei n 10.028, de

    2000.

    1 As providncias cabveis quanto s matrias tratadas nos incisos I, II eIII podero ser adotadas diretamente pelo relator das contas a que se

    refere este artigo.

    2 Os limites da despesa total com pessoal sero informados aos Poderes

    e rgos referidos no inciso I do art. 1 desta Resoluo por aviso da

    Presidncia do Tribunal, sem prejuzo da divulgao no Dirio Oficial da

    Unio e na homepage do Tribunal de Contas da Unio.

    3 O alerta de que trata o inciso IV deste artigo ser efetuado por

    aviso da Presidncia do Tribunal e comunicado Comisso Mista

    Permanente de que trata o art. 166, 6, da Constituio Federal.

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    Controle Externo p/ AUFC TCU 2013

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Erick Alves Aula 08

    Prof. Erick Alves www. estrategiaconcursos.com.br 25de 26

    Proposta de soluo:

    INTRODUO

    Trata-se do relatrio de gesto fiscal do Poder Executivo federal

    referente ao primeiro quadrimestre de 2012, no qual se verifica que o valor

    total das despesas com pessoal alcanou 39% da receita corrente lquida,

    conforme definies previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

    EXAME TCNICO

    A despesa com pessoal do Poder Executivo federal no primeiro

    quadrimestre de 2012, ao alcanar 39% da receita corrente lquida, atingiu

    95,4% do limite imposto pela LRF, de 40,9%.

    Dessa forma, o Tribunal de Contas da Unio (TCU) dever alertar oExecutivo federal, vez que o montante da despesa total com pessoal

    ultrapassou 90% do limite.

    Considerando que o excesso tambm ultrapassou 95% do limite, o

    Executivo federal dever observar as vedaes impostas pela LRF, se

    abstendo de adotar medidas que impliquem aumento de despesa, como

    concesso de reajustes de remunerao, criao de cargos e admisso ou

    contratao de pessoal, salvo as excees previstas na Lei.

    Ademais, a fim de cumprir a LRF, o governo federal ter de eliminar o

    percentual excedente nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos

    um tero no primeiro. Para tanto, de acordo com a Constituio Federal,

    dever reduzir em pelo menos 20% as despesas com cargos em comisso e

    funes de confiana, alm de exonerar servidores no estveis. Se essas

    medidas no forem suficientes, o servidor estvel tambm poder perder o

    cargo.

    Nesse contexto, compete ainda ao TCU verificar os respectivos clculos

    do limite e as medidas adotadas para o retorno da despesa com pessoal ao

    patamar previsto na LRF.

    PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

    Pelo exposto, com fundamento na LRF, prope-se ao TCU: (i) alertar o

    Poder Executivo federal que o montante da despesa total com pessoal

    ultrapassou 90% do limite; (ii) verificar os clculos do limite; e (iii) verificar as

    medidas adotadas para o retorno da despesa com pessoal ao patamar

    previsto na LRF.------------------------

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