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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE FILOSOFIA LUCEMBERG DUTRA DOS SANTOS A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO Campina Grande - PB 2014

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0

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARABA

CENTRO DE EDUCAO

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CINCIAS SOCIAIS

CURSO DE FILOSOFIA

LUCEMBERG DUTRA DOS SANTOS

A IMPORTNCIA DA EDUCAO NA FORMAO DO HOMEM

GREGO

Campina Grande - PB 2014

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LUCEMBERG DUTRA DOS SANTOS

A IMPORTNCIA DA EDUCAO NA FORMAO DO HOMEM GREGO

Trabalho de Concluso de Curso (TCC) apresentado como

requisito para a obteno do ttulo de Licenciatura Plena

em Filosofia, na Universidade Estadual da Paraba, sob a

orientao do Prof. Me. Francisco Diniz de Andrade

Meira.

Campina Grande - PB 2014

expressamente proibida a comercializao deste documento, tanto na forma impressa como eletrnica.Sua reproduo total ou parcial permitida exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, desde que nareproduo figure a identificao do autor, ttulo, instituio e ano da dissertao.

A importncia da educao na formao do homem grego[manuscrito] / Lucemberg Dutra dos Santos. - 2014. 20 p.

Digitado. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Filosofia) -Universidade Estadual da Paraba, Centro de Educao, 2014. "Orientao: Prof. Dr. Francisco Diniz de Andrade Meira,Departamento de Filosofia".

S237i Santos, Lucemberg Dutra dos

21. ed. CDD 100

1. Filosofia 2. Educao 3. Filosofia Antiga 4. GrciaAntiga I. Ttulo.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me direcionar durante todo este

tempo.

Aos meus pais e familiares, em especial a minha Me Veroneide Dutra que sempre

me apoiou nos momentos difceis.

A minha filha Ana Jlia e a sua Me Carla Gabriela, por sempre me darem foras.

Aos meus amigos Bruna Stefany(memria),Lilian Pereira, Rodolfo Pontes, Felipe

Arajo, Aleksandro Francisco, Tiago Lima, Fabio Miranda, A famlia Crispim, e em especial

a Andr Leandro meu colega de sala que me acompanhou durante esses 5 anos, e tornou-se

mas que um grande amigo, um irmo.

A professora Dione Barbosa Dantas, que, pacientemente me ajudou na reviso do meu

trabalho.

Ao meu orientador e amigo Professor Francisco Diniz de Andrade, que me direcionou

em toda a produo do meu trabalho, e a banca composta pelos professores e amigos Valmir

Pereira e Jos Arlindo pela presena e as suas devidas contribuies ao meu trabalho.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo questionar a importncia da educao na formao do homem grego. Para responder tal questionamento, tomamos como ponto de partida os primeiros educadores e pensadores da filosofia, para que deste modo fosse possvel construir, de forma linear, um panorama geral sobre a educao. Para tal construo foi feita uma anlise da mudana do pensamento grego sobre a passagem do mtico para o racional, a fim de inserir os primeiros grandes pensadores conhecidos como Pr-Socrticos e a busca pelos princpios primeiros de todas as coisas (Arch). Posteriormente, seguimos pela filosofia de Scrates (logos), chegando ao pensamento de Plato e a sua ideia do Bem supremo, o ponto crucial de A Repblica, para entender o significado real do homem na sociedade, que consiste na realizao coletiva acima de tudo, pois o destino do cidado grego est diretamente ligado a plis. Com esta base fundamentada possvel entender de forma panormica a educao na Grcia antiga. Palavras chave: Educao. Filsofos Antigos. Grcia Antiga.

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SUMRIO

INTRODUO ..................................................................................................................... 07

1. O PRIMEIRO EDUCADOR: HOMERO ..................................................................... 08

2 OS EDUCADORES DA NATUREZA ..............................................................................09

3 EXCELNCIA NA EDUCAO: SCRATES E PLATO .......................................11

3.1 SOFISTAS VERSUS SOCRATES .....................................................................................12

3.2 PLATO: A TRAJETRIA DO EDUCADOR. ...............................................................13

4 EDUCAO FORMADORA ............................................................................................15

4.1 ESTRATGIA DE ENSINO..............................................................................................16

4.2 FORMAO DE CORPO E ALMA ................................................................................17

5 CONSIDERAES FINAIS .............................................................................................19

REFERNCIAS .................................................................................................................... 20

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INTRODUO

Falar sobre educao na Grcia Antiga, sem antes mencionar a Paideia de Werner

Jaeger, uma tarefa rdua. A obra de Jaeger fundamental, uma vez que tem como objetivo

analisar a formao do homem grego. O ideal de humanidade baseia-se no processo de

formao do individuo, inserido na sociedade, da a valorizao do homem em toda

construo do estado em especial a Plis, que naquele momento se encontrava da seguinte

maneira:

A plis amadurecida era uma comunidade com governo prprio que expressava a vontade de cidados livres, no os desejos de deuses monarcas hereditrios ou sacerdotes. A Plis grega tambm nasceu como uma instituio religiosa na qual os cidados buscavam conservar uma aliana com suas divindades, mas, pouco a pouco, eles reduziram a importncia dos deuses na vida politica e basearam o governo na razo. (CAMPOS, 2005, p.56)

A vida em comunidade um dos pontos mais abordados na Paideia, partindo da ideia

de que o princpio geral grego o humanismo, sendo este bem diferente do cotidiano em que

vivemos, em que tudo est voltado ao individualismo, dificultando assim a vida em

comunidade.

A superior fora do esprito grego depende do seu profundo enraizamento na vida comunitria e os ideais que se manifestam nas suas obras surgiram do criador de homens profundamente informados pela vida superindividual da comunidade. (JAEGER, 1994, p.16)

Visto a importncia da vida em comunidade para os gregos, precisamos ter em mente

que tal feito realizou-se atravs da educao, sendo esta uma conscincia viva e responsvel

por todo o equilbrio do homem como um ser dotado de virtudes, tais como a tica e a Moral.

Lembrando que esta proposta de vida em comunidade se aplica somente ao homem

grego livre por ser o nico a poder participar de uma vida poltica ativa dentro da Plis.

Assim, o presente trabalho tem como objetivo responder a seguinte problemtica:

Qual a importncia da educao na formao do individuo grego?

Para responder tal indagao, preciso antes compreender alguns fatos que ajudaro

no entendimento de todo o processo educacional no mundo grego, partindo dos seguintes

pressupostos: I Entender a influncia de Homero e a transio do pensamento mtico para o

pensamento racional, II Compreender os naturalistas e a busca pela Arch, III Analisar o

pensamento de Plato e Scrates e IV Entender o projeto educacional da Repblica proposto

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por Plato, para que deste modo seja possvel despertar uma conscincia sobre a educao e

possibilitando assim a soluo da problemtica proposta.

1 O PRIMEIRO EDUCADOR: HOMERO

A civilizao Grega nasceu, segundo Teixeira (1999) no sculo VIII A.C., e desta

forma a sociedade vivenciou etapas para se consolidar e se mostrar do modo como se conhece

hoje.

A passagem de uma viso arcaica para a uma viso clssica do homem tem como pano de fundo o problema do destino (moira). Os gregos, desde seus primrdios de sua reflexo filosfica, deparam a dificuldade de conciliar o homem, como um ser livre e participante da polis, com as foras inexorveis do destino (a annk), que arrastam esse mesmo homem. (TEIXEIRA, 1999, p.11)

Desde o seu nascimento a Grcia passa por grandes transformaes, das quais as mais

significativas encontram-se no perodo arcaico e clssico. Retomando as palavras de Teixeira

(op. cit.), torna-se perceptvel, neste meio, que o povo grego esteja envolto num pensamento

mtico voltado s foras superiores, ou seja, as divindades.

neste sentido que Homero recebe destaque por suas poesias utilizadas nas obras: A

Ilada e A Odisseia, ilustrando os perodos iniciais da Hlade, que serviram como base para

fundamentar a conscincia do povo grego, que passou a compreender a existncia dos deuses

e a reverencia-los como divindades atravs do mito, que fundamenta todas as explicaes dos

fenmenos naturais.

Segundo Teixeira (1999) neste cenrio que Homero surge como modelador do

pensamento grego, vejamos:

Nesse perodo, aparece a figura de Homero, como o grande criador, organizador e modelador da cultura grega. Homero considerado o educador grego por excelncia. Plato, em seu dilogo com Glaucon, apresentado no livro X de A repblica, conta que era opinio unnime, no seu tempo, ter sido Homero o educador da Grcia. O filsofo da academia parece no concordar de todo com essa ideia. Mesmo assim, apesar de, na sua critica filosfica, ter denunciado a limitao do contedo da poesia como critrio de verdade, no conseguiu ofuscar a influncia de Homero em toda a Hlade e para alm de suas fronteiras. (TEIXEIRA, 1999, p.12-13)

Est a o primeiro indcio relacionado educao. A poesia de Homero, mesmo que de

forma arcaica, conseguiu fundamentar toda uma base no pensamento do povo. E,

consequentemente, atribuindo a Homero uma forte influncia. Apesar de muitas crticas

filosficas, a sua contribuio no pode ser negada.

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A partir do pensamento mtico bem fundamentado comea a surgir necessidade de

uma nova busca, pois a curiosidade humana sempre existiu e graas a ela que o

conhecimento sempre estar em curso. Da vem necessidade da mudana de pensamento,

para promover um salto fundamental para a educao e para a construo da polis. Se, num

primeiro momento, a tragdia grega se alimenta do mito, ela que vai possibilitar a passagem

da (TEIXEIRA, 1999, p.12).

Esta mudana mencionada e a transio do pensamento mtico ao racional, partindo

no mais de Homero, mas respeitando a sua contribuio em especial para Hesodo e a sua

Teogonia que consolidou o mito no pensamento grego como forma de explicar os fenmenos

naturais, pelo menos at o aparecimento dos naturalistas que sero abordados no prximo

tpico.

Retomando ainda ao pensamento de Homero preciso destacar tambm o valor de sua

epopia, pois nela que est contida a semente da filosofia grega:

Na poesia homrica os gregos veem estampado seu ideal de posteridade. Nela, Homero faz aparecer uma preocupao com a formao tica e espiritual do homem. Para ele, como para os gregos em geral, as ultimas fronteiras da tica no so convenes do mero dever, seno, sobretudo, leis do ser. penetrao do mundo

como irreal, que sustenta a fora ilimitada da epopia homrica. (TEIXEIRA, 1999, p.13)

Partindo deste ponto, no qual Homero defende a sua poesia, h a preocupao em

buscar uma formao tica e espiritual do homem, sendo este o propsito fundamental na

busca pela excelncia humana.

Esta situao trabalhada, no s por Homero, mas pelos pensadores que o

sucederam, que alm de propor uma mudana radical na forma de pensar do homem, busca

acima de tudo uma formao voltada a valorizao das virtudes de cada um, possibilitando

assim o desenvolvimento da Plis e tambm de todo o projeto educacional prontamente

esquematizado por Plato em A Repblica.

2 OS EDUCADORES DA NATUREZA

A influncia de Homero e de sua poesia abrem margem para novas fontes de saber,

pois, com a mudana de pensamento, surge um desejo inerente no homem grego de

questionar, entender os fenmenos, iniciando ai a filosofia naturalista. Destacamos ainda, que

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o sculo VI A.C. encontrava-se em uma grande desordem social provocada por problemas do

sculo anterior, criando assim uma nova atmosfera.

A nova atmosfera que se anuncia traz consigo considerveis inovaes na rea da cultura. Se antes, em todas as regies da Grcia, sob a influncia de Esparta, est presente uma educao de carter cvico-militar, preocupada em formar o individuo devoto comunidade, agora, graas hegemonia de Atenas, a educao deixa de ser militar e assume uma conotao civil, que tem como objetivo principal a formao do nobre aristocrata, atravs do exerccio fsico e da msica. Apesar dos tempos controversos que acompanham o sculo VI, quando falamos de filosofia, e consenso identificar seus primrdios por volta dessa poca. Forma seus iniciadores os chamados filsofos da natureza, tambm denominados de Pr Socrticos. (TEIXEIRA, 1999, p.16)

Deste modo a Grcia se encontrava em constantes disputas territoriais pela hegemonia

do mar mediterrneo. Duas Plis se destacaram por possuir um maior controle territorial alm

de disputarem a hegemonia da Hlade: Atenas e Esparta.

Porm, como consequncia de alguns problemas mal resolvidos, como as desordens

sociais, as conspiraes e as reformas de Slon, Esparta perde sua de influncia e Atenas

assume a hegemonia provocando vrias mudanas culturais, em especial no campo da

educao, que antes possui uma finalidade apenas militar, e daquele momento em diante se

tornou fundamental para a formao dos aristocratas. Surgem assim os naturalistas,

considerados os primeiros iniciadores do pensamento propriamente filosfico: Os Pr-

Socrticos. Porm, a autenticidade do pensamento destes surgiu da seguinte maneira.

Sua originalidade comea a parecer melhor quando se consideram suas explicaes sobre fenmenos naturais como a chuva, o raio, o trovo; suas descries do cosmo; suas explicaes sobre a origem mesma do universo. na comparao dessas explicaes sobre o mundo natural com aquelas dadas pelos mitos e pelas crenas populares que nos damos conta da emergncia de algo novo: o uso da especulao racional na tentativa de compreender a realidade que se manifesta aos homens (REZENDE, 1998, p.17)

Antonio Rezende (1998) ilustra muito bem a mentalidade grega neste contexto e ajuda

a consolidar a influncia dos naturalistas na construo do pensamento voltado investigao

para buscar explicaes racionais para os fenmenos naturais.

preciso destacar o mundo natural citado como: Physis, que segundo Rezende (1998)

o que exerce a especulao racional grega, e significa emergir, nascer, crescer, fazer nascer,

fazer crescer.

Mesmo que a especulao seja movida pela Physis, o termo mais conhecido quando se

fala dos Pr-Scraticos o dos princpios primeiros. Para dar seguimento ao entendimento,

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vale considerar a opinio de Aristteles sobre as causas, pois este foi o primeiro a referir-se

aos naturalistas de forma sistemtica.

Ora, para Aristteles, cincia conhecimento pelas causas; e a primeira cincia , evidentemente, a busca das primeiras causas, isto , os princpios. Mas princpio (em grego, Arch) no somente principio no tempo. Seja no campo da fsica, da tica, da lgica ou de qualquer outra coisa, principio e o fundamento, aquilo de que todas as outras coisas so derivadas, ele prprio no sendo derivado nem deduzido de nada. (REZENDE, 1998, p.22)

Para Aristteles a cincia o conhecimento pelas causas, ou seja, os Pr-Socrticos

no chegaram verdadeira cincia, pois no dominavam o conhecimento das causas que se

divide em quatro processos: Causa Material, Causa Formal, Causa Eficiente e Causa Final.

Neste caso os naturalistas se preocuparam apenas com a causa material (a matria do que

feita a coisa), para explicar seus determinados princpios. Assim foram criticados por

Aristteles, pois no atendiam a verdadeira busca da causa, mas sim a matria de que foram

feita todas as coisas, defendendo a arch como principio nico.

Tales, Anaximandro, Anaxmenes. O ponto de partida de sua especulao parece ter sido a verificao da permanente transformao das coisas umas nas outras, e sua intuio bsica e de que todas as coisas so uma s coisa fundamental, ou um s princpio (arch). Aristteles sugere que esse princpios ou arch deve ser entendido no apenas no sentido cronolgico: no s aquilo a partir do que o mundo se formou no primeiro instante de sua formao, mas aquilo que todo instante a coisa fundamental e irredutvel que constitui todas as coisas. Para Tales, a arch a gua; para Anaximandro, o apeiron (infinito, Indeterminado); para Anaxmenes, o ar. (REZENDE, 1998, p.22-23)

Os naturalistas possuem um direcionamento apontado para o mundo natural baseado

na Physis, mas segundo a crtica de Aristteles, no foram capazes de encontrar um princpio

primeiro de todas as coisas, por no atenderem o real significado da causa, se detendo apenas

a defender uma arch que se baseava em algum elemento de transformao para todas as

coisas. Deste modo, preciso compreender que este foi o ponto de partida para uma reflexo

filosfica maior, contribuindo assim com o surgimento de Scrates e os sofistas que

moldaram o pensamento e elevaram a filosofia como a me de todas as cincias atravs do

logos (razo).

3 EXCELNCIA NA EDUCAO: SCRATES E PLATO

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Com base no entendimento anterior, acerca da mudana de pensamento iniciada em

Homero, passando pelos Pr-Socrticos, enfim chegamos a Scrates, um dos filsofos mais

enigmticos da histria. Antes de prosseguir, vale destacar que tudo que sabemos sobre este

pensador est somente baseado nos escritos das obras de Plato, nas quais possvel encontrar

seu mestre como o protagonista de seus dilogos. Outro fato importante a viso de Plato

acerca do seu mestre, pois o considerava acima de tudo como o mais sbio e justo de todos os

homens de seu tempo.

Plato, em inmeros de seus escritos, apresenta o mestre como um espirito inquieto e audaz homem irnico, luminoso e perspicaz, de invejvel autodomnio, preocupado como a educao da juventude e como a felicidade do homem em geral. A felicidade somente seria possvel, graas busca constante da justia, tanto no homem quanto na cidade. (TEIXEIRA, 1999, p.20)

Plato descreve o seu mestre como uma alma pura e iluminada, que busca acima de

tudo a felicidade, em uma vida conjunta com a Plis, porem a morte de Scrates foi um fato

que abalou consideravelmente Plato, e o fez refletir sobre a politica e a justia da Plis, que

foi capaz de condenar o homem mais sbio de seu tempo.

Fica implcita a importncia de Scrates na vida de Plato, que faz uso de seu mestre

como protagonista em seus dilogos. Partindo deste pressuposto, analisaremos aqui a filosofia

de Scrates e a vida e as obras de Plato.

3.1 SOFISTAS VERSUS SCRATES

Falar sobre Scrates inevitvel sem citar os sofistas e sua relativa importncia, pois

esto inseridos no mesmo contexto social em que vivia Scrates, e tiveram tambm sua

contribuio na educao da poca por terem sido considerados os primeiros pedagogos.

Os sofistas surgiram como os primeiros grandes mestres, estavam em busca de jovens

bem nascidos (os aristocratas), que estivessem dispostos a pagar muito dinheiro para serem

ensinados em qualquer que fosse o conhecimento. Com base nesta premissa, trs conseguiram

maior notoriedade: Grgias, Protgoras e Hpias.

Ao tempo em que florescia Demcrito, j tinham feito sua entrada no cenrio intelectual de Atenas alguns dos maiores sofistas: Grgias de Lencio(483-375), o primeiro dos grandes mestres de retrica; Protgoras de Abdera(480-410), conhecido por seu relativismo em matria de conhecimento; Hpias de Elis, celebre por sua Polimatia. (REZENDE, 1998, p.32)

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Considerando os grandes nomes sofistas, o destaque maior fica por conta da arte

Retrica, que prevalecia no regime democrtico de Atenas na poca, a exigncia do bom uso

das palavras, sendo esta uma especialidade da Retrica que consiste na arte de persuadir a

qualquer um acerca de qualquer coisa.

Nesse sentido, Plato fundamentou sua crtica aos sofistas, pois dentro da filosofia

Platnica o educador precisa ensinar a buscar pela Arete, ou seja, a busca pela virtude:

Dentre os conceitos fundamentais que constituem a filosofia platnica, encontra-se o termo grego Arete, que pode expressar busca da excelncia humana, a virtude, as qualidades, os valores de um indivduo e dos cidados. (PAVIANI, 2008, p.35)

Scrates utilizava o mtodo dialtico, que, diferentemente da retrica, tinha como

objetivo ensinar a refutar as hipteses para se chegar verdade, enquanto a Retrica ensinava

a arte de manipular as palavras para vencer um discurso ou at uma disputa verbal, conhecida

na poca como erstica.

Considerando esta diferena no modo de instruo, Plato defende o mtodo dialtico

de Scrates como a forma mais justa e correta de ensinar, diferenciando assim o seu mestre

dos sofistas que cobram pelo ensino enquanto Scrates fazia para purificar a sua alma da

ignorncia.Assim o mtodo dialtico vai ser retomado na filosofia platnica como a cincia

necessria para a formao daqueles que conduziro o modelo ideal de cidade.

3.2 PLATO: A TRAJETRIA DO EDUCADOR

Falar sobre Plato um tanto complicado, pois a sua vida bastante complexa, deste

modo vejamos como se encontrava o cenrio de sua poca, visto que serve de pano de fundo

para tod A vida de Plato transcorreu, portanto, numa

poca em que a liberdade politica dera a Grcia Particularmente a Atenas excepcionais

condies de desenvolvimento econmico e cultural. (REZENDE, 1998, p.43). Este o

contexto social no qual Plato se encontrava, em uma poca em que Atenas se encontrava na

hegemonia da Hlade, e ao mesmo tempo se encontrava em um regime democrtico, fato este

que favoreceu a filosofia.

Assim, preciso tambm levar em considerao a influncia de Scrates, em especial

em relao a sua morte, uma vez que o levou a repensar a poltica dentro da Plis. Outro fato

importante est relacionado a existncia de outros influenciadores no pensamento Platnico,

que basearam e fundamentaram seus estudos. Dentre eles, o de maior destaque o de

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Pitgoras e sua escola pitagrica que inspirou a criao de sua academia. O pensamento de

Plato foi influenciado basicamente por quatro pensadores: Pitgoras (rfico Pitagricos),

Parmnides, Herclito e Scrates. Mas, sobretudo, Pitgoras e Scrates iro determinar as

grandes linhas de sua filosofia. (TEIXEIRA, 1999, p.22).

Compreendido a as fontes das quais partiram toda a sua filosofia, e considerando a

importncia destes primeiros pensadores para construir mesmo que de forma inicial o

pensamento filosfico da poca criando assim uma base para o desenvolvimento da filosofia

de Plato. preciso agora entender a posio de Plato, diante de uma sociedade poltica e

problemtica. Tendo rejeitado a vida poltica ativa, Plato buscou na filosofia uma resposta

para os problemas da sociedade. Com esse propsito, fez considerveis viagens, ensinou e

atuou como conselheiro, e escreveu mais de vinte dilogos filosficos. (PURSHOUSE,

2010, p.09).

Descrita a posio de Plato, fica claro o impacto causado pela morte de Scrates,

desde a rejeio a vida poltica at a busca por respostas atravs da filosofia, contribuindo

assim com o desenvolvimento de seus estudos acerca dos problemas da sociedade da poca

que foram descritos em suas obras, famosamente conhecidas como Dilogos.

Considerando estes fatores podemos concluir o pensamento Platnico, entendendo a

classificao de suas obras em trs momentos: os dilogos da juventude, os dilogos da

maturidade e os dilogos da velhice.

Dilogos da juventude ou socrticos definem a memoria de Scrates e o apresentam geralmente discutindo temas morais, sem chegar porem a concluses;

inconsistentes e a fazer ardentes exortaes. Exemplos: primeiro Alcebades(sobre a natureza do homem), Apologia de Scrates(sobre o julgamento de Scrates), Eutfron(sobre a piedade), Grgias(sobre a moral segundo os sofistas); (REZENDE, 1998, p.47)

Estas so as obras iniciais onde trabalhada com maior importncia a vida de seu

mestre dentro da cidade, e a forma como ele comportava diante das situaes vividas na Plis.

Dilogos da maturidade neles Plato vai afirmando cada vez mais sua independncia de seu pensamento em relao a Scrates. Exemplos: Mnon(sobre a possibilidade do ensino da virtude), Crtilo(sobre a natureza da linguagem), Banquete(sobre o Amor), Fdon(sobre a morte e sobre a natureza da alma), Repblica(sobre a formao do filosofo e a sociedade ideal), Fedro(sobre o amor e a alma), Teeteto(sobre o saber e o erro), Parmnides(sobre a teoria das ideias); (REZENDE, 1998, p.47)

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J no caso dos Dilogos da maturidade, Plato comea desenvolver o seu pensamento

afirmando cada vez mais a sua independncia de pensamento em relao ao seu mestre,

desenvolvendo sua prpria filosofia.

Dilogos da velhice apresentam a ultima formulao do pensamento platnico. Exemplos: Sofistas(sobre a definio de sofistas e distino entre verdade e erro), Timeu(sobre a origem e a constituio do universo), Leis(obra inacabada, sobre questes politicas). (REZENDE, 1998, p.47)

na velhice que vem a compilao das ultimas obras de Plato, e, aps entender a

classificao dos dilogos de Plato, destacaremos uma obra em especial: A Repblica. Esta

compe o estudo sobre a formao da cidade ideal, governada pelos sbios filsofos.

Apresentado aqui o entendimento sobre o pensamento platnico, buscaremos agora

entender o projeto educacional elaborado por Plato na Repblica.

4 EDUCAO FORMADORA

A busca pela construo de uma cidade modelo, governada de forma justa, causou

inquietao em Plato, suscitando assim a criao de todo um processo de formao para se

atingir esta finalidade, este o tema trabalhado na Repblica.

Plato acredita que a estrutura de uma cidade ideal, se deve tanto a formao do estado

quanto do individuo, pois a vida na polis esta diretamente ligada ao individuo.

Deste modo, inicia-se nos primeiros livros mostrando como a estrutura da cidade

modelo, e para tal, comea com a diviso de classes. Nesses dilogos, Scrates utiliza se do

mito para fundamentar o seu pensamento e assim explicar a relevncia de cada uma delas

dentro da Plis.

O mito utilizado relacionado aos metais preciosos, para provar que cada cidado j

nasce destinado a ocupar uma classe especifica, no caso dos Guardies, que sero os

responsveis por conduzir a Plis, so banhados de ouro, Os Auxiliares, sero os soldados

militares, banhados na prata e por fim Os Produtores, a base da pirmide social, so banhados

de bronze.

Assim, baseado neste fundamento, ficavam montada as classes sociais dentro da Plis,

mostrando assim a importncia de cada uma dentro da vida social.

A Repblica constri uma extensa analogia entre as varias classes de cidades no interior do estado e as diferentes faculdades da alma. Os Guardies intensivamente

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educados, cujo papel governar a cidade, Plato os compara Razo; os Soldados da cidade ele considera paralelos ao elemento impetuoso, e os diferentes tipos de trabalhadores produtivos ele vincula aos vrios apetites. (PURSHOUSE, 2010, p.27)

Aqui no somente e feita diviso de classes como a associao com as faculdades da

alma, mas destacando a importncia do Guardio, deste modo fica aqui o que seria

considerado injusto ou justo.

Scrates considera injusto que um indivduo banhado no ouro exera a funo de

auxiliar, pois aquele que nasceu para ser guardio precisa ser considerado como tal, esta

considerao seria o justo e a desconsiderao deste princpio resultaria em injustia.

Para o funcionamento devido da cidade ideal preciso que cada um contribua com o seu

melhor visando assim o desenvolvimento da Plis.

Deste modo, preciso identificar a atravs da Psik (alma/mente) de cada individuo,

para saber qual a sua devida classe.

A discurso de Plato na Repblica, no entanto, trata somente da alma humana, um fenmeno equivalente, de modo geral, ao que poderamos chamar de mente ou mentalidade. As almas humanas, segundo Plato, consistem em trs partes: a racional(logistikn), a irascvel ou impetuosa(thymoieds) e a apetitiva ou concupiscente(epithymetikn). (PURSHOUSE, 2010, p.85)

Feita a diviso da Psik humana em partes, ficam ai determinadas as classes e suas

respectivas virtudes. Mas, apesar desta diviso, preciso que os indivduos possuam tambm

as seguintes virtudes: Coragem, Sabedoria, Temperana e Justia.

Ao utilizar estes argumentos dos livros iniciais da Repblica de forma introdutria

buscaremos agora entender a sntese do pensamento platnico elaborada entre o fim do livro

VI e VII em dois momentos: O Mito da caverna e o processo de formao.

4.1 ESTRATGIA DE ENSINO

O mito da caverna remete a ilustrar qual a real tarefa do filosofo, desde sua sada da

caverna, passando pela contemplao do Bem e retornando a caverna para buscar libertar os

demais. Porm, preciso saber qual a funo do uso do mito em Plato.

O mito platnico socorre-se de aes e personagens. A partir de uma situao desencadeia-se o enredo. Por isso, Plato s vezes aproxima seus mitos da fbula, da alegoria ou outras formas de narrativas. Tudo indica que sua inteno pedaggica, pois o mito, no fim ou no meio de um dialogo, serve para esclarecer os interlocutores e permite concentrar a reflexo no essencial. Alm disso, o mito

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platnico no apresenta nenhuma concluso moral. Sua eficcia esta em expressar de outro modo o que e demostrado dialeticamente. (PAVIANI, 2008, p.91)

As diferentes formas narrativas utilizadas por Plato como o mito tem o propsito no

de conscientizar, mas de aproximar o interlocutor de uma situao cotidiana, para que assim

seja mais fcil o entendimento do que se quer ensinar, sendo este um mtodo bastante

dialtico, com uma finalidade pedaggica em sua essncia.

Entendido a utilizao do mito e tambm das diferentes formas de narrativas usadas

por Plato, o fundamento encontrado no mito da caverna no possui uma concluso moral,

servindo apenas de ilustrao para aproximar o interlocutor da situao abordada, que no

contexto seria a vida social.

No mito da caverna de Plato, encontra-se toda uma caracterizao de uma sociedade que se fundamenta nas suas aparentes verdades para justificar e organizar a partir desses princpios os pressupostos bsicos que definem a forma de ser da toda uma conjectura social. (SCHNEIDER, 2009, p.19)

Assim, o mito da caverna consiste em mostrar o atual estado em que se encontra o

homem na sociedade grega. Plato faz uso do mito aqui, onde o seu mestre, Scrates, pede

para que Glauco imagine um prisioneiro no interior de uma caverna escura, na qual vive

desde o seu nascimento, preso por grilhes e enxergando apenas sombras de objetos diante de

si. Depois, pede que se imagine que o prisioneiro escape dos grilhes e consiga sair da

caverna, conseguindo assim contemplar pela primeira vez a real natureza dos objetos e a

verdadeira luz. O seguinte uso do mito serve para fazer diviso do conhecimento em dois

extremos: mundo sensvel e o mundo Inteligvel.

Em matria de beleza, a realidade verdadeira no se revelar tanto no espetculo de belezas sensveis (materiais, carnais...) quanto na considerao de belezas imateriais que se impem com mais objetividade inteligncia como a beleza de uma alma (que ate um corpo disforme pode esconder), a beleza de uma conduta, de um pensamento e, para alm das diversas manifestaes de beleza, a ideia de beleza. (PIETTRE, 1996, p.25)

O mundo sensvel um mundo de opinio, que faz uso da imagem e da crena,

enquanto o mundo inteligvel um mundo de inteligncia que faz uso do conhecimento

discursivo e da cincia dialtica para promover o Bem, com isso verdadeira natureza do

mundo se encontra na essncia das coisas e no em sua mera existncia sensvel, ou seja, o

objetivo final do filosofo ou Guardio o de contemplar o Bem, o pice do conhecimento, e,

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para isto, necessrio todo um processo de formao para se dominar a verdadeira cincia da

dialtica para que desta forma seja possvel contemplar a sabedoria.

4.2 FORMAO DE CORPO E ALMA

A educao a chave para se atingir o pice do conhecimento: O Bem, mas isto s

possvel para aqueles indivduos virtuosos e justos, os Guardies destinados a conduzir a

Plis, sendo os nicos aptos a dominarem a cincia Dialtica e se tornarem verdadeiramente

filsofos. Deste modo e preciso que a formao seja completa e consista tanto na educao do

corpo como do esprito. A preocupao de Plato possibilitar uma educao harmoniosa do

corpo e do espirito de modo que prepare aquele que a recebe para chegar um dia verdadeira

cincia. (Teixeira, 1999, p.80).

A preocupao maior de Plato a de proporcionar o equilbrio entre o corpo e o

esprito atravs da educao, visando atingir a verdadeira cincia, a Dialtica. Mas, para isto,

preciso preparar o corpo atravs da ginstica e o esprito com a msica. No caso do corpo, a

funo da ginstica dupla e se divide em dana e luta.

A dana para desenvolver a nobreza e a liberdade, caractersticas da aristocracia. E a

luta com a finalidade de preparar para a guerra, sendo est uma tarefa concedida aos

auxiliares dentro da Plis.

J a msica consiste na dupla funo de praticar o ritmo e a harmonia, objetivando

penetrar o interior da alma, proporcionando assim em um sentido mais pleno apreciao de

todas as formas de domnios prprios, como a coragem e a generosidade.

Dada determinada importncia msica se encontra relacionada ao mais profundo

ideal de beleza e perfeio, criando a necessidade de que se ensine a amar este ideal,

exaltando assim a importncia do amor neste processo.

Este sendo o tema tratado por Plato no Banquete, que promove a importncia do Eros

e a sua relao com a filosofia, em que Scrates narra o mito do amor, para situar o

nascimento do Eros.

Mas, segundo o mito, eros no filho de Afrodite, apesar de nascer sob o signo de sua beleza. Na realidade, filho de Poros (Recurso) e de Penia (Pobreza). No jantar oferecido pelos deuses por ocasio do nascimento de Afrodite, Penia chega para mendigar junto porta. Poros, embriagado, adormece no jardim. Penia tem a idia de ter um filho de Poros, deita-se junto dele e concebe o Amor. Assim, Eros herda dos pais a mistura que o torna inquieto e apaixonado, pobre e rico. Ao mesmo tempo, instvel, inventivo, caprichoso. Vivendo na penria, aspira o saber e a beleza. (PAVIANI, 2008, p.85)

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O amor , por excelncia, filosfico. Pois, existe a necessidade dele em todo o

processo de formao do homem grego de modo que o filsofo se compara ao prprio Eros

permeando entre dois caminhos, mas sempre buscando a sabedoria, admitindo a sua

ignorncia. Porm, buscando purificar-se atravs da cincia dialtica para assim contemplar o

Bem. Cabe educao, no seu estagio mais avanado, promover e garantir a virtude, os

valores, a excelncia humana e a obedincia s leis. (PAVIANI, 2008, p.59).

Com base nesses pontos, permanece a importncia da educao para a formao do

individuo, tanto na construo de uma Plis mais justa como na formao de um cidado

modelo, capaz de desenvolver suas virtudes no que condiz a cidade modelo.

5 CONSIDERAES FINAIS

O presente trabalho construiu uma linha histrica para explicar a funo da educao

para a formao do homem grego, iniciando com a influncia de Homero, passando pelos Pr

-Socrticos e enfim tendo sua concluso em Scrates e Plato.

Sendo este ltimo, aquele que elaborou todo um projeto educacional mostrado nos

livros da republica, visando a construo de um modelo de cidade ideal e governada pelos

mais sbios filsofos. Plato luta para que a sociedade aprenda a formar sbios e homens

virtuosos. Para ele, o educador precisa ser motivado a auxiliar o discpulo a caminhar na

direo da sabedoria e da justia. (Schneider, 2009, p.87)

Assim, fica implcita a viso de Plato para a formao de uma sociedade mais justa e

ao mesmo tempo virtuosa, conduzindo o homem em direo sabedoria. Enfim, retomamos a

problemtica proposta: Qual a importncia da educao na formao do homem grego?

O papel da educao crucial para a formao do individuo, pois se ocupa de um

todo, e se concretiza com a felicidade de uma vida coletiva, voltada ao conhecimento do Bem.

O mito da caverna tem a finalidade de ilustrar a diviso do conhecimento e a finalidade do

Bem, que se concretiza com a felicidade do verdadeiro saber.

Com base nesses argumentos a relevncia da educao assume um carter formador na

vida do governante, que atravs da cincia Dialtica consegue buscar a melhor forma de

direcionar a Plis ao seu pice, de forma justa e coerente, onde cada indivduo tem sua

importncia (dentro de sua particularidade) numa vida coletiva visando apenas o

desenvolvimento da Cidade.

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REFERNCIAS

CAMPOS, Flavio de. A Escrita da Histria: ensino mdio: volume nico / Flvio de Campo e Renan Garcia Miranda. 1.ed. So Paulo: Escala Educacional, 2005. JAEGER, Werner Wilhelm. Paidia: a formao do homem grego / Werner Wilhelm Jaeger; [traduo Artur M. Parreira; Adaptao para a edio brasileira Monica Stahel; reviso do texto grego Gilson Cesar Cardoso de Souza]. 3.ed. So Paulo: Martins Fontes, 1994. PAVIANI, Jayme. Plato e a educao/ Jayme Paviani- Belo Horizonte: autntica, 2008. PLATO. A Republica/Plato; apresentao e comentrios de Bernard Piettre; traduo de Elza Moreira Marcelina-Braslia; editora universidade de Braslia, 1996. 2.ed. PURSHOUSE, Luke. A repblica de Plato: um guia de leitura / Luke Purshouse; [traduo Luciana Pudenzi]. So Paulo: Paulus, 2010. REZENDE,Antonio. Curso de filosofia: para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduao / Antonio Rezende (organizador). 8.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.: SEAF, 1998 SCHNEIDER, Lano Alberto. Fundamentos da educao / organizada pela universidade Luterana do Brasil. Curitiba: Editora Ibpex, 2009. TEIXEIRA, Evilzio. A educao do homem segundo Plato / Evilzio Francisco Borges Teixeira. So Paulo: Paulus, 1999. (filosofia)