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  • X X X

    X X X

    X X X

    Placas condutoras:

    diferena de

    potencial =

    Ecr

    Fluorescente

    X X X

    X X X

    X X X

    Seleco de

    velocidades

    Fonte

    inica

    X X X

    X X X

    Placa

    fotogrfica

    BIOFISICA

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    2 BIOFISICA I

    Transies de fase: O esquema apresentado no

    mais do que uma sucesso de transies de fase em

    que cada diminuio da temperatura h

    possibilidade de se dar origem a novas partculas.

    ORIGEM DA MATERIA VIVA

    actualmente aceite que o Universo surgiu aps o Big Bang e h cerca de mil

    milhes de anos apareceu vida superfcie do Planeta. Para tal concorreram dois grandes

    factores: transies de fase e simbiose.

    No incio do Universo, quando houve o

    Big Bang, havia temperaturas na ordem dos

    (1). Com temperaturas to

    elevadas, tudo o que se conhece hoje de

    matria estava sob a forma de partculas

    elementares, dispersas pelo Universo.

    medida que a temperatura foi

    baixando, as primeiras partculas (muito

    elementares) os quarks e os glues2 -

    colam-se umas s outras e comeam a formar

    pequeninas partculas, cada uma constituda

    por 3 quarks; d-se aqui a primeira transio

    de fase: est tudo num estado de vapor,

    desce a temperatura, aparecem estas

    partculas que se juntam em grupos de trs,

    formando as partculas elementares.

    medida que a temperatura desce,

    estas partculas que se comearam a juntar

    vo dar origem aos protes e aos neutres

    que so as primeiras verdadeiras partculas

    que aparecem no Universo. Portanto h uma

    primeira transio de fase em que se vem de um Universo de apenas energia e se passa para

    um Universo de matria, coisas com massa, slidas, que so os primeiros gros de

    partculas que se formam a temperaturas na ordem dos milhares de milhes de graus Clsius.

    Mais tarde, com a continuao do abaixamento da temperatura, estas partculas

    comeam a juntar-se e a formar os ncleos dos tomos que hoje se conhecem. Esta a

    segunda transio de fase que culmina com a formao de ncleos.

    1 A temperatura do Sol muito menor o que esta temperatura: cerca de 6.000C. 2 Do ingls glu cola.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    3 BIOFISICA I

    No centro do Sol, os nicos elementos que existem so o hidrognio ( ) e o hlio ( )

    devido s to elevadas temperaturas que ali se fazem sentir. Estas temperaturas

    impossibilitaram os tomos de (que s tm um proto) e os tomos de (que tm dois

    protes e dois neutres) de se condensarem para originar tomos maiores.

    Assim, s aps as temperaturas descerem abaixo das temperaturas do Sol, pde-se

    comear a juntar electres e ncleos, originando plasma.

    Os tomos aparecem a temperaturas mais baixas em relao aquelas em que electres

    andavam a passear desligados dos tomos. Aps a formao dos tomos puderam-se formar

    micro-molculas e daqui outras molculas.

    Na formao do planeta Terra (e possivelmente daquilo que ser vida), o grande

    conceito que essencial perceber o de condensao atravs de transies de fase que

    acontecem medida que no Universo vai baixando a temperatura. Sem transies de fase,

    nunca haveria nem tomos, nem molculas nem a possibilidade de novas molculas se

    juntarem e originarem estruturas mais complexas (como o DNA, clulas, tecidos, os

    organismos com vida que se conhecem).

    Portanto, nada do que existe hoje

    existiria se no houvesse durante mil

    milhes de anos uma sucesso de transies

    de fase que permitissem s partculas mais

    simples e elementares juntarem-se para

    formarem estruturas cada vez mais complexas

    e mais condensadas.

    Sem transies de fase, nunca se poderia ter chegado criao dos elementos da Tabela

    Peridica, a qual identifica os elementos que parecem estar envolvidos na vida.

    H elementos que so fundamentais para a vida, existindo em maiores quantidades,

    como o hidrognio ( ), o sdio ( ), o potssio ( ), o clcio ( ), azoto ( ), carbono ( )

    oxignio ( ), enxofre ( ), etc.

    Outros elementos, que se sabe, serem essenciais, esto presentes em quantidades

    muito reduzidas: ferro ( ), cobre ( ), crmio ( ), nquel ( ), zinco ( ), selnio ( ), iodo

    ( ) etc. Outros h que no se sabe ao certo se fazem ou no parte da vida e se lhe so ou no

    fundamentais como o brmio ( ), arsnio ( ) e o estanho ( ).

    Todos os elementos que aparecem na Tabela Peridica s apareceram aps a

    temperatura ter baixado bastante, possibilitando mesmo o aparecimento dos planetas.

    Mesmo os prprios planetas tm uma constituio invulgar.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    4 BIOFISICA I

    Pelo quadro pode-se observar que a

    vida alterou a composio da atmosfera

    existente no planeta Terra. Passou-se de

    quase s para quase nenhum e de ter

    apenas vestgios de para , fazendo

    com que a temperatura baixasse3.

    Simbiose

    Vida:

    Energia solar;

    H2O

    CO2

    Energia armazenada ATP; NADH/NADHP

    A vida s possvel porque se consegue usar a energia solar mais a e o na

    fotossntese para produzir acares (amido) e . O aparecimento deste superfcie da Terra

    foi a maior catstrofe de todos os tempos no nosso planeta. Quando apareceu o , 99% do

    que vivia nessa altura morreu, uma vez que um potentssimo oxidante.

    Com o aparecimento do apareceram mecanismos de produo de energia que so

    muito mais eficientes do que aqueles que existiam anteriormente. Assim, foi possvel fazer a

    reaco inversa convertendo-se a energia solar em energia til o .

    Tudo isto est relacionado com mecanismos de simbiose. A primeira e mais importante

    simbiose que no sistema solar h um objecto que no tem vida, s produz luz e h um outro

    posto no sistema solar que consegue baixar a sua temperatura o que permite, com

    mecanismos que evoluram durante milhes e milhes de anos, utilizar as energias do ar e

    produzir energia.

    Esta uma das simbioses mais antigas e que tem a ver com a possibilidade de o

    Universo estar continuamente a arrefecer, conseguindo-se separar as funes que so

    essenciais h uma fonte de energia e uma outra de converso dessa energia.

    3 Toda a discusso em torno da energia fssil para no aumentar as emisses de CO2 para que as temperaturas se mantenham baixas.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    5 BIOFISICA I

    Unidades de converso

    A caloria, tal como o joule ( ), uma unidade de energia:

    caloria ( ) joule ( );

    watt4 joule por segundo ( ).

    Uma lmpada, por exemplo, de quer dizer que consome e produz joule de

    energia por segundo. Um ser humano que pese o equivalente a uma lmpada de cerca

    de 80w (este valor aumenta em exerccio) sendo por isso que numa sala fechada com vrias

    pessoas, a temperatura sobe. . Uma criana de 3 anos pode

    chegar aos enquanto o Sol apenas consegue chegar aos 20 nano watt por grama

    (1nano=10-9). Isto significa que um ser humano produz centenas de milhes de vezes mais

    energia do que aquela que produzida no Sol (certas bactrias podem chegar a produzir cerca

    de 100w.g-1).

    Resumindo, foi esta simbiose entre um planeta que fornece energia (Sol) e outro capaz

    de a captar e a utilizar energia (Terra) que possibilitou ao planeta Terra ter vida. A simbiose

    tem a ver com o facto de haver uma separao de funes: uma fonte de energia (Sol), e uma

    estrutura (Terra) na qual foi possvel haver condensao sucessiva de, primeiro, protes e

    neutres, mais tarde de tomos, e depois de molculas e microestruturas de vrias dimenses.

    Mas como que esta energia se recebe todos os dias?

    recebida do Sol (7.200.000.000.000.000.000.000 joule por

    dia: quantidade de energia vinda do Sol que chega ao Planeta Terra todos os dias)

    O que acontece a toda esta energia?

    Metade reflectida: atravs de satlites que mostram imagem da Terra pode-

    se observar que esta est coberta de grandes zonas com nuvens brancas que reflectem o sol.

    rea dos continentes de do total dos planetas

    Fotossntese: 6% eficiente: a fotossntese o principal mecanismo de

    converso do anidrido carbnico da gua em amido (acar):

    bem como sendo muito ineficiente; este

    um dos grandes desafios da comunidade cientfica: aumentar a eficincia da fotossntese. S

    6% da energia recebida pelas plantas reflectida em material vivo.

    4 Unidade de produo de energia por unidade de tempo.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    6 BIOFISICA I

    (apenas) 10% aproveitada para alimentao: a outra parte da energia

    aproveitada para produzir tempestades, aumentar a temperatura dos mares, criar os ventos,

    etc.

    dos solos arveis: este nmero tem vindo lentamente a diminuir medida

    que os solos so explorados para a produo de comida uma vez que os solos so de tal forma

    empestados de fertilizantes que se tornam menos produtores.

    partilhada com os animais: esta metade est a aumentar porque medida

    que, em pases emergentes (como a ndia, Brasil, China) onde o nvel de vida est a aumentar,

    as pessoas esto a passar de dietas vegetarianas para dietas mais base de carne e produtos

    animais.

    Deste modo,

    em alimentao.

    (apenas uma quantidade muito pequena convertida em alimentao)

    Se todos fossem vegetarianos e

    comessem como os Portugueses (15.500KJ.d-1)

    dava para uma populao superior actual.

    Se a populao mundial comesse a

    quantidade de calorias que os portugueses5

    consomem e se fossem todos vegetarianos, esta

    quantidade de energia daria para termos uma populao sete vezes superior actual.

    Mas, medida que se deixa de ser vegetariano, a gua para irrigao diminui e os solos

    deixam de produzir tanto, entra-se em situao de insustentabilidade.

    So necessrias quase vinte vezes mais calorias para produzir de carne de porco do

    que para produzir de milho ou trigo. Isto significa que, se a pouco e pouco a populao do

    Planeta se vai tornando mais omnvora e se ainda por cima se assumir que a gua usada para a

    irrigao est a diminuir (h pases que tm falta de gua e so precisamente esses que esto

    mais rapidamente a aumentar a sua populao) tudo leva a que os solos deixem de produzir

    tanto entrando-se numa situao de insustentabilidade.

    5 Os portugueses so o quarto pas mundial que mais calorias consome per capita.

    Energia consumida por Kg de produo ( )

    Milho Galinha Leite Ovos Carne - vaca Carne - porco

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    7 BIOFISICA I

    Processos de converso de energia

    H essencialmente dois mecanismos de converso de energia: (a) a fotossntese em que

    duas molculas de so convertidas numa molcula de , com libertao de 4 electres e

    4 protes (4 tomos de hidrognio) e (b) a respirao, em que acontece o contrrio: h

    reduo do a duas molculas de , indo-se neste processo buscar 4 hidrognios (4

    electres e 4 protes).

    Tanto nas plantas (produo de ) como nos animais (consumo de ) h

    essencialmente produo ou consumo de electres e protes. Os electres que saem da gua,

    na fotossntese, vo ser usados para reduzir o a , enquanto na cadeia de

    transporte de electres os 4 electres usados para reduzir o a H2O vo ser retirados ao

    que existe nas clulas.

    A membrana externa essencialmente protectora e tem alguma regulao na entrada e

    sada de ; a membrana interna muito maior e mais complexa; nesta membrana

    (que nos cloroplastos se chamam tilacoides enquanto na mitocndria se chama membrana

    interna da mitocndria) que se d a fotossntese/respirao. Estas estruturas tm protenas

    que tiram/retiram electres e transportam-nos (para ir do para o fotossntese,

    ou desde o ao cadeia de transporte de electres).

    O transporte dos electres, tanto nos tilacoides como na membrana interna da

    mitocndria, feito por protenas que tm no seu centro activo metais (particularmente e

    ) havendo sequencialmente processos de oxidao-reduo: se recebem um electro ficam

    reduzidos, se doam um electro ficam oxidados. Ambos tm dois estados de oxidao: e

    e e .

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    8 BIOFISICA I

    Ciclo de Calvin

    A converso de energia

    solar em alimentao est

    relacionada com o processo

    que se passa nas plantas, em

    que a energia solar

    convertida e utilizada para

    converter o e o em

    amidos e acares: o

    condensado em molculas de 3

    ou 6 carbonos ciclo de Calvin.

    De uma forma muito

    simplificada, o ciclo de Calvin

    vai buscar trs molculas de

    (cada uma tem um s )

    pondo-as num ciclo em que h

    uma molcula principal que

    tem : no incio do ciclo esta molcula aceita os e a dado momento doa uma

    molcula que tem que a base da glucose e dos amidos. Da mesma forma que h

    mecanismos de transporte de electres e protes, h tambm mecanismos de condensao

    de e de partir molculas com carbono.

    Este ciclo ento vai buscar e expele uma molcula com 3 carbonos. A molcula

    central do ciclo vai sofrer algumas transformaes: para receber os trs tem trs

    molculas, cada uma com 5 carbonos que, ao receberem cada uma um carbono, passam a

    uma molcula de seis carbonos. Portanto, trs molculas com , partem-se em seis

    molculas com , percorrem o ciclo que no final d trs molculas com , que reinicia o

    ciclo novamente.

    Para se fazer a condensao de trs molculas de numa nica molcula de h

    um gasto de 9 e 6 . Este um processo deveras ineficiente: h um grande gasto

    de energia apenas para condensar trs carbonos.

    Mas como que se sabe que o carbono consumido pelas plantas o carbono do

    que se vai condensar para produzir as tais molculas com 3 ou 6 carbonos?

    3CO2 (3x1C)

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    9 BIOFISICA I

    Usa-se carbono marcado, ou seja, a utilizao de um istopo6 do carbono; este tem

    vrios istopos: o elemento carbono aparece com o peso de (o normal), ou ; o 14

    um dos utilizados, pois radioactivo. Sendo introduzido numa cmara com plantas a crescer,

    espera-se que o carbono radioactivo introduzido no atmosfrico v desaparecendo do ar

    e aparea no amido que produzido pelas plantas.

    Uma vez que o 12 no radioactivo enquanto o 14 sim, necessrio bombardear o 12

    com neutres (e no protes, uma vez que se passava de um elemento com um nmero

    atmico 6 para um de , e portanto deixaria de ser carbono7) para o transformar em 14 , ou

    seja, de forma que ele condense neutres para produzir 14 .

    O ciclo de Calvin mostra, ento, o a ser convertido em glicose ou amido, mas

    tambm mostra que produz, no mesmo processo, uma quantidade enorme de energia

    reservada e acumulada ( e ).

    Para fixar tomos de que esto em 3 molculas de so necessrios

    .

    Como que na fotossntese feito o processo de produo do e de ?

    Este processo de fixao do carbono requer energia. Ao contrrio do que possa parecer,

    este ciclo no necessita de luz uma vez que a energia necessria provm da partir da energia

    armazenada.

    Para reduzir um a so necessrios dois electres. Para reduzir esta

    grande quantidade de molculas redutoras (so molculas que contm e fornecem electres)

    necessrio que elas, atempadamente, sejam reduzidas e ao produzir tem de se ir

    buscar electres . Durante este processo da fixao do carbono, vo-se produzindo

    grandes quantidades de tendo de ir buscar electres a outro local para que possam

    fazer a converso do em ; estes electres viro da gua:

    Esta retirada de electres da gua feita nos cloroplastos, atravs de dois

    fotossistemas: I e II.

    6 tomos de um elemento qumico cujos ncleos tm o mesmo nmero atmico mas diferentes massas atmicas. 7 O objectivo que ele no altere caractersticas elementares; continue a ser carbono e a ter as suas propriedades, mas passando a ser radioactivo e, como tal, poder-se ver onde entrou na clula, em que stio da clula est a ser convertido, todos os seus intermedirios, e saber onde sai.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    10 BIOFISICA I

    O esquema

    representa a parte

    interna e a parte

    externa de uma das

    membranas do

    tilacoide; tem lpidos e

    pptidos que so

    transportadores de

    electres seguidos de

    transportadores de

    hidrognios, seguidos de transportadores de electres. Um transportador de hidrognio no

    mais do que um transportador de um proto mais um electro. Na membrana h uma parte

    que s transporta electres e outra parte que s transporta hidrognio inteiros. O l men a

    parte do interior dos folhos, enquanto a parte de cima representa a parte exterior da

    membrana interna.

    Embora o cloroplasto e a mitocndria sejam muito semelhantes o primeiro tem dois

    centros: fotossistema II e fotossistema I. So dois grandes complexos que absorvem a luz solar.

    O fotossistema II responsvel pela quebra da e sua passagem a O2: retiram-se da

    gua dois electres que so transportados ao longo de uma srie de protenas, existentes no

    tilacoide, que os vai levar a um receptor que oxida o em .

    Para os electres que vm da chegarem ao para produzir , eles

    tm que voltar parte interna da membrana para serem novamente estimulados, para que a

    sua energia os possa fazer subir em direco ao . Como normal, a no ser que

    sejam estimulados ao contrrio, os electres querem ir de um local muito reduzido para um

    local oxidado: partida, eles iriam de baixo para cima (na figura); para fazer o trajecto inverso,

    eles precisam de um estmulo (energia) 8.

    Na figura, na seta para baixo, no h transportadores de electres, apenas de

    hidrognios; para os electres voltarem para o interior tm que ir buscar protes que

    ao combinar-se os fazer combinar com os electres produzem hidrognio e assim possam ser

    transportados para o lmen. Ao chegar ao fotossistema , h novamente incidncia de luz que

    faz com que o tomo de hidrognio se parta, deite para fora o proto e que o electro suba

    fazendo com que o se reduza a .

    8 O foto no tem carga, apenas energia.

    s transporta

    electres s

    transporta

    hidrognio

    Membrana do tilacoide do

    cloroplasto

    a gua partida

    H = H+ + e

    -

    Cargas positivas (muito importante

    para produzir ATP)

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    11 BIOFISICA I

    Quando o electro chega ao fotossistema recebe novamente fotes de luz, fazendo

    com que os electres sigam para o lado oposto da membrana onde vai ser consumido.

    Durante este processo (seja nos cloroplastos, seja, o inverso, nas mitocndrias) para alm de

    transportar electres, por cada electro que faz o caminho vai buscar um proto ( ) ao lado

    oposto e transporta para o lmen.

    A membrana tambm capaz de realizar um gradiente elctrico de fora para dentro:

    consegue ir buscar cargas positivas fora e pass-las para o lado de dentro. Isto leva a que o

    lado de fora fique mais negativo do que o lado dentro. Ao bombear um proto de cima para

    baixo (na figura) est-se a tornar a parte de cima (na figura) mais negativa do que dentro da

    membrana tiram-se cargas positivas. O simples processo de transporte do proto de um para

    o outro lado essencial, uma vez que estes protes vo ser usados na sntese do .

    Os fotes so absorvidos pelo fotossistema e pelo : o para partir a gua e o para

    dar o pontap ao electro. Seria mais fcil se o electro da quebra da gua fosse

    imediatamente bombeado para a formao do . No entanto, o no o nico

    necessrio, tambm o e da os electres irem buscar os para passarem a membrana

    para posteriormente formar .

    Este um processo que necessita da energia dos fotes de luz que, primeiro, partem a

    gua e, depois, empurram-na para o lado oposto: o lado de fora vai ficar mais negativo do que

    o lado de dentro, sendo por isso que necessria energia para fazer com que o electro, que

    devia ser repelido pela carga negativa de fora, v para fora.

    Estes processos de transporte de protes so essenciais uma vez que so usados para a

    sntese do . As cargas positivas ( ) so extremamente importantes para criar um

    ambiente carregado de protes no interior. Assim, a energia solar usada neste mecanismo

    havendo dois princpios muito simples: (a) partir a gua e (b) conduzir o electro. Por um

    outro processo h transporte de electres para a clula para que haja um gradiente de

    membrana. No final deste processo vai ser produzido .

    Para partir duas molculas de gua, que so necessrias para produzir uma molcula de

    oxignio, so necessrios quatro fotes (luz azul avermelhada) a incidirem no fotossistema II.

    So necessrios quatro pacotes de energia (4 fotes de luz) para partir a gua.

    Para que os quatro electres que saram do fotossistema consigam chegar a produzir

    o so necessrios fotes incidentes no fotossistema . Uma vez que a luz incidente

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    12 BIOFISICA I

    no fotossistema mais avermelhada, as molculas envolvidas na atraco da luz do

    fotossistema ou no so as mesmas do fotossistema , ou esto organizadas de forma

    diferente.

    Assim, so necessrios 8 fotes para produzir NADPH e ATP

    fotes NADPH ATP

    Na condensao de uma molcula com trs carbonos ( ), com fotes consegue-se

    produzir e .

    fotes quase tudo o que necessrio para a condensao do ; ficam a faltar

    apenas ! Atravs do fotossistema a planta vai usar as protenas que transportam os

    electres e os protes: continua-se a ter energia, uma vez que o electro est a ser

    empurrado para uma rea negativa trazendo hidrognio9 para o interior (por cada ciclo traz

    ). Assim, s so necessrios mais protes que viro da ATP sintetase para produzir ATP.

    Como faltam , so necessrios 6 fotes

    adicionais, incidente s no fotossistema para que seja

    possvel produzir os . A planta absorve a luz dos

    fotes para produzir a energia necessria,

    armazenando-a sob a forma mais permanente

    glicose.

    Assim, para condensar trs carbonos, so

    necessrios 30 fotes.

    fotes produzem ATP NADPH

    fotes fazem circular electres

    que bombeiam protes

    que produzem ATP

    Para fixar na glucose so necessrios fotes10

    Mas qual a quantidade de energia de luz necessria para armazenar uma certa energia

    de alimentao eficincia da fotossntese?

    9 Um tomo de hidrognio composto por um proto mais um electro, sendo por isso que neutro. Na figura, um das linhas s transporta proto, a outra (para cima) s transporta electro. 10 Pretende-se saber qual a quantidade de energia de luz necessria para armazenar uma certa quantidade de energia de alimentao eficincia da fotossntese.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    13 BIOFISICA I

    Energia de cada foto (azul avermelhado)

    (11)

    Uma mol de fotes

    mol ( )

    Mas apenas da energia luminosa incidente que azul + vermelha. Para produzir

    uma mole de glucose ( energia livre) so necessrios

    de luz.

    Para produzir a energia armazenada na glucose (quando se queimar a glucose para

    libertar energia) so necessrios de fotes, de luz visvel.

    Eficincia mxima

    .

    Na melhor das hipteses, se toda a energia fosse convertida, apenas seria utilizada

    na fotossntese.

    11 Multiplicar 3x10-19 por 6,02 1023 (nmero de Avogadro).

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    14 BIOFISICA I

    Como que a energia ( ) que foi armazenada sob a forma de acar e amido

    convertida, nos animais (que no tm fotossntese), em alimentao?

    Transporte alternativo de e electres

    Este sistema pode ser

    considerado como o processo

    inverso daquele que ocorre

    nas plantas, a fotossntese, e

    reflecte a membrana interna

    da mitocndria.

    A membrana interna da

    mitocndria contm uma srie

    de protenas (pptidos) que

    tm uma funo semelhante

    s da fotossntese, com a

    diferena de que actuam de

    forma inversa: na mitocndria h um sistema de transporte de tomos de hidrognio seguido

    de transporte de electres, seguido de hidrognio etc., at chegar formao de gua12.

    Cada uma das setas (do interior da membrana) corresponde uma srie de protenas que

    so transportadoras, como que carroas, que transportam os electres (de cima para baixo)

    e hidrognios (de baixo para cima).

    Os transportadores de electres so protenas que tm ou os quais podem

    aceitar e doar electres. Quando se tem uma cadeia de tomos de , estes vo receber um

    electro e passar de a , doando-o ao tomo seguinte, que tambm o transfere.

    12 H um n mero superior destes vaivns: na fotossntese era apenas um e meio.

    Protenas

    (pptidos)

    Membrana

    interna da

    mitocndria

    Espao

    positivo

    Molcula

    altamente

    redutora

    Contm

    muito

    e

    : converso de energia em acares

    Outros processos

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    15 BIOFISICA I

    As setas de transporte de hidrognio so uma

    srie de pptidos que actuam na membrana interna,

    de forma semelhante do transporte de electres.

    Nesta srie alternativa, o transporte conduz a energia

    armazenada no NADH produzido na gliclise, que

    altamente redutora e que ao ser oxidada (passar a

    NAD+), fornece, primeira srie de protenas

    transportadora, um tomo de hidrognio. Este

    transportado para o outro lado da membrana e,

    como a seguir o transporte exclusivo para os

    electres, vai ter de se ver livre do proto ( )

    expelindo-o para o lado de fora da membrana.

    O espao extra-membranar positivo, uma vez

    que para l que o bombeado. Este processo s

    pode continuar transportando apenas um electro do

    lado oposto de onde o proto foi bombeado,

    havendo um outro proto que vai ser injectado: deste

    lado vai encontrar os transportadores de hidrognios

    a seguir e, para continuar, tem de ir buscar um proto

    matriz mitocondrial, juntar um electro e formar

    um hidrognio, sendo assim transportado para o lado

    de fora da membrana interna da mitocndria. Este

    processo acontece vrias vezes, at que o electro chega ao final da cadeia transportadora de

    electres. No final h consumo de e produo de .

    Esta cadeia praticamente inversa fotossntese: nesta, o mecanismo comea com a

    quebra da molcula de , sendo que nesta primeira fase saem electres; pelo contrrio,

    nos animais, o que se transporta so electres, comeando com a quebra do em

    , este que provm dos mecanismos do ciclo de Krebs e dos mecanismos extra-

    celulares por detrs da gliclise (utilizao dos compostos elementares).

    Na mitocndria, consumindo-se na respirao13, por um lado oxida-se

    (produzido atravs da alimentao) e, por outro lado, consome-se . As mitocndrias,

    13 Daqui vem o nome de cadeia respiratria. Em termos fisiolgicos, respirar isto mesmo: o O2 receber os electres e os protes com formao de H2O. Portanto, a respirao, em sentido restrito, um processo que se passa nas clulas e no nos pulmes: nos pulmes ventila-se ar e difundem-se gases, para possibilitar a entrada de O2 no sangue, de modo que ele alcance todas as clulas e assim se possibilite a respirao celular.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    16 BIOFISICA I

    enquanto oxidam o , ao reduzir o a e ao transportar electres ao longo da

    membrana, bombeiam protes ( ) do interior da matriz para o seu exterior.

    Este processo no mais do que converter energia qumica (armazenada no ) em

    energia elctrica, separando-se cargas, o que vai fazer com que o interior da matriz

    mitocondrial fique muito mais negativo e o exterior muito mais positivo. Neste modelo de

    realar que, ao mesmo tempo que se transportam electres ao longo da membrana,

    transportam-se tambm protes de um lado para o outro da membrana.

    Entre o que acontece nas plantas (fotossntese) e nos animais (cadeia de transporte de

    electres ou cadeia respiratria) h semelhanas: em ambos os processos bombeiam-se

    protes; contudo, h uma (grande) diferena: na fotossntese so bombeados de fora para

    dentro, na cadeia de transporte de electres, de dentro para fora. Ainda assim, em ambos os

    processos, h um transporte elctrico de cargas ao longo da membrana: cargas positivas no

    primeiro caso, negativos no caso da cadeia de transporte de electres. Deste modo, ao ser

    consumido , faz-se das mitocndrias pequenas baterias em que h mais cargas positivas de

    um lado e mais cargas negativas no outro.

    Em resumo, esta teoria mostra que o

    , ao ser oxidado produz um gradiente

    elctrico e a seguir este gradiente elctrico

    convertido noutra energia qumica, mas numa

    energia de fosforilao em que se produz

    no processo. Assim, h um intermedirio em que o sistema funciona para produzir .

    A sintetase um complexo proteico com

    muitas protenas (pptidos: e ) que esto organizadas

    volta de um tubo pelo qual os protes ( ) atravessam

    a membrana. Na parte interior h uma outra enzima de

    grandes dimenses em que os protes, ao entrarem, vo

    produzir . A cadeia de transporte de electres no

    se limita a bombear protes da matriz para o espao

    inter-membranar, mas tambm a utilizar estes para

    sintetizar .

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    17 BIOFISICA I

    A sintetase constituda basicamente por

    duas partes: que uma espcie de tubo que deixa

    passar os ; e uma grande enzima ( ) que sintetiza

    .

    O proto ( ) entra por um tubo e circula

    pela e passa para a fazendo com que esta gire

    rapidamente; ao girar que vai fazer com que seja

    armazenada energia suficiente na bola para

    produzir . Assim, o filamento de actina gira

    medida que o est a ser utilizado.

    Ambos processos cadeia de transporte de electres e esta enzima situam-se na

    membrana interna da mitocndria. No entanto uma coisa o que se passa na cadeia de

    transporte de electres (cadeia respiratria) e outra diferente o que se passa no complexo

    proteico. Estes processos decorrem em diferentes locais da membrana interna da mitocndria.

    O primeiro, decorre na membrana interna da mitocndria sempre que haja oxignio e que haja

    falta de energia; o segundo processo passa-se (praticamente) no lado oposto da membrana

    interna da mitocndria em que se pode armazenar protes durante um certo tempo e s os

    usar quando forem precisos e no necessita de oxignio.

    Mitchell props tambm, para que todo este

    processo funcionasse, uma terceira condio: ter

    que se manter o gradiente de protes ( ) para

    que mais tarde possa vir a ser utilizado para

    produzir . A membrana interna da mitocndria

    no pode ser permevel aos , pois caso

    contrrio eles saem livremente no se criando nenhum gradiente.

    Nota:

    Mas como que se conserva energia elstica para produzir ?

    O , ao passar, faz com que a bola ( ) gire a alta velocidade, no entanto no se sabe

    como se conserva energia elstica para produzir . Para mostrar este processo, foi

    necessrio isolar a protena inteira, ligando o a uma lmina do microscpio e ao ligar ao

    um filamento proteico de actina, de forma a fornecer , tendo ela comeado a girar. Este

    processo mostra que com o consumo de se constri um gradiente de protes com o qual se

    produz : consumo de produo de .

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    18 BIOFISICA I

    (carga) pH

    (concentrao)

    Esta teoria composta por trs ideias/condies chave: (a) haver um mecanismo de

    bombeamento dos (da respirao), (b) mecanismo capaz de mant-los durante um certo

    tempo em gradiente (membrana interna da mitocndria) e (c) haver na membrana interna

    uma protena ( sintetase) capaz de usar os para produzir .

    Todo o est a ser fabricado no interior da mitocndria onde ele no utilizado;

    ele apenas usado fora da mitocndria, na clula. Cerca de 2/3 de todo o utilizado para

    manter o gradiente ; este gradiente ocorre na clula, fora da mitocndria, portanto

    tem de haver um outro processo mediante o qual, quando o sai, entre . Esta a

    forma pela qual o produzido e depois posto no local onde vai ser utilizado.

    Como h muito que est a ser produzido dentro da mitocndria e ele usado fora

    da mitocndria, h uma outra protena que troca o por (necessrio para formar

    dentro da mitocndria).

    Sendo o gradiente de protes uma forma de armazenar energia, primeiro tm de ser

    bombeados para fora e depois usados para produzir outra forma de energia. Isto serve para

    conservar e produzir energia dentro das clulas.

    Na realidade, a sintetase no s produz usando gradiente de protes, como

    pode tambm faz o processo inverso: hidrolisar o e troca sdio por potssio.

    Ao serem bombeados para fora cria-se um gradiente ( ):

    por um lado elctrico ( ) em que h mais cargas positivas fora do

    que dentro, e ao mesmo tempo cria-se um gradiente de

    concentrao ( ) que apenas est relacionado com os gradientes

    de .; ao serem bombeados para fora, o exterior fica mais

    acdico e o interior mais bsico.

    Nota:

    Dizer que h um gradiente elctrico e um gradiente de parece uma redundncia,

    mas no: pode-se juntar um cido a uma soluo, mas se a soluo estiver muito bem

    tamponada14 o no se altera (muito). Como as mitocndrias esto muito bem tamponadas,

    o gradiente principal ( ) quase s constitudo pelo gradiente elctrico ( ) uma vez que o

    gradiente de ( ) no tem significado relevante. No cloroplasto acontece o inverso: est

    muito pouco tamponado e portanto basta que muito poucos protes passem de um para o

    outro lado para se criar um elevado gradiente de ( ).

    14 O tampo da soluo permite que se junte um acido sem alterao substancial do ; portanto, o nvel de depende do nvel de tamponamento do meio.

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    19 BIOFISICA I

    Na realidade, no est correcto dizer-se que o gradiente elctrico de dentro para fora

    nem o inverso uma vez que o gradiente, por definio, uma diferena de cargas. O que se

    pode dizer que est menos positivo fora do que dentro. O que se afecta o gradiente

    elctrico. No grfico anterior, o que est representado que no h uma parte que carga e

    uma parte que .

    NADH vs. FADH

    O tem algumas semelhanas com o embora entre eles haja uma diferena

    chave: enquanto o entra no princpio da cadeia de transporte de electres, o

    entra mais frente. Isto vai fazer com que por cada que oxidado apenas so

    bombeados, ao passo que quando o oxidado so bombeados. A sua utilizao

    depende das necessidades energticas da clula. O mecanismo subjacente aos dois

    precisamente o mesmo.

    Na cadeia respiratria:

    Por cada electro que vai do ao so bombeados (protes) (no

    caso de serem so apenas );

    Para reduzir o a so necessrios 4 electres (era o que acontecia na

    fotossntese: para partir a em eram tambm libertados 4 electres);

    Se forem necessrios para sintetizar , por cada molcula de

    consumida (consome-se 2 ) so produzidos 6 .

    Gliclise

    A glucose, ao ser consumida na gliclise, produz piruvatos, 2 e 2 15; este

    um processo muito pouco eficiente.

    15 Na verdade so produzidos , no entanto dois deles foram utilizados na primeira fase da gliclise (fase de activao).

    1 glucose

    2 piruvatos

    2 (citosol)

    2

    piruvato

    glucose

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    20 BIOFISICA I

    Daqui se pode ver com clareza a simbiose que h nos sistemas vivos: se no houvesse

    mitocndrias, a quantidade de energia ( ) formada seria diminuta; havendo mitocndrias16,

    h degradao de uma molcula de glucose formando a .

    Este sistema de produo de na mitocndria um sistema quase totalmente

    reversvel:

    respirao : os electres saem do e atravs da cadeia

    de transporte de electres chegam ao ;

    : medida que o consumido e que o convertido em

    est-se a utilizar um intermedirio de energia ( ) o qual pode ser usado para sintetizar

    ;

    respirao : a mitocndria, para funcionar de forma

    normal, no faz mais do que usar o , reduzir o a criando um gradiente

    electroqumico ( )17 o qual vai ser usado noutro local para sintetizar a partir do ;

    calor; ; transporte de ies: as mitocndrias no se limitam a

    produzir ; os msculos tm um sistema complexo de armazenamento de clcio ( )

    utilizando o retculo sarcoplasmtico; nas restantes clulas que no tm retculo

    sarcoplasmtico, o armazenado nas mitocndrias. O fundamental no

    metabolismo celular uma vez que como que um mensageiro. Para que ele seja armazenado

    dentro da mitocndria necessita de energia; sendo um io positivo (catio), quando so

    bombeados para fora, o ambiente dentro da mitocndria fica negativo indo-se deste modo

    buscar ao citoplasma e armazen-lo no interior. Assim, com este gradiente elctrico ( )

    no s h possibilidade de produzir como tambm se pode armazenar (transporte

    16 As nicas clulas do corpo que no tem mitocndrias so os eritrcitos; no necessitam delas uma vez que praticamente no tm funo do ponto de vista metablico; apenas transportam o e carregam o bicarbonato. No tm nenhuma funo de sntese nem de reparao, no necessitando por isso de mitocndrias; por isto tm tempos de semi-vida muito curtos. 17 Gradiente de protes: .

    Sistema reversvel

    Respirao

    Transporte

    de ies Calor

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    21 BIOFISICA I

    do io ). Alm disso, as mitocndrias do tecido adiposo produzem tambm calor: o

    gradiente elctrico pode ser usado para dissipar o calor produzido.

    Portanto, na mitocndria, ao ser consumido (a) pode ser produzido , (b)

    podem ser armazenados ies, ou (c) pode ser produzido calor, dependendo das necessidades.

    Como se pode ver pelo esquema anterior, quase todas as operaes so reversveis: assim

    como se pode usar o gradiente para produzir , tambm se pode hidrolisar o para

    produzir um gradiente elctrico para produzir calor.

    A proposta de Mitchell para a cadeia de transporte de electres j previa que o sistema

    pudesse andar numa ou noutra direco ainda que com algumas nuances: no se pode usar

    calor para produzir energia nem realizar fotossntese. No entanto, tudo o resto tem duas

    direces.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    22 BIOFISICA I

    Tempo mdio de Vida

    ESCALAS

    O grfico mostra que diferentes animais com pesos

    diferentes tm diferentes velocidades metablicas18:

    quanto maior o animal, menor a energia que consume por

    unidade de peso e por unidade de tempo.

    Um grfico semelhante mostra tambm que quanto

    menor for a taxa metablica do animal maior o seu

    tempo mdio de vida (nmero de anos que vive).

    Igualmente, quanto menor for a quantidade de energia

    (consumo de oxignio) que esse animal consome por

    unidade de tempo e por unidade de massa (por clula),

    maior ser o nmero mdio de anos de vida.

    Mas, porque que, na Natureza, quanto maior o animal menos oxignio esse animal

    consome por clula?

    Quanto menor a taxa metablica, menos consumido, e portanto quanto menos

    consumir cada clula desse animal maior o tempo mdio de vida desse animal. O , apesar

    de ser essencial vida, tambm de certa forma prejudicial: oxidante19.

    Assim, apesar de o ser fundamental e apesar de as clulas terem mitocndrias para

    produzir energia, desenvolveram-se sistemas muito mais eficientes de converso de energia

    que podem atingir complexidades muito elevadas; no entanto o preo que os organismos

    pagam por utilizar o muito elevado uma vez que tambm causa danos ao sistema, para os

    quais, apesar de tudo os animais conseguiram desenvolver mecanismos de proteco ao

    (vitaminas, antioxidantes, etc.).

    H tambm enzimas muito eficientes que tambm protegem contra os danos do

    por exemplo a catalase: quando uma pessoa se corta e desinfecta com gua oxigenada, no

    local da ferida comea a borbulhar; isto devido ao facto de a gua oxigenada ser perxido de

    hidrognio ( ) e tendo o sangue quantidades muito elevadas de catalase, esta enzima

    converte em que sai para a atmosfera.

    O altamente txico porque medida que se converte o em (adicionam-se

    electres ao ) vo produzindo espcies de que so altamente oxidantes.

    18 Quantidade de energia que consomem por unidade de tempo. 19 H diversos exemplos de oxidaes na Natureza: o vinho, depois de aberto, estraga-se, uma ponte ao fim de 40 anos precisa ser pintada novamente porque enferruja, etc.

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    23 BIOFISICA I

    Adies sequenciais de um electro ao oxignio molecular

    (anio radical superoxido)

    (peroxido de hidrognio)

    (radical hidroxil)

    O primeiro electro que se junta ao produz radical perxido que bastante txico. O

    ser humano tem uma enzima especfica para combater a formao do radical perxido, no

    entanto no eficiente e portanto h inevitavelmente algum que circula, que escapa.

    Se a este for juntado um segundo electro e se se for buscar dois protes (por exemplo gua)

    produzido perxido de hidrognio; juntando-se a este um terceiro electro produz-se a

    espcie mais txica que se conhece na oxidao nos seres vivos: o radical hidroxil. Para lutar

    contra isto, as clulas do corpo humano tm grandes quantidades, particularmente de duas

    enzimas: uma que destri imediatamente o radical perxido e outra para destruir o perxido

    de hidrognio com vista reduzir o mais possvel a hiptese de se produzir o radical hidroxil.

    Na mitocndria, no fim da cadeia de transporte de electres (assim como h no incio da

    fotossntese onde o convertido a ) h um sistema complexo que faz com que os

    quatro electres sejam juntos (ou separados no caso da fotossntese) quase de uma s vez ao

    para produzir .

    Assim, a formao de radicais de oxignio ocorre ao longo da cadeia respiratria onde

    um deles apanhado por uma molcula de oxignio que se converte numa das trs espcies.

    O facto de consumir menos oxignio por clula, vivendo em mdia mais tempo, devido

    ao facto de ter menor acumulao de danos por clula; cada uma das clulas est menos

    exposta a processos de oxidao.

    H seres vivos extremamente pequenos e outros extremamente grandes: no primeiro

    caso est por exemplo o micoplasma com um peso na ordem dos 1x10-3g e no segundo caso a

    baleia azul com cerca de 1x108g. Entre estes dois h 21 escalas de grandeza.

    Ao comparar dimenses

    relao entre volume e dimenses

    lineares obtm-se que, quando uma

    dimenso linear aumenta para o

    dobro, o seu volume ser elevado

    potncia trs ( ) enquanto a sua

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    24 BIOFISICA I

    rea de superfcie ser proporcional ao quadrado do volume ( ).

    Imaginando um cubo com lado , a sua superfcie ser e portanto a superfcie ser

    proporcional s dimenses lineares do quadrado do cubo em questo. Em relao ao volume,

    este proporcional a .

    Um cubo de lado igual a ,

    a superfcie igual a

    o volume igual a

    Semelhante tambm o que se passa numa esfera:

    No caso de uma esfera de dimetro

    em que a superfcie da esfera

    em que

    a volume da esfera

    Pode-se concluir ento que h relaes entre as dimenses lineares e as dimenses de

    superfcie e volume dos corpos em geral. Nos seres vivos passa-se o mesmo. Isto

    comprovado com a utilizao de uma transformao matemtica,

    em que refere-se ao volume e dimenso linear; no entanto, por esta curva no se

    consegue determinar qual a relao: se ,

    ,

    , etc.

    [o declive desta recta fornece o valor de ]

    Veja-se um exemplo concreto: se para as salamandras de diferentes tamanhos se

    comparar uma rea de superfcie ( ), tem-se que,

    [em que o exponencial o declive da recta do grfico]

    [na Natureza, a maioria dos animais no tem uma massa proporcional superfcie to linear]

    Massa proporcional,

    ou

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    25 BIOFISICA I

    A massa proporcional a e

    proporcional a

    e por sua vez

    (superfcie) proporcional a

    .

    Um outro exemplo aplicado ao

    tamanho da perna de uma barata em

    funo da sua massa: o comprimento

    da perna (em escala logaritmica)

    tambm proporcional sua massa:

    [em que o declive, inclinao, da recta)

    Num ser vivo,

    Produo de calor consumo de

    Produo perda de calor20 [superfcie]21

    Consumo de [superfcie]

    Consumo de calorias [superfcie]

    O consumo de e a perda de calor no so proporcionais ao nmero de clulas que o

    ser vivo tem (volume) mas sim rea exposta por essas clulas e por isso que quanto maior

    for o volume, como a superfcie cresce mais devagar, a quantidade de calor produzida por cada

    clula cada vez mais pequena, logo os animais vivem mais tempo.

    Por isso,

    Produo de calor

    20 Para animais homeotrmicos a relao perda e produo de calor semelhante; a variabilidade da temperatura para estes animais muito pequena. 21 Um ser vivo perde calor atravs da pele, ou seja, tem de ser proporcional superfcie corporal desse animal (perda de calor por irradiao).

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    26 BIOFISICA I

    Assim, uma vez que a superfcie

    proporcional

    , a produo de

    calor vai ser proporcional a

    .

    Daqui se percebe que medida

    que a massa aumenta a produo de

    calor e o consumo de no

    aumentam de forma proporcional:

    aumenta, mas de forma mais lenta (se

    aumentasse proporcionalmente a

    produo de calor seria proporcional

    massa total e no a

    ).

    Resumindo, sendo a pele o nico local pelo qual o corpo perde calor, esta perda tem de

    ser proporcional superfcie e, portanto, para no se alterar a temperatura interna (em

    animais homeotrmicos) a produo de calor tem de ser proporcional superfcie e no ao

    volume (nmero total de clulas).

    Para o consumo de , tendo este a ver com a produo de calor, no se podendo

    alterar a temperatura, a velocidade de perda de calor tem de ser igual velocidade de

    produo de calor; como esta proporcional superfcie, o consumo vai ser proporcional

    superfcie, caso contrrio, aumentar-se-ia a temperatura.

    Apesar de ser contra-intuitivo (o facto de 100

    clulas no consumirem 100x mais do que 1 clula),

    explicado pelo facto de quanto maior for o nmero

    total de clulas, menos oxignio cada uma delas

    produz e portanto, nos animais muito grandes, como

    cada clula est sempre a produzir um pouco menos

    de , h menor acmulo de danos e portanto vivem

    mais tempo. medida que as clulas se acumulam

    num volume maior, para manter a sua temperatura,

    a sua produo de calor por cada clula diminui logo,

    o consumo de decresce uma vez que o consumo de comida tende a diminuir portanto, em

    termos de nmero de seres vivos que o sistema ecolgico consegue manter, quanto maior o

    animal mais come, mas, proporcionalmente ao seu tamanho, come menos do que um animal

    mais pequeno.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    27 BIOFISICA I

    Por exemplo, um colibri22 tem um movimento de asas to rpido que quase no se vem

    vista desarmada; alm disso, voa a grande velocidade. Deste modo, ele tem de estar

    continuamente a sugar o nctar das folhas para ter energia suficiente para manter a

    velocidade de consumo de por unidade de clula, que muito elevado. Logo, vai ter um

    tempo mdio de vida muito pequeno.

    Nota:

    medida que os animais aumentam de tamanho, o nmero de clulas diferentes que

    so necessrias no organismo aumenta tambm de forma relativamente constante; uma

    baleia, por exemplo, tem muitas mais clulas diferentes do que uma lagarta ou do que um

    gafanhoto. H especializao das clulas, a qual est relacionada com a complexidade que vai

    tambm aumentando de animal para animal.

    Como se sabe, na atmosfera (ao

    nvel do mar), h cerca de de

    ; esta quantidade fundamental para

    haver vida: se se aumentasse a

    quantidade de na atmosfera isso

    tornava-a altamente txica23. Os cerca de

    de que existem na atmosfera

    so a quantidade suficiente para se

    desenvolver vida e a concentrao

    suficiente para que seja com o mnimo de

    toxicidade possvel.

    H muitas espcies no planeta com

    dimenses muito diferentes, as quais

    mantm a sua temperatura volta dos

    . Mas, porque que a

    temperatura ideal do corpo para grande

    parte dos animais homeotrmicos?

    22 Ave normalmente presente nos trpicos. 23 Antigamente, quando os bebs nasciam prematuros e no tinham os pulmes bem desenvolvidos, eram postos em cmaras onde a concentrao de O2 era muito elevada; veio-se a perceber que isso era uma forma de manter o beb vivo, porque o seu pulmo no estava muito desenvolvido, mas tinha um preo muito alto: alguns dos sistemas dos sentidos no se desenvolviam de forma correcta: alguns bebs, depois desse tipo de tratamento, ficavam cegos, uma vez que a retina do olho, ao desenvolver concentraes muito alta de O2, era destruda.

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    28 BIOFISICA I

    No se sabe se foram as enzimas que se adaptaram aos ou se foram os que

    levaram as enzimas a funcionar de forma mais eficiente. Apenas se sabe que parte das enzimas

    est optimizada a funcionar a esta temperatura. H certos organismos que vivem em

    ambientes extremos, alguns deles de calor, que possuem enzimas a funcionar a .

    Portanto, resumindo, (a) medida que um animal fica mais pequeno, a superfcie em

    relao massa, aumenta, (b) a velocidade metablica (consumo de ou de calorias por

    unidade de tempo) medida por unidade de massa, vai aumentando com a diminuio do

    animal: quanto mais pequeno for o animal maior a taxa metablica por unidade de massa, e

    (c) relacionando a velocidade metablica por unidade de superfcie o valor quase constante.

    Assim, os animais, no geral, evoluram no sentido de o local por onde perdem calor

    superfcie da pele e a quantidade de energia, de calor e de oxignio que consomem, por

    unidade de superfcie, tem de ser constante, para que a temperatura seja mantida tambm

    constante.

    Mas, estranhamente, comparando experimentalmente duas dimenses lineares em

    ossos de antlopes,

    ?!?!?! [ comprimento; dimetro]

    Uma possibilidade

    [ = volume (observado teoricamente); relao para o cilindro]

    No planeta Terra, devido fora da

    gravidade24 h uma necessidade metablica

    maior, no s para manter as clulas vivas,

    mas tambm para resistir e manter-se de p.

    Assim, todas as relaes de tamanho tm de

    ter em considerao a fora de gravidade.

    Comparando-se duas dimenses

    lineares em animais de grandes dimenses,

    para os quais a gravidade importante,

    interfere mais, v-se que as suas relaes no

    24 Um dos efeitos que sofrem os astronautas aps terem estado sem gravidade perda de massa muscular; os msculos e ossos degeneram, uma vez que no tm de suportar peso algum (o mesmo acontece com as pessoas acamadas).

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    29 BIOFISICA I

    so directamente proporcionais. Por exemplo, compare-se, nos antlopes, o comprimento do

    mero e a espessura deste osso; o dimetro mais pequeno comparado com o comprimento

    do osso: a inclinao desta recta cerca de 2/3:

    Isto deve-se ao facto de que, para suportar o peso, o dimetro tem de crescer mais

    depressa do que o comprimento: tem de haver uma base maior para suportar o peso sendo

    por isso que o dimetro proporcional ao comprimento elevado a 3/2.

    H ento uma relao entre o dimetro e o

    comprimento, a qual no totalmente proporcional

    devido gravidade. Isto verdade no s para os

    antlopes (animais) como tambm para as rvores; para

    todos os sistemas que tm de suportar peso obtm-se

    uma relao que no linear o dimetro no

    proporcional altura e o factor de correco tem a ver

    com a gravidade.

    Nota:

    Buckling25 ponto de suporte mximo em que,

    quando se pressiona, por exemplo um pau, ele dobra e

    parte. um clculo terico e est relacionado com a

    elasticidade do sistema ao peso. No caso de uma rvore

    com dimetro pode-se aumentar a altura da rvore at

    um ponto mximo (buckling): at este ponto a rvore no

    parte, para alm deste ponto ela quebra; est relacionado com elasticidade da madeira (neste

    caso) de resistir ao peso. Ainda para o caso da rvore, no possvel encontrar uma rvore

    que esteja do lado direito da recta acima representada no grfico.

    Portanto, em termos geomtricos, o dimetro e o comprimento deviam ser

    proporcionais massa elevado a 1/3; mas, como existe gravidade, o dimetro cresce mais

    rapidamente do que o comprimento.

    Assim, geometricamente, observa-se que,

    25 Na engenharia, o termo buckling refere-se a uma falha caracterizada por uma falha sbita de um membro estrutural sujeito a um grande stress de compresso, onde o efectivo stress de compresso no ponto de quebra menor do que o stress compressor a que o material capaz de resistir. Esta falha tambm descrita como uma falha devido instabilidade elstica.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    30 BIOFISICA I

    e

    [ refere-se ao dimetro e distncia]

    no entanto, experimentalmente, por existir fora da gravidade, observa-se que,

    Por exemplo, para o caso de um cilindro, por definio o seu volume dado pela rea da

    base a multiplicar pela altura; sendo a massa proporcional ao volume, a massa tambm vai ser

    proporcional rea da base que multiplica pela altura. Experimentalmente observou-se que o

    comprimento, a altura e o dimetro no so proporcionais linearmente: um cresce mais

    depressa do que o outro; isto devido ao factor gravidade. A massa cresce mais rapidamente

    do que o dimetro e o comprimento; mas a diferena maior para o comprimento do que

    para o dimetro por causa da gravidade.

    Nota:

    O planeta Neptuno foi descoberto antes de ser visto. At data de ser descoberto, os

    cientistas astrnomos conheciam os planetas at Saturno. No entanto, Norberie, ao fazer

    clculos da orbita de Saturno viu que algo no batia certo; umas vezes atrasava, outras

    adiantava. Fazendo os clculos pensou que significaria que tinha de haver outro planeta o qual

    estava a atrair Saturno. Chegou, teoricamente, concluso de que se se apontasse um

    telescpio a certa hora, numa certa direco, ver-se-ia o planeta em falta. Na prtica foi

    visvel e descoberto.

    Portanto, por clculos puramente tericos, foi possvel prever um outro ponto celeste

    com uma dada dimenso e numa dada posio a interferir com um outro planeta.

    Produo de calor ao metabolismo rea transversal dos msculos ao dimetro ao

    quadrado massa elevado a

    Consumo de O2

    Densidade populacional

    A razo metablica proporcional ao consumo de e produo de calor e

    proporcional superfcie; alm disso, esta proporcional a

    . Devido gravidade, h uma

    correco a fazer a qual est relacionada com o facto de uma parte da energia ser usada

    exclusivamente para suportar o peso do sistema vivo e, portanto, o dimetro cresce

    ligeiramente mais depressa do que o comprimento uma vez que h uma quantidade de

    energia que usada no s para produzir calor como tambm para suportar o peso.

    Densidade populacional proporcional a

    A massa cresce mais rapidamente do que ambas, mas a diferena

    maior para a porque cresce mais rapidamente do que por causa da

    gravidade

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    31 BIOFISICA I

    O suporte do peso por um animal estar

    relacionado com a espessura dos msculos dos

    membros inferiores (de suporte); a capacidade do

    msculo e a fora que este consegue exercer

    directamente proporcional espessura do msculo e,

    portanto, deveria ser proporcional sua rea

    transversal. Mas, como visto anteriormente, a

    produo de calor proporcional ao metabolismo

    (principalmente ao metabolismo dos msculos) sendo

    este ento proporcional rea de seco transversal

    do msculo; esta vai ser proporcional ao dimetro ao

    quadrado ( ) o qual proporcional a

    .

    Medindo a densidade populacional de

    vrias espcies em funo da rea que ocupam

    num sistema ecolgico verifica-se que a

    evoluo da sua massa de animais diferentes

    varia com a uma curva de inclinao

    . Isto

    devido ao consumo de dos animais ser

    proporcional

    . A densidade populacional

    do sistema ecolgico proporcional a

    de cada uma das espcies; ou

    seja, quanto maior o consumo de de um

    animal, menor ser a sua densidade populacional no sistema ecolgico. Portanto, se a

    densidade populacional inversamente proporcional ao consumo de de cada indivduo, a

    densidade populacional ser proporcional a

    .

    Nota:

    Dimetro proporcional ao comprimento, mas

    experimentalmente observou-se que a proporcionalidade entre dimetro e

    massa diferente da proporcionalidade do comprimento e massa!!!

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    32 BIOFISICA I

    ISTOPOS E RADIOACTIVIDADE

    Ao contrrio da Qumica, que trabalha essencialmente com os electres de valncia, a

    Fsica Nuclear olha mais para o interior do tomo. Comea-se a perceber que h uma enorme

    quantidade de energia escondida no interior dos n cleos dos tomos. Enquanto nos

    mecanismos de combusto, rpida e lenta, h um nvel energtico no muito elevado, na

    Fsica Nuclear observam-se quantidades de energia produzida vrias ordens de grandeza

    superiores.

    Energia libertada (1kg de matria) gua (energia hidrulica)

    Queda de 50m 5 segundos

    Energia produzida necessria para

    acender uma lmpada de 100w

    Carvo (energia qumica)

    Combusto 8 horas

    enriquecido (32%)

    Fisso num reactor 690 anos

    235 (puro)

    Fisso completa 3x104 anos

    Matria/antimatria Aniquilamento 3x107 anos

    O quadro d uma ideia das energias que se conseguem obter com a utilizao de vrias

    fontes de energia. A queda de de de gua liberta energia suficiente para fazer

    funcionar uma lmpada de durante cinco segundos; a energia (gravtica) libertada uma

    vez que o potencial da gua desce, libertando-se a mais pura das energias renovveis.

    Ao consumir de carvo, por combusto, libertada uma quantidade de energia

    suficiente para manter acesa a mesma lmpada durante oito horas, havendo aqui j uma

    diferena aprecivel para a energia produzida pela queda da gua por fora da gravidade26.

    Se se passar para os reactores nucleares, que utilizam urnio enriquecido (xido de

    urnio), fazendo a fisso num reactor (partir urnio nos seus componentes), d para manter a

    lmpada acesa durante cerca de 690 anos com apenas de urnio enriquecido.

    Se algum dia for possvel, em reactores nucleares de 4 gerao, fazer a fisso completa

    de 235 , liberta-se energia suficiente para manter a lmpada acesa durante 30 mil anos.

    Igualmente, se tambm algum dia for possvel extrair energia de mecanismos de

    combinao de matria com antimatria (acontece permanentemente no corpo humano)

    consegue-se manter a lmpada acesa durante 30 milhes de anos.

    H diferenas enormes entre as energias libertadas: pela fora gravtica (a energia

    potencial de uma massa liberta quantidades muito pequenas de energia), pela energia qumica

    contida nas ligaes entre tomos j liberta um pouco mais, mas a energia nuclear que

    liberta quantidades enormssimas de energia.

    26 A libertao de energia do carvo provm da separao dos seus tomos que ao ser oxidado liberta energia qumica.

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    33 BIOFISICA I

    A energia nuclear aparece com a descoberta das propriedades dos ncleos atmicos e

    das suas caractersticas o facto de alguns ncleos no serem estveis. A descoberta da

    radioactividade desperta para o facto de haver ncleos instveis.

    Ncleos instveis

    Ncleo ( , nmero de massa) = Protes ( , nmero atmico) + Neutres ( )

    O ncleo dos tomos constitudo por dois tipos de partculas (que se julgavam

    elementares mas que na verdade no o so): protes e neutres. O nmero total de protes e

    neutres so os nuclees sendo, normalmente, par. Os elementos distinguem-se no s pelo

    nmero total de nuclees como tambm se distinguem quimicamente pelo nmero total de

    protes. Assim, as caractersticas qumicas dos elementos so dadas essencialmente pelo

    nmero de protes (so eles que do o nmero de electres e portanto definem as orbitais

    preenchidas de cada tomo), enquanto os neutres no tm um efeito (muito significativo)

    sobre as suas propriedades qumicas; mas, porque os tomos tm pesos diferentes, nas

    reaces qumicas reagem mais devagar por serem mais pesados. Se se comparar a velocidade

    de reaco do 16 e a do 18 , em geral, o mecanismo em que intervm o 18 mais lento uma

    vez que mais pesado, embora o mecanismo seja exactamente igual27.

    Istopos mesmo Z; diferente N; diferente A

    Para cada um dos ncleos que se conhecem pode existir um nmero muito grande de

    istopos. Istopos de um elemento, por definio, so o mesmo elemento mas com um

    nmero de neutres diferente e um nmero de protes exactamente igual; quimicamente so

    idnticos mas em termos de peso so diferentes.

    As dimenses de um ncleo de um tomo so extremamente pequenas. O raio do

    ncleo ( ) dado pela expresso,

    [ constante, nmero de nuclees, fentmetro:1x10-15

    ]

    27 tambm por esta razo que se usa 14C uma vez que substitui perfeitamente o 12C e a qumica no alterada, apenas mais lenta.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    34 BIOFISICA I

    As dimenses lineares de um raio so proporcionais ao volume com o expoente

    . Para o

    hidrognio, em que , o raio do seu ncleo cerca de 1,2 (fento metros)28. Deste

    modo, pode-se dizer que um tomo essencialmente espao vazio: tem ncleos muito densos

    e electres apenas a uma distncia muito grande.

    O ncleo constitudo por neutres e protes. O nmero total de nuclees dado pelo

    nmero de massa ( ), o nmero de protes o nmero atmico ( ) e o refere-se ao

    nmero neutres. Para cada elemento da Tabela Peridica existem istopos com o mesmo

    mas tm diferentes e . O raio do ncleo muito pequeno:

    . medida que

    aumenta o nmero de protes aumenta ainda mais o nmero de neutres. Assim surgem os

    istopos radioactivos ou no.

    Os istopos radioactivos so em maior nmero, mas quando a velocidade de

    desintegrao muito alta eles j no existem quando chegam superfcie, uma vez que so

    instveis, o que os distingue dos istopos no radioactivos, que so estveis. Os istopos,

    especialmente os radioactivos, so usados para seguir o percurso de um elemento num

    processo qumico ou biolgico sendo tambm designados como marcadores.

    Podem-se caracterizar os istopos em dois tipos: os estveis (como 12 , 14 , 1 entre

    outros) e os instveis, que se decompem, que se partem e ao partirem-se emitem radiao,

    por isso se chamam radioistopos. So conhecidos hoje em dia cerca de 100 elementos e cerca

    de 300 istopos.

    Assim, quando se fala em transies de fase, em que as partculas se condensam quando

    mudam de fase primeiro em ncleos e depois em tomos num dos casos o nmero de

    portes junta-se ao nmero de neutres de quantidades diferentes e portanto, pode-se ter o

    mesmo oxignio com 7, 8 ou 9 neutres associados, mas tinham pesos diferentes.

    1896 Becquerel descobre a Radioactividade: Incio da Fsica Nuclear

    Pierre e Marie Currie purificam o Polnio ( ) e Rdon ( ): ambos muito

    radioactivos

    Becquerel descobriu, quase por acaso, a radioactividade em 1896 e assim se inicia a

    Fsica Nuclear. Mas tarde, Marie Curie29 e Pierre Curie isolaram o Rdon ( ) e o polnio

    ( ).

    28 Isto significa que, em termos de uma escala humana , seria como ter um tomo de hidrognio na mo (visvel ao olho humano), os seus electres estariam a girar volta dele at perto da Casa da Msica. 29 Primeira pessoa a ganhar dois prmios Nobel: Fsica e Qumica.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    35 BIOFISICA I

    H essencialmente trs tipos de radiao:

    (+) Ncleos de

    Partculas pesadas; so essencialmente ncleos de (dois protes + dois

    neutres); carga positiva.

    (-) Electres No os que circulam volta do ncleo mas os que saem do ncleo; carga

    negativa.

    (o) Raios , energias

    muito altas No tm massa nem carga, mas tm energia muito elevada.

    Rutherford (1903) conseguiu a converso de um elemento noutro.

    [libertao de um ; perdeu 4 A e 2 Z]

    Istopos de e : radioactivos e no radioactivos

    Foi Rutherford o primeiro a distinguir trs tipos de radiaes diferentes: . A

    primeira tem radiao positiva, a segunda tem maioritariamente negativa, enquanto a terceira

    essencialmente sem carga. A radiao essencialmente ncleos de Hlio (tem nmero de

    massa 4 e nmero atmico 2 uma vez que tem dois protes e dois neutres) que so partculas

    muito estveis que tm duas cargas positivas. A radiao essencialmente electres,

    enquanto a radiao constituda por fotes. Os istopos instveis de alguns dos elementos,

    quando decaem (passa de um radioistopo instvel para estvel), emitem estes trs tipos de

    radiao (podem emitir um, dois ou trs deles).

    Comea ento a perceber-se que os tomos no tm apenas electres nas orbitais mas

    tambm nos ncleos. Destes pode sair energia pura (fotes, radiao ), podem sair electres

    (radiao ) e/ou podem sair bocados do ncleo, uma vez que uma partcula so dois

    protes e dois neutres.

    Quando saem partculas , o nmero atmico (a carga do ncleo) altera-se, h

    converso de um elemento noutro, o que j no acontece quando emitida radiao , em

    que o elemento fica o mesmo.

    Por aqui se percebe que o sonho dos alquimistas no pode ser satisfeito uma vez que

    apenas por processos qumicos no possvel obter um elemento novo ou transformar

    elementos: nas reaces qumicas o que est envolvido so os electres volta do ncleo,

    portanto no se altera a constituio do ncleo. Rutherford mostrou que, quando o urnio

    radioactivamente emitia uma partcula , ou seja, quando decaa, ele perdia quatro nmeros

    de massa (passava de para ) e perdia dois protes passando a .

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    36 BIOFISICA I

    As foras da gravidade so muito pequenas comparadas com as foras elctricas;

    deste modo que uma nuvem de electres produz um campo elctrico volta quase

    impenetrvel.

    Desintegrao perodo de semi-vida ( )

    0

    T

    2T

    3T

    () ()

    Se numa amostra for o nmero de tomos que ainda no se desintegraram e a

    alterao deste nmero num espao de tempo tem-se que,

    [o sinal negativo uma vez que est a diminuir]

    Quando se utiliza um radioistopo instvel, ele tem um certo tempo de semi-vida que

    no mais do que o tempo que leva uma certa quantidade de um elemento a decair. Se, numa

    amostra, for o nmero de tomos que ainda no se desintegraram, aqueles que ainda so

    radioactivos, e se for alterao de um ncleo num espao de tempo , o nmero de

    tomos que se desintegraram no s proporcional quantidade de tempo que passa (quanto

    maior o tempo que passar, maior o nmero de tomos que se desintegram), como tambm

    proporcional ao nmero de tomos que l ficou. Assim, num tempo inicial ( =0s) um elemento

    tem tomos radioactivos; passado um tempo ( ) o nmero de tomos radioactivos

    ; passados , tem-se

    e aos tem-se

    e assim sucessivamente. Deste

    modo, o nmero de tomos que se desintegram proporcional ao valor dos tomos que o

    elemento tinha inicialmente

    Ento,

    para

    esta a equao que define o mecanismo de desintegrao: quanto mais pequeno, mais

    devagar o tomo se desintegra. Cada istopo radioactivo caracterizado por um diferente:

    pode ir de milhes de anos a fentmetros (1x10-15s). Quanto maior for o valor de , mais

    depressa o elemento decai.

    A equao anterior define desta forma a quantidade de material que permanece

    radioactivo depois de ter passado um determinado tempo .

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    37 BIOFISICA I

    Cada um dos pontos do grfico ao lado representa um

    elemento. A Tabela Peridica constituda por cerca de 100

    elementos. Cada elemento tem istopos estveis e

    instveis. medida que a massa dos tomos vai

    aumentando, para ter um tomo que no se desintegre tem

    de se aumentar mais rapidamente o nmero de neutres do

    que o nmero de protes, uma vez que estes tm todos

    carga positiva e portanto repelem-se; se se tiver muitos protes, o tomo deixa de ser estvel

    e tem de ter muitos neutres para servirem de massa agregante. De facto, os neutres servem

    para estabilizar um ncleo at um certo ponto e um nmero demasiadamente elevado de

    neutres tambm pode proporcionar instabilidade.

    Assim, quanto maior for o nmero de massa de um tomo na Tabela Peridica, maior

    o nmero de neutres em comparao com o nmero de protes.

    Hidrognio

    Nota: trtio e X: elementos formados pelo Homem com recurso a tecnologia.

    Para os istopos do hidrognio h dois estveis (que no se desintegram) e um instvel

    (hbrido). Um dos istopos, o hidrognio ( ), possui um proto e nenhum neutro; o deutrio

    ( ) contm um proto e um neutro enquanto o tritio (

    ) tem um proto e dois neutres.

    Carbono

    Istopo (percentagens na Terra)

    Nmero atmico (Z)

    Nmero de neutres (N)

    Nmero de massa (A)

    Estabilidade

    12C (98,99%) 6 4 10 Instvel

    13C (1,11%) 6 5 11 Instvel

    6 6 12 V 6 7 13 V 6 8 14 Instvel 6 9 15 Instvel 6 10 16 Instvel 6 11 17 Instvel

    Istopo (percentagens na Terra)

    Nmero atmico (Z)

    Nmero de neutres

    (N)

    Nmero de massa (A)

    Estabilidade

    Hidrognio (99,985%)

    1 0 1 V

    Deutrio (0,015%)

    1 1 2 V

    Trtio 1 2 3 Instvel X 1 3 4 No existe

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    38 BIOFISICA I

    Para o carbono ( ), h 9 istopos

    diferentes. Cada um tem um nmero crescente de

    neutres dos quais s dois so estveis (o 12C e o

    13C)30.

    Outros istopos: 14

    N 99,635 16 99,759

    15N 0,365

    17 0,037 18 0,204

    Em termos de abundncia natural, os

    istopos estveis esto em muito maior quantidade do que os instveis da serem utilizados

    no balanceamento de equaes qumicas.

    Nota:

    Com a excepo do hidrognio, que tem nomes diferentes para cada um dos seus

    istopos, os istopos dos elementos so identificados pelos seus nmeros de massa: -235

    (235 ). Assim, os istopos do mesmo elemento tm propriedades qumicas semelhantes

    formando o mesmo tipo de compostos e reactividades semelhantes.

    30 O 14C muito utilizado para datar material orgnico. O 13C, o 15N e o 17O so muito utilizados em ressonncia magntica.

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    39 BIOFISICA I

    MASSAS NUCLEARES/ENERGIA DE LIGAO

    Quando se trabalha com massas muito pequenas usa-se uma unidade de peso muito

    pequena que vai falar a mesma linguagem que um proto: a unidade de medida da massa

    atmica ( ).

    Fala-se em unidade de massa atmica ( ) e em mega electres volt ( )31. A grande

    diferena entre a Fsica Nuclear e a Qumica que as reaces em Qumicas so mais ou

    menos exotrmicas/endotrmicas; so, em geral, da ordem dos milhares de electres volt. Em

    Fsica Nuclear as quantidades de energia envolvidas podem chegar aos milhes de electres

    volt. Deste modo, a descoberta do que acontecia com um ncleo e as reaces que se davam

    num ncleo foi uma surpresa, uma vez que se passou a falar em ordens de grandeza muito

    mais elevadas.

    = unidade de massa atmica = kg

    Energia associada ( ) = =

    Segundo Einstein, massa e energia so a mesma coisa; deste modo pode-se transformar

    uma dada massa numa certa quantidade de energia. Multiplicando a massa pela velocidade da

    luz obtm-se que uma unidade de massa atmica corresponde a , este o valor

    correspondente energia contida num proto (ou num electro).

    A unidade de massa atmica foi definida a partir da massa do carbono ( ). A massa do

    istopo mais importante do carbono o 12 igual, por definio, a 12 unidades de massa

    atmica.

    Massa 12 12,000 [por definio]

    Uma das leis fundamentais (particularmente da Qumica) que quando se juntam vrias

    coisas com massas diferentes a soma da massa dos constituintes igual massa do conjunto

    Lei da Conservao da Massa.

    Soma das massas do Carbono

    + + =

    diferena 0,0989 energia de ligao

    Energia de ligao por nucleo para o 12C

    Se se pegar na massa dos constituintes (6 protes, 6 neutres, 6 electres) do tomo de

    carbono, a soma das suas massas maior do que a massa do carbono.

    31 particularmente usado em Qumica reaces qumicas onde intervm centenas de massas de tomos.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    40 BIOFISICA I

    Mas, porque que a soma das massas dos constituintes no igual massa total do

    objecto em estudo?

    A diferena entre a massa do carbono, por definio, e a soma das massas dos

    constituintes uma diferena pequena (no chega a unidades de massa atmica), mas em

    termos de corresponde a , algo j considervel. Esta energia que falta e que

    equivale a uma determinada massa est conservada na energia de ligao dos protes e dos

    neutres do ncleo.

    No fcil pegar em 6 protes, todos eles com cargas positivas, e 6 neutres, que no

    tm carga nenhuma, e sabendo que as cargas positivas se repelem, coloc-las num ncleo com

    dimenses muito reduzidas (na ordem dos fentometros: 1x10-15) s possvel por haver uma

    outra fora que seja oposta fora elctrica dos protes para manter os nuclees juntos.

    Com as foras que se conheciam gravidade e electricidade no era possvel explicar

    como se podiam pr 6 protes todos juntos a distncias to pequenas. Para os protes

    estarem no n cleo, tem que haver uma cola, uma fora de atraco destas partculas, a qual

    consome a quarta parte da energia das partculas. Para todos os elementos que se conhecem

    h uma certa quantidade de energia que est armazenada no ncleo das partculas e que faz

    com que aqueles nuclees possam estar juntos.

    Como a energia de ligao do carbono pode-se dizer que, por cada nucleo

    (no carbono so 12) a energia de ligao MeV (

    ). Isto quer dizer que, em princpio,

    se se retirar do ncleo um dos nuclees, provavelmente esta energia vai ser libertada e por

    isso que, quando h desintegrao do ncleo, em geral, h libertao de energia32.

    A energia de ligao diferente

    de elemento para elemento; se se pegar

    em todos os elementos da Tabela

    Peridica e se se fizer um grfico da

    energia de ligao por nucleo em

    ordem massa do elemento, obtm-se

    uma curva caracterstica: para os elementos muito pequenos, baixas energias de ligao;

    medida que crescem, as energias de ligao vo aumentando; a certa altura atinge o mximo

    (com o ) e posteriormente vo diminuindo. Esta curva mostra que o elemento que tem

    a energia de ligao maior, sendo o elemento mais estvel do Universo; isto devido ao facto

    dos seus nuclees estarem mais fortemente ligados uns aos outros.

    32 por isso que as bombas atmicas bem como que os reactores nucleares, podem ser to perigosos.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    41 BIOFISICA I

    Considere-se a fuso clssica:

    (33)

    Energia de ligao por nucleo:

    Massa

    Massa

    [em ambas, tem de se subtrair a energia de ligao dos nuclees; a massa dos electres pode ser

    desprezada uma vez que eles contribuem muito pouco para a massa total34

    ]

    Se se fundir 3 ncleos de hlio obtm-se um ncleo que tem 12 nuclees (3x4) e com 6

    protes (3x2). Mas as energias de ligao por nucleo no so iguais para o hlio e para o

    carbono: a do hlio mais pequena do que a do carbono. Logo, o carbono ligeiramente mais

    estvel do que o hlio. A massa do tomo de hlio igual soma da massa dos (2) protes, da

    massa dos (2) neutres mais a massa dos (2) electres menos o produto da energia de ligao

    por nucleo pelo nmero de nuclees: como so 4 tem de se subtrair quatro vezes a energia

    de ligao ( ). Para o carbono, a sua massa ser seis vezes a massa dos protes, mais

    seis vezes a massa dos neutres, mais seis vezes a massa dos electres menos doze vezes a

    energia de ligao dos nuclees do carbono ( ).

    A soma da massa dos protes, neutres e electres ser maior do que 6 vezes a energia

    de ligao dos nuclees. Portanto, se se determinar a soma das trs massas (protes, neutres

    e electres) e subtrair a massa do carbono, como as massas totais do hlio e do carbono so

    dadas pelas expresses anteriores, as diferenas destas massas no zero mas sim .

    Portanto, na fuso de trs tomos de hlio, para produzir um tomo de carbono, liberta-

    se uma quantidade muito significativa de energia que estava armazenada nas energias de

    ligao dos tomos: . No tendo desaparecido nenhuma partcula nem tendo-se criado

    nenhuma nova partcula (continua-se com o mesmo nmero de neutres, protes e electres,

    quando se juntam trs ncleos mais leves para se formar um ncleo mais pesado h uma certa

    libertao de energia neste processo. Isto quer ento dizer que a fuso de trs hlios para a

    fuso de um carbono uma reaco exotrmica, que produz e liberta energia.

    33 Quando o Sol comear a arrefecer os tomos de hlios vo-se comear a fundir uns com os outros; provavelmente, foi da fuso do hlio que apareceu o carbono. 34 O peso de um electro cerca de 2000x mais pequeno do que o do proto e do neutro.

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    42 BIOFISICA I

    Pegando-se em dois elementos pequenos para produzir um elemento maior, h

    libertao de energia; pegando-se num elemento maior e se parte em dois mais pequenos h

    tambm libertao de energia. Pelo grfico anterior, sabe-se quais os elementos a utilizar para

    que haja libertao de energia de uma e de outra forma.

    pela compreenso deste processo (fuso de trs hlios para dar um carbono) que

    possvel perceber-se o funcionamento do Sol: todas as reaces que nele se realizam so de

    fuso e libertam grandes quantidades de energia35.

    Reactor nuclear

    235 + 140 + 94 + 2 liberta [em que radioistopo]

    Esta a reaco que, por um reactor nuclear, se pode fazer libertar energia para ser

    consumida. O 235 (reactivo) um radioistopo (elemento muito instvel) e volta e meia

    liberta um neutro. Quando um desses neutres que colide noutro urnio passa-se a reaco

    acima apresentada.

    Um neutro que veio doutro radioistopo, ao incidir sobre um tomo 235 parte-o em

    dois (140 e 94 - elementos mais pequenos) e neste processo libertam-se dois neutres; se

    cada um destes dois neutres for fazer o mesmo a um tomo de urnio, tem-se uma reaco

    em cadeia que cada vez vai aumentando mais de velocidade de cada uma das reaces36.

    Exemplos de reaces de:

    Fuso Fisso

    Na fuso (que exemplo o Sol), quando se fundem dois elementos para produzir outro

    elemento h libertao de energia. Na fisso de um elemento para dois outros elementos de

    menor dimenso tambm se liberta energia. Isto est relacionado com o facto de a energia

    mxima de ligao estar no elemento maior.

    Tanto na fuso como na fisso tem que se comear o processo; para a fuso, para o

    processo comear tem de haver temperaturas muito altas (e esta temperatura muito alta

    que fornece energia para que haja a fuso de elementos) na fisso comea-se com uma

    primeira reaco que liberta energia.

    Todas as reaces consomem e produzem energia; a diferena entre elas que a soma

    do que consomem e produzem s vezes negativa ou positiva (endotrmicas e exotrmicas).

    35Foi esta constatao que levou a que, com muito pequenas quantidades de massa obter quantidades enormes de energia atravs de reactores nucleares que produzem electricidades, por exemplo. 36Isto uma reaco em fisso (partir) que o oposto da fuso. Este o princpio subjacente na Bomba Atmica em que este processo no controlado uma vez que esta reaco em cadeia ocorre em fraces de segundo.

    1n 2n

  • FACULDADE DE CIENCIAS DA UNIVESIDADE DO PORTO BIOQUIMICA

    43 BIOFISICA I

    Para se criarem condies de fuso de trs hlios num carbono, tem de haver temperaturas

    muito elevadas. No momento em que a fuso acontece, a libertao de energia to grande

    que se recupera toda a que se colocou l dentro ( por esta razo que est na moda a fuso

    nuclear).

    Para que estas reaces sejam eficientes e para que se possa usar esta energia (para que

    no seja uma exploso) tem que se retardar este processo, fazer com que decorra devagar.

    Um dos mecanismos para retardar grafite ou gua pesada37.

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