pddu2007- salvador

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PREFEITURA MUNICIPAL DO SALVADOR - BAHIA GABINETE DO PREFEITO PROJETO DE LEI Nº 216/2007 Dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município do Salvador PDDU 2007, e outras providências. O PREFEITO MUNICIPAL DO SALVADOR, CAPITAL DO ESTADO DA BAHIA, Faço saber que a Câmara Municipal aprovou, e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art.1º. Fica aprovado, na forma da presente Lei, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município do Salvador – PDDU 2007, doravante denominado Plano Diretor. Art.2º. O Plano Diretor fundamenta-se nas disposições da Constituição Federal, da Constituição do Estado da Bahia, da Lei Orgânica do Município do Salvador, e da Lei Federal nº. 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade. Art.3º. O Plano Diretor, aprovado por esta Lei, é o instrumento básico da Política Urbana do Município e tem por finalidades: I - fornecer as bases para o estabelecimento do Plano Plurianual, das Diretrizes Orçamentárias e dos Orçamentos Anuais; II - orientar a elaboração de planos, projetos e programas complementares, de natureza setorial e urbanística, e dos programas financeiros dos órgãos e entidades da administração direta e indireta, promovendo sua integração, mediante o fornecimento das bases técnicas e programáticas necessárias; III - propiciar as condições necessárias à habilitação do Município para a captação de recursos financeiros de apoio a programas de desenvolvimento urbano junto a fontes nacionais ou internacionais; IV - permitir o adequado posicionamento da Administração Municipal em suas relações com os órgãos e entidades da administração direta e indireta, federal e estadual, vinculados ao desenvolvimento urbano; V - orientar a localização e prioridades para as atividades públicas e privadas no território do Município, incluindo o seu espaço aéreo; VI - motivar e canalizar adequadamente a participação da sociedade e dos órgãos e entidades públicas nas decisões fundamentais relativas ao desenvolvimento urbano e metropolitano;

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  • PREFEITURA MUNICIPAL DO SALVADOR - BAHIA GABINETE DO PREFEITO

    PROJETO DE LEI N 216/2007

    Dispe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Municpio do Salvador PDDU 2007, e d outras providncias.

    O PREFEITO MUNICIPAL DO SALVADOR, CAPITAL DO ESTADO DA

    BAHIA, Fao saber que a Cmara Municipal aprovou, e eu sanciono e promulgo

    a seguinte Lei:

    TTULO I DAS DISPOSIES PRELIMINARES

    Art.1. Fica aprovado, na forma da presente Lei, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Municpio do Salvador PDDU 2007, doravante denominado Plano Diretor.

    Art.2. O Plano Diretor fundamenta-se nas disposies da Constituio Federal, da Constituio do Estado da Bahia, da Lei Orgnica do Municpio do Salvador, e da Lei Federal n. 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade.

    Art.3. O Plano Diretor, aprovado por esta Lei, o instrumento bsico da Poltica Urbana do Municpio e tem por finalidades:

    I - fornecer as bases para o estabelecimento do Plano Plurianual, das Diretrizes Oramentrias e dos Oramentos Anuais;

    II - orientar a elaborao de planos, projetos e programas complementares, de natureza setorial e urbanstica, e dos programas financeiros dos rgos e entidades da administrao direta e indireta, promovendo sua integrao, mediante o fornecimento das bases tcnicas e programticas necessrias;

    III - propiciar as condies necessrias habilitao do Municpio para a captao de recursos financeiros de apoio a programas de desenvolvimento urbano junto a fontes nacionais ou internacionais;

    IV - permitir o adequado posicionamento da Administrao Municipal em suas relaes com os rgos e entidades da administrao direta e indireta, federal e estadual, vinculados ao desenvolvimento urbano;

    V - orientar a localizao e prioridades para as atividades pblicas e privadas no territrio do Municpio, incluindo o seu espao areo;

    VI - motivar e canalizar adequadamente a participao da sociedade e dos rgos e entidades pblicas nas decises fundamentais relativas ao desenvolvimento urbano e metropolitano;

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    VII - estabelecer parmetros para as relaes do espao urbano com o desenvolvimento econmico do Municpio.

    Art.4. O Plano Diretor dever ser revisto no prazo mximo de 08 (oito) anos, contados a partir da data da sua publicao no Dirio Oficial do Municpio, devendo, ao final desse prazo, ser substitudo por verso revista e atualizada, aprovada pelo Poder Legislativo municipal.

    Art.5. Na condio de elemento central do processo de planejamento do Municpio, o Plano Diretor ser objeto de processo sistemtico de implantao, que dever prever o acompanhamento permanente, a avaliao peridica, a orientao para o uso dos instrumentos de Poltica Urbana contemplados no Plano, e a preparao de sua reviso e atualizao em tempo hbil, de forma a atender ao disposto no art.4 desta Lei.

    Art.6. Integram a presente lei os seguintes anexos:

    I - Anexo 1: glossrio;

    II - Anexo 2: tabelas e quadros;

    III - Anexo 3: mapas;

    IV - Anexo 4: relao de documentos tcnicos que subsidiaram a elaborao do Plano Diretor.

    Pargrafo nico. Os documentos tcnicos e demais elementos de apoio, de registro de aes e documentao referentes elaborao e aprovao do Plano Diretor, considerados como elementos acessrios relacionados no Anexo 4, ficam tombados, sob a forma de coletnea, na biblioteca do rgo de planejamento do Municpio, disponveis para a consulta pblica.

    TTULO II

    DA POLTICA URBANA DO MUNICPIO

    CAPTULO I DOS PRINCPIOS

    Art.7. So princpios da Poltica Urbana do Municpio:

    I - a funo social da cidade;

    II - a funo social da propriedade imobiliria urbana;

    III - o direito cidade sustentvel;

    IV - a eqidade social;

    V - o direito informao;

    VI - a gesto democrtica da cidade.

    1. A funo social da cidade no Municpio do Salvador corresponde ao direito cidade para todos, o que compreende os direitos terra urbanizada, moradia, ao saneamento ambiental, segurana fsica e psicossocial, infra-estrutura e servios pblicos, mobilidade urbana, ao acesso universal aos espaos e equipamentos pblicos e de uso pblico, ao trabalho, cultura e ao lazer e produo econmica.

    2. A propriedade imobiliria urbana cumpre sua funo quando, em atendimento s funes sociais da cidade e respeitadas as exigncias fundamentais do ordenamento territorial estabelecidas no Plano Diretor, for utilizada para:

    I - habitao, principalmente Habitao de Interesse Social, HIS;

    II - atividades econmicas geradoras de oportunidades de trabalho e renda;

    III - infra-estrutura, equipamentos e servios pblicos;

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    IV - conservao do meio ambiente e do patrimnio cultural.

    3. A cidade sustentvel a que propicia o desenvolvimento socialmente justo, ambientalmente equilibrado e economicamente vivel, visando garantir qualidade de vida para as geraes presentes e futuras.

    4. O cumprimento do princpio da eqidade social implica no reconhecimento e no respeito s diferenas entre pessoas e entre grupos sociais, e na orientao das polticas pblicas no sentido da incluso social de grupos historicamente em situao de desvantagem e da reduo das desigualdades intraurbanas.

    5. O direito informao requer transparncia da gesto, mediante a disponibilizao das informaes sobre a realidade municipal e as aes governamentais, criando as condies para o planejamento e a gesto participativos, assegurando a clareza da informao sobre o patrimnio fsico e imaterial do Municpio.

    6. A gesto democrtica a que incorpora a participao dos diferentes segmentos da sociedade em sua formulao, implementao, acompanhamento e controle, fortalecendo a cidadania.

    CAPTULO II DOS OBJETIVOS

    Art.8. So objetivos da Poltica Urbana do Municpio:

    I - consolidar Salvador como uma das metrpoles nacionais do Brasil, plo singular de configurao de identidade e sntese cultural nacional, centro regional produtor de servios especializados, de vanguarda na pesquisa e experimentao tcnico-cultural, e de oportunidades de negcios, empreendimentos e empregos em atividades econmicas tradicionais e nas novas reas econmicas das indstrias criativas, da tecnologia de informao e do turismo;

    II - ampliar a base econmica e a renda municipal, favorecendo o acesso da populao s oportunidades de trabalho, o aumento da renda pessoal e a capacidade de autofinanciamento do Municpio;

    III - promover a insero plena do cidado nas atividades econmicas, sociais e culturais do Municpio, otimizando o aproveitamento do potencial humano com suas habilidades, interesses e traos culturais diversificados, e respeitando as especificidades de raa/etnia, gnero, crena, costume, idade, orientao sexual, deficincia e mobilidade reduzida, e outras;

    IV - orientar as polticas pblicas no sentido da reverso das desigualdades racial e de gnero no Municpio e implementar polticas afirmativas para o combate discriminao racial e de gnero, xenofobia e intolerncia religiosa;

    V - promover a acessibilidade universal e estabelecer mecanismos que acelerem e favoream a incluso social da pessoa com deficincia ou mobilidade reduzida, combatendo todas as formas de discriminao;

    VI - fortalecer o protagonismo municipal nas decises de interesse local e regional;

    VII - compatibilizar os interesses de Salvador com os demais Municpios da sua Regio Metropolitana, especialmente no que diz respeito economia, ao uso do solo, prestao de servios pblicos, em especial os de sade, educao e transportes, bem como Saneamento Ambiental e gesto integrada de recursos ambientais e de riscos;

    VIII - integrar, no processo de desenvolvimento do Municpio, o crescimento socioeconmico, a qualificao do espao urbano para atendimento funo social da Cidade, a conservao dos atributos ambientais e a recuperao do meio ambiente degradado;

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    IX - valorizar a cultura soteropolitana em toda a sua diversidade e complexidade, de forma democrtica e participativa, assegurando o intercmbio entre as diferentes linguagens e manifestaes, bem como a ampliao do acesso produo e ao consumo culturais, compreendendo a cultura como uma importante dimenso da economia soteropolitana;

    X - adequar o adensamento populacional capacidade da infra-estrutura existente e projetada, otimizando sua utilizao e evitando a sobrecarga ou ociosidade das redes de atendimento pblico;

    XI - promover a gradativa regularizao urbanstica e fundiria dos assentamentos precrios, revertendo o processo de segregao espacial no territrio do Municpio;

    XII - consolidar a policentralidade urbana, valorizando os centros j instalados e com infra-estrutura, fortalecendo as novas centralidades e promovendo a articulao entre elas;

    XIII - assegurar condies adequadas de mobilidade no Municpio, com vistas integrao econmica, social e territorial, considerando os vrios modos de deslocamento;

    XIV - evitar e ou minimizar a ocorrncia de desastres no territrio municipal, e assegurar a proteo e segurana adequada populao quando de sua ocorrncia;

    XV - estimular a participao da iniciativa privada nos processos de urbanizao mediante o uso dos instrumentos urbansticos em atendimento s funes sociais da cidade, inclusive na criao de emprego e gerao de renda;

    XVI - promover e tornar mais eficientes em termos sociais, ambientais, urbansticos e econmicos os investimentos dos setores pblico e privado;

    XVII - garantir o direito informao e assegurar os canais de participao democrtica no planejamento e gesto do Municpio.

    CAPTULO III DOS INSTRUMENTOS DA POLTICA URBANA

    Art.9. Para a implementao da Poltica Urbana do Municpio sero adotados os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, Lei Federal n 10.257, de 10 de julho de 2001, e demais disposies constantes das legislaes federal, estadual e municipal.

    1. Os seguintes instrumentos jurdicos e urbansticos so disciplinados e regulamentados por esta Lei:

    I - instrumentos para o ordenamento territorial:

    a) Parcelamento, Edificao ou Utilizao compulsrios, IPTU Progressivo no Tempo e Desapropriao com Ttulos da Dvida Pblica;

    b) Consrcio Imobilirio;

    c) Zonas Especiais de Interesse Social, ZEIS;

    d) Outorga Onerosa do Direito de Construir;

    e) Transferncia do Direito de Construir;

    f) Direito de Preferncia;

    g) Direito de Superfcie;

    h) Desapropriao Urbanstica e Por Zona;

    i) Estudo de Impacto de Vizinhana;

    j) Estudo de Impacto Ambiental;

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    k) Licenciamento Urbanstico e Ambiental;

    l) Operaes Urbanas Consorciadas;

    II - instrumentos de planejamento e de democratizao da gesto urbana:

    a) sistema de planejamento e gesto;

    b) sistema de informaes;

    c) assistncia tcnica e jurdica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos;

    d) rgos colegiados de controle social das polticas pblicas;

    e) debates, audincias e consultas pblicas;

    f) conferncias sobre assuntos de interesse urbano;

    g) iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

    h) referendo popular;

    i) plebiscito;

    III - fundos municipais de financiamento das polticas urbanas.

    2. Os instrumentos para o ordenamento territorial sero disciplinados no Captulo VI do Ttulo VIII, com exceo das ZEIS, que sero tratadas no Captulo V do Ttulo VI desta Lei.

    3. Os instrumentos de planejamento e de democratizao da gesto urbana e o fundo municipal de financiamento do desenvolvimento urbano sero disciplinados no Ttulo IX desta Lei.

    TITULO III

    DO DESENVOLVIMENTO ECONMICO

    CAPTULO I DAS DISPOSIES GERAIS

    Art.10. O trabalho um direito social de todo cidado, garantido pela Declarao Universal dos Direitos Humanos e pela Constituio da Repblica Federativa do Brasil.

    Art.11. A Poltica de Desenvolvimento Econmico do Municpio tem como principal objetivo promover aes que gerem riqueza, distribuam renda, aumentem o nmero de postos de trabalho, criem empregos com direitos, possibilitem o auto-emprego, o empreendedorismo e propiciem igualdade de acesso s oportunidades, sendo suas diretrizes gerais:

    I - aperfeioamento, simplificao e modernizao do marco regulatrio que rege o desenvolvimento urbano, o uso do solo, a produo de bens e a prestao de servios no Municpio, dentro de uma viso de sustentabilidade;

    II - valorizao do papel do Poder Pblico Municipal no apoio atividade econmica, reforando as estruturas de informaes, planejamento e operao dos instrumentos de Poltica Urbana mantidas pelo Municpio;

    III - promoo da ao integrada de organizaes pblicas, privadas e do terceiro setor, com vistas implantao ou fortalecimento de redes e arranjos produtivos locais;

    IV - integrao das polticas orientadas ao crescimento econmico s polticas de cunho social, em especial s de reparao voltadas comunidade negra, s mulheres e s pessoas com deficincia, estabelecendo programas e aes

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    direcionados ao enfrentamento das condies crticas relacionadas ocupao da mo-de-obra e excluso social;

    V - prioridade e incentivo aos setores da atividade econmica que faam uso intensivo e crescente de mo-de-obra formal, trabalho autnomo, cooperativas e economia solidria;

    VI - estmulo aos segmentos dinmicos dos servios e ramos industriais que incorporem tecnologias modernas e de baixo impacto ambiental, de forma a consolidar a posio de excelncia do Municpio nos segmentos com poder de liderana e inovao, intensificando a complementaridade entre a cidade e sua rea de influncia e expandindo suas exportaes;

    VII - apoio s indstrias criativas locais, bem como produo cultural em geral, de modo a diversificar e valorizar a oferta de bens e servios no Municpio;

    VIII - incentivo qualificao, diversificao e internacionalizao do turismo local;

    IX - incentivo ao turismo hospitalar de alta tecnologia com a implantao de hospitais e clnicas de alto padro tecnolgico;

    X - priorizao de investimentos em logstica e telecomunicaes, base estratgica para o suporte das atividades econmicas no territrio do Municpio e para o incremento de seu comrcio exterior de bens e servios;

    XI - apoio s organizaes locais dedicadas pesquisa, difuso de novas tecnologias e formao de trabalhadores qualificados e criativos;

    XII - incentivo ao associativismo e incorporao de microempresas e de trabalhadores autnomos formalidade, visando o aumento da produtividade, da renda gerada e da sustentabilidade dos pequenos negcios;

    XIII - incentivo ao empreendedorismo inclusivo, tendo como protagonistas principais as mulheres, os negros, os jovens e as pessoas com deficincia;

    XIV - criao de zonas econmicas especiais abertas ao investimento nacional e internacional.

    CAPTULO II DAS DIRETRIZES ESPECFICAS

    Seo I Do campo regulatrio

    Art.12. As diretrizes no campo regulatrio so:

    I - garantia de transparncia e lisura nos processos de licitao pblica e de concesses;

    II - simplificao dos processos de abertura e fechamento de empresas, registro da propriedade imobiliria e arrecadao de tributos, e tratamento diferenciado, deste ponto de vista, microempresa e ao trabalho por conta prpria;

    III - implantao de poltica pblica municipal de atrao de empresas, sedes de empresas e novos investimentos;

    IV - auxlio aos empreendedores por meio de orientao para obteno de isenes tributrias ou de incentivos fiscais, definio da localizao espacial de novos investimentos e adequao legislao vigente;

    V - reduo de custos operacionais de empresas e trabalhadores autnomos, com oferta crescente de servios via governo eletrnico;

    VI - defesa dos direitos de propriedade intelectual, com sustentao ao combate cpia no autorizada, falsificao e ao contrabando de produtos;

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    VII - estmulos e condicionantes a empreendimentos que se beneficiem do mercado soteropolitano com o objetivo de assegurar novos investimentos, sediar direes de empresas e instituies e criar novos postos de trabalho em Salvador.

    Seo II

    Do fomento produo de bens e servios

    Art.13. As diretrizes para o apoio s atividades industriais, comerciais e de produo de servios so:

    I - suporte atividade empreendedora mediante a produo e disponibilizao de dados econmicos, demogrficos e sociais, inclusive de informaes georreferenciadas;

    II - estmulo estruturao integral da produo por meio da constituio de associaes de produtores, cooperativas de produo ou distribuio, condomnios e consrcios de empresas, conglomerados e redes de empresas, e outras formas de arranjos produtivos dos quais participem organizaes locais;

    III - reduo das assimetrias de informao no mercado local de trabalho, notadamente atravs do desenvolvimento e expanso do Sistema de Intermediao de Mo-de-Obra, apoio a sistemas integrados de intermediao, qualificao e certificao de mo-de-obra;

    IV - tratamento diferenciado aos servios especializados prestados a empresas e aos servios sociais avanados, notadamente sade de alta complexidade e educao superior, compreendendo apoio implantao de novos campi e de plo mdico na cidade;

    V - incentivo construo civil residencial, notadamente aos programas de construo de habitaes populares;

    VI - ampliao dos investimentos em construo civil pesada, com prioridade para o saneamento urbano, sistema virio, transporte de massa e de cargas, vias tursticas, requalificao de reas degradadas e/ou ociosas;

    VII - apoio ao comrcio varejista por meio da garantia da acessibilidade aos plos comerciais da cidade, do incentivo especializao do comrcio de rua, da proteo dos pequenos negcios em face da concorrncia das grandes redes e do comrcio informal e do apoio s campanhas promocionais do varejo local;

    VIII - suporte produo artstica visual e performtica local;

    IX - apoio economia da festa, incentivando a organizao econmica e a profissionalizao das atividades relacionadas produo das festas de rua e outros eventos;

    X - incentivo s indstrias criativas locais, tanto no que diz respeito produo cultural, como na manufatura de instrumentos e equipamentos dos ramos da msica, dana, cinema, vdeo e edio impressa e eletrnica;

    XI - auxlio ao desenvolvimento de outras atividades criativas, principalmente nos ramos de marketing e propaganda, moda, design e gastronomia;

    XII - incentivo aos segmentos de maior dinamismo e de maior agregao de valor do turismo receptivo, especialmente em novos nichos como turismo de sade, de aventura, de negcios, de eventos, da melhor idade, esportivo, cultural, cientfico, costeiro ou nutico, tnico-cultural e religioso;

    XIII - estmulo economia do mar, com suporte s atividades de esporte e lazer nutico ou de praia, equipamentos hoteleiros litorneos, marinas, garagens nuticas e atracadouros, empresas de fabricao, manuteno e reparo de embarcaes, s atividades de pesca profissional e amadora e formao de mo-de-obra tcnica vinculada s atividades martimas;

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    XIV - apoio economia ambiental, incentivando a autosustentabilidade de empreendimentos privados ou cooperativos nas atividades de tratamento de dejetos, reciclagem de resduos e combate poluio, crditos de carbono, reaproveitamento de materiais para construo, atividades industriais e comerciais de valor ecolgico na gerao de energia, de pesquisa e gerao de insumos.

    Seo III Da modernizao da infra-estrutura

    Art.14. As diretrizes para a infra-estrutura de suporte atividade econmica so:

    I - apoio expanso e modernizao do Porto de Salvador, da ferrovia e do Aeroporto Internacional Deputado Luis Eduardo Magalhes;

    II - priorizao dos investimentos na via porturia e na integrao do Porto de Salvador rede ferroviria regional;

    III - implantao de vias tursticas que assegurem acesso Baa de todos os Santos e interliguem a Pennsula de Itapagipe ao Centro e regio dos Subrbios Ferrovirios de Salvador;

    IV - reavaliao de obras de infra-estrutura em distritos industriais para atividades fabris no poluentes e ligadas ao consumo pessoal e cultural;

    V - tratamento diferenciado, mediante vantagens locacionais ou incentivos fiscais, para a implantao de empresas:

    a) de servios logsticos, inclusive centros de distribuio e atividades de fragmentao, consolidao de cargas, servios de alimentao, agenciamento e outros servios complementares;

    b) de servios de informao e telecomunicao;

    c) de alta tecnologia, especialmente quando voltada aos segmentos estratgicos da sade e educao;

    d) confeces e calados;

    e) atividades industriais e de servios ligadas cadeia produtiva da cultura e da economia do mar;

    VI - incentivo modernizao e expanso das redes de fibra tica e de telecomunicao sem fio.

    Seo IV Do apoio pequena e microempresa

    e ao trabalho autnomo

    Art.15. As diretrizes para o apoio aos pequenos negcios e ao trabalho por conta prpria so:

    I - apoio expanso da oferta local de microcrdito;

    II - incentivo pequena produo industrial urbana, particularmente nos ramos de confeco, calados, alimentos, mobilirio e indstria grfica;

    III - incentivo aos pequenos negcios voltados para a construo residencial e autoconstruo assistida;

    IV - suporte ao artesanato e aos pequenos negcios da economia da cultura e da festa;

    V - incentivo formalizao de microempresas e trabalhadores autnomos informais com base:

    a) na simplificao da poltica tributria e das normas de autorizao e concesso de licenas e alvars;

  • 9

    b) no refinanciamento de dvidas;

    c) na legalizao da posse de pontos comerciais;

    d) na concesso condicionada de microcrdito;

    e) na desonerao dos novos microempreendimentos ou da expanso de pequenos negcios j existentes;

    f) na certificao de atividades liberais e de qualificao profissional.

    Seo V

    Da formao de recursos humanos e do incentivo inovao

    Art.16. As diretrizes para a formao bsica de recursos humanos e o incentivo inovao so:

    I - estmulo formao educacional e qualificao profissional da mo-de-obra local;

    II - incentivo incluso digital em todos os nveis;

    III - apoio s instituies locais de ensino superior, visando consolidar Salvador como cidade universitria e criativa;

    IV - apoio expanso e diversificao da oferta local de ps-graduao e pesquisa, implantao de novos centros de pesquisa, constituio de incubadoras de empresas e construo de parques e condomnios tecnolgicos;

    V - suporte s organizaes pblicas e privadas produtoras de servios tecnolgicos;

    VI - incentivo s empresas de consultoria e transferncia de tecnologia, notadamente nas reas de telecomunicaes e informtica;

    VII - incentivo formao e qualificao profissional nas reas tcnicas das atividades econmicas das indstrias criativas, como cenotcnicos, eletricistas, iluminadores e produtores culturais.

    TITULO IV DO MEIO AMBIENTE

    CAPTULO I DOS PRINCPIOS, OBJETIVOS E DIRETRIZES GERAIS

    DA POLTICA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

    Art.17. A Poltica Municipal de Meio Ambiente fundamenta-se no direito universal ao ambiente sadio e equilibrado, o que pressupe o respeito fragilidade e vulnerabilidade de todos os seres vivos, o reconhecimento de sua interdependncia, alm do respeito capacidade de suporte dos sistemas de apoio vida como condio indispensvel ao estabelecimento de um ambiente humano saudvel.

    Art.18. So princpios da Poltica Municipal de Meio Ambiente:

    I - a sustentabilidade ambiental, que implica na preservao da qualidade dos ecossistemas e dos recursos naturais para o usufruto das geraes presentes e futuras;

    II - a responsabilidade do ser humano na conservao, preservao e recuperao ambiental, que compreende a reparao dos danos causados ao meio ambiente;

    III - a considerao da transversalidade e da participao da sociedade na formulao e implementao das polticas pblicas;

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    IV - a co-participao entre municpios, estados e naes, considerando a abrangncia e interdependncia das questes ambientais;

    V - a cooperao do Poder Pblico e da sociedade civil na implementao da Poltica Municipal de Meio Ambiente;

    VI - a valorizao da cultura local de matriz africana, em sua relao intrnseca com o meio ambiente, como instrumento de conscincia e educao ambiental.

    Art.19. Constituem objetivos da Poltica Municipal de Meio Ambiente:

    I - garantir a qualidade ambiental no Municpio, contemplando:

    a) a manuteno do equilbrio dos ecossistemas locais;

    b) o uso sustentvel dos recursos naturais;

    c) o controle das variveis ambientais que afetam a sade das populaes humanas;

    d) a manuteno das condies de conforto ambiental no espao urbano;

    II - ampliar o conhecimento, a divulgao da informao e fortalecer a ao dos indivduos e das comunidades na preservao e conservao ambiental;

    III - efetivar a atuao do Poder Pblico Municipal na gesto do meio ambiente, garantido o exerccio de sua competncia nos assuntos de interesse local;

    IV - considerar a transversalidade da questo ambiental na formulao e implantao das polticas pblicas.

    Art.20. So diretrizes gerais da Poltica Municipal de Meio Ambiente:

    I - garantia de sustentabilidade ambiental no territrio municipal, mediante o manejo sustentado dos recursos naturais do subsolo, solo, cobertura vegetal, paisagem, recursos hdricos e do ar;

    II - proteo dos recursos hdricos, especialmente dos mananciais de abastecimento humano existentes no territrio municipal, no contexto das respectivas bacias hidrogrficas;

    III - preservao dos ecossistemas associados ao domnio da Mata Atlntica, tais como manguezais, restingas, reas alagadias e florestas ombrfilas densas, considerando seu valor ecolgico intrnseco e suas estreitas ligaes com a cultura local, atendidas as disposies da Lei Federal n 11.428, de 22 de dezembro de 2006;

    IV - conservao, especialmente nas reas densamente urbanizadas, dos remanescentes de vegetao natural e antropizada que contribuem para a qualidade urbano-ambiental, desempenhando importantes funes na manuteno da permeabilidade do solo, possibilitando a recarga dos aqferos e a reduo de inundaes, na estabilizao de encostas, na amenizao do clima, na filtragem do ar, e na promoo do conforto visual e sonoro;

    V - incorporao da dimenso ambiental nos projetos de urbanizao e reurbanizao, como questo transversal, conciliando a proteo ambiental s funes vinculadas habitao, acessibilidade, a economia, ao lazer e ao turismo;

    VI - valorizao da educao ambiental em todos os nveis, conscientizando a populao dos direitos e deveres quanto proteo do meio ambiente;

    VII - articulao e compatibilizao da poltica municipal com as polticas de gesto e proteo ambiental no mbito federal e estadual, e com as diretrizes e demais polticas pblicas estabelecidas nesta Lei;

  • 11

    VIII - elaborao e implementao de instrumentos de planejamento e gesto que habilitem o Municpio a exercer plenamente a sua competncia na concepo e execuo da Poltica Municipal de Meio Ambiente, entre os quais:

    a) o Plano Municipal de Meio Ambiente, instrumento bsico da Poltica Municipal de Meio Ambiente;

    b) o Sistema Municipal de Meio Ambiente, SISMUMA, instrumento de gesto ambiental e controle social na formulao e monitorao da Poltica Municipal de Meio Ambiente;

    c) o Sistema de reas de Valor Ambiental e Cultural, SAVAM, para conservao das reas do territrio municipal de reconhecido valor ecolgico e urbano-ambiental;

    d) o Programa Municipal de Qualidade Ambiental Urbana;

    e) a legislao ambiental.

    CAPTULO II DAS DIRETRIZES ESPECFICAS

    Seo I Dos recursos hdricos

    Art.21. So diretrizes para a conservao e a manuteno da qualidade ambiental dos recursos hdricos no territrio do Municpio:

    I - promoo da conservao e preservao, recuperao e aproveitamento racional dos recursos hdricos superficiais e subterrneos;

    II - controle das densidades de ocupao e da impermeabilizao do solo nas reas urbanizadas, mediante a aplicao de critrios e restries urbansticas regulamentados na legislao de ordenamento do uso e ocupao do solo;

    III - recuperao da vegetao degradada, em especial das matas ciliares ao longo dos cursos dgua e da cobertura vegetal dos fundos de vale e encostas ngremes;

    IV - desobstruo dos cursos dgua e das reas de fundo de vale passveis de alagamento e inundaes, mantendo-as livres de ocupaes humanas;

    V - monitorao e controle das atividades com potencial de degradao do ambiente, especialmente quando localizadas nas proximidades de cursos dgua, de lagos, lagoas, reas alagadias e de represas destinadas ou no ao abastecimento humano;

    VI - estabelecimento de um sistema de monitorao pelo Municpio, em articulao com a Administrao Estadual, para acompanhamento sistemtico da perenidade e qualidade dos recursos hdricos superficiais e subterrneos no territrio de Salvador, destinados ou no ao abastecimento humano;

    VII - criao de instrumentos institucionais para a gesto compartilhada das bacias hidrogrficas dos rios Joanes e Ipitanga, responsveis pelo abastecimento de gua de Salvador, criando-se fruns de entendimentos sobre a utilizao e a preservao da qualidade das guas e do ambiente como um todo;

    VIII - estabelecimento, como fator de prioridade, da implantao e ampliao de sistemas de esgotamento sanitrio, bem como intensificao de aes de limpeza urbana/ manejo de resduos slidos, de modo a evitar a poluio e contaminao dos cursos dgua e do aqufero subterrneo, em especial nas reas de proteo de mananciais;

    IX - adoo de soluo imediata para as ligaes de esgotos domiciliares, comerciais e industriais ao Sistema de Esgotamento Sanitrio de Salvador.

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    Seo II Das reas de risco para a ocupao humana

    Art.22. reas de risco para a ocupao humana so aquelas propensas a ocorrncia de sinistros em funo de alguma ameaa, quer seja de origem natural, tecnolgica ou decorrentes de condies scio-ambientais associadas s vulnerabilidades do assentamento humano, sobretudo quando ocorrem altas densidades populacionais vinculadas a precrias formas de ocupao do solo.

    Pargrafo nico. So consideradas reas de risco no Municpio do Salvador:

    I - associados geologia, geomorfologia ou geotecnia:

    a) as vertentes sobre solos argilosos, argilo-arenosos e areno-argilosos;

    b) os solos do Grupo Ilhas (massap), predominantes oeste da Falha Geolgica;

    c) os solos da Formao Barreiras, quando associados a altas declvidades;

    d) locais sujeitas a inundao dos rios;

    II - associados a empreendimentos e atividades que representem ameaa integridade fsica e sade da populao ou de danos materiais, entre os quais:

    a) linhas de alta-tenso da rede de distribuio de energia eltrica;

    b) estaes transmissoras e receptoras de ondas eletromagnticas;

    c) postos de combustveis;

    d) locais de deposio de material de dragagem;

    e) edificaes condenadas tecnicamente quanto a sua integridade estrutural;

    f) reas adjacentes a gasodutos, polidutos e similares;

    g) faixas de servido de rodovias e ferrovias;

    h) reas situadas sob cones de aproximao de aeroportos.

    Art.23. So diretrizes para as reas de risco:

    I - promoo de assistncia tcnica para a implantao de edificaes em reas de risco potencial associado geologia, geomorfologia e geotecnia;

    II - preservao ou recomposio da cobertura vegetal nas encostas ngremes de vales e matas ciliares ao longo de cursos dgua, consideradas reas de preservao permanente e de risco potencial para a ocupao humana;

    III - promoo da requalificao dos espaos nos assentamentos habitacionais ambientalmente degradados, com a implantao da infra-estrutura, criao de reas pblicas de lazer, bem como conservao das reas permeveis e dotadas de cobertura vegetal;

    IV - promoo de intervenes nos assentamentos localizados em reas de risco, incluindo recuperao urbana ou relocao de ocupaes indevidas, quando for o caso, educao ambiental e orientao para outras construes, visando melhoria das condies de vida e segurana da populao residente.

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    Seo III Do conforto ambiental urbano

    Art.24. O conforto ambiental urbano relaciona-se, entre outros fatores, conservao das condies climticas, de iluminao e de ventilao natural, manuteno da permeabilidade do solo e ao controle da poluio sonora, visual e da qualidade do ar.

    Art.25. So diretrizes para manuteno do conforto climtico e das condies de iluminao e ventilao natural:

    I - promoo de medidas de preveno e de recuperao de situaes indesejveis, tais como ilhas de calor, poluio atmosfrica e excesso ou ausncia de insolao, considerando a morfologia urbana, as barreiras construdas e os possveis elementos mitigadores;

    II - cumprimento, controle e fiscalizao da garantia de percentual mnimo de permeabilidade do solo nas reas urbanizadas, conforme estabelecido na legislao de ordenamento do uso e ocupao do solo, assegurando a infiltrao de guas pluviais, de modo a prevenir alagamentos e contribuir para a reduo da irradiao de calor;

    III - intensificao, sistematizao e aperfeioamento das aes de arborizao de Espaos Abertos Urbanizados e logradouros, preservao de remanescentes de mata e reas em processo de regenerao, mesmo em estgio inicial, priorizando-se as regies mais deficitrias e ressaltando-se a necessidade do respeito do habitat e do nicho ecolgico da espcie a ser plantada;

    IV - elaborao de estudos sobre a circulao natural do ar no ambiente urbano e as modificaes decorrentes da ocupao do solo, visando adequao das normas de edificao para evitar barreiras e assegurar a ventilao natural em todo o territrio do Municpio.

    Art.26. So diretrizes para a monitorao e controle da poluio sonora:

    I - avaliao da qualidade acstica nos espaos da cidade, identificando-se as reas crticas de excesso de rudos de acordo com os nveis de impacto produzidos segundo o tipo de atividade e principais fontes geradoras;

    II - promoo da conservao e da implantao de espaos abertos dotados de vegetao, em especial a arbrea, para a melhoria do conforto sonoro nas reas consideradas crticas;

    III - promoo da divulgao sistemtica dos regulamentos constantes na legislao municipal junto aos empreendimentos e atividades fontes de emisso sonora, com adoo de medidas efetivas e fiscalizao planejada e permanente.

    Art.27. So diretrizes para a monitorao e controle da qualidade do ar:

    I - avaliao peridica da qualidade do ar nos espaos da cidade, identificando:

    a) as reas crticas, tais como os corredores e vias de maior concentrao de emisses atmosfricas;

    b) os picos de concentrao de poluentes;

    c) os nveis de impacto produzidos e seus elementos condicionantes, atenuantes e mitigadores, tais como fatores geogrficos e meteorolgicos, arborizao e capacidade de concentrao e disperso;

    II - promoo de medidas de preveno e recuperao das reas crticas, mediante a implantao de espaos abertos dotados de vegetao, em especial a arbrea;

    III - estabelecimento e gesto de programas especficos para o controle de fontes de poluio atmosfrica, a exemplo do controle na emisso de gases por

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    veculos a diesel, de material particulado, de xido de enxofre, de poluio por queima de resduos slidos, dentre outros;

    IV - monitorao peridica e divulgao sistemtica para a populao de dados de qualidade do ar e fiscalizao efetiva, planejada e permanente das fontes de emisso atmosfrica.

    Art.28. So diretrizes para a monitorao e controle da poluio visual:

    I - avaliao permanente da poluio visual nos espaos da cidade, visando:

    a) organizar, controlar e orientar o uso de mensagens visuais de qualquer natureza, respeitando o interesse coletivo, as necessidades de conforto ambiental e as prerrogativas individuais;

    b) garantir os padres estticos da cidade;

    c) garantir as condies de segurana, fluidez e conforto na mobilidade de pedestres e de veculos;

    II - promoo de medidas de preveno e recuperao de reas crticas, mediante o disciplinamento do uso de mensagens visuais;

    III - implantao de sistema de fiscalizao efetivo, gil, moderno, planejado e permanente;

    IV - manuteno das visuais da orla atlntica e da Baa de Todos os Santos.

    Seo IV Das atividades de minerao

    Art.29. So diretrizes para as atividades de minerao no territrio municipal:

    I - compatibilizao do exerccio das atividades de explorao mineral com as atividades urbanas e a conservao ambiental no territrio de Salvador, mediante o estabelecimento de Zonas de Explorao Mineral, ZEM, com respectiva normatizao, excluindo-se dessas zonas os espaos protegidos pela legislao ambiental florestal, estadual e municipal, e as reas destinadas para outros usos, em especial o habitacional;

    II - realizao de estudos para definio de usos futuros prioritrios, quando da recuperao das reas degradadas pela atividade de explorao mineral;

    III - garantia da recuperao adequada do ambiente degradado pelas empresas mineradoras;

    VI - exigncia de constituio de Comisso Tcnica de Garantia Ambiental, CTGA, pelas empresas mineradoras, de acordo com critrios e procedimentos estabelecidos pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente, CEPRAM, e pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente, COMAM;

    V - implementao de programas de incentivo s empresas mineradoras para implantao de reas de reserva florestal biodiversas e predominantemente constitudas por espcies vegetais nativas no entorno das lavras, com vistas a conter ocupaes nas proximidades, alm de monitorao e fiscalizao constante do exerccio dessa atividade.

    Seo V

    Do planejamento e gerenciamento dos recursos costeiros

    Art.30. O planejamento e gerenciamento costeiros no Municpio devem-se orientar pelas polticas nacionais e estaduais do gerenciamento costeiro, garantindo o livre acesso s praias e o controle dos usos na faixa de preamar, de modo

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    a assegurar a preservao e conservao dos ecossistemas costeiros, bem como a recuperao e reabilitao das reas degradadas ou descaracterizadas.

    Art.31. So diretrizes para o planejamento e gerenciamento costeiros:

    I - articulao com os demais nveis de governo para a gesto integrada dos ambientes terrestres e marinhos da zona costeira, construindo mecanismos de tomada de decises, de produo e disseminao de informaes confiveis, utilizando tecnologias avanadas;

    II - estruturao, implementao e execuo de programas de monitorao para o gerenciamento costeiro;

    III - avaliao dos efeitos das atividades socioeconmicas e culturais praticadas na faixa terrestre e rea de influncia imediata sobre a conformao do territrio costeiro;

    IV - exigncia de estudos prvios de impacto ambiental para anlise dos empreendimentos a se implantarem em ambiente de praia, visando simulao dos efeitos da interveno sobre o ambiente costeiro, atendendo tambm aos critrios estabelecidos para a preservao da imagem da cidade;

    V - adoo de medidas preventivas do lanamento de resduos poluidores na Baa de Todos os Santos e orla atlntica, em especial materiais provenientes de indstrias qumicas, da lavagem de navios transportadores de petrleo e seus derivados, de acordo as exigncias da Lei Federal n 9.966 de 28 de abril de 2000, e tambm de solues tecnicamente inadequadas de esgotamento sanitrio;

    VI - estabelecimento de normas e medidas de reduo das cargas poluidoras existentes destinadas zona costeira;

    VII - monitorao e controle do uso e ocupao do solo nas ilhas do Municpio, associados a programa especfico de educao ambiental envolvendo a populao nativa, de modo a prevenir a ocupao das praias, a destruio dos mangues e demais ecossistemas costeiros, e a retirada de materiais para a construo civil;

    VIII - zoneamento especfico para a autorizao de instalaes de construes comerciais e de servios localizadas na borda costeira que assegure a integridade da qualidade das praias e dos atributos naturais da faixa de orla;

    IX - monitorao da rea de influncia do emissrio submarino do Rio Vermelho e de outros que venham a serem implantados no Municpio.

    Seo VI Das reas de valor ambiental

    Art.32. A conservao das reas de valor ambiental no territrio do Municpio ser assegurada por meio da instituio e regulamentao do Sistema de reas de Valor Ambiental e Cultural, SAVAM, criado por esta Lei, compreendendo as reas que contribuem de forma determinante para a qualidade ambiental urbana.

    Pargrafo nico. A estruturao do SAVAM, bem como os critrios para enquadramentos, delimitaes e diretrizes especficas para as reas integrantes do sistema sero tratadas no Captulo V do Ttulo VIII desta Lei.

    Seo VII

    Da educao ambiental

    Art.33. O Municpio promover programas de educao ambiental atendendo s seguintes diretrizes:

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    I - disseminao da abordagem ambiental em todos os processos de educao, incluindo as dimenses poltica, social, cultural, econmica, ecolgica, tica e esttica;

    II - integrao de conhecimentos, aptides, valores, atitudes e aes para transformar cada oportunidade em uma experincia de educao para a sustentabilidade ambiental;

    III - incentivo pesquisa socioambiental e produo de conhecimentos, polticas, metodologias e prticas de educao ambiental nos espaos da educao formal, informal e no-formal;

    IV - promoo e apoio formao de recursos humanos para a preservao, conservao e gerenciamento do ambiente e da agricultura urbana sustentvel;

    V - promoo de relaes de parcerias e cooperao entre o Poder Pblico Municipal e organizaes governamentais e no governamentais para a prtica da educao ambiental;

    VI - incentivos s empresas e instituies, indstrias, organizaes e associaes, centros de convivncia, dentre outros, para a adoo de programas de educao ambiental que visem a formao de cidados com conscincia local e planetria;

    VII - valorizao das diferentes formas de conhecimento, incorporando os saberes tradicionais locais na educao ambiental como expresso da diversidade cultural e preservao de identidades;

    VIII - promoo e apoio da educao ambiental sistemtica nas Unidades de Conservao e demais reas integrantes do Sistema de reas de Valor Ambiental e Cultural, SAVAM, bem como reas de risco ambiental, de implantao de sistema de esgotamento sanitrio, e aquelas includas em projetos de interveno urbanstica;

    IX - valorizao dos terreiros de candombl como espaos de aplicao e difuso do conhecimento ambiental tradicional;

    X - articulao das aes e diretrizes municipais com os sistemas estadual e federal de educao ambiental.

    CAPTULO III DO PLANEJAMENTO AMBIENTAL

    Art.34. Com base nos objetivos e diretrizes desta Lei, o Poder Executivo elaborar o Plano Municipal de Meio Ambiente, que se constitui no instrumento bsico de implementao da Poltica Municipal de Meio Ambiente, visando a sustentabilidade ambiental.

    Art.35. O Plano Municipal de Meio Ambiente ter como contedo mnimo:

    I - o delineamento da problemtica ambiental face s demandas do desenvolvimento urbano e s presses resultantes do processo histrico de ocupao do territrio de Salvador;

    II - o estabelecimento de estratgia para equacionar a problemtica ambiental e cumprir os princpios, objetivos e diretrizes estabelecidos na Poltica Municipal de Meio Ambiente;

    III - o zoneamento ambiental do Municpio;

    IV - a delimitao e o enquadramento de reas de valor ambiental, de acordo com os critrios estabelecidos pelo Sistema de reas de Valor Ambiental e Cultural, SAVAM, criado por esta Lei;

  • 17

    V - a delimitao das bacias hidrogrficas que integram o territrio municipal;

    VI - o planejamento e gerenciamento costeiro;

    VII - identificao de reas de risco real ou potencial para a ocupao humana;

    VIII - a definio de metas e prazos de atendimento s demandas espacializadas;

    IX - o estabelecimento de linhas de financiamento existentes nos diversos mbitos de governo, que podem ser usados para equacionamento da problemtica e atendimento s demandas ambientais;

    X - a indicao de reas prioritrias de interveno;

    XI - a estratgia de implementao do plano;

    XII - a definio dos indicadores ambientais que sero utilizados para o acompanhamento da implementao do plano.

    Pargrafo nico. Para subsidiar a elaborao do Plano Municipal de Meio Ambiente, o Executivo Municipal poder estabelecer convnios com instituies que atuem na elaborao de estudos e diagnsticos sobre questes pertinentes ou correlatas.

    CAPTULO IV DA GESTO AMBIENTAL

    Seo I Do Sistema Municipal de Meio Ambiente

    Art.36. Fica criado o Sistema Municipal de Meio Ambiente, SISMUMA, destinado formulao e conduo da Poltica e da Gesto Ambiental do Municpio do Salvador.

    Pargrafo nico. O SISMUMA tem como funo a gesto integrada do ambiente municipal, a qual dever ser assegurada pela incorporao da dimenso ambiental em todos os nveis de deciso da administrao ambiental e pela efetiva participao da sociedade nos processos de deciso.

    Art.37. O Sistema Municipal de Meio Ambiente, SISMUMA, integra o Sistema Municipal de Planejamento e Gesto, SMPG, compreendendo a seguinte estrutura institucional:

    I - o rgo municipal competente pela coordenao e execuo da Poltica Municipal de Meio Ambiente;

    II - o Conselho Municipal de Meio Ambiente, COMAM, rgo de participao direta da sociedade civil na elaborao da Poltica Municipal de Meio Ambiente, cujas atribuies, estrutura e composio so estabelecidas na Lei n 6.916, de 29 de dezembro de 2005;

    III - a Conferncia Municipal de Meio Ambiente, principal frum de discusso da sociedade acerca da Poltica Municipal de Meio Ambiente;

    IV - os conselhos de gesto das Unidades de Conservao integrantes, ou que venham integrar o Sistema de reas de Valor Ambiental, SAVAM, criado por esta Lei, cujas atribuies, estrutura e composio sero estabelecidas na legislao especfica que instituir a Unidade de Conservao;

    V - os demais rgos da administrao direta e indireta do Municpio, na condio de co-participes na execuo da Poltica Municipal de Meio Ambiente.

    Art.38. A Conferncia Municipal do Meio Ambiente ocorrer a cada dois anos, competindo-lhe:

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    I - avaliar os resultados e o cumprimento da Poltica Municipal de Meio Ambiente, bem como a necessidade de aprimoramento do Sistema Municipal do Meio Ambiente, SISMUMA;

    II - propor alteraes na natureza e atribuies do Conselho Municipal de Meio Ambiente, COMAM, opinar sobre sua estrutura e composio, bem como sugerir a formao de Cmaras temticas e grupos de trabalho;

    III - funcionar como etapa preparatria para a Conferncia Nacional de Meio Ambiente.

    1. A Conferncia ser convocada no incio do segundo semestre do ano em que ocorrer, sob a conduo do rgo municipal competente pela coordenao e execuo da Poltica Municipal de Meio Ambiente.

    2. Participaro da Conferncia, para debate, avaliao e encaminhamento de indicaes concernentes Poltica Municipal de Meio Ambiente:

    I - representantes das reas tcnicas e administrativas do rgo ambiental do Municpio;

    II - representantes de outros rgos da Administrao Municipal;

    III - a sociedade organizada;

    IV - os segmentos empresariais atuantes no Municpio.

    Art.39. Competem aos demais rgos da Administrao direta e indireta do Municpio, sem prejuzo de outras atribuies legais dispostas em lei especfica:

    I - contribuir para a elaborao de pareceres tcnicos, estudos, normas e na formulao, acompanhamento e implementao da Poltica Municipal de Meio Ambiente;

    II - fornecer informaes para a manuteno de um Banco de Dados Ambientais, o qual integrar o Sistema Municipal de Informaes, SIM-Salvador, de que trata o Captulo III do Ttulo IX desta Lei;

    III - cooperar com os programas de educao sanitria e ambiental;

    IV - fornecer dados e pareceres que contribuam para o licenciamento ambiental.

    Art.40. Constituem os instrumentos de conduo da gesto ambiental do Municpio:

    I - as normas e padres ambientais;

    II - o Plano Municipal de Meio Ambiente;

    III - o Plano Municipal de Saneamento Ambiental;

    IV - o Sistema Municipal de Meio Ambiente;

    V - o Relatrio de Qualidade do Meio Ambiente;

    VI - o Banco de Dados Ambientais;

    VII - o Sistema de reas de Valor Ambiental e Cultural, SAVAM;

    VIII - o Licenciamento Ambiental;

    IX - o Estudo de Impacto Ambiental, EIA;

    X - o Estudo de Impacto de Vizinhana, EIV;

    XI - a anlise de risco;

    XII - a auditoria ambiental;

    XIII - a monitorao e a fiscalizao ambiental;

    XIV - o Fundo Municipal de Meio Ambiente;

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    XV - a educao ambiental.

    Art.41. O Sistema Municipal de Meio Ambiente, SISMUMA, articular suas aes com os sistemas nacionais e estaduais de gesto ambiental, destacadamente:

    I - o Sistema Nacional do Meio Ambiente, SISNAMA, e o Sistema Estadual de Recursos Ambientais, SEARA;

    II - o Sistema Nacional e o Sistema Estadual de Recursos Hdricos, apoiando e participando da gesto das bacias hidrogrficas de que faa parte o territrio de Salvador;

    III - o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza, SNUC.

    1. No mbito intermunicipal, o SISMUMA atuar no sentido de articular suas aes com as dos rgos ambientais dos municpios limtrofes, em assuntos de interesse comum, para o que podero ser firmados convnios e outras formas de cooperao.

    2. O SISMUMA adotar as bacias hidrogrficas e suas sub-bacias como unidades espaciais de referncia para o planejamento, monitorao e controle ambiental no territrio do Municpio, a partir das quais ser estruturado o Banco de Dados Ambientais de suporte ao sistema, de forma compatibilizada com as demais unidades de referncia utilizadas no planejamento do Municpio.

    Seo II

    Do Programa Municipal de Qualidade Ambiental Urbana

    Art.42. O Programa Municipal de Qualidade Ambiental Urbana constitui-se num conjunto de metas a ser elaborado e implementado de forma gradativa e contnua pelo Municpio por meio do rgo de coordenao e execuo da Poltica Municipal de Meio Ambiente.

    Art.43. So objetivos do Programa Municipal de Qualidade Ambiental Urbana:

    I - contribuir para tornar Salvador uma cidade sustentvel;

    II - racionalizar o uso dos recursos naturais;

    III - agregar valor monetrio aos produtos, servios e atividades utilizadores de recursos naturais;

    IV - promover mudanas nos padres de consumo e estimular o uso de tecnologias limpas, com menor produo de resduos e maior capacidade de reaproveitamento ou disposio final dos mesmos;

    V - difundir na sociedade a cultura do consumo sustentvel;

    VI - formar uma conscincia pblica voltada para a necessidade de melhoria e proteo da qualidade ambiental urbana;

    VII - orientar o processo de uso e ocupao do solo do Municpio, respeitando as reas de interesse ambiental e a necessidade de racionalizao do uso dos recursos naturais.

    Art.44. So diretrizes do Programa Municipal de Qualidade Ambiental Urbana:

    I - adoo de mecanismos de autocontrole pelos empreendimentos ou atividades com potencial de impacto, como forma de compartilhar a gesto ambiental com o Municpio;

    II - adoo de critrios ambientais nas especificaes de produtos e servios a serem adquiridos pela Administrao Municipal, respeitada a legislao federal, estadual e municipal de licitaes e contratos;

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    III - estimulo adoo de medidas de preveno e reduo do impacto ambiental causado por produtos, atividades e servios potencialmente danosos ao ecossistema local;

    IV - fomento ao reconhecimento e promoo de prticas socioambientais adequadas pelo Poder Pblico Municipal e pela iniciativa privada;

    V - incentivo produo e instalao de equipamentos e criao ou absoro de tecnologias voltadas para a melhoria da qualidade ambiental urbana no ambiente de trabalho;

    VI - controle da produo, comercializao e do emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente urbano;

    VII - ampliao do elenco de incentivos e benefcios disponibilizados como estmulo proteo do meio ambiente no Municpio;

    VIII - seleo dos grupos de produtos ou setores econmicos estratgicos para atuao do Programa Municipal de Qualidade Ambiental Urbana, identificando, simultaneamente, aqueles de maior impacto ambiental e de maior repercusso do poder de compra da Administrao Municipal no mercado, visando a reduo de sua carga prejudicial ao ambiente da cidade;

    IX - busca de apoio institucional e financeiro junto a outras esferas de governo e demais organismos financiadores para a implementao do Programa Municipal de Qualidade Ambiental Urbana;

    X - estabelecimento de sistema de indicadores ambientais, a serem constantemente monitorados visando melhoria da qualidade ambiental urbana no Municpio;

    XI - estimulo aos processos de certificaes de qualidade ambiental no servio pblico do Municpio;

    XII - estabelecimento, como prioridade do programa, da efetivao do banco de dados ambientais e da sistemtica divulgao de suas informaes;

    XIII - implementao de um programa de monitorao e vigilncia ambiental;

    XIV - estabelecimento das metas de qualidade ambiental e de reduo das emisses e cargas poluidoras existentes;

    XV - elaborao anual do Relatrio de Qualidade do Meio Ambiente.

    TTULO V

    DA CULTURA

    CAPTULO I DOS PRINCPIOS, OBJETIVOS E DIRETRIZES GERAIS

    DA POLTICA CULTURAL

    Art.45. A Poltica Cultural do Municpio do Salvador visa consolidar uma sociedade sustentvel e tem por base a concepo da poltica pblica como o espao de participao dos indivduos e da coletividade, grupos, classes e comunidades, no qual o poder poltico interveniente, e que tem por objetivo instituir e universalizar direitos e deveres culturais produzidos mediante o dilogo e o consenso democrtico.

    Art.46. A Poltica Cultural do Municpio do Salvador tem como princpios:

    I - a compreenso da cultura como elemento fundador da sociedade, essencial na confirmao das identidades e valores culturais, responsvel pela incluso do cidado na vida do Municpio, por meio do trabalho, da educao, do lazer, da reflexo e da criao artstica;

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    II - a cidadania cultural como um direito vida em suas mais diversas manifestaes e base para o exerccio da cidadania plena;

    III - o direito liberdade de criao cultural como direito inalienvel dos seres humanos, sem o qual no se alcana a liberdade;

    IV - o direito participao da sociedade nos processos de deciso cultural;

    V - o direito informao como fundamento da democratizao da cultura;

    VI - o respeito e o fomento expresso da diversidade como fundamento de uma verdadeira democracia cultural;

    VII - a considerao da transversalidade da cultura na concepo e implementao das polticas pblicas municipais;

    VIII - considerao da cultura como parte integrante da economia de Salvador, que dever ter nas indstrias criativas um vetor do seu desenvolvimento.

    Art.47. So objetivos da Poltica Cultural do Municpio do Salvador:

    I - garantir uma sociedade baseada no respeito aos valores humanos e culturais locais, capaz de promover a diversidade cultural, o pluralismo e a solidariedade;

    II - contribuir para a transformao da realidade social e para a reverso do processo de excluso social e cultural;

    III - consolidar Salvador como cidade criativa, centro produtor, distribuidor e consumidor de cultura, inserida nos fluxos culturais e econmicos mundiais;

    IV - promover o aperfeioamento e valorizao dos profissionais da rea da cultura;

    V - democratizar o planejamento e a gesto da cultura.

    Art.48. As diretrizes gerais para a cultura so:

    I - adoo de uma concepo de desenvolvimento cultural que abranja o enfoque socioeconmico para a gerao de oportunidades de emprego e renda e oriente as polticas pblicas do setor, no sentido de compatibilizar a preservao do patrimnio e a inovao da produo cultural, sob a perspectiva da sustentabilidade e da diversidade;

    II - apoio e incentivo formao e ao fortalecimento das cadeias produtivas da economia da cultura, com participao prioritria de atores econmicos e culturais locais;

    III - atrao de investimentos nacionais e internacionais para instalao de equipamentos de impacto cultural e econmico;

    IV - incentivo ao autofinanciamento da produo cultural, mediante aprimoramento da sua qualidade, de modo a integrar o artfice ao mercado de trabalho formal e ampliar a participao do setor na economia municipal;

    V - fortalecimento do patrimnio arqueolgico como elemento de identificao cultural;

    VI - salvaguarda do patrimnio imaterial, constitudo pelos saberes, vivncias, formas de expresso, manifestaes e prticas culturais, de natureza intangvel, e os instrumentos, objetos, artefatos e lugares associados s prticas culturais;

    VII - articulao entre educao, trabalho e produo cultural, integrando-os ao contexto scio-poltico e s expresses populares, enquanto produtoras de conhecimento;

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    VIII - revitalizao das reas urbanas centrais e antigas reas comerciais e industriais da cidade mediante a implantao de centros de criao de produtos artsticos, audiovisuais e manufaturados.

    CAPTULO II DAS DIRETRIZES ESPECFICAS

    Seo I Das orientaes para o sistema educacional

    Art.49. As diretrizes relativas s orientaes para o sistema educacional so:

    I - incentivo, no processo de aprendizagem, do uso de expresses ligadas identidade cultural local, explorando o seu potencial educativo;

    II - transformao da escola em espao de criao e produo de cultura em sua concepo mais ampla, indo alm da formao acadmica;

    III - introduo no currculo escolar, a partir do curso bsico, de conhecimentos ligados educao patrimonial;

    IV - associao da cultura s atividades ldicas no intercurso do ensino convencional, como a prtica de esportes, a recreao e o lazer em geral;

    V - implementao, nos currculos escolares, do ensino de histria e cultura afro-brasileira e africana;

    VI - implementao, nos currculos escolares, de disciplinas sobre histria da Bahia e da Cidade do Salvador;

    VII - estmulo formao de profissionais de educao para aprimoramento das questes relacionadas diversidade cultural, de gnero e orientao sexual, bem como para o atendimento s pessoas com deficincia.

    Seo II

    Da produo e fomento s atividades culturais

    Art.50. As diretrizes para produo e fomento s atividades culturais so:

    I - estmulo a projetos de comunicao, mediante canais pblicos de mdia ou o apoio a parcerias entre instituies do terceiro setor e patrocinadores privados, com vistas a uma sustentao financeira de patrocnio cultura;

    II - internalizao de tendncias, movimentos e inovaes observados mundialmente, agregando aos bens e servios das indstrias criativas um valor material determinado pelo contedo imaterial, simblico;

    III - promoo da produo cultural de carter local, incentivando a expresso cultural dos diferentes grupos sociais;

    IV - estmulo criao de novas iniciativas culturais e produo artstico-cultural, em articulao com o setor privado;

    V - promoo de concursos e exposies municipais, fomentando a produo e possibilitando a divulgao pblica de trabalhos;

    VI - incentivo a projetos comunitrios que tenham carter multiplicador e contribuam para facilitar o acesso aos bens culturais pela populao de baixa renda;

    VII - incentivo a publicaes sobre a histria da Bahia e, em especial, sobre a histria de Salvador;

    VIII - fomento produo cultural, por meio de:

    a) articulao de grupos em torno da produo cultural;

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    b) lanamento de editais para a produo artstico-cultural;

    c) oferecimento de bolsas de incentivo produo de projetos artstico-culturais;

    IX - dinamizao da distribuio cultural, por meio de:

    a) profissionalizao para insero no mercado, de forma competitiva, possibilitando a atividade cultural rentvel e auto-sustentvel;

    b) previso de espaos para a exposio da produo e a ampliao dos modos de acesso;

    c) revitalizao dos espaos existentes, viabilizao de espaos alternativos e criao de novos espaos destinados a atividades culturais;

    d) utilizao das escolas em perodos ociosos, contribuindo para a valorizao desses espaos e possibilitando a articulao entre atividades educativas e culturais;

    e) elaborao de um Programa Municipal de Intercmbio Cultural com vistas ao aprimoramento dos artistas locais mediante viagens e estgios;

    f) estmulo realizao de eventos comemorativos para a produo artstica e democratizao do acesso aos produtos culturais;

    g) identificao das potencialidades, demandas e formas de aproveitamento econmico do patrimnio cultural para o desenvolvimento comunitrio, com participao da populao;

    h) promoo de exposies de rua, itinerantes, divulgando aspectos gerais e singulares da Cidade do Salvador;

    i) implementao do programa Memria dos Bairros, com o objetivo de resgatar e divulgar a evoluo histrica e as peculiaridades dos bairros de Salvador;

    X - incentivo produo da economia da cultura e das indstrias criativas, mediante:

    a) implantao de centros de produo e qualificao profissional com atividades artesanais, industriais e artsticas articuladas entre si, visando formao de cadeias produtivas econmicas e aglomerados produtivos na produo cultural e artstica;

    b) orientao para a instalao de oficinas e pequenas unidades de produo industrial no seriada, ou de fornecedores de insumos produo cultural, em reas identificadas como de revitalizao econmica e social;

    c) ampliao dos incentivos fiscais e financeiros para a produo cultural, com delimitao dos espaos para instalao das atividades, onde sero incentivados projetos com reduo das alquotas do IPTU e ISS;

    XI - fortalecimento das aes de diversidade cultural, em especial a produo da populao negra e indgena, na luta contra o racismo, xenofobia e intolerncia religiosa;

    XII - criao de incentivos para o exerccio de atividades criativas voltadas incluso das pessoas com deficincia, mediante:

    a) promoo de concursos de prmios no campo das artes e letras;

    b) realizao de exposies, publicaes e representaes artsticas;

    XIII - criao de linhas especficas de financiamento para a cultura, por meio das agncias de fomento oficiais, beneficiando todos os segmentos culturais.

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    Seo III Do cadastramento e das informaes

    Art.51. As diretrizes para cadastramento e informaes so:

    I - estruturao de um sistema de informaes baseado em dados, indicadores e estatsticas confiveis sobre a cultura local, capazes de subsidiar a formulao de polticas pblicas e orientar as aes dos mltiplos agentes;

    II - identificao das manifestaes culturais localizadas, dos espaos culturais e das respectivas atividades, e cadastramento dos responsveis por essas manifestaes, considerando recortes de raa/etnia, gnero, credo, faixa etria e outros que caracterizem a diversidade e pluralidade da cultura soteropolitana;

    III - identificao dos monumentos referenciais para as comunidades, inclusive do patrimnio natural, bem como cenrios e elementos intangveis associados a uma prtica ou tradio cultural;

    IV - inventrio sistemtico dos bens mveis de valor cultural, inclusive dos arquivos notariais;

    V - elaborao e divulgao do calendrio das diferentes festas e manifestaes tradicionais do Municpio.

    Seo IV

    Da formao de recursos humanos

    Art.52. As diretrizes para formao de recursos humanos so:

    I - desenvolvimento de programa de capacitao e atualizao de recursos humanos que considere a singularidade do trabalho na rea cultural, objetivando uma dedicao mais profissional e especializada na organizao da cultura em todas as suas dimenses constitutivas: gesto, criao, difuso, transmisso, preservao, produo e outras;

    II - promoo da formao de tcnicos e artfices especializados na conservao e restauro de bens culturais, bem como treinamento de mo-de-obra no especializada para atuar em servios de manuteno;

    III - incentivo criao de cursos de ps-graduao no mbito das universidades localizadas no Municpio, voltados conservao do patrimnio cultural edificado e de obras de arte, com nfase na pesquisa cientfica e no aprimoramento de tcnicas avanadas de restauro;

    IV - promoo de eventos para intercmbio tcnico/ cientfico de profissionais de centros de excelncia nacionais e internacionais atuantes na rea cultural;

    V - articulao de grupos e indivduos em torno da produo cultural, propiciando a troca de experincias, a formao de parcerias e a busca conjunta de solues.

    Seo V

    Do patrimnio cultural

    Art.53. As diretrizes para a conservao do patrimnio cultural so:

    I - planejamento e implementao de aes, enfatizando a identificao, documentao, promoo, proteo e restaurao de bens culturais no Municpio;

    II - caracterizao das situaes de interesse local na gesto dos bens culturais, reconhecendo e valorizando os eventos e representaes peculiares da cultura soteropolitana que no tenham repercusso no mbito mais amplo das polticas de proteo estadual, nacional e mundial;

  • 25

    III - conservao da integridade da memria das comunidades representada pelo patrimnio arqueolgico, mediante:

    a) identificao, do ponto de vista social, do objeto de estudo arqueolgico, possibilitando o seu reconhecimento pela sociedade;

    b) gerenciamento do potencial econmico das reas de interesse arqueolgico com vistas a viabilizar a sua preservao, mediante o reaproveitamento turstico, com nfase museogrfica ou comercial dos espaos, salvaguardada a sua integridade;

    c) estabelecimento de critrios para as pesquisas arqueolgicas em meio subaqutico;

    d) identificao das reas que contm elementos arqueolgicos e paisagsticos, e que se configuram como oportunidades de desenvolvimento cultural;

    IV - atualizao da legislao de proteo ao patrimnio cultural, e ampliao da sua abrangncia, com a incluso de bens culturais de natureza imaterial, de monumentos que venham a ser identificados como integrantes do patrimnio arqueolgico, bem como dos exemplares representativos da arquitetura moderna;

    V - elaborao, pelo Municpio, de normas e leis especficas de proteo ao patrimnio local;

    VI - estabelecimento de convnios para ao conjunta entre o Poder Pblico e as autoridades religiosas, com a finalidade de restaurao e valorizao dos bens de valor cultural de propriedade das entidades que representam;

    VII - articulao com os rgos responsveis pelo planejamento do turismo, para que:

    a) observem os problemas associados utilizao e divulgao dos bens naturais e de valor cultural, especialmente os protegidos por lei;

    b) estimulem a requalificao dos imveis tombados, utilizando-os como pousadas, museus ou outros equipamentos que potencializem o uso do patrimnio histrico-cultural;

    VIII - promoo da implantao dos espaos de cultura multilinguagens, com uso dos j habilitados, de modo a:

    a) articular estratgias de gesto pblica, privada e do terceiro setor, de forma integrada com o Projeto Escola, Arte e Educao, da Secretaria de Educao e Cultura do Municpio;

    b) atender s necessidades voltadas divulgao, preservao e produo da cultura;

    IX - promoo da acessibilidade universal aos bens culturais imveis mediante a eliminao, reduo ou superao de barreiras arquitetnicas e urbansticas.

    Seo VI

    Das reas de valor cultural

    Art.54. A conservao das reas de valor cultural no Municpio ser assegurada por meio da instituio e regulamentao do Sistema de reas de Valor Ambiental e Cultural, SAVAM, criado por esta Lei.

    1. A estruturao do SAVAM, bem como os enquadramentos, delimitaes e diretrizes especficas para as reas que o integram, sero tratadas no Captulo V, do Ttulo VIII desta Lei.

    2. O Municpio elaborar e implementar planos, programas e projetos especficos para reas de valor cultural integrantes do SAVAM, e utilizar os

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    instrumentos de Poltica Urbana habilitados por esta Lei para a proteo dos stios e imveis significativos.

    Art.55. Consideram-se prioritrias as seguintes aes:

    I - elaborao de plano especfico para o centro antigo de Salvador, rea correspondente ao stio tombado pela UNESCO como patrimnio da humanidade, e o seu entorno, complementando aes de preservao e recuperao em curso e ampliando as possibilidades de sustentao econmica;

    II - identificao e mapeamento dos stios quilombolas existentes no territrio de Salvador, entendidos como tal, os espaos de resistncia cultural vinculados s comunidades negras;

    III - identificao e mapeamento dos terreiros de candombl existentes no Municpio do Salvador, contemplando o cadastro dos terrenos e suas edificaes, com vistas implementao de aes de acautelamento, a exemplo de tombamento ou registro como patrimnio imaterial dos elementos significativos, e elaborao de plano de salvaguarda, incluindo a regularizao fundiria;

    IV - criao do Parque Histrico da Independncia da Bahia, em Piraj;

    V - urbanizao e implantao de equipamentos culturais no santurio e Parque So Bartolomeu, e ampliao das atividades culturais do Parque Metropolitano de Pituau.

    Seo VII Da gesto cultural

    Art.56. So diretrizes para a gesto cultural no Municpio:

    I - fortalecimento institucional da cultura como rea autnoma e estratgica de atuao do Municpio, ampliando a competncia normativa e administrativa do rgo responsvel pela gesto cultural, dando-lhe condies para formular e gerir, com a participao da sociedade civil, a Poltica Cultural do Municpio de Salvador;

    II - implementao do Conselho Municipal de Cultura, para discusso contnua e democrtica das polticas pblicas de cultura em Salvador;

    III - instituio e realizao peridica do Frum de Cultura de Salvador, reunindo diferenciados segmentos sociais e culturais na discusso das questes culturais mais relevantes da cidade;

    IV - articulao das polticas e aes relacionadas cultura com as outras polticas pblicas no mbito municipal e intergovernamental, atendendo ao princpio da transversalidade das questes culturais;

    V - estabelecimento de parcerias com instituies e cidades-irms no sentido de incrementar trocas culturais, mediante projetos de negociao e compartilhamento de programaes;

    VI - realizao de convnios e outras formas de cooperao entre o Municpio do Salvador e organismos pblicos, privados ou do terceiro setor atuantes na rea cultural;

    VII - discusso ampla e participativa do modelo de financiamento municipal da cultura, analisando as alternativas possveis, complementares e/ou excludentes, passveis de serem adotadas em Salvador;

    VIII - fortalecimento do componente econmico das atividades culturais e o seu potencial na ampliao da renda e criao de postos de trabalho, municipalizando, ao mximo, a produo de insumos materiais da produo artstica e cultural de Salvador.

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    TTULO VI DA HABITAO

    CAPTULO I DOS PRESSUPOSTOS E OBJETIVOS DA POLTICA MUNICIPAL

    DE HABITAO DE INTERESSE SOCIAL

    Art.57. A Poltica Municipal de Habitao de Interesse Social, PHIS, est fundamentada nas disposies da Constituio Federal, do Estatuto da Cidade Lei n.10.257/01, das Medidas Provisrias n. 2.220/01 e 2.212/01, da Lei Orgnica Municipal, e das diretrizes de Poltica Urbana expressas por esta Lei.

    Art.58. A Poltica Municipal de Habitao de Interesse Social, PHIS, concebe a moradia digna como direito social, independente da renda, educao, cultura e posio social, baseando-se nos seguintes pressupostos:

    I - a questo habitacional interfere acentuadamente no processo de urbanizao e desenvolvimento social e na organizao do espao da cidade devendo ser equacionada luz das funes sociais da cidade e da propriedade;

    II - a ao do Poder Pblico fundamental para assegurar o acesso habitao pelas populaes com renda insuficiente para adquirir a moradia digna, em especial mediante programas voltados para a Habitao de Interesse Social, HIS, e linhas de financiamento que incluam o subsdio para as famlias de baixa renda;

    III - o atendimento do direito moradia por parte do Poder Pblico compreende:

    a) a moradia associada sustentabilidade econmica, social, ambiental e cultural, expressas na pluralidade de modos de vida e sociabilidade, que retrata a diversidade de contribuies tnicas nas nossas formas de morar e de usar os espaos pblicos;

    b) a reduo do dficit habitacional quantitativo e qualitativo como fator de incluso socioespacial;

    c) a integrao da poltica habitacional com a poltica urbana e articulada com as polticas de desenvolvimento social e econmico;

    d) o fortalecimento da cidadania, mediante a participao e organizao social, como fatores determinantes da poltica habitacional.

    1. Moradia digna, como vetor de incluso social, aquela que oferece conforto e segurana, cujas situaes fundiria e urbanstica estejam devidamente regularizadas e que dispe de condies adequadas de saneamento ambiental, mobilidade e acesso a equipamentos e servios urbanos e sociais, bem como adota padres urbansticos e arquitetnicos compatveis com a cultura local.

    2. Habitao de Interesse Social, HIS, aquela destinada populao com renda familiar de at 3 SM (trs salrios mnimos) produzida pelo Poder Pblico, ou com sua expressa anuncia, cujos parmetros referenciais sero definidos no mbito do Plano Municipal de Habitao.

    3. Dficit quantitativo ou dficit habitacional demogrfico corresponde quantidade de habitaes que deveria estar disponvel para atender demanda anualmente renovada, resultante do crescimento populacional.

    4. Dficit qualitativo corresponde quantidade de habitaes inadequadas existentes, compreendendo necessidades de regularizao urbanstica, fundiria e melhorias das edificaes.

    5. Dficit habitacional total corresponde ao somatrio dos dficits quantitativo e qualitativo.

    Art.59. A Poltica Municipal de Habitao de Interesse Social, PHIS, tem como objetivos:

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    I - viabilizar para a populao de menor renda o acesso terra urbanizada, moradia digna e sua posse, aos servios pblicos essenciais e equipamentos sociais bsicos;

    II - garantir a sustentabilidade dos programas habitacionais de interesse social, associando-os ao desenvolvimento econmico, social e ambiental;

    III - promover os meios para garantir a diversidade dos programas e de agentes promotores da Poltica de Habitao de Interesse Social, PHIS, de acordo com as caractersticas diferenciadas da demanda, estimulando o associativismo e a auto-gesto na implementao de projetos;

    IV - garantir o melhor aproveitamento da infra-estrutura instalada, dos equipamentos urbanos e do patrimnio construdo, evitando deseconomias para o Municpio;

    V - oferecer condies para o funcionamento dos canais institudos e outros instrumentos de participao da sociedade nas definies e no controle social da poltica habitacional;

    VI - viabilizar a atuao integrada e articulada, do ponto de vista institucional e financeiro, com os demais nveis de governo, visando fortalecer a ao municipal.

    Art.60. A Poltica de Habitao de Interesse Social, PHIS, compreende um conjunto de diretrizes que orientam as aes pontuais, coletivas e estruturais para o atendimento das necessidades de moradia para a populao com renda familiar de at 3 SM (trs salrios mnimos), podendo, em casos excepcionais, atender populao com renda de at 6 SM (seis salrios mnimos).

    Pargrafo nico. O equacionamento da questo da moradia enquanto poltica pblica no mbito do Municpio deve contemplar solues e aes integradas, pertinentes aos campos:

    I - do planejamento da Poltica de Habitao de Interesse Social;

    II - do atendimento s necessidades habitacionais;

    III - da gesto com participao.

    CAPTULO II DO PLANEJAMENTO DA POLTICA DE HABITAO DE INTERESSE SOCIAL

    Art.61. O planejamento habitacional tratar a questo da moradia de interesse social em estreita articulao com as polticas pblicas de outras instncias governamentais, tendo como diretrizes:

    I - buscar a adeso do Municpio ao Sistema Nacional de Habitao de Interesse Social, requerendo a implantao do Fundo Municipal de Habitao e do Conselho Municipal de Habitao, gestor do Fundo, e a formulao do Plano Municipal de Habitao;

    II - criar mecanismos institucionais e financeiros para que recursos do mbito estadual e federal convirjam para o Municpio;

    III - envidar esforos para uma ao metropolitana na soluo dos problemas diagnosticados relacionados com as mltiplas formas de habitar.

    Art.62. O planejamento da poltica habitacional deve estar articulado com as diretrizes de poltica urbana e ambiental, aos projetos de estruturao urbana e de qualificao do espao pblico da cidade e deve aplicar os instrumentos urbansticos estabelecidos por esta Lei, tendo como prioridades:

    I - reverter tendncias indesejveis, sejam os adensamentos excessivos que resultem no comprometimento da qualidade ambiental de ocupaes com boas condies de habitabilidade, degradando reas consolidadas e infra-estruturadas, ou a

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    consolidao de assentamentos em reas que ofeream risco vida humana ou ambiental;

    II - ocupao dos vazios urbanos e interveno em reas passveis de urbanizao, localizados na Macrozona de Ocupao Urbana;

    III - formao de estoque de terras;

    IV - regularizao fundiria de reas ocupadas;

    V - criao das Zonas Especiais de Interesse Social, ZEIS, objetivando facilitar a regularizao e urbanizao de assentamentos precrios e a produo de habitao de interesse social, conforme disposto no Captulo V deste Ttulo.

    Art.63. A Poltica de Habitao de Interesse Social, PHIS, e seu planejamento envolvem a ao pblica contnua e devem:

    I - articular a melhoria das condies de habitao com polticas de incluso social e projetos complementares que visem o desenvolvimento humano;

    II - preocupar-se com a sustentabilidade econmica de suas intervenes, articulando-se poltica socioeconmica e a programas de capacitao profissional, gerao de trabalho e renda voltados para as comunidades beneficiadas;

    III - criar incentivos fiscais e urbansticos para implantao de atividades econmicas, pequenos centros de negcios e servios, e investimentos em projetos estruturantes e de fortalecimento da comunidade.

    Art.64. Com base nos objetivos e diretrizes enunciados nesta Lei, o Executivo elaborar o Plano Municipal de Habitao, PMH, contendo no mnimo:

    I - identificao das atuais e futuras necessidades habitacionais, quantitativa e qualitativamente, incluindo todas as situaes de moradia;

    II - estabelecimento de uma estratgia para equacionar o problema habitacional do Municpio e cumprir os princpios e objetivos estabelecidos no Captulo I deste Ttulo;

    III - formulao de programas habitacionais que dem conta da diversidade de situaes da demanda;

    IV - definio de metas e prazos de atendimento s demandas espacializadas;

    V - estabelecimento de linhas de financiamento existentes nos diversos mbitos de governo, que podem ser usados pelo Poder Pblico Municipal e pela demanda;

    VI - indicao de reas prioritrias de atendimento;

    VII - a estratgia de implementao do plano.

    1. Para subsidiar a elaborao do Plano Municipal de Habitao, o Executivo poder estabelecer convnios com universidades e demais instituies que atuem na elaborao de estudos e diagnsticos sobre questes pertinentes ou correlatas.

    2. O Executivo municipal dever implantar sistema de informaes no sentido de retroalimentar a Poltica de Habitao de Interesse Social, PHIS, seja nos aspectos tcnicos, sociais, econmicos, ambientais, culturais e participativos, especialmente os relacionados a:

    I - identificao e quantificao das necessidades habitacionais do Municpio;

    II - cadastro de terras pblicas segundo seus diferentes proprietrios e levantamento de imveis privados no ocupados ou subutilizados de interesse para a PHIS;

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    III - tcnicas construtivas e tecnologias apropriadas urbanizao e moradia das comunidades de baixa renda;

    IV - monitorao e avaliao dos impactos socioculturais e ambientais em reas que sofreram intervenes.

    CAPTULO III DO ATENDIMENTO S NECESSIDADES HABITACIONAIS

    Seo I Dos programas e critrios de prioridade para o atendimento

    Art.65. No mbito da Poltica de Habitao de Interesse Social, PHIS, o atendimento das necessidades habitacionais compreende os seguintes programas:

    I - produo de unidades habitacionais;

    II - urbanizao das reas ocupadas precariamente;

    III - regularizao fundiria das reas ocupadas irregularmente;

    IV - requalificao de edificaes ocupadas por cortios e moradias coletivas;

    V - melhoria das condies de habitabilidade da moradia;

    VI - eliminao de assentamentos em reas de risco de vida e em reas de proteo ambiental, compreendendo a relocao da populao moradora para projetos habitacionais.

    Pargrafo nico. A atuao da PHIS abrange situaes de legalizao, substituio, inadequao, reposio e superao de deficincias da unidade e do espao coletivo, podendo atuar no mbito da casa, do parcelamento, do assentamento, do bairro ou mesmo da cidade.

    Art.66. A Poltica de Habitao de Interesse Social, PHIS estabelecer os seguintes critrios para a priorizao do atendimento, cuja espacializao deve constar do Plano Municipal de Habitao:

    I - predominncia de populao com renda familiar mensal inferior a trs salrios mnimos em situao de risco social, com alta incidncia de criminalidade;

    II - incidncia de problemas ambientais graves, como insalubridade, degradao natural, poluio atmosfrica ou por despejos industriais e domsticos;

    III - alto risco para a segurana da populao residente, com probabilidade de inundaes, deslizamentos de encostas e desmoronamento de edificaes precrias;

    IV - assentamentos de populao de baixa renda localizados na rea de influncia imediata dos corredores de transporte de alta capacidade, visando a requalificao urbana e a dinamizao da economia local com repercusso positiva para sua populao.

    Seo II

    Da produo da moradia

    Art.67. O atendimento s necessidades habitacionais requer a construo de novas unidades atendendo as seguintes diretrizes:

    I - construo de Habitao de Interesse Social, HIS, diretamente pelo Poder Pblico ou por entidades a ele conveniadas, abrangendo:

    a) desenvolvimento de padres tipolgicos urbansticos e habitacionais livres de barreiras arquitetnicas e urbansticas, e adequados s condies climticas e morfolgicas do stio, e adaptados aos padres culturais da populao, considerando a renda da clientela e a capacidade de manuteno;

  • 31

    b) incentivo produo de materiais bsicos de construo, em escala, com menores custos, mediante medidas fiscais e compra em grandes escalas para estocagem e repasse direto ao adquirente do imvel ou s construtoras comprometidas com os agentes promotores financiadores;

    c) exigncia de que pelo menos 20% (vinte por cento) das unidades construdas satisfaam aos critrios de atendimento s necessidades das pessoas com deficincia ou mobilidade reduzida;

    d) incentivo promoo da qualidade do setor da construo habitacional, com a adoo de mtodos construtivos mais eficientes, com melhores ndices de produtividade e qualidade, e incorporao de avanos tecnolgicos para reduo dos custos mdios por metro quadrado, do ndice de desperdcio, e aumento da padronizao dos materiais de construo;

    e) criao de tecnologias alternativas, mtodos construtivos eficientes e meios de barateamento da produo habitacional, observando-se a inventividade popular nos processos de autoconstruo, em relao adaptao ao meio fsico, a aspectos culturais e econmicos, bem como s possibilidades de mutiro;

    II - incentivo a autoproduo de moradias, com o financiamento direto de material de construo, atrelado ao projeto da edificao e adoo de medidas que facilitem a aprovao pelo Municpio;

    III - estmulo ao do setor privado na produo de habitao ao alcance das faixas de renda mais baixas;

    IV - implantao de programas de assistncia tcnica voltados elaborao e implantao de projetos de construo, reforma, melhoria da qualidade e das condies de salubridade da habitao, com a participao do interessado.

    1. A produo de unidades habitacionais de que trata o inciso I do caput deve assegurar a:

    I - reduo do preo final das unidades imobilirias;

    II - a destinao exclusiva a quem no seja proprietrio de outro imvel residencial.

    2. Visando a orientao e o apoio aos casos de que tratam os incisos II e III e IV do caput, o Executivo municipal estruturar um banco de projetos de casas populares.

    Seo III

    Da urbanizao das reas ocupadas precariamente

    Art.68. A urbanizao de reas ocupadas precariamente envolve a adequao de infra-estrutura e servios urbanos, sistema virio e acessibilidade, redefinies do parcelamento, criao e recuperao de reas pblicas, insero de reas verdes e de arborizao de acordo com as seguintes diretrizes:

    I - a urbanizao de reas ocupadas precariamente deve garantir a permanncia da comunidade em seu local de moradia e a acessibilidade e circulao de pessoas com deficincia e mobilidade reduzida;

    II - as obras de urbanizao devem respeitar a configurao fsica geral do assentamento, buscando o menor nmero de remoes e remanejamentos, desde que seja possvel garantir condies mnimas e adequadas de mobilidade, salubridade e saneamento;

    III - a interveno deve preservar espaos pblicos ligados s tradies culturais das comunidades.

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    Seo IV Da regularizao fundiria das reas ocupadas

    Art.69. O Executivo municipal dever promover a regularizao urbanstica e fundiria dos assentamentos precrios, loteamentos irregulares e clandestinos de interesse social, por meio dos seguintes instrumentos:

    I - criao de Zonas Especiais de Interesse Social, ZEIS;

    II - concesso de direito real de uso, de acordo com o Decreto-Lei n 271, de 1967;

    III - concesso de uso especial para fins de moradia, de acordo com a Medida Provisria n 2.220, de 2001;

    IV - assistncia tcnica, urbanstica, jurdica e social gratuita;

    V - apoio tcnico s comunidades na utilizao do instituto da usucapio especial de imvel urbano.

    Seo V

    Da requalificao de edificaes de cortios e moradias coletivas

    Art.70. A interveno pblica em edificaes ocupadas por cortios e moradias coletivas, que predominam nas reas afetadas pela legislao de proteo ao patrimnio histrico, nas reas centrais e nos bairros populares mais densos, sero orientadas pelas seguintes diretrizes:

    I - identificao e delimitao das edificaes nas condies descritas no caput deste artigo como Zonas Especiais de Interesse Social, ZEIS II;

    II - habilitao das habitaes deterioradas pela ao do tempo e do uso;

    III - garantia da permanncia das famlias na prpria rea em que viviam, em melhores condies de vida;

    IV - regularizao da propriedade das unidades imobilirias.

    Seo VI Da melhoria das condies de habitabilidade de moradias

    Art.71. Visando a melhoria das condies de habitabilidade, o Poder Pblico Municipal promover gestes junto aos agentes financeiros, para que, em conjunto com o Municpio, possam ser ampliadas as possibilidades de acesso ao crdito destinado melhoria e ampliao da moradia.

    Pargrafo nico. No oferecimento de crdito ser priorizado o atendimento ao direito moradia, flexibilizando-se as condies de emprstimos e subsdios que considerem:

    I - a capacidade de endividamento da clientela;

    II - a instabilidade socioeconmica das famlias devido instabilidade e informalidade dos postos de trabalho;

    III - a necessidade de dilatao dos prazos e do estabelecimento de acordos nos casos de inadimplncia.

    Seo VII

    Da atuao em reas de risco e de proteo ambiental

    Art.72. O atendimento s necessidades habitacionais prev intervenes pontuais ou conjugadas, em reas de risco vida humana e ao meio ambiente, tais como encostas, crregos, reas alagadias e outras situaes

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    inapropriadas, promovendo readequaes de uso e tratamento das reas remanescentes, restringindo o reassentamento de famlias ao indispensvel.

    Pargrafo nico. O Executivo Municipal elaborar um plano de atuao em reas de risco, incluindo os seguintes aspectos:

    I - elaborao de diagnstico de todas as re