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2016

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APRESENTAÇ ÃO

É com grande satisfação que apresentamos este livro, que reúne, com clareza, objetividade e profundidade, todas as matérias presentes no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, tornando-se, assim, um valioso instrumento para todos aqueles que buscam a aprovação.

O estudo para o Exame da OAB é árduo e a maior dificuldade enfrentada por muitos candidatos está no grande volume de matérias. Em consequência disso, o candidato tem dificuldade em sistematizar seus estudos, ficando, por vezes, perdido em meio a muitos manuais, leis, jurisprudência, entre outros.

Pensando nestas e noutras dificuldades, apresentamos Exame OAB – Doutrina vo-lume único, uma obra completa, sistematicamente elaborada por especialistas no Exame da OAB. O principal objetivo da obra foi reunir, de forma clara, concisa e didática, todas as disciplinas presentes no Exame da Ordem, aliado a um método bastante didático de apresentação dos diversos temas.

Não se trata de um mero resumo, mas sim de uma obra cuidadosamente pensada, a fim de permitir o máximo aproveitamento, por meio de um estudo estratégico, e, por consequência, o melhor resultado.

Os autores, após criteriosa análise dos Exames da OAB anteriores, exploraram questões, permitindo, assim, que o leitor possa conhecer da técnica empregada pelos examinadores. Além disso, foram usados diversos recursos didáticos, favorecendo-se a rápida absorção da matéria e potencialização dos estudos. Não descuidamos ainda de apresentar temas e dis-cussões polêmicos, ainda pouco explorados nos Exames já realizados, mas que, certamente, serão objeto de questionamentos futuros.

Trata-se, pois, de uma obra diferenciada que, além dos pontos acima ressaltados, reúne vários tópicos de suma importância na preparação de nossos leitores, quais sejam:

MUITA ATENÇÃO!

MUITA ATENÇÃO!

Ainda, importante trazer à baila a exceção do dever de sigilo, o art. 25 do CED aduz que: “salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da causa”.

Há determinados pontos em cada matéria que são frequentemente abordados nos Exames da OAB, tornando-se repetitiva sua incidência. E muitas vezes, estes pontos são abordados de maneira bastante sutil, de modo que os candidatos mais desatentos acabam

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6 EXAME OAB DOUTRINA – VOLUME ÚNICO

cometendo erros que levam à perda de pontos importantes. Por isso, nesta seção os au-tores destacaram os tópicos que demandam maior cuidado e atenção, alertando o leitor acerca de sua manifesta importância. Além disso, nesta seção são destacadas as famosas "pegadinhas", sempre presentes nos Exames da OAB.

QUESTÃO

? QUESTÃO: Aplica-se à união estável a imposição do regime da separação obrigatória de bens se houver entre os companheiros as causas suspensivas do matrimônio?

RESPOSTA: O tema ainda não é pacífico, valendo destacar decisão da Terceira Turma do STJ, em que se entendeu que “a não extensão do regime da separação obrigatória de bens, em razão da senilidade do de cujus, constante do artigo 1641, II, do Código Civil, à união estável equivaleria, em tais situações, ao desestímulo ao casamento, o que, certamente, discrepa da finalidade arraigada no ordenamento jurídico nacional, o qual se propõe a facilitar a convolação da união estável em casamento, e não o contrário.” (STJ, RESP 1090722/SP, DJe 30/08/2010).

A fim de se alcançar um diálogo mais claro e dinâmico com o leitor, foram inseridas algumas perguntas e respostas ao longo do texto. Esta metodologia auxilia o leitor na com-preensão de temas mais complexos e, sobretudo, na fixação de pontos-chave, imprescindíveis ao estudo de certos tópicos.

FIQUE POR DENTRO!

FIQUE

POR DENTRO:

“PUBLICIDADE – O advogado não deve fazer:”

Quanto à publicidade, deve o advogado abster-se de: responder com habitualida-de consulta sobre matéria jurídica nos meios de comunicação social com intuito de promover-se profissionalmente; debater, em qualquer veículo de divulgação, causa sob seu patrocínio ou de colega; abordar tema de modo a comprometer-se a dignidade da profissão e da instituição que integra; divulgar ou deixar que seja divulgada lista de clientes e de demandas; insinuar-se para reportagens e decla-rações públicas (art. 33 do CED).

Certos temas polêmicos, por resultarem de controvérsia doutrinária e/ou jurispru-dencial, são também apresentados aos leitores de forma rápida e precisa, alertando-os, assim, para a sua existência. O objetivo não é fornecer todos os elementos que cercam alguns temas controvertidos, mas sim permitir que o leitor deles tenha conhecimento a fim de que possa se precaver, evitando surpresas desagraváveis. Além disso, certos temas ganham projeção quando conhecidos pelos Tribunais Superiores que, por vezes, modificam substancialmente a jurisprudência de todo o país. Assim, os autores trouxeram informa-ções precisas sobre novos assuntos, bem como sobre aspectos controvertidos presentes na nossa jurisprudência.

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7APRESENTAÇÃO

EM RESUMO

EM RESUMO: Controle Difuso de Constitucionalidade

Competência Qualquer juiz ou Tribunal

Efeitos “inter partes” e “ex tunc”

Modulação

de efeitos

Cabível, desde que por motivos de segurança jurídica ou fundada em interesse social.

ObjetoLei ou ato normativo (federal, estadual e municipal), inclusive anteriores à Constituição (direito pré-constitucional).

Atuação do

Senado Federal

Discricionária. Faz-se por resolução. A partir deste momento, à declaração de inconstitucionalidade são atribuídos efeitos “erga omnes” e “ex nunc”.

A utilização de palavras-chave contribui para a absorção dos pontos principais, auxi-liando na fixação da matéria. Assim sendo e dada a complexidade de certos temas, foram elaborados “quadros-resumo” com o objetivo principal de condensar os principais tópicos expostos, contribuindo para a compreensão e absorção do quanto apresentado anteriormente.

DICA IMPORTANTE

DICA IMPORTANTE

A independência do advogado, condição necessária para o regular fun-cionamento do Estado de Direito, está estritamente ligada à da OAB, que não se vincula nem se subordina a qualquer poder estatal, econômico ou político (art. 44, § 1º, do EAOAB).

Em provas de 1ª fase o conhecimento da chamada “lei seca”, súmulas e de alguns “macetes” é importantíssimo. Nessa seção, os autores reuniram súmulas, leis, dispositivos e, principalmente, alguns “macetes” que, sem dúvida, vão proporcionar um grande aprovei-tamento dos estudos, permitindo uma abordagem estratégica e voltada ao Exame da OAB.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADALEITURA BÁSICA

• Ferreira Filho, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 9 ed. São Paulo: Saraiva.

OBRAS PARA APROFUNDAMENTO

• Mendes, Gilmar Ferreira; Coelho, Inocêncio Mártires; Branco, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito

Constitucional. 4 ed. São Paulo: Saraiva.

Embora completa e diferenciada, a presente obra não tem a pretensão de esgotar o estudo do Direito; este é vastíssimo e o que conhecemos sempre representa apenas um fragmento,

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8 EXAME OAB DOUTRINA – VOLUME ÚNICO

fruto de determinada realidade histórico-social. Assim, são apresentadas algumas Bibliografias Recomendadas que permitirão maior aprofundamento sobre determinados temas. Esta seção vem ao final de cada uma das disciplinas e é subdividida em: LEITURA BÁSICA, que são obras indicadas para a primeira fase; e OBRAS PARA APROFUNDAMENTO, em que há indicações de leituras complementares, inclusive para a segunda fase do Exame de Ordem.

Portanto, pelo exposto acima, acreditamos que esta obra se constituirá em uma impor-tante ferramenta que está sendo colocada à disposição dos futuros advogados. Aproveite-a!

Não deixem de seguir o nosso perfil no twitter (@doutrinaoab)!

E, é claro: sugestões e críticas são sempre bem-vindas!

Bons estudos!

FLÁVIA CRISTINA MOURA

DE ANDRADE

LUCAS DOS SANTOS

PAVIONE

JÚLIO CÉSAR

FRANCESCHET

Twitter: @profaflavia Twitter: @lucaspavione

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SOBRE OS AUTORES

ANA M ARIA DE AR AUJO PA S COT TO – DIREITO PRO CESSUAL CIVIL

• Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo.

• Advogada.

DIEGO PEREIR A M ACHAD O – DIREITOS HUM ANOS • DIREITO INTERNACIONAL

• Especialista em Direito Processual Penal e Civil (UPF - RS).

• Mestre em Direito (Unitoledo - SP).

• Doutorando em Direito (Coimbra - Portugal).

• Professor e palestrante exclusivo da Rede de Ensino LFG (SP), nas matérias de Direito Internacional, Direito Comunitário e Direitos Humanos, em cursos preparatórios para concursos públicos e em programas de pós--graduação.

• Participante do Cambridge Law Studio (Cambridge Inglaterra).

• Professor do programa Prova Final da TV Justiça e do Portal Atualidades do Direito.

• Autor de livros e artigos na área jurídica.

• Palestrante.

• Procurador Federal (AGU).

• Presidente da Sociedade Brasileira de Direito Internacional Seccional Mato Grosso.

• Membro-associado da ONG Transparência Brasil.

FABIANA C A MPOS NEGRO – DEONTOLO GIA

• Mestranda, Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pós--graduada em Direito Público.

• Professora universitária e de especialização da Faculdade Anhanguera Educacional nas matérias de Ética Profissional, Direito do Trabalho, Processo do Trabalho, Prática Trabalhista e Psicologia Organizacional.

• Professora de cursos preparatórios para exame de ordem e concurso, Advogada militante, Palestrante laureada da OAB/SP, Autora de livros na área do Direito.

FERNAND O HENRIQUE CORRÊ A CUSTODIO – DIREITO PRO CESSUAL CIVIL

• Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo.

• Pós-Graduação em Direito Material Tributário pela PUC/SP.

• Juiz Federal Substituto.

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1 0 EXAME OAB DOUTRINA – VOLUME ÚNICO

HER MUNDES FLORES DE MEND ONÇ A – ÉTIC A E FILOS OFIA D O DIREITO

• Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra (Título revalidado pela UFMG).• Especialista (Lato sensu) em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte. Bacharel

em Direito pela Universidade Federal de Viçosa. (UFV). • Professor universitário no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE) e na Faculdade Pitágoras. • Membro do Instituto dos Advogados de Minas Gerais (IAMG). • Advogado militante, sócio do escritório Cimini Franco & Flores Sociedade de Advogados, com sede em Ipatinga.

JÚLIO CESAR FR ANCES CHET – DIREITO CONSTITUCIONAL

• Juiz Substituto do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.• Mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.• Doutorando em Direito Civil pela Universidade de São Paulo – USP.• Professor Universitário.

LUC A S D OS SANTOS PAVIONE – DIREITO ADMINISTR ATIVO • DIREITO A MBIENTAL

• Procurador Federal.

• Pós-Graduado.

• Coordenador e coautor da Série “Carreiras Específicas”, publicada pela Saraiva.

• Coautor da obra “Improbidade Administrativa: Lei 8.429/92”, publicada pela Editora JusPodivm.

MILTON BANDEIR A NETO – DIREITO TRIBUTÁRIO

• Procurador da Fazenda Nacional.• Graduado em Direito pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).• Pós-graduado em Direito Público• Pós-graduando em Direito Constitucional• Coautor das obras:– Carreiras Específicas – AGU – Direito Tributário, publicada pela Editora Saraiva;– Temas Aprofundados - AGU – Direito Tributário, publicada pela Editora JusPodivm.– Carreiras Específicas – Magistratura Federal – Direito Tributário, publicada pela Editora Saraiva;– Carreiras Específicas – Polícia Federal – Direito Tributário, publicada pela Editora Saraiva; – Carreiras Específicas – Tribunais – Direito Tributário, publicada pela Editora Saraiva;– Carreiras Específicas – Receita Federal – Direito Tributário, publicada pela Editora Saraiva;– Carreiras Específicas – OAB – Direito Tributário, publicada pela Editora Saraiva;– Direito ao Ponto - Direito Tributário, publicada pela Editora JusPodivm.

NATHÁLIA STIVALLE GOMES – DIREITO D O CONSUMID OR • DIREITO EMPRESARIAL

• Advogada da União.

• Coautora da obra “Carreiras Específicas – AGU”, publicada pela Saraiva.

REINALD O DANIEL MOREIR A – DIREITO PENAL • DIREITO PRO CESSUAL PENAL

• Juiz de Direito do Estado de Minas Gerais.

• Mestre em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

• Lecionou nos cursos de graduação em Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Faculdade Metodista Granbery de Juiz de Fora e da Universidade Presidente Antônio Carlos.

• Professor convidado do curso de especialização em Ciências Penais da Universidade Federal de Juiz de Fora.

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1 1SOBRE OS AUTORES

RENATA D OS SANTOS RODRIGUES – DEONTOLO GIA

• Advogada.

• Pós-Graduada em Direito Privado pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.

RENATO SABINO C ARVALHO FILHO – DIREITO D O TR ABALHO • DIREITO PRO CESSUAL D O TR ABALHO

• Juiz do Trabalho Substituto da 24ª Região.

• Ex-Juiz do Trabalho Substituto da 23ª Região.

• Mestrando em Direito do Trabalho pela PUC/SP.

• Professor de Direito do Trabalho e Processual do Trabalho em diversos cursos de Especialização.

VER A LÚCIA DA SILVA – HER MENÊUTIC A JURÍDIC A

• Doutora em direito pela Universidade Federal de Santa Catarina.

• Assistente jurídico na Procuradoria Geral do Estado de Santa Catarina. 

WAGNER INÁCIO FREITA S DIA S – EC A • DIREITO CIVIL

• Professor Universitário.

• Advogado.

• Mestre em Direito pela Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro.

• Professor em cursos preparatórios para concurso em Minas Gerais.

• Twitter: @wagnerinacio

• professorwagnerinacio.blogspot.com

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2 8 7TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E PODER CONSTITUINTE

C APÍTULO I

TEORIA DA CONSTITUIÇ ÃO E PODER CONSTITUINTE

1. NOÇÕES

O constitucionalismo surgiu a partir das revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII e teve dois objetivos principais: limitação do poder (regrar a atuação daquele que exerce o poder) e atribuir aos cidadãos direitos e garantias fundamentais.

Poder Constituinte: Trata-se do poder de criar, ou de reformar, a Constituição. No Brasil, este Poder é exercido pelo povo por meio de seus representantes (regime democrático).

O Poder Constituinte divide-se em:

|A| Originário: inicial, autônomo, ilimitado juridicamente e incondicionado. O Poder Constituinte Originário não guarda qualquer espécie de subordinação técnica com o ordenamento jurídico anterior. Por exemplo: a Assembleia Constituinte de 1988, no Brasil, não estava subordinada a qualquer norma jurídica anterior, inaugurando-se, a partir de então, uma nova ordem jurídica.

|B| Derivado: como o próprio nome sugere, é aquele que decorre, ou deriva, de algo. No caso, é derivado do próprio Poder Constituinte Originário e, por consequência, limi-tado por ele. Logo, o Poder Constituinte Derivado reúne as seguintes características: é limitado, condicionado e subordinado.

MUITA

ATENÇÃO!

O Poder Constituinte Derivado pode, ainda, ser classificado em:

1. DECORRENTE: trata-se daquele poder atribuído aos Estados-membros para elaborarem suas próprias constituições, desde que observada a Constituição Federal, seja no aspecto formal, seja, ainda, sob o aspecto material;

2. REFORMADOR: permite que a Constituição seja modificada a fim de que, sobretudo, possa acompanhar as mudanças sociais e não se tornar obsoleta, distante dos anseios sociais. As reformas ocorrem por meio de emendas à Constituição;

3. REVISOR: previsto no art. 3º do ADCT, permitiu que a Constituição Federal fosse revisada cinco anos após a sua promulgação. Este poder revisor estava previsto para acontecer uma única vez e dele decorreram seis emendas de revisão. A votação foi realizada pelo Congresso Nacional em composição unicameral e foi exigido o quorum de maioria ab-soluta.

? QUESTÃO: Quais são as espécies de limitações ao Poder Constituinte Derivado Reformador?

RESPOSTA: As limitações podem ser: expressas (materiais – cláusulas pétreas; circunstanciais – in-tervenção, estado de defesa e estado de sítio; formais – procedimentais) e implícitas (supressão das limitações expressas e alteração do titular do poder constituinte derivado).

DIRE

ITO

CONS

TITU

CION

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2 8 8 JÚLIO CESAR FRANCESCHET

As emendas constitucionais serão estudadas nos próximos capítulos. Por ora, é importante destacar que elas são fruto do Poder Constituinte Derivado e, portanto, estão sujeitas às limitações acima.

DICA

IMPORTANTE

A leitura atenta do art. 60 da CF mostra-se imprescindível. É dele, basicamente, que se extraem as limitações ao Poder Constituinte Derivado Reformador.

A respeito da entrada em vigor de uma nova ordem constitucional, é correto afirmar que “no Brasil, os dispositivos de uma constituição nova têm vigência ime-diata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima), salvo disposição constitucional expressa em contrário”. Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a nova Constituição, salvo disposição expressa em sentido contrário, tem aplicação imediata, alcançando, sem restrições, os efeitos futuros de fatos passados (RE 242.740/GO, rel. Min. Moreira Alves, 20.03.2001). Trata-se, portanto, da retroatividade mínima.

A retroatividade ainda pode ser: média (alcança prestações pendentes de negócios realizados no passado); máxima (alcança fatos já consumados). Há ainda a tese da irre-troatividade.

? QUESTÃO: O que significa “vacatio constitutionis”?

RESPOSTA: A “vacatio constitutionis” corresponde ao interregno entre a publicação do ato de sua promulgação e a data estabelecida para a entrada em vigor de seus dispositivos. O constituinte de 1988 não adotou a “vacatio constitutionis”.

2. BREVE HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

CONSTITUIÇÕES PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

1824

Foi fruto da proclamação da independência e primou pela centralização do poder (criação do Poder Moderador). Foi outorgada. Trazia o sufrágio restritivo econômi-

co, por meio de pleito indireto e censitário. Mulheres, mendigos e pobres estavam excluídos da votação. Teve como fonte inspiradora o modelo francês. As províncias não tinham poder político (Legislativo próprio). Trazia um rico rol de direitos fundamentais, apesar de existir escravidão no Brasil. Era uma Constituição semirrígida, cabendo ao vitalício Senado fazer sua interpretação.

1891

Teve por inspiração a Carta norte-americana. Criou a República e a federação. Foi

promulgada, adotando os três poderes de Montesquieu. Constitucionalizou o "habeas corpus". Previa a eleição direta para Presidente da República. Foi uma Constituição

rígida. Embora tenha instituído o sufrágio universal, não o estendeu às mulheres.

1934

Elencou direitos sociais ou fundamentais de 2ª geração. Neste passo, teve por fonte a Constituição de Weimar de 1919. Trouxe o voto feminino para Constituição, já presente na ordem jurídica desde o Código Eleitoral de 1932. Criou a justiça militar e a eleitoral. A justiça laboral fazia parte do Ministério do Trabalho. Houve constitucio-

nalização do mandado de segurança, criado em 1926.

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2 8 9TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E PODER CONSTITUINTE

CONSTITUIÇÕES PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

1937

Foi outorgada por Vargas, inaugurando o Estado Novo. É conhecida como a Polaca, porque houve compilação da Carta polonesa. Foi uma Constituição autoritária, porque Vargas tinha vários poderes, dentre os quais de fechar o Congresso Nacional (CN). A Constituição de 37 centralizou o poder no chefe do Executivo da União.

1946

Houve descentralização entre os Estados e municípios, dando muita força a estes. Determinava o pluripartidarismo, inclusive para o partido comunista. A Constituição de 1946 sofreu uma emenda importante em 1965, a de número 16, que criou o con-trole concentrado de constitucionalidade no Brasil. O voto para vice e para Presidente da República era separado. O vice-presidente era também presidente do Senado. A Constituição de 1946, embora continuasse existindo formalmente, foi suplantada

pelo Golpe Militar de 1964. O Brasil passou a ser governado pelos Atos Institucionais e Complementares.

1967/1969

Com o golpe de 1964, a Carta de 1967 centralizou o poder no chefe do Executivo

federal, diminuindo a autonomia dos Estados. As eleições passaram a ser indiretas para Presidente da República. A Constituição de 1967 reduziu a utilização do HC

(autoritarismo) como, por exemplo, no caso de crimes militares. A EC 1/69 trouxe à baila os atos institucionais. Em 13 de dezembro de 1968, foi publicado o AI-5, o mais voraz às liberdades fundamentais. O CN foi fechado e os direitos políticos foram cassados.

1988

Responsável pelo rompimento com o período totalitário anterior, a Constituição de 1988 ampliou o rol de direitos e garantias fundamentais e foi responsável pela rede-mocratização do país. Não bastasse, criou novos mecanismos de controle de constitu-cionalidade das leis e atos normativos e criou novos institutos jurídicos que redefiniram todo o direito, especialmente o privado. A Constituição brasileira de 1988 é rígida,

escrita, codificada, popular (promulgada, democrática), tida em sentido formal,

prolixa, normativa, eclética.

3. PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES

3.1 Quanto à estabilidade, as Constituições podem ser:

|A| Rígidas: aquela que exige, para sua alteração, um processo mais trabalhoso, mais dificultoso que o dedicado às normas infraconstitucionais (limite procedimental do poder derivado reformador). O controle de constitucionalidade só é aplicável nos Estados em que a Constituição é rígida.

MUITA

ATENÇÃO!

Não são as cláusulas pétreas que caracterizam uma Constituição rígida, mas sim o processo de modificação do Texto Constitucional;

|B| Semirrígidas: apenas parte das normas constitucionais exige, para sua alteração, um processo mais trabalhoso. Ex.: CF de 1824, de acordo com seu art. 178;

|C| Flexíveis: não diferem de outras normas quanto ao processo de modificação, inexistindo, assim, restrições procedimentais;

|D| Imutáveis: como o nome indica, não comportam qualquer modificação. Tendem a se tornar obsoletas e ultrapassadas porque não conseguem acompanhar as mudanças e os anseios sociais.

DIRE

ITO

CONS

TITU

CION

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3.2 Quanto à origem, as Constituições podem ser:

|A| Outorgadas: são impostas e não decorrem da participação popular;

|B| Promulgadas ou democráticas: decorrem do povo que a elaboram por intermédio de seus representantes (ex. Assembleia Constituinte);

|C| Cesaristas: são outorgadas, mas dependem da ratificação do povo, que pode rejeitá-la.

3.3 Quanto à forma, as Constituições podem ser:

|A| Escritas: reunião das normas fundamentais em um único documento. Traz como vantagem a sistematização;

|B| Não escritas: as normas fundamentais não decorrem de um único documento, podendo ser encontradas nos costumes, na jurisprudência, entre outros. O maior exemplo é a Constituição do Reino Unido.

3.4 Quanto à extensão, as Constituições podem ser:

|A| Sintéticas: são breves, resumidas, e reúnem apenas aquelas normas consideradas fundamentais e estruturais do Estado;

|B| Analíticas ou prolixas: são extensas e disciplinam em detalhes diversos assuntos considerados relevantes pelo legislador constituinte para a organização e funcionamento do Estado. A Constituição de 1988 é prolixa. Um exemplo interessante de como nossa Constituição atual é prolixa pode ser encontrado em seu art. 242, § 2º: “O Colégio D. Pedro II, localizado no Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”.

3.5 Quanto ao modo de elaboração, as Constituições podem ser:

|A| Dogmáticas: são sistematizadas e expressam os valores sociais, políticos, morais e jurí-dicos preponderantes à época em que foram promulgadas. Segundo questão extraída do Exame Unificado da OAB de janeiro de 2010, dogmáticas são as constituições elaboradas, “necessaria-mente, por um órgão com atribuições constituintes e, somente existindo na forma escrita, sistematiza as ideias fundamentais contemporâneas da teoria política e do direito”;

|B| Históricas: são fruto de um processo evolutivo dos costumes e tradições de um povo.

3.6 Quanto ao conteúdo, as Constituições podem ser:

|A| Materiais: são aquelas que reúnem apenas as normas essencialmente ligadas à orga-nização do Estado e à promoção da pessoa humana. No sentido material, as Constituições contêm três grupos de elementos essenciais: direitos e garantias fundamentais, estrutura do Estado, organização dos Poderes;

|B| Formais: são aquelas que possuem outros componentes além do núcleo material. O exemplo do Colégio D. Pedro II, citado acima, é clássico exemplo de como nossa Cons-tituição de 1988 é formal.

MUITA

ATENÇÃO!

Constituição-compromisso é aquela que reúne diferentes ideologias e anseios. Ao contrário, ortodoxas são aquelas que espelham uma única ideologia. Constituição semântica, por sua vez, é aquela que representa a formalização da situação do poder político existente em benefício exclusivo dos detentores desse poder.

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2 9 1TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E PODER CONSTITUINTE

FIQUE POR

DENTRO:

“ADCT – Ato das disposições constitucionais transitórias e preâmbulo constitucional”

O ADCT tem natureza de norma constitucional e poderá, desse modo, trazer exceções às regras apontadas no corpo da Constituição. Nesta esteira, possui o mesmo grau de eficácia

e de autoridade jurídica em relação aos demais preceitos constitucionais. Já o preâm-bulo da Constituição da República não tem força normativa, não serve de parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade, não limita a atuação do poder constituinte derivado e não é norma de observância obrigatória pelos Estados, DF e Municípios. Sobre este tema, também no Exame Unificado de setembro de 2009, considerou-se correta a seguinte alternativa: “a doutrina constitucional majoritária e a jurisprudência do STF consideram que o preâmbulo constitucional não tem força cogente, não valendo, pois, como norma jurídica. Nesse sentido, seus princípios não prevalecem diante de eventual conflito com o texto expresso da CF”.

Para saber mais: cf. CUNHA JUNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 5. ed. –, Editora Jus Podivm, 2015.

EM RESUMO: Teoria da Constituição e Poder Constituinte

Constitucionalismo Limitação do poder estatal e proteção aos cidadãos.

Poder

ConstituinteCriação ou reforma da Constituição. Pode ser classificado em Originário e Derivado.

Classificação das

Constituições

Quanto à estabilidade: rígidas, semirrígidas, flexíveis e imutáveis.

Quanto à forma: escritas e não escritas.

Quanto à origem: outorgadas, promulgadas e cesaristas.

Quanto à extensão: sintéticas e prolixas.

Quanto ao conteúdo: materiais e formais.

Quanto ao modo de elaboração: dogmáticas e históricas.

ADCT Tem força normativa.

Preâmbulo Segundo jurisprudência do Supremo, não tem força normativa.

DIRE

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