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Paulo Teixeira de Sousa Custos Logísticos

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Paulo Teixeira de Sousa

Custos Logísticos

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Sumário

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CAPÍTULO 2 – Quais são os Custos Envolvidos nas Atividades da Logística? ........................05

Introdução ....................................................................................................................05

2.1 Custos de Armazenagem e movimentação ..................................................................06

2.2 Custos de transporte (por modais) ..............................................................................12

2.3 Custos de embalagens ..............................................................................................15

2.4 Custos de manutenção de inventários .........................................................................18

Síntese ..........................................................................................................................23

Referências Bibliográficas ................................................................................................24

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Capítulo 2

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IntroduçãoA logística reúne uma variedade de custos, que envolvem as atividades desde a compra até o armazenamento, passando pelo transporte e distribuição. Ao comprar um produto ou matéria prima, normalmente as empresas costumam desprezar as despesas relacionadas a frete e outros serviços agregados na logística e passam a considerar somente o valor final da mercadoria. Desta forma, como é possível uma gestão dos custos se a empresa não conhece o quanto gastou com o frete e os serviços logísticos?

Faria (2005, p.141) apresenta que nos “Custos da logística de abastecimento o custo de maior dificuldade para ser identificado é o custo de transporte principalmente pela falta da informação em separado.” Para a autora,

[...] a maioria dos fornecedores de materiais nacionais não destaca essa informação na nota fiscal e, quando esta informação existe, encontra-se na área de Compras, pois muitos materiais são adquiridos com preços negociados, incluindo o valor de frete e seguros, dependendo dos termos da negociação (FARIA, 2005, p.141).

Um dos problemas da falta desta informação seria quando e feita a gestão de toda a cadeia de abastecimento, onde as informações precisariam ser compartilhadas para que decisões conjun-tas pudessem ser tomadas.

Se estivéssemos analisando os custos da cadeia de suprimentos como um todo, haveria a necessida-de de o fornecedor compartilhar esses custos, para que pudessem ser adequadamente gerenciados.

Já viu o leiteiro passar nas fazendas coletando o leite? Normalmente ele passa em horários pré--determinados com o preço já negociado. O mesmo leiteiro (Coletador do leite) define uma rota preestabelecida para realizar as entregas sem dar duas voltas e ao mesmo tempo com o preço já negociado. Imagine esta mesma situação para a indústria e ou comércio. Se cada fazendeiro fosse realizar uma entrega na indústria de laticínios, quanto não aumentaria o frete? E se a ne-gociação do preço não fosse acordada, o que seria feito do leite? Este procedimento operacional veio no intuito de reduzir os custos no transporte e abastecimento. Ele é chamado de milk run, Faria (2005, p.143) o define como

[...] um sistema de coleta e entrega de materiais que os clientes, no intuito de reduzir seus custos, negociam com os fornecedores seus preços, assumindo que, ao invés de o fornecedor entregar o material ao cliente, que, por sua vez, responsabilizar-se-á pelo frete e seguro, e poderá até buscar o material no fornecedor, passando a gerenciar seus custos. Suas vantagens são: redução de investimento no controle e na disciplina dos processos, aumento na flexibilidade e velocidade de reação (resposta rápida).

Para segregar os custos logísticos do abastecimento por item de materiais e componentes, o melhor que uma empresa pode fazer criar um direcionador (requisito) para fazer a locação cor-reta do custo, conforme veremos a seguir para as atividades da logística. Você, como gestor de logística e responsável pelas decisões, precisa focar que os benefícios de se ter uma informação detalhada, disponível, útil, relevante, confiável e oportuna devem ser maior que os seus custos.

Quais são os custos envolvidos nas atividades da Logística?

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Custos Logisticos

2.1 Custos de Armazenagem e movimentaçãoOs custos voltados para o armazenamento e a movimentação de materiais levam em considera-ção os requisitos conceituais da atividade. Você sabe que um produto ao ser adquirido por uma empresa, quando chega, deve ter o recebimento da mercadoria. Depois esses materiais serão acondicionados e estocados no armazém e depois despachados quando necessários. Neste fluxo rápido e simples observamos que os custos vão estar ligados ao processo de recebimento e o sistema utilizado, a estocagem (A estocagem deve ser pensada tridimensionalmente, levando em consideração também a altura) e a expedição e seu sistema.

No armazenamento, os custos podem ser divididos em fixos e variáveis. O Instituto de Movimen-tação e Administração de materiais - Imam (2000, p. 225), apresenta a seguinte divisão para esses custos:

Custos fixos

• Aluguel e taxas de edifício.

• Capital dos equipamentos (depreciação, juros, contratos).

• Salários básicos.

• Seguro (produtos, equipamentos).

• Custos indiretos alocados.

Custos Variáveis

• Manutenção.

• Custos de operação.

• Despesas com mão de obra, hora extra.

• Quaisquer despesas com terceiros.

Neste interessante sumário, a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) conseguiu reunir informações importantes sobre os custos logísticos dos operadores, apresenta valores para o tamanho do setor, a receita bruta, a geração de postos de trabalho, a arrecadação de tributos e encargos, os investimentos permitindo assim que você possa fazer um benchmarking dos custos. Disponível em: Http://abolbrasil.org.br/sumario-executivo/.

VOCÊ QUER LER?

Você ainda poderá apropriar os custos de seu produto frente aos custos:

1. Custo por unidade estocada/movimentada;

2. Custos por unidade recebida;

3. Custo por unidade expedida;

4. Custo por unidade selecionada/montada;

5. Custo por unidade carregada;

6. Custo por unidade metro cúbico/tonelada.

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A partir do momento que consegue construir uma planilha e realizar o levantamento adequado e correto dos custos incorridos na sua operação de armazenagem, você poderá manipular os dados e definir relatórios para diversas necessidades gerenciais, com rapidez e eficiência.

Para Gurgel (2000, p.368), um cálculo de custo considerando a unidade movimentada pode ser calculado pela seguinte fórmula:

Runi = (CMC/NE x 1 MÊS)/30DIAS x 1DIA/NUNI

Com- custo total operacional mensal; Cmc- custo operacional variável de movimentação das Unimov; Ne- número de empilhadeiras; Nuni- número de movimentos de empilhadeiras por dia de 16 horas, caso o cálculo se aplique a 2 turnos; Runi- custo variável por movimento.

Mediante o levantamento dos custos de armazenagem é possível realizar a racionalização das atividades, eliminando etapas que não agregam valor as operações fins e consequentemente a redução dos custos. Se um investimento em uma máquina for realizado, esta operação deve obrigatoriamente apresentar um retorno na receita da organização e por isso este seja uma das dificuldades para quem atua na logística.

Gurgel (2000, p.476) aborda que “as perdas provocadas pela logística num ponto de venda representam muito mais do que uma perda no processo de armazenamento.” No quadro 1 são abordados alguns pontos de melhoria que podem ser aplicados na armazenagem e que no con-junto podem gerar resultados interessantes para a logística.

Nº Atividade Cálculo da Economia

1 Mudança do método de movimentação.Diferença de custo devida à redução de tempo obtido.

2Melhoria na alimentação e drenagem dos materiais conformados.

Eliminação do custo do tempo perdido dos equipamentos produtivos.

3 Redução dos estoques.Resultados da aplicação, no mercado finan-ceiro, dos recursos liberados dos estoques.

4 Atender o cliente em prazo menor.

Aplicar a taxa financeira de mercado dos pedidos, multiplicando pelo número de dias de redução do tempo de atendimento dos pedidos.

5Verticalização de armazenamento com liberação de área.

Dedução do valor da área do montante total de investimento, ou cálculo da receita finan-ceira resultante do valor aplicado no merca-do financeiro.

6Redução do momento de movimenta-ção.

Multiplicar o montante da redução pela taxa horária da unidade de momento.

7Ações que eliminam a perda de ma-teriais.

Calcular o valor do porcentual de perda eliminada, utilizando o preço de reposição destas mercadorias.

8Modificações nos pontos críticos de acidentes do trabalho.

Cálculo dos custos dos afastamentos de pes-soal ocorridos anteriormente e cujas causas foram corrigidas.

9Eliminação de um momento de movi-mentação parasita.

Multiplicar a quantidade de momento elimi-nada pela taxa unitária de custo.

Quadro 1 – Método do cálculo da economia.

Fonte: Livro “Logística Industrial”, de Floriano do A. (GURGEL, 2000).

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Custos Logisticos

Assim, os custos de armazenagem impactam na qualidade do serviço prestado por uma empresa. Para Castiglioni (2008, p.86), “os custos crescem na mesma proporção que o nível de serviço e oferecido a um cliente”.

Uma empresa pode adotar diversas estratégias para o seu armazenamento. Se adotar um único local, os seus custos fixos serão os mesmos, mas se adotar diversos locais, ela terá um aumento substancial nos seus custos fixos. Por isso em alguns casos onde as empresas estão focadas em oferecer um preço acessível em função da estratégia de baixo custo adotam o sistema milkrun para o imput de matéria prima e crossdocking para distribuição de produtos. Com isso passaram a racionalizar os custos com estocagem e armazenamento.

Na figura 1 é possível identificarmos um modelo dos custos de armazenagem. Eles são divididos em três elementos: custo de armazém, custo com manuseio de estoques e custo com pessoal envolvido na operação.

Custo do armazém

Aluguel

Conservação

Luz

Impostos

Custo do manuseiode estoques

Empilhadeira

Separadores

Guindastes

Tratores

Custo do pessoal

Encargos

Salários

Figura 1 - Os elementos da estrutura dos custos logísticos.

Fonte: Livro “Logística Operacional”, José Antônio de M. Castiglioni, 2008.

Outro fator que pode fazer toda a diferença nos custos de um armazém são os equipamentos utilizados. O Imam (2000, p.218) apresenta que as decisões sobre os equipamentos devem levar em consideração alguns princípios. Dentre esses:

1. A movimentação contínua é mais econômica;

2. A economia é diretamente proporcional ao tamanho da carga;

3. A padronização reduz custos;

4. A mecanização melhora a eficiência;

5. A gravidade é de menor custo;

6. Simplicidade.

São procedimentos simples que devem ser pensados no momento do processo de planejamento de um armazém. O objetivo é utilizar toda a capacidade disponível para a estocagem e saber escolher o equipamento adequado favorecendo a redução dos custos.

Alguns pontos que devem ser também observados em relação a escolha dos equipamentos estão relacionados a redução dos custos pela movimentação dos materiais unitários, a redução do tempo de movimentação, dos custos indiretos.

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Por que utilizar um software WMS para controlar os custos logísticos?

R: Por que Os armazéns sem WMS, dia a dia vão evoluindo e aumentando o número de operações realizadas ao mesmo tempo pela equipe. O conhecimento de cada uma das pessoas que vive o armazém é parte de uma teia informal a qual podemos denominar de WMS Mental. Cada pessoa tem um pouco do conhecimento do armazém e a soma dos conhecimentos faz o armazém operar. (SITE DE LOGÍSTICA, 2015).

VOCÊ SABIA?

Na tabela a seguir mostra algumas sugestões de equipamentos e sistemas de armazenamento com suas funcionalidades, vantagens e desvantagens, de acordo com o Imam (2000). Nesta ta-bela, observa-se que dependendo da natureza do produto e objetivos, os custos podem diminuir ou aumentar.

MÉTODO VANTAGEM DESVANTAGEM

Empi lhamento em Bloco

Baixo custo para estabelecer

Usa equipamentos simples

Faz bom uso cúbico

Avarias ao produto

Problemas de controle

Uso insatisfatório do espaço

Estruturas

Porta Paletes

Convencionais

Acesso a todos os paletes.

Utiliza equipamentos simples.

Baixo custo para instalar

Permite estocagem de itens que podem ser avariados.

Uso do espaço pode ser insatisfatório

Precisa de um sistema de localização

Rotação do estoque não é assegurada

Montanhas para Paletes

Fornece movimentação de produ-tos frágeis

Usa equipamentos simples

Altos custos

Difícil Rotação do estoque

Precisa de cuidado no empilhamento

Estruturas de trânsito interno

Permite empilhamento com altura de 9,

Utiliza equipamentos simples

Boa utilização cúbica

Precisa de paletes sólidos

Operação Lenta

Precisa de bom piso

Propenso a avaria nas empilhadeiras

Estocagem dinâmica

Perfeita rotação do estoque

Reduz a movimentação

Pode ser utilizado para input de paletes

Boa utilização cúbica

Sistema precisa de paletes especiais

Equipamento de alto custo

Não pode acessar todo estoque

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Custos Logisticos

MÉTODO VANTAGEM DESVANTAGEM

Estruturas de dupla profundidade

Boa utilização cúbica

Precisa de empilhadeira especial

Cuidado no controle para assegurar rotação e localização correta

Corretor estreito

Permite acesso individual aos paletes

Boa utilização do espaço

Equipamento de acesso de alto custo

Usualmente exige empilhadeiras

Precisa de um sistema de direção

TranselevadoresBoa utilização do espaço cúbico

Boa segurança

Custos do equipamento

Operação lenta

Trilhos no chão, manter limpo.

Contenedores

Ampla variedade de componentes

Facilmente erguido e acessível

Sistema fixo

Pode ter uso insatisfatório do espaço

Difícil de desmontar

Quadro 2 - Princípios dos métodos de estocagem.

Fonte: Livro “Gerenciamento da Logística e cadeia de abastecimento”, Imam, 2000.

Você já sabe que um custo de estoque vai muito mais além do preço pago pelo produto ou matéria prima, pois este produto deverá ser movimentado e estocado dentro de um armazém. A relação que deve fazer é considerar que o estoque é um investimento e todo investimento vai exigir um capital empregado, e custa dinheiro. Não esqueça também de quanto maior o volume de estoque, maior será o custo de armazenamento e quanto maior o tempo que um produto permanece no estoque, maior também os custos.

A fórmula de custo da armazenagem leva em consideração esses dois princípios da quantidade e tempo conforme fórmula apresentada. Veja que a quantidade é dividida por 2, pois sabemos que ao comprar um produto e estocar, no decorrer do tempo você estará retirando parte deste produto até o estoque acabar, sendo assim, muito provavelmente você não terá um estoque má-ximo durante todo o período de estocagem.

A taxa de armazenagem representa o somatório de todas as despesas fixas e variáveis da empre-sa, tais como seguro, transporte, manuseio, obsolescência, água, luz etc, conhecidos de acordo com o modelo de rateio estabelecido pela empresa.

Exemplo:

Sua empresa comprou no ano 5.000 unidades de um determinado produto para 30 dias de estocagem ao preço médio de R$ 10,00 a unidade. A taxa de armazenagem após todos os le-vantamentos ficou em 25%.

Aplicando a fórmula do Custo da Armazenagem = Q/2 x T x P x i, teremos:

Custo de Armazenagem 5000/2 x 30 x 10,00 x 0,25 = R $ 1.875.000,00

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2.2 Custos de transporte (por modais)A atividade de logística passou nos últimos anos por transformações que elevaram a qualidade dos equipamentos de transporte, reduzindo os custos nesta operação. Foi um tempo, em que a logística foi confundida com transporte, isso por que o peso do transporte para a logística é muito grande, e devido a isso as primeiras traduções ligavam a palavra logística a transporte.

O que é um Milk rum? Quais seus benefícios e desvantagens para os custos logísticos? Milk rum é um sistema de abastecimento de suprimentos adotado principalmente por indústrias automobilísticas nacionais. O Milk run é uma forma de redução de estoque na cadeia de suprimentos. – Disponível em: http://portallogistico.com.br/2015/03/17/abastecimento-de-suprimentos/#sthash.gK6Q27Yk.dpuf.

VOCÊ SABIA?

O transporte representa o elemento mais importante do custo logístico na maior parte das em-presas. O frete, na maioria dos casos, absorve cerca de dois terços do gasto logístico e entre 9% e 10% do produto nacional bruto para a economia americana como um todo. Por essa razão, o especialista em logística deve ter bom conhecimento desse tema.

Modais são os meios dos quais os produtos podem ser movimentados de um ponto ao outro. Os principais de acordo com Castiglioni (2008, p. 112) são:

• Sistema de movimento aquaviário;

• Sistema de movimento ferroviário;

• Sistema de movimento rodoviário;

• Sistema de movimento aeroviário;

• Sistema de movimento dutoviário.

Eles podem ainda serem classificados como:

• Terrestre: rodoviário, ferroviário e dutoviário;

• Aquaviário: marítimo e hidroviário;

• Aéreo: aeroviário.

Uma empresa pode combinar sua movimentação de carga com um ou mais modais. Desta for-ma, eles podem ser classificados de acordo com Castiglioni (2008, p. 113) em:

• Modais ou uni modais: formas que envolvem apenas uma modalidade.

• Intermodais: envolvem mais de uma modalidade e, para cada trecho ou modal, realiza-se um contrato.

• Multimodais: formas de transporte que envolve mais de uma modalidade, porém regidas por um único contrato.

• Segmentados: envolvem vários contratos para diversos modais.

• Sucessivos: no caso desses transportes, a mercadoria, para alcançar o destino final, necessita de transbordo em veículo da mesma modalidade de transporte e é regida por um único contrato.

O mais importante para você como profissional de logística é conhecer as características e parti-cularidades de cada modal, no sentido de avaliar qual é a melhor alternativa para sua empresa

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Custos Logisticos

entre as suas vantagens e desvantagens. No quadro a seguir é possível observar outros benefícios a serem considerados quando da escolha do projeto de logística de uma empresa. Observa-se que para cada um dos modais existe um patamar em relação aos custos de inventário, fixos e variáveis.

Item/Modo Rodoviário Ferroviário Aéreo Dutoviário Aquaviário

Capacidade do embarque

Embarques médios

Embarques médios

Embarques menores

Embarques maiores

Embarques maiores

Velocidade Média Menor Maior Menor Menor

Preço (para usuário)

Médio Menor Maior Menor Menor

Resposta do serviço

Média Mais lenta Mais rápida Lenta Lenta

Custo de inventário

Médio Mais caro Menos caro Mais caro Mais caro

Custos fixos Baixo Alto Alto Alto Médio

Custos variáveis

Médio Baixo Alto Baixo Baixo

Quadro 3 – Características dos principais modos de transporte.

Fonte: Adaptado de Fleury, 2000; Ballou, 2001 e Ratliff; Nulty, 2003.

Os transportes podem ser terceirizados e ou realizados pela própria empresa mediante a sua frota própria. “A atividade de transporte possui um alto faturamento anual, pois movimenta mais de dois terços de toda a carga transportada no país. São mais de 350 mil transportadores au-tônomos, 12 mil empresas e mais de 50 mil transportadores de carga própria”, de acordo com Castiglioni (2008, p.94).

Castiglioni (2008, p.95), apresenta uma divisão dos custos em transporte em diretos e indiretos.

Custos diretos

São aqueles que se relacionam diretamente com a função produtiva, no caso, a função de transportar. São eles:

1. Depreciação do veículo;

2. Remuneração do capital;

3. Salário e gratificações de motoristas e ajudantes;

4. Cobertura de risco (seguro ou auto seguro);

5. Combustível;

6. Lubrificação;

7. Pneus;

8. Licenciamento.

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Neste interessante artigo você poderá visualizar a aplicação e a distribuição dos custos totais e os seus impactos nos preços. É um estudo de caso sobre a exportação de um pro-duto do Brasil para a Argentina. Observe como é apresentado os custos e as formas que você tem para fazer a apropriação dos custos e a relação com os modais de transporte.

Disponível em: http://appweb2.antt.gov.br/revistaantt/ed2/_asp/ed2-artigosAnalise.asp.

VOCÊ QUER LER?

Os custos indiretos estão ligados a produção, como, por exemplo, o processamento de contabi-lidade, o custo ligado ao departamento de pessoal, administração, vendas, finanças, cobrança etc. Aquelas atividades que não ligadas diretamente ao transporte, mas que contribuem com alguns serviços.

Você deve compreender que a atividade de transporte ao mesmo tempo que é uma função de custo agregado é uma opção de valor agregado para a empresa. Mediante o transporte, as organizações fazem seus elos de ligação dentro da cadeia de abastecimento. O transporte inter-liga locais mediante o fluxo dos produtos. Para o Imam (2000, p.229), “as metas do sistema de transporte é manter um equilíbrio entre o custo total da operação e o nível de serviço oferecido.”

São várias as atividades que geram custos de transporte, e as principais variáveis de análise são o tempo e a distância.

O gestor poderá optar por diversas maneiras de levantar os custos de transporte de acordo com o IMAM. Para os veículos, você pode levantar o custo por ano/semana/dia, por quilômetro; por corrida; por energia, e para o produto; Custo por volume/ Custo por tonelada/Custo por unida-de (de produto).

Para Bowersox (2007, p.31),

[...] os transportes podem ser operados de três maneiras básicas. Mediante frota própria, terceirizados de transporte e terceirizados em operações logísticas. Como vimos do ponto de vista do sistema logístico, três fatores são fundamentais para o desempenho nos transportes: (1) custo; (2) velocidade; e (3) consistência.

Considerando que o custo de transporte pode ser o valor pago pela movimentação de uma mercadoria de um ponto a outro, custo este que envolve inclusive as despesas relacionadas, o sistema de transporte deve minimizar o custo total do sistema. Nem sempre aplicar um transporte que seja menos dispendioso pode significar que seja o de menor custo. Um serviço de transporte com alta velocidade pode implicar num custo mais elevado, tal como o prazo para realizar a reposição de um mercadoria.

Algumas características peculiares envolvem os custos em transporte. Imagine uma determinada empresa que deixou de operar com um veículo num determinado momento. A princípio podería-mos atribuir um custo zero, mas o fato do veículo ficar parado não deixou de incorrer em custos mínimos para pagar as despesas diárias da empresa. Se ocorre uma greve, haverá custos de terminais, passagem, equipamentos de apoio.

Os custos totais dos transportes podem ainda ser integrados com os estoques e por isso, a aná-lise dos custos deve ser encaminhada coletivamente. Um transporte econômico é aquele que a carga ocupe toda a capacidade do veículo, espaço ocioso é custo.

Para Filho (2001, p.101),

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Custos Logisticos

[...] vários são os fatores que contribuem para um custo nos transportes. A tecnologia, as estratégias de operações, as exigências do cliente, as restrições legais, isso tudo pode fazer uma diferença num processo de decisão de compra de uma frota, de terceirizar ou não, de adquirir um equipamento de apoio.

Outro fator que interfere no custo dos transportes é o desaparecimento de cargas e o seguro. De acordo com Filho (2001, p.103),

[...] É considerado “roubo de carga” a situação em que indivíduos tomam posse, ilegalmente, de parte ou da totalidade da carga de um veículo transportador, podendo ocorrer ou não, o desaparecimento do veículo concomitantemente com a mercadoria roubada, evento este denominado “desvio de carga”. Cabe ao profissional estabelecer acordos e contratos que reduzam os custos do frete

Esses são os desafios dos profissionais da área de logística de transporte, sua importância é tanta que é um dos primeiros cargos contratados na logística. Pode observar que na maioria das em-presas existe o responsável pelos transportes, sejam de pessoas e ou mercadorias.

2.3 Custos de embalagensUma logística eficaz e eficiente é aquela que, além de entregar o produto conforme o acorda-do com o cliente no tempo certo e ao menor custo, entrega sem nenhum tipo de defeito. Se o produto saiu da origem sem nenhum defeito, é responsabilidade do gestor de transporte manter que este produto cheque ao seu destino sem nenhum dano. Um dos objetivos da logística é mo-vimentar bens sem danificá-los.

Uma mercadoria pode ser transportada de três maneiras, conjugados ou não (caixa de madeira ou papelão, sacas; pallets e contêineres)

As embalagens possuem um papel importante na cadeia logística, quando padronizadas entre os elos da cadeia pode baixar os custos de transporte, manuseio, movimentação e armazenagem.

A embalagem também possui um impacto grande nos custos logísticos, tanto nos transportes como nas operações de movimentação. A definição e escolha de que embalagem adotar deve levar em consideração a reutilização e a descartabilidade.

Você sabe quem é John Pemberton? Foi o inventor da Coca-Cola, o refrigerante mais famoso do mundo. De 1886, data da sua criação aos dias de hoje é o produto que é encontrado em qualquer lugar, seja nos rincões baianos até o no deserto do Saara. Para evitar que o produto fosse copiado no mercado foi desenvolvido uma embalagem especifica para o produto. Pesquise para saber mais sobre o produto e a importância que a embalagem teve para o seu sucesso de vendas. Disponível em: http://www.coca-cola.pt/historia/john-pemberton-homem-inventou-coca-cola#.VlxUxrgrKUk

VOCÊ O CONHECE?

São vários os objetivos da embalagem nas operações logísticas e que se não propicia um im-pacto direto nos custos. Indiretamente pode contribuir muito para o aumento ou redução dos custos nas demais operações de estocagem, movimentação e transporte. A embalagem permite o controle de estoque mediante a etiqueta, separar uma mercadoria mais rapidamente e permite ainda a unitização dos produtos.

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A embalagem por muito tempo tinha como função prioritária a proteção do produto e a divul-gação e propaganda do produto. O Marketing ditava a forma, a cor e demais características da embalagem. Neste momento não havia uma preocupação com a logística.

Com o processo de globalização e o aumento das distâncias, a embalagem passa a ser consi-derada como um fator gerador de custo para a logística e sua gestão pode diminuir os custos diretos e indiretos. O peso e volume e o potencial de dano na embalagem primária podem in-fluenciar nos requisitos de transporte, manuseio e seus respectivos custos”.

É muito comum encontrarmos uma caixa padronizada que permite a integração de todo o sis-tema, desde a separação do produto, passando pelo carregamento até a entrega. Esta caixa facilita a separação dos produtos além de permitir a movimentação dos produtos nas esteiras eletrônicas e automáticas, agilizando todo o processo de separação dos produtos com sua re-dução de custos.

Imagine numa sapataria se não existisse a padronização nas caixas, um vendedor ao ter que encontrar um produto teria dificuldade, pois o produto não iria permitiram empilhamento ade-quado, dificultando encontrar com as características solicitadas pelo consumidor.

O quadro a seguir apresenta uma cadeia de exportação de peças e componentes referentes à indústria automobilística, evidenciando algumas consequências que auxiliam na tomada de de-cisões de custos ao longo das etapas.

Etapas da Cadeia Consequências / Trade-offs

1. Embalamento no país de origem

Maior ou menor dificuldade no processo de embalamento

Maior ou menor quantidade de peças por embalagem (otimização cúbica)

2. Movimentação, armazenagem temporária e carregamentos.

Maior ou menor complexidade de movimentação

Otimização da utilização de contêineres e/ou de meios de transportes

3. Transporte internacionalProteção adequada das peças evitando quebras

Otimização da utilização no transporte

4. Descarregamento no porto ou aeroporto

Riscos de avarias

Custos de transporte até o destino final

5. Recebimento, armazenagem temporária e abastecimento de linhas.

Facilidade ou dificuldade de movimentação

Idem para desconsolidar cargas

Abastecimento de linhas

6. Reutilização ou disposição final de embalagens one-way

Controle e devolução de embalagens retornáveis

Dificuldades no disposai (poluição, área, danos am-bientais.)

Quadro 4 – Trade-offs aplicados numa cadeia de abastecimento.

Fonte: Bio citado por Faria, 2003.

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Custos Logisticos

Para Bowersox (2007, p.259), “pode existir uma combinação de danos causados ao produto num transporte; vibrações, impacto, perfuração e compressão. Por isso, um projeto de embala-gem deve ser focado na praticidade, eficiência e baixo custo”.

Uma eficiência e redução de custos com as embalagens pode ser influenciada por três fatores de acordo com Bowersox (2007, p.261), “o design da embalagem, unitização e comunicação”.

Para o design da embalagem leva-se em consideração a inutilização do espaço cúbico que pode ser melhorada através da minimização do tamanho da embalagem por meio da concentração de produtos e pelo carregamento de itens desmontados. A minimização do espaço cúbico é mais importante no caso de produtos leves, que consomem o espaço cúbico de um veículo de trans-porte antes de o limite de peso ser atingido. Por outro lado, produtos pesados consomem o limite de peso de um veículo de transporte antes que a capacidade cúbica seja ocupada.

Quanto a unitização, que é o processo de agrupamento de caixas principais em uma unidade física para facilitar o manuseio ou transporte de materiais, o conceito inclui todas as formas de agrupamento de produtos.

O processo de comunicação é uma função final da embalagem logística. Essa função está se tornando cada vez mais crítica no fornecimento de identificação de conteúdo, rastreamento e ins-truções de manuseio. O papel mais evidente da comunicação é a identificação do conteúdo de embalagens para todos os membros do canal. A comunicação ainda permite o rastreamento, o controle de toda a movimentação e, como papel final das embalagens, elas fornecem instruções de manuseio e contra danos para os manuseadores de materiais.

Gurgel (2000, p. 312) apresenta três funções da embalagem que resume de forma prática como pode gerar custos ou não na empresa. A primeira função é a tecnológica e nela ocorre a proteção mecânica, física e química das mercadorias. A segunda é a função mercadológica, onde está inserida a comunicação do produto com os clientes e onde está relacionada com as atividades de vendas. Por último, a função econômica, pois o custo da embalagem deve ser objeto de muita atenção, mas, na maioria das vezes, a embalagem custa mais do que o próprio manufaturado.

O custo de uma embalagem pode aumentar ou reduzir o percentual de perdas de produtos na movimentação ou armazenamento. Se você estabelecer uma embalagem mais dispendiosa e tecnicamente resistente a todo o processo, provavelmente terá uma redução quase à zero dos custos de perdas por danos na movimentação e armazenamento dos produtos, mas será o me-lhor investimento? Observa-se então que a embalagem está diretamente relacionada a outros custos logísticos, fazer ou não fazer uma super embalagem? Utilizar ou não uma máquina para embalar os produtos? São questões apresentadas aos gestores para decidirem.

O importante sempre é que você tenha a consciência que a embalagem ajuda a vender o pro-duto ao melhor preço e com qualidade. Portanto, uma embalagem adequada pode trazer vanta-gens competitivas para a empresa.

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Proteção produto embalagem

Relacionamento com o produto e manufatura

interface produto/embalagem

Sub/Super-embalagem

Adequação àmanufatura e distribuição

Legislação tributária e aspectos legais

Código do consumidor

ModulaçãoIndustrial

Automaçãocomercial

Desenvolvimentoda embalagem

Embalagem de apresentação noponto-de-venda

Embalagem decomercializaçãosujeita à políticacomercial

Comunicação do conceitomercadológico

Relacionamento com o mercado

Figura 2 - O papel da embalagem na Logística Industrial.

Fonte: CASTIGLIONE, 2008.

2.4 Custos de manutenção de inventáriosOs custos de manutenção de inventários envolvem desde a compra do produto até a saída do estoque. Para as compras chamamos as operações de ressuprimento, e para a venda, os pedidos que os clientes fizeram junto à empresa. A maior parcela dos custos na manutenção de inventários são gerados pelo processamento e os recursos humanos, na média 62%. (CASTIGLIONE, 2008)

Castiglioni (2008, p.87) apresenta que “esses custos podem se dar tanto dentro da empresa como fora da empresa. Os custos internos envolvem desde a definição do que é necessário com-prar, até o pedido ao fornecedor, e os externos refere-se a análise das propostas, a concorrência de preço até a entrega e pagamento da nota fiscal”.

Os custos de inventario envolvem, além dos custos de aquisição, os custos com o armazenamen-to e com os estoques. Nos custos com armazenagem, os fatores levados em consideração são à disponibilidade, variabilidade, rapidez na entrega. Observe que em se tratando das operações internas não se deve permitir a existência de erros.

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Custos Logisticos

É importante lembrar que no armazenamento, espaços ociosos, excessos ou falta de produto não interferem nos custos fixos. Na armazenagem vale como regra a ocupação dos espaços físicos, os equipamentos empregados e a mão de obra disponível.

Quanto mais armazéns a empresa tiver, maiores serão os seus custos nesta atividade. De acordo com Castiglioni (2008, p.87),

[...] devemos levar em conta o porte da empresa em questão, pois se opera com um único armazém próprio, seus custos fixos são sempre os mesmos. Mas no caso de operar com mais de um armazém, deve-se considerar a implantação de estrutura para cada local, e isso encarece substancialmente.

Outra parte dos custos de inventário estão ligados ao processo de estocagem, quanto maior o estoque mantido pela empresa, maiores os seus custos. O processo de decisão de entrar com um item no estoque vai requerer do gestor uma competência para avaliar criteriosamente todos os requisitos de utilização do item. Somente assim, o gestor poderá decidir corretamente pela inclusão do item no estoque.

Para Castiglioni (2008, p.88),

[...] são 4 os elementos dos custos com estoque em uma empresa. ...O que vou comprar? Quanto posso comprar de um determinado produto, e até será que compensa comprar de uma única vez ou com entregas parceladas? Estas perguntas passam a ser respondidas pelo conhecimento desses custos.

Vejamos cada um desses elementos (Custos de oportunidade do capital parado, Custos com impostos e seguros, Custos com risco de manter estoques, Custos com faltas.)

• Custos de oportunidade do capital parado

Toda vez que uma empresa adquire estoque, é evidente que desembolsa recursos e, muitas vezes, eles deixam de atender a outras demandas financeiras, como salários, impostos, investi-mentos. Desta forma, devemos entender que o dimensionamento do valor investido em estoque deve ser o mais racional possível porque esse valor, a título de custo, deve estar associado a uma determinada taxa de juros do mercado, mas não acarreta desembolso direto. Assim sendo, podemos, com segurança, chegar à seguinte conclusão: quanto maior o estoque, o custo do produto e a taxa de juros praticada pelo mercado, maior será o custo de oportunidade. Portan-to, imagine se uma empresa investir R$ 1.000.000,00 em estoque. Aplicando uma taxa média de 3% (Fonte: http://www.bcb.gov.br/pt-br/sfn/infopban/txcred/txjuros/Paginas/RelTxJuros.aspx?tipoPessoa=2&modalidade=210&encargo=101), os juros de aplicação deste dinheiro seriam de R$ 30.000,00. Se a empresa mantiver um excesso de 30% nos seus estoques, teria que ter em estoque R$ 700.000,00 e 300.000,00 em cash para aplicar, rendendo aproximadamente R$ 9.000,00 por mês.

• Custo com impostos e seguros

Ao analisarmos o custo sob o prisma do acondicionamento de produtos, devemos considerar dois tipos de impostos e seguros, sendo um deles referente ao armazém propriamente dito, que comtempla impostos como o IPTU e seguros correspondentes ao imóvel. O outro se refere à es-tocagem, como os impostos que incidem diretamente sobre os produtos e seguros contra roubos e incêndios do estoque, por exemplo. Para o cálculo desse custo utilizamos a forma de rateio, dividindo o valor mensal do seguro pelo estoque médio, no caso de um produto somente. Se for mais de um produto, é necessário saber o estoque médio de cada um, bem como o seu valor unitário e ratear o seguro por esse valor. Veja este exemplo de como ficaria o rateio para o IPTU. Uma área com medida de 1.840 (m²) tem um valor mensal de pagamento de R$ 1.205,00, isso equivale para cada metro quadrado o custo de R$ 0,6551. Este valor deverá ser somado a todos os produtos que ocuparem um metro quadrado do armazém.

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• Custos com o risco de manter estoques

Toda empresa deve contar com o risco da depreciação do estoque, de ficar obsoleto, de perder-se ou de ser furtado. Esse custo é difícil de mensurar, mas deve ser considerado, contempla a depre-ciação dos estoques e sua obsolescência, incluindo os furtos e danos que podem ocorrer. Não há nenhum segredo ou dificuldade em calcular a depreciação, que é o resultado da multiplicação do custo do produto pela respectiva vida útil.

• Custos com faltas

O departamento de logística não costuma perceber esses custos porque são considerados invisí-veis por especialistas no assunto, pois são difíceis de mensurar já que não existe o desembolso, porém podem significar bastante no cômputo dos custos globais logísticos. Algumas situações devem ser consideradas para a apuração desses custos, como:

1. no caso de o cliente cancelar o pedido, o custo pode ser calculado apurando o lucro que iria gerar para a empresa.

2. em vendas futuras perdidas, deve-se considerar o quanto cada cliente compra de cada produto.

3. no caso de atrasos, ocasião em que o próprio cliente aceita receber o produto depois do tempo combinado.

O processo de gerenciamento de um inventário de fazer parte de um sistema logístico integrado. Uma ação em determinado momento pode trazer consequências em outros momentos na organização.

Para o Imam (2000, p.57)

[...] é aparente que as decisões sobre gerenciamento do inventário não podem ser tomadas sem levar em consideração as implicações mais amplas dos custos do sistema logístico. Há sempre uma contra partida a ser avaliada ao considerar mudanças nos sistemas de gerenciamento de inventário.

A área da logística sofre pressões de todos os lados, de cima para baixo, de um lado para o outro. Por isso, a exigência de um profissional dedicado e competente atuando na área para ter o “jogo de cintura” é necessário para conduzir todo o sistema de logística de uma empresa. A logística para ocorrer e acontecer dentro de uma empresa deve ser considerada e elevada ao nível estratégico da organização, onde as discussões e decisões acontecem.

A área de produção é a que mais deseja aumentar os estoques, pois grandes quantidades signifi-ca que não haverá riscos de parada na produção pela falta de um produto no estoque. Por outro lado existem aquelas pressões pela redução dos níveis de estoque, dentre elas aquelas decisões de momento de crises, onde é recomendado “apertar o cinto”, ou ainda naquelas situações onde a empresa pretende ao final do mês o melhor resultado financeiro disponível, deixando pratica-mente o estoque zero, e ou a menor quantidade possível para a redução nos custos.

A figura 3 nos remete ao processo de inventário, onde as mercadorias são conferidas para ga-rantir que todo o sistema de controle está funcionando adequadamente. No gerenciamento dos inventários, a demanda é uma das variáveis que podem comprometer o resultado de uma orga-nização. Dependendo do tipo de empresa, um inventário pode acompanhar bem a demanda sem grandes anormalidades no fornecimento dos produtos.

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Custos Logisticos

Figura 3 - Gerenciamento do sistema de inventário.

Fonte: CPCON, 2015.

As demandas podem ser classificadas em demanda dependente ou independente, para o Imam (2000, p.63):

- Demanda dependente: é mais certa, entretanto, onde os produtos são vendidos devido a uma demanda em algum outro lugar. Por exemplo: os pneus utilizados pelos caminhões de uma empresa na apuração dos custos dos transportes são uma demanda dependente, pois estão intimamente ligados ao uso do veículo.

- Demanda independente: é quando um produto é exigido e não tem relação com outro produto. A compra do usuário final é usualmente demanda independente, como tal as vendas não têm apoio direto de outros produtos. A demanda não é diretamente conhecida.

Imam (2000, p.64) diz que

[...] para as demandas independentes, a empresa pode adotar duas estratégias - empurrar ou puxar. Quando a demanda é prevista, então existe alguma previsibilidade.

Os custos logísticos podem ser influenciados pelas decisões que são tomadas e as decisões corretas dependem do conhecimento do profissional sobre os tipos de estoques existentes. Os estoques podem ser divididos, de acordo com Imam (2000, p.64) em: “matérias primas que são mantidas para produção - material em processo - produtos acabados que são mantidos na cen-tral, regional e localmente e nos clientes”.

De acordo com o Imam (2000, p.65), os componentes básicos no inventário são medidos pela frequência que um determinado produto gira no estoque, chamado de reabastecimento ou esto-que de ciclo. O estoque que serve para reserva e ou segurança, no caso de alguma inconsistên-cia de entrega por parte dos fornecedores ou outros fatores, chamado de estoque de segurança ou pulmão e outros tais como:

• Estoque de previsão: estoque comprado antecipadamente das necessidades conhecidas, programadas e planejadas, orientada pela demanda.

• Estoque de movimentação: estoque que está em trânsito entre fornecedores e clientes e pode ser identificado separadamente.

• Estoque de especulação: estoque comprado para fins de investimento, por exempli matéria prima comprada à frente. É essencialmente orientado ao “fornecimento”.

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VOCÊ QUER VER?

Neste vídeo do Sebrae, é possível observar as decisões tomadas na hora do inventário dos produtos, como a redução de espaços, local de armazenamento, sequência dos produtos, tipo de produtos com uma análise de profissionais sobre os tipos de inventa-rio em cada tipo de empresa. Disponível em: http://tv.sebrae.com.br/media/XZuDZ/.

Devido à complexidade da operação de inventário tendo em vista a quantidade de variáveis envolvidas, tanto internamente como externamente, os custos do inventário são na maioria das vezes ocultos. Em algumas situações estão relacionados com toda a cadeia de abastecimento, ambiente externo a organização que ela não consegue ter um domínio e em outras pelo custo de oportunidade, tanto para uma compra especulativa ou pela manutenção de um item estratégico para a empresa.

Os custos com inventário envolvem ainda a atividade de controle de estoque, para a realização deste controle realiza-se o chamado “balanço” ou inventário. Independente do nome aplicado, o resultado é o mesmo, ou seja, em determinado momento a empresa necessita saber se o que ela comprou e colocou no estoque, menos as saídas e entradas no decorrer de um determinado tempo, estão de acordo com os registros realizados pela contabilidade e os valores devem ser ao final iguais.

Este controle deve ser contínuo e permanente. Existem diversos métodos para se realizar esta operação de conferencia dos estoques. Na revisão contínua, é necessário todo o rastreamento de SKU Stock Keeping Unit – numa tradução livre, a “unidade para manutenção em estoque”. A re-visão contínua é implementada por um ponto de reposição e pelo lote de compra. Já no controle periódico, a empresa pode adotar a revisão de seus estoques na semana, ou até todos os meses.

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Custos Logisticos

Observamos que os custos de manutenção de inventário são os custos incorridos para que os materiais e produtos estejam disponíveis para o sistema logístico. Ocorrem com as decisões de manter estoques de matérias primas, produtos em processo, produtos acabados ou peças de reposição e representam uma das principais parcelas do Custo Logístico Total.

Neste capítulo você aprendeu que:

• Mediante o levantamento dos custos de armazenagem é possível realizar a racionalização das atividades, eliminando etapas que não agregam valor as operações fins e consequentemente a redução dos custos. Todas as vezes que um custo é reduzido a empresa aumenta seus lucros.

• Os custos de armazenagem estão presentes em todas as empresas, ele só não existirá em uma única situação, que seria quando a empresa não tem espaços para pôr uma mercadoria.

• Fator que pode fazer toda a diferença nos custos de um armazém são os equipamentos utilizados. O planejamento da movimentação de materiais pode propiciar o crescimento em volume dos produtos movimentados, bem como no crescimento das linhas de produtos estocados.

• Outra variável importante que deve ser considerada na análise dos custos de armazenagem é a sazonalidade. Normalmente esses produtos possuem picos de consumo que vão exigir uma capacidade de armazenamento maior aumentando assim os custos e podendo reduzir a qualidade do serviço prestado.

• O mais importante para você como profissional de logística é conhecer as características e particularidades de cada modal.

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ReferênciasBibliográficas