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PAULO ROBERTO AMOROSO
ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE FIAÇÃO ELÉTRICA
VEICULAR EM ALUMINIO EM SUBSTITUIÇÃO AO COBRE
São Caetano do Sul 2014
PAULO ROBERTO AMOROSO
ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE FIAÇÃO ELÉTRICA
VEICULAR EM ALUMINIO EM SUBSTITUIÇÃO AO COBRE
Monografia apresentada ao curso de Pós-Graduação em Engenharia Automotiva, da Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Dr. Wânderson de Oliveira Assis
São Caetano do Sul
2014
Amoroso, Paulo Roberto Estudo da viabilidade de utilização de fiação elétrica veicular em alumínio em substituição ao cobre. / Paulo Roberto Amoroso. São Caetano do Sul, SP: CEUN-CECEA, 2014; 28p..
Monografia — Pós-Graduação em Engenharia Automotiva- Centro Universitário do
Instituto Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul-SP, 2014.
Orientador: Prof. Dr. Wânderson de Oliveira Assis
1. Alumínio 2. Aplicação 3. Chicote elétrico
Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos aos colegas de trabalho que fizeram com que este estudo
de caso fosse possível, através de trocas de informações e experiências, parceiros que
trabalham no segmento automotivo, puderam colaborar com ideias e melhorias para
este trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho principalmente as pessoas mais próximas , minha família e minha
namorada, que sempre me apoiaram e orientaram com o fim de alcançar a conclusão
desta monografia.
EPÍGRAFE
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”
Charles Chaplin
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo, levantar todos os impactos da utilização do alumínio em
um processo de fabricação de chicotes elétricos automotivos, em substituição ao cobre. Os
chicotes elétricos automotivos são utilizados nos acionamentos, transferência de dados e
conexão de diversos dispositivos em automóveis. Coletando as informações deste estudo é
possível viabilizar a utilização do alumínio na fiação elétrica veicular, resultando em
reduções de custo e peso.
Palavras-chave: Eletrônica Automotiva, Materiais Elétricos, Indústria Automotiva.
ABSTRACT
This work aims to research about all the impacts of the use of aluminum in a
manufacturing process of automotive wiring harnesses, replacing copper. The automotive
wiring harnesses are used in drives, data transfer and connection of several devices in cars.
Collecting the information from this study it is possible to enable the use of aluminum in
vehicle wiring, resulting in cost and weight reductions.
Key words: Automotive Electronics, Electrical Materials, Automotive Industry.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Propriedades do Cobre ......................................................................................16
Tabela 2- Propriedades do Alumínio.................................................................................17
Tabela 3- Cabos de potência veículo comercial................................................................19
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Chicote Elétrico Automotivo .................................................................................. 13 Figura 2- Porcentagem de peso dos componentes do chicote elétrico .................................... 14 Figura 3 – Disposição elétrica veículo comercial .................................................................... 15
Figura 4- Cabos de bateria ....................................................................................................... 15
Figura 5. Vista microscópica de um cisalhamento em terminal com filamento de cobre ....... 21
Figura 6. Terminal cravado com solda por ultrassom cabo de alumínio ................................. 22
Figura 7. Vista microscópica de um cisalhamento em terminal com filamento de
alumínio.....................................................................................................................................22
Figura 8. Métodos de aplicação de resina e encapsulamento no
terminal......................................................................................................................................23
Figura 9. Tendência de preços do cobre versus
alumínio.....................................................................................................................................24
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................................... 4
DEDICATÓRIA ................................................................................................................................................... 5
EPÍGRAFE ........................................................................................................................................................... 6
RESUMO ............................................................................................................................................................. 7
ABSTRACT ......................................................................................................................................................... 8
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................................... 9
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................ 10
SUMÁRIO ......................................................................................................................................................... 11
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 12
1.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ALUMÍNIO NO MERCADO AUTOMOTIVO .............................. 12
2. APLICAÇÃO DO ALUMÍNIO NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA ........................................................ 13
2.1. DISPOSIÇÃO ELÉTRICA VEICULAR ............................................................................................ 14
3. PROPRIEDADES ...................................................................................................................................... 16
3.1 COMPARAÇÃO DAS PROPRIEDADES: ALUMÍNIO VERSUS COBRE ...................................... 16
3.1.1. COBRE ............................................................................................................................................. 16
3.1.2 ALUMÍNIO ....................................................................................................................................... 17
3.2. COMPENSAÇÃO DA SECÇÃO TRANSVERSAL DO CONDUTOR DE ALUMÍNIO. ................ 18
3.3. COMPARAÇÃO DE PESO: ALUMÍNIO VERSUS COBRE. .......................................................... 19
4. TECNOLOGIA EM CRAVAÇÃO ........................................................................................................... 20
4.1 REQUISITOS NECESSÁRIOS ........................................................................................................... 20
4.2 PROCEDIMENTOS DE CRAVAÇÃO EM CABOS DE ALUMÍNIO............................................... 21
4.3 CONTRAMEDIDAS PARA A CORROSÃO GALVÂNICA E OXIDAÇÃO NO TERMINAL
APLICADO AO ALUMÍNIO .................................................................................................................... 23
5 ASPECTOS ECONÔMICOS DA SUBSTITUIÇÃO DE CABOS DE COBRE POR ALUMÍNIO. .......... 24
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................... 28
12
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ALUMÍNIO NO MERCADO AUTOMOTIVO
A medida em que passam os anos o setor automotivo se torna mais competitivo. Sendo
assim, fatores relacionados a redução de custo, atrelados a confiabilidade e qualidade do
produto, se tornou um mecanismo diferencial para montadoras de veículos e
consequentemente auto peças se destacarem no mercado automotivo.
Na indústria automotiva a demanda sobre a procura da redução de peso nas partes
veiculares se tornou muito importante devido ao crescimento da consciência ambiental.
Ao mesmo tempo, as preocupações constantes sobre o esgotamento de recursos e o
aumento repentino do preço do cobre crescem e se tornam grandes motivos para
procurar outros recursos. Portanto, esta procura por outras alternativas se tornou um
grande desafio para as manufaturas que fabricam chicotes elétricos automotivos. O foco
da alternativa de substituição se volta ao alumínio porque possui características
favoráveis como leveza do material, abundância de recursos e baixo preço de mercado.
Nos dias atuais, condutores de alumínio têm sido utilizados em linhas de transmissão de
energia, cabos de distribuição aérea e em algumas poucas aplicações em instalações de
potência mais elevada.
Pelo fato de possuir essa grande vantagem em relação ao cobre no quesito peso, grandes
indústrias que procuram melhor desempenho de combustível e melhor aerodinâmica
passaram a considerar o alumínio como grande alternativa para cumprir estas metas.
Por fim, é pensando em todas essas considerações que este estudo da utilização do
alumínio na fiação elétrica veicular em substituição ao cobre se torna um ponto
relevante nos âmbitos de redução de custo e sustentabilidade.
13
2. APLICAÇÃO DO ALUMÍNIO NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
O chicote elétrico (Figura 1) é um produto manufaturado que contém uma série de
componentes como terminais, conectores e braçadeiras. O chicote elétrico consiste
basicamente no cabeamento utilizado para conexão dos diversos dispositivos presentes
nos automóveis e permite a comunicação em rede.
Nos chicotes elétricos, o percentual de peso relacionado aos cabos de cobre
correspondem a cerca de 60 a 70% da quantidade total de itens em um chicote. Assim,
se houver a aplicação do alumínio em substituição ao cobre no chicote elétrico
automotivo haverá grande redução de peso pelo alto índice percentual de cobre no
conjunto, conforme mostrado na Figura 2.
Figura 1- Chicote Elétrico Automotivo. Fonte: SCOOTERSPARTS.NET, 2014.
14
Figura 2- Porcentagem de peso dos componentes do chicote elétrico Fonte: FURUKAWA, 2012
2.1. DISPOSIÇÃO ELÉTRICA VEICULAR
Nesse trabalho será avaliada a aplicação do alumínio sobre uma disposição elétrica de
um veículo comercial, evidenciando suas vantagens e desvantagens.
A aplicação do chicote elétrico em caminhões se difere da aplicação em automóveis.
Um exemplo de disposição de chicotes elétricos em veículos comerciais (caminhões) é
apresentado na Figura 3. Os veículos comerciais são submetidos a aplicações muito
mais severas e, além disso, contém aplicações de funções ou opcionais que exigem
circuitos mais robustos com mais potência.
Outro fator preponderante em veículos comerciais é a maneira com que é desenvolvido
a disposição e instalação do chicote elétrico. Devido à grande quantidade de funções o
chicote é submetido a uma disposição critica onde seu layout e acaba se tornando
agressivo para circuitos de menores potências.
Pensando nessas condições de aplicação, este estudo terá como objetivo o
desenvolvimento de circuitos em alumínio somente em aplicações de potência. Os
circuitos de potência em um veículo comercial são submetidos a regiões em que temos
possibilidade de espaço para expansão de bitola, pois com essa nova proposta espera-se
que seja necessário recalcular a bitola dos cabos de alumínio pelo fato de apresentarem
menor condutividade elétrica.
15
Figura 3 – Disposição elétrica em veículo comercial.
Os circuitos de potência são constituídos com cabos que apresentam bitolas de
10mm²,16mm², 25mm² e 50mm². Cabos maiores com bitolas da ordem de 50mm²,
como ilustrado na Figura 4, são exclusivos a cabos de bateria.
Figura 4- Cabos de bateria Fonte: MANEY, 2014
16
3. PROPRIEDADES
3.1 COMPARAÇÃO DAS PROPRIEDADES: ALUMÍNIO VERSUS COBRE
Neste capitulo serão investigadas as propriedades do alumínio e do cobre de forma a
avaliar a viabilidade e relevância da utilização do alumínio em substituição ao cobre na
fiação elétrica veicular.
3.1.1. COBRE
O cobre tem uma grande relevância na atualidade, principalmente devido ao seu
comportamento em relação a condutividade elétrica e térmica. Sua utilização em grande
escala nos dias atuais se devem às suas propriedades que lhe garantem ótima posição de
destaque nos metais condutores.
A Tabela 1 descreve algumas propriedades deste metal.
Propriedades do Cobre Densidade 8,95 g/cm³
Ponto de fusão 1.083 °C Ponto de ebulição 2.595 °C
Resistividade elétrica 1,72 10-8 (m) a 20°C
Tabela 1- Propriedades do Cobre
Quando o cobre fica exposto ao ar, o mesmo reage superficialmente formando uma fina
camada de óxido que o protegerá contra futuras oxidações. Ele possui baixa oxidação na
maioria das aplicações, sendo caracterizada por uma oxidação lenta em ambientes de
concentração de umidade. Somente quando o metal sobre um gradiente alto de
temperatura a oxidação se torna rápida.
17
3.1.2 ALUMÍNIO
O alumínio possui uma coloração branco prateada e apresenta como características
predominantes ser muito maleável e dúctil. Este metal é o mais abundante em nossa
crosta terrestre. Em relação a aplicação, encontra-se em segundo lugar, tanto na
indústria quanto na área elétrica. Comparado ao cobre é o preferido na produção de
cabos elétricos destinados à condução de média tensão e alta tensão, tornando-se
economicamente viável a construção de linhas de transmissão e redes de distribuição
aéreas. A Tabela 2 apresenta as propriedades do alumínio as quais são consideradas
importantes para a análise realizada posteriormente.
Proriedades do Alumínio Densidade 2,7 g/cm³
Ponto de fusão 660,2 °C Ponto de ebulição 2.467 °C
Resistividade elétrica 2,82 10-8 (m) a 20°C
Tabela 2- Propriedades do Alumínio
O alumínio quando exposto ao ar seco permanece inalterável. Porém quando exposto a
umidade recobre-se de uma película de óxido de alumínio. Esta camada apresenta uma
alta resistência podendo chegar a uma tensão de ruptura de 100 a 300V.
(SEVERINO,2012)
É por este motivo que o alumínio não pode ser submetido a uma exposição contendo
características de umidade. No capítulo Tecnologia de Cravação o qual será
apresentado posteriormente analisa-se a questão da cravação das conexões em terminais
de alumínio demonstrando o desafio de procurar uma melhor solução de isolamento dos
filamentos.
18
3.2. COMPENSAÇÃO DA SECÇÃO TRANSVERSAL DO CONDUTOR DE
ALUMÍNIO.
Utilizando a 2ª Lei de Ohm e considerando que a temperatura seja de 20 °C, temos:
Cu
Cu
CuCuS
lR ρ= (1)
Al
Al
alalS
lR ρ= (2)
onde RCu e RAl são indicam a resistência ôhmica de cobre e alumínio (Ω),ρCu e ρAl são
respectivamente a resistividade do cobre e do alumínio (Ωm), lCu e lAl indicam os
comprimentos dos condutores (m) e SCu e SAl correspondem à área da seção transversal
dos condutores de cobre e alumínio (m2).
Considerando como meta fazer com que a resistência ôhmica no condutor de alumínio
seja equivalente à resistência ôhmica no condutor de cobre e igualando as equações (1)
e (2) resulta em:
Al
Al
al
Cu
Cu
CuS
l
S
lρρ = (3)
Assumindo que os condutores devem ter o mesmo comprimento para garantir a mesma
disposição no chicote elétrico dos veículos, temos:
CuAlAlCu SS ρρ = (4)
Agora, substituindo os valores de resistividades:
64,172,1
82,2===
Cu
Al
Cu
Al
S
S
ρ
ρ (5)
Considerando a relação dos diâmetros no condutor de alumínio e cobre:
28,164,1 ===Cu
Al
Cu
Al
ρ
ρ
φ
φ (6)
Conclui-se que, para manter a mesma resistência nos condutores e como conseqüência
transportar a mesma quantidade de corrente o diâmetro do condutor de alumínio deve
ser 28% maior que o cobre. (SEVERINO,2012)
19
3.3. COMPARAÇÃO DE PESO: ALUMÍNIO VERSUS COBRE.
Como visto anteriormente a diminuição do peso é de extrema importância para a
indústria automotiva. Sendo assim, neste capitulo esse aspecto será abordado para
analisar as vantagens da utilização do alumínio em substituição ao cobre neste quesito.
Primeiramente vamos abordar exemplos práticos de aplicação com cabos de potência,
para determinar o ganho em peso que a utilização do alumínio pode oferecer no veículo
como um todo.
A Tabela 3 apresenta os comprimentos e pesos presentes em cabos de potência usando
condutor de cobre em uma disposição elétrica veicular automotiva, mais precisamente
em um veículo comercial:
Cabos de Potência Veículo Comercial (Cobre) Descrição Comprimento total Peso
Cabo bateria negativo 50mm² 2900mm 12,9775 Kg Cabo bateria positivo 50mm² 2700mm 12,0825 Kg
Cabo negativo 16mm² 4010mm 5,74232 Kg Cabo positivo 10mm² 1540mm 1,3783 Kg Cabo negativo 25mm² 1310mm 2,931125 Kg
Tabela 3- Cabos de potência em veículo comercial
A somatória dos pesos relativos somente para cabos de potencia é de 32,12Kg.
Adotando as propriedades do alumínio que foram relatadas no capítulo 3.1.2 pretende-
se investigar nesta seção a redução de peso para as aplicações de cabo de potência
referentes à Tabela 3.
Para compararmos o ganho de peso, necessita-se buscar uma relação entre as massas de
cobre e alumínio. As massas dos condutores de cobre (mCu) e alumínio (mAl) são dadas
por:
20
CuCuCuCuCuCu SldVdm == (7)
AlAlAlAlAlAl SldVdm == (8)
onde dCu e dAl são as densidades do cobre e alumínio (g/m3).
Considerando que os comprimentos dos condutores são iguais (lCu = lAl) temos que:
64,1xd
d
m
m
Al
Cu
Al
Cu = (9)
Substituindo os valores das densidades do cobre e alumínio temos:
02,264,17,2
95,8==
xm
m
Al
Cu (10)
A equação (10) demonstra a relação entre as massas de cobre e alumínio onde nota-se
que a massa de cobre é aproximadamente o dobro da massa de alumínio. Isso significa
que, utilizando essa equação na aplicação em estudo neste trabalho, observa-se que, se
utilizássemos o alumínio nos cabos de potência e considerando que a secção seria 28%
maior que o cobre, ainda assim isso resultaria numa redução do peso bruto pela metade,
chegando a valores da ordem de 15,90 Kg. (SEVERINO,2012)
4. TECNOLOGIA EM CRAVAÇÃO
4.1 REQUISITOS NECESSÁRIOS
Primeiramente para que a aplicação do alumínio na fiação elétrica seja satisfatória o
fabricante ou fornecedor deve elaborar o cabo dentro das normas que regulamentam o
segmento de cabos automotivos, ou seja a norma ISO6722-2006. Após o cabo
normalizado uma série de testes são necessários quando o assunto é cravação do cabo a
um terminal específico.
Nestes testes é considerada a qualidade na conexão a qual permite que os terminais
sejam presos ao filamentos bem como a firmeza com que o isolante será submetido.
(ISO COPYRIGHT OFFICE, 2006)
21
Neste capítulo esse aspecto é abordado, sendo também apresentados testes laboratoriais
para avaliar o comportamento do cabo de alumínio e sua interação com a cravação de
terminais.
4.2 PROCEDIMENTOS DE CRAVAÇÃO EM CABOS DE ALUMÍNIO.
Os procedimentos mais comuns e com maiores aplicações no setor automotivo é a
cravação de terminais em cabos de cobre.
Abaixo, segue uma imagem microscópica, obtida em laboratório, na qual é observado o
cisalhamento de terminal após a cravação no cabo. Neste exemplo é possível verificar a
pressão do terminal aos filamentos de cobre do condutor.
Figura 5. Vista microscópica de um cisalhamento em terminal com filamento de cobre Fonte: YAZAKI
DO BRASIL, 2014
Porém, quando o assunto é aplicação em cabos de alumínio, os procedimentos são
diferentes. Conforme visto anteriormente, o cabo de alumínio exige alguns cuidados em
relação a exposição à umidade. Pensando nisso, para que se evite a oxidação é
necessário.
22
proteger os filamentos da exposição ao meio ambiente. A Figura 5 mostra um exemplo
de cravação em que a alternativa foi aplicar estanho aos filamentos do cabo antes da
cravação ao terminal.
Figura 6. Terminal cravado com solda por ultrassom cabo de alumínio Fonte: FURUKAWA,2012
Este processo consiste em, após desencapar os cabos, mergulhar por imersão os
filamentos em solda usando um cadinho. Utiliza-se um sonotrodo, um dispositivo
responsável pela emissão de ondas por meio de ultrassom, o qual é interno ao cadinho,
e que vibra os filamentos para garantir o preenchimento de estanho. Após este processo
é cravado o terminal. Este processo diferenciado é necessário aos cabos de alumínio
pois sua resistência mecânica é menor em relação a do cobre, necessitando maior liga
com estanho para que não comprometa os filamentos no ato da cravação. Abaixo segue
uma imagem microscópica de um terminal cravado com cabo de alumínio e sua
aplicação de estanho.
Figura 7. Vista microscópica de um cisalhamento em terminal com filamento de aluminio Fonte: TE
CONNECTIVITY, 2014
23
4.3 CONTRAMEDIDAS PARA A CORROSÃO GALVÂNICA E OXIDAÇÃO NO
TERMINAL APLICADO AO ALUMÍNIO
Considerando que os critérios de cravação agora foram atendidos conforme capítulo
anterior, existem ainda dois pontos a serem considerados, quando o objetivo é utilizar
cabos de alumínio em substituição ao cobre nos chicotes elétricos. Os aspectos são:
efeito de oxidação e corrosão galvânica.
Os materiais mais comuns que são utilizados em terminais com aplicação no setor
automotivo são basicamente latão ou ligas de cobre. Isto faz com que levante uma
grande suspeita de ocorrer corrosão galvânica, na área da secção de filamentos do cabo
de alumínio que terá contato com o material dos terminais e estarão expostos ao meio
ambiente.
Sendo assim é necessário um pré-tratamento nos terminais em que serão aplicados nos
cabos de alumínio e que ficarão expostos ao meio ambiente. Hoje a empresa Furukawa
Automotive systems INC. desenvolveu uma resina que protege o contato da área de
condutor alumínio com o terminal de cobre em relação ao meio ambiente, utilizando
uma resina. Foram desenvolvidos dois tipos de tratamento anti-corrosão que estão
dentro das normas regulamentadores do setor elétrico automotivo, conforme Figura 8.
Figura 8. Métodos de aplicação de resina e encapsulamento no terminal Fonte: FURUKAWA, 2012
24
5 ASPECTOS ECONÔMICOS DA SUBSTITUIÇÃO DE CABOS DE COBRE
POR ALUMÍNIO.
O alumínio comparado ao cobre , tem maior disponibilidade de recursos naturais sendo
encontrado com maior abundancia em relação ao cobre. Adicionalmente, ao contrário
do que acontece com o cobre, o alumínio sofre menos especulação no mercado,
principalmente quando o fim é para produtos manufaturados. Isso significa que o preço
do alumínio permanece relativamente estável a um nível consideravelmente mais baixo
em relação ao cobre. Nos últimos anos por exemplo, houve um aumento considerável
nos preços do cobre chegando aproximadamente a 85%. A Figura 9 mostra a tendência
dos preços do cobre e alumínio, monitorados em 3 anos. Os gráficos mostram
claramente que a variação de preço do alumínio é bem menor que a do cobre (PRYOR,
2014).
Figura 9. Tendência de preços do cobre versus alumínio Fonte: INFOMINE, 2014
25
Conforme tendências e valores no mercado (INFOMINE, 2014) a comparação de preços
das commodities do alumínio e cobre vislumbram uma redução de aproximadamente 25
a 30 %, se fosse utilizado o alumínio como condutor predominante no chicote
(SCHMIDT et al., 2013).
26
6. CONCLUSÃO
A utilização da liga de alumínio é a oportunidade de solução para questões que
envolvem os anseios do novo mercado automotivo, como a redução do consumo de
combustível e conseqüente diminuição de emissões de gás carbônico (CO2). Os
benefícios são imensos com a utilização do alumínio em sistemas elétricos automotivos.
Espera-se que, em um futuro próximo, esta tecnologia esteja presente nos veículos e as
montadoras adotem essa tecnologia. Este trabalho comprova que a utilização do
alumínio em substituição ao cobre, consegue aproximadamente reduzir quase que pela
metade o peso do chicote elétrico, mesmo considerando a compensação de bitola 28%
maior que a do cobre.
Em relação ao processo fabril e aplicação no veículo, ficou comprovado que a utilização
dos cabos de alumínio ainda se restringe a cabos de maiores potência, por possuírem
distribuição elétrica menos agressiva em relação a espaço e curvas acentuadas nos
ramais de aplicação. Outro ponto relevante é que o processo de cravação dos terminais,
no caso do alumínio, necessita de um processo mais robusto e controlado no que se
refere a corrosão galvânica e oxidação. Essa é uma das desvantagens do uso do
alumínio, pois o processo é relativamente mais simples no caso de cravação de
terminais de cobre.
Sob o aspecto econômico, os recursos de alumínio sofrem menos especulação financeira
no mercado de metais e podem ser utilizados como contramedida ao aumento constante
das commodities do cobre, os quais, além de bastante variáveis, mantém patamares
superiores em relação ao custo do alumínio.
Porém, considerando todos os prós e contras levantados neste estudo, a aplicação do
alumínio em substituição ao cobre ainda é viável, mas para seu crescimento na
utilização do segmento automotivo com maior quantidade, o projeto elétrico em
alumínio prevê e necessita de um novo conceito de arquitetura elétrica , o qual deve
27
considerar desde a fase de protótipo, fatores como resistência à fadiga, flexibilidade
bem como a questão da exposição à umidade.
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ISO COPYRIGHT OFFICE. ISO 6722: Road vehicles — 60 V and 600 V single-core
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MANEY. Maney - Wire and Cable Inc. Battery Cable. Disponível em: <:
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PRYOR, Larry. A COMPARISON OF ALUMINUM VS. COPPER AS USED IN
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SCHMIDT, Helge et al. Durable, fully automatic termination of Al stranded conductors
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SCOOTERSPARTS.NET. Wire harness. Disponível em: <: http://scootersparts.net/>.
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SEVERINO, Geraldo Cavalin et al. Instalações Elétricas Prediais: Conforme Norma
NBR 5410:2004. 21. ed. São Paulo: Érica, 2012. 422 p.
YAZAKI DO BRASIL. Estudo de Crimpagem. Tatui: Yazaki do Brasil, 2014. 1 p.