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CICLO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS www.pedagogiaespirita.org 3 A PEDAGOGIA DE JESUS A PEDAGOGIA DE JESUS

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CICLO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOSwww.pedagogiaespirita.org

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A PEDAGOGIADE JESUS

A PEDAGOGIADE JESUS

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CICLO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOSwww.pedagogiaespirita.org

1. ESTUDOS PEDAGÓGICOSE-Books (livros em PDF) - WebConferência

` Introdução: Eurípedes Barsanulfo e a Pedagogia EspíritaFilosofia e História da Educaçao: Sócrates, Platão, Aristóteles,

Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Decroly e outros.Psicologia de Educaçao - Piaget, Vygotsky, Luria, Wallon e outrosEducação do Espírito - Modelo Pedagógico Espírita

2. ARTE E EDUCAÇÃOE-Books - Online com especialistas na áreaA importância da arte na educação do Espírito

` Música, dança, teatro, artes plásticas, literatura3. PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EVANGELIZAÇÃO

E-Books e outras atividades online - Webconferências` Didática - Conteúdo e metodologia

A educação do Espírito: criança, jovem adulto e desencarnado.A família na educaçao

Coordenadores:Walter Oliveira Alves - pedagogo, professor de psicologia da

educação, filosofia da educação e didática.Juliana Hypólito Silva - professora de música.Daniela Pereira Soares - Professora, bailaria e coreógrafa.Enis Rissi. - Pedagoga, professora do ensino fundamental.Gustavo Lussari - Diretor Departamento de Artes - IDELuiz André Silva - Coordenador Oficina Literatura - IDE.Equipe de educadores/evangelizadores de vários núcleos Espíritasdo Brasil e dos Estados Unidos.

Promoção:Revista Pedagógica Espírita - www.pedagogiaespirita.orgInstituto de Difusão Espírita - www.ide.org.br

Itens:

A Pedagogia de Jesus

A Educação e o Evangelho

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A PEDAGOGIA DE JESUS

Vamos analisar as principais idéias de Jesus, começando peloSermão da Montanha:

“Vendo Jesus a multidão, subiu ao monte e como se assentasse,aproximaram-se os seus discípulos, e Ele passou a ensiná-los, dizendo”(Mateus 5:1-12)

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reinodos céus...” (Mateus 5,3)

As primeiras palavras são sobre o Reino que é (no presente doindicativo) dos pobres de espírito, ou seja, dos humildes. A humildadeseria assim uma condição para se entrar no Reino.

“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados...”“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justi-

ça, porque deles é o Reino dos céus...”“Vós sois a luz do mundo...”

Considerando que Pedagogia é a teoria da educação ouarte e ciência da educação ou ainda um conjunto de princípiosque visa a um programa de ação educativa, podemos então,falar em uma pedagogia de Jesus.

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“Resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam asvossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

Estranhas palavras para aquele grupo de pessoas simples e humil-des.

As pessoas simples, mas sinceras, que o ouvem sentem-se valori-zadas. Tomam consciência de seu valor. Não são seres insignificantes, aralé do grande Império Romano. “Luz do mundo...”

Mas ele continua:

“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribase fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.”

“Portanto, vós orareis assim:“Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;“Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como

no céu... “Novamente nos fala do Reino e confirma a nossa posição de filhos

de Deus.

“Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis decomer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, peloque haveis de vestir...”

“Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estascoisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6,25 e 6,34)

Não há mais dúvidas. O objetivo da vida é essa busca do Reino.Mas afinal, o que é esse Reino? E como buscar se não sabemos ondeestá?

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso ocaminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.”

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino doscéus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.“

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica,assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre arocha;

“E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e com-bateu aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha...”(Mateus 5, 6 e 7)

Está claro que suas lições são para serem vivenciadas. Terminadoo seu discurso, desce do monte e uma grande multidão o segue. Umleproso se aproxima:

“Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.”Ei-lo que estende a mão, toca-o e diz:“Quero: sê limpo.”

Ficou claro também que a mensagem de Jesus não foi apenas aque-la constante de suas palavras, mas também aquela vivida em todos osseus atos.

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O Evangelho não é simples teoria, mas vida. Não se dirige tão so-mente ao intelecto, mas também e principalmente ao sentimento. Nãodeve apenas ser estudado, mas vivido.

“O Reino de Deus está dentro vós...”, (Lucas, 17,21)“Buscai e encontrareis...” (Mateus, 7,7 e 7,8)Buscar o Reino, não fora, mas dentro de nós mesmos, na intimidade

de nosso ser, eis o objetivo da vida, em seu aspecto mais elevado.

“O Reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o ho-mem, pegando dele, semeou no seu campo;

“O qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, crescen-do, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as avesdo céu, e se aninham nos seus ramos.” (Mateus, 13.31,32)

Um reino que é semelhante a uma sementinha que, se plantada erecebendo os cuidados necessários, germinará, se transformará em ár-vore gigantesca e dará muitos frutos.

O Reino está dentro de nós em forma de semente, ou seja, emgerme.

“É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeuem três medidas de farinha, até que tudo levedou.” (Lucas, 13:18:21)

A pequena semente se desenvolve e se transforma em árvore imen-sa; o fermento faz o pão crescer. O “reino” é algo que se desenvolve ecresce.

“O que eu faço vocês também o poderão fazer e ainda mais.”“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos

céus.” (Mateus, 5,48)

Filhos e herdeiros de Deus, trazemos em nós o Reino de Deus, aessência Divina, o germe da perfeição e caminhamos para a perfeiçãorelativa que nos aguarda.

O Evangelho é o “caminho” que conduz à perfeição. Não se resu-me a simples normas de conduta, mas poderoso estímulo aos ideais no-bres da alma, desenvolvendo as potencialidades interiores do Espírito,rumo à perfeição.

Como o adubo que faz a semente crescer, o Evangelho sentido evivido produz o desenvolvimento das qualidades superiores da alma. É aluz que jorra do alto e que estimula o desenvolvimento interior da alma,como a luz do sol estimula a semente a germinar.

“Buscai e encontrareis...“A cada um segundo as suas obras.”O “buscar” representa o esforço do Espírito por alcançar o estágio

almejado.Existe garantia em encontrar o que se busca, pois somos seres

suscetíveis de perfeição, mas é necessário o esforço, a ação, o trabalho

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de construção de nós mesmos.

“O Reino não vem com aparência exterior...”O reino é construído na intimidade de si mesmo e depende do

esforço constante no bem.O processo evolutivo depende de nossa ação no bem. Recebemos

a energia superior, o alimento espiritual, a inspiração superior e nobre,mas isso não nos desobriga do esforço próprio no campo do bem.

“Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam; porqueé a lei e os profetas” (Mateus, 7, 12)

“Amareis vosso próximo como a vós mesmos.”O processo evolutivo depende de nossa ação.Recebemos de volta o que damos à vida.Está aí a Lei de Ação e Reação ou Lei de Causa e Efeito, mas

também um caminho para o desenvolvimento do imenso potencial quetrazemos dentro de nós e que Jesus sintetizou com o nome de Reino.

Daí o valor do amor, da cooperação, do respeito mútuo que, segundoPiaget, são necessários para o processo de descentração, antídotos doegoísmo e do orgulho.

O amor é condição sine qua non para o desenvolvimento dessepotencial.

Somos parte integrante da criação, parte integrante do TodoUniversal. Sem perder a individualidade, mas, pelo contrário,desenvolvendo-a cada vez mais, nos integramos gradualmente no TodoUniversal.

“Conhecereis a Verdade e a verdade vos libertará”Em todas as épocas, a verdade Universal liberta o homem da

ignorância que se sujeita a dogmas, preconceitos e fanatismos.O conhecimento de si mesmo é a “chave do progresso moral” nos

ensina O Livro dos Espíritos.“Brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas

boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5,16)Aqui está a teoria de Pestalozzi quando afirma que o educador que

já despertou o germe Divino em si, cuja luz já brilhou, pode despertaressa essência Divina que o educando também possui em estado latente.

“Orai e vigiai” é recomendação de Jesus. Vigiar a nós mesmos,para conhecer a nós próprios e orar, para elevar nosso padrão vibratórioaos níveis superiores da energia mental.

O exercício das faculdades espirituais desperta e fortalece as qua-lidades divinas que já existem em todos nós, em estado germinal ou la-tente, gerando equilíbrio, harmonia e estabilidade mental.

Com toda a compreensão do que seja educação em seu amplosentido, precisamos meditar mais no conceito de educação laica eeducação religiosa.

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Sendo educação o processo pelo qual as potências do Espírito sedesenvolvem gradual e progressivamente, através do esforço interativocom o meio físico e espiritual, não pode haver educação neste amplosentido fora da proposta de Jesus, que deve fazer parte integrante daeducação do Espírito, pois representa as próprias leis Divinas.

“Ninguém vem ao Pai senão por mim”, ninguém chega ao estadoda perfeição moral, ao desenvolvimento integral das potencialidades daalma fora das lições de Jesus, estudadas, sentidas e vivenciadas.

A partir da Doutrina Espírita, Jesus pode e deve ser analisado noaspecto científico, confirmando-se o valor Universal de seus conceitos enão conceitos e dogmas desta ou daquela religião.

Deve ser nossa meta desdogmatizar, desmistificar e desmitificar oCristianismo para que Jesus possa reassumir, no coração de cada um, adireção evolutiva de todo o nosso Planeta.

Os preconceitos que ainda perduram em torno do Mestre precisamse acabar, recolocando Jesus como o condutor desta humanidade sofrida.

Compreensível que as principais doutrinas filosóficas como oRacionalismo e o Empirismo, que abriram espaço para a ciência atravésda imposição dogmática da Igreja trilhassem caminhos contrários à religiãodominante. O avanço científico dos últimos séculos se deve a esserompimento com a Igreja e ao apelo à razão, ao raciocínio, ao pensamentoque se libertou e cresceu.

No entanto, o momento evolutivo que passamos requer mudançasprofundas nas estruturas intelectuais, morais e sociais de nosso Planeta.Os valores devem ser revistos e o Evangelho de Jesus precisa retornar àsua função educadora por excelência, assumindo a direção Pedagógicade nosso Planeta, longe dos grilhões dogmáticos e escravizantes de umareligião dominadora, mas com a plena certeza da fé alicerçada na própriarazão, que não apenas crê, mas sabe, analisa, raciocina e compreendepela razão, o que é melhor, o que é certo, justo e bom.

A razão e o senso moral se desenvolverão conduzindo ahumanidade à verdadeira autonomia intelectual e moral, desenvolvendogradualmente seu potencial interior, o germe Divino que todos trazemosem nós como filhos de Deus, vibrando cada vez mais em sintonia com asLeis Divinas.

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Nesses 2000 anos, desde a vinda de Jesus, o homem tem visto o Evangelho nosentido dogmático e dentro do campo das crenças em religiões criadas pelos próprioshomens.

A ciência, afastando-se da religião pela sua imposição dogmática, também temignorado as propostas de Jesus.

A Doutrina Espírita, contudo, nos leva a entender religião como o aspecto quenos liga ou religa ao Criador e, portanto, às Leis Cósmicas que regem todo o Universo.Nesse sentido, o termo religião, nada tem a ver com as religiões organizadas peloshomens, baseadas em dogmas, concílios e decisões puramente humanas.

Ao nos apresentar uma Doutrina com os três aspectos: religioso, filosófico ecientífico, o Espiritismo propõe um sentido universal ao termo religião, totalmenteaberto à análise científica e de acordo com a razão e o bom senso.

Os três aspectos se completam com naturalidade, pois tudo está na Natureza,tudo está em Deus. A própria ciência revela o aspecto material da obra Divina e afilosofia tenta, através da razão humana, compreender o sentido da vida, criação Divina.

Se, de um lado, a ciência, até agora, tem revelado o conhecimento horizontal,ou seja, do mundo físico, com suas leis que a física, a química, a biologia nos revelam,a filosofia procura, através da razão e do bom senso, esclarecer a maioria das dúvidashumanas de forma racional e lógica.

O aspecto religioso, promovendo a ligação do homem com as esferas espirituais,propicia o desenvolvimento espiritual do ser, colocando o homem num patamarsuperior que o faz compreender, sentir e ligar-se às esferas superiores da vida Espiritual.

Embora o aspecto religioso seja tão antigo quanto a própria humanidade, hojeele pode sair do âmbito dogmático e exclusivista em seu sentido de seita, para setornar um fato a ser analisado também do ponto de vista científico e filosófico,encarando a razão de frente,conforme afirmativa de Kardec: “Fé verdadeira é aquelaque encara a razão face a face”.

“A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana, uma revelaas leis do mundo material e a outra as leis do mundo moral, mas umas e outras, tendoo mesmo princípio que é Deus, não podem se contradizer...” (O Evangelho Segundo oEspiritismo – Allan Kardec)

Note-se que Kardec escreveu Ciência e Religião com letra maiúscula, o quesignifica o aspecto científico e religioso da vida e não uma religião exclusivista.

Nesta nova era ou etapa evolutiva, o homem entra na Era do Espírito e é chamadoa buscar, comparar, pensar, analisar, compreender, mas acima de tudo, vivenciar asLeis Divinas que regem o Cosmo e nossas vidas.

Não somos mais apenas cidadãos de um país, nem mesmo de um planetaapenas, mas somos chamados a ser cidadãos do Universo, integrados plenamente navida Cósmica que se espalha por todo o Universo de Deus.

Este é o sentido do termo “religião” ou “religare”; a nossa ligação com o Criadore, conseqüentemente, nossa ligação com a vida Cósmica, que se estende muito alémda vida física. Não se trata apenas de saber ou de conhecer, mas de integrar-se, ligar-se, sentindo e interagindo.

A EDUCAÇÃO E O EVANGELHO

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Nesse sentido, tudo depende do aspecto vibratório de nossa mente, quesintonizará com o pensamento cósmico. E isso não depende apenas do conhecimento,da razão, da lógica, mas depende também do nosso poder vibratório, intimamenteligado ao aspecto afetivo e volitivo do ser, ou seja, da nossa vivência.

Somos chamados a viver as Leis Divinas e não apenas a conhecê-las. Essavivência é que propiciará nossa mudança vibratória e conseqüente sintonia com asesferas superiores da Vida, o que equivale a dizer, à nossa ligação com o pensamentocósmico, ou seja, nossa ligação com Deus.

Este é o objetivo da própria vida, evoluir e alcançar níveis superiores da vidaque continua muito além do aspecto físico que a ciência conhece.

Nesse sentido, o aspecto religioso se liga à moral que, sem dúvida, é a moral deJesus, contida em seus ensinamentos.

Jesus não fundou nenhuma religião ou seita. Seus ensinamentos representamverdades de natureza universal e são válidos em todas as épocas e úteis para todos ospovos e culturas, pois todos os povos devem progredir, evoluir aos níveis superioresda vida.

Muitas criaturas de boa vontade, mesmo imaturas intelectualmente, se ligarama Jesus pelo lado emocional e devocional. Não havia perfeita compreensão de suaspalavras, mas acreditavam e o seguiam. O próprio Mestre não esperava um completoentendimento. Chegou a afirmar: “Crede ao menos pelas obras que faço...”.

Bem conhecia, o Mestre, o coração imaturo dos homens de então, as vaidadeshumanas, o orgulho insano e separatista de raça. Mas teve de nascer no seio de umaraça, a que deveria estar mais preparada para compreendê-lo. Mas não veio para umpovo, para essa ou aquela religião institucional. Jesus veio para a humanidade terrestre,e seus ensinamentos têm um caráter Universal.

No entanto, o Senhor sabia dos desvios que os homens fariam em seu nome,das lutas religiosas e separatistas, devido à incompreensão de suas lições, emborasimples e objetivas.

Então Jesus promete outro consolador: O Espírito de Verdade, “que o mundonão conhece ainda, porque não está maduro para compreendê-lo, que o Pai enviarápara ensinar todas as coisas, e para fazer recordar aquilo que o Cristo disse. Se, pois, oEspírito de Verdade deve vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo nãodisse tudo; se ele vem fazer recordar aquilo que o Cristo disse, é porque isso foiesquecido ou mal compreendido.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI - AllanKardec)

A Doutrina Espírita, hoje, oferece os meios para essa compreensão maisprofunda, sem, contudo, abalar o aspecto emocional ou devocional. A razão não abalaa fé, pelo contrário, a fortalece.

“O Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espíritode Verdade preside a sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensinatodas as coisas em fazendo compreender o que o Cristo não disse senão por parábolas.”(Idem, idem)

“É, pois, obra do Cristo que o preside, como igualmente anunciou, a regeneraçãoque se opera, e prepara o reino de Deus sobre a Terra.” (Idem, idem)

As lições do Cristo não são impostas, mas apresentadas com um significadomoral perfeitamente compreensível. Seus ensinamentos, parábolas e histórias sãoindicadas a todos os homens.

Jesus representa o professor, o mestre por excelência, que ensina pela razão eo bom senso, ligando-se afetivamente aos seus alunos, por laços de um imenso amorque se manifesta em todas as suas ações. Sua didática conduz à autonomia intelectual

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e moral, propiciando perfeito entendimento de suas lições que, hoje, devem sercompreendidas pela razão, sentidas pelo coração e vivenciadas em todas as nossasações.

Por isso, não há a menor dúvida que o Evangelho de Jesus tem um objetivoeminentemente educacional, entendendo educação como o desenvolvimento daspotencialidades do Espírito, em todos os seus aspectos.

“Ninguém vem ao Pai senão por mim...” Ninguém alcança esse estágio superiorde ligação íntima com o Pensamento Cósmico que rege mundos e seres, fora de suaslições, compreendidas, sentidas e vividas.

E isso nada tem a ver com dogmatismos e misticismos, com essa ou aquelareligião organizada pelos homens, mas representa uma verdade de caráter Universalque merece ser analisada profundamente por todos os estudiosos do Planeta,independentemente de qualquer sentimento de seita ou religião.

“O Espiritismo é de ordem divina, uma vez que repousa sobre as próprias leisda Natureza, e crede que tudo o que é de ordem divina tem um objetivo grande e útil.Vosso mundo se perdia, a ciência, desenvolvida a expensas do que é de ordem moral,em tudo vos conduzindo ao bem-estar material, revertia em proveito do espírito dastrevas. Vós o sabeis, cristãos, o coração e o amor devem caminhar unidos à ciência...”

“A revolução que se prepara é antes moral que material, os grandes Espíritos,mensageiros divinos, insuflam a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardentes,façais ouvir vossa humilde voz... A nova cruzada começou; apóstolos da paz universale não de uma guerra, São Bernardos modernos, olhai e marchai em frente: a lei dosmundos é a lei do progresso. (Fénelon, Poitiers, 1861 – em O Evangelho Segundo oEspiritismo – cap. I – Allan Kardec).

Nosso objetivo, com esse estudo é demonstrar, primeiro, que a Doutrina Espíritaé obra de Jesus, que o preside e, segundo, que os ensinamentos de Jesus e,conseqüentemente, da Doutrina Espírita, como sendo os novos ensinamentos quevieram das esferas do Cristo, têm um valor universal. Correspondem a lições necessáriase indispensáveis à humanidade terrestre, nessa nova etapa evolutiva que o planetaadentra.

Divulgar essas idéias, de forma alguma é fazer “proselitismo” ou “catequese”,como alguns ainda afirmam, mas cooperar com o Diretor Espiritual do nosso Planeta,no processo evolutivo do orbe, o que é, sem nenhuma dúvida, um processo educativopor excelência, totalmente integrado na ciência e na arte da educação, ou seja, naPedagogia.

Deve uma escola espírita ensinar o Espiritismo? Sem dúvida, e em seus trêsaspectos de filosofia, ciência e religião, no sentido amplo dos termos.

Estaremos propiciando ao homem o conhecimento de si mesmo e aoportunidade de ligar-se ao Criador através dos canais sutis da sua própria mente,que deve atingir patamares nunca dantes sonhados pelo homem, a não ser pelosexemplos de Jesus, quando disse: “O que eu faço, vocês também o poderão fazer, eainda mais...”

O desenvolvimento da razão e da lógica, sem imposições de qualquer espécie,mas com verdadeira compreensão, mas principalmente, o desenvolvimento dosentimento superior elevado e nobre e o desenvolvimento da vontade, essa forçainterior que levou Jesus a afirmar “... se tiverdes fé como um grão de mostarda, diríeisa esta montanha: transporta-te daqui para ali, e ela se transportaria, e nada vos seriaimpossível” – esse desenvolvimento integral do Espírito propiciará a libertação dasamarras físicas e o ingresso em níveis superiores de vibração, sintonizando com oPensamento Cósmico, sem intermediários.

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Essa é a educação proposta pela Doutrina Espírita e que conduz aodesenvolvimento, gradual e progressivo, das potencialidades do Espírito em todos osseus níveis.

A Pedagogia Espírita corresponde à Pedagogia por excelência, à arte e à ciênciada Educação em seu verdadeiro significado de Educação integral do Ser, dodesenvolvimento gradual e progressivo das qualidades interiores do Espírito em todosos seus aspectos, intelectual, afetivo e volitivo.

Em seus objetivos específicos está o conhecimento de si mesmo como serespiritual, filho de Deus, dotado do germe da perfeição, a evoluir gradual eprogressivamente rumo ao Pai. Está pois, o desenvolvimento da razão e do raciocíniológico, bem como do sentimento elevado e nobre, que nos conduz à autonomiaintelectual e moral, bem como o desenvolvimento do aspecto espiritual da vida, odesenvolvimento do pensamento intuitivo, que nos liga ao pensamento cósmico semintermediários, despertando, assim, os poderes latentes da alma.

E como ficam as demais religiões organizadas e institucionalizadas?Ora, não vamos invadir a seara de ninguém, nem tirar o direito de ninguém de

pregar ou ensinar, mesmo porque, todas as religiões possuem ensinamentos elevadose atuam de acordo com o grau de maturidade de seus adeptos. Mas vamos exercer onosso direito (e dever) de ensinar os princípios em que acreditamos, àqueles queprocuram uma Instituição Espírita, inclusive uma Escola Espírita.

Quando Maria de Nazaré pediu a Eurípedes que mudasse o nome da escolapara Colégio Allan Kardec, a caracterizou como uma escola Espírita e, portanto, comuma proposta pedagógica baseada na Doutrina Espírita e, conseqüentemente, noEvangelho de Jesus. Daí o seu pedido: “Ensine o Evangelho de meu filho às quartas-feiras”.

O que Eurípedes fez foi abrir um vasto e maravilhoso caminho para a educaçãodo futuro, em seu amplo, profundo e verdadeiro aspecto.

A Pedagogia Espírita está embasada totalmente na Doutrina Espírita, em seustrês aspectos. Isso tanto na teoria e na metodologia que embasa a prática pedagógica,quanto no conteúdo a ser ensinado aos alunos, sem qualquer imposição dogmática,mas com perfeita compreensão pela razão e pela lógica.

Seu objetivo: o desenvolvimento gradual e progressivo das qualidades interioresdo Espírito imortal, filho e herdeiro do Criador, dotado do germe da perfeição, emprocesso evolutivo, caminhando cada vez mais para a frente e para cima, na escaladaevolutiva, a liberação e o desenvolvimento do potencial imanente em todos os seresda criação e sua conseqüente integração na vida cósmica e interação com os seressuperiores, nossos irmãos mais velhos, que já integram essa comunidade cósmica comocidadãos do Universo de Deus.

“Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram sãode origem humana...” (O Espírito de Verdade, em O Evangelho Segundo o Espiritismo –cap. VI – Allan Kardec)

Assim, nossa proposta é estudarmos a Doutrina Espírita e, conseqüentemente,o Evangelho de Jesus, em seu caráter pedagógico e de natureza Universal, ou seja, nateoria e na prática educacional.