paul little como compartilhar sua fe

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  • Paul E. Little

    Como compartilhar sua f Digitalizado por: L.D.

    -E.G.-

  • _______________

    Este livro foi digitalizado com o intuito de disponibilizar

    literaturas edificantes todos aqueles que no tem condies

    financeiras ou no tem boas literaturas ao seu alcance.

    Muitos se perdem por falta de

    conhecimento como diz a Bblia, e s vezes por que muitos cobram muito caro para

    compartilhar este conhecimento.

    Estou disponibilizando esta obra na rede para que voc atravs de

    um meio de comunicao to verstil tenha acesso ao mesmo.

    Espero que esta obra lhe traga

    edificao para sua vida espiritual.

    Se voc gostar deste livro e for

    abenoado por ele, eu lhe recomendo comprar esta obra

    impressa para abenoar o autor.

    Esta uma obra voluntria, e caso encontre alguns erros ortogrficos

    e queira nos ajudar nesta obra, faa a correo e nos envie.

    Grato _______________

  • Paul E. Little

    COMO

    COMPARTILHAR SUA F

    Paul E. Little

    Traduo de David A. de Mendona Reviso de Milton A. Andrade Ilustraes de Jack Sidebotham Capa de Ruy J. M. Pedreira

    Publicado em conjunto Por

    ALIANA BBLICA UNIVERSITRIA DO BRASIL Caixa Postal 30.505 01000 SP

    e

    SOCIEDADE RELIGIOSA EDIES VIDA NOVA Rua Dr. Antnio Bento, 556 Sto. Amaro Caixa Postal 8218 01000 So Paulo

  • Ttulo original

    HOW TO GIYE AWAY YOUR FAITH Publicado por INTER-VARSITY PRESS

    Downers, Illinois 60515, EEUU.

    Primeira Edio Em Portugus 3.000 Exemplares

    1974

    Direitos para a lngua portuguesa adquiridos e reservados pela Outreach Inc. P.O. Box 1000

    Grand Rapids, Michigan 49501

    Impresso na Repblica Federativa do Brasil

  • NDICE PREFCIO INTRODUO 1. O Fundamento Essencial 2. Como Dar Testemunho 3. Saltando Barreiras Sociais 4. Qual a Essncia de Nossa Mensagem? 5. Que Razo Temos para Crer 6. Cristo Convm poca Atual? 7. Mundanismo: Exterior ou Interior? 8. A F a Chave 9. Abasteamos a Fonte

  • Prefcio

    Cada gerao tem a responsabilidade de alcanar sua prpria gerao. Cumpre-lhe viver realisticamente no presente enquanto vai aprendendo do passado e antecipando o futuro.

    Alguns lderes eclesisticos de hoje lanam dvidas srias em torno da converso pessoal. A Comisso de nosso Senhor, entretanto, permanece imutvel, ordenando-nos Ele que saiamos por todo o mundo e preguemos o evangelho a toda criatura. E ainda evidente que o evangelho " o poder de Deus para a salvao de todo aquele que cr".

    Neste livro daremos relevo, antes de tudo, instruo mais que exortao. Muitos querem testemunhar, porm se vem frustrados porque no sabem como faz-lo.

    As idias e sugestes aqui apresentadas resultaram do contado direto com estudantes crentes e no-crentes em universidades seculares e escolas evanglicas nos EUA e no exterior. Pessoas da igreja tm-se mostrado, de imediato, sensveis s mesmas idias prticas.

    Algumas das sugestes no so originalmente minhas. Devo a muitos o auxlio prtico que me prestaram, seus conselhos e pareceres. Aprecivel estmulo adveio da entusistica reao diante de uma parte da matria aqui apresentada e que apareceu publicada em primeira-mo na revista HIS, da Aliana Bblica Universitria americana (Inter-Varsity Fellowship). Somos gratos de modo especial Sra. Elizabeth Leake, ex-diretora da Editora daquela entidade, por suas recomendaes e incentivos em matria de publicaes, bem como a Jack Sidebotham, que nos preparou as ilustraes com tanto carinho.

    Lanamos este livro com uma splica a Deus, para que

  • muitos possam aprender o "caminho sobremodo excelente" de levar outros a nosso Senhor.

    Paul E. Little Chicago, Illinois

    Maro de 1966

  • Introduo

    Cinqenta e sete geraes j se passaram desde que o maior de todos os evangelistas escreveu: "No me envergonho do Evangelho de Cristo, pois o poder de Deus para a salvao".

    As "exploses" do sculo vinte cincia, liberdade, espao, comunicao no tornaram obsoleta esta preocupao de So Paulo. Elas somente tornaram mais urgente a tarefa de comunicar a dinmica explosiva do Evangelho.

    Aps anos de experincia como Diretor de Evangelismo da ABU americana, Paul Little oferece-nos um livro sobre evangelismo; livro que revigora, provocante e est em dia com a nossa poca.

    um livro que fala com autoridade. O Sr. Little no escreveu como um estrategista de gabinete. ele um veterano de muitos combates, na evangelizao de pessoas isoladas ou de grupos. Estivemos trabalhando juntos durante a Cruzada de Billy Graham em Nova York, em misses na Universidade, em conferncias de ministros e convenes de jovens. Conheo Pau! como homem de reflexes profundas, ousado nas aes e de palavra clara a respeito da misso evanglica.

    Embora a maior parte do seu trabalho tenha sido no mundo estudantil, o que Paul Little tem a dizer cativar a ateno de quantos se interessam hoje por evangelizao.

    Este livro bblico. Seu autor conhece a sua f. Ele faz soar com nitidez as notas bsicas da mensagem crist aos ouvidos de uma gerao que vagueia em confuso teolgica.

    pertinente poca atual. O autor conhece o mundo em que vive. Ajuda-nos a entrar em contacto com o nosso prximo neste sculo vinte, e no com os seus bisavs.

  • prtico. O autor sabe o que evangelizao. No comete o erro de nos dizer o "por que" omitindo o "como".

    realstico. O autor conhece as pessoas. No trata com santos, super-homens nem com pecadores inalterveis, mas com verdadeiros crentes que procuram dar o seu testemunho a no-crentes.

    Cristocntrico. O autor conhece o seu Senhor. Mostra-nos que dar testemunho eficiente no tanto uma questo mecnica, mas procede de um relacionamento genuno, honesto e intenso com o nosso Salvador vivo.

    Emocionado e agradecido, sinto-me honrado em recomendar esta obra como um guia prtico para o testemunho evanglico na atualidade.

    Leighton Ford

    Charlotte, North Carolina Janeiro de 1966

  • 1. O Fundamento Essencial

    ENTO, VOC DESEJA COMPARTILHAR SUA F!

    Eu tambm desejava, mas no tinha uma pista que me indicasse o modo de agir sem dar topadas.

    E voc? Sabe como despertar interesse para com as boas--novas? Sabe como entrar em contacto com as pessoas alheias ao evangelho? Como que voc fala a respeito de Jesus Cristo?

    ao religioso eminente, que se tem na conta de avan-ado, que zomba da defesa que voc faz de um ensino bblico, e diz: "Mas ns estamos no sculo vinte, Jos!"?

    ao colega terceiranista, que est promovendo aquele movimento de ao "esquerdista" na Universidade?

    ao bioqumico que est prestes a fazer surgir "vida" num tubo de ensaio?

    ao homem da rua que poder achar-se no meio dos 150 milhes de mortos nas primeiras dezoito horas de uma guerra nuclear?

    ao moo farrista, l embaixo no salo? quele empregado de escritrio que acaba de ser

    substitudo no servio por uma mquina que pensa? quela jovem l embaixo no salo, que j arranjou

    tudo quanto queria? dona de casa, presa no subrbio da cidade, lutando

    para dar conta dos filhos pequenos e corresponder a uma dzia de deveres cvicos?

    ao estudante de outro pas, cujo talento nos assusta, e que fala quatro ou cinco lnguas alm da sua?

  • vtima do divrcio ou de um lar desfeito, que no mais confia em ningum?

    aos que esto mais perto de voc: sua famlia, seu co-lega de quarto, seu vizinho?

    fcil citar o texto "De tal maneira Deus amou ao mundo..." mas qual o seu sentido? Que pode voc dizer que tenha sentido para essa gente na sua vida do dia-a-dia?

    O Realismo Essencial Precisamos ser realistas. Os tempos esto mudando mais

    depressa do que nunca na histria. Conquanto Jesus Cristo seja o mesmo, ontem, hoje e eternamente, a constante mudana o que caracteriza tudo o mais na vida, inclusive voc e eu.

    Crescemos brincando de "cow-boys" e ndios, de policiais e bandidos, com bonecas de papel ou ainda "de mercearia". Quando no se prende ao lado de um televisor, a criana de hoje, consciente da explorao espacial, prefere o jargo do moderno lanamento de foguetes "cinco, quatro, trs, dois, um, zero fogo!"

    Meios melhorados de comunicao fazem-nos assistir bem de perto a qualquer acontecimento importante, em qualquer parte do mundo. Transportes rpidos anulam distncias e espao. Temos comunicao via satlite; em breve teremos jatos de 1200 milhas por hora e vos de oito horas e meia de Tquio a Londres. Daqui a cinco anos tudo isto j estar obsoleto.

    Revoluo o povo resolvendo por si mesmo agir para alcanar as mudanas polticas, econmicas ou sociais pelas quais suspira a caracterstica da vida de alguns pases em cada continente. Mais de cinqenta novas naes surgiram desde 1945.

    Mas, ao passo que os homens se vo firmando mais nas suas esperanas de moldar e conquistar o universo, o futuro da civilizao parece cada vez menos certo. A expresso das crian-

  • as "Quando eu crescer, vou ser. . ." no tem mais aquele tom de graa. Muitos lderes mundiais e correspondentes de notcias participam igualmente desse pessimismo. Quando, no final de um sumrio dos fatos do ano, a rede de TV CBS perguntou a Alexander Kendrick, de Londres, o que ele podia prever um mundo de paz e amor, ou um mundo catico ele hones-tamente reconheceu o que outros vacilam em admitir: "Com a proliferao das armas nucleares no julgo que vamos conse-guir".

    Se o consegussemos, para onde iramos? A tendncia moderna cada vez mais para a cincia e o "cientificismo". Esta nfase sobre cincia tem aumentado e vem-se expandindo ultimamente. Noventa por cento de todos os cientistas que este mundo j viu esto vivos hoje. No de se admirar que muita gente se volte para eles e para o seu cabedal de conhecimentos e lhes preste culto: tecnologia a nova religio do mundo. Mas o que nos deve preocupar que a maior parte da humanidade civilizada no reconhece nenhuma outra fonte possvel de ver-dade suprema, definitiva e nenhuma outra fonte de salvao.

    Salvao? De qu? Perdio e desespero caracterizam nossa poca. A literatura moderna, por exemplo, as obras Nu-sea e Nenhuma Sada, de Jean Paul Sartre, e o que mais existe de filosofia existencialista, do uma impresso de vazio, de falta de sentido prevalecente no mundo de hoje. A popularidade fenomenal de livros recentes, como Franny and Zooney e Catcher in the Rye, da autoria de J. D. Salinger, reflete a frustrao generalizada daqueles que, ansiando por uma "realidade espiritual", vem-se iludidos. Pouco antes de sua morte, o Dr. Karl Gustav Jung comentava: "A neurose central de nosso tempo o vazio, a solido". A poca da satisfao-prpria e da estabilidade, da confiana de que o que se constri hoje perdura para os nossos filhos, essa poca j era.

  • Nas universidades faz-se repetidamente a mesma indagao. Muitos estudantes anseiam encontrar algum sentido para a vida. Sabem que no tm a resposta, mas suspiram ardentemente por descobri-la. Num livro recente, What College Students Think (Em Que Pensam os Universitrios) vrios socilogos mostram, com dados estatsticos, que os estudantes, em grande maioria, sentem uma necessidade profunda de alguma f religiosa que lhes d direo vida.

    Estudantes, doutores em filosofia, donas de casa, mdicos, estadistas, os seus e os meus vizinhos esto sentindo um vcuo em suas vidas, vcuo que somente Jesus Cristo pode preencher. Se somos crentes, que conhecemos a resposta necessidade deles, estamos em face de uma vibrante oportunidade de ao. Ou pode ser que nos vejamos diante de uma situao aterrorizante, porque as pessoas, s dzias, rejeitam a toda hora a resposta crist. Como podemos mostrar aos outros que so as boas-novas, por ns proclamadas, a soluo justa e adequada dos seus problemas? Em que terreno podemos, voc e eu, firmar-nos para entrar em contacto com aquele estudante de outro pas, com o religioso culto, com o colega de quarto, e esperar sermos ouvidos e aceitos?

    Nossos contemporneos no-crentes procuram alguma coisa real. O que lhes oferecemos deve ser bastante autntico, que possa passar por uma verificao cuidadosa e completa. Cansados com solues falsas, ainda mais fartos esto de impostores. No se deixam lograr pelas pessoas piedosas, cuja religio apenas superficial. Nem se deixam atrair por ingnuos e bem intencionados pensadores, que no se dispem a enfrentar as duras realidades da vida. Apresentando a resposta crist, temos que demonstrar sua relevncia como soluo realstica em situaes especficas. S existe um meio de fazer isto: sermos realistas em torno do Cristianismo e de ns mesmos.

  • O Cristianismo Realista Sim, o Cristianismo realista. No assim espiritual e

    transcendental ao ponto de negar a existncia da matria e afirmar que toda realidade est na mente (como fazem muitas filosofias populares, idealistas, do Oriente). Mas, assim como afirma a existncia das coisas materiais, o ponto de vista cristo do mundo alcana, mais alm delas, as coisas espirituais, a realidade suprema e definitiva.

    Nosso Senhor visava o ponto crucial desta questo de realidade quando falou aos cinco mil que alimentara com cinco pes e dois peixes. Impressionados ao extremo pelo poder deste ato milagroso, quiseram fazer dEle o seu lder. Nosso Senhor, entretanto, como sempre fazia quando pessoas O seguiam por um motivo errado, afastou-se deles. No dia seguinte o povo ainda O procurou avidamente, descobrindo-O afinal em Cafarnaum. E logo indagaram: "Mestre, quando chegaste aqui?". Jesus, porm, lhes respondeu: "Em verdade, em verdade vos digo: Vs me procurais no porque vistes sinais, mas porque comestes dos pes e vos saciastes. Trabalhai, no pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dar; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo" (Joo 6:25-27).

    Nosso Senhor reconhece que o alimento material real. A matria coisa real. O mundo de cidades e ruas, rochedos e rvores e gente existe de fato. Mas o que Ele pe em relevo uma realidade espiritual que de maior e supremo valor; trans-cende a realidade material e a ela sobrevive. Ele nos instrui a sermos crentes realistas, perseguindo o que eterno e impedindo que as coisas perecveis nos dominem. Concentrando-nos nas coisas de importncia maior, o que menos importante coloca-se na sua perspectiva prpria. Isto no quer dizer, no entanto, que tudo quanto "material" fica excludo de cogitao.

  • O Exemplo de Cristo Quando aqui no mundo, nosso Senhor lanou mo de

    verdadeira comida para alimentar uma multido, por saber que aquela gente estava faminta. Seguindo o Seu exemplo, uma de nossas primeiras e bvias providncias conhecer as condies dos que nos cercam se tm fome, se esto cansados, entediados, solitrios, maltratados, rejeitados. Precisamos entender o que pensam e como pensam, como se sentem, o que anseiam fazer e ser. O que conhecermos acerca de outras pessoas ter aspectos tanto individuais como coletivos, mas em qualquer caso precisamos conhecer algo sobre esta gerao.

    Todos temos encontrado crentes cujo ministrio evangelstico foi seriamente embaraado porque no puderam fazer que sua mensagem atingisse o alvo. Devem ter pensado que ainda viviam em 1925, e que os seus ouvintes tambm estavam por l. Pelo menos era desse modo que apresentavam sua mensagem. Seus ouvintes, como era natural, no reagiam favoravelmente. Os auditrios de hoje deixam-se influenciar por insinuaes hodiernas, as que obviamente condizem com a dcada presente. Querem saber como as verdades do evangelho so aplicveis, hoje.

    Realismo: Uma Responsabilidade Crist A est a razo por que, como crentes, precisamos viver

    no mundo de hoje. Temos uma responsabilidade espiritual a de estarmos informados. De que modo voc est em dia com o mundo atual e com os assuntos nacionais? Muitos universitrios tm-se destacado pelo seu desinteresse e apatia por tais coisas. Em muitas universidades menos de 10% dos estudantes assinam alguma revista noticiosa. Manter-se inteligentemente informado sobre os ltimos acontecimentos, o evoluir dos fatos e as crises que agitam o mundo inteiro, um dos meios de demonstrar s pessoas de nossas relaes que os crentes esto realisticamente

  • atentos aos negcios desta vida. medida que os nossos amigos no-crentes percebem que no vamos somente por a andando com a cabea nas nuvens, desapercebidos do que se passa aqui embaixo, mais se inclinam a confiar em ns. Por outro lado, tendem a perder confiana em todos os crentes quando encontram alguns que invariavelmente no esto a par dos fatos e vivem despreocupados.

    Alguns de ns, naturalmente, podem estar to absorvidos no mundo em geral que ignoram o aspecto individual, isto , pessoas em particular, ento que enfrentamos o problema daquele indivduo que escreveu:

    Amar ao mundo no tarefa para mim, meu grande

    problema o vizinho ao lado. Precisamos entrar em contacto com o mundo na base de

    homem-para-homem e mulher-para-mulher. Algumas vezes a leitura pode esclarecer-nos o que se passa no ntimo das pessoas assim como ao seu derredor. Um longo artigo da revista Time sobre culpa e ansiedade (31 de maro de 1961), por exemplo, ajudou muitos de ns a sentir o efeito pressurizante, competi-tivo, da vida de corre-corre numa metrpole moderna. Todavia, comumente a nossa ingerncia na vida dos outros, como indivduos, que aprofunda a nossa compreenso sobre eles com o mximo resultado. Apresentando nosso testemunho a uma pessoa, ainda que seja mera apresentao de conhecimentos intelectuais, ela se transformar em comunicao de corao-a-corao.

    Nunca me esquecerei de um crente japons, um juiz que conversava comigo no refeitrio da Universidade de Harvard h algum tempo atrs. Falando como crente, disse: "Gostaria que vocs, crentes ocidentais, pudessem ver que ns, orientais, que temos passado pelos reveses da guerra, fome, sofrimento, perturbaes polticas e perda de pessoas queridas, trazemos uma profunda mgoa no corao". E continuou: "Sei que em

  • sua essncia o evangelho a mensagem do amor de Deus, e que embora tenha implicaes sociais, tem por alvo primordial sa-tisfazer necessidade espiritual humana da redeno; mas seria muito importante se apenas pudssemos saber que vocs sabem que ns trazemos esta mgoa no corao".

    Milhes pelo mundo a fora, no Ocidente como no Oriente, levam em si uma profunda mgoa. Sua reao a ns e s boas-novas que anunciamos depende muito do fato de pensarem que ns realmente os compreendemos e deles nos importamos. Um velho provrbio dos ndios americanos fala-nos diretamente a este respeito: "Uma pessoa no deve dizer nada a outra at que tenha andado com os sapatos dela". Reconhece-se que isto nem sempre possvel ou aconselhvel efetivamente, mas em esprito, pelo menos, precisamos sentar-nos onde os outros se sentam e andar por onde andam. Quando pudermos expressar a eles seus pensamentos e sentimentos com palavras nossas, comearo a confiar em ns, por saberem que ns sabemos, e ento aumentar a disposio deles de debaterem conosco assuntos espirituais. No deve ser surpresa para ns que os homens que Deus tem usado atravs dos sculos em grande parte no apenas conhecem bem as suas Bblias, mas tambm conhecem bem os homens. E amando a ambos, tornaram a Palavra relevante para o homem.

    O Que os Crentes Oferecem ao Mundo? At aqui temos encarado o nosso mundo atual e

    considerado as necessidades individuais dos seres humanos. Temos visto como imperativo que conheamos e compreendamos alguma coisa sobre esses dois pontos. Mas, se vamos ser crentes realistas, temos de encarar tambm com maior seriedade a dimenso espiritual, a nossa prpria dimenso espiritual. Que temos a oferecer? No faz muito tempo certa moa no-crente foi igreja com um amigo meu, na Costa Ocidental. Na reunio de jovens e no culto vespertino,

  • em seguida, conheceu vrios membros da igreja e com eles falou. Voltando para casa, depois, meu amigo perguntou-lhe com naturalidade: "Que voc achou?" Ela respondeu francamente, mas no tom de quem tudo observou: "H algumas pessoas que do para a coisa, e outras no". Na qualidade de no-crente, procurando encontrar essa "coisa" intangvel, a diferena era bvia para ela. Os no-crentes examinam atentamente a igreja e os seus membros de per si, para ver se de fato eles encontraram na vida uma dimenso eterna. Uma profisso de f superficial no os convencer; as pessoas esto procura do fato real a f genuna, viva. Nem sempre, no entanto, a encontram, e no por serem cegos espiritualmente. Algumas vezes porque ela no existe mesmo.

    1. F Ambiente O problema da simples "f ambiente" est infestando

    como praga a Igreja de Jesus Cristo. Emprego esta expresso para descrever a vida espiritual que em grande parte o reflexo do meio em que se vive: aos domingos sempre vamos Escola Bblica e aos cultos, onde ouvimos a exposio da Palavra de Deus. Durante a semana assistimos a reunies de orao e delas participamos. Grande parte de nosso tempo gastamos com amigos crentes; falamos a linguagem deles. Mas resume-se nisto s a nossa vida crist. Nada sabemos do que seja uma comunicao direta, pessoal, entre ns e o Deus vivo. Julgamos que uma misteriosa espcie de osmose nos torna "espirituais". O resultado? Quando os no-crentes olham para ns, vem que refletimos o ambiente que freqentamos (do qual eles no participam) e nada mais alm disso. E isto no os impressiona. Eles no andam atrs de ambiente. Procuram f viva.

    Se samos de nossa zona de segurana indo Faculdade, por exemplo podemos tomar um choque. De sbito nos vemos diante da pequena superficialidade de nossa experincia crist. Em universidades seculares tenho muitas

  • vezes encontrado estudantes cujo ambiente cristo de sua intimidade, de casa ou da igreja (e talvez da escola) desaparecem. Entre eles, os que nunca aprenderam a viver cada dia com Jesus Cristo, numa relao pessoal, vertical, logo viram sua f de segunda-mo desintegrar-se. Para evitar que nos deixemos arrastar inconscientemente para uma confiana assim em ambiente (f em base horizontal), precisamos com freqncia perguntar-nos: "Existe algo em minha vida que s se explica por causa de Deus? Ou devo tudo aos meus antecedentes, ao que me rodeia, a condies presentes? Que acontecer se, daqui a uma semana, meu ambiente ficar de todo mudado?"

    2. "Acomodao" ao Cristianismo Alm de evitar a f tipo ambiente em ns, precisamos

    precaver-nos da atitude no raro inconsciente de nos "acomodarmos" ao Cristianismo. Esta tendncia nociva progride facilmente, de modo especial em lares evanglicos. Recentemente meus prprios filhos pequenos impressionaram-me de novo com este problema. O Paulinho passa pela casa pulando e cantando: "Sou feliz, feliz, feliz, feliz todo o dia porque Jesus meu amigo". Sei que ele feliz quase sempre, especialmente se no est de castigo. Gosto tambm de pensar que Jesus seu amigo. Mas estes versos, como outros tantos hinos religiosos que comeamos a ensinar aos nossos filhos pequeninos, logo que eles aprendem a falar, expressam verdades de experincia pessoal, que meu filho ainda no experimentou. Ele provavelmente no sabe de fato o que canta ele muito jovem; mas nem o sabemos ns muitas vezes.

    J se observou, sabiamente penso eu, que hinos e corinhos com freqncia nos levam a proferir mentiras. Cantamos as gloriosas experincias crists, como se fossem propriamente nossas. Muitas vezes, porm, no o so, e assim a tendncia cada vez maior a de aceitarmos, como coisa normal,

  • uma experincia que no real em ns. No percebemos que de fato estamos vivendo uma mentira. Assim, tambm, proferimos inverdades quando cantamos um hino de entrega pessoal a Deus, entrega de nossas vidas que no nos dispomos a fazer. Se no tivermos cuidado, o cabedal que herdamos de hinos evanglicos pode levar-nos a substituir "uma coisa real" por uma fico.

    3. Acreditar nos FATOS no Basta H outro substitutivo que alguns de ns podem

    inconscientemente aceitar. Trata-se da mera crena nos fatos acerca de Jesus Cristo, em vez de um relacionamento dinmico com a Pessoa que encarna tais fatos. J encontrei muitos universitrios que me afirmavam honestamente: "Creio tudo acerca de Cristo", mas tinham que acrescentar: "Isto no entanto nada significa para mim. Minha f tal como um refrigerante que perdeu toda a sua efervescncia". Por que haver de ser a vida de um crente semelhante a um pur de batatas frio? Por que haver de ser inspida e incmoda? No deve ser assim, mas para alguns de ns ela .

    Ser que esquecemos de que tornar-se e ser crente envolve mais do que alguma coisa em que acreditar? H alm disso algum a receber e continuar recebendo; algum com quem viver, e a quem corresponder. Dar assentimento mental a uma lista de proposies acerca de Jesus Cristo no eqivale a ser crente e conhec-Lo pessoalmente. Ser crente requer uma entrega pessoal e permanente a um Senhor vivo. Essa entrega depende de um relacionamento de amor e obedincia como o relacionamento do casamento (a ilustrao que o N.T. faz do nosso relacionamento com Cristo). Sorrimos para o solteiro que diz: "Pois no, acredito no casamento. assunto a que me dedico sempre. Veja s todos os livros que j li a respeito. Estou por dentro desta questo. Alm disso, j assisti a muitas cerimnias de casamento. H, porm, uma coisa engraada

  • no posso absolutamente compreend-lo: o casamento nada sig-nifica para mim". Mas enquanto sorrimos, alguns de ns fazem exatamente o mesmo. Apesar de sabermos tudo acerca de Jesus Cristo, no conhecemos ao Senhor, a Ele propriamente. Talvez nunca tenhamos feito a grande pergunta, nunca O convidamos pessoalmente para o recesso de nossas vidas, para ser o nosso Senhor e Salvador vivo. Ou talvez algumas vezes tenhamos sido tentados a pedir-Lhe que seja menos do que Senhor, no exigindo de ns contnua e decidida obedincia.

    Algumas das palavras mais solenes de nosso Senhor acham--se registradas em Mateus 7:21, onde Ele adverte seus discpulos: "Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor', entrar no reino dos cus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que est nos cus". Entrar no reino no questo de usar vocabulrio correto ou de agir com propriedade; salvao no se ganha em troca de obedincia. Antes a obedincia que resultado da salvao; a evidncia da experincia do novo nascimento, transformadora de nossa vida nascimento para uma vida de entrega voluntria a Jesus como Senhor. Joo assegurou aos seus irmos crentes: "sabemos que O temos conhecido por isto: se guardarmos os seus mandamentos" (I Joo 2:3) e toda a epstola de Tiago uma ampliao do que a se afirma.

    A f, por sua prpria natureza, demanda ao. A f ao jamais uma atitude passiva. Por exemplo, se um homem entrasse, aos tropees, no seu quarto e lhe informasse que o prdio seria dinamitado dentro de cinco minutos, voc poderia lev-lo imediatamente at porta, dizendo que acredita nele. Mas, se voc, cinco minutos depois, ainda permanecesse no prdio, ele concluiria que voc no acreditou no seu aviso. De igual modo, posso declarar que acredito ser Jesus Cristo o Salvador do mundo e que o pleno sentido da vida s se pode saber mediante Ele, e que a no ser por Ele todas as pessoas esto sob a condenao eterna de Deus. Mas, se prossigo na

  • minha alegre vida, vivendo sob o padro da prpria conscincia e da convenincia pessoal, claro que no dou muito crdito quelas declaraes. No creio nelas no sentido bblico.

    Se de fato cremos na mensagem evanglica e conhecemos Jesus Cristo, Senhor, neste caso os no-crentes vero uma f e um compromisso adequados em nosso viver cotidiano. Por toda a Bblia possvel ver a f em Deus revelar-se atravs dos atos e decises do dia-a-dia de certos homens. Jos literalmente deixou suas vestes nas mos da mulher de Potifar, a fim de evitar imoralidade. Moiss abandonou os prazeres e privilgios de um filho de Fara para se identificar com o povo sofredor de Deus. Elias desafiou ousadamente os profetas de Baal para uma prova de sacrifcio, dizendo: "O Deus que responder com fogo, esse que Deus". A seguir, com aparente calma, passou a despejar cntaros dgua no seu sacrifcio. Sabia que o seu Deus vivo e poderoso responderia, e respondeu mesmo. Aoitados e presos, Paulo e Silas cantaram hinos de louvor ao seu Deus meia-noite. No foram, nos casos acima, simplesmente expresses piedosas, mas confisses e atos de f na trama da vida diria.

    A afirmao que fazemos de conhecer Jesus Cristo produz diferena em nossa vida cotidiana no uso que fazemos do tempo, do dinheiro, da fora influi na classificao que fazemos dos valores? Que acontece de segunda a sbado? Que dizer de nossa maneira de estudar e dos motivos que nos levam a isso? A f que dizemos ter influi em nosso relacionamento com os membros do sexo oposto, de modo que, recusando-nos satisfao-prpria e exploraes, respeitamos a integridade de cada pessoa e repelimos qualquer intimidade que nos possa trazer dor ou aflio? Outrossim, que acontece quando experimentamos sofrimento, luto, elogio, desapontamento? Quando a situao precria, vem os no-crentes em ns uma atitude para com a vida que eles gostariam de ter, ou ao contrrio ficam mais propensos a dizer com seus

  • botes (como de fato com razo muitos dizem): "J tenho muitos problemas comigo; no me importune com os seus!"? Finalmente, o conhecimento que temos de Jesus Cristo influi em nosso futuro na escolha de um curso, ou de uma carreira, um curso ps-universitrio, uma esposa, um emprego?

    4. Como que Voc Trata a Deus? As respostas a perguntas como estas ajudam a avaliar a

    autenticidade de nossa experincia pessoal com Jesus Cristo, mas revelam apenas uma parte da situao. Que dizer do prprio Deus em Si? Pensamos nEle e O tratamos de fato como uma Pessoa que vive? Temos aquela fome e sede interior que nos compele dia aps dia a afastar-nos para a ss com Ele estudar Sua Palavra e com Ele falar em orao? Muitos de ns cantam "Bendita Hora de Orao" e fogem dela o quanto po-dem. Estamos sendo honestos conosco mesmos? Quando foi a ltima vez que tivemos encontro com o Senhor ns a ss com Ele foi hoje de manh, ou foi na semana passada, h um ms atrs, h um ano atrs, ou nunca?

    Os no-crentes querem primeiro notar a realidade da ge-nuna experincia crist em nossas vidas. Depois sero atrados por nossas palavras a respeito de Jesus Cristo e sobre o que significa conhec-Lo pessoalmente. Aps falar a um grupo, muitas vezes estudantes abordam-me com perguntas pessoais: "Como que isso funciona?" "Como posso ter o tipo de vida de que voc tem falado?" "Haver alguma esperana para mim?" sempre um privilgio sentar e explicar como podemos pessoal-mente alcanar perdo, purificao e poder no Senhor Jesus Cristo e mediante Ele.

    Seja Honesto Consigo Mesmo Cada um de ns chegou a ler este captulo at aqui com

    atitudes diferentes, diferentes reaes e diferentes concluses a respeito de si prprio. Alguns de ns esto convencidos de que

  • a nossa f no Senhor Jesus Cristo genuna, mas querem que ela se aprofunde e aumente na proporo em que passamos cada vez mais perceb-Lo e senti-Lo em ns. Outros se lembram que a sua f costumava parecer mais importante do que parece agora. Talvez comecemos a perceber, arrepiados, que a nossa f nunca passou de assentimento mental aos fatos concernentes a Jesus Cristo e de considerao social aos nossos colegas cren-tes; todos estes anos passados lidamos com informaes a res-peito de Jesus, porm sem interesse nEle pessoalmente. Sejamos francos, pode ser at que tenhamos duvidado ser possvel possuir essa coisa chamada f genuna ou entrar num relacionamento pessoal com Jesus Cristo.

    Qualquer que seja a situao de cada um de ns individualmente, pelo menos sejamos honestos conosco mesmos e no andemos com uma fachada para impressionar os outros. Na presena de Deus cada um de ns pode perguntar a si prprio se tem f genuna, f que de fato tenha sentido dia aps dia. Se pudermos responder "sim" convictamente, agradeamos a Deus uma vez mais a Sua bondade e Sua graa, e peamos-Lhe que aprofunde e aumente nossa f em cada experincia da vida. Aqueles de ns que no tm certeza de ser afirmativa a resposta, ou que sabem ser ela negativa, podem chegar-se a Ele como estiverem, para Lhe dizer que precisam conhec-Lo e ter f nEle e que esto preparados a se entregar inteiramente nas Suas mos.

    Entrega total e irrevogvel a Jesus Cristo, entrega que se renova todos os dias, requisito prvio para um relacionamento vital com o Senhor. Se comearmos a resistir a Ele, dEle discordando em alguma rea da vida, ou nos rebelando contra a Sua vontade (mesmo em algum "diminuto" detalhe), nossa vitalidade espiritual sofre. Um curto-circuito espiritual interrompe as comunicaes. Dizemos que estamos dispostos a dar testemunho do Senhor na universidade: "Mas, por favor, Senhor, no me peas que eu ajude ao Jos; posso ajudar a

  • outro qualquer, a ele no". Ou, com um jovem estudante de medicina, oferecemo-nos como voluntrio para servi-lO no estrangeiro: "Mas, Senhor, no me faas partir para a frica. Para l no d para eu ir!"

    Como somos inclinados a pensar que nos cabe escolher entre a vontade de Deus e nosso prprio bem-estar, nossa feli-cidade, como se Deus nos quisesse infelizes e angustiados! Nosso Pai celeste nos ama; Jesus Cristo morreu por ns; o Esprito Santo que em ns habita foi o que Ele nos prometeu. Certamente este Deus Trino no est cuidando de transformar de sbito a nossa vida. Venhamos a Ele como estamos, quaisquer que sejam as circunstncias, e pecamos ao Senhor Jesus Cristo (pela centsima vez, ou mesmo pela primeira) que more em ns como Senhor e Salvador, e que preencha a nossa vida de experincias autenticamente crists.

    Se nos achegarmos a Ele sem reservas, Ele passar a viver em ns e nos capacitar para testemunhar dEle fielmente. Quando Ele como Senhor dominar todas as reas de nossa vida, ach-lO-emos importante em cada aspecto, at mesmo quando no tivermos plena conscincia de Sua presena. E na medida em que procurarmos transmitir aos outros a mensagem de salvao, pessoalmente significativa para ns, Ele nos levar a ter um crescente conhecimento e compreenso das pessoas e do mundo em que vivem (que tambm nosso, e dEle), de sorte que o Seu evangelho seja entregue com amor e convenientemente realisticamente queles por quem Ele morreu.

    LEMBRE-SE: Para compartilharmos nossa f eficientemente, precisamos ser realistas autnticos no conhecimento das pessoas do mundo de hoje e autnticos em nossa entrega total a Jesus Cristo.

  • Para impostores ou eremitas no h vez.

  • 2. Como Dar Testemunho

    QUE queremos dizer com "dar testemunho"? Proferir uma poro de textos bblicos a uma pessoa no-crente? No isto. "Dar testemunho" envolve tudo quanto somos e, por con-seguinte, o que fazemos; vai muito alm do que dizemos em certos momentos de inspirao. De modo que a pergunta no daremos testemunho (falaremos). Mas como vamos teste-munhar? Quando confiamos em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, Ele nos capacita a viver e falar como fiis testemunhas.

    No raro, entretanto, presumimos ingenuamente que uma vez que passamos a relacionar-nos vitalmente com o Senhor, todos os nossos problemas de testemunho desaparecero. Pre-sumindo isto, subestimamos esses problemas. Uma f genuna e pessoal no Senhor, e conhecimento dEle so pr-requisitos in-condicionais, porque Jesus Cristo a vida e a substncia do nosso testemunho evanglico. Somente Ele pode dinamicamente motivar-nos, constrangendo-nos a dividir o Seu amor com outras pessoas. Todavia, outros fatores tambm precisam estar presentes para que sejamos testemunhas inteligentes e eficientes.

    Falando a centenas de estudantes crentes no pas inteiro, tenho descoberto alguns problemas comuns, que tambm tive ao me pr em contacto com outras pessoas. A dificuldade costuma reduzir-se ao seguinte: quando acontece de conversarmos com algum sobre o evangelho, ficamos embaraados e desajeitados. Muitos de ns no sabem mesmo como abordar as pessoas; apesar de falarem apaixonadamente, ainda esperam o grande amanh que nunca chega. So como o

  • treinador que anima seu time no vestirio do campo: "Aqui somos invictos, ningum nos segura, nenhum ponto marcado h contra ns. . . e assim estamos prontos para nossa primeira peleja!" Nunca arriscamos estragar nossa folha-corrida dispondo-nos a enfrentar o adversrio. E nossa folha-corrida continuar sendo um papel em branco, enquanto continuarmos evitando os necessrios contactos.

    Tentativas Inbeis no Testemunho Talvez alguns de ns, pressionados por amigos crentes

    bem intencionados e por numerosas exortaes para que testemunhemos, tenham feito pelo menos uma tentativa desajeitada de falar em prol do Senhor; mas saem-se desencorajados como elefantes sobre o gelo! Uma experincia mutuamente traumtica comeou quando desajeitadamente abordamos nosso confiado ouvinte. Agredida rudemente por ns, a vtima tomou nota mentalmente para desviar-se de ns no futuro (ou pelo menos correr quando tocamos em religio). Quanto a ns outros, arrastamo-nos em retirada murmurando: "No o quero ver mais em tempo algum". E assim nos fomos afastando de nosso efmero ministrio de testemunho pessoal e arranjamos um lugar nos bastidores. Oferecemo-nos como voluntrios: "Vou preencher envelopes e lamber selos. E se ainda quiserem, posso at afixar cartazes e passar hinrios de mo em mo. Mas outro qualquer que fale s pessoas sobre Jesus Cristo como, por exemplo, o Lus que tem o dom de tagarelar". A maioria de ns, que conhece o Senhor, no sabe movimentar-se no mundo que Seu; ao invs disso tem-se afastado dele. Desta sorte, enquanto 98% de ns recuam e deixam que os profissionais e os que tm "dom" faam o traba-lho, o evangelho continua sendo pouco conhecido e menos ainda crido.

  • Quando os Crentes Recuam Com o nosso recuo privamos muitas pessoas de sua

    nica oportunidade de ouvir o evangelho. Tambm nos sufocamos espiritualmente, por negarmos a ns a experincia de vermos pessoas nascerem realmente na famlia de Deus. Quando no vemos evidncia nenhuma do seu poder redentor, o evangelho comea a parecer-nos menos real. Se repetidamente ouvimos o que Cristo afirma de Si e o que promete, mas nunca observamos qualquer impacto, nenhuma reao positiva, nenhuma vida transformada como resultado dessas afirmaes e promessas, inevitavelmente comeamos a estranhar (no ntimo de nossos coraes, a princpio, porque no ousaramos revelar essa estranheza a outros): " o evangelho, no final de contas, verdade? Tem mesmo poder?" Uma mortalha de irrealidade pode sem demora cair sobre nossa vida espiritual. Nossas oraes tornam-se vagas; nosso estudo da Bblia passa a ser por demais acadmico como mercadorias teolgicas enlatadas numa prateleira. Volvendo nossas vistas do mundo exterior e concentrando-as em ns mesmos, possvel que cheios de justia prpria fiquemos de olho em nossos colegas crentes, esmiucemos-lhes as vidas, criticando-as e nelas encontrando faltas.

    Obedincia na Evangelizao A obedincia na evangelizao uma das condies de

    sade espiritual. Ela vital para todos os crentes, individual e coletivamente. A evangelizao para a vida crist o que a gua para as baterias seco-carregadas: so de fabricao recente, esto intactas quando nos chegam s mos, porm no fornecem energia enquanto no lhes adicionarmos gua. Semelhantemente, a evangelizao acende uma fasca na vida crist, fazendo-a inflamar-se. Quando evangelizamos, oramos de modo definido, lanando-nos sobre Deus para alcanarmos vitrias nas lutas espirituais que se travam na alma de uma

  • pessoa em quem temos interesse. Pedimos a Deus que a ilumine de modo especial, que a leve ao Salvador e a uma vida nova, que use a ns ou qualquer outro meio de Sua escolha para atingi-la. E ficamos espera que Ele nos responda. Vemos baixar a indiferena ou antagonismo e o interesse tomar vulto. Nesse nterim a Bblia torna-se sempre mais viva e importante, ao vermos as pessoas respondendo s suas verdades. Passagens que antes pareciam ridas e sem maior significado, parecem agora prticas e pertinentes. E de notar que, concentrando-nos em evangelizar, no nos sobra tempo de bisbilhotar a vida de outros crentes, apontando-lhes as faltas. Unindo-nos todos fervorosamente na proclamao da mensagem redentora do Senhor esquecemos fraquezas e irritaes mesquinhas e os pecados que mais nos preocupam so os nossos prprios.

    Faamos uma reviso rpida. Temos concordado: (1) que um relacionamento genuno e pessoal com Jesus Cristo como Senhor um pr-requisito para sermos Suas testemunhas; (2) que o testemunho cristo envolve nossa vida completa; (3) que nosso comprometimento na evangelizao uma vitamina ne-cessria para uma experincia crescente com o Senhor e para uma vida crist vigorosa. Temos tambm admitido um proble-ma bsico: no raro desconhecemos como apresentar verbalmente nosso testemunho. Mais especificamente, no sabemos como transmitir de maneira atraente o evangelho numa base de pessoa-a-pessoa.

    Arcando com o problema, reconhecemos um fato bsico: todo crente um missionrio. Qualquer pessoa que haja nascido na famlia de Deus mediante a f e a confiana em Jesus Cristo recebe automaticamente a Comisso do Senhor. Paulo informou aos corntios: "Somos embaixadores em nome de Cristo" (II Cor. 5:20). Para evitar ser mal compreendido ou faltar a seu dever, ele vrias vezes reafirmou o fato de que o ministrio da reconciliao nos foi concedido. Deus faz os Seus apelos usando-nos como instrumentos. Assumimos o lugar de Cristo

  • rogando aos homens que se reconciliem com Deus (II Cor. 5:18-20). Que viso deslumbrante, quando a conscincia deste fato acaba por se apoderar de ns! Voc j alguma vez meditou nisto que voc Jesus Cristo para uma poro de pessoas? Ningum mais. Voc Jesus Cristo para eles.

    Responsabilidade tremenda e infinito privilgio nos so confiados como representantes de Cristo. Para estimular-nos, Pedro lembra que o Senhor nos guia por Seu prprio exemplo (I Pedro 2:21). Devemos "seguir os Seus passos" em todos os aspectos de nossa vida, inclusive no do testemunho.

    Sete Princpios de Ao Da entrevista de nosso Senhor com a mulher samaritana,

    junto ao poo perto de Sicar, por exemplo, podemos descobrir alguns princpios prticos e bsicos para seguir, ao procurarmos represent-lO de um modo realstico e natural. S sabemos de uma nica palestra de nosso Senhor com esta mulher de Samaria (Joo 4). Por isso, como em outras inmeras ocasies, Ele condensou todo o Seu "testemunho" numa simples conversa. Acontece s vezes, especialmente quando viajamos, encontrarmos uma pessoa, a quem nunca mais veremos, e com ela trocarmos idias. comum, no entanto, termos repetidos contados com um limitado nmero de no-crentes como o nosso companheiro de quarto, um colega de laboratrio, um vizinho, um parente, ou colega no trabalho. Embora devamos estar atentos para as oportunidades "nicas", parece que nosso primeiro dever dar testemunho quelas pessoas que estamos vendo de contnuo. Contudo, de qualquer modo, vacilamos quase sempre ao se nos deparar uma oportunidade de conversa a respeito do Senhor com as pessoas a quem conhecemos bem. No admitiramos fazer nada que fosse ridculo em sua presena precisamos viver com elas embora nos arrisquemos a ser mais decisivos com o estranho a quem no tornaremos a ver.

  • 1. Faamos Contactos Socialmente Agora vejamos como nosso Senhor trabalhou e

    selecionemos os princpios centrais em que Ele baseou a Sua nica entrevista com aquela mulher. Consideremos em particular como podemos aplicar estes princpios num relacionamento amplo com os no-crentes.

    Comecemos do comeo: Quando, pois, o Senhor veio a saber que os fariseus

    tinham ouvido dizer que Ele, Jesus, fazia e batizava mais discpulos que Joo (se bem que Jesus mesmo no batizava, e, sim, os seus discpulos), deixou a Judia, retirando-se outra vez para a Galilia. E era-lhe necessrio atravessar a provncia de Samaria. Chegou, pois, a uma cidade samaritana, chamada Sicar, perto das terras que Jac dera a seu filho Jos. Estava ali a fonte de Jac. Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto fonte, por volta da hora sexta.

    Nisto veio uma mulher samaritana tirar gua. O primeiro princpio bvio: temos de entrar

    socialmente em contacto com os no-crentes. Todavia isto no se faz em muitos crculos evanglicos. Este simples fato explica muito da aparente falta de poder do evangelho no mundo de hoje. Tanto em nossas comunidades evanglicas (igrejas e outras), quanto como indivduos, muitas vezes no vemos ningum se chegar a Jesus Cristo, porque nenhum descrente ouve nossa mensagem. O Esprito Santo no pode salvar santos nem bancos vazios. Se no conhecemos nenhum descrente, como podemos levar algum ao Salvador?

    Quando nosso Senhor chamou Simo e Andr, disse-lhes: "Segui-me e eu vos farei pescadores de homens" (Marcos 1:17). Entre outras coisas Ele estava ensinando que, para se apanhar peixes, necessrio ir aonde eles esto. Um quadro que apresentasse Simo com a sua linha e seu anzol dentro de uma

  • barrica cheia dgua, seria de fazer pena. E, no entanto, alguns de ns fazemos bem essa figura na evangelizao. Promovemos reunies evangelsticas a que comparecem poucos descrentes ou mesmo nenhum! Peixes em cardumes passam ao largo de nossa barrica. Temos de ir aonde eles esto, se quisermos ter razoveis auditrios para o evangelho.

    Por exemplo, ultimamente, numa srie de palestras numa universidade, vrias centenas de estudantes compareceram fielmente em cada palestra noturna no auditrio da universidade. Foi uma maravilha. Mas alcanamos mil e trezentos estudantes no-crentes, procurando-os nos seus grmios, nas agremiaes estudantis femininas e nos dormitrios. Embora uns poucos desses mil e trezentos pudessem ter sido persuadidos a assistir s palestras, ouviram-nos de boa-vontade e com interesse crescente. E uma quantidade deles tornou-se crente l mesmo nos seus dormitrios! Damos ainda valor s palestras e ainda vemos a necessidade de se fazer diferentes formas de contacto para ga-nharmos pessoas para o Reino. Permanece, no entanto, o fato de que quase sempre alcanamos um nmero significativo quando vamos ao encontro das pessoas onde elas se acham.

    Vejamos outra vez a atitude de nosso Senhor, noutro incidente. Os fariseus, orgulhosos aos seus prprios olhos, ficaram contrariados porque Ele se achava entre pessoas pecadoras; "Vejam a espcie de gente com quem Ele fala e come at!" diziam. "Por que Ele amigo de publicanos e pecadores!" Ele, porm, lhes respondeu (note a ironia com que lhes falou): "Vocs no compreendem? Eu no vim chamar os justos e, sim, os pecadores ao arrependimento" (Lucas 5:27-32).

    Grande parte de nossa dificuldade provm de erroneamente confundirmos separao com isolamento. Uma analogia da medicina vem a propsito. Quando o Departamento de Sade Pblica teme uma epidemia, por exemplo, de escarlatina, trata de isolar os portadores do seu vrus. Se todas

  • as pessoas com essa doena so postas em quarentena, a molstia no se propaga. Semelhantemente, um preventivo seguro na propagao do evangelho isolar seus portadores (os crentes) de qualquer outra pessoa. O inimigo das almas procura fazer exatamente isto, persuadindo--nos a que nos reunamos e evitemos todo contacto desnecessrio com os no crentes, a fim de no nos contaminarmos. Com sua lgica demonaca ele tem convencido muitos crentes. Alguns me contaram, com evidente orgulho, que nenhum no-crente jamais entrou em suas casas. Sentindo-se muito espirituais, gabam-se de no ter nenhum amigo descrente. E depois estranham nunca haverem tido a alegria de encaminhar algum ao Salvador!

    Reexaminando o ensino do Novo Testamento, descobrimos que separar-se do mundo e dele isolar-se no so atitudes equivalentes. Em Sua clssica orao por ns (Joo 17), o Senhor Jesus deixou isso claro: "No peo que os tires do mundo, mas que os livres do maligno" (v. 15). E havendo-nos confiado proteo do Pai, afastou-se dos Seus seguidores dando-lhes este mandamento: "Ide, pois, e ensinai a todas as naes. . ." porque "... sereis minhas testemunhas... at aos confins da terra" (Mateus 28:19, Atos 1:8).

    Nossa presente confuso entre isolamento e separao, entretanto, no problema de hoje. Notamos que entre os corntios do primeiro sculo havia o mesmo equvoco. Paulo explicou-lhes: "J em carta vos escrevi que no vos associsseis com os impuros; refiro-me com isto no propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idlatras; pois, neste caso tereis que sair do mundo. Mas agora vos escrevo que no vos associeis com algum que, dizendo-se irmo for. . ." (I Corntios 5:9-11). Os cristos corntios precisavam ver, como tambm ns precisamos, que afastar-se dos que no conhecem Jesus Cristo franca desobedincia vontade do Senhor.

    Ao invs de afastar-nos, temos de sair e nos pr em

  • comunicao com o mundo. Precisamos descobrir como, praticamente, iniciar e desenvolver amizades com os descrentes e, depois, realstica, apropriada e amavelmente explicar-lhes o evangelho de Jesus Cristo. Vejamos pois que possibilidades h para isto.

    Ao estudante crente, numa universidade secular, oferecem-se ilimitadas oportunidades. Como regra geral, poderamos compartilhar com os no-crentes mais tempo e atividades que, via de regra, reservamos para os nossos companheiros crentes (ou mais honestamente, para nosso grupinho evanglico). Fazer compras juntos, assistir a concertos e peas teatrais, assistir a um jogo de bola, fazer refeies em comum, estudar juntos e numerosas outras atividades podero assim ter uma compensao eterna.

    Podemos tambm fazer parte do grupo coral, do clube de debates, do jornal estudantil, ou de alguma outra organizao na universidade que apele ao nosso interesse e capacidade pessoal. Participando da vida universitria, estaremos contribuindo positivamente para ela, ao passo que tambm vamos natural-mente mantendo contactos com os no-crentes.

    Aqueles de ns que moram perto da universidade podem convidar estudantes, a quem conheceram no laboratrio ou na sala de leitura, a passar um fim-de-semana em suas casas, pre-parando assim o terreno para uma amizade significativa.

    A freqncia a uma faculdade evanglica apresenta um problema singular, porque possvel haver l poucos no-crentes. Com iniciativa e esforo, entretanto, podemos fomentar algumas das seguintes possibilidades de um frutfero contacto com no-crentes.

    Um clube acadmico (de literatura, sociologia, filosofia, etc.) poderia convidar a correspondente organizao de uma fa-culdade secular das proximidades, para debaterem juntos algum tema de interesse mtuo. Por meio desta troca de idias, es-clarecedora e estimulante, os crentes poderiam alcanar um

  • discernimento preciso, de primeira-mo, do pensamento dos no-evanglicos, enquanto estes ouviriam como os crentes encaram alguma questo de importncia.

    Um encontro informal com uma escola secular, aps uma competio esportiva, prove a oportunidade de se conseguir camaradagem com os no-crentes, assim como a de fomentar conhecimentos que posteriormente podero converter-se em amizades pessoais. Algumas vezes um encontro dos conselhos administrativos estudantis tambm possvel e de valor.

    De igual modo, alguns de ns trabalham parte do tempo, na universidade, ou fora dela. Pode ser o caso de morarmos fora da faculdade. Que tal prestarmos um favor a um vizinho ou colega de trabalho, procurando conhec-lo e am-lo para lev-lo ao Senhor Jesus Cristo? Uma saudao casual com um aceno e um sorriso ao passarmos um pelo outro na rua um bom comeo.

    No devemos esquecer os estudantes de outros pases, na nossa ou em outras universidades, a maioria dos quais vive isolada. At os crentes de pases estrangeiros muitas vezes se sentem deslocados e perplexos com o nosso viver despreocupado e agitado. Todo amigo procedente de outras terras precisa de companheirismo e compreenso enquanto se adapta ao nosso meio, de modo que, regressando ao seu pas, esteja bem preparado (no apenas academicamente, mas como pessoa e como crente) para liderar o seu povo.

    Nossa prpria vizinhana, para os que moram em casa, muitas vezes a oportunidade mais negligenciada para um teste-munho frutfero. Sendo como o principal lugar de evangelizao, o lar pode tornar-se uma rede de pesca que alimente a Igreja. O no-crente penetrar em nosso lar em mdia dez vezes mais depressa do que em nossa Igreja.

    Mas, como a Escritura diz, quem tem amigos proceda como amigo (Provrbios 18:24). A arte da amizade perdeu-se

  • para muitos crentes, por sentirem que o seu tempo se desperdia quando no aplicado a uma atividade especificamente religiosa. Ser amigo pode requerer que se oua os problemas de nosso prximo ou que se participe com ele de atividades no religio-sas, que sejam de interesse mtuo, socialmente. Significa procurar ativamente oportunidades de manifestar amor levando recados, cuidando de crianas e executando qualquer outro servio secular, mas prtico, que demonstre o amor de Cristo.

    Reunies sociais e outras atividades do mesmo gnero no representam necessariamente tempo perdido, mesmo se de imediato no ofeream oportunidade para aluso direta ao evangelho. Se entregamos nosso tempo ao Senhor, o Esprito Santo em ocasio prpria dar naturalmente oportunidades para falarmos sobre o Salvador. Muitos que se aproximaram assim informalmente tm participado prazerosamente de um grupo local de estudo bblico. Mediante tais estudos bblicos e as conversas deles decorrentes muitos chegaram a conhecer Jesus Cristo, passando a fazer parte de sua Igreja.(*)

    H vrias coisas a considerar na concretizao destas idias. Por exemplo, no podemos impor nosso modo de proceder aos no-crentes, mesmo no caso de sermos seus hospedeiros. Mera cortesia pode sugerir que algum adquira uns poucos cinzeiros para a Unio de Estudantes e que obtenhamos um para a nossa prpria sala (no caso de no haver proibio de fumar por parte dos regulamentos de precauo contra incndio). s vezes, irrefletidamente, censuramos um no-crente por causa de uma questo secundria como esta, e isto com freqncia provoca um ressentimento contra todos os crentes, e uma vez engrossada sua couraa de autodefesa mais difcil fur-la do que um muro de concreto. Mostrando-se corts a um fumante, no significa que voc aprova o uso de cigarros! Visto como amizade coisa que se desenvolve numa relao de dar-e-receber, precisamos igualmente dispor-nos a ser hspedes de um amigo no-crente que deseja pagar-nos o convite. A arte

  • de ser hspede agradvel, sem comprometimento com a sociedade no-evanglica, um assunto srio, pelo que voltaremos a tratar disto no Captulo Trs.

    Vamos repetir este primeiro princpio do testemunho mantenha-se em contacto com os no-crentes. Cada um de ns deve perguntar a si mesmo: "Por quem estou orando diariamente, mencionando-lhe o nome, pedindo a Deus que pelo Seu Esprito Santo lhe abra os olhos, o ilumine, dobre-lhe a vontade at que receba a Jesus Cristo como Senhor e Salvador? Haver uma pessoa a quem procuro oportunidades para mostrar o amor de Cristo? Estou disposto a tomar nova iniciativa de lhe transmitir o evangelho, logo que o Esprito apresente a oportunidade?" Se descobrirmos falta do indispensvel contacto com no-crentes, podemos simplesmente rogar a Deus que nos mostre uma pessoa a quem Ele quer que ajudemos, por quem oremos, a quem amemos e por fim tragamos ao Salvador, e Ele nos mostrar essa pessoa. "Erguei os vossos olhos e vede. . .", diz Ele (Joo 4:35).

    (*) Quem desejar informao sobre material de estudo bblico em

    disponibilidade escreva para a Aliana Bblica Universitria do Brasil, Caixa Postal 30505 So Paulo.

    2. Firmemos um Interesse Comum Podemos ento aplicar o segundo princpio: firmemos

    um interesse comum que sirva de comunicao. Vejamos outra vez a passagem:

    Nisto veio uma mulher samaritana tirar gua. Disse-lhe Jesus: D-me de beber. Pois seus discpulos tinham ido cidade para comprar alimentos.

    Ns, crentes, achamos tolice alguma coisa demandar muito preparo preliminar. Gostamos de omitir os pontos "no-essenciais" e ir direto ao mago da questo. Preldios so um desperdcio de tempo, assim pensamos. Se fssemos nosso Senhor, provavelmente teramos proferido abruptamente

  • "Minha senhora, sabe quem eu sou?" Nosso Senhor no a abordou desta forma. Nesse incidente Ele comeou referindo-se a algo em que ela estava obviamente interessada (Ela viera tirar gua). Pouco a pouco Ele desviou a conversa, partindo deste interesse conhecido para uma realidade espiritual de que ela nada sabia. A maioria das pessoas aborrecem-se quando se vem presas numa conversa sem fim por algum que se intromete e passa a expor com mincias seu assunto, sem se dar ao trabalho de ver se o ouvinte est interessado nisso ou no. Aborrecemo-nos ns tambm. Faz-nos duvidar se o que fala nos d alguma importncia, ou se apenas quer ouvir repetido seu arrazoado.

    Gostaria de ter aprendido mais cedo esta lio sobre co-municao com as pessoas. Uma vez em cada seis meses, a presso interior para que eu desse meu testemunho ia quase ao ponto de explodir. No conhecendo nada melhor, arremetia-me de sbito sobre algum e, olhos arregalados e vidrados, lanava por cima dele todos os versculos que sabia. Honestamente no esperava qualquer resposta. Assim que minha vtima manifestava falta de interesse, com jeito ia-me afastando, com um suspiro de alvio e o pensamento consolador: "Todos quantos querem viver piamente em Cristo Jesus padecero perseguio" (II Timteo 3:12). Cumprido o dever, voltava para o meu recolhimento de mrtir a fim de passar outros seis meses de hibernao, at que a presso interna outra vez ficasse intolervel e me expulsasse dali. Fiquei de fato chocado quando por fim verifiquei que eu mesmo, no a cruz, estava escandalizando as pessoas. Minha maneira inepta, no intencionalmente rude, at mesmo estpida de abord-los era responsvel por haverem rejeitado a mim e mensagem do evangelho.

    Como instrumentos nas mos de Deus, cumpre-nos agir positiva e pacientemente para firmar mtuos interesses com as outras pessoas, comeando de onde procedem seus interesses.

  • Posteriormente podemos com proveito discutir juntos temas es-pirituais. O popular livro de Dale Carnegie How to Win Friends and Influence People (Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas) oferece muitas ilustraes adequadas da personalidade humana em aes e reaes, alm de algumas sugestes razoveis e sensatas para a melhoria de nossas relaes com os demais. Por exemplo, faz-nos lembrar que a voz que qualquer pessoa mais gosta de ouvir a sua prpria. Todos gostam de falar, porm uns mais do que outros. Muitas pessoas dariam qualquer coisa para encontrar algum que apenas ficasse escutando-as falar Quando ouvimos uma pessoa durante bastante tempo, no somente passamos a conhec-la e compreend-la; conquistamos por igual a sua gratido e a disposio de nos ouvir por nossa vez, e isto nos capacita a lhe falar mais adiante com proveito. Por esta maneira o Esprito Santo muitas vezes atrai pessoas a ns para, por nosso intermdio, falar-lhes sobre Jesus Cristo, de modo a poderem vir a Ele. esta a maneira positiva de abordarmos os outros, que o Dr. Bob Smith (um enxadrista) chamou de trs pulos para a coluna do rei".

    H algum tempo atrs nossa famlia encontrou um casal que tinha impresses bem negativas do Cristianismo. Logo aos primeiros contactos esse casal descobriu, naturalmente, que estvamos envolvidos no trabalho evanglico e ficou boquiaberto. Imediatamente recuou, pondo-se na defensiva. Experincias anteriores tinham deixado neles uma imagem mental do que podiam esperar dos crentes.

    Logo descobrimos que eles tinham interesse especial por duas coisas: flores e a histria de nossa cidade (moram nela desde a infncia). Apesar de no ter eu nenhuma paixo por floricultura muito pelo contrrio aprendi muita coisa a respeito de flores nos ltimos anos. Minha esposa e eu temos ouvido tambm e aprendido muito sobre nossa cidade. Pouco a pouco criamos um interesse recproco (entre ns e eles). Ao

  • voltar de uma viagem quase sempre me sadam, perguntando: "Que esteve fazendo na Universidade de . . . ? Que foi que disse? Os estudantes ficaram de fato interessados?" Respondendo, posso comunicar-lhes o poder e a proviso de Jesus Cristo para todas as pessoas e suas necessidades individuais. Tem sido comovedor verificarmos que o interesse deles tem aumentado. (Durante a Cruzada de Billy Graham em Chicago, eles pediram para nos acompanhar a um culto vespertino. Se os convidssemos, creio que se teriam melindrado e recusariam a ir).

    Pusemo-nos em contacto com esses amigos onde eles estavam, concentrando-nos nos seus interesses. No assentou em ns a mscara que eles conheciam do Cristianismo. Porque de boa-vontade partilhamos dos seus interesses, no os condenando pelo seu vcio de fumar e de praguejar, no se tomaram hostis, nem se desgostaram de ns, porm cada vez mais se tm mostrado receptivos a ns e ao nosso principal interesse. Pela graa de Deus creio que no tardaro a entrar no Seu reino.

    3. Despertemos Interesse Pela leitura de Joo 4 vemos nosso Senhor despertando o

    interesse e a curiosidade daquela mulher na Sua mensagem, por dois modos:

    Ento lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu ju-

    deu, pedes de beber a mim que sou mulher samaritana (porque os judeus no se do com os samaritanos)? Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem o que te pede: D-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria gua viva. Respondeu-lhe ela: Senhor, tu no tens com que a tirar, e o poo fundo; onde, pois, tens a gua viva? s tu, porventura, maior do que o nosso pai Jac, que nos deu o poo, do qual ele mesmo bebeu e, bem assim, seus filhos e seu gado? Afirmou-lhe Jesus: Quem

  • beber desta gua tornar a ter sede; aquele, porm, que beber da gua que eu lhe der, nunca mais ter sede, para sempre; pelo contrrio, a gua que eu lhe der ser nele uma fonte a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, d-me dessa gua para que eu no mais tenha sede, nem precise vir aqui busc-la.

    fascinante observar como pega fogo a curiosidade

    desta mulher medida que o Senhor lhe fala. Primeiro, Ele veio at ao ponto onde ela se encontrava. Segundo, Ele Se mostrou interessado com o que a preocupava. Agora emprega aes e palavras para provocar uma reao positiva a Ele e verdade de Sua mensagem.

    Neste ponto o impacto de Sua ao jaz meramente no que diz. Pelo simples ato de conversar com a mulher, Ele pe abaixo barreiras sociais, religiosas, polticas e raciais. Ele, como homem, fala com uma mulher. Ele, como rabino, fala com uma mulher de vida licenciosa. Ele, como judeu, fala com uma samaritana. Deste modo Ele a surpreende. Embora no alcance ainda a importncia dEle, sente a Sua superioridade por no fazer discriminao, aceitando-a.

    Seguindo o exemplo de nosso Senhor, como vamos prender a ateno e o interesse das pessoas, de modo que Deus, por meio de ns, as leve convico e deciso? Pessoalmente creio que desfilar pelas caladas com um cartaz ao ombro onde se l em caracteres grandes e rabiscados "Sou Crente. Faam-me Perguntas" no o mtodo do Senhor. Ele no nos chamou para sermos camels. Sendo, como somos, representantes de Cristo, algumas pessoas nos tm na conta de tolos, e nos dizem isto mesmo na cara, mas a opinio delas no nos d licena de procedermos com esquisitices. Com nossas palhaadas podemos por um instante atrair os olhares dos circunstantes, mas acabamos anulando o verdadeiro interesse pelo evangelho. Assim que o observador comum, que poderia

  • ser atrado pela mensagem evanglica, v um crente com maneiras extravagantes, diz l consigo mesmo se este o proceder tpico de um crente, melhor deixar esse negcio de Cristianismo de lado. Uma reao negativa deste porte significa derrota. Precisamos estimular um interesse positivo que induza as pessoas a esquadrinhar mais a fundo e descobrir o que de fato o Cristianismo.

    Essa outra dimenso da vida, mais profunda que falta aos descrentes, mas que habitualmente podem reconhecer deve caracterizar-nos como crentes. Ao gastarmos tempo com uma pessoa no-crente, nosso senso do real propsito da vida, os valores que defendemos, essas coisas que de fato consomem a ns e as nossas energias, tudo isto se revelar com naturalidade em nossas atividades de cada dia. As atitudes para com as pessoas, as reaes a circunstncias, essa paz e serenidade e esse contentamento que nos sustentam no meio das opresses e crises da vida, tudo isto indica a qualidade de nossas vidas. Se neste particular no somos diferentes das pessoas que nos rodeiam, urge que, na presena do Senhor, verifiquemos o que que est faltando e ento peamos-Lhe que venha ao encontro de nossa necessidade.

    Se nossa vida farta de contradies, melhor ser que conservemos a boca fechada. Todavia, no estou sugerindo que esperemos ser perfeitos para depois falar aos outros. (Em outro captulo meditaremos como nosso Senhor quer que falemos). Satans quer que, nos conservemos em silncio. Um dos seus mtodos enganosos convencer-nos de que no devemos dar nosso testemunho a ningum acerca de Jesus Cristo enquanto no formos to bonzinhos como irmos gmeos do anjo Gabriel. Alm do que, no devemos ser hipcritas. Essa mentira, de precisarmos ser perfeitos para depois falarmos, tem feito muitos crentes guardar silncio. Na realidade, as fraquezas e falhas pessoais que sentimos ardentemente s raras vezes so notadas pelos que no conhecem Jesus Cristo. Porque ao

  • vivermos em comunho verdadeira e diria com Jesus Cristo, o Esprito Santo tanto nos convence do pecado como acrescenta nossa vida esta outra dimenso mesmo que no a sintamos. Como Moiss, cujo rosto resplandecia, as pessoas vero esta qualidade em nossa vida muito mais prontamente do que ns mesmos. E a sua curiosidade pode lev-las alm do que nos cumpre inquirir acerca da fonte de nossa vida em Cristo.

    Jesus chamou-nos sal da terra, porque atravs de nossa vida (pois Ele vive em ns) Ele faz que as pessoas tenham sede dEle prprio, a gua da vida. Se, no entanto, falhamos em re-conhecer a fonte de nossa vida em Jesus Cristo, lanamos-lhes confuso e roubamos a Deus Sua legtima glria. O no-crente pode apenas concluir que Joana ou Jos so excelentes pessoas, e gostaria de tambm o ser. Enquanto no dermos testemunho de Cristo, ele no suspeitar qual seja a fonte da vida por ele admirada e desejada.

    Algumas vezes se pergunta: "Que mais importante no testemunho, a vida que levamos, ou as palavras que dizemos?" Esta pergunta pe a consistncia de nossa vida e o nosso testemunho verbal numa falsa anttese. como indagar qual a asa do avio que mais importante, a da direita ou a da esquerda! Sem dvida ambas so indispensveis e sem as duas no temos fiada. A vida e os lbios so inseparveis num testemunho eficiente por Cristo.

    Visto que, reagindo contra a evangelizao feita sob presso, muitos de ns tendem para um silncio passivo, precisamos aprender a ser agressivos porta-vozes do Senhor, sem sermos antipticos. Nosso Senhor, com o que disse, provocou a mulher samaritana a Lhe fazer uma pergunta. Eis um princpio que tambm podemos observar. Uma vez que o no-crente tenha a iniciativa e d o primeiro passo, todo o constrangimento se extingue em qualquer conversa a respeito de Jesus Cristo. Ela pode ser retomada no ponto em que foi deixada, sem dificuldade. Por outro lado, enquanto forarmos

  • caminho contra uma resistncia sempre maior, tendemos a causar mais prejuzo do que bem. Como podemos levar um no-crente a fazer perguntas? A resposta est em lanar iscas, como pescadores de homens que somos, e falar aos que se mostrarem sensveis.

    No podemos despertar interesse espiritual na vida de ningum, mesmo que o quisssemos. S o Esprito Santo pode fazer isto. Todavia podemos ser Seus instrumentos em desco-brir o interesse que Ele despertou. Descobriremos tanta gente interessada em realidade espiritual que no precisaremos nos esforar com os que no esto interessados. um alvio enorme quando descobrimos que podemos legitimamente por de lado o assunto se, depois de lanada a isca, no notamos reao ins-tigada pelo Esprito Santo.

    Todas as pessoas que tenho conhecido, usadas por Deus na evangelizao pessoal, tm-se colocado em expectativa para descobrir pessoas interessadas. Em qualquer grupo, ou em con-versa com uma pessoa em particular, elas perguntam a si mesmas: "Senhor, ser que ests agindo nesta pessoa?" e a seguir, se o Esprito oferece oportunidade, continuam a conversa para ver qual a reao.

    Aliviados da tenso de conversar forados com um ouvinte mal disposto, podemos falar mais tarde a respeito de Jesus Cristo. Confiantes na direo do Senhor e libertos da sensao de constrangimento ou embarao, passamos a falar das coisas espirituais com naturalidade. Ao testemunharmos devemos ficar to vontade e naturais em nosso tom de voz e em nossa conduta como quando comentamos o jogo da noite anterior, o nosso trabalho de Fsica, as travessuras de um garoto, ou a bolsa de valores.

    Mas como lanar a isca? Nosso Senhor lanou-a fazendo uma declarao enigmtica que ocasionou uma pergunta da samaritana. A declarao relacionava-se com as necessidades bsicas daquela mulher e, ao mesmo tempo, sugeria que Ele era

  • capaz e Se dispunha a satisfazer s mesmas. Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e

    quem o que te pede: D-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria gua viva. Respondeu-lhe ela: Senhor, tu no tens com que a tirar, e o poo fundo; onde, pois, tens a gua viva? s tu, porventura, maior do que o nosso pai Jac. . .

    Podemos fazer uma declarao ou, em primeiro lugar,

    uma pergunta. Jesus tambm previu as reaes da mulher. As perguntas dela no O pegaram desprevenido nem uma vez. Para tirarmos todo o proveito de cada oportunidade, tambm preci-samos considerar as respostas provveis. Ao refletirmos sobre possveis situaes, reflitamos bem como lanar a isca e como tratar a provvel resposta.

    Aps mesmo uma vaga referncia a "religio" numa con-versa, muitos crentes tm usado esta srie prtica de perguntas para sondar algum interesse latente: Primeira, "Por falar nisto, voc se interessa por assuntos de ordem espiritual?" Muitos diro: "Sim". Mesmo, porm, que a pessoa responda "no", podemos fazer-lhe uma segunda pergunta: "O que para voc um verdadeiro cristo?" Sempre agrada a algum a gente querer ouvir a sua opinio. De sua resposta ganharemos tambm uma compreenso mais precisa, de primeira-mo talvez chocante do seu pensamento como no-crente; e porque o ouvimos, ele estar muito mais pronto a ouvir-nos. Respostas a esta pergunta comumente giram em torno de alguma ao exterior ir igreja, ler a Bblia, orar, dar o dzimo, ser batizado. Depois de respostas tais podemos concordar que um verdadeiro cristo em geral faz estas coisas, mas a seguir podemos salientar que isso no o que um verdadeiro cristo . O verdadeiro cristo aquele que mantm uma relao pessoal com Jesus Cristo como uma Pessoa viva. Se o no-crente continua mostrando-se interessado, aps esta explicao, podemos

  • avanar para a terceira pergunta: "Voc gostaria de tornar-se agora mesmo um verdadeiro cristo?" Um nmero espantoso de pessoas debate-se numa cerrao espiritual, suspirando por algum que o conduza certeza espiritual.

    Se conversarmos com um amigo de formao catlico-romana, podemos observar-lhe: "Como sabe, tenho muito mais em comum com voc do que com os meus amigos protestantes liberais". Ele talvez se surpreenda com esta observao, mas se sentir satisfeito. A seguir podemos explicar: "Voc cr na Bblia como a Palavra de Deus, cr na Divindade de Cristo, na necessidade de Sua morte para a expiao de nossos pecados, e em Sua ressurreio dentre os mortos; muitos protestantes li-berais, no entanto, negam estes fatos bsicos do Cristianismo do Novo Testamento". Ainda podemos ir adiante: "Julgo que na Igreja Catlica voc descobriu a mesma coisa que vejo na Igreja Protestante: Alguns metodistas, batistas, presbiterianos, episco-pais, etc. conhecem de fato Jesus Cristo pessoalmente; outros, porm, no". Invariavelmente ele h de concordar e, destarte, h de reconhecer um fato importante, a saber, que ser membro de igreja, seja ela qual for, s isto no garante um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Podemos ento discutir com ele o que esse relacionamento pessoal com o Senhor.

    Se formos geis, poderemos aproveitar muitas outras oportunidades para fazermos comentrios apropriados. Mas com freqncia somos mal sucedidos na "arte das respostas rpidas e espirituosas", por pensarmos nos comentrios adequados uma hora depois! Assim, pois, planejemos de antemo, agora, esses comentrios comuns na conversa diria, que possam ser feitos com facilidade em prol do Senhor.

    Outro meio de lanarmos a isca ficarmos atentos s oportunidades de compartilharmos nossa experincia espiritual. Ao conhecermos os no-crentes de uma forma pessoal, eles passaro a confiar em ns com relao aos seus encargos, anseios, aspiraes, frustraes e solido. Ao tratarem destas

  • coisas conosco, podemos dizer-lhes calmamente (se nossa experincia for semelhante deles): "Sabe, normalmente me sentia dessa mesma forma, at que passei por uma experincia que mudou por completo meu modo de encarar a vida. Voc gostaria que eu lhe contasse como foi isso?" Fazendo assim uma declarao enigmtica e oferecendo, ao invs de impor nossa experincia sobre ele, evitamos que sinta estarmos descarregando sua porta mercadorias que ele no encomendou. Se ele pede para ouvir nossa experincia, prontifiquemo-nos a falar pouco, dando relevo realidade de Cristo para ns hoje e pondo parte mincias cansativas e provavelmente sem importncia. Devemos simplesmente dizer o que Cristo significa para ns hoje, e como Ele nos transformou.

    Se nossa experincia no anloga que ele nos descreveu de si, mas Cristo uma realidade hoje para ns, podemos dizer-lhe: "Saiba, eu sentiria dessa forma se no fosse uma experincia que mudou meu modo de apreciar a vida. Gostaria que eu lhe contasse a respeito?" Aqueles de ns que fomos criados em lares evanglicos e na igreja s vezes adquirimos um complexo de inferioridade pelo fato de no podermos apontar uma mudana dramtica em nossas vidas quando nos tornamos crentes. No podemos dizer: "J fui um viciado em drogas, mas veja o que Cristo fez por mim!" Se foi em criana que alcanamos nova vida em Cristo, provavelmente no notamos muita mudana em nossas vidas. No precisamos julgar-nos inferiorizados nem procurar desculpas para isso, como se de algum modo nossa experincia no fosse to genuna quanto as mais espetaculares. A converso de Paulo foi de uma maneira maravilhosamente dramtica, todavia lembremo-nos que a de Timteo no foi menos real. Desde a sua mais tenra idade ouviu a Palavra de Deus dos lbios de sua av Lide, e de sua me Eunice. A grande questo se Jesus Cristo uma realidade dinmica para

  • ns hoje. A isca pode lanar-se tambm de maneira concisa, se

    estivermos preparados para enfrentar perguntas que nos fazem com freqncia. Muitas vezes reconhecemos, j tarde demais, que tivemos esplndida oportunidade de falar, mas perdemo-la porque no soubemos o que dizer na ocasio. Algumas vezes fazem-nos perguntas assim: "Por que voc se sente to feliz?" "Que que o faz to exato no cumprimento dos seus deveres?" "Parece que voc tem uma motivao diferente. Voc no como eu e a maioria das pessoas. Por qu?" "Por que voc aparenta ter um propsito na vida?" Outra vez podemos dizer: "Uma experincia que tive mudou meu modo de ver a vida". E ento, ao sermos interrogados, podemos compartilhar-lhes esta nossa experincia com Cristo.

    Perguntam-nos tambm s vezes a respeito de nossa igreja, ou de alguma atividade que pode estar diretamente relacionada com fatos espirituais, se abordarmos estes assuntos de maneira conveniente. Uma pergunta que sempre me fazem quando viajo : "Que trabalho voc faz?" Costumo responder francamente: "Sou um assessor da Aliana Bblica Universitria". Acontece s vezes haver a uma pausa constrangida, quando o meu interlocutor passa nervosamente para outro assunto e tenta levar a conversa adiante. Mas acontece que algum me lembrou que respostas que descrevem atividades ou funes sempre dizem mais do que um bocado de nomes e ttulos. Ento, em vez disso, explico: "Falo a estudantes sobre como Jesus Cristo se pe em contacto com a nossa vida diria". O indagador curioso s vezes replica: "Parece interessante". "", continuo, "uma noite destas estava falando com um estudante, que disse..." e em poucas palavras dou a substncia de uma conversa de verdade. Depois pergunto: "A propsito, o senhor est interessado em assuntos espirituais?" Isto d lugar a outra discusso proveitosa.

    Numa conversa sobre as manchetes dos jornais do dia, as

  • ltimas crises pelo mundo a fora, ou algum outro caso corrente, a pergunta "O que o senhor acha que est errado no mundo?" pode ser apropriada. Depois de escutarmos o lanamento da culpa dos problemas da humanidade sobre vrias causas exteriores, podemos inquirir: "O senhor j considerou o que Jesus Cristo disse sobre isto?" e ento recorremos ao diagnstico que Ele fez do homem, como est em Marcos 7:21-23. O prprio homem, por causa de suas atitudes interiores, que o problema fundamental. como G. K. Chesterton diz, e certo "O que que est errado no mundo? Eu que estou errado no mundo." E a nica soluo do problema "Eu" Jesus Cristo, que prometeu transformar-nos se nos entregarmos a Ele.

    Livros e livretos que versem sobre assuntos provocativos provem outra possibilidade para despertar conversas em torno de assuntos espirituais. Entre os livros para folhear em nossa sala-de-estar os quais incluem Ascenso e Queda do Terceiro Reich, A Produo do Presidente, e Esta Terra Santa temos O Segredo Cristo de Uma Vida Feliz, De Mulher para Mulher, Indcios da Presena de Deus no Universo em Expanso, e a bela obra pitoresca de Elizabeth Elliot, Meu Parente Selvagem. Hspedes s vezes folheiam estes livros e casualmente pedem um emprestado. Outras vezes podemos oferecer um folheto evanglico pode ser de se Crer no Cristianismo? Voc Levou Cristo em Considerao?, ou Como Tornar-se um Verdadeiro Cristo a algum amigo, fazendo-lhe a observao: "Gostaria de saber o que voc pensa sobre isto. Como no disponho de muitos exemplares, agradeceria se voc devolvesse depois". Pondo deste modo uma declarao concisa da f crist nas mos dele, podemos prever para logo mais uma conversa proveitosa a respeito de Jesus Cristo.

    Em tais e semelhantes situaes, saber de antemo o que vamos dizer ajuda-nos a dominar o nervosismo e a ficar von-tade. Se ficarmos em tenso, a outra pessoa ficar tambm; mas se afrouxarmos, ela igualmente o far. Se conseguirmos, em

  • calma confiana, que o Esprito Santo nos ponha na presena de pessoas interessadas, podemos dominar toda inclinao de pedir desculpas da nossa f. Se no temos interesse por algum, sentimo-nos derrotados antes de comear. Por outro lado, se tomamos interesse, comum sermos correspondidos com interesse igual. Cada encontro bem sucedido com um descrente leva-nos a uma f e confiana sempre maiores para uma pr-xima abordagem.

    4. No Vamos Muito Longe A parte que se segue da conversa de nosso Senhor revela

    o quarto e o quinto princpio: d-se a uma pessoa somente aquela parte da mensagem para a qual ela esteja preparada, e no a condenemos.

    Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta gua tornar a ter sede; aquele, porm, que beber da gua que eu lhe der, nunca mais ter sede, para sempre; pelo contrrio, a gua que eu lhe der ser nele uma fonte a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, d-me dessa gua para que eu no mais tenha sede, nem precise vir aqui busc-la. Acudiu-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e vem c; ao que lhe respondeu a mulher: No tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, no tenho marido; porque cinco maridos j tiveste, e esse que agora tens no teu marido; isto disseste com verdade. Senhor, disse-lhe a mulher: Vejo que tu s profeta. Apesar de se mostrar a mulher interessada e curiosa, Jesus no lhe disse tudo logo de uma vez. Pouco a pouco, quando ela ia ficando apta a ouvir mais, Ele lhe revelava mais Quem Ele era. Afinal, ao atingir sua curiosidade o ponto mximo (v. 26) Ele Se apresentou como o Cristo.

    No momento em que notamos uma centelha de interesse num descrente muitos de ns querem avanar de supeto e de-clarar com vivacidade o evangelho todo, sem parar para tomar flego, ou aguardar a reao do ouvinte. (Afinal, pode ser que

  • no tenhamos outra oportunidade, raciocinamos). Todavia, amparando-nos na fora e na presena do Esprito Santo, podemos ganhar equilbrio. O descrente necessita de uma insinuao gentil ao comear a mostrar seu interesse: comum ser ela dbil no princpio. Do contrrio, qual pssaro assustado de perto no seu pouso, por movimentos rpidos na sua direo, escapulir-se- antes que, sobre-excitados, nos aproximemos dele. Por outro lado, se nossa atitude for natural e nossas maneiras forem relaxadas, o inquiridor ser levado a pressionar-nos mais e mais a fim de descobrir qual o fundamento de nossa firme convico.

    5. No Condenemos No quinto princpio vemos que nosso Senhor no

    condenou a mulher. Na prpria resposta que deu acerca do seu marido jazia o pecado que a ela mesma condenava. No incidente anlogo da mulher apanhada em adultrio, a qual os fariseus hipcritas levaram a nosso Senhor, Ele disse: "Nem eu te condeno; vai e no peques mais" (Joo 8:11). A maioria de ns, contrariamente, apressada em condenar. s vezes mantemos a idia errada de que, se no condenamos determinada atitude ou ato, estamos relevando o mal. No era este, porm, o parecer de nosso Senhor.

    Inconscientemente condenamos o descrente que nos oferece um cigarro, convida-nos para um "drink" com ele, ou sugere alguma outra atividade que consideramos fora do limite. Nossa rplica pode produzir efeitos devastadores. quase uma ao reflexa algumas vezes dizermos: "No, obrigado, no fumo, no bebo, etc, sou crente". Mentalmente riscamos com giz mais um ponto no marcador do nosso testemunho. O que de fato fizemos foi isto: condenamos a pessoa e deturpamos o evangelho por inferir dele, falsamente, que este nosso particular "no, no" parte inseparvel do Cristianismo.

    Milhares de no-crentes de nossa cultura no fazem estas

  • coisas, mas s por isso no so crentes. E o fato que em alguns meios de outras culturas alguns crentes bebem cerveja, vinho, fumam, e nada de mais vem nisso. No so menos crentes porque fazem tais coisas. Num e noutro caso, o costume e as convices pessoais criam hbitos. Todavia, se um amigo sugerisse: "Vamos roubar um banco", e dissssemos: "No, obrigado, sou crente", ele entenderia de pronto a relao entre uma coisa e outra. O oitavo mandamento probe com clareza o roubo; no h como interpretar de outra forma o preceito: "No furtars".

    Como, pois, vamos responder ao no-crente, cujos costumes e convices particulares diferem dos nossos? A chave do problema est em reconhecermos a cortesia e a generosidade implcitas em seu oferecimento ou convite, e declinarmos por razes de ordem pessoal, de modo que ele no se sinta condenado ou repelido. Uma maneira de dizer "No, obrigado'' com o devido respeito pessoa sugerir uma alternativa. Quando convidados a tomar uma cervejinha, podemos retrucar: "No, obrigado, mas a qualquer hora tomaremos uma coca-cola juntos". Ou, se solicitados a ir a alguma parte aonde preferimos no ir, podemos dizer: "Obrigado, no tenho interesse nisso, mas me diga quando voc for a um concerto (jogo, reunio no clube, etc.) que eu quero acompanh-lo." Com a sugesto assim de uma alternativa a pessoa v que voc no a repele.

    Declinando de um oferecimento, no precisamos apresentar desculpas. Afinal, inmeros descrentes no bebem, no fumam, no danam, no mascam, nem fazem certas outras coisas. Se um descrente no se interessa por jogo de xadrez, por isso no se cora de vergonha e no fica a rosnar desculpas: "No, obrigado, no jogo xadrez. Sou descrente". natural que no. Replica animadamente: "No, obrigado, xadrez no me apetece. Mas diga-me quando quer jogar pingue-pongue". Como testemunhas de Jesus Cristo podemos e devemos dizer

  • "No, obrigado" neste mesmo esprito de calma e desembarao. Quando numa festa deparamos com licores sendo

    servidos (e aqueles de ns que se misturam com os vizinhos conhecidos, cedo ou tarde depararo), podemos gentilmente, em vez de tais licores pedir guaran ou suco de frutas. Se o anfitrio no providenciou bebidas deste gnero para os no aficionados a bebidas fortes, essa falta social dele, no nossa.

    Ao convidarmos uma pessoa que fuma ao nosso quarto, no dormitrio ou em casa, devemos ter a cortesia de providenciar um cinzeiro, para que o nosso convidado fique vontade. Com isto no aprovamos "fumo", mas evitamos que o nosso amigo descrente fique desconcertado num caso assim de importncia secundria. As outras nicas alternativas sero ou for-lo a fazer cair a cinza, com sacudidelas, no tapete, ou junt-la na palma da mo, ou ento fazer-lhe ver que no permitido fumar dentro de nossas santas quatro paredes. Em qualquer destes casos, provvel que ele se magoe e no queira mais voltar nossa casa.

    No s devemos evitar condenar as pessoas; precisamos aprender a arte dos elogios justos. Muita gente fica profunda-mente emocionada com um elogio sincero. A crtica assenta com muito mais naturalidade em nossos lbios e nos lbios do mundo do que o louvor, mas o louvor pode ocasionar um sen-timento de cordialidade que essencial a uma aceitao franca do evangelho.

    No livro Taking Men Alive (Pegando Homens Vivos) Charles Trumbull afirma que possvel descobrir em qualquer pessoa pelo menos uma coisa que sirva de base para um elogio honesto. Como prova deste seu parecer, descreve uma de suas experincias num trem. Um sujeito embriagado, vomitando improprios e obscenidades, entrou cambaleando no seu carro. Depois de umas guinadas, sentou-se ao seu lado e lhe ofereceu um trago da bebida que levava num cantil. O Sr. Trumbull re-cuou intimamente ante o linguajar repulsivo do bbado. Ao

  • invs, porm, de censurar o homem sobre o estado em que se encontrava, replicou-lhe: "No, obrigado, mas vejo que o se-nhor muito generoso". Os olhos do homem se iluminaram, a despeito do entorpecimento alcolico, e os dois passaram a conversar. Naquele dia o brio ouviu a respeito dAquele que tem a gua da vida e que prometeu que, quem dela bebesse, nunca mais teria sede. Ficou profundamente emocionado e mais tarde se chegou ao Salvador.

    6. Apeguemo-nos ao Ponto Central Ao chegar ao fim a entrevista de nosso Senhor com a

    mulher samaritana, notamos dois princpios finais que se aplicam ao nosso testemunho verbal:

    Nossos pais adoravam neste monte; vs, entretanto,

    dizeis que em Jerusalm o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalm adorareis o Pai. . . Mas vem a hora, e j chegou, quando os verdadeiros adoradores adoraro o Pai em esprito e em verdade; porque so estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus esprito; e importa que os seus adoradores o adorem em esprito e em verdade. Eu sei, respondeu a mulher, que h de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier nos anunciar todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo.

    Nosso Senhor no permitiu que assuntos de importncia

    secundria O desviassem da questo central. A mulher perguntou se o lugar de culto era o Monte Gerizim ou em Jerusalm, mas Jesus fez retroceder a conversa, focalizando-a de novo em Sua pessoa e assim transferiu a nfase de onde adorar para como adorar. Se bem que a pergunta da mulher fosse provavelmente razovel (sua atitude era semelhante de muita gente hoje que honestamente indaga: "De que igreja devo

  • fazer parte?"), nosso Senhor recusou sair-se pela tangente; no deixou dvidas quanto ao ponto central: Ele mesmo.

    7. Confrontemo-nos com Ele Diretamente E, por fim, declarando ser o Messias, nosso Senhor feriu

    o ponto crucial do evangelho. Da mesma maneira, quer seja uma quer mais de uma as nossas gestes por construirmos uma ponte de amizade entre ns, devemos afinal cruzar esta ponte e trazer os no-crentes a uma confrontao direta com o Senhor Jesus, de sorte que eles sintam sua responsabilidade pessoal de decidir-se a favor, ou contra Ele.

    Inicialmente as pessoas a quem damos nosso testemunho colocam-se numa dentre duas categorias. O primeiro grupo constitudo dos que tm falta da necessria informao sobre Jesus Cristo. Mesmo se quisessem tornar-se crentes, no sabe-riam como. Diante de tais pessoas devemos ficar de sobreaviso, primeiro, para descobrir os mal entendidos e as lacunas no que elas sabem e, segundo, para aproveitar cada oportunidade de explicar mais os fatos necessrios.

    Os do segundo grupo j tm informao sobre o evangelho, mas no tomaram ainda atitude em face da mesma. O ferir repetido das mesmas cordas e o socar continuado das mesmas informaes em s