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PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E ARQUEOLÓGICO Os estudos arqueológicos, realizados para o processo de licenciamento ambiental do Porto de Santos (Regularização Ambiental), apontam a presença de um patrimônio arqueológico, histórico, cultural e paisagístico positivo para a área abrangida pelo Programa de Regularização Ambiental do Porto de Santos. Este quadro já era esperado, considerando o rico contexto de ocupações humanas que se desenvolveu na área, ao longo do tempo, desde o período pré-colonial até os dias atuais. Os levantamentos arqueológicos resultaram no cadastro de sítios arqueológicos e de bens de referência histórico/cultural. Por outro lado, a área apresenta também um rico patrimônio histórico e cultural, envolvendo diferentes manifestações tradicionais e populares, tanto de natureza material como imaterial. Foram citados, por exemplo, 218 bens de patrimônio edificado, dos quais 166 na Área Diretamente Afetada. Os estudos diagnósticos atestam, portanto, diversas destas manifestações, e também aqui este número representa somente uma parcela do total de patrimônio histórico/cultural regional. A própria comunidade está fortemente imbuída deste patrimônio em sua forma cotidiana de viver e construir o universo que a rodeia. Portanto, a região abrangida pelo porto apresenta um patrimônio arqueológico, histórico e cultural positivo e não apenas significativo (considerando a diversidade de vestígios presentes e a sua profundidade temporal), mas também consagrado pela população local e pelos órgãos públicos envolvidos. A partir do conjunto de bens de Patrimônio Cultural cadastrados na área do Porto Organizado de Santos, foi elaborado um “Zoneamento Cultural de Áreas de Sensibilidade”, o qual indicou áreas de maior ou menor potencialidade e significância, tendo como critério: A presença de Patrimônio Cultural já conhecido (sítios arqueológicos já cadastrados, bens histórico-culturais conhecidos); A potencialidade ambiental das áreas em apresentar outros itens de Patrimônio Cultural, ainda não cadastrados (áreas com alto potencial em conter sítios arqueológicos do tipo sambaqui, por exemplo). Este zoneamento indicou a presença de 25 áreas, sendo 14 em ambiente terrestre e 11 em ambiente aquático, sendo classificadas de acordo a graduação de sensibilidade, apresentada nas figuras a seguir.

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Page 1: PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E ARQUEOLÓGICO · PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E ARQUEOLÓGICO Os estudos arqueológicos, realizados para o processo de licenciamento ambiental

PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E ARQUEOLÓGICO

Os estudos arqueológicos, realizados para o processo de licenciamento ambiental do Porto de Santos (Regularização Ambiental), apontam a presença de um patrimônio arqueológico, histórico, cultural e paisagístico positivo para a área abrangida pelo Programa de Regularização Ambiental do Porto de Santos. Este quadro já era esperado, considerando o rico contexto de ocupações humanas que se desenvolveu na área, ao longo do tempo, desde o período pré-colonial até os dias atuais.

Os levantamentos arqueológicos resultaram no cadastro de sítios arqueológicos e de bens de referência histórico/cultural. Por outro lado, a área apresenta também um rico patrimônio histórico e cultural, envolvendo diferentes manifestações tradicionais e populares, tanto de natureza material como imaterial. Foram citados, por exemplo, 218 bens de patrimônio edificado, dos quais 166 na Área Diretamente Afetada. Os estudos diagnósticos atestam, portanto, diversas destas manifestações, e também aqui este número representa somente uma parcela do total de patrimônio histórico/cultural regional. A própria comunidade está fortemente imbuída deste patrimônio em sua forma cotidiana de viver e construir o universo que a rodeia.

Portanto, a região abrangida pelo porto apresenta um patrimônio arqueológico, histórico e cultural positivo e não apenas significativo (considerando a diversidade de vestígios presentes e a sua profundidade temporal), mas também consagrado pela população local e pelos órgãos públicos envolvidos.

A partir do conjunto de bens de Patrimônio Cultural cadastrados na área do Porto Organizado de Santos, foi elaborado um “Zoneamento Cultural de Áreas de Sensibilidade”, o qual indicou áreas de maior ou menor potencialidade e significância, tendo como critério:

• A presença de Patrimônio Cultural já conhecido (sítios arqueológicos já cadastrados, bens histórico-culturais conhecidos);

• A potencialidade ambiental das áreas em apresentar outros itens de Patrimônio Cultural, ainda não cadastrados (áreas com alto potencial em conter sítios arqueológicos do tipo sambaqui, por exemplo).

Este zoneamento indicou a presença de 25 áreas, sendo 14 em ambiente terrestre e 11 em ambiente aquático, sendo classificadas de acordo a graduação de sensibilidade, apresentada nas figuras a seguir.

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Figura 1 - Zoneamento Cultural de Áreas de Sensibilidades em ambiente terrestre.

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Figura 2 - Zoneamento Cultural de Áreas de Sensibilidades em ambiente subaquático.

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Os critérios utilizados para cada uma destas categorias, considerando as situações de ambiente terrestre e ambiente aquático são apresentados no texto que segue.

Ambiente terrestre

Áreas intactas ou praticamente intactas do ponto de vista natural e humano, sem transformações antrópicas recentes, contendo pelo menos quatro das seguintes constantes: trechos de cursos de rios ou nascentes de água potável, trechos de vias de comunicação flúvio-marinha, paleo-margens, praias, áreas de terreno seco com inclinações até 10%, terraços fluviais, fontes de matéria-prima, fontes que propiciam a existência de alimento abundante (através de caça, pesca, recoleção, domesticação animal e vegetal), solos com maior capacidade de cultivo, lajedos ou costões rochosos, áreas naturais naturalmente abrigadas ou defendidas; áreas com pelo menos 3 sítios arqueológicos cadastrados; núcleos urbanos históricos com nível de preservação elevado ou bom, sem transformações antrópicas recentes, mantendo a traça de ruas e edifícios; bens edificados isolados de caráter singular e conservação excepcional.

Ambiente aquático

Áreas intactas ou praticamente intactas do ponto de vista natural e humano, sem transformações antrópicas recentes, contendo pelo menos três das seguintes constantes: proximidade de dispositivos defensivos coloniais (diâmetro de 500 metros), áreas de remansos, trechos com afloramentos rochosos submarinos, trechos com bancos de areia, trechos sinuosos ou estreitos, áreas de correnteza que dificulte a navegação, áreas de confluência de rios. Ou ainda, áreas com pelo menos 2 sítios arqueológicos subaquáticos cadastrados.

Alta sensibilidade

Ambiente terrestre

Áreas com um bom nível de preservação do ponto de vista natural e humano, com poucas transformações antrópicas recentes, contendo pelo menos três das seguintes constantes: trechos de cursos de rios ou nascentes de água potável, trechos de vias de comunicação flúvio-marinha, paleo-margens, praias, áreas de terreno seco com inclinações até 10%, terraços fluviais, fontes de matéria-prima, fontes que propiciam a existência de alimento abundante (através de caça, pesca, recoleção, domesticação animal e vegetal), solos com maior capacidade de cultivo, lajedos ou costões rochosos, áreas naturais naturalmente abrigadas ou defendidas; áreas com pelo menos 2

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sítios arqueológicos cadastrados; núcleos urbanos históricos com nível de preservação médio, com algumas transformações antrópicas recentes, mantendo a traça de boa parte dos edifícios; núcleos rurais históricos com nível de preservação elevado a médio, sem transformações antrópicas recentes; bens edificados isolados de caráter singular e conservação boa a má.

Ambiente aquático

Áreas com um bom nível de preservação do ponto de vista natural e humano, com poucas transformações antrópicas recentes (sem dragagens históricas), contendo pelo menos duas das seguintes constantes: proximidade de dispositivos defensivos coloniais (diâmetro de 500 metros), áreas de remansos, trechos com afloramentos rochosos submarinos, trechos com bancos de areia, trechos sinuosos ou estreitos, áreas de correnteza que dificulte a navegação, áreas de confluência de rios. Ou ainda, áreas com pelo menos 1 sítio arqueológico subaquático cadastrado.

Média sensibilidade

Ambiente terrestre

Áreas com um razoável nível de preservação do ponto de vista natural e humano, com transformações antrópicas recentes, contendo pelo menos duas das seguintes constantes: trechos de cursos de rios ou nascentes de água potável, trechos de vias de comunicação flúvio-marinha, paleo-margens, praias, áreas de terreno seco com inclinações até 10%, terraços fluviais, fontes de matéria-prima, fontes que propiciam a existência de alimento abundante (através de caça, pesca, recoleção, domesticação animal e vegetal), solos com maior capacidade de cultivo, lajedos ou costões rochosos, áreas naturais naturalmente abrigadas ou defendidas; áreas com pelo menos 1 sítio arqueológico cadastrado; núcleos urbanos históricos com nível de preservação mau, com abundantes transformações antrópicas recentes, mantendo a traça de alguns dos edifícios; núcleos rurais históricos com nível de preservação mau, com transformações antrópicas recentes; bens edificados isolados não sendo exemplar único e conservação boa a má.

Ambiente aquático

Áreas com um razoável nível de preservação do ponto de vista natural e humano, com transformações antrópicas recentes (áreas junto a cais, dragagens pouco profundas), contendo pelo menos uma das seguintes constantes: proximidade de dispositivos defensivos coloniais (diâmetro de 500 metros), áreas de remansos, trechos com afloramentos rochosos submarinos, trechos com

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bancos de areia, trechos sinuosos ou estreitos, áreas de correnteza que dificulte a navegação, áreas de confluência de rios.

Baixa sensibilidade

Ambiente terrestre

Áreas com nível de preservação degradado do ponto de vista natural e humano, com abundantes transformações antrópicas recentes, contendo pelo menos uma das seguintes constantes: trechos de cursos de rios ou nascentes de água potável, trechos de vias de comunicação flúvio-marinha, paleo-margens, praias, áreas de terreno seco com inclinações até 10%, terraços fluviais, fontes de matéria-prima, fontes que propiciam a existência de alimento abundante (através de caça, pesca, recoleção, domesticação animal e vegetal), solos com maior capacidade de cultivo, lajedos ou costões rochosos, áreas naturais naturalmente abrigadas ou defendidas; áreas sem sítios arqueológicos cadastrados; núcleos urbanos históricos com nível de preservação mau, com abundantes transformações antrópicas recentes; núcleos rurais históricos com nível de preservação mau, alterados em relação à traça; bens edificados isolados não sendo exemplar único e conservação má.

Ambiente aquático

Áreas com nível de preservação degradado do ponto de vista natural e humano, com abundantes transformações antrópicas recentes (áreas junto a cais, dragagens profundas), sem nenhuma das seguintes constantes: proximidade de dispositivos defensivos coloniais (diâmetro de 500 metros), áreas de remansos, trechos com afloramentos rochosos submarinos, trechos com bancos de areia, trechos sinuosos ou estreitos, áreas de correnteza que dificulte a navegação, áreas de confluência de rios.