patrimônio cultural militar da cidade de ponta grossa - pr

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS BIANCA DE ANDRADE THIAGO ALBERTO COLODA PATRIMÔNIO CULTURAL MILITAR DA CIDADE DE PONTA GROSSA-PR PONTA GROSSA 2012

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A presente pesquisa possui como principal objetivo verificar se o exército de Ponta Grossa pode ser caracterizado como um patrimônio cultural, tendo como base as instalações militares da cidade de Ponta Grossa (PR), que compõe a estrutura militar nacional desde o início do século passado. O estudo embasa-se em analises bibliográficas que abordam a geografia cultural, memória social, patrimônio cultural e a história e representatividade do exercito nacional. Em seguida, é feito um levantamento sobre os patrimônios militares presentes em Ponta Grossa, tantos os tangíveis quanto os intangíveis. Depois disso, busca-se uma verificação acerca do reconhecimento do patrimônio cultural por parte da população através de entrevistas semi-estruturadas, procurando identificar assim, qual a representatividade do patrimônio para essas pessoas.

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Page 1: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSASETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

BIANCA DE ANDRADETHIAGO ALBERTO COLODA

PATRIMÔNIO CULTURAL MILITAR DA CIDADE DE PONTA GROSSA-PR

PONTA GROSSA2012

Page 2: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

BIANCA DE ANDRADETHIAGO ALBERTO COLODA

PATRIMÔNIO CULTURAL MILITAR DA CIDADE DE PONTA GROSSA-PR

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a aprovação na disciplina de OTCC da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Orientador: Prof. Dr. Leonel Brizolla Monastirsky.

PONTA GROSSA2012

Page 3: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSASETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIASCURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO ÉTICO

Eu, Bianca de Andrade, RA: 091030302, RG: 11.073.679-7, asseguro que o Trabalho

de Conclusão de Curso foi por mim elaborado e portanto, responsabilizo-me pelo

texto escrito que apresenta os resultados de minha pesquisa cientifica.

Atesto que todo e qualquer texto, que não seja de minha autoria, transcrito em sua

integra ou parafraseado de outros documentos estejam eles publicados ou não,

estão devidamente referenciados conforme reza a boa conduta ética, o respeito aos

direitos autorais e a propriedade intelectual.

Tenho conhecimento de que os textos transcritos na integra de outras fontes, devem

apontar a autoria, o ano da obra, a pagina de onde foi extraído e ainda apresentar a

marcação de tal transcrição, conforme as regras da ABNT. No caso de paráfrase, o

trecho deve vir com a referência de autoria e ano da obra utilizada.

Além disso, declaro ter sido informado pelos responsáveis do Curso de Licenciatura

em Geografia das leis que regulam os direitos autorais e das penalidades a serem

aplicadas em caso de infração, conforme constam na LEI 10.695 de julho de 2003.

Sendo assim, declaro que estou ciente de que, caso infrinja as disposições que

constam na Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, serei responsabilizado

juridicamente pelos meus atos e terei que arcar com qualquer prejuízo moral e

financeiro deles decorrentes.

Ponta Grossa, _____ de ___________________ de 20____.

______________________________________

Assinatura do Acadêmico

Page 4: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSASETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIASCURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO ÉTICO

Eu, Thiago Alberto Coloda, RA: 091032602, RG: 9.538.598-2, asseguro que o

Trabalho de Conclusão de Curso foi por mim elaborado e portanto, responsabilizo-

me pelo texto escrito que apresenta os resultados de minha pesquisa cientifica.

Atesto que todo e qualquer texto, que não seja de minha autoria, transcrito em sua

integra ou parafraseado de outros documentos estejam eles publicados ou não,

estão devidamente referenciados conforme reza a boa conduta ética, o respeito aos

direitos autorais e a propriedade intelectual.

Tenho conhecimento de que os textos transcritos na integra de outras fontes, devem

apontar a autoria, o ano da obra, a pagina de onde foi extraído e ainda apresentar a

marcação de tal transcrição, conforme as regras da ABNT. No caso de paráfrase, o

trecho deve vir com a referência de autoria e ano da obra utilizada.

Além disso, declaro ter sido informado pelos responsáveis do Curso de Licenciatura

em Geografia das leis que regulam os direitos autorais e das penalidades a serem

aplicadas em caso de infração, conforme constam na LEI 10.695 de julho de 2003.

Sendo assim, declaro que estou ciente de que, caso infrinja as disposições que

constam na Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, serei responsabilizado

juridicamente pelos meus atos e terei que arcar com qualquer prejuízo moral e

financeiro deles decorrentes.

Ponta Grossa, _____ de ___________________ de 20____.

______________________________________

Assinatura do Acadêmico

Page 5: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

Dedicamos esse trabalho aos nossos familiares:

Familiares do Thiago:

Carlos Alberto Coloda (pai), Clair da Aparecida Ferreira Coloda (Mãe) e Eduarda

Aparecida Coloda (irmã);

Familiares da Bianca:

Albini Marques Sebastião de Andrade (pai), Cirlene Menon de Andrade (mãe) e

Cíntia Menon de Andrade (irmã).

Page 6: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

AGRADECIMENTOS

Eu Bianca agradeço:

Ao Prof. Dr. Leonel Brizolla Monastirsky por ter aceitado nos orientar nesse projeto e

pelos ensinamentos repassados durante essa caminhada.

Ao Prof. Dr. Luis Alexandre Cunha por nos ter iniciado nessa carreira científica.

A Prof.ª Drª. Carla Silvia Pimentel.

A Profª. Drª. Ione da Silva Jovino

Ao Prof. Esp. Luiz André Sartori

A Profª Drª. Ligia Cassol Pinto

Ao Prof. Dr. Marcio José Ornat.

Page 7: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

AGRADECIMENTOS

Eu Thiago:

Primeiramente um agradecimento especial ao Prof. Dr. Luiz A. G. Cunha por ter-me

concedido a oportunidade de adentrar às pesquisas oferecendo uma primeira

oportunidade ainda em meu primeiro ano de graduação, o que permitiu conhecer

melhor os saberes da geografia econômica;

Gostaria de agradecer ao Prof. Dr. Edu Silvestre de Albuquerque pela grande

contribuição em minha formação profissional, oportunizando-me de conhecer um

pouco mais a fundo a geopolítica, ramo que tenho imenso apreço e que expandiu

meus horizontes científicos;

Imensamente grato também ao Prof. Dr. Leonel Brizolla Monastirsky que aceitou a

proposta da orientação do trabalho final de minha formação profissional e,

possibilitou conhecer com mais detalhes a geografia cultural, ramo que hoje venero

nesta ciência chamada Geografia;

Aos demais professores: Profª. Drª. Carla Silvia Pimentel (PIBID), Profª. Drª. Ione da

Silva Jovino (EXTENSÃO), Prof. Dr. Márcio José Ornat (GRADUAÇÃO), Profª. Drª.

Maria Lígia Cassol Pinto (GRADUAÇÃO), Profª. Drª. Lígia Couto (EXTENSÃO) e

Prof. Esp. Luiz André Sartori (GRADUAÇÃO), que de um modo bastante especial

tornaram esses quatro anos de graduação muito especiais e, enriqueceram minha

formação de maneira muito efetiva, meu sincero obrigado a todos!

Page 8: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

RESUMO

A presente pesquisa possui como principal objetivo verificar se o exército de Ponta Grossa pode ser caracterizado como um patrimônio cultural, tendo como base as instalações militares da cidade de Ponta Grossa (PR), que compõe a estrutura militar nacional desde o início do século passado. O estudo embasa-se em analises bibliográficas que abordam a geografia cultural, memória social, patrimônio cultural e a história e representatividade do exercito nacional. Em seguida, é feito um levantamento sobre os patrimônios militares presentes em Ponta Grossa, tantos os tangíveis quanto os intangíveis. Depois disso, busca-se uma verificação acerca do reconhecimento do patrimônio cultural por parte da população através de entrevistas semi-estruturadas, procurando identificar assim, qual a representatividade do patrimônio para essas pessoas.

Palavras-chaves: Patrimônio, Sociedade, Memória.

Page 9: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Distribuição dos quartéis militares do exército em Ponta Grossa-PR......................................................26

FOTOGRAFIA 1 – Comando da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada..........................28

FOTOGRAFIA 2 – Praça Marechal Floriano Peixoto …............................................29

FOTOGRAFIA 3 – Praça Duque de Caxias................................................................30

FIGURA 2 – Vila Coronel Cláudio e Núcleo 31 de Março...............................32

FOTOGRAFIA 4 – Colégio Estadual General Osório................................................33

FIGURA 3 – Distribuição das ruas de Ponta Grossa com homenagem ao exército..............................................................37

FIGURA 4 – Presença do exército na área central de Ponta Grossa...............39

FOTOGRAFIA 5 – Veículo Blindado de Transporte Pessoal M113...........................40

FOTOGRAFIA 6 – Desfile 7 de Setembro em Ponta Grossa....................................42

FOTOGRAFIA 7 – 13° Batalhão de Infantaria Blindado.............................................46

FOTOGRAFIA 8 – Praça do Expedicionário em Ponta Grossa (PR)........................47

FOTOGRAFIA 9 – Equipamento Básico Militar.........................................................48

FOTOGRAFIA 10 – Aquartelamento do Bairro de Oficinas........................................49

GRÁFICO 1 – Gênero dos Entrevistados...................................................................58

GRÁFICO 2 – Faixa Etária dos Entrevistados............................................................59

GRÁFICO 3 – Escolaridade dos Entrevistados..........................................................59

GRÁFICO 4 – Classe Social dos Entrevistados.........................................................60

FOTOGRAFIA 11 – Placa da Praça Duque de Caxias...............................................66

FOTOGRAFIA 12 – Praça Duque de Caxias Destruída.............................................67

FOTOGRAFIA 13 – Praça do Expedicionário ao Pôr do Sol......................................68

FOTOGRAFIA 14 – Placa da Praça do Expedicionário..............................................69

Page 10: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

FOTOGRAFIA 15 – Praça do Expedicionário sem bancos para sentar-se................70

Page 11: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Nomenclatura das Ruas e Bairros..........................................................35

Page 12: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

LISTA DE SIGLAS

DL Divisão de Levantamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

PE Policia do Exército

ONU Organização das Nações Unidas

QG Quartel General

RCC Regimento de Carros de Combate

RI Regimento de Infantaria

TFM Treinamento Físico Militar

VBTP Viatura Blindada de Transporte Pessoal

UNESCO Organização das Nações Unidas Para

a Educação, a Ciência e a Cultura

13 BIB 13° Batalhão de Infantaria Blindado

Page 13: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................VI

LISTA DE ILUSTRAÇÕES.........................................................................................VII

LISTA DE TABELAS.................................................................................................VIII

LISTA DE SIGLAS......................................................................................................IX

INTRODUÇÃO...........................................................................................................13

1 PATRIMÔNIO CULTURAL, PATRIMÔNIO CULTURAL MILITAR E A MEMÓRIA SOCIAL......................................................................................................................15

1.1 Os conceitos de Patrimônio Cultural Militar e Memória Coletiva..........................15

2 O COMPLEXO MILITAR DO EXÉRCITO EM PONTA GROSSA (PR)............................................................................................................................21

2.1 O Contexto militar de Ponta Grossa (PR)............................................................21

2.2 O Complexo Militar de Ponta Grossa (PR)..........................................................24

3 O PATRIMÔNIO CULTURAL MILITAR DE PONTA GROSSA (PR).............................................................................................................................43

3.1 O Patrimônio Militar Material de Ponta Grossa (PR)............................................43

3.2 O Patrimônio Militar Imaterial de Ponta Grossa (PR)...........................................50

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................52

REFERÊNCIAS..........................................................................................................55

ANEXO I – Entrevista Semi Estruturada................................................................57

ANEXO II – Fotografias............................................................................................65

Page 14: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

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INTRODUÇÃO

A preocupação com o patrimônio cultural de uma sociedade nas mais

diversas instâncias se faz importante para preservar suas memórias, histórias e, sua

identidade. O patrimônio cultural seja ele material ou imaterial é o registro existente

que comprova a importância desta cultura. Claval (1995) argumenta que os

costumes, os conhecimentos, as práticas, adquiridos durante a vida das pessoas e,

recebidos também como herança de seus antepassados é o que constitui sua

cultura.

Ponta Grossa (PR) é um município de médio porte, está entre as principais

cidades paranaenses e, pertence as chamadas cidades que compõem o Paraná

Tradicional (CUNHA, 2003). Com quase dois séculos desde sua instauração, sofreu

diversas modificações, tanto culturais, quanto econômicas e políticas. Há quase cem

anos abriga em seus limites territoriais o Exército Brasileiro, hoje, possui diversos

aquartelamentos e, existe um projeto militar para a ampliação no número destes

(SOUZA JUNIOR, 2010). Anualmente centenas de jovens de varias cidades

pertencentes a denominada região dos Campos Gerais 1 prestam o serviço militar

obrigatório em Ponta Grossa (PR). Existe reconhecimento da sociedade

pontagrossense em relação a instituição militar do Brasil. Ao adentrarem no Exército,

estas pessoas tem a sua cotidianidade alterada, passam a se reunir com outros que

seguem os mesmos códigos, se alimentam, se vestem, se comportam, possuem

horários e ritmos praticamente iguais, o que facilita na construção de laços afetivos

de amizades que se prolongam muitas vezes pela vida toda (Claval, 1995, p.109).

Nesse sentido, existiria um patrimônio cultural militar em Ponta Grossa (PR)?

Deste modo, a pesquisa ao aprofundar-se nas questões que compreendem

os elementos que podem constituir um patrimônio cultural militar, lançou alguns

questionamentos. Qual a representatividade dos militares ao longo da história em

Ponta Grossa (PR)? Quais os elementos que constituem o Complexo Militar de

Ponta Grossa (PR)? E por fim, qual a importância para a sociedade em ter o Exército

dentro da espacialidade de seu município?

Para responder a estas questões, realizou-se a pesquisa em três

etapas distintas, no primeiro capítulo, de cunho exclusivamente teórico, buscou-se

encontrar definições do que é patrimônio cultural, tanto o material quanto o intangível

1 Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais. Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2012.

Page 15: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

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e, reconhecê-lo no Complexo Militar de Ponta Grossa (PR). No capítulo seguinte,

fez-se uma pesquisa por toda a espacialidade pontagrossense em busca dos

principais elementos que constituem o Complexo Militar do município, considerando

as materialidades dos aquartelamentos, das praças de lazer, dos logradouros, das

escolas, dos bairros, enfim, de tudo que estivesse relacionado ao militarismo. Os

próprios militares nas ruas, as festividades, etc., que compõem a imaterialidade

deste complexo também foram considerados. Por fim, o terceiro e último capítulo,

através de conversas com a população da cidade, tentou identificar qual a

representatividade que os militares possuem em Ponta Grossa (PR).

Vale ressaltar que este trabalho não tem o objetivo de exaltar Ponta Grossa

(PR) como um município exclusivo em termos de cultura militar, pois existem

diversas outras cidades que possuem um contingente mais numeroso de militares

que também constituem sua história e a simbolizam.

Por fim, acredita-se que esta pesquisa pode contribuir positivamente no

resgate da história militar brasileira, identificando seus mais distintos momentos e,

mostrando as disparidades existentes no atual modelo de Exército se comparado à

outros momentos históricos da sociedade brasileira.

Page 16: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

15

1 PATRIMÔNIO CULTURAL, PATRIMÔNIO CULTURAL MILITAR E A MEMÓRIA SOCIAL.

Com relação à representatividade do patrimônio cultural militar perante a

sociedade local, serão elencados elementos que compõem o conceito de patrimônio

cultural, com a preocupação de identificá-los na cotidianidade da sociedade e, como

se traduzem nas relações sociais dos pontagrossenses.

Desta forma, é possível analisar a representatividade do patrimônio cultural

militar por meio do reconhecimento do seu patrimônio e da memória das pessoas

que, de algum modo, reconhecem a presença da força militar nas suas vidas: seja

por sua história, por sua presença através de equipamentos militares, pelos seus

registros que identificam logradouros, escolas, bairros, etc., pelos monumentos em

homenagem à ícones militares, ou pelo simbolismo da farda dos soldados que

transitam pelas ruas no dia a dia e também em eventos comemorativos, tanto

militares quanto civis.

1.1 Os conceitos de Patrimônio Cultural Militar e Memória Coletiva.

Para melhor entender esta questão teórica, propõe-se primeiramente uma

breve descrição sobre os conceitos de patrimônio cultural e memória coletiva e

contextualizá-los com a história, com o arranjo urbano, com a cultura e com a

sociedade de Ponta Grossa (PR).

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em seu site

oficial fala sobre a complexidade do conceito de patrimônio cultural e sua diversidade

explicando que este pode tanto remeter à imóveis públicos quanto privados, sendo

considerado desde um determinado lugar ou parte de uma cidade até a paisagem de

um ambiente natural2. Sobre sua explicação o IPHAN considera dois tipos de

patrimônio cultural, sendo eles o material e o imaterial e define que:

O patrimônio material protegido pelo Iphan, com base em legislações específicas é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e móveis como coleções

2 IPHAN, 2012. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=20&sigla=PatrimonioCultural&retorno=paginaIphan>. Acesso em: 01 jun. 2012.

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arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos (IPHAN, 2012. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12297&retorno=paginaIphan>. Acesso em: 01 jun. 2012).

Em relação a classificação enquanto patrimônio imaterial, o IPHAN, dentro

da concepção da UNESCO3 de patrimônio imaterial ou intangível considera:

(…) as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural (UNESCO, 2012. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/cultural-heritage/>. Acesso em: 02 jun. 2012).

Seguindo essa perspectiva adotada pela UNESCO durante a convenção do

Patrimônio Mundial de 1972 em relação ao conceito de patrimônio cultural,

compartimentando-o em três aspectos, Barreto (2000) elenca-os:

monumentos: obras de arquitetura, escultura e pintura monumentais, elementos ou estrutura de natureza arqueológica, inscrições, cavernas e combinações destas que tenham um valor de relevância universal do ponto de vista da história, da arte ou das ciências;conjunto de edificações: conjunto de edificações separados ou conectados, os quais, por sua arquitetura, homogeneidade ou localização na paisagem, sejam de relevância universal do ponto de vista da história, da arte ou das ciências;sítios: obras feitas pelo homem ou pela natureza e pelo homem em conjunto, e áreas que incluem sítios arqueológicos que sejam de relevância universal do ponto de vista da história, da estética, da etnologia ou da antropologia (BARRETO, 2000, p.12).

Dentro desta perspectiva o Complexo Militar de Ponta Grossa (PR) se insere

de diversas formas. Enquanto patrimônio material são consideradas as edificações

militares: os quartéis, as praças, os monumentos em local público, os armamentos

expostos ao público, os próprios militares quando vestidos com seus uniformes,

entre outros.

Sobre o patrimônio intangível ou imaterial, é possível perceber os costumes

militares adquiridos por aqueles que prestaram o serviço militar, suas relações

sociais na comunidade militar e com a sociedade. Diretamente ligada às práticas

estão as expressões idiomáticas próprias dos militares, o cabelo sempre curto

(popularmente chamado de “corte de milico” ou “corte militar”), barba sempre

3 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Page 18: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

17

raspada simbolizando deste modo um perfil específico deste padrão social militar.

Este perfil pode ser identificado durante a passagem da tropa militar da guarnição de

Ponta Grossa – PR, durante a execução do desfile comemorativo à Independência

do Brasil realizado na Av. Vicente Machado todos os anos. A forma como marcham

demonstrando uma coesão unitária, ao mesmo tempo transcendendo uma

disciplinaridade, uma seriedade e, uma postura objetiva, transmitindo uma sensação

de segurança, de firmeza tipicamente característica das forças armadas do Brasil.

Corriqueiramente nas proximidades dos quartéis sempre existem militares que saem

as ruas para realização de atividades físicas – muitas vezes são grupos de soldados

que, vestidos com uniforme, circulam pelas ruas entoando cânticos (comuns da

prática militar).

Outra característica do patrimônio imaterial se refere aos conhecimentos e

técnicas adquiridos pelos militares em seu campo de trabalho, o “saber-fazer”, que

se refere a técnica de manuseio de equipamentos específicos (armas, munição,

veículos, sistema de comunicação etc); práticas pessoais de combate, tiro e

sobrevivência; a inteligência de estratégias de combate e as práticas referentes ao

território, como planejamento de ocupação, as batalhas, movimentações de tropas e

equipamentos, disposição junto a população local desse território ocupado etc.

Em Ponta Grossa – PR existem também objetos que se caracterizam como

símbolos identificados no espaço urbano civil, como as placas que indicam

logradouros públicos que homenageiam militares. Existem também denominação de

nomes de militares para instituições estatais, como escolas, institutos, bairros, como

por exemplo a Vila 31 de Março, em Ponta Grossa (PR) em inegável referência ao

Regime Militar iniciado em 1964 em todo o Brasil.

Mas para que todos estes elementos se constituam enquanto patrimônio

cultural efetivamente consolidado perante a sociedade, é preciso que essa

sociedade, atual, considere importante de alguma forma esses registros históricos

que ocupam uma porção do espaço (LEPETIT, 2001). Desta forma, é necessário que

estes componentes, seja o quartel, a praça, o desfile militar enquanto prática cultural,

sejam referências para a sociedade. Essa referência enquanto elemento cultural

deve ir além de sua utilidade funcional, isto é, além de seu objetivo próprio, por

exemplo, o quartel existe com o intuito social de preparar uma porção da sociedade

para que esta defenda a nação. Tendo assim o propósito da segurança nacional,

contudo, muitas vezes se torna uma referência para algumas pessoas não apenas

Page 19: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

18

por conta da segurança. As pessoas se recordam seja do quartel, ou de qualquer

outro lugar militar pela sua vivência, pela sua relação tanto com as pessoas daquele

lugar, quanto com o próprio lugar, criando assim laços de afetividade.

Sobre a memória Lepetit (2001, p.149) afirma que:

O território é essencialmente uma memória, e seu conteúdo é todo constituído de formas passadas – isto é, de algumas dentre elas das quais só subsiste o que pode ser compreendido pela sociedade que, em cada época, trabalha em seus quadros (LEPETIT, 2001, p. 149).

Dessa forma, todos os espaços que direta ou indiretamente se relacionam

de algum modo com o militarismo se constituem enquanto espaço de memória sobre

aquela cultura. E, o presente se relacionando e se reatualizando nas espacialidades

por meio da continuação das relações sociais praticadas hoje que são embasadas

em uma lógica sociocultural anterior, que deixou traços, é o que da sentido ao

presente (LEPETIT, 2001). Isso acontece quando um grupo de pessoas se identifica

com uma determinada cultura, construindo expressões que mais tarde simbolizarão

a importância que aquela vivência lhes proporcionou. Tanto importante serão as

lembranças boas quanto as ruins, pois ambas deixam traços na memória dessas

pessoas. Isso é definido por Lepetit (2001, p.149): “(...) a memória coletiva apóia-se

em imagens espaciais; por outro lado, desenhando sua forma no solo, os grupos

sociais definem seu quadro espacial, nele inserindo suas lembranças”.

Outro fator que se insere na questão da memória se refere a afetividade das

pessoas, algo que está intrinsecamente ligada a importância de uma edificação, local

ou monumento. A memória trabalhando juntamente com a história permite que se

tenha uma maior apreensão do todo que envolve aquilo que importa para a

sociedade. Enquanto a história descreve e representa o passado, a memória:

(...) por seus laços afetivos e de pertencimento, (…) se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto. (…) A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, neste sentido, em permanente evolução, aberta a dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulneráveis a todos os usos e manipulações, susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações (MONASTIRSKY, 2009, p.326).

Desta forma a presença das edificações militares em Ponta Grossa (PR),

enquanto uma imagem espacial, permite a sociedade local recordar-se de momentos

Page 20: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

19

significativos para sua história. Os ex-militares que participaram diretamente das

operações descritas no início deste capítulo, ao se recordarem de alguns desses

momentos, mesmo depois de muito tempo, ainda se identificam com o grupo de

militares. Isso se deve a um certo pertencimento que se desenvolveu nessas

pessoas em relação ao exército. As pessoas ligadas aos ex-militares, sejam

parentes ou amigos, também passam por interferências indiretas da cultura militar

em seu dia a dia, esses traços compõem suas lembranças.

Além das operações militares objetivas a curto tempo, citou-se no início do

trabalho uma em destaque, que se refere a um momento histórico de mais de duas

décadas da história do Brasil, que foi a conhecida ditadura militar. Neste caso, as

recordações não se restringem apenas àquelas pessoas ligadas diretamente ao ciclo

do exército, mas também a toda a sociedade em termos de legislação e execução

social, pois afeta diretamente toda a lógica de vida da sociedade brasileira. As

proibições, as mudanças legislativas, uma ditadura política, as repressões

ideológicas, a não-democracia, todos esses fatores compõe marcos na história e na

memória dos brasileiros de um modo geral. O status que o militar possuía devido ao

seu poder político durante a regência do regime militar configura recordações de um

momento importante na trajetória do Brasil e de Ponta Grossa (PR) também, devido

a existência deste Complexo Militar no município.

Por outro lado, têm-se as ações militares de auxílio social junto a populações

com diversas necessidades, tanto por necessidade de auxílio infraestrutural em

escala nacional e internacional, como o caso de auxílio ao Haiti em 2010 após a

destruição causada pelo terremoto, em 2011 o exército enviou mais de 400 militares

para auxiliar o estado de Roraima que sofreu diversos estragos causados por

chuvas.

Todos esses fatores contribuem naquilo que Monastirsky (2009) chama de

“deformações sucessivas”, isso altera os olhares daqueles que viveram tempos

diferentes numa sociedade que se altera constantemente. E o exército ou o

militarismo são importantes para a sociedade, pois mesmo entidades que não

correspondem diretamente aos militares também carregam um pouco de seus

traços, independente de serem ou não rugosidades (SANTOS, 1978). Diversas

escolas em Ponta Grossa (PR) possuem nomes referenciados à militares, praças,

ruas, bairros, todo esse arsenal de elementos que também faz parte da história

dessa sociedade local, concomitantemente participa da sua cultura, refletindo-se

Page 21: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

20

enquanto espaços de lazer e úteis na atualidade mas, que precisam de alguma

forma, manter sua simbologia original. Enaltecendo nos dias atuais sua importância

na memória dos mais velhos, no aprendizado dos mais novos e, na identificação

social de ambos.

Page 22: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

21

2 O COMPLEXO MILITAR DO EXÉRCITO EM PONTA GROSSA (PR)

Inicialmente se pretende fazer menção ao contexto militar em Ponta Grossa

(PR), identificando as relações entre os militares e a sociedade civil princesina

durante momentos sociais e políticos significativos ocorridos no século XX.

Enaltecendo alguns momentos históricos em que o militarismo deixou traços na

história e na memória dessas pessoas. Em seguida, trata-se da apresentação do

Complexo Militar de Ponta Grossa (PR) propriamente, identificando seus elementos

constituintes, sua distribuição espacial e, sua densidade no município.

2.1 O contexto militar de Ponta Grossa (PR)

O município de Ponta Grossa (PR) que remonta raízes desde 1823 e passou

por um processo de intenso crescimento demográfico durante o século XX, conta

com uma população estimada em 314.518 habitantes em 2011 (IBGE 4 – DPE, 2012).

Em função da histórica posição geográfica estratégica no estado do Paraná e na

região sul do Brasil: faixa de ocupação inicial do estado, corredor de exportações,

entroncamento rodoferroviário, implantação de agroindústria, a cidade também têm

implantada no seu município significativa estrutura militar que atende aos interesses

nacionais do Cone Sul.

Um dos principais quartéis do município é o 13° Batalhão de Infantaria

Blindado (13 BIB) também conhecido nos círculos militares como Batalhão Tristão de

Alencar Araripe, popularmente chamado por “Treze” e, regionalmente é reconhecido

como a “Sentinela dos Campos Gerais”. Esse quartel consolidou-se oficialmente em

1923, na Av. General Carlos Cavalcanti, número 2179 e, participou ativamente em

diversos momentos sócio históricos do Brasil (FRIZANCO; SOARES JUNIOR;

MAYER, 2009) interferindo diretamente no cotidiano dos pontagrossenses. Entre as

diversas participações do 13 BIB em atuações militares significativas destacam-se: a

revolução de 1930, a Segunda Guerra Mundial, a participação do Brasil como

integrante das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1957 e,

o Regime Político Militar do Brasil iniciado em 1964.

Em relação a Revolução de 1930 diversos estados brasileiros estiveram

4 Site oficial do IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 15 mai. 2012.

Page 23: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

22

envolvidos, entre eles o Paraná que apoiava o sul rio-grandense Getúlio Vargas para

presidência da república, o 13 BIB participou desta revolta desde o seu início,

segundo Frizanco e Mayer (2011, p.87):

As informações que comprovam a eficiente participação da Unidade são resultado de consulta pelos autores aos documentos tais como relatórios de combate, boletins internos da Unidade, boletins especiais elaborados em campanha no período considerado, no período de outubro a novembro de 1930 (FRIZANCO; MAYER. 2011, p.87).

Na Segunda Guerra Mundial existiu também uma mobilização por parte da

unidade militar de Ponta Grossa (PR), o “Treze” ainda denominado 13° Regimento

de Infantaria (RI) e atuou:

Em 3 de outubro de 1944, segue para a Força Expedicionária Brasileira, um contingente de 336 homens do 13° RI, formado por Sargentos, Cabos e Soldados. A participação dos paranaenses na Força Expedicionária Brasileira foi importante e vem sendo reverenciada até hoje. No pátio atual de formaturas do 13° BIB, há uma placa comemorativa que reverencia todos os militares do antigo 13° RI que foram combater na Itália (FRIZANCO; MAYER, 2011, p.29).

Outro marco deixado na história de Ponta Grossa (PR) foi a participação de

aproximadamente 80 militares da guarnição do município, no contingente brasileiro

que compôs a força de paz da ONU em 1957 na cidade de Gaza (FRIZANCO;

SOARES JUNIOR; MAYER, 2009). Isso acarreta algumas interferências no cotidiano

de alguns pontagrossenses, por serem entes queridos destes militares, essas

pessoas por vezes estariam atentas aos noticiários, seja pela curiosidade do conflito

mas, principalmente por saber que seu primo, irmão ou marido, está arriscando sua

vida em missões militares.

Por fim, destaca-se também a atuação dos militares pontagrossenses junto

ao regime político militar iniciado em 1964 em todo o Brasil. O 1° Batalhão do 13° RI

foi enviado para a cidade de Lages (SC) para apoiar o movimento revolucionário.

Como o Paraná encontrava-se numa posição estratégica entre as tropas do Rio

Grande do Sul e o Sudeste do país, o estado recebeu a função de permanecer em

prontidão, uma vez que servia como barreira para o avanço dos gaúchos

(FRIZANCO; MAYER, 2011, p.31).

Outra unidade militar bastante antiga na cidade de Ponta Grossa (PR)

Page 24: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

23

atualmente é o Esquadrão de Comando da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (Esqd

Cmd 5ª Bda C Bld), fundado em 1946 com a denominação de 2ª Divisão de

Levantamento da Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DALCIN, 2007, p.22)

facilmente lembrada na memória dos cidadãos de Ponta Grossa (PR) como a “2ª

DL”. Tinha a função de efetuar levantamentos geodésicos e topográficos para o

município e região, entre outros trabalhos cartográficos de relevante importância

social. Muitos destes trabalhos serviram de base para pesquisas científicas de cunho

geológico, geomorfológico e geográfico, pois foi essa unidade uma das pioneiras no

mapeamento do município. Mudou-se para Brasília na década de 1980 e, a unidade

militar que assumiu seu lugar sofreu diversas alterações até chegar ao formato atual.

Hoje esta unidade tem a função militar de fazer a defesa do Quartel General

presente no município e, anualmente incorpora dezenas de jovens para prestarem o

serviço militar obrigatório.

A presença militar em Ponta Grossa remonta raízes quase seculares, as

mobilizações das tropas pontagrossenses ocorreram diversas vezes em momento

diferentes mas, sempre com o mesmo objetivo, serviços de ordem militares

nacionais. A sociedade de Ponta Grossa – PR, se desenvolveu e evoluiu tendo o

Exército presente durante praticamente todo o século XX, deixando traços na

memórias de muitas pessoas. De certa forma um sentimento de pertencimento

cultiva-se nessa trajetória, hoje muitos pontagrossenses olham para o que o Exército

representa para eles. Os mais velhos relembram um passado com muitos aspectos,

alguns políticos como a Ditadura Militar, mas outros sociais, como a formação cidadã

exercida anualmente no serviço militar obrigatório, hoje muito mais preocupada com

os direitos humanos. As participações militares nas festividades locais, em

programas sociais como a campanha de vacinação. Os mais jovens veem muitas

vezes o Exército como uma primeira oportunidade de emprego, o primeiro salário por

seus serviços, o Exército atualmente oferece cursos de formação profissional

gratuitos durante a vigência do serviço obrigatório, isso possibilita oportunidades

profissionais a quem muitas vezes não pode pagar por um curso. De um modo geral

também, as pessoas olham para o Exército e a sensação de pertencimento, de

patriotismo mistura-se com o sentimento de orgulho, de dedicação, de disciplina, que

ao longo da história de Ponta Grossa (PR), vão se enraizando cada vez mais nas

lembranças dessas pessoas. Enfim, o Exército esteve presente na história dos

pontagrossenses de maneira bastante ativa desde a década de 1920 até hoje.

Page 25: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

24

2.2 O Complexo Militar de Ponta Grossa (PR)

Sobre o Complexo Militar em Ponta Grossa (PR), realizou-se um

levantamento dos símbolos que se referem ao exército e que estão distribuídos pela

área urbana do município. Considerou-se as ruas, as praças, as escolas, os

militares, os bairros, os quartéis, enfim, todas as possíveis simbologias que possam

ser percebidas e que fazem alusão ao exército seja pela sua nomenclatura, formato

ou função.

Atualmente Ponta Grossa conta com seis organizações militares: o 13°

Batalhão de Infantaria Blindado e o Esquadrão de Apoio (presente desde 1923), o

Esquadrão de Comando da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada e o 25° Pelotão de

Polícia do Exército (desde 1946), o Comando da 5ª Brigada ou como é conhecido, o

Q.G. (Quartel General) e, o 3° Regimento de Carros de Combate (desde 2008).

Estas edificações militares estão distribuídas em lugares diferentes do município, o

primeiro se encontra no bairro de Uvaranas, o segundo e o terceiro se localizam no

bairro de Oficinas, o quarto situa-se no centro da cidade e, o quinto se encontra na

vila Santa Terezinha. O 25° Pelotão de Polícia do Exército e o Esquadrão de

Comando da Brigada estão no mesmo espaço físico de aquartelamento, entretanto,

constituem duas unidades militares diferentes, o mesmo caso é a existência do

Esquadrão de Apoio dentro do 13 BIB.

Não existe um quartel na parte mais ao norte do município como ilustra a

figura a seguir, entretanto, é sabido que o objetivo militar para Ponta Grossa (PR), é

a construção completa da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada. A constituição desta

Brigada Militar extrapola os limites fronteiriços do município, isto é, existem

aquartelamentos que estão presentes em outras cidades, à exemplo o 20° Batalhão

de Infantaria Blindado que localiza-se em Curitiba, contudo é subordinado ao Q.G.

De Ponta Grossa.

Não é objetivo do trabalho a discussão das estratégias militares para a

região, entretanto é de bom alvitre descrever alguns fatos que interferem diretamente

no dia a dia dos cidadãos princesinos. Não existe atualmente, um outro

aquartelamento que os militares pretendem edificar em Ponta Grossa (PR), será a 5ª

Bateria de Artilharia Antiaérea (SOUZA JUNIOR, 2010), o que mobilizaria ainda mais

a população todos os anos, pois o efetivo militar que se incorpora para prestação do

serviço obrigatório que anualmente fica próximo de mil, superaria este número

Page 26: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

25

facilmente. Souza Junior (2010, p.58) indica algumas razões que explicam a escolha

de Ponta Grossa (PR) como município à abrigar a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada,

ele afirma que:

A 5ª Bda C Bld e a 6ª Bda Inf Bld constituem a reserva estratégica da Força Terrestre, (...) estas brigadas possuem como ambiente operacional prioritário, regiões pouco movimentadas, com ampla capacidade de observação e campos de tiro profundos (…).

O objetivo estratégico militar de brigadas como a que se encontra em Ponta

Grossa (PR) se refere ao que: (...) se constituirão nas forças de emprego estratégico, desdobradas de tal forma que, em face de uma ameaça externa e após uma resposta imediata pelas forças de cobertura estratégica, seguida de uma reação ampliada pelas Forças de Ação Rápida Estratégicas (FAR Estrt), obtenham no mais curto prazo uma superioridade decisiva para a solução do conflito (SOUZA JUNIOR, 2010, p.93-94).

Desta forma, a brigada de Ponta Grossa (PR) tem uma função de reforço

militar, o que por meio de seu efetivo de soldados e de equipamentos bélicos

fortificaria as demais forças militares na região. Como dito anteriormente, esta cidade

se encontra numa região de campos e, a BR-376, um dos principais trechos

rodoviários do Paraná, passa pela cidade. Facilitando deste modo, a locomoção dos

blindados que sairiam de Ponta Grossa (PR) e iriam prestar apoio e reforço em um

potencial conflito de guerra.

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FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS QUARTÉIS MILITARES DO EXÉRCITO EM PONTA GROSSA (PR).

FONTE: Base Cartográfica do Google (2012);Org.: COLODA, T. A. (2012).

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27

Ao longo da faixa horizontal leste-oeste de Ponta Grossa percebe-se que a

disposição do Q.G., do 13 BIB e do 3° RCC, dão forma a um cinturão militar,

enquanto que o Esquadrão de Comando/25° Pelotão PE se localiza na porção

meridional do município. Especificamente sobre o pelotão de Polícia do Exército, as

funções praticadas por essa unidade atualmente são: guardar a casa do General da

Brigada, fazem rondas visando observar o comportamento dos recrutas durante seu

serviço militar no período que estão fora do aquartelamento, preocupando-se sempre

com a boa imagem que se reflete do Exército para a sociedade.

Além dos quartéis militares, existem praças na cidade que fazem referências

ao militarismo como forma de homenagear o Exército. Em destaque duas praças que

se localizam na área central de Ponta Grossa (PR): a praça Marechal Floriano

Peixoto (fotografia 2) e, a praça Duque de Caxias (fotografia 3). A primeira está de

frente para o Quartel General da guarnição local, ilustrado na fotografia 1, e compõe

também a frente da Catedral da cidade.

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FOTOGRAFIA 1 – COMANDO DA 5ª BRIGADA DE CAVALARIA BLINDADA

Fonte: COLODA, T. A. 2012.

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FOTOGRAFIA 2 – PRAÇA MARECHAL FLORIANO PEIXOTO

Fonte: COLODA, T.A. 2012.

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30

FOTOGRAFIA 3 – PRAÇA DUQUE DE CAXIAS

Fonte: COLODA, T.A. 2012.

Page 32: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

31

Com relação aos bairros, Ponta Grossa possui duas vilas com nomes que

fazem alusão ao exército. Ambas se encontram na área central da zona urbana do

município. A primeira é a vila Coronel Cláudio, além da vila, a outra vila é o núcleo

habitacional 31 de Março, nome que corresponde a data de início da ditadura militar.

As áreas correspondentes das vilas estão localizadas na figura 2.

Outro símbolo que se refere ao exército de Ponta Grossa são as instituições

escolares que carregam em seus nomes homenagens a figuras importantes do

militarismo. O Colégio Estadual General Osório (fotografia 4), localizado no bairro de

Uvaranas, recebeu essa denominação em homenagem ao General Manoel Luis

Osório, patrono da arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, e o fato do colégio estar

próximo ao 13 BIB, fez com que diversos alunos que frequentavam a escola fossem

filhos dos próprios militares, além dos soldados que prestavam seus serviços

naquela unidade militar também estudassem nesta instituição (PARANÁ, 2012) .

Outros exemplos de colégios e escolas que homenageiam o militarismo são o

Colégio Estadual General Antônio Sampaio, Escola Municipal Coronel Cláudio

Gonçalves Guimarães, Escola Municipal Major Manoel V. Bittencourt.

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FIGURA 2 – VILA CORONEL CLÁUDIO E NÚCLEO 31 DE MARÇO

Fonte: Base Cartográfica do Google e Wikimapia. 2012.Org.: COLODA, T. A. 2012.

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FOTOGRAFIA 4 – COLÉGIO ESTADUAL GENERAL OSÓRIO

FONTE: Secretaria Estadual de Educação, 2012.

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34

A nomenclatura das ruas de Ponta Grossa também é um dos símbolos que

fazem referencia aos militares. O número de ruas com nomes de militares das mais

variadas patentes, desde Cabos até Marechais na cidade ultrapassa de quarenta,

como pode ser visto na tabela 1. Isso demonstra a importância social do exército

para as autoridades municipais.

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TABELA 1 – NOMENCLATURA DAS RUAS E BAIRROS

Fonte: Base Cartográfica do Google e Empresa de Correios e Telégrafos. Org.: ANDRADE, B.; COLODA, T. A. 2012.

Nome da Rua BairroRua General Carneiro CentroRua Coronel Theodoro Rosas CentroRua Coronel Bittencourt CentroRua Marechal Deodoro CentroRua Coronel Francisco Ribas CentroRua Coronel Solano CentroRua Coronel Catão Monclaro CentroRua Tenente Pinto Duarte CentroRua Coronel Dulcídio CentroRua Tenente Hinon Silva CentroRua Coronel Claudio CentroRua General Osorio CentroRua Marechal Hermes RondaRua Marechal Borman RondaRua Capitão Pedro Afonso RondaRua General Barbedo Colonia Dona LuizaRua General Ramon Colonia Dona LuizaRua Coronel Vivida OficinasRua Marechal Mallet OficinasRua General Argolo OficinasRua Capitão Goes de Moraes OficinasRua General Polidoro OficinasRua Major Alceu Teixeira Pinto Vila EstrelaRua Capitão Benedito Lopes Bragança Vila EstrelaRua Major Gabriel Mena Barreta Vila EstrelaRua Tenente Sady UvaranasRua Tenente Nicoluzzi UvaranasAvenida General Carlos Cavalcanti UvaranasRua Tenente Gubert UvaranasRua Coronel Camisão UvaranasRua Coronel Leopoldo Alves Almeida UvaranasRua Coronel Fabricio Vieira UvaranasRua General Dácio UvaranasRua Major Nabuo Oba UvaranasRua General Barros Falcão Boa VistaRua Coronel Alcebíades Miranda Boa VistaRua General Candido Rondon Nova RussiaRua Major Sólon Nova RussiaRua General João Ferreira de Oliveira ÓrfãsRua Major Manoel Grott ÓrfãsRua Capitão Júlio Perneta Jardim Carvalho

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A distribuição não ocorre de forma linear no perímetro do município se

considerados os bairros de Ponta Grossa. Algumas áreas apresentam maior

quantidade de ruas que sugerem homenagens ao exército ou a um militar específico,

em relação a outras áreas, como é o caso do Centro da cidade (figura 3). A parte

central de Ponta Grossa é mais antiga que as demais, desta forma esteve já

consolidada muito antes da ditadura militar iniciada em 1964, deste modo, a

influência do exército antecede este período em relação as homenagens prestadas a

esta força armada. Bairros mais jovens praticamente não possuem símbolos com

alusão militar, isso evidencia a diferente forma que se encara o exército na

atualidade, diferente daquela exercida décadas atrás.

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FIGURA 3 – DISTRIBUIÇÃO DAS RUAS DE PONTA GROSSA COM HOMENAGEM AO EXÉRCITO

Fonte: Base Cartográfica do Google e ECT, 2012.Org.: ANDRADE, B.; COLODA, T. A. 2012.

Page 39: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

38

A presença dos militares no cotidiano das pessoas acontece de forma

bastante intensa e despercebida em Ponta Grossa à décadas. Isso ocorre na região

central do município, área mais antiga da cidade e, que concentra o Quartel General

da Guarnição da cidade com seu general de Brigada, tendo em sua frente disposta a

praça Marechal Floriano Peixoto, e nos arredores diversas ruas com nomes de

militares (figura 4). Tudo isso fazendo alusão a importância dessa força armada

nacional para a história da sociedade brasileira.

Além dos próprios quartéis, das praças, das escolas, das ruas e das vilas

com indicativos da presença do Exército em Ponta Grossa (PR), existe o elemento

atual da pratica militarista, a presença de militares nas ruas realizando atividades

físicas, fato bastante comum aos arredores dos quartéis, em vias públicas, seja para

mobilização para realização de atividades de campo, seja para treinamento físico

militar, conhecido como TFM entre os militares. Essa presença de soldados em

lugares públicos durante seu expediente constitui a presença do Exército na

composição da paisagem de Ponta Grossa. Além disso, as próprias armas bélicas

constituem um importante símbolo que representa esta força armada para o Brasil.

Durante o ano são realizadas atividades internas nos quartéis locais onde estes

atuam conjuntamente ou isoladamente, entretanto, mobilizam-se esporadicamente

os popularmente chamados “tanques de guerra” ou as chamadas VBTP (Viatura

Blindada de Transporte Pessoal) conhecido oficialmente como M-113 nos círculos

militares (fotografia 5). Quando estas viaturas transitam em vias públicas, chamam a

atenção das pessoas, fazendo com que entrem em contato quase que direto com a

realidade do soldado que todos os dias se depara em seu aquartelamento com

essas máquinas.

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39

FIGURA 4 – PRESENÇA DO EXÉRCITO NA ÁREA CENTRAL DE PONTA GROSSA

Fonte: Base Cartográfica do Google e ECT.Org.: ANDRADE, B. COLODA, T. A. 2012.

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FOTOGRAFIA 5 – VEÍCULO BLINDADO DE TRANSPORTE PESSOAL M113

Fonte: Disponível em: <http://www.military-today.com/apc/m113.htm>. Acesso em: 11 Set. 2012.

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41

Uma das datas comemorativas mais importantes para a sociedade é o dia da

Independência do Brasil, comemorado em 7 de Setembro (fotografia 6). Os militares

do município de Ponta Grossa sempre estão presentes nos desfiles. No caso de

Ponta Grossa, o desfile é realizado em parceria entre a Prefeitura Municipal e a 5ª

Brigada De Cavalaria Blindada (Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, 2012). No

desfile do ano 2012, o que chamou a atenção foi o “tanque de guerra” do exército,

como pode ser visto na fotografia 5.

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FOTOGRAFIA 6 – DESFILE 7 DE SETEMBRO EM PONTA GROSSA

Fonte: Blog William Batista, 2012.5

5 Disponível em: <http://williambatistajornalismo.blogspot.com.br/2012/09/desfile-de-7-de-setembro-em-ponta.html>. Acesso em: 10 Set. 2012

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3 O PATRIMÔNIO CULTURAL MILITAR DE PONTA GROSSA (PR).

Como visto anteriormente, diversos elementos pertencentes a história do

Exército em Ponta Grossa (PR) constituem o Complexo Militar do município. A

simples existência destes lugares, seu gerenciamento pelo poder público, conota a

importância social dos militares nesta cidade. Nesta última parte do trabalho,

verificou-se junto a comunidade pontagrossense por meio de entrevistas semi

estruturadas, qual relevância o Exército tem para a sociedade local e, se constituem

um patrimônio além de militar, também cultural.

O patrimônio cultural material pode ser compreendido segundo Monastirsky

(2006, p.108): “(...) por excelência, qualquer forma material que constitua um suporte

físico de expressão cultural.” Deste modo, foram considerados como parte do

patrimônio material militar de Ponta Grossa (PR), as praças, os diversos

logradouros, os bustos, as escolas, os bairros, as edificações que, de algum modo

sempre se referiam seja com o objetivo de homenagear ou retificar alguma alusão ao

Exército Brasileiro.

Com relação ao patrimônio cultural imaterial, a partir da segunda metade do

século XX, houve uma evolução na forma de se pensar o conceito de patrimônio

cultural, extrapolando a materialidade dos objetos tidos como patrimônio (FEITOZA,

2006). A partir de 2000, por meio de um decreto federal, é que se oficializa no Brasil

o reconhecimento aos patrimônios imateriais/intangíveis (BRASIL, 2000). Segundo

Gomes (2008, p.1284): “(...) o patrimônio cultural imaterial é composto pelas

principais referências culturais de um grupo e só terá continuidade enquanto lhe for

atribuído sentido por parte dessas pessoas - sujeitos de seu patrimônio.” Assim as

festividades, os costumes específicos dos militares, suas práticas, compõe a

imaterialidade cultural.

3.1 O Patrimônio Militar Material de Ponta Grossa (PR)

O Exército está presente neste município desde 1923, mostrando a já então

preocupação dos militares com a defesa da região sul brasileira. As diversas

missões militares em que o 13 BIB (fotografia 6) esteve atuante no decurso da

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história até os dias atuais fortaleceu o estreitamento entre as relações das

sociedades civil e militar. Durante conversas com a população pontagrossense, foi

possível perceber, independente de fatores como: idade, grau de instrução, classe

social, gênero, local de residência, que o 13 BIB era resposta presente em grande

parte da conversa. Chamado de “saudoso” por aqueles, mais jovens, que lá

cumpriram seu dever patriota do serviço obrigatório, reconhecido pelos mais velhos

como um elemento que caracteriza a presença do Exército em Ponta Grossa (PR). E

por ambos, tido como um símbolo do Exército Brasileiro em sua cidade.

Entre os elementos que constituem o patrimônio cultural material para as

pessoas, se destacaram o 13 BIB (fotografia 7), as praças Duque de Caxias e do

Expedicionário (fotografia 8). São elementos que representam simbolicamente

através de sua materialidade o Exército para as pessoas, no caso do 13 BIB e dos

quartéis de um modo geral, são preservados constantemente devido ao seu uso

ativo, a sua necessária funcionalidade em termos de defesa nacional. Com relação

às praças, percebe-se que existe pouca preocupação com sua preservação, pois

não recebe a manutenção devida e acaba servindo como local de abrigo para

mendigos, também se torna local de encontro de grupos diversos para consumo de

produtos ilícitos. Apesar dos pontos negativos, ainda assim é visível através das

respostas que a população relaciona frequentemente às praças com os militares.

Entre os elementos do Exército que chamam a atenção dos

pontagrossenses estão seus equipamentos bélicos, sejam seus carros blindados ou

os armamentos individuais (fotografia 9), estes equipamentos caracterizam o perfil

do militar. Corriqueiramente, soldados saem as ruas desenvolver atividades físicas,

seja para correr, para se alongar, ou no caso de militares com idade avançada,

simplesmente caminhar. Independente disso, sua presença configura-se pela

organização para realizar esta atividade, pois correm uniformemente, todo juntos,

respeitando um mesmo ritmo, o ritmo da tropa. Neste momento não trajam a habitual

farda de combate, mas vestem o uniforme de atividades físicas militar, composto por

tênis preto, meias brancas, calção verde oliva, camiseta regata também branca com

seu nome de guerra estampado no peito. O tempo todo chamam a atenção por onde

passam, entoando cânticos próprios dos militares, todos executam as passadas

durante a corrida simultaneamente, respeitam o brado do comandante que entoa

fortemente de momentos em momentos entre os cânticos os termos: “(...) esquerda,

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45

direita, esquerda (...)”, desta forma consegue manter a coesão nos passos de seus

soldados. O modo como estão dispostos, e as vestes que usam facilmente foram

lembradas nas conversas sempre que os entrevistados falavam dos equipamentos

se recordavam das vestimentas militares.

Entre as pessoas mais velhas, apesar de seu desconhecimento sobre como

acontece o desenvolvimento do Exército no Brasil, suas diretrizes, objetivos etc.,

muitas pessoas lembravam da antiga 2ª Divisão de Levantamento. Para alguns que

não residem nas proximidades do bairro de Oficinas, este aquartelamento talvez já

nem existisse mais, é verdade que hoje é um outro quartel, o Esqd de Cmdo e o 25º

Pel de PE (fotografia 10), com estrutura e objetivos militares diferentes que se

localiza onde estava a 2ª DL. Porém, o espaço físico ainda permanece e, a

importância que aquela divisão de levantamento possuía, permanece como um

símbolo da história militar de Ponta Grossa (PR). Pouco lembradas, mas, presentes

na constituição militar estão as ruas e avenidas que possuem nome de militares.

Outro aspecto importante identificado nas entrevistas se remete a

proximidade entre o Exército de Ponta Grossa (PR) e, os cidadãos do município. A

maior parte das pessoas possui algum familiar que prestou o serviço militar

obrigatório ou conhece alguém que serviu, esta é uma informação de grande valia,

pois indica, em certa medida, o envolvimento da instituição militar no cotidiano da

sociedade local.

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FOTOGRAFIA 7 – 13° BATALHÃO DE INFANTARIA BLINDADO

Fonte: Disponível em: <http://files.myopera.com/alejandrocastillo/albums/5819422/13%20BIB%20CCAP.jpg>. Acesso em: 25 Set. 2012.

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FOTOGRAFIA 8 – PRAÇA DO EXPEDICIONÁRIO EM PONTA GROSSA (PR).

Fonte: COLODA, T.A. 2012.

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FOTOGRAFIA 9 – EQUIPAMENTO BÁSICO MILITAR

Boina Preta Coturno

Fardamento

Fonte: Maria Chapéu – Boina Preta. Disponível em: <http://www.mariachapeu.com.br/160-461-thickbox/boina-militar.jpg>. Acesso em: 29 Set. 2012.

Mercado Livre – Coturno Militar. Disponível em: <http://bimg1.mlstatic.com/promoco-de-botascoturnos-militar-masculino-e-feminino_MLB-F-218957610_3608.jpg>. Acesso em: 29 Set. 2012.

Que Barato – Farda Militar. Disponível em: <http://images.quebarato.com.br/T440x/oliva+artigos+militares+farda+exercito+tres+coracoes+mg+brasil__1E4192_1.jpg>. Acesso em: 29 Set. 2012.

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FOTOGRAFIA 10 – AQUARTELAMENTO NO BAIRRO DE OFICINAS

Fonte: Aquartelamento no bairro de Oficinas. Disponível em: <http://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/21979479.jpg>. Acesso em: 03 Out. 2012.

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50

Desta forma, ao se identificar todos esses elementos materiais do patrimônio

militar em Ponta Grossa (PR), pode-se afirmar a existência de um patrimônio cultural

militar material presente no município, e que se consolida por ser relevante para a

atual sociedade. Além deste, outros elementos que constituem o patrimônio cultural

militar material da cidade, identificados durante a pesquisa estão elencadas no

ANEXO 2, fotografias: 11, 12, 13, 14 e 15.

3.2 O Patrimônio Militar Imaterial de Ponta Grossa (PR).

Transcendendo os limites da materialidade dos objetos, edificações e

monumentos, está o patrimônio intangível, aquele que se presencia na memória de

uma sociedade. Segundo Costa e Castro (2008, p.127) o patrimônio imaterial pode

ser:

(...) definido como um conjunto de práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades reconhecem como parte integrante de sua cultura, tendo como uma de suas principais características o fato de tradicionalmente ser transmitido de geração a geração, gerando sentimento de identidade e continuidade em grupos populacionais. (COSTA; CASTRO, 2008, p.127).

Enquanto cultura imaterial militar, esta se consolida em Ponta Grossa (PR)

através das festividades onde existe a presença dos militares que representam e

expressam suas especificidades. Isso é reconhecido pela sociedade pontagrossense

como parte integrante da sua cultura, pois entre os entrevistados quando

questionados sobre se existe importância ou não de se preservar o Exército local,

houve quase uma unanimidade dizendo que sim. As razões eram diversas, sendo a

segurança a mais citada, alguns acreditam que atrai investimentos, outros falam da

importância estratégica que está intimamente ligada com a segurança e, outros

falam que o exército é importante para a juventude local, isso demonstra a ideologia

transmitida pelos militares. Durante os dias sete e quinze de setembro, anualmente

ocorrem duas celebrações, a primeira importante para toda a sociedade brasileira

pois faz referencia a independência do Brasil, a segunda mais especificamente para

a pontagrossense uma vez que faz menção ao aniversário de Ponta Grossa (PR).

Contudo, em ambas existe a presença dos militares, facilmente recordada pelas

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51

pessoas durante as entrevistas, pois foi o que mais se lembraram quando

questionados sobre o que lhes chamava a atenção no desfile de sete de setembro.

Além disso, durante as conversas, ao serem questionados sobre onde percebem a

presença do Exército no município, resposta praticamente presente por quase todas

as pessoas era o desfile. Pouco visto dessa forma mas, para alguns o desfile chega

a ser considerado um símbolo dos militares locais atualmente. Outra festividade

menos lembrada foram as antigas festas juninas que se realizavam no 13 BIB. Desta

forma, o patrimônio imaterial militar existe para as pessoas, a presença dos soldados

durante os desfiles extrapola as limitações materiais, é verdade que eles estão lá

todos os anos, contudo, no dia seguinte ao desfile a avenida Vicente Machado torna-

se novamente um lugar de comércio. Mas, as lembranças do desfile da tropa da

guarnição pontagrossense permanecem muito presentes e, se renovam anualmente

na memória social das pessoas, que se recordam facilmente dos homens fardados

mostrando toda sua coesão unitária e força enquanto desfilam.

Outro elemento que constitui a cultura imaterial dos militares se refere ao

seu conjunto de práticas que são passados de geração em geração com o passar

das décadas. Neste caso está o saber fazer militar, ou seja, seus aprendizados e

atividades específicas como: manuseio de armas de fogo, noções de combate em

campo de batalha, atividades físicas constantes, operacionalização de veículos

militares, desenvolvimento de uma ideologia coletiva e, a disciplina. De todos estes

exemplos, o último foi muito lembrado pelos pontagrossense em diversos momentos

das conversas realizadas. É a primeira coisa que a grande maioria das pessoas se

recordam quando se fala no tema “Exército”. Quando perguntados de um modo

geral, o que mais chama a atenção no Exército, aparecem dois elementos que

transcendem a materialidade, sendo a organização e a disciplina, ambos constituem

práticas específicas do ser militar.

Enfim, a existência deste acervo de elementos constituintes da cultura militar

imaterial mostra a existência de um patrimônio efetivamente consolidado em Ponta

Grossa (PR).

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52

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados deste trabalho mostraram que existe representatividade do

Exército Brasileiro perante a sociedade pontagrossense. Independente de se ter

prestado o serviço militar ou não, o reconhecimento de que o Exército compõe parte

da cultura de Ponta Grossa (PR) se constatou no discurso dos entrevistados (Anexo

1). Isso também constitui o que Claval (1995) denomina como a institucionalização

de um lugar, a exemplo o bairro de Uvaranas, que por possuir o 13 BIB, a vila militar,

entre outros elementos, acaba por espacializar sua presença.

Um dos elementos imateriais deste patrimônio são os desfiles comemorativos,

onde a tropa militar se destaca, sendo referencia nessas datas de festividades que

marcam um tempo da vida coletiva cívica dos brasileiros (CLAVAL, 1995). Outra

imaterialidade do patrimônio militar se refere a seu método particular de disciplina,

lembrado por parte dos entrevistados como um símbolo do Exército, inspirando

confiança e a certeza de que esta instituição atualmente tem importância para o

Brasil. Atualmente esta instituição transcende um pouco a barreira funcional de

defesa nacional, estando presente em: pacificações em lugares muito violentos, por

exemplo os “morros” da cidade do Rio de Janeiro; campanhas de vacinação;

recuperação de áreas alagas, como aconteceu em regiões do estado de Santa

Catarina e; como assistencialista em ações internacionais, o caso do Haiti bastante

falado na mídia. Isso demonstra que o Exército assume hoje um papel social muito

mais complexo que àquele realizado décadas anteriores. Mas, enquanto órgão

público ainda se encontra bastante longe da sociedade brasileira, uma maior

proximidade poderia sugerir uma ruptura com a visão perversa deixada pelo regime

militar em meados do século XX e que ainda estão presentes, de certa forma, na

sociedade. Uma maior proximidade do Exército com a sociedade permitiria o

rompimento com uma visão equivocada que se faz a respeito dos militares de que

estes devem policiar o espaço civil. O recrutamento anual de jovens se deve ao

objetivo simples de defesa nacional, onde passam por um treinamento básico de

como agir em situação de guerra entre nações. Desta forma, seu propósito se

banaliza quando esta instituição passa a agir em conflito civil, fenômeno de

responsabilidade das chamadas forças auxiliares, no caso polícia civil, polícia militar

ou batalhões especiais treinados para este fim.

Este distanciamento entre a instituição Exército e, de um modo geral as forças

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53

armadas nacionais, em relação a sociedade brasileira acaba contribuindo para

aumentar a distância entre as relações civil militares. Se houvesse uma maior

proximidade das forças armadas e a sociedade civil, a cultura poderia se beneficiar

de diversas formas. O Exército com toda sua estrutura esportiva poderia sediar jogos

em diversas escalas, poderia dar suporte em eventos culturais municipais, realizar

maratonas, aproximar suas atividades internas, caso das olimpíadas militares, com a

população local. Tudo isso estreitaria os laços entre militares e civis e certamente

construiria uma nova ótica civil em relação ao Exército hoje, destituindo àquela

herdada do regime iniciado em trinta e um de março de 1964.

A sensação da presença militar facilmente reconhecida nos bairros de

Uvaranas e Oficinas, e também nas praças públicas que agem como espaços de

memória pelas pessoas que vivenciaram parte de sua vida como militar ou civil. Para

alguns, visitar a praça do Expedicionário é motivo de orgulho, ali estão diversos

nomes de então militares da guarnição local que estiveram em ação à quase meio

século atrás. O sentimento que se destaca nos momentos em que as pessoas

recordam-se de momentos marcantes em sua vida, algumas vezes exaltam uma

sensação de orgulho e pertencimento, o que foi visível naquelas pessoas que

possuem uma afinidade com a instituição militar brasileira. Isso pôde ser identificado

várias vezes durante as entrevistas em algumas pessoas que ao perceberem que o

tema seria o Exército, passam a transmitir uma alegria em sua entonação vocal, o

olhar demonstra uma alegria que inicialmente não era perceptível.

Pela existência de muitos elementos visíveis na paisagem de Ponta Grossa

(PR) que se referem ao Exército, somado a sua história no município que é quase

secular, buscou-se verificar se existe consolidadamente um patrimônio cultural militar

para as pessoas. Apesar da existência do Complexo Militar que envolve desde

diversos aquartelamentos, logradouros, escolas, bairros, praças, enfim, inúmeros

fatores que proporcionam a existência deste patrimônio, buscou-se junto a

sociedade identificar como esta o reconhece. Diversos elementos identificados na

pesquisa de campo foram mencionados nas entrevistas, o que sugere a confirmação

da importância sociocultural destes lugares. O que muitas vezes não se preserva,

como pode ser observado nas fotografias 11 e 14 do anexo 2.

A riqueza de elementos que caracterizam o Complexo Militar de Ponta Grossa

(PR) foi fundamental para a comprovação de que existem muitos monumentos e

símbolos que retratam a presença desta cultura. O militarismo está presente tanto

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nos monumentos e símbolos anteriormente citados, quanto na memória das pessoas

que vivem na cidade como pode ser demonstrado nas entrevistas dos cidadãos,

demonstrando cientificamente que existe um patrimônio cultural militar. Este

patrimônio precisa ser preservado para a população, pois pertence a sociedade

pontagrossense, faz parte da construção de sua história e identidade municipal.

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55

BIBLIOGRAFIA E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS (REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS)

BARRETTO, M. Turismo e Legado Cultural. Campinas: Papirus, 2000.

BATISTA, W. Desfile de 7 de setembro em Ponta Grossa tem bom público . Disponível em: <http://williambatistajornalismo.blogspot.com.br/2012/09/desfile-de-7-de-setembro-em-ponta.html>. Acesso em: 10 set. 2012.

BRASIL. Decreto n° 3551, de 4 de agosto de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3551.htm>. Acesso em: 10 set. 2012.

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Page 57: Patrimônio Cultural Militar da Cidade de Ponta Grossa - PR

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Universidade Estadual de Ponta Grossa. Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais. Disponível em: <http://www.uepg.br/dicion/campos_gerais.htm>. Acesso em: 11 out. 2012.

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ANEXO I – Entrevista Semi Estruturada

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EntrevistasNumero de entrevistados: 31Equipamento: Caderno de campo com o tópico guia.Locais: Diversos bairros de Ponta Grossa (PR).

GRÁFICO 1 – Gênero dos Entrevistados

Fonte: ANDRADE, B.; COLODA, T. A. 2012.

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GRÁFICO 2 – Faixa Etária dos Entrevistados

Fonte: ANDRADE, B. COLODA, T. A. 2012.

GRÁFICO 3 – Escolaridade dos Entrevistados

Fonte: COLODA, T. A., ANDRADE, B. 2012.

Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior0

5

10

15

20

25

N° de Entrevistados

20-35 36-50 51 ou mais0

2

4

6

8

10

12

14

Numero de entrevistados

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GRÁFICO 4 – Classe Social dos Entrevistados

Fonte: COLODA, T. A. ANDRADE, B. 2012.

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Tópico Guia1- O que mais lhe chama atenção dos desfiles comemorativos de 7 de setembro na Av. Vicente Machado?2- Qual a primeira coisa que você lembra quando se fala em exército?3- Alguma pessoa de sua família prestou serviço militar?4- Qual a importância para a cidade ter o exercito presente?5- O que mais lhe chama a atenção no exército?6- a)Em relação ao exercito pontagrossense, acha que houve mudanças nas suas características nas ultimas décadas?

b)Você o considera um dos símbolos de Ponta Grossa?7- Como e/ou onde você percebe a presença do exercito/militarismo em Ponta Grossa?8- Você conhece a historia do exercito de Ponta Grossa?9- Você considera importante a preservação da história, dos equipamentos e estruturas militares?10- Quais símbolos/monumentos do exército você conhece em Ponta Grossa?

Síntese das respostas transcritas(*) citadas com alguma frequência(**) citadas com muita frequência

1- O que mais lhe chama atenção dos desfiles comemorativos de 7 de setembro na Av. Vicente Machado?Exército (**);Nada atrai (*);Desfile Geral (*);Banda;Colégios (*);Polícia;Perca de valores;Interdição a avenida;Crianças;Independência;Cavalos.

2- Qual a primeira coisa que você lembra quando se fala em exército?Disciplina (**);Defesa (**);Tanque de guerra (*);Regime militar (*);Organização (*);Nada (*);Apreensão;Nação;Farda;Guerra;Desprezo;13° BIB;Integridade;

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Sonho de ser militar;Desfile;Não cumpre obrigações;Militares.

3- Alguma pessoa de sua família prestou serviço militar?Sim (**);Não (*).

4- Qual a importância para a cidade ter o exercito presente?Segurança (**);Atrai investimentos (*);Importância para a juventude (*);Nenhuma (*);Importância Estratégica (*);Importância Geral (*);Civismo;Importância histórica;Destaque Regional;Soberania;Emprego;Preparo pessoal;Inspira confiança.

5- O que mais lhe chama a atenção no exército?Organização (**);Disciplina (**);Equipamentos (**);Autoridade (*);Imponência (*);Hierarquia (*);Soldados no desfile;História;Tropa;Desperdício de dinheiro;Estrutura;Futebol dentro do aquartelamento;Convivência coletiva;Importância para os jovens;Faxina.

6- a)Em relação ao exercito pontagrossense, acha que houve mudanças nas suas características nas ultimas décadas? Houve mudanças (**)

Justificativas citadas:− Atualmente o Exército é mais flexível;− O Exército da cidade mudou com a chegada do 3° RCC;− Atualmente o tempo de serviço militar obrigatório é menor;− O Exército evoluiu juntamente com o avanço das tecnologias;− Atualmente não existe na cidade a antiga 2ª D.L. (Divisão de

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Levantamento);− Não existem mais as festas juninas do 13° BIB.

Não houve mudanças (**).

b)Você o considera um dos símbolos de Ponta Grossa?Sim (**);Não (*);Sem resposta (*).

7- Como e/ou onde você percebe a presença do exercito/militarismo em Ponta Grossa?Desfiles (**);Quartéis (**);Bairro de Uvaranas e vila Santa Teresinha (*);Bairro de Uvaranas (*);Soldados nas ruas (*);Sem visibilidade (*);Ações Sociais (*);Veículos militares (*);Praça Duque de Caxias;Nomes de ruas e avenidas;Cidade toda;Bairros de Uvaranas e Oficinas;Sem resposta;Nos esportes;Nos deslocamentos para treinamentos;Próximo a minha casa;Na história das pessoas;Na farda.

8- Você conhece a historia do exercito de Ponta Grossa?Sim (*);Superficialmente/Pouco (*);Não (**).

9- Você considera importante a preservação da história, dos equipamentos e estruturas militares?Sim (**);Não.

10- Quais símbolos/monumentos do exército você conhece em Ponta Grossa?13° BIB (**);Praça Duque de Caxias (**);Veículos militares blindados (**);Praça do Expedicionário (**);Quartel General (*);Quartéis (*);Praças em geral (*);

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Sem resposta (*);Carro de combate blindado em frente ao 13° BIB (*);Tristão de Araripe;Armas Cruzadas;Desfile;Presença e ordem do Exército;Carro de combate blindado no quartel do bairro de Oficinas;Bandeira;Colégio General Sampaio;Brasão;Praça das Armas;Ruas com nomes de militares;Escolas com nomes de militares;Busto do Tiradentes;Monumento dos pracinhas no bairro da Ronda.

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ANEXO II – Fotografias

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FOTOGRAFIA 11 – PLACA DA PRAÇA DUQUE DE CAXIAS

Fonte: COLODA, T.A. 2012.

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FOTOGRAFIA 12 – PRAÇA DUQUE DE CAXIAS DESTRUÍDA

Fonte: COLODA, T.A. 2012.

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FOTOGRAFIA 13 – PRAÇA DO EXPEDICIONÁRIO AO PÔR DO SOL

Fonte: COLODA, T.A. 2012.

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FOTOGRAFIA 14 – PLACA DA PRAÇA DO EXPEDICIONÁRIO

Fonte: COLODA, T.A. 2012.

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FOTOGRAFIA 15 – PRAÇA DO EXPEDICIONÁRIO SEM BANCOS PARA SENTAR-SE

Fonte: COLODA, T.A. 2012.