patrimonializando a serra

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V Reunião Equatorial de Antropologia e XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste. 04 a 07 de agosto de 2013, Fortaleza-CE. Grupo de Trabalho: Etnoarqueologia,Tecnologia, Interpretatividade do Registro Arqueológico e Patrimônio Cultural. Subindo a Serra da Barriga entre tombamento e monumento - (1980 a 1988)Autora: Ana Carolina Lourenço Santos da Silva (UERJ) Email: [email protected]

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patrimonio e cultura

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  • V Reunio Equatorial de Antropologia e XIII

    Reunio de Antroplogos do Norte e

    Nordeste.

    04 a 07 de agosto de 2013, Fortaleza-CE.

    Grupo de Trabalho:

    Etnoarqueologia,Tecnologia, Interpretatividade do Registro

    Arqueolgico e Patrimnio Cultural.

    Subindo a Serra da Barriga entre tombamento e

    monumento - (1980 a 1988)

    Autora: Ana Carolina Loureno Santos da Silva (UERJ) Email: [email protected]

  • 1. Quilombos e Patrimnio Nacional: Primeiras Articulaes

    O MURO

    eu bato contra o muro duro

    esfolo minhas mos no muro tento longe o salto e pulo dou nas paredes do muro

    duro no desisto de for-lo

    hei de encontrar um furo por onde ultrapass-lo

    (Oliveira Silveira)

    Estamos observando, nos ltimos anos, que um nmero cada vez maior

    de pessoas, grupos e disciplinas passaram a se interessar pelo campo do

    patrimnio. Se h algumas dcadas a rea de preservao cultural no Brasil

    era percebida por muitos como uma instncia exclusivamente tcnica e

    burocrtica, atualmente o patrimnio insurge como uma categoria chave nas

    discusses sobre identidade, memria e embates polticos.

    No ano de 1982, chegam ao Conselho consultivo do Instituto de

    Patrimnio Histrico e Artstico Nacional pedidos de tombamento dos

    primeiros bens representativos da cultura negra brasileira - o terreiro da Casa

    Branca Bahia - e a Serra da Barriga- Alagoas. A conjuntura era da

    redemocratizao e vrios debates sobre as dimenses da cultura e a

    insero cada vez maior de vrios setores sociais. Os dois processos saem

    vitoriosos alando respectivamente em 1984 e 1985 o posto de Patrimnio

    Nacional Brasileiro.

    Muitos valores estiveram em jogo nos processos de tombamento do

    Terreiro Casa Branca e da Serra da Barriga (antigo Quilombo dos Palmares),

    em uma primeira anlise sobre a trajetria da poltica federal de preservao

    no Brasil, estes processos parecem significar a introduo de novos

    NegraDiRealce

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  • programas para se lidar com a temtica patrimonial, onde os especialistas a

    partir de uma noo antropolgica de cultura legitimam aes de setores da

    sociedade civil at ento silenciados pelas polticas culturais. Tal anlise,

    porm no d conta dos diversos conflitos gerados em torno da introduo

    desses novos patrimnios e nem mesmo a crescente mobilizao de

    militantes dos mais diversos movimentos sociais. Segundo o antroplogo

    Gilberto Velho, relator do processo de tombamento do Terreiro da Casa

    Branca, muitos elementos foram acionados neste caso.

    O caso do tombamento de Casa Branca poderia ser analisado como um

    drama social nos termos de Victor Turner (1974). Havia um grupo de

    atores bem definido com opinies e mesmo interesses no s

    diferenciados, mas antagnicos em torno de uma temtica que se revelava

    emblemtica para a prpria discusso da identidade nacional.

    Independentemente de aspectos tcnicos e legais, o que estava em jogo

    era, de fato, a simbologia associada ao Estado em suas relaes com a

    sociedade civil. Tratava-se de decidir o que poderia ser valorizado e

    consagrado atravs da poltica de tombamento. Reconhecendo a vlida

    preocupao de conselheiros com a justa implementao da figura do

    tombamento, hoje impossvel negar que, com maior ou menor

    conscincia, estava em discusso a prpria identidade da nao brasileira

    (VELHO 2006).

    Deste modo, no nos espanta as tentativas de dilogo com

    aproximaes e afastamentos entre as prticas de patrimonializao e os

    processos de aquilombamento. No entanto, se existem inmeras tentativas de

    patrimonializar as experincias de quilombismo no Brasil1, o mesmo no pode

    1

    No setor de patrimnio material do IPHAN existem apenas dois quilombos inscritos nos livros de tombamento Serra da Barriga -Quilombo dos Palmares (AL) e Quilombo do Ambrsio (MG). Constam na listagem fornecida pela Copedoc\IPHAN datada de 4 de maro de 2008 referentes aos pedidos de tombamento (arquivados, ou em estudo) os quilombos: Quilombo Vo do Moleque (GO); Quilombo do Flechal (MA); Quilombos Oriximin (PA); rea conhecida como Jamari dos Pretos, ocupada por comunidade remanescente de quilombo

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  • ser dito da literatura referente a tais processos, ainda so incipientes os

    estudos que analisam a crescente utilizao da categoria patrimnio pelas

    comunidades remanescentes de quilombos2. O discurso do patrimnio hoje

    acionado como uma das ferramentas possveis no complexo debate sobre

    quilombos. Esto em jogo direitos constitucionais, lutas pela terra, polticas de

    reconhecimento e reparaes histricas.

    2. Sobre o Quilombo de Palmares

    Nas ltimas dcadas, o tema do Quilombo de Palmares retomou aos

    debates com estudos e pesquisas nas reas de histria, patrimnio e arqueologia.

    Imagens, smbolos, signos e paisagens sobre a histria, a memria, os heris

    (Zumbi e Ganga-Zumba), as dimenses africanas e coloniais, a miscigenao, a

    Serra da Barriga e o patrimnio cultural ganharam mais e novas evidncias.

    Para alm de um passado muitas vezes sacralizado fundamental

    entender este processo num tempo presente e verificar o papel da memria, da

    literatura especializada, da documentao compilada, dos movimentos sociais,

    das polticas pblicas e da simbologia tnica. Um caminho necessrio entender

    a construo do significado do 20 de novembro data escolhida pelos

    movimentos sociais como Dia Nacional da Conscincia Negra -- em termos

    histricos, para alm dos simbolismos. Sabemos que se trata da data atribuda ao

    assassinato (em 1695) de Zumbi, o importante lder de Palmares, que representou

    a maior e mais importante comunidade de escravos fugidos nas Amricas. Em

    (MA); rea conhecida como Mocambo ocupada por comunidade remanescente de quilombo (SE); rea conhecida como Riacho de Sacutiaba e Sacutiaba, ocupadas por comunidade remanescente de quilombo (BA); rea conhecida como Castainho, ocupada por comunidade remanescente de quilombo (PE); rea conhecida como Ivaporanduva, ocupada por comunidade remanescente de quilombo (SP); rea conhecida como Campinho da Independncia, ocupada por comunidade remanescente de quilombo (RJ). No setor de patrimnio imaterial constam no INRC (Inventrio Nacional de Referncia Cultural) os seguintes processos referentes a experincias quilombolas: Comunidades Quilombolas de Pernambuco; Comunidades Quilombolas de 17 municpios do Piau; Comunidades Quilombolas do Norte do Esprito Santo; Quilombo So Roque; Quilombo Invernada dos Negros. Informaes retiradas: [http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.doid=12310&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional [ acesso em 03/02/2013].

    2

    Na linha dos estudos que tentam articular as experincias de quilombismo com os processos de patrimonializao ver: Castro, 2005; Abreu e Mattos, 2011 e Cceres, 2012.

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  • vrias sociedades escravistas nas Amricas existiram fugas de escravos e

    formao de comunidades. Eram os Cumbes, na Venezuela ou os Palanques na

    Colmbia; tambm eram chamados nos EUA e Caribe de marrons. Na Jamaica e

    Suriname, algumas destas comunidades fizeram tratados de paz com autoridades

    inglesas e neerlandesas no sculo XVIII e conseguiram manter sua autonomia e

    auto-determinao at os dias atuais. No contexto da escravido nas Amricas,

    Palmares foi a mais grandiosa comunidade de fugitivo, posto que observadores

    coevos falavam talvez com certo exagero -- de uma populao de mais 30 mil.

    Alm disso, durou cerca de 140 anos (as primeiras evidncias de Palmares so

    de 1585 e h informaes de escravos fugidos na Serra da Barriga at 1740, ou

    seja bem depois do assassinato de Zumbi).

    A questo no somente heris e mitos. Dos mitos pouco adianta tentar

    destru-los, pois s construmos outros que so to mitolgicos como aqueles que

    tentamos destruir. O ideal tentar compreende-los. Um exemplo importante ver

    como o mito-imagem de Tiradentes (inclusive a transformao em monumento

    dela) construdo (houve mesmo uma disputa intelectual e poltica) aps a

    proclamao da Repblica. Isto valeria para Zumbi, e mesmo Ganga-Zumba

    (liderana de Palmares que submete as autoridades coloniais com um tratado em

    1678).3

    Algum diria: mas heris so importantes? Como cientistas sociais que

    analisam processos histricos complexos onde a multivocalidade de fontes e

    interpretaes devem ser consideradas, diramos que pouco. Heris so -- via de

    regra -- apresentados como donos de certezas absolutas e verdades. E isto tudo

    que a histria no precisa: certezas, verdades e uma linearidade. Mas pensamos

    na importncia das referncias. E Zumbi, Palmares e Serra da Barriga e outros

    smbolos da cultura material e a ideia de patrimnio envolvente -- podem ser

    importantes, no sentido de pensar o enfrentamento colonial (ainda que o Brasil

    no existisse) e a participao de africanos e seus descendentes, aqui

    escravizados. Mais que isso. Se considerarmos os livros didticos e como eventos

    3 CARVALHO, Jos Murilo de. Formao das Almas, So Paulo, Cia.das Letras, 1989, pp. 55-74.

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  • histricos so cristalizados, decorados, assim como os heris de um suposto

    panteo nacional; Palmares, Zumbi entre outros personagens e eventos tm um

    papel importante na reconstruo da memria histrica. Interessante que

    Palmares no considerado nativismo, mas a revolta de Beckman, Amador

    Bueno e Revolta dos Mascates sim. Eram quadros especficos, de conflitos

    envolvendo expanso de fronteiras, controle sobre a mo-de-obra indgena ou

    mesmo revoltas fiscais. Mais aparecem no panteo do nativismo e

    eventos/movimentos precursores da independncia. Sabemos agora do papel da

    histria como biografia da nao. E os caminhos possveis.4

    De qualquer modo, Palmares pode ser um marco importante; no s dos

    negros no Brasil, mas da populao brasileira como um todo. Uma questo

    discutida nos parmetros curriculares a Histria da frica. E muito pouco h nela

    nos livros didticos. Quando aparecem, surge uma frica sob folclore,

    generalizante e sem histria. Palmares pode ser importante para pensar a frica

    inventada no Brasil.

    3. Convergentes e paralelos

    Uma interessante questo a ser acompanhada com mais detalhes seria a

    do inventrio da memria histrica sobre Palmares desde o sculo XVIII.5 A maior

    parte da documentao de Palmares que se conhece est concentrada entre os

    anos de 1660 a 1700, com destaque para as dcadas de 80 e 90. So relatrios

    enviados ao Conselho Ultramarino (criado em 1642) com memrias das

    expedies para destruir Palmares. Para o perodo de 1700 a 1715 existe ainda

    um interessante material pouco explorado de cartas e registros de patente, com

    solicitaes de penso, peclio, terras e padres feitas por antigos militares

    combatentes que justificam seus pedidos, fazendo emergir memrias das

    4 SILVA, Rogrio Forastieri da. Colnia e Nativismo. A Histria como Biografia da Nao.So

    Paulo: Hucitec, 1997.

    5 Para uma anlise comparativa com a ocupao neerlansesa do sculo XVII na mesma regio ver:

    MELLO, Evaldo Cabral de. "O inventrio da memria", In: Rubro Veio. O Imaginrio da Restaurao pernambucana. Rio de Janeiro; Topbooks, 1997, pp. 31-70.

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  • guerras, portanto de Palmares. Afora isso ele j aparece no sculo XVIII nos

    relatos de Rocha Pitta e Domingos Loreto do Couto. Na historiografia do sculo

    XIX pouco se falou sobre Palmares com exceo de Nina Rodrigues. Reflexes

    posteriores importantes j no sculo XX surgiriam nos estudos de Arthur

    Ramos e Edison Carneiro. Para alm dos vrios documentos transcritos e

    publicados nas revistas dos Institutos Histrico e Geogrfico de Pernambuco e

    Histrico e Arqueolgico de Alagoas o mais substantivo repertrio da

    documentao aparece mesmo em 1937 e principalmente 1938 com a compilao

    e publicao de dezenas documentos sobre Palmares, transcritos por Ernesto

    Ennes, arquivista do Arquivo Histrico Ultramarino (AHU) em Lisboa.6

    Na dcada de 70 pesquisas mais sistemticas foram realizadas por Dcio

    Freitas em arquivos portugueses (Arquivo Histrico Ultramarino, Biblioteca

    Nacional de Lisboa, Biblioteca da Ajuda, Biblioteca e Arquivo Distrital de vora,

    Arquivo Nacional da Torre do Tombo e Casa de Cadaval), tendo publicado em

    vrias verses (1973, 1978, 1981 e 1984 edies revisadas e ampliadas) o livro

    Palmares A Guerra dos Escravos. 7

    6 Ver: GOMES, Flavio dos Santos. Zumbi dos Palmares - Histrias, smbolos e memria social.

    So Paulo: Claro Enigma, 2011; (Org.) . Mocambos de Palmares. Histrias e fontes (sculos XVI-XIX). Rio de Janeiro, Editora 7Letras, , 2010 e Palmares. Escravido e Liberdade no Atlntico Sul.. So Paulo: Editora Contexto, 2005. Ver ainda: GOMES, Flvio dos Santos & GESTEIRA, Helosa. Fontes neerlandesas e o Quilombo de Palmares na Amrica Portuguesa do sculo XVII: primeiras reflexes sobre representaes e narrativas; Amricas. Zeitschritf fur Kontinentalamerika und die Karibik. KONAK-WIEN, volume 24, nmero 4, 2002, pp. 7-28; GOMES, Flvio dos Santos. Palmares. In: Colin Palmer. (Org.). Encyclopedia of African-American Culture and History. Detroit: Macmillan Reference, 2006, v. 4, p. 1713-1716 e GOMES, Flvio dos Santos & NASCIMENTO, Romulo . Alm de Zumbi. Revista Nossa Histria, Rio de Janeiro, 2005, Novembro, p. 66 - 69

    7 Sobre Palmares, entre a bibliografia clssica e aquela mais recente destacamos: ALLEN, Scott

    Joseph. Africanisms, Mosaics, and Creativity: The Historical Archaelogy of Palmares, M.A. Thesis, Bronw University, 1995; ALVES FILHO. Memorial dos Palmares. Rio de Janeiro: Xenon, 1988; ANDERSON, Robert Nelson. The Quilombo of Palmares: A New Overview of a Maroon. State in Seventeenth-Century Brazil. Journal of Latin American Studies, 28 (1996), 545-566; CARNEIRO, Edison. O quilombo de Palmares. 4th ed. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 1988;

    FREITAS, Dcio. Palmares: a guerra dos escravos. 3a ed., Rio de Janeiro: Graal, 1981; FUNARI, Pedro Paulo A. & ORSER, Jr., Charles E. "Pesquisa arquelgica inicial em Palmares", Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, Volume 18, nmero 2, 1994, pp. 53-69; "A Arqueologia de Palmares -- Sua contribuio para o conhecimento da histria da cultura afro-americana:, In: REIS, Joo Jos & GOMES, Flvio dos Santos. Liberdade por um fio. Histria dos Quilombos no Brasil. So Paulo, Cia. das Letras, 1996, pp. 26-51; "'A 'Repblica de Palmares' e a Arqueologia da Serra

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  • Outro movimento no menos importante de construo da memria

    sobre Palmares foi protagonizado no sculo XX por intelectuais e movimentos

    sociais da luta antiracista. O destaque maior ficou mesmo com o poeta gaucho

    Oliveira Silveira, um dos fundadores do Grupo Palmares (em Porto Alegre) e o

    idealizador, em 1971, do movimento de transformar a data de 20 de novembro, em

    protesto contra a situao racial no Brasil. A ideia ganharia fora em meados da

    dcada, espalhando entre vrios ativistas principalmente em So Paulo e Rio de

    Janeiro o movimento de adeso. O destaque maior ficaria para o ano de 1978

    com a criao do Movimento Negro Unificado contra a Discriminao Racial-

    MNUCDR, em So Paulo e a proposta surgida em Salvador de designar o dia 20

    como Dia nacional da conscincia negra.

    A monumentalizao de Palmares e mais ainda da Serra da Barriga embora

    Manuel Correia Andrade, Dirceu Lindoso e tambm Dcio Freitas tivessem j

    destacado a identificao geogrfica do local de Palmares, no estado de Alagoas

    ganhou outros captulos teatralizados e simblicos em 1984 com o filme

    Quilombo, de Cac Diegues.

    da Barriga", Revista USP, nmero 28, 1995-6, pp. 6-13; "Novas perspectivas abertas pela Arqueologia na Serra da Barriga", In: SCHWARCZ, Lila Moritz & REIS, Letcia Vidor de Sousa. (Orgs.) Negras Imagens: Escravido e Cultura no Brasil, So Paulo, EDUSP, 1996, pp. 139-151; FUNARI, Pedro Paulo A. & ORSER, Jr., Charles E. "Pesquisa arquelgica inicial em Palmares", Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, Volume 18, nmero 2, 1994; KENT, R. K. Palmares: An African State in Brazil. In Richard Price (ed.), Maroon Societies (Garden City, NY: Double Day, 1973), 170-190; LARA, Silvia Hunold. "Do Singular ao plural: Palmares, capites-do-mato e o governo dos escravos" In: REIS, Joo Jos & GOMES, Flvio dos Santos. Liberdade por um fio..., pp. 81-109; ORSER, Jr., Charles E. "Toward a Global Historical Archaelogy: an Example from Brazil". Historical Archaelogy, Volume 28, nmero 1, 1994; A Historical Archaelogy of the Modern World, Nova Iorque, Plenum Press, 1996; PRICE, Richard. Palmares como poderia ter sido. IN: REIS, Joo Jos & GOMES, Flvio dos Santos. Liberdade por um fio..., pp. 60-80; RODRIGUES,

    Nina. Os africanos no Brasil. 5a ed., So Paulo: Ed. Nacional, 1977; SCHWARTZ, Stuart B. "Mocambos, quilombos e Palmares: a resistncia escrava no Brasil colonial". In: Estudos Econmicos. So Paulo: IPE-USP, v. 17, nmero especial, 1987, pp. 61-88; Rethinking Palmares: Slave Resistance in Colonial Brazil. In Schwartz, Slaves, Peasants, and Rebels (Urbana and Chicago: University of Illinois Press, 1992), 103-136; VAINFAS, Ronaldo. "Deus contra Palmares - Representaes e idias jesuticas". IN: REIS, Joo Jos & GOMES, Flvio dos Santos. Liberdade por um fio..., pp. 60-80

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  • 4. A Transformao da Serra da Barriga em Monumento Nacional

    No ano de 1982, chega ao IPHAN o pedido de tombamento8 da Serra

    da Barriga. Este processo foi conduzido por uma grande variedade de atores

    sociais, vinculados a movimentos de combate a luta antirracismo. Alada a

    Patrimnio Nacional Brasileiro em 1986, o antigo Quilombo dos Palmares, se

    insere em um novo modo de pensar o valor dos bens culturais no Brasil9.

    O antigo Quilombo dos Palmares foi tombado pelo IPHAN, rgo do

    Ministrio da Cultura, atravs do Processo n 1.069-T-82, Inscrio n 090,

    Livro Arqueolgico, Etnogrfico e Paisagstico, fl. 042, e Inscrio n 501, Livro

    Histrico, fl. 91. Data: 14. VIII. Este tombamento foi homologado em 20 de

    Novembro de 1985 pelo ento ministro da Cultura, Aluso Pimenta. Trs anos

    depois, em 21 de maro de 1988, a Serra da Barriga foi declarada Monumento

    Nacional10.

    De incio, interessante refletir sobre de que modo as trajetrias e

    narrativas de diversos intelectuais negros - ou vinculados a luta antirracismo -

    se articularam a at ento, incipiente discusso sobre noo antropolgica de

    patrimnio11. A escolha por tombar Palmares se relaciona a um longo

    8 O processo de tombamento da Serra da Barriga (n 1.069-T-82) encontra-se disponvel para

    consulta no Arquivo Central do IPHAN Noronha Santos, RJ. Este processo constitui-se como um

    dossi, ao qual foram anexados no apenas os documentos oficiais pedido de tombamento, atas

    dos conselhos consultivos e pareceres- como todo material que diga respeito ao processo

    recortes de jornais e revistas, abaixo assinados, informaes extradas de folhetos, etc.. Para um

    aprofundamento sobre a sistemtica dos processos de tombamento, ver: Fonseca, 1997.

    9

    Pedidos como o do Terreiro Casa Branca, apoiado por representantes de instituies culturais e acadmicas, por grupos locais e representantes de movimentos sociais; o do Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, com apoio de vrias associaes de moradores da cidade e o da Estrada de Ferro Madeira-Mamor, em Rondnia, encaminhado para o IPHAN por ex-ferrovirios compem juntamente com a Serra da Barriga a possibilidade de organizao e apropriao da sociedade civil do iderio da preservao. Para mais detalhes sobre esses processos, ver: Serra, 2006; Velho, 2006; Rotman e Castells, 2007.

    10

    A Serra da Barriga foi declarada Monumento Nacional, em obedincia ao artigo 1 do Decreto n 95.855/88 (DIAS [s. d.], p.1).

    11

    Para um apanhado sobre as relaes entre a Antropologia e o patrimnio ver: Lima Filho, Eckert e Beltro, 2007.

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  • processo, iniciado nos anos de 1970, de ressemantizao da noo de

    patrimnio cultural no Brasil como uma categoria historicamente e

    socialmente constituda12.

    O pontap inicial para o tombamento da Serra da Barriga ocorreu em

    1980, quando o antroplogo Olympio Serra, coordenador do Projeto Etnias e

    Sociedade Nacional13, mobilizou lideranas negras de todo o pas e promoveu

    uma histrica reunio em Unio dos Palmares, Alagoas, dando origem ao

    Conselho Geral do Memorial Zumbi14. Como nos apontou, (SERRA, 2006) esta

    primeira reunio deu incio ao trabalho de resgate deste stio, culminando em

    uma romaria cvica ao local. De Salvador partiram rumo a Palmares centenas

    de jovens ligados aos movimentos negros, blocos afros e diversos

    representantes de instituies culturais. A partir desta primeira reunio de

    1980, a peregrinao cvica a Palmares se repetiu todos os anos, com a

    participao de brasileiros de todas as regies, e at de estrangeiros, que para

    l seguem no dia 20 de novembro. O gesto pioneiro de 1980 iniciou uma

    campanha nacional que, junto com outros smbolos, ajudou a fixar na memria

    do pas a data de 20 de novembro como Dia Nacional da Conscincia Negra.

    No que se refere memria desta primeira reunio a fala da militante

    do movimento negro Vanda Menezes elucidativa:

    12

    Para saber mais sobre a histria do patrimnio Cultural no Brasil, ver entre outros: Fonseca, 1997; Gonalves, 2002; Abreu e Chagas (org.), 2003; Chuva, 2009; Chuva; 2012

    13

    O Projeto Etnias e Sociedade Nacional, de incio voltado para o resgate de uma memria indgena: envolveu a indexao e microfilmagem de rica documentao em depsito no Museu do ndio. Mas tinha ambio maior, a saber, corrigir um srio defeito da poltica cultural brasileira: reparar seu etnocentrismo, sua fixao eurocntrica. Logo passou, tambm, a promover iniciativas voltadas para a defesa dos valores do patrimnio negro do Brasil (SERRA, 2005).

    14

    O Conselho Geral do Memorial Zumbi foi uma sociedade civil com personalidade jurdica, responsvel pelo pedido de tombamento da Serra da Barriga e pelos estudos anexados ao pedido de tombamento. Participaram do conselho entre outros: Olympio Serra, Zezito de Arajo, Ordep Serra e Antnio Olmpio de Santana

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  • H exatamente 30 anos, lideranas do movimento negro alagoano e de

    diversos cantos do pas subiram a Serra da Barriga para a retomada

    simblica do nosso Patrimnio Histrico. Rememoro Abdias Nascimento,

    Leila Gonzlez, Abigail Pscoa, Janurio Garcia, Vov, Apolnio, Inazete

    Pereira, Telma Chase, Zumbi, Carlo, Me Hilda, Zezito Arajo, Marcelino

    Dantas, Edialeda, Helena Theodoro, Olympio Serra, Carlos Moura, Ordep

    Serra, entre tantos outros que l estiveram. A partir da, tombamos,

    desapropriamos, tornamos [a Serra da Barriga] Patrimnio Nacional e

    Zumbi, heri nacional. Hoje, somos maioria da populao, temos a lei das

    cotas em quase todas as universidades pblicas, temos organismos

    estaduais e nacionais para tratar especificamente da questo

    tnico/racial. (MENEZES,

    http://www.ceert.org.br/noticiario.php?id=55)

    O pedido de tombamento da Serra da Barriga foi o primeiro a ser acompanhado por

    uma listagem de assinaturas de diversos setores da sociedade civil contabilizando ao

    todo 5084 assinaturas - e cartas de apoio de instituies culturais, de pesquisa e

    lideranas de movimentos sociais. Como demonstra Fonseca (1996 e 1997), esse

    processo leva a supor que ocorreu sem dvidas um aumento da participao da

    sociedade civil na poltica de preservao federal. Porm ainda preciso qualificar o

    peso da participao na deciso pelo tombamento. No caso da Serra da Barriga, coube

    sociedade civil organizada mobilizar meios, no sentido de pressionar o IPHAN.

    Nesse perodo, as dcadas de 1970 e 1980, os pedidos de tombamento vm em sua

    grande maioria acompanhados dos argumentos que os fundamentam, com a Serra da

    Barriga no foi diferente. Os argumentos explicitados no texto do pedido demonstram

    em que termos estava sendo operada a categoria patrimnio:

    O tombamento da rea aventada para que nela se instale o Memorial

    Zumbi: Parque Histrico Nacional destina-se, no s preservao do

    stio histrico, mas tambm a cultivar a memria de todos os que, ento,

    lutaram na busca de sua liberdade. Tal proposta vem de encontro s

    aspiraes de grande nmero de brasileiros preocupados em preservar a

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  • Memria Nacional no apenas em suas manifestaes visveis, mas

    tambm no conjunto de seus smbolos, para as novas geraes. 15

    Neste trecho, fica claro como o alvo principal do processo no era a

    proteo do bem em si mesmo, mas, sobretudo a repercusso simblica e

    poltica da sua incluso no patrimnio cultural nacional. A nfase no relatrio

    da conselheira do IPHAN Maria Beltro para a inscrio do bem no livro do

    tombo histrico, alm do livro do etnogrfico, paisagstico e arqueolgico

    aponta para a percepo da experincia de Palmares como um testemunho do

    negro na construo da sociedade brasileira e uma tentativa clara de fugir da

    viso folclorizante que marcava o livro do tombo etnogrfico, at ento.

    5. Consideraes finais

    A anlise dos pedidos de tombamento nos ajuda a conectar os estudos

    acadmicos sobre escravido e mobilizao da comunidade negra no Brasil.

    Estes processos nos oferecem pistas de como militantes e intelectuais negros se

    apropriaram de temas da histria da escravido especialmente, quilombos e

    religiosidade como representao poltica da luta contra a discriminao racial e

    valorizao da cultura negra.

    Para os movimentos sociais negros aqueles emergentes nos anos 1970

    uma histria da resistncia negra apareceu como um smbolo para ser agenciado.

    Foram resgatados muito dos significados dos protestos negros (heris em luta e

    resistncia cultural). Os quilombos, por exemplo, sobretudo Palmares, eram ao

    mesmo tempo sinnimos de luta, uma luta armada e direta, como tambm

    representavam o iderio de resistncia cultural.

    15

    Trecho retirado do pedido de tombamento do processo (1.069-T-82) disponvel no Arquivo Central Noronha Santos assinado pelo antroplogo Olympio Serra presidente do Conselho Memorial Zumbi.

    NegraDiRealce

  • No podemos pensar como uma simples coincidncia o fato de s

    constarem na lista de bens tombados de referncia a cultura negra Quilombos e

    Terreiros (de candombl). Na busca de uma ferramenta para luta contra o racismo

    os grupos sociais elegeram smbolos de resistncia, ou seja na busca de sua

    histria atravs do instrumento do tombamento se construiu uma narrativa sobre

    o escravo que resistiu.

    Neste sentido, o processo de tombamento da Serra da Barriga, antigo

    Quilombo dos Palmares, exemplar do projeto em curso, por setores

    mobilizados da sociedade civil, de incorporao do sujeito negro na histria

    oficial da nao. O tombamento de Palmares nos anos de 1980 aponta,

    portanto, para o encontro de uma agenda poltica patrimonial com

    reivindicaes pelo direito terra e identidade negra. Ao articularem a

    percepo de histria, memria e tradio oral, projetam o que deve ser

    valorizado, lembrado e, desta forma, reparado

    Podemos perceber os desdobramentos imediatos do tombamento da

    Serra da Barriga e da luta dos grupos organizados em favor do

    reconhecimento da cultura negra na constituinte e na constituio de 1988,

    resultando na meno especial ao tombamento dos stios detentores de

    reminiscncias histricas dos antigos quilombos 16.

    Os debates suscitados nas dcadas de 1970 e 1980 no campo do

    patrimnio apontam para denncias, alianas, aes polticas e lutas; entre

    intelectuais negros e brancos, militantes e agentes pblicos, mas ao mesmo

    tempo abriram muitas frentes de trabalho. Hoje h uma aparente unanimidade

    na eleio dessas duas dcadas como paradigmticas da emergncia da

    noo de participao da comunidade e imaterialidade como valores centrais

    na arena do patrimnio.

    No caso do tombamento de Palmares ainda faltam estudos mais

    detalhados sobre seus personagens, aes e memrias, assim como seus

    16

    Retirado do 5 do artigo 216 da Constituio Federal

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  • efeitos na rearticulao do movimento negro dos anos 80. Hoje, a vspera da

    comemorao dos 30 anos de seu tombamento, no podemos perder de vista

    a sua importante dimenso histrica. Monumentalizar Palmares significou uma

    complexa operao de manejo da histria e da poltica, que hoje j nos

    apresentada com suas metamorfoses e amplificaes.

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