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Publicação trimestral – Ano XXVI – Nº 101 – Janeiro / Março 2001 – Preço 400$00 Pastoral Litúrgica ISSN 0873-3295 101

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Publicação trimestral – Ano XXVI – Nº 101 – Janeiro / Março 2001 – Preço 400$00

Pastoral Litúrgica

ISSN 0873-3295

101

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GIC

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ropriedade do Secretariado N

acional de Liturgia

Director: P

edro Lourenço F

erreiraR

edacção e Adm

inistração: Secretariado N

acional de Liturgia

Santuário de F

átima – A

partado 31 — 2496-908 F

átima

Tel. 249 53 33 27 – F

ax 53 33 43 – E-m

ail: snliturgia@m

ail.telepac.pt

Publicação registada na S

GM

J nº 118776IS

SN

0873-3295

Assinatura anual: P

ortugal: 1.600$00 (IVA

incl.) — O

utros países: 2.500$00

G.C

. – G

FIC

A D

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A

De

sito L

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º. 88

99

0/9

5

A L

iturgia, D. M

anuel Franco F

alcão...................................................................

1

Os S

almos na tradição da Igreja, João P

aulo II....................................................7

A L

iturgia das Horas – O

ração da Igreja, João Paulo II

......................................9

Música e L

iturgia, D. Jorge F

erreira da Costa O

rtiga........................................

11

Curso para A

cólitos – 1. A nossa paróquia, José de L

eão Cordeiro

....................19

Cânticos alentejanos em

CD

...................................................................................22

Exposição “E

ntre o Céu e a T

erra”, José António F

alcão....................................

23

Música e inculturação litúrgica, Â

ngelo Cardita

..................................................27

Notícias da diocese de P

ortalegre e Castelo B

ranco.............................................

30

XX

VII E

ncontro Nacional de P

astoral Litúrgica

..................................................31

Livros litúrgicos

.......................................................................................................32

JAN

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1

A L

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RG

IA

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ITO

RIA

L

Em

crise a Litu

rgia?

Com

o é sabido, o primeiro fruto pal-

pável do II Concílio do V

aticano foi aC

onstituição Sacrosanctum C

ocilium(4.12.1962) sobre a sagrada liturgia. A

suaaplicação não se fez esperar. M

esmo antes

do encerramento do C

oncílio (8.12.1965),P

aulo VI pela C

arta Apostólica Sacram

Liturgiam

(25.01.1964) determinou que a

partir

do

I

Do

min

go

d

a Q

uaresm

a(15.02.1964) entrassem

em vigor várias

disposições da Constituição conciliar, in-

cluindo a formação de com

issões nacio-nais e diocesanas de liturgia.

Na m

esma C

arta anu

nciav

a-se aconstituição na C

úria Rom

ana de umnovo organism

o encarregado de levar acabo a reform

a litúrgica, o Consilium

adE

xequendam C

onstitutionem de Sacra

Liturgia, entregue à responsabilidade dos

Cardeais L

ercaro e Larraona, tendo com

osecretário M

ons. Bugnini. R

ecorrendo abons especialistas, esse C

onsilium, em

relativamente pouco tem

po, deu conta dotrabalho que lhe era pedido, a revisão doslivros litúrgicos m

ais usados (Missal,

Liturgia das H

oras, Rituais...)

No pós-C

oncílio, os Papas tiveram im

-portantes intervenções no dom

ínio daliturgia. P

ara além das C

onstituiçõesA

postólicas de aprovação dos novos li-vros litúrgicos, de grande valor teológico e

pastoral, bem com

o de inúmeras inter-

venções ocasionais, são de referir trêsdocum

entos maiores. O

primeiro foi a E

n-cíclica de P

aulo VI M

ysterium F

idei(3.09.1965) dedicada ao sacram

ento daE

ucaristia. O segundo foi a C

arta Apostó-

lica no 25º aniversário da Constituição

sobre a liturgia, a que votaremos adiante.

O terceiro foi a C

arta Apostólica D

iesD

omini (31.05.1998) de João P

aulo IIsobre a teologia e a pastoral do D

ia doS

enhor.

Dois b

alanços oficiais

da reform

a litúrgica

O prim

eiro balanço oficial da reforma

litúrgica fez-se integrado no balançoglobal da aceitação e aplicação das dispo-sições conciliares, que João Paulo II con-fiou à 2ª A

ssembleia G

eral Extraordinária

do Sínodo dos Bispos de 1985 (25. N

ov. -8. D

ez), na liturgia, a avaliar pelas síntesesdas respostas ao questionário preparatórioe das 140 intervenções na aula sinodal,das quais foi relator o C

ardeal Denneels, a

impressão geral era de boa aceitação da

reforma, com

alguns abusos na sua aplica-ção. M

uito mais explícito foi o relato final

do Sínodo, cuja publicação foi autorizadapelo S

anto Padre. T

ranscrevemos os nú-

meros relativos à liturgia:

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ITÚ

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ICA

«A renovação litúrgica é o fruto m

aisaparente de toda a obra conciliar. M

esmo

que se tenham verificado algum

as dificul-dades na sua aceitação, acabou por seracolhida com

alegria pela generalidadedos fiéis, dando os seus frutos. A

reno-vação litúrgica não se pode lim

itar às ceri-m

ónias, ritos, textos, etc. A participação

activa dos fiéis (em feliz crescendo depois

do Concílio) não consiste apenas na sim

-ples actividade exterior, m

as sobretudo naparticipação interior e espiritual, viva efrutuosa, no m

istério pascal de JesusC

risto (cf. SC

11). É evidente que a

liturgia deve ajudar a refazer resplande-cer o sentido do sagrado. D

eve estar im-

pregnada de reverência, adoração e glóriade D

eus.»Q

uanto a sugestões: «Que os B

isposnão se contentem

com corrigir abusos,

mas expliquem

claramente a todos o fun-

damento teológico da disciplina sacra-

mental e da liturgia. A

catequese, como

nos alvores da Igreja, deve tornar-se numa

caminhada que introduza na vida litúrgica

(catequese mistagógica). Q

ue os futurospadres sejam

formados para a vida litúrgi-

ca em term

os práticos, tendo também

umbom

conhecimento da teologia litúrgica.»

Um

balanço mais aprofundado foi o

feito pelo Papa João P

aulo II na Carta

Apostólica V

icesimu

s Qu

into

s An

nu

s(4.12.1988) publicada por ocasião do 25ºaniversário da C

onstituição conciliar so-bre a liturgia.

Depois de breve referência às tentati-

vas de renovação da liturgia desde o Con-

cílio de Tento, João Paulo II recorda os

critérios definidos pela SacrosanctumC

oincilium para esta renovação, que fo-

ram respeitados no trabalho subsequente

de reforma dos ritos e livros litúrgicos:

fidelidade à tradição e abertura a um le-

gítimo progresso.

Mais precisam

ente, João Paulo II põeem

destaque três princípios directores daC

onstituição conciliar: actualização dom

istério pascal; proclamação da palavra

de Deus; m

anifestação da Igreja a elam

esma.

Destes princípios orientadores, o Papa

tira algumas ilacções práticas: a) Porque a

liturgia é o exercício do sacerdócio deC

risto, deve manifestar o que C

risto fazinvisível m

as realmente pelo seu E

spírito;assim

a fé viva conduzindo ao amor, à

adoração e ao louvor do Pai, bem com

o osilêncio da contem

plação, estarão entre osprim

eiros objectivos da pastoral litúrgicae sacram

ental. b) Porque a liturgia está

impregnada da palavra de D

eus, qualqueroutra palavra deverá estar em

sintoniacom

ela, especialmente a hom

ilia, os cân-ticos e as adm

onições. c) Porque a liturgiadiz respeito a todo o C

orpo que é a Igreja,exige-se: plena fidelidade aos ritos etextos autênticos; um

a participação cons-ciente e activa de todos segundo a diversi-dade dos m

inistérios e das funções; o usohabitual das línguas vivas e o recurso àsopções e adaptações previstas nos livroslitúrgicos.

Entrando na apreciação da reform

alitúrgica, a C

arta Apostólica traça um

panorama francam

ente positivo, dandograças a D

eus não só pelo extraordináriotrabalho de revisão dos ritos e livroslitúrgicos m

as também

pelo bom acolhi-

mento prestado pela grande m

aioria dopovo de D

eus, concluindo com um

a frasetirada do acim

a citado relato final do Síno-do de 1985: «A

renovação litúrgica é o fru-to m

ais evidente de toda a obra conciliar».N

o entanto, a Carta A

postólica não escon-de que, na aplicação da reform

a litúrgica ,se verificaram

alguns desvios, sobretudoem

duas linhas opostas: interpretaçõesabusivas de carácter progressista, e recusa

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da própria reforma, com

o se ela pusesseem

perigo a fé.Q

uanto ao futuro, a Carta propõe:

a) Um

a urgente, cuidada e pacienteform

ação bíblica e litúrgica dos padres edos fiéis leigos.

b) Um

a prudente adaptação da liturgiaàs diversas culturas, para além

do uso daslínguas vernáculas, m

edida particular-m

ente delicada e urgente nos países decultura m

uito diferente da ocidental.c) A

tenção aos problemas novos,

como o diaconado perm

anente, os minis-

térios laicais e celebrações para grupos es-peciais.

d) Ter em conta a piedade popular que,

mesm

o quando carece de purificação eevangelização, é rica de valores e, em

boraas suas expressões se não devam

confun-dir com

as celebrações litúrgicas, podemcontribuir para a sua interiorização.

Pod

er-se-á falarem

crise da L

iturgia?

Entre nós, a sensação dom

inante é a deque, em

matéria de liturgia, tudo corre

bastante bem. O

ambiente estava prepa-

rado para a reforma litúrgica; ela foi bem

acolhida pelo clero e pelos leigos; o tra-balho de tradução e edição de textos, deelaboração de subsídios (cânticos...) e deapoio à pastoral litúrgica (jornadas nacio-nais de F

átima...) tem

sido exemplar. E

ainda por cima, os balanços oficiais de

1985 e 1988, acima referidos, parecem

confirmar esta visão optim

ista. No en-

tanto, sobretudo no que se refere às áreascatólicas da E

uropa, começa-se a ouvir,

mesm

o da boca de eminentes personalida-

des da Igreja, que a liturgia está em crise.

Um

a das primeiras vozes a bradar o

alerta foi a do Cardeal G

odfried Danneels,

arcebispo de Malines-B

ruxelas, em longo

editorial do boletim diocesano «P

asto-ralia» de 10.12.1995 (reproduzido na D

.C.

1996, p. 172-175 e no nº dedicado àliturgia de «Q

uestions Actuelles», N

ov--D

ez. 1999). A causa principal da crise da

liturgia é, segundo o relator do Sínodo de1985, a superficialidade com

que foi apli-cada a reform

a litúrgica.S

inais desta superficialidade foram:

uma participação activa m

ais na linha doprotagonism

o dos actores das celebraçõesdo que na da penetração, à luz da fé, noâm

ago dos mistérios celebrados; um

a pro-cura de linguagem

racional ou emotiva

que tornasse simpática a liturgia às pes-

soas do nosso tempo, com

menosprezo da

ling

uag

em trad

icion

al do

s símb

olo

slitúrgicos, a m

ais apta a proporcionar aexperiência do transcendente, linguagemque envove toda a personalidade hum

ana:inteligência, coração, im

aginação, mem

ó-ria, senso estético e sentidos corporais; ainstrum

entalização da liturgia, dela fa-zendo: escola de canto, ensino teológico,catequese, prom

oção social, angariaçãode fundos... C

omo rem

édio, o Cardeal

Danneels oferece algum

as orientaçõespráticas.

Mais recentem

ente, na inauguraçãodas conferências quaresm

ais de Notre-

-Dam

e de Paris neste ano 2001, o C

ar-deal C

hritoph Schonborn, arcebispo de

Viena de Á

ustria, ao falar dos problemas

com que a E

uropa e a Igreja hoje se de-frontam

, declarou com toda a frontalidade

que a liturgia se encontra em crise no

nosso continente.C

omeça por lam

entar que as nossasigrejas se encontrem

fechadas durante odia e nem

sempre bem

cuidadas, privandoos fiéis da oportunidade de encontraremlugares de oração e de adoração do SS. Sa-cram

ento. Quanto à liturgia, reconhece

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que, em países com

o a França, depois deum

a primeira fase a seguir ao C

oncílio, areform

a litúrgica ter sido objecto de deba-tes apaixonados e experiências abusivas,se chegou a um

a acalmia. M

as alerta: «Épreciso não fechar os olhos face ao que m

eparece um

a evidência: a crise da liturgia éum

dos factores – entre muitos outros – da

quebra dramática da prática religiosa,

em França e não só.»N

o entanto, reagindo a um pessim

is-m

o estéril, acrescentou: «Onde a liturgia é

celebrada de forma digna e bela, solene

mas sem

opolência, orante mas sem

pietismo, os fiéis não só se não dispersam

mas retornam

. Vejo com

o urgência de pri-m

eira ordem cultivar e aprofundar o que

Rom

ano Guardini, agora seguido do C

ar-deal R

atzinger, chamaram

o espírito daliturgia. E

ste espírito é, antes de mais, o

sentido do carácter transcendente do cultodivino... Julgo urgente rever a orientaçãoda liturgia, de form

a que exprima e m

ani-feste verdadeiram

ente o “sursum corda”,

elevando os corações para o Deus três ve-

zes santo.»O

utra v

oz co

m a q

ual o

Card

ealSchonborn se declara em

sintonia é a doC

ardeal Joseph Ratzinger, prefeito da

Congregaçao da D

outrina da Fé. A

suapreocupação com

o andar da liturgia nosnossos dias m

anifestou-se no seu livro de1999, que as Paulinas acabam

de nos ofe-recer em

tradução portuguesa com o título

de «Introdução ao Espírito da L

iturgia».N

o prefácio, Ratzinger recorda a leitura

que, em 1946, fez da obra com

título se-m

elhante publicada em 1918 por R

omano

Guardini, que ele considera o iniciador do

movim

ento litúrgico na Alem

anha.Para que a liturgia se não reduza a um

jogo – como foi entendida pelos anos 20

do século passado – precisa de mergulhar

profundamente as suas raízes nas cenas

bíblicas (vocação de Abraão, peregrinação

de Êxodo...) de form

a a tornar actuais asintervenções de D

eus junto de nós. Oculto no C

ristianismo é orientado pela

História da Salvação, e não pelo C

osmos,

como nas religiões não-teístas. R

atzingersublinha ainda que toda a liturgia se inspi-ra fundam

entalmente na fé bíblica. N

aspartes seguintes do seu livro, R

atzingerreflecte sobre o tem

po e o espaço naliturgia, levantando questões com

o osignificado das igrejas com

o edifícios, aorientação da oração e do altar nas igrejas,a guarda do SS. Sacram

ento, as imagens, a

música litúrgica, os ritos e as expressões

corporais nas celebrações.N

uma palavra, R

atzinger, Schonborne D

anneels consideram a liturgia em

crisee atribuem

essa crise sobretudo – embora

não exclusivamente – a um

a aplicaçãodem

asiado à letra da reforma litúrgica,

sem que o genuíno espírito da liturgia

tenha estado suficientemente presente a

orientá-la. A superficialidade com

que arenovação litúrgica se processou prejudi-cou a experiência de com

unhão de fé e decaridade com

o próprio Deus, que os fiéis

têm o direito de encontrar nas celebrações.

Isto terá contribuído – certamente com

ou-tros factores – para o abandono das práti-cas cristãs e para o avanço da descrençanos países de velha cristandade, a com

eçarpelos sectores m

ais jovens e culturalmente

mais evoluídos, para os quais as nossas

celebrações deixaram de despertar inte-

resse. A agravar a situação, estas popula-

ções em debandada da Igreja, perderam

também

o suporte espiritual da piedadepopular que aguentou a fé e vida cristãs degerações que em

séculos passados se vi-ram

privadas de autênticas celebraçõeslitúrgicas.

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A L

iturgia p

erante

a cultu

ra mod

erna

Serão oportunas algum

as reflexõescom

plementares relativas a factores di-

versos que contribuiram ou estejam

acontribuir para a desafecção das práticasreligiosas e litúrgicas. E

m prim

eiro lugar,não podem

os esquecer que nos anos a se-guir ao C

oncílio a sociedade e a Igrejapassaram

por uma das m

ais graves crisesdo século passado. M

aio de 1968 é o mo-

mento em

blemático dessa crise. N

a vidada Igreja, foi a deserção de m

ilhares de sa-cerdotes, passando pouco depois para osm

embros dos institutos de vida consagra-

da. Foi a crise dos seminários e das voca-

ções, ainda não totalmente superada....

No relato final do S

ínodo de 1985(n.3-4) há um

a referência a acontecimen-

tos que afectaram a aplicação do C

oncílionos im

ediatos tempos pós-conciliares.

Além

disso, nos países ricos desenvolveu-se um

a ideologia – talvez seja melhor falar

de uma cultura – deslum

brada pelas con-quistas das ciências e pelos avançostecnológicos que levou à idolatria dosbens m

ateriais, de que a expressão mais

vulgar é o consumism

o.Tal m

ovimento

cultural tende a fazer esquecer os valores eas práticas espirituais. O

relato alude ain-da à acção de forças hostis à Igreja.

A evolução dos com

portamentos reli-

giosos e das mentalidades subjacentes dos

europeus, que recentes estudos permiti-

ram de certo m

odo quantificar, tem ainda

como factor im

portante, senão dominante,

a própria evolução da vida moderna. B

astapensar na concentração urbana causadorade desenraizam

entos, individualismos e

isolamentos; na T

V e outros novos m

eiosde com

unicação e diversão, que mobili-

zam boa parte dos tem

pos livres, baralham

as ideias e quebram convivências; nos

grandes centros de atracção, desde asgrandes superfícies com

erciais até aosrecintos de diversão, sem

esquecer osdispersivos fins de sem

ana e as fériaspequenas e grandes, fortem

ente concor-renciais com

as práticas religiosas, no-m

eadamente com

as do domingo.

Perante esta situação nova, deve a

Igreja perguntar-se: Que fazer? A

respostahá anos intuída por João Paulo II é um

an

ova

evan

geliza

ção

. Para ela devem

convergir os esforços de um forte em

pe-nham

ento apostólico, das várias formas de

catequese, da formação perm

anente etam

bém, certam

ente, de uma pastoral li-

túrgica como fonte de inspiração e dina-

mism

o e com term

o de todo o trabalho aem

preender.O

s documentos do m

agistério têmvindo a cham

ar a nossa atenção com signi-

ficativa insistência para a piedade popularque, ao longo de séculos de decadêncialitúrgica aguentou a fé e vida cristã dem

ultidões de fiéis e que, ao contrário doque pode parecer, ainda perm

anece escon-dida em

muitos fiéis, aqueles que rezam

no interior do seu quarto, no leito de sofri-m

ento dum hospital, porventura m

esmo

discretamente nas cam

inhadas para o tra-balho, na festa da terra a que a saudade osliga... P

romovê-la, purificando-a de ele-

mentos espúrios, será um

a via importante

para o regresso à liturgia. Esta, por sua

vez, sem deixar de ser aquilo que é, terá de

descobrir os caminhos de abertura aos

valores transcendentais para tanta genteque anda distraída das coisas de D

eus.T

rabalho longo e paciente, a levar a caboem

clima de fé, esperança e caridade

cristãs.

� M

anuel Franco F

alcão

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e Mú

sica Sacra.

Nu

m só

livro

10

8 revistas d

e 27

ano

s.

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OS

SA

LM

OS

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TR

AD

IÇÃ

O D

A IG

RE

JA

encorajar e ajudar todos a rezar com as

mesm

as palavras usadas por Jesus e que seencontram

há milénios na oração de Israel

e da Igreja.

2.Podem

os introduzir-nos na compreen-

são dos Salm

os através de vários cami-

nhos. O prim

eiro consistiria em apresentar

a sua estrutura literária, os seus autores, asua form

ação, os contextos em que surgi-

ram. D

epois, seria sugestiva uma leitura

que realçasse o seu carácter poético, quepor vezes alcança níveis altíssim

os de in-tuição lírica e de expressão sim

bólica.N

ão menos interessante seria percorrer

novamente os S

almos considerando os

vários sentimentos do ânim

o humano

que eles manifestam

: alegria, reconheci-m

ento, acção de graças, amor, ternura,

entusiasmo, m

as também

sofrimento in-

tenso, recriminação, pedido de ajuda e de

justiça, que por vezes acabam em

cólera eim

precações. Nos Salm

os, o ser humano

encontra-se a si próprio completam

ente.A

nossa leitura terá sobretudo por fi-nalidade evidenciar o significado religio-so dos S

almos, m

ostrando como eles,

mesm

o tendo sido escritos há tantosséculos por crentes hebreus, podem

serincluídos na oração dos discípulos deC

risto. Por isso, deixar-nos-em

os ajudarpelos resultados da exegese, m

as pôr-nos--em

os juntos na escola da Tradição, sobre-

tudo escutando os Padres da Igreja.

1.N

a Carta A

postólica Novo m

illennioineunte m

anifestei o desejo de que a Igrejase distinga cada vez m

ais na “arte da ora-ção”, aprendendo-a sem

pre de novo doslábios do M

estre divino (cf. n. 32). Este

empenho deve ser vivido sobretudo na

Liturgia, fonte e auge da vida eclesial.

Nesta linha é im

portante prestar uma

maior atenção pastoral à prom

oção daL

iturgia das Horas com

o oração de todo opovo de D

eus (cf. ibid., 34). De facto, se

os sacerdotes e os religiosos têm um

precioso mandam

ento para a celebrar, elaé contudo proposta ardentem

ente também

aos leigos. Propunha esta finalidade, há

cerca de trinta anos, o meu venerado pre-

decessor Paulo VI, com

a constituiçãoL

audis canticum na qual delineava o m

o-delo vigente desta oração, desejando queos Salm

os e os Cânticos, estrutura básica

da Liturgia das H

oras, fossem com

preen-didos “com

renovado amor pelo Povo de

Deus” (A

AS 63 [1971], 532).

É encorajador o facto de m

uitos lei-gos, quer nas paróquias quer nos agre-g

ado

s eclesiais, terem ap

rend

ido

avalorizá-la. C

ontudo, ela permanece um

aoração que requer um

a adequada forma-

ção catequética e bíblica, para a poderapreciar profundam

ente.C

om esta finalidade, iniciam

os hojeum

a série de catequeses sobre os Salmos e

sobre os Cânticos propostos na oração

matutina das L

audes. Desta form

a, desejo

SA

LM

OS

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ICA

3.C

om efeito, com

profunda penetraçãoespiritual, eles souberam

discernir e indi-car a grande “chave” de leitura dos Sal-m

os no próprio Cristo, na plenitude do seu

mistério. O

s Padres estavam convencidos

disto: nos Salm

os fala-se de Cristo. D

efacto, Jesus ressuscitado aplicou a sipróprio os S

almos quando disse aos

discípulos: “era necessário que se cum-

prisse tudo quanto a Meu respeito está es-

crito em M

oisés, nos Profetas e nos Sal-m

os” (Lc 24, 44). O

s Padres acrescentamque nos Salm

os se fala a Cristo ou até que

é Cristo quem

fala. Dizendo isto, eles não

pensavam apenas na pessoa individual

de Jesus, mas no C

hristus totus, no Cristo

total, formado por C

risto chefe e pelosseus m

embros.

Surge assim, para o cristão, a possibi-

lidade de ler o Saltério à luz de todo o mis-

tério de Cristo. Precisam

ente esta ópticafaz em

ergir também

a sua dimensão ecle-

sial, que é realçada de maneira particular

pelo cântico coral dos Salmos. C

ompreen-

de-se desta forma com

o os Salmos tenham

sido assumidos, desde os prim

eiros sécu-los, com

o oração pelo Povo de Deus. Se,

em alguns períodos históricos, se verifi-

cou uma tendência para preferir outras

orações, foi grande mérito dos m

ongesm

anter alta na Igreja a chama do Saltério.

Um

deles, S. Rom

ualdo de Cam

aldoli, noinício do segundo m

ilénio cristão, chegoua defender que, com

o afirma o seu biógra-

fo Bruno de Q

uerfurt, são os Salmos o úni-

co caminho para experim

entar uma oração

verdadeiramente profunda: “

Una via in

psalmis”

(Passio sanctorum

Benedicti et

Johannes ac sociorum eorundem

: MP

HV

I, 1983, 427).4.

Com

esta afirmação, à prim

eira vistaexagerada, na realidade ele ancorava-se nam

elhor tradição dos primeiros séculos

cristãos, quando o Saltério se tinha tor-

nado o livro por excelência da oraçãoeclesial. E

sta foi a opção vencedora emrelação às tendências heréticas que conti-nuam

ente atacavam a unidade de fé e de

comunhão. A

respeito disto, é interessantea m

aravilhosa leitura que Santo Atanásio

escreveu a Marcelino na prim

eira metade

do século IV quando a heresia ariana alas-

trava atentando contra a fé na divindadede C

risto. Perante os hereges que atraíama si o povo tam

bém com

cânticos e ora-ções que eram

agradáveis aos seus senti-m

entos religiosos, o grande Padre da

Igreja dedicou-se com todas as suas

energias a ensinar o Saltério transmitido

pela Escritura (cf. P

G 27, 12 ss.). Foi as-

sim que ao “Pai N

osso”, a oração do Se-nhor por antonom

ásia, se acrescentou apraxe, que depressa se tornou universalentre os baptizados, da oração dos Salm

os.5.

Graças tam

bém à oração com

unitáriados Salm

os, a consciência cristã recordoue com

preendeu que é impossível dirigir-se

ao Pai que habita nos céus sem um

a autên-tica com

unhão de vida com os irm

ãos e asirm

ãs que habitam na terra. A

lém disso,

inserindo-se vitalmente na tradição orante

dos hebreus, os cristãos aprenderam a re-

zar cantando as magnalia D

ei, isto é, asgrandes m

aravilhas realizadas por Deus

quer na criação do mundo e da hum

anida-de, quer na história de Israel e da Igreja.E

sta forma de oração tirada das E

scrituras,não exclui decerto expressões m

ais livres,e elas continuarão não só a caracterizar aoração pessoal, m

as também

a enriquecera própria oração litúrgica, por exem

plocom

hinos e cânticos. O livro do Saltério

permanece contudo a fonte ideal da ora-

ção cristã, e nele se continuará a inspirar aIgreja no novo m

ilénio.João P

aulo II31 de M

arço de 2001.T

ranscrito de L’Osservatore R

omano

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9

A L

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SO

RA

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A IG

RE

JA

alguns monges tinham

descoberto a efi-cácia extraordinária do brevíssim

o incipitdo S

almo 69: “dignai-vos, ó D

eus, sal-var-m

e; Senhor, apressai-V

os em socor-

rer-me”, que desde então se tornou com

o opórtico de entrada na L

iturgia das Horas

(cf. Conlationes, 10, 10; C

PL

512, 298 ss).

2.A

o lad

o d

a presen

ça do

Esp

íritoSanto, um

a outra dimensão im

portante é ada acção sacerdotal que C

risto desenvolvena oração em

que associa a si a Igreja, suaesposa. A

tal propósito, referindo-se pro-priam

ente à Liturgia das horas, o C

oncílioV

aticano II ensina: “Jesus Cristo, S

umo

Sacerdote da nova e eterna Aliança, [...]

une a si toda a humanidade e associa-a a

este cântico divino de louvor. Continua

este múnus sacerdotal por interm

édio dasua Igreja, que louva o Senhor sem

cessare intercede pela salvação de todo o m

un-do, não só com

a celebração da Eucaristia,

mas de vários outros m

odos, especial-m

ente pela recitação do Ofício divino”

(Sacrosanctum C

oncilium, 83).

A L

iturgia das Horas tem

, também

, ocarácter de oração pública, na qual aIgreja está particularm

ente envolvida. Éesclarecedor, então, descobrir com

o aIgreja definiu progressivam

ente este seuem

penho específico de oração divididapelas várias fases do dia. É

necessário, porisso, recuar aos prim

eiros tempos da co-

munidade apostólica, quando ainda estava

1.A

ntes de iniciar o comentário de

cada Salmo e C

ânticos de Laudes, com

-pletem

os hoje a reflexão introdutória queco

meçám

os n

a últim

a catequ

ese. Efazem

o-lo a partir de um aspecto m

uitoquerido à tradição espiritual: cantando osSalm

os, o cristão experimenta um

a espé-cie de sintonia entre o E

spírito presentenas E

scrituras e o Espírito que nele habita

pela graça baptismal. M

ais do que rezarcom

palavras próprias, ele faz-se eco dos“gem

idos inefáveis” de que fala São Paulo(cf. R

m 8,26), com

os quais o Espírito do

Senhor im

pele os cristãos a unirem-se à

invocação característica de Jesus: “Abbá,

Pai!” (Rm

8,15; Gal 4,6).

Os antigos m

onges estavam de tal

modo seguros desta verdade, que não se

preocupavam em

cantar os Salm

os naprópria língua m

aterna, bastando-lhes aconsciência de ser, de qualquer m

odo,“órgãos” do E

spírito Santo. Estavam

con-vencidos de que a sua fé perm

itiria aosversículos dos S

almos desencadear um

aparticular “energia” do E

spírito Santo. Am

esma convicção se m

anifesta na carac-terística utilização dos S

almos, que foi

chamada “oração jaculatória” da palavra

latina “iaculum”, isto é, dardo para indicar

brevíssimas expressões salm

ódicas quepodiam

ser “lançadas”, à maneira de

pontas de fogo, por exemplo, contra as

tentações. João Cassiano, um

escritor queviveu entre o IV

e o V séculos, recorda que L

ITU

RG

IA DA

S HO

RA

S

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em vigor um

a estreita ligação entre aoração cristã e a cham

ada “oração legal”assim

prescrita pela Lei m

oisaica que sefazia em

determinadas horas do dia no

Templo de Jerusalém

. Pelo livro dos Actos

sabemos que os A

póstolos “como se tives-

sem um

a só alma, frequentavam

diaria-m

ente o Templo” (2, 46), e tam

bém que

“subiam ao tem

plo para a oração da nonahora” (3,1). E

, por outra parte, sabemos

também

que as “orações legais” por exce-lência eram

precisamente as da m

anhã eda tarde.3.

Pouco a pouco, os discípulos de

Jesus descobriram alguns Salm

os parti-cularm

ente apropriados a determinados

mom

entos do dia, da semana ou do ano,

recolhendo neles um sentido profundo em

relação ao mistério cristão. É

uma teste-

munha com

petente deste processo São

Cipriano, que assim

escreve na primeira

metade do século III: “É

necessário, defacto, rezar desde o início do dia para cele-brar na oração da m

anhã a ressurreição doSenhor. Isto corresponde ao que, um

a vez,o E

spírito Santo indicava nos Salmos com

estas palavras: “atendei à voz do meu cla-

mor, ó m

eu Rei e m

eu Deus. A

Vós é que

rezo; pela manhã, Senhor, ouvis a m

inhavoz, m

al nasce o dia exponho o meu pedi-

do e aguardo ansiosamente” (Sal 5, 3-4).

[...] Quando, depois, o sol se põe e chega o

fim do dia, é necessário pôr-se de novo em

oração. De facto, um

a vez que Cristo é o

verdadeiro sol e o verdadeiro dia, no mo-

mento em

que o sol e o dia do mundo che-

gam ao fim

, pedindo através da oração quea luz volte para nós, pedim

os que Cristo

volte a trazer-nos a graça da luz eterna”(D

e oratione dominica, 35: P

L 39, 655). 4.

A tradição cristã não se lim

itou a per-petuar a hebraica, m

as renovou algumas

coisas que acabaram por caracterizar de

modo diverso toda a experiência de oração

vivida pelos discípulos de Jesus. De facto,

para além de recitarem

, de manhã e pela

tarde, o Pai nosso, os cristãos escolheram

com liberdade os S

almos para celebrar

com eles a sua oração de cada dia. A

olongo da história, este processo sugeriu autilização de determ

inados Salm

os, par-ticularm

ente significativos para algunsm

omentos de fé. E

ntre estes, tinha o pri-m

eiro lugar a oração de vigília, que prepa-rava para o D

ia do Senhor, o Dom

ingo, emque se celebrava a P

áscoa da Ressurrei-

ção. Um

a característica tipicamente cristã

foi, posteriormente, o acrescentar no fim

de cada Salm

o e Cântico, da doxologia

trinitária, “Glória ao Pai e ao Filho e ao

Espírito Santo”.

5.A

oração cristã nasce, alimenta-se e

desenvolve-se à volta do acontecimento

da fé por excelência, o Mistério pascal de

Cristo. A

ssim, de m

anhã e à tarde, ao nas-cer e ao pôr do sol, se recordava a Páscoa,a passagem

do Senhor da morte à vida. O

símbolo de C

risto “luz do mundo” aparece

na lâmpada durante a oração de V

ésperas,tam

bém cham

ada por isso lucernário. Aoração da noite tem

um carácter escatoló-

gico, evocando a vigilância recomendada

por Jesus na esperança da sua volta.C

adenciando deste modo a sua oração,

os cristãos responderam ao m

andamento

do Senhor de “orar incessantemente” (cf.

Lc 18, 1; 21, 36; I Ts 5, 17); E

f 6, 18), mas

sem esquecer que toda a vida deve tor-

nar-se oração. Orígenes escreve a este

propósito: “Reza sem

cessar aquele queune a oração às obras e as obras à oração”(Sobre a oração X

II, 2; PG

11, 452 C).

João Paulo II

4 de Abril de 2001.

Transcrito de L’O

sservatore Rom

ano.

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SIC

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ÚS

ICA

NA

LIT

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GIA

O M

istério Pascal

e a mú

sica litúrgica

1.A

ressurreição de Cristo é a causa pro-

funda de toda a alegria cristã. Por isso, acelebração do M

istério Pascal, em que se

realiza sacramentalm

ente a nossa parti-cipação no m

istério de Cristo m

orto eressuscitado e, com

ele, na comunhão

trinitária, encerra em si toda a alegria

possível ao ser humano.

Terminadas as com

emorações do Ju-

bileu do nascimento de Jesus, é oportuno

lembrar a im

portância de procurarmos que

uma tal celebração se revista daquelas

condições que hão-de fazer dela, em m

odoautêntico, um

a efectiva vivência desseprofundo júbilo que deve anim

ar cada co-m

unidade cristã. Com

esse intuito acheipor bem

dar algumas indicações a todos os

caríssimos diocesanos que, a qualquer tí-

tulo, são chamados a intervir activam

entena celebração litúrgica do m

istério cristão.D

e mom

ento, desejo apelar particular-m

ente à reflexão sobre uma das m

ais belase elevadas form

as de manifestação dessa

alegria pascal: a música, enquanto parte

integrante da própria Liturgia.

É verdade que a expressão da m

úsicalitúrgica não se esgota na alegria. D

efacto, não há Páscoa sem

Paixão, não háressurreição sem

morte. T

al como no

Saltério, assim

na Liturgia a m

úsica ex-prim

e louvor, acção de graças, exultação,júbilo…

mas tam

bém súplica, lam

ento,tragédia, arrependim

ento, profissão defé…

“Chorareis e lam

entar-vos-eis […].

Estareis tristes, m

as a vossa tristeza con-verter-se-á em

alegria” (Jo 16, 20). O ano

litúrgico comporta os sentim

entos quepercorrem

todos os mistérios da vida de

Cristo, desde o nascim

ento até à glorifica-ção. H

á Baptism

os e Matrim

ónios, mas há

também

exéquias e ritos penitenciais. Sa-bem

os que é função da música litúrgica

exprimir intensam

ente todos estes passose sentim

entos da vida cristã.S

em esquecerm

os, pois, a complexi-

dade da expressão musical e a variedade

das celebrações, concentremos, por agora,

a nossa atenção na celebração do domin-

go, como “Páscoa sem

anal” , mem

orial daM

orte e Ressurreição do S

enhor. Deste

modo, vam

os, aliás, ao encontro de uma

das grandes recomendações sinodais, pre-

cisamente sobre a arte de bem

celebrar,com

o devendo constituir uma das prim

ei-ras preocupações dos pastores.

Necessid

ade d

e discern

imen

to

2.D

esde o princípio, o cristianismo utili-

za a música nas suas celebrações. D

epoisdos m

odelos musicais da sinagoga judai-

ca, foi acrescentando a arte dos povos queforam

progressivamente evangelizados.

OR

IEN

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RA

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Este vastíssim

o reportório, tão importante

na cultura musical do O

cidente, foi om

odelo inspirador da grande polifoniasacra do período áureo da R

enascença econtinua a ser o m

anancial recomendado

pela autoridade da Igreja como fonte de

inspiração para os actuais compositores

de música litúrgica, sem

prejuízo paraoutras fontes que possam

verdadeira-m

ente enriquecer a criação de novos tre-chos m

usicais.O

s cristãos do século XX

I têm a res-

ponsabilidade de manter vivo o tesouro

musical herdado e de o enriquecer com

novos contributos da verdadeira arte mu-

sical do nosso tempo. U

ma tarefa assim

tem um

alcance tão profundo que toca aintim

idade das pessoas que se dirigem a

Deus, nom

eadamente nas assem

bleias do-m

inicais. Teremos de continuar hoje com

a qualidade artística do passado, porque sóa qualidade poderá atingir o íntim

o da pes-soa. A

todos se exige, por isso, um traba-

lho sério de discernimento, que evite os

extremos tanto da m

era repetição do quejá existe com

o da experimentação fácil,

estéril e sem critério. C

om a sabedoria e

pedagogia que lhe reconhecemos, a Igreja

evitou sempre, na L

iturgia, a música de

menor qualidade.

Um

a vez que o Mistério P

ascal é ce-lebrado num

mom

ento concreto da exis-tência hum

ana, deve ser enriquecido comos elem

entos culturais e artísticos mais

nobres e expressivos de cada período daH

istória, para melhor responder às m

ani-festações de fé em

cada tempo. A

cultura ea arte foram

, em todas as épocas, veículos

privilegiados do contacto com as realida-

des divinas. Para o homem

contemporâ-

neo continuam a ser expressão apropriada

nas suas relações com D

eus.3.

Com

estes pressupostos, considero,pois, oportuno cham

ar a atenção para onecessário discernim

ento nesta matéria,

oferecendo para isso alguns critérios e

dirigindo a todos algumas recom

endaçõesfundam

entais, destinadas a orientar a prá-tica pastoral na A

rquidiocese. Não preten-

do, como é óbvio, afastar-m

e das normas

gerais da Santa Sé sobre este assunto, ex-p

ostas

em

nu

mero

sos

do

cum

ento

s.

II -C

RIT

ÉR

IOS

DE

OR

IEN

TA

ÇÃ

O

4. Em

qualquer acção litúrgica, nada sefará com

o convém se não houver previa-

mente um

a adequada preparação dos in-tervenientes. A

preparação técnica elitúrgico-pastoral tenderá a fornecer cri-térios que facultarão um

a correcta escolhade textos e m

elodias, bem com

o propor-cionará a conveniente pedagogia quepossibilite um

a verdadeira participação.D

este modo se estará apto para avaliar a

qualidade artística, os géneros de música e

os instrumentos, tendo tam

bém em

conta aespecificidade das assem

bleias.

Qu

alidad

e artística

5. Segundo a orientação da Igreja, a músi-

ca litúrgica tem com

o exigência funda-m

ental, além da “santidade”, a qualidade

artística, resumida na palavra “beleza”

usada frequentemente nos docum

entos.P

ara os textos musicados deve existir a

mesm

a exigência de “santidade” e “bele-za”, para que possam

“alimentar a oração

e exprimir o m

istério de Cristo”. A

pasto-ral litúrgica que enveredar por soluçõesfáceis, tam

bém neste cam

po está condena-da ao fracasso, em

bora pareça eficaz à pri-m

eira vista. Não é difícil antevê-lo, dada a

contradição existente, por um lado, entre

essa facilidade e a exigência evangélica e,por outro, entre a verdadeira e a falsa artem

usical para o serviço da Liturgia e a ex-

pressão do indizível.

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13

Esta exigência de qualidade artística

adquire particular actualidade na nossa so-ciedade de consum

o. De facto, esta coloca

os seus “valores” precisamente na faci-

lidade e na fruição do exteriormente

agradável, embora hum

anamente pouco

exigente. Os com

plexos processos publi-citários divulgados pelos m

edia utilizamdem

agogicamente essa perspectiva de fa-

cilidade como m

eio para captar as massas

e vender tanto produtos materiais com

oideologias ou m

arcas. Sabem

os, porém,

que, a médio prazo, um

a tal opção se ma-

nifestará profundamente insatisfatória.

Também

os novos movim

entos religiosos,que actualm

ente proliferam por toda a par-

te, utilizam frequentem

ente este processopara atingirem

os seus objectivos nemsem

pre claros.V

ivendo neste contexto cultural, aIgreja na nossa A

rquidiocese está sujeita àtentação de enveredar por cam

inhos seme-

lhantes, facilmente os confundindo com

apastoral autêntica, a única que é libertado-ra do ser hum

ano. Ora, os cam

inhos deD

eus não se anunciam com

ilusórias pro-m

essas de facilidade nem com

ofertas en-ganosas.

Um

dos meios que m

elhor se prestamà m

anipulação das massas é, sem

dúvida,a m

úsica. Usada de form

a simplista no

comércio, bem

como nas cam

panhas polí-ticas e publicitárias, sob a capa de totalsintonia com

os sentimentos hum

anos daactualidade, a m

aior parte dessa música,

de facto, movim

enta apenas emoções

passageiras, ao sabor das modas. Por ser

dem

asiado

epid

érmica, d

ificilmen

teatinge o interior da pessoa hum

ana.É

um erro grave introduzir tal género

de música na L

iturgia, a pretexto de uma

pastoral moderna e actualizada. F

azê-lonão seria apenas falta de estratégia pasto-ral, m

as erro de reflexão teológica e gravedesvio do genuíno sentido da tradição e dahistória do C

ristianismo, o qual vai na

direcção contrária à via demagógica e

alienante da facilidade e superficialidade,alheia à verdadeira qualidade artística.A

fim de se evitarem

caminhos desses, no

discernimento dos trechos m

usicais a exe-cutar na L

iturgia tenham-se em

conta asnorm

as gerais da Santa S

é, expostas emvários docum

entos.

Gén

eros de m

úsica

6.A

distinção entre música litúrgica e

música não litúrgica exige reflexão atenta.

Se tudo é sagrado, estamos perante um

aform

a velada de panteísmo; se o sagrado é

apenas o que já o era nos séculos passa-dos, estam

os, como já foi referido, longe

de concretizar a doutrina conciliar no quediz respeito à m

úsica para a Liturgia.

Em

todas as culturas existem m

anifesta-ções artísticas que foram

assumidas pelas

respectiv

as celebraçõ

es cultu

ais. AL

iturgia cristã, porém, apesar de envolver

toda a realidade humana e cósm

ica, só uti-liza os elem

entos mais nobres e m

arcadospor características determ

inadas, confor-m

e o seu significado cultural, religioso esim

bólico. Se não tivermos em

considera-ção essas características, criar-se-á um

am

istura de contextos e ambientes, de si-

nais e expressões sem sentido, tendentes a

desvirtuar a autenticidade da celebração.N

a cultura ocidental, sobretudo com a

difusão mediática e m

assiva da música

durante o século XX

, é fácil de ver quedeterm

inados géneros de música estão

conotados, de forma tão clara, com

am-

bientes de divertimento, que não é possí-

vel transpô-los para a Liturgia, a fim

de aídesem

penharem um

a função diferente. Sóa falta de sensibilidade litúrgica e m

usical,agravada pela deficiente form

ação reli-giosa e hum

ana, pode explicar a utilizaçãoindiscrim

inada de todo o género de mú-

sica na Liturgia.

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É tam

bém im

portante manter viva a

grande música que ao longo dos tem

posfoi escrita para a m

esma L

iturgia. Assim

se evitará que ela seja transferida exclu-sivam

ente para os concertos, onde éexecutada fora do contexto para o qual foicriada. E

stá previsto que muitos trechos

dessa música possam

ter lugar, enrique-cendo-as, nas actuais celebrações. Se, pordesleixo ou falta de gosto, a Igreja con-tem

porânea permitisse que toda a grande

música do passado fosse executada e apre-

ciada apenas em concertos, m

anifestariaem

pobrecimento cultural, hum

ano e reli-gioso. A

lém da m

úsica litúrgica do passa-do, há a m

úsica litúrgica do presente. Énecessário produzir novas com

posições,no espírito da estética m

usical contempo-

rânea, como recom

enda o Concílio. A

ssimserá aum

entado o tesouro musical da Igre-

ja herdado dos que professaram a m

esma

fé. Dada a actual com

plexidade do mundo

estético-musical e cultural, essa tarefa

reveste-se de tal dificuldade que não podeser encarada de ânim

o leve, ao sabor degostos particulares ou de m

odas passagei-ras. D

everá ser assumida e realizada por

especialistas seriamente preparados, quer

em L

iturgia quer em m

úsica.

Instru

men

tos mu

sicais

7. Outro problem

a que hoje causa preo-cupação é o que diz respeito aos instru-m

entos musicais a utilizar na L

iturgia.M

antendo-se o princípio fundamental da

primazia do canto, podem

utilizar-se ins-trum

entos adequados, segundo a tradiçãoe as norm

as gerais da Santa Sé, tanto paraacom

panhamento do canto com

o paraexecução a solo.

Por razões de herança cultural e de so-noridade peculiar, o órgão de tubos conti-nua a ser o instrum

ento de referência parauso litúrgico. O

utros instrumentos podem

ser usados, contanto que sejam artísticos,

não desdigam do carácter sagrado das fun-

ções litúrgicas, não sejam dem

asiado rui-dosos, sejam

tocados de forma artística e

sejam capazes de edificar os fiéis.

Há instrum

entos que, por serem fre-

quentemente utilizados noutros contextos,

assumem

conotações simbólicas que difi-

cultam o seu uso litúrgico. N

esse caso épreferível não recorrer a eles.

Seria cómodo declarar que não exis-

tem instrum

entos absolutamente “interdi-

tos” ou “profanos”, que tudo é válido, ouque nada se pode adm

itir. No entanto, os

critérios sobre esta matéria devem

assen-tar num

a séria reflexão pastoral e cultural,apoiada no conhecim

ento dos vários do-cum

entos da Santa Sé. Parece que o verda-deiro problem

a é realmente este: reflexão

séria e estudo dos documentos.

Celeb

rações específicas

8. Em

circunstâncias particulares, como

as celebrações de casamento, deve ser

aproveitada a oportunidade para escla-recim

ento dos intervenientes (noivos efam

iliares). As razões de algum

a anarquianestes casos passam

pela falta de forma-

ção religiosa e litúrgica, pela falta desentido pastoral e pelo desconhecim

entogeral dos docum

entos da Igreja. Geral-

mente esses casos não acontecem

por má

fé. Por isso, devem

ser encarados nessaperspectiva e solucionados com

pacientepedagogia. S

em enveredarm

os por solu-çõ

es extrem

as de rig

orism

o n

em d

elaxism

o, merece atenção redobrada o que

se refere à selecção de cânticos adaptadosaos diversos níveis etários, nom

eadamen-

te nas celebrações com crianças ou jovens.

Tendo em conta que os m

embros m

aisnovos das com

unidades cristãs devem,

progressivamente, ser introduzidos nas

celebrações normais de toda a com

unida-de – com

a correspondente exigência mu-

sical – não se deve ignorar que, naquelas

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celebrações em que há um

grande número

de crianças, se devem utilizar não só par-

tes próprias dos rituais específicos, mas

também

alguns trechos musicais apro-

priados.Q

uanto às celebrações com jovens, é

preciso proceder com seriedade, abertura

e critério. Se é verdade que boa parte dagente nova se identifica com

a chamada

“cultura juvenil”, identificando-se, porisso, com

certa música com

ercial e consu-m

ista, também

é certo que muitos jovens –

os mais exigentes – não se revêem

nessam

úsica e se distanciam dessa cultura

massificante. P

or isso, embora em

algu-m

as celebrações se possa ir ao encontro deum

gosto dito “juvenil”, artisticamente

menos elaborado e exigente, é preciso não

perder de vista a pedagogia pastoral e aform

ação progressiva dos jovens. Procu-rar-se-á que atinjam

aquele nível de aper-feiçoam

ento e participação litúrgica queestá de acordo com

a nossa melhor tradi-

ção cultural, evitando o nivelamento pela

qualidade inferior.N

esse sentido, é urgente que seja in-tensificada a form

ação doutrinal e espiri-tual dos jovens, a fim

de que a vivênciaautêntica da E

ucaristia os leve à aprecia-ção e execução de um

estilo de música que

corresp

on

da ao

carácter sagrad

o d

aL

iturgia. Sem essa form

ação não estarãocapacitados para sentir a im

possibilidadede conciliar um

espírito alheio ao Evange-

lho e à celebração com a m

úsica própriada L

iturgia. O m

ero recurso a normas ex-

teriores é pouco convincente e não as tor-na suficientem

ente entendidas.É

necessário também

não fomentar o

hábito de um pequeno grupo de jovens

“impor” as suas preferências m

usicais aum

a assembleia inteira não juvenil. Tal

procedimento não é um

serviço à Liturgia

e a essa assembleia, m

as antes, presumi-

velmente, pura exibição e deleite do

próprio grupo.

Um

a celebração concreta, realizadaexclusivam

ente com crianças ou jovens,

cria condições diferentes das celebraçõesheterogéneas habituais. N

o entanto, hajaatenção cuidadosa para evitar que as m

úsi-cas dessas celebrações sejam

simples

adaptações de textos a músicas de outros

ambientes, conhecidas por eles. D

ificil-m

ente, nestas circunstâncias, se impedirá

que o pensamento seja desviado para o

ambiente profano que está na origem

dessas canções e que o sentimento corres-

pondente acabe também

desvirtuado.C

ompreende-se que tais adaptações pos-

sam servir para convívios ou reuniões,

mas não são aptas para a L

iturgia.Q

uando tal acontece, não raras vezesas razões deste procedim

ento decorrem da

falta de tempo ou de condições para ensai-

ar os cânticos aos jovens, incluindo-senesta preparação, em

primeiro lugar, a for-

mação doutrinal e litúrgica a partir dos

textos. A liturgia dos jovens deve ser pre-

parada também

no que diz respeito à músi-

ca. Aliás, um

a celebração ocasional nãovai resolver todos os problem

as daqueles.É

preciso apostar na sua formação con-

tínua.E

vitem-se puritanism

os radicais e es-téreis, bem

como dem

agogias fáceis, como intuito duvidoso de “conquistar” jovenspara as celebrações. A

médio e longo pra-

zo, o trabalho persistente das escolas dem

úsica e dos grupos corais paroquiais –frequentados m

aioritariamente por jovens

– darão uma ajuda ím

par neste campo.

Con

certos nas igrejas

9. É cada vez m

ais frequente a utilizaçãodo espaço litúrgico para a realização deconcertos de m

úsica sacra e religiosa.E

ssa prática não se opõe à finalidade dasigrejas, dado que as obras executadas nes-ses concertos foram

compostas para a

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IM D

E PA

ST

OR

AL L

ITÚ

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ICA

Liturgia ou são inspiradas nos textos sa-

grados. É louvável a prom

oção e apoiodessas actividades m

usicais e culturais,para se tornar vivo um

património secular

de incalculável riqueza, e também

paradar a conhecer novas criações de carácterreligioso ou litúrgico, com

o foi práticanorm

al ao longo da história da Igreja.D

esse modo, esta pode dar um

contributovalioso na prom

oção cultural e artísticaanim

ada pelo Evangelho.

Além

disso, dada a estreita ligação en-tre o conteúdo desses concertos e a B

oaN

ova cristã transfigurada em arte m

usical,é im

portante aproveitar a oportunidadedesses acontecim

entos para uma renovada

evangelização, pela música e pelos textos,

para que o enriquecimento dos ouvintes

seja simultaneam

ente artístico e evangéli-co, num

a perfeita simbiose entre A

rte eC

ristianismo.

Devem

ser observadas as normas con-

cretas da Santa Sé sobre os procedimentos

a seguir nestas circunstâncias, as quais serecordam

mais adiante.

III -R

EC

OM

EN

DA

ÇÕ

ES

PA

ST

OR

AIS

10. Com

o objectivo de se realizar um tra-

balho pastoral correcto, equilibrado e pro-gressivo, hei por bem

recomendar:

a) Seja dada a devida atenção ao estu-do da m

úsica no Seminário, para que os

futuros sacerdotes adquiram sensibilidade

e mentalidade artísticas e obtenham

os co-nhecim

entos indispensáveis. Assim

, verãofundam

entadas as razões para a correctaorientação das pessoas e grupos, nestecam

po da sua futura acção pastoral.b) Seja aproveitado, prom

ovido e in-centivado o trabalho da E

scola Diocesana

de Música S

acra, a trabalhar em B

ragadesde 1988. E

la oferece um contributo

ímpar na preparação de agentes da pas-

toral litúrgica no campo da m

úsica (or-ganistas, salm

istas, directores de coro eassem

bleia), com capacidade para anim

aras assem

bleias litúrgicas e preparar ascom

unidades para uma m

aior sintoniacom

a música de qualidade.

c) A m

édio ou longo prazo criem-se

condições para que haja um responsável

pela pastoral litúrgica nas principais igre-jas da A

rquidiocese ou, pelo menos, em

cada Arciprestado. E

ste terá a devida pre-paração litúrgica e m

usical. d) N

os orçamentos paroquiais te-

nha-se em conta a aquisição de órgãos

litúrgicos e o restauro de órgãos de tuboshistóricos, quando existam

. Sim

ultanea-m

ente, cada paróquia deve providenciar oapoio m

oral e financeiro necessário para aform

ação de directores de coro e assem-

bleia, organistas e outros instrumentistas

capazes.e) N

o que se refere ao uso de outrosinstrum

entos, que não o órgão de tubos,tenham

-se em conta os critérios enuncia-

dos no número 7 deste docum

ento.f) Seja aproveitado o contributo de re-

vistas especializadas em m

úsica para aL

iturgia. Sendo orientadas por especialis-tas de diversas áreas, desde a poesia e lite-ratura à liturgia e m

úsica, proporcionamorientação e ajuda preciosas para o cantolitúrgico. É

de louvar o recurso à Nova

Revista de M

úsica Sacra, publicação par-ticularm

ente apreciada pelos profissionaisda m

úsica, quer a nível nacional quer noestrangeiro. D

esde Agosto de 1989 foi de-

clarada pelo Prelado diocesano “órgão

oficioso da Arquidiocese de B

raga para osector da m

úsica sacra”. Dentro de um

sa-dio e legítim

o pluralismo, juntam

ente comela podem

ser usadas outras, de estilos econteúdos diversos, m

as sempre com

aquela qualidade que serve os objectivoslitúrgicos.

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17

Logo que seja concretizado o projec-

to de criação de um A

rquivo Diocesano,

capaz de recolher e catalogar o património

existente, facilitando o seu conhecimento

e utilização, procure-se tirar dele máxim

oproveito.

g) Sejam apoiados e aperfeiçoados os

grupos corais litúrgicos existentes e sejamcriados outros onde forem

necessários,para que se m

elhore não apenas a quali-dade do canto a vozes m

as também

aparticipação da assem

bleia dos fiéis nasm

elodias que a ela se destinam. A

inter-venção exclusiva do coro, em

mom

entosprevistos da celebração, não se faça porm

era exibição musical, m

as com espírito

de profundo e qualificado serviço à par-ticipação. T

ais intervenções devem ser

pontuais, sem im

pedir a beleza do cantoda assem

bleia numa celebração inteira.

Assim

, nas festas mais solenes da liturgia

paroquial, nas visitas pastorais e em cir-

cunstâncias semelhantes, haja um

cuidadoparticular na preparação das m

elodias daassem

bleia, para que esta cante festiva-m

ente e não se limite a escutar o grupo

coral durante toda a celebração.N

a ausência do grupo coral, um ani-

mador da assem

bleia devidamente pre-

parado pode supri-lo com eficiência em

algumas celebrações. D

eve evitar-se,porém

, que o animador substitua sistem

a-ticam

ente o coro.h) Tendo em

conta a cultura e tradiçãolocal, evite-se o abuso de im

portações mu-

sicais de outras culturas. Se o contacto

com diferentes sensibilidades pode ser

enriquecedor, o abuso pode fazer dessam

úsica um corpo estranho na identidade

cultural de cada comunidade celebrante e,

nessa medida, um

sinal inadequado eexpressivam

ente ineficaz nas suas cele-brações.

i) Nas com

unidades em que não existe

ainda a qualidade desejável no canto, te-

nha-se em conta o sentido pedagógico e

progressivo na condução de uma pastoral

litúrgica bem estruturada, sem

enveredarpor soluções fáceis de atingir, m

as de con-teúdo duvidoso. É

importante o contributo

que um bom

grupo coral pode dar na for-m

ação do gosto artístico de toda a assem-

bleia e no seu modo de cantar.

j) No que se refere aos concertos nas

igrejas, além da doutrina universal, lem

-bro os procedim

entos a seguir: antes deim

presso, deve ser enviado à Secretaria

Arquiepiscopal o program

a, acompanhan-

do o pedido de autorização. Nesse pedido,

além do local, data e hora, serão indicados

os títulos, autores e intérpretes das obras aexecutar. C

onsultada a Com

issão Dioce-

sana de Música Sacra e fundam

entada noparecer técnico por ela apresentado, acom

petente autoridade diocesana emitirá

a resposta adequada. Poderá ser autoriza-do ou im

pedido o concerto, ou exigida arem

oção ou substituição de parte do pro-gram

a analisado. Será sempre preservado

o respeito pelo local e haverá o cuidado deretirar o Santíssim

o Sacramento para lu-

gar conveniente e digno.C

omo já foi referido, a evangelização

passa também

pela música destes con-

certos. Por isso, é oportuno introduzi-loscom

alguma breve e oportuna explicação

bíblica, doutrinal ou litúrgica, que situe asobras executadas no contexto históricodo louvor a D

eus, para edificação dosouvintes.

k) Há cada vez m

aior número de esco-

las de música ao alcance de todos. A

lémdos elem

entos básicos, nelas se aprende atocar grande núm

ero de instrumentos

nobres usados na grande música. N

ão seperca a oportunidade para incentivar osjovens das nossas paróquias, nelas form

a-dos, a aum

entar a beleza artística daL

iturgia. Os m

esmos serão convidados a

contribuir com a sua arte para anim

ar en-

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contros, convívios e festas. Assim

, pode-rem

os evitar a tendência geral para nivelaras reuniões de jovens pelo m

ais baixo ní-vel m

usical, às vezes aliado a manifesta-

ções morais pouco concordantes com

oespírito evangélico. D

esse modo tam

bém,

será possível estabelecer a diferença entregrupos de jovens cristãos e outros grupos.É

importante o papel da arte na form

açãohum

ana, cristã e litúrgica dos jovens.l) E

m cada paróquia, a E

quipa deL

iturgia deve incluir representantes dosgrupos corais, dos salm

istas, directores docoro e assem

bleia.m

) Em

princípio, o grupo coral é paro-quial. Para exercer a sua actividade forad

a p

aróq

uia

de

orig

em,

dev

e ser

credenciado pelo respectivo pároco e au-torizado, em

cada caso, pelo pároco daigreja em

que se apresenta.D

e modo sem

elhante, para que outrosgrupos corais não paroquiais possamtam

bém exercer idêntica actividade, terão

de ser cred

enciad

os p

ela Secretaria

Arquiepiscopal. E

sta só o fará mediante

documento do pároco em

cujo territórioestá sediado, que ateste a qualidade m

u-sical do grupo e o testem

unho de vidacristã dos seus elem

entos. Poderá ser

pedido também

o parecer da Com

issãoD

iocesana de Música Sacra, que em

itiráum

juízo depois de ouvir e examinar o seu

repertório e confirmar o respeito pelas

normas litúrgicas em

vigor. A credencial

poderá ser temporária e sujeita a caducar a

qualquer mom

ento, no caso de faltarem as

condições que a haviam fundam

entado.n) R

ecomenda-se que os grupos corais

paroquiais tenham as suas contas integra-

das no Fundo Paroquial. A paróquia deve

assumir as despesas inerentes à sua activi-

dade, como acontece com

outros gruposapostólicos.

11.A term

inar, quero manifestar o m

euprofundo agradecim

ento a todos quantos,no espaço da A

rquidiocese, vêm contri-

buindo, a qualquer título, para que asnossas celebrações litúrgicas se revistamd

aqu

ela qu

alidad

e mu

sical qu

e lhes

convém, e, em

particular, aos milhares

de pessoas que formam

os grupos coraisdispersos um

pouco por toda a parte, peloseu trabalho ao m

esmo tem

po imenso e

discreto. No serviço persistente e desinte-

ressado que prestam - autêntico m

inistériode anúncio do R

eino de Deus entre os

homens - são exem

plo de como o povo

cristão pode assumir a nobre tarefa de tor-

nar mais viva e rica a L

iturgia, através dam

úsica executada “com arte e com

alma”.

Louvo, agradeço e incentivo, tam

bémem

particular, o trabalho dos organistas,salm

istas, directores de coro e animadores

de assembleia. N

o exercício do seu minis-

tério, são eles os mais em

penhados naqualidade artística e litúrgica da m

úsicadas celebrações. D

eles depende, em boa

medida, a intensidade de participação de

todos os fiéis nos mistérios celebrados.

Desejo ver aum

entado o número e a quali-

dade destes colaboradores da Liturgia,

para bem da cultura e da arte, para bem

daIgreja e para glória de D

eus Pai.

Braga, Q

uinta-Feira Santa,12 de A

bril de 2001

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OR

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A,A

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19

CU

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LIT

OS

1

A N

OS

SA

PA

QU

IA

1.T

emp

o de oração

• Acolhim

ento• Sinal da cruz• Pequena oração

2.A

nossa p

aróqu

iaV

amos com

eçar hoje um pequeno cur-

so. Ele destina-se a preparar acólitos para

a nossa paróquia. Porquê? Porque a paró-quia precisa deles.

O que é um

a paróquia? É um

grupo decristãos, pertencentes a um

a Diocese, e

com

um

páro

co, q

ue é o

seu p

astor

próprio. Além

das pessoas, uma paróquia

tem sem

pre um território, m

aior ou mais

pequeno, e uma igreja principal, cham

adaigreja paroquial Pode ter outras igrejas ecapelas. M

as uma só é paroquial. É

nessaigreja que, habitualm

ente, se fazem os

baptismos. Por isso, um

a igreja paroquialtem

sempre pia baptism

al. A paróquia

também

pode ter um C

entro paroquial eoutros serviços.

Cada pároco é nom

eado pelo bispo daD

iocese, e pode estar numa paróquia m

aisou m

enos tempo. Só os padres podem

ser

párocos, mas num

a paróquia pode haverum

diácono que trabalha com o pároco. O

spárocos são conhecidos por vários nom

es,conform

e as terras: senhor padre, senhorprior, senhor reitor, senhor abade...

Os cristãos de um

a paróquia têmm

uitas coisas em com

um: laços fam

ilia-res, am

izade, vizinhança, conhecimento

mútuo. M

as sobretudo têm a m

esma fé em

Jesus. Um

a paróquia é, pois, uma fam

íliaalargada, que tem

a mesm

a fé como ele-

mento de ligação. É

na paróquia que ascrianças e adultos são baptizados; alifrequentam

a catequese, fazem a prim

eiracom

unhão, recebem a confirm

ação, ca-sam

, e em cada dom

ingo vão à missa à

igreja paroquial ou outra.

Questões práticas:

—C

omo se cham

a a nossa paróquia?—

Quantos habitantes tem

?—

Com

o se chama a nossa igreja paro-

quial?—

A que diocese pertence a nossa paró-

quia?—

Com

o se chama o nosso pároco?

—E

como se cham

a o nosso bispo?

AC

ÓL

ITO

S

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IM D

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OR

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RG

ICA

3.O

dom

ingo n

a paróq

uia

Para os cristãos de todas as paróquiasdo m

undo, o domingo é o dia m

ais impor-

tante da semana. É

chamado dia do Se-

nhor, porque foi num dom

ingo que Jesusressuscitou. C

omo é no dom

ingo que asfam

ílias cristãs de cada paróquia se reú-nem

na igreja, chama-se-lhe dia dos cris-

tãos. No dom

ingo não se trabalha nem há

escola.Para que se reúnem

os cristãos todosos dom

ingos na igreja da sua paróquia?Para tom

arem parte na m

issa, pois há umm

andamento da Igreja que diz assim

: «No

domingo e nos outros dias festivos de pre-

ceito, os fiéis devem participar na m

issa».N

ão se deve faltar à missa por qualquer

motivo, e m

uito menos por não nos apete-

cer ir. Quem

assim faz m

ostra que aindanão entendeu o que é o dom

ingo e a impor-

tância que a reunião desse dia tem para a

fé de cada um e de todos em

conjunto.Q

uem preside quase sem

pre à missa paro-

quial em cada dom

ingo é o pároco. Há

sempre um

a hora marcada para a m

issa. Osino lem

bra às pessoas essa hora, tocandoum

a, duas ou três vezes antes. A m

issa temvários nom

es: eucaristia, ceia do Senhor,fracção do pão, assem

bleia eucarística,etc.O

que acontece durante a missa?

Ouve-se a palavra de D

eus, canta-se, di-zem

-se orações, leva-se pão e vinho aoaltar, faz-se o que Jesus fez na últim

a Ceia,

dá-se a comungar o pão consagrado que é

o Corpo de C

risto. Por fim, as pessoas re-

gressam a suas casas e procuram

vivercada vez m

ais de acordo com o que D

euslhes disse na sua P

alavra e o Espírito

Santo lhes segredou no coração.

Questões práticas:

—P

orque é que o domingo é o dia do

Senhor?

—E

porque é que se lhe chama tam

bémdia dos cristãos?—

Onde se reúnem

as famílias cristãs no

domingo?

—P

ara que se reúnem elas?

4.A

assemb

leia cristãd

o dom

ingo

Os cristãos reunidos na igreja de cada

terra, no domingo, form

am um

a assem-

bleia. Jesus fez esta promessa aos seus

discípulos: Quando dois ou três estiverem

reunidos em m

eu nome, E

u estou no meio

deles (Mt 18, 20). E

sta presença de Jesusfaz com

que a reunião dos cristãos e a suaassem

bleia sejam m

uito diferentes de ou-tras reuniões e de outras assem

bleias. Esta

faz-se para celebrar a liturgia, ou seja paraescutar D

eus que fala, para lhe dirigir cân-ticos e orações, e para com

ungar o Corpo

de Jesus.D

onde vêm as pessoas que se reúnem

?V

êm de suas casas. E

quem é que vem

?V

êm hom

ens e mulheres, rapazes, rapari-

gas e crianças. E porque vêm

as pessoasàquela reunião? Porque não podem

passarsem

celebrar todos os domingos a C

eia doSenhor. D

omingo em

que não se reúnem é

como se fosse um

dia sem sol.

Quem

as mandou celebrar essa C

eia?Foi Jesus, quando disse aos seus A

pósto-los: F

azei isto em m

emória de M

im. N

óshoje cham

amos m

issa ou eucaristia a essaC

eia que celebramos quando nos reuni-

mos, todos os dom

ingos.

Questões práticas:

—C

omo se cham

a à assembleia dos cris-

tãos que celebra a liturgia?—

Que disse Jesus aos seus discípulos

acerca dessa reunião?

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21

—D

onde vêm as pessoas que se reúnem

na igreja?—

Será que um cristão pode viver sem

celebrar todos os domingos com

os outrosa C

eia de Jesus?

5.O

s min

istrosd

a assemb

leialitú

rgicaP

ara que uma assem

bleia litúrgicapossa celebrar a m

issa, precisa de minis-

tros. Quem

são eles? São os encarregadosde fazer algum

serviço na assembleia. N

aassem

bleia litúrgica cristã, os que fazemas leituras, os que recolhem

as ofertas, osque servem

ao altar, todos são ministros

litúrgicos.O

s diversos ministros litúrgicos ser-

vem ao m

esmo tem

po a Deus e às pessoas

reunidas. Para que a celebração da missa

decorra bem, são precisos pelo m

enosquatro m

inistros. Quais são eles? S

ão opresidente, o leitor, o cantor e o acólito. O

presidente só pode ser um bispo ou um

presbítero (=padre), porque só eles podem

fazer o que Jesus mandou aos seus A

pós-tolos, ou seja, m

udar o pão e o vinho nocorpo e sangue de C

risto. O leitor é preci-

so para fazer as leituras. O cantor é preciso

para cantar o salmo responsorial e para di-

rigir o canto da assembleia. E

o acólito,para que é ele preciso? O

acólito é precisopara m

uitas coisas. Mas antes de dizerm

osquais são essas coisas, tem

os de ver, numa

das próximas lições, quem

é o acólito equem

pode ser acólito.

Questões práticas:

—Q

uem são os m

inistros litúrgicos?—

A quem

servem eles?

—Q

uais são os ministros precisos para

que a celebração da missa decorra bem

?—

Já alguma vez foste acólito?

—G

ostas de ser acólito?

José de Leão C

ordeiro

Este C

urso

para L

eitores

é um

a série de 1

0 liçõ

es– a co

ntin

uar n

os p

róxim

os n

úm

eros –

para aju

dar o

s form

ado

res de acó

litos

a prep

arar as acções d

e form

ação.

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ICO

S A

LE

NT

EJA

NO

S E

M C

D

ração do canto popular religioso do Baixo

Alentejo, e com

a apresentação das váriaspeças. T

raz também

os textos integrais doscânticos incluídos no C

D.

Este trabalho foi lançado oficialm

enteem

Lisboa, no passado dia 1 de A

bril noPanteão N

acional, onde decorre uma ex-

posição de Arte Sacra da D

iocese de Beja.

A m

ajestosa nave do Panteão encheu-se

com a ressonância das vozes alentejanas

do Coro do C

armo de B

eja, conseguin-do-se um

a excepcional simbiose entre a

arte plástica, nas suas diversas manifes-

tações, e a arte musical, que resultou num

aatm

osfera cheia de beleza.O

Secretariado de L

iturgia de Beja

prepara para breve uma edição com

asm

úsicas do CD

e todas as outras já recu-peradas, reunindo num

livro único osdois livrinhos de C

ânticos Religiosos

Alen

tejano

s entretan

to esg

otad

os e

acrescentando algumas interessantes

novidades.SL

B

Interpretado pelo Coro do C

armo de

Beja, sob a direcção m

usical do P. António

Cartageno e editado pelas Paulinas, acaba

de sair um C

D com

cânticos alentejanos,recolhidos da tradição popular religiosado B

aixo Alentejo.

Este trabalho, com

a duração de 77m

inutos, inclui 19 peças distribuídas por 4secções: M

issa, Natal, Q

uaresma / Paixão

e Santos Populares. Trata-se de um

a selec-ção de grande parte do repertório até agorarecuperado pelo Secretariado de L

iturgiade B

eja, com alguns dos cânticos m

ais po-pularizados, com

o: o Bom

Pastor, F

ontede Á

gua Viva, Ó Virgem

Maria, etc., m

astam

bém algum

as inéditas gravadas agorapela prim

eira vez.A

gravação, feita na Sé de Beja com

acompanham

ento de órgão de tubos, ém

uito cuidada, quer do ponto de vistatécnico quer interpretativo.

O C

D vem

acompanhado dum

textoassinado pelo P. C

artageno sobre o his-torial da experiência de recolha e recupe-

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RA

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TE

SA

CR

A D

A D

IOC

ES

E D

E B

EJA

Sendo a segunda m

aior diocese dopaís em

área (com cerca de 12 300 km

2),logo a seguir à arquidiocese de É

vora, cujaprovíncia eclesiástica integra, B

eja carre-ga sob os om

bros o pesado fardo dadesertificação, particularm

ente sensívelnas zonas rurais do interior, onde os tradi-cionais m

odos de vida quase se extingui-ram

durante as últimas décadas, ao ritm

oda m

alograda Reform

a Agrária sujeita ao

Diktat do P

artido Com

unista Português,

primeiro, e da não m

enos famosa Política

Agrária C

omum

imposta pela U

nião Euro-

peia, depois, o que obrigou ao êxodo degrande parte dos – já de si escassos – habi-tantes do B

aixo Alentejo (algo m

enos de240 000 residentes, dos quais apenas cercade 6%

vai à missa ao dom

ingo, embora a

maioria seja baptizada e se declare cató-

lica). Todavia, não obstante a difícil situa-ção social e económ

ica deste território,as suas populações souberam

conservarorgulhosam

ente, por vezes à custa de in-dizíveis sacrifícios, um

vasto e diversifi-cado conjunto de bens culturais em

quesobressai, em

posição de evidente desta-que, o patrim

ónio religioso, perfazendom

ais de três quartos de todo o universop

atrimo

nial d

a região

, entre v

alores

imóveis, m

óveis e imateriais.

Esta excepcional herança tem

vindo aser inventariada, estudada e protegida des-de que, em

1984, foi criado por decretoepiscopal o D

epartamento do Patrim

ónioH

istórico e Artístico, serviço constituído

por uma pequena equipa de voluntários

com form

ação técnica a quem a D

ioceseconfiou a superintendência de um

sectorque, até essa data, se exceptuarm

os algunsesforços isolados, tinha perm

anecidoquase desconhecido. U

ma vez avançada a

catalogação dos fundos diocesanos, prio-ridade que orientou a intervenção do D

e-partam

ento, existiu um forte em

penho emproceder à sua divulgação através de ex-posições de qualidade, partindo de um

apreocupação de rigor científico, traduzidana publicação de catálogos que vieram

en-riquecer a escassa bibliografia diocesana.P

retendeu-se assim fom

entar uma sen-

sibilização alargada – a começar pelas

próprias comunidades locais – para a ur-

gência da salvaguarda de um patrim

óniocolectivo am

eaçado na sua integridade,além

de uma ou outra alienação ilegítim

a,pelos furtos, pelas intervenções poucoqualificadas e, principalm

ente, pela escas-sez de recursos. A

o mesm

o tempo, a reali-

zação destas exposições permitiu dar pas-

sos fundamentais para a recuperação de

AR

TE SA

CR

A

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OR

AL L

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O PE

DR

O

Escultura em

madeira policrom

ada, estofada, encarnada e dourada. Realizada no ano de 1788 para a igreja de

São Pedro de Beja, sede de um

a irmandade de clérigos diocesanos, esta notável peça ficou a dever-se a um

aencom

enda pessoal de D. Fr. M

anuel do Cenáculo, prim

eiro bispo da restaurada Diocese de B

eja (1770), aJoaquim

Machado de C

astro. Foi recentemente recuperada pelo D

epartamento do Patrim

ónio Histórico e

Artístico da D

iocese de Beja para a E

xposição Entre o C

éu e a Terra [Fotografia de Sofia Perestrello].

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25

obras de arte que de outro modo continua-

riam ao abandono ou poderiam

mesm

o pe-recer.A

primeira iniciativa do D

epartamento

neste âmbito teve lugar em

1990, na Gale-

ria de Exposições Tem

porárias do Museu

Municipal de S

antiago do Cacém

, eintitulou-se A

rs Sacra. 1 Seguiram-se no-

vas experiências, algumas de carácter

monográfico, com

o Doctor E

vangelicus –Santo A

ntónio na Arte do B

aixo Alentejo

(Santiago do Cacém

, Galeria de E

xposi-ções Tem

porárias do Museu M

unicipal,1996)

2 e Da O

cidental Praia L

usitana –Vasco da G

ama e o seu Tem

po (Sines, Cas-

telo, Igreja de Nossa Senhora das Salas e

Forte do Revelim

, 1998-1999, em parceria

com a C

omissão N

acional para as Com

e-m

orações dos Descobrim

entos Portugue-ses), 3 outras com

propósitos mais abran-

gentes, como A

s Vozes do Silêncio – Ima-

ginária Barroca da D

iocese de Beja

(Mértola, Igreja M

atriz de Nossa Senhora

de Entre-as-V

inhas, 1997), 4 exposiçãorealizada num

templo paroquial aberto ao

culto, o que constituiu uma intervenção

pioneira entre nós. Em

1999-2000, aconvite da D

irecção dos Museus e G

ale-rias da D

iocese de Regensburg, na B

avie-ra, surgiu a oportunidade, inédita paraum

a diocese portuguesa, de apresentarum

a exposição no estrangeiro: Ro

saM

ystica – Nossa Senhora na A

rte do Sul

de Portugal / M

ariendarstellungen ausdem

Südlichen Portugal (R

egensburg,M

useu da Catedral, com

catálogo bilingueportuguês-alem

ão). 5

Desde S

etembro de 2000 que se en-

contra patente ao público, em L

isboa, noPanteão N

acional (antiga igreja de SantaE

ngrácia), a Exposição E

ntre o Céu e a

Terra – Arte Sacra da D

iocese de Beja,

anterio

rmen

te apresen

tada em

Beja

(Pousada de S

ão Francisco, 1998-1999).

Organizada em

cinco núcleos temáticos, a

iniciativa oferece uma perspectiva da

história da presença da Igreja no Baixo

Alentejo, desde a época da fundação da

cátedra pacense, na transição do século Vpara o V

I, até à actualidade, sem esquecer

os contactos plurisseculares com as duas

outras “Religiões do L

ivro” que tiveramrelevante presença na zona, o Judaísm

o eo Islam

ismo. P

ara este efeito, foram reu-

nidas cerca de duas centenas de obras dearte, provenientes de igrejas, erm

idas eoutras instituições religiosas de todos osconcelhos do território diocesano, co-brindo um

amplo leque de m

anifestaçõesplásticas, com

realce para a pintura, aescultura, a ourivesaria, a joalharia, o m

o-biliário e a param

entaria. Muitas destas

peças encontravam-se fora de uso, con-

servadas em condições precárias em

sa-cristias e anexos de igrejas, residênciasparoquiais, cofres de bancos ou de autar-quias, casas de particulares... quando nãoaguardavam

num m

onte de lenha a hora deserem

sacrificadas pelo fogo. Em

algunscasos nem

sequer os responsáveis locaissabiam

da sua existência.C

on

cebid

a com

o u

ma ex

po

siçãod

eliberad

amen

te aberta ao

exterio

r,

5M

ystica – Nossa Senhora na A

rte do Sul de Portugal /

Mariendarstellungen aus dem

Südlichen Portugal,

Regensburg, Schnell und Steiner, 1999.

1A

rte Sacra do Concelho de Santiago do C

acém – E

x-posição. R

oteiro, Santiago do Cacém

, Câm

ara Munici-

pal de Santiago do Cacém

, 19902

Doctor E

vangelicus – Santo António na A

rte do Baixo

Alentejo, Santiago do C

acém, M

useu de Arte Sacra de

Santiago do Cacém

, 1996.3

Da O

cidental Praia L

usitana – Vasco da Gam

a e o seuTem

po, Lisboa, C

omissão N

acional para as Com

emo-

rações dos Descobrim

entos Portugueses, 1998.4

As Vozes do Silêncio – Im

aginária Barroca da D

iocesede B

eja, Beja – L

isboa, Departam

ento do Património

Histórico e A

rtístico da Diocese de B

eja – Estar E

di-tora, 1997.

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ÁR

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Márm

ore. Trabalho português da segunda m

etadedo século X

IV. O

riunda da igreja de Santa Clara,

antiga matriz da vila de V

idigueira, esta obra repre-senta as m

onjas clarissas a rezarem o ofício no coro.

Sobre a cabeça da figura central de cada grupo dereligiosas surge a m

ão de Deus, sinal da vontade di-

vina. O lavor escultórico, perfeitam

ente enquadradono rigor sim

étrico do espaço plástico, é característi-co da produção escultórica do apogeu do nosso G

ó-tico [Fotografia de Sofia Perestrello].

afastando-se da prática enraizada no nossopaís de “m

ostrar para dentro”, isto é, depôr a Igreja a falar para a Igreja, este pro-jecto tem

contado com um

a grande adesãodo público – m

ais de 70 000 visitantes re-gistados até agora, dos quais um

terço deturistas estrangeiros –, o que surpreendeunão só a D

iocese, mas tam

bém os respon-

sáveis do Ministério da C

ultura, que regis-taram

um increm

ento notável no número

de entradas no Panteão Nacional, m

onu-m

ento afecto ao Instituto Português do Pa-trim

ónio Arquitectónico. G

rande partedestes visitantes vieram

em fam

ília e in-corporaram

-se em grupos que solicitaram

acompanham

ento especializado ao servi-ço educativo da E

xposição, equipa técnicacuja colaboração tem

sido muito requeri-

da. Cum

pre salientar a este propósito otrabalho pedagógico desenvolvido juntodo público infanto-juvenil (dos 6 aos 12anos), que é apoiado por um

guia específi-co, um

livrinho da autoria de Cristina

Neiva C

orreia e com desenhos de L

auraC

armo C

osta, intitulado Surpresas entre oC

éu e a Terra, 6 que vai na sua terceira tira-gem

e constitui um autêntico “best-seller”

no género. Para o público adulto existe umR

oteiro de bolso, também

com grande pro-

cura, além de um

catálogo geral publicadoem

três tomos e que foi realizado com

acolaboração de especialistas, docentesuniversitários e conservadores de m

u-seus. 7

JO

SÉ AN

NIO F

AL

O

Director do D

epartamento

do Património H

istórico e Artístico da

Diocese de B

eja.

6Surpresas entre o C

éu e a Terra, Beja, D

epartamento

do Património H

istórico e Artístico da D

iocese de Beja,

1988.7

Entre o C

éu e a Terra – Arte Sacra da D

iocese de Beja,

I-III, Beja, D

epartamento do P

atrimónio H

istórico eA

rtístico da Diocese de B

eja, 2000.

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27

SIC

AE

INC

ULT

UR

ÃO

LIT

ÚR

GIC

A

Tanto a música com

o a inculturaçãosão cam

pos de estudo relativamente novos

para a teologia litúrgica, muitas vezes ten-

tada a idealizar a liturgia desatendendo àprópria natureza do seu objecto de estudo,m

ais da ordem do ergon do que do logos.

Só no âmbito da acção é que se torna pos-

sível afrontar com seriedade a questão da

dimensão m

usical da liturgia e a da rela-ção culto-cultura.

Estas linhas estão concebidas com

onotas para o aprofundam

ento da temática

que se entrevê no título: a função da músi-

ca no processo de inculturação litúrgica.a. O

tema da inculturação litúrgica,

impõe, desde logo, um

primeiro esclareci-

mento. Terá sentido falar em

inculturaçãolitúrgica no nosso país de “antiga tradiçãocristã o

ciden

tal”? Para a V

arieta

tislegitim

ae a resposta a esta pergunta é, sur-preendentem

ente, não (VL

7. 29). Para aIV

Instrução para a aplicação da SC, a in-

culturação é uma tarefa circunscrita ao

âmbito das jovens igrejas que passam

dem

issões a Igrejas locais; um procedim

entoque se justifica pelas distâncias culturaisprincipalm

ente dos povos africanos e asiá-ticos em

relação à cultura evangelizadora,europeia e cristã. N

os países de antiga tra-dição cristã ocidental são suficientes asadaptações previstas nos livros litúrgicos.

Esta é, no entanto, um

a postura ingé-nua. N

ão afronta com seriedade a liturgia

e o processo de inculturação. Sem querer

resolver e apresentar toda a amplitude da

problemática, lim

ito-me a resgatar da V

Los elem

entos que ajudam a superar esta

postura e devem ser aprofundados.

• A noção de Inculturação. A

incultura-ção consiste no duplo m

ovimento pelo

qual o Evangelho encarna num

a cultura ea Igreja é enriquecida e transform

ada pe-los valores dessa cultura (V

L 4). A

con-cepção de cultura é suficientem

ente ampla

para se poder considerar que a incultura-ção não se lim

ita apenas à introdução naliturgia de elem

entos religiosos, mas tam

-bém

de aspectos sociais (VI, 17. 32), con-

sistindo numa “verdadeira integração dos

valores permanentes de um

a cultura, mais

do que das suas expressões passageiras”(V

L 5).• A

fundamentação teológica da incul-

turação, sem deixar de reconhecer-se a ne-

cessidade de um m

aior aprofundamento

(VL

3), é construída à volta da encarna-ção, num

a perspectiva histórico-salvífica.C

risto associou-se às circunstâncias só-cio-culturais do povo de Israel. A

fé emC

risto não implica a renúncia à cultura

(VL

14), uma vez que E

le, “ao fazer-sehom

em, assum

iu um povo, um

país e uma

época” (VL

10).• V

isão dinâmica de L

iturgia. Se “a

criação e a evolução das formas da cele-

bração cristã realizaram-se gradualm

ente

SICA

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e de acordo com os condicionalism

os lo-cais, nas grandes áreas culturais onde seespalhou a B

oa-Nova” (V

L 17), tam

bémhoje, a “liturgia da Igreja não deve ser es-trangeira para nenhum

país, para nenhumpovo, para nenhum

a pessoa e, ao mesm

otem

po, terá que superar todo o particula-rism

o de raça ou de nação. Deve ser capaz

de se exprimir em

todas as culturas huma-

nas, conservando sempre a sua identidade,

na fidelidade à tradição recebida do Se-

nhor” (VI, 18).

• O critério de aplicação pastoral a

considerar é o da “diversidade das situa-ções eclesiais”. A

afirmação de V

L 18 é

categórica: a liturgia deve ser capaz de seexprim

ir em todas as culturas hum

anas.

b. A V

L não aceita a religiosidade po-

pular como possível “m

atéria prima” de

inculturação litúrgica (VL

45). Também

aqui se impõe um

a superação positiva. Em

síntese, é possível reconhecer dois aspec-tos a valorizar na relação que se estabeleceentre a religiosidade popular e a liturgia.

• A im

portância da religiosidade popu-lar reside no facto de esta constituir umponto de contacto privilegiado, desde aaxiologia antropológico-religiosa que acaracteriza, entre a “cultura” e a liturgiana qualidade de m

atriz profunda, que nãoopõe ou aparece alternativa e onde tanto acultura com

o a celebração cristã encon-tram

a realidade vital à qual não podemdeixar de referir-se.

c. Estes breves elem

entos teóricosperm

item pensar com

o possibilidadenum

processo de inculturação litúrgicaen

tre nó

s, na(s) n

ossa(s) cu

ltura(s)

portuguesa(a). Mas será que na prática

possuímos algum

a realidade que o com-

prove? Haverá algum

elemento cultural

que assuma as características de “figura

transitiva”, nos caminhos que unem

aL

iturgia à cultura? É na resposta a estas

perguntas que passo a referir-me à m

úsica,precisam

ente porque é na dimensão m

usi-cal da liturgia que é possível encontraraquela figura de m

ediação. E, m

ais emparticular, vou referir-m

e à iniciativa que,desde 1977, a C

omissão de L

iturgia deB

eja (concretamente os padres A

ntónioC

artageno e António A

parício) e o Coro

do Carm

o de Beja levam

a efeito: a reco-lha e recuperação da m

úsica tradicionalreligiosa do B

aixo Alentejo para a liturgia.

Com

o elemento da religiosidade po-

pular, o “cante” aparece como parte sensí-

vel e manifestativa daquela realidade vital

a que tanto a cultura como a liturgia se de-

vem referir no B

aixo Alentejo sob pena de

insignificância. Renunciando a recuperar

as antigas formas de religiosidade popular

que se foram perdendo m

as aproveitandoo que de vital ainda delas perm

anecia einserindo-o com

o elemento sintáctico na

gramática da liturgia, de acordo com

a suasem

ântica própria; aceitando o “cante”com

o música litúrgica, a C

omissão de

Liturgia de B

eja trouxe para a nossa reali-dade litúrgica um

elemento capaz de de-

monstrar que a passagem

da liturgia pelareligiosidade popular em

direcção à cultu-ra consiste num

processo de interpenetra-ção sintáctica (a partir do elem

ento mate-

rial em questão, neste caso, a m

úsica tradi-cional religiosa do B

aixo Alentejo) e de

ampliação sem

ântica (a partir do elemen-

to formal: a referência da liturgia ao M

is-tério Pascal).

d. Mas ainda não está tudo dito porque

estamos diante de um

a peculiar dimensão

cultural e axiológica, a música. Se a m

úsi-ca tradicional pode aparecer com

o figura“transitiva” de inculturação litúrgica,então, devem

os aceitar como certo que o

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processo de inculturação litúrgica possadesenvolver-se a partir da dim

ensão mu-

sical da liturgia (SC 119).

A m

úsica desempenha na liturgia um

afunção m

orfológica: fazendo parte daliturgia com

o elemento essencial (S

C112), não apenas decorativo, a m

úsicadá-lhe existência e form

a. Mas é necessá-

ria uma função estruturante que organize e

hierarquize os vários mom

entos rituais dacelebração de acordo com

o seu peso edinâm

ica próprios, de modo a que o peri-

férico não apareça em destaque e o essen-

cial não seja desvalorizado.A

o nível do projecto celebrativo te-m

os um exem

plo concreto de inculturaçãolitúrgica no O

rdo Missae para as dioceses

do Zaire (C

ongo), realizado em fidelidade

à fé e à tradição apostólica, à natureza daliturgia e ao génio religioso e patrim

óniocultural africano. N

o que respeita à di-m

ensão musical são de sublinhar os se-

guintes aspectos:• A

fundamentação teológica. A

mú-

sica litúrgica assume um

a dimensão ke-

rigmática com

o modo privilegiado de

anunciar a Boa N

ova de Deus aos hom

ens;assum

e uma dim

ensão doxológica nam

edida em que se anuncia Jesus C

risto,“resplendor da glória e expressão do serdo Pai” (H

b 1, 3); ambas derivam

da di-m

ensão eclesial: o anúncio e o louvorligam

-se à origem trinitária de cada igreja

local que cresce como povo sacerdotal e

messiânico na celebração da eucaristia.

• A íntim

a união à ministerialidade li-

túrgica. No ordo zairense, à figura do

“anunciador” compete gerir o “ritm

o” dacelebração. N

o desempenho do seu m

inis-tério, serve-se de um

as “campainhas” para

anunciar a celebração, para conseguir si-lêncio; aquando da entronização do E

van-gelho, para que se inicie a procissão e paraassinalar o início da O

ração Eucarística.

Este facto representa um

explícito reco-nhecim

ento da função estruturante que adim

ensão sonora e musical pode desem

pe-nhar ao longo do acto celebrativo, explo-rando as qualidades de “sinal” inerentes acertas m

anifestações acústicas.• A

configuração musical da O

raçãoE

ucarística é a que mais cham

a a atenção,não só pelo toque do “gongo” que podeacom

panhar todo o Relato da Instituição,

como pelas num

erosas aclamações da

assembleia que sublinham

as várias partesda oração: vê-se que houve a intenção deconcretizar com

o recurso à expressãom

usical aquilo que se lê no missal rom

a-no: “é neste m

omento que se inicia o

ponto central e culminante de toda a cele-

bração” (IGM

R 54).

• O espaço concedido à expressão

corporal em estreita ligação à dim

ensãom

usical. A assem

bleia exprime que todo o

corpo faz oração acompanhando com

“movim

entos rítmicos” a procissão de

entrada, a aclamação depois do rito da

“colocação na presença de Deus”, a apre-

sentação dos dons e a saída. O G

lória éacom

panhado por uma dança ritual. A

participação nos mom

entos eucológicoscom

eça pela postura corporal (de pé comos braços abertos) que se m

antém durante

uns mom

entos de silêncio (o gesto é jáoração), acom

panha o canto da oração edesem

boca no canto comunitário da doxo-

logia e do amén conclusivo.

O tím

ido exemplo do “cante” popular

alentejano na liturgia pode ser seguido nasoutras regiões do país, sem

exclusõesideológicas de estilos m

usicais (SC 112.

123), tomando com

o paradigma e exem

-plo o O

rdo Missae zairense m

as semprocurar, obviam

ente, os mesm

os resul-tados.

Ângelo C

ardita

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RE

E C

AS

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LO

BR

AN

CO

Órgão d

e tub

osn

a Sé C

atedral

A P

aróquia daSé de Portalegreadquiriu final-

mente um

órgão de tubos para as fun-ções litúrgicas. O

uviu-se pela primeira

vez na Páscoa. Tem 3 teclados, pedaleira

com quase três escalas e um

conjunto de73 tubos colocados no coro da nave cen-tral. A

partir desta aquisição, a paróquiada Sé de Portalegre está já a tentar criarum

a pequena «escola» não apenas de or-ganistas, m

as também

de iniciação àliturgia da Igreja.

A

Dio

cesed

e Po

rtale-gre e casteloB

ranco rea-lizou de 20 a 22 de A

bril, o 20º Encontro

Diocesano de Pastoral L

itúrgica, este anodedicado ao L

eccionário da Missa.

Participaram 56 pessoas, já que a casa

diocesana de Mem

Soares não com

por-tava m

ais. As exposições estiveram

acargo dos C

ón. Bonifácio B

ernardo eT

arsício Alves.

O S

ecretariado Dio-

cesano

de L

iturg

iaprom

ove um pequeno

curso, em dois fins de

semana, na C

asa Dio-

cesana de Mem

Soares, em

19-20 deM

aio e 16-17 de Junho, abrangendoq

uatro

áreas:

Bíb

lia, E

clesiolo

gia,

Liturgia e form

ação técnica específica,destinada aos leitores, salm

ista e acólitosm

aiores de 16 anos.

20º En

contro

diocesan

o de

pastoral litú

rgica

En

contro

de leitores,

salmista

e acólitos

ES

PA

ÇO

DIO

CE

SA

NO

O B

oletim

de

Pastoral L

itúrgica

está aberto

a todas as d

ioceses

para d

ivulgação

das in

iciativas locais

de p

astoral litú

rgica.

Apesar d

e sermos

um

país p

equen

ovivem

os m

uito

isolad

os.

A co

municação

ajuda a co

munhão.

A litu

rgia,a m

úsica

e a artedisp

õemdeste esp

açode p

artilha p

astoral.

Pedim

os

e agradecem

os

a colab

oração.

Pro

metem

os

pub

licação trim

estrale d

esejamos

pub

licação b

imestral.

Colab

ore,

leia e divu

lgue.

Page 33: Pastoral Litúrgica 101 - liturgia.pt · e das 140 intervenções na aula sinodal, ... impressão geral era de boa aceitação da reforma, com alguns abusos na sua aplica-ção. Muito

JA

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IRO – M

AR

ÇO 2001

31

C O

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C I A

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A P

alavra de Deus

na vida do povo da “aliança”P. D

r. Luís M

anuel P. da SilvaP

atriarcado de Lisboa

Estrutura do ordenam

entodas leituras da M

issaP. D

r. Rui M

anuel Mendes C

arriçoD

iocese de Beja

A celebração

da Liturgia da P

alavra na Missa

Cón. José F

erreiraP

atriarcado de Lisboa

Ordenam

ento das leiturasno ano litúrgico

P. Dr. P

edro Rom

ano Rocha

Com

panhia de Jesus

ES

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DE

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Funções do presidente

na Liturgia da P

alavraP. D

r. Luís R

ibeiro de Oliveira

Diocese de C

oimbra

O m

inistérioda proclam

ação da Palavra

P. Dr. José de L

eão Cordeiro

Arquidiocese de É

vora

O m

inistério dos acólitosna L

iturgia da Palavra

P. Dr. M

anuel José Dias A

morim

Diocese do P

orto

O canto na L

iturgia da Palavra

P. Dr. A

ntónio Azevedo O

liveiraA

rquidiocese de Braga

A C

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Fátim

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7 Ju

lho —

20

01

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Page 34: Pastoral Litúrgica 101 - liturgia.pt · e das 140 intervenções na aula sinodal, ... impressão geral era de boa aceitação da reforma, com alguns abusos na sua aplica-ção. Muito

32B

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ITÚ

RG

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ituação

em M

aio d

e 20

01

Missal

– Formato m

aior – (1ª ed.)...................................................................................

Disponível

– Formato m

enor – (1ª ed.)..................................................................................

Esgotado

– (2ª ed. aguarda a publicação da edição típica latina)L

eccionário:– I.

Ano A

(2ª ed.) – Previsto para o verão 2001............................................

Esgotado

– II.A

no B (1ª ed.)

...........................................................................................D

isponível– III.

Ano C

(2ª ed.) – Edição revista

................................................................D

isponível– IV

.Ferial I: A

dvento, Natal, Q

uaresma, Páscoa

.............................................D

isponível– V

.A

no II: Anos ím

pares................................................................................D

isponível– V

I.A

no III: Anos pares

..................................................................................D

isponível– V

II.Santoral e C

omuns

....................................................................................D

isponível– V

III.Missas R

ituais, Diversas e V

otivas...........................................................D

isponívelE

vangeliário...............................................................................................................

Disponível

Oração dos Fiéis (2ª ed. revista e com

formulários para o santoral)

.........................D

isponívelL

iturgia das Horas [foi revista e actualizada]

– Vol I.

Advento e N

atal (4ª ed.)......................................................................D

isponível– V

ol II.Q

uaresma e Páscoa (4ª ed.).................................................................

Disponível

– Vol III.

Tem

po Com

um (4ª ed.).......................................................................

Disponível

– Vol IV

.T

empo C

omum

(4ª ed.) – Previsto para o verão 2001........................

Esgotado

– Abrev.

Edição abreviada [L

audes-H. Int.-V

ésp. e Com

pletas] (3ª ed.)..........

Disponível

– Abrev.

Laudes e V

ésperas [Laudes-V

ésp. e Com

pletas] (1ª ed.)...................

Disponível

Celebração do B

aptismo

............................................................................................D

isponívelIniciação C

ristã dos Adultos......................................................................................

Disponível

Celebração da C

onfirmação (2ª ed.)..........................................................................

Disponível

Sagrada Com

unhão e Culto do M

istério Eucarístico Fora da M

issa.........................

Disponível

Ritual do M

inistro Extraordinário da C

omunhão (4ª ed.)..........................................

Disponível

Celebração da Penitência (2ª ed.)

..............................................................................D

isponívelU

nção e Pastoral dos Doentes

...................................................................................D

isponívelC

elebração das Exéquias

...........................................................................................D

isponívelO

rdenação do Bispo, dos Presbíteros e D

iáconos (2ª ed.).......................................

Disponível

Celebração do M

atrimónio

........................................................................................D

isponívelD

edicação da Igreja e do Altar

..................................................................................D

isponívelB

ênção de um A

bade e de uma A

badessa.................................................................

Disponível

Ritual da Profissão R

eligiosa.....................................................................................

Disponível

Ritual dos E

xorcismos

...............................................................................................D

isponívelC

onsagração das Virgens...........................................................................................

Disponível

Celebração das B

ênçãos............................................................................................

Disponível

Instituição dos Leitores e dos A

cólitos......................................................................D

isponívelB

ênção dos Óleos dos C

atecúmenos

e dos Enferm

os e Consagração do C

risma (2ª ed.)

..............................................D

isponível

INF

OR

MA

ÇÃ

OIN

FO

RM

ÃO

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BL

ICA

ÇÕ

ES

DO

SN

L

A celebração do Tem

po do Natal (2ª ed.)

................................................700$00

A R

eligiosidade Popular e a C

elebração da Fé

.......................................400$00

Adaptação das Igrejas segundo a R

eforma L

itúrgica...........................

700$00A

kathistos.....................................................................................................

400$00A

s bênçãos....................................................................................................

750$00B

ênçãos da Fam

ília.....................................................................................

750$00C

ânticos de Entrada e de C

omunhão I

(Advento, N

atal, Quaresm

a e Páscoa

............................................1.200$00

Cânticos de E

ntrada e de Com

unhão II (Tempo C

omum

)..................

1.200$00C

assete com as M

elodias Oficiais do M

issal Rom

ano...........................

1.000$00C

ânticos instrumentados para B

anda........................................................

2.000$00D

irectório para as celebrações dominicais na ausência do presbítero

....100$00

Enquirídio dos D

ocumentos da R

eforma L

itúrgica..............................

5.000$00G

uião do XX

VI E

ncontro Nacional P

astoral Litúrgica

........................1.000$00

Introduções aos Salmos e C

ânticos de Laudes e V

ésperas...................800$00

Instrução Geral do M

issal Rom

ano (6ª ed.)............................................900$00

Instrução Geral sobre a L

iturgia das Horas (2ª ed.)

.............................400$00

Liturgia das H

oras – Edição para canto (Tem

po Com

um)...................

2.000$00O

Ministério do L

eitor................................................................................1.000$00

O Tríduo P

ascal............................................................................................500$00

O Tem

po Pascal (2ª ed.)

.............................................................................700$00

Ordenam

ento das Leituras da M

issa........................................................

500$00R

itual do Ministro E

xtraordinário da Com

unhão (4ª ed.)...................800$00

Salmos R

esponsoriais – Organista – (2ª ed.)– P. M

anuel Luís.............

3.500$00Salm

os Responsoriais – Salm

ista – (2ª ed.) – P. Manuel L

uís..............

2.800$00

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O:: :::C

olectânea de músicas do P. C

arlos SilvaC

olectânea de textos litúrgicos antigosL

iturgia das Horas – E

d. para canto (Advento, N

atal, Quaresm

a e Páscoa)

Secretariad

o N

acional d

e Litu

rgiaS

antu

ário d

e Fátim

a – Apartad

o 3

1 —

24

96

-90

8 F

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Tel. 24

9 5

3 3

3 2

7 Fax 5

3 3

3 4

3E

-mail: sn

liturgia@

mail.telep

ac.pt

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A L

iturgia é sim

ultan

eamen

tea m

etapara a q

ual se en

camin

ha a acção

da Igreja

e a fonte

de o

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a força.

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