participação social na gestão ambiental

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participação social na gestão ambiental breves considerações

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PARTICIPAO SOCIAL NA GESTO AMBIENTAL

As cidades constituem espao fundamental para uma mudana de paradigma, no s em relao ao uso dos RN, mas na construo da territorialidade e consequentemente nos seus processos de gesto. No retirar da natureza mais do que a sua capacidade de reciclagem e no lanar nos ecossistemas mais que sua capacidade de absoro, requer mais que conhecimento dos limites da natureza. Requer novos valores de mediao da relao sociedade natureza, entre espao individual e coletivo, entre geraes presentes e futuras (Fernandes e Sampaio; 2008). A literatura de gesto ambiental, gesto municipal e gesto territorial local, defende a participao da sociedade civil como uma das alternativas de gesto do urbano dividido, para engajamento e considerao ao saber local. Trata-se de potencializar, por meio dos canais institucionais, ONGs, conselhos e associaes, a participao da sociedade nos processos de tomada de deciso, como parte do exerccio democrtico, e elemento fundamental na busca de melhor qualidade de vida nas cidades, em sintonia com a prpria Constituio brasileira no seu artigo 225, pelo qual expressa o direito e a responsabilidade de todos sobre o meio ambiente [...] ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida [...].Da mesma forma, no Estatuto das Cidades est expressa a necessidade de haver [...] gesto democrtica por meio da participao da populao e das associaes representativas dos vrios segmentos da comunidade na formulao, execuo e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano (Brasil, 2001; artigo 2).A garantia do equilbrio e equidade de responsabilidade de todos (mbito nacional, estadual e municipal), exigindo esforos conjuntos do Poder Pblico, agentes econmicos e sociedade civil que devem envolver de forma simultnea as dimenses ambiental, social, econmica, poltica e cultural. A demanda participativo-democrtica est ressaltada e exigida pelos organismos internacionais de apoios como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o qual os argumentos a favor da participao centram-se na eficcia das polticas de desenvolvimento alcanada pelos conhecimentos acurados das demandas pela sociedade, da percepo destes quanto aos melhores meios para satisfaz-las e transparncia do processo; na boa governana possvel medida que a participao possibilitar conhecimentos e consenso em torno de normas e instituies reguladoras de decises coletivas; na formao e acumulao de capital social estimulando a resoluo de problemas comuns mediante ajustes mtuos baseados em solidariedade e confiana; e na democratizao e o fortalecimento da sociedade civil resultado da tomada destes fatores cujo objetivo o acmulo de poder pela comunidade nas decises que envolvem seu futuro e das demais geraes (Costa e Cunha; 2003). Assim, um governo local verdadeiramente representativo, respeitado e fortalecido, segundo Castells (1980), a nica garantia para que um sistema poltico seja legitimamente democrtico e pluralista. a partir da participao dos cidados na gesto que se abre a possibilidade de ampliar as diversas formas de democracia, com o intuito de completas as instituies representativas como formas de associao dos cidados diretamente ligados s condies de sua vida cotidiana. Os movimentos sociais atuam principalmente num gap entre Estado, mercado e sociedade civil, onde o carter pblico, no sentido coletivo, constitui apenas um substrato de ao pblica governamental. A participao social apresenta-se como forma de fortalecer e aprofundar a democracia local, possibilitando a sociedade fazer parte, tomar parte, ser parte, de um ato ou processo, de uma atividade pblica, de aes coletivas. Referir a parte implica pensar o todo, a sociedade, o Estado, a relao das partes entre si e com o todo (Teixeira; 2002, p. 27).A sociedade precisar estar disposta a contribuir na busca do equilbrio socioambiental, participando ativamente na elaborao, implementao e avaliao das polticas ambientais de seu municpio junto ao governo, nos processos de tomada de deciso. A participao social deve ser compreendida como um direito a ser exercido e forma de ao/postura a ser conquistada de modo processual, que depende de um conjunto de condies para sua existncia. Seu objetivo no est na mera prestao de servios comunidade ou mesmo a presena em grupos de associaes em defesa de interesses especficos, mas inserida na gesto ambiental do municpio para o exerccio de cogesto com o governo visando os interesses do conjunto da sociedade numa lgica de desenvolvimento sustentvel. Para tanto, deve ser buscada em seu sentido cidado, ou seja, como um processo complexo e contraditrio entre sociedade civil, Estado e mercado, em que os papeis se redefinem pelo fortalecimento dessa sociedade civil mediante a atuao organizada dos indivduos, grupos e associaes (Teixeira; 2002, p. 30), visando legitimidade e conhecimento das decises tomadas e, acima de tudo, promover o desenvolvimento da sociedade para uma percepo e educao de cunho cidad.

Problemtica Ambiental

Durante a Rio-92, redes ambientais so formalizadas para a discusso das questes ambientais entre os pases participantes, concomitantemente com atos de protestos, reivindicaes e aps a realizao do evento, a criao de associaes e movimentos ambientalistas, como por exemplo, a Associao Nacional de Municpios e Meio Ambiente (ANAMMA), com o objetivo de trocar experincias municipais sobre meio ambiente e qualidade de vida. O que motivou os movimentos ambientais foi a alterao do meio ambiente para adequao dos padres de vida desejados pela sociedade, promovendo riscos ambientais, at ento desconhecidos. Os acidentes nucleares e contaminaes txicas abriram espao para debate nas comunidades acadmicas sobre os riscos contemporneos da sociedade. Isso desencadeou a chamada Sociedade de Risco (Beck, 1992; Giddens, 2002) construo social em que os indivduos percebem o quanto suas aes contribuem para gerar neles prprios um perigo ou risco eminente que no dependem de fatores nicos. Cabem aqui, os riscos ambientais, polticos, sociais, econmicos e culturais. a partir desta percepo de risco que as sociedades tambm se apropriaram do entendimento de justia social e ambiental, em que populaes menos favorecidas passaram a ser as mais atingidas pelos riscos existentes. Neste contexto, os movimentos sociais passaram a perceber a importncia das classes sociais pobres estarem inseridas nestes movimentos, iniciando dilogos conjuntos de problemas que eram comuns a todos (Viola; 1992). neste momento e com maior expresso nos anos 90, que os movimentos sociais de cunho ambiental, se ampliaram como meio de expresso coletiva capazes de reestruturar os valores culturais, ambientais, econmicos e polticos na sociedade. Emergiram entidades profissionais, no com o objetivo de denncia, mas de proposio de alternativas viveis para a conservao ambiental contando agora com recursos financeiros de doaes locais, contratos com agncias governamentais, mas principalmente de fundos repassados por associaes dos pases desenvolvidos. neste contexto que foram criadas o SOS Mata Atlntica, Greenpeace Brasil, Funatura, Ecotrpica e o Instituto de Estudos Ambientais (Viola; 1992). Os fatores que desencadearam a preocupao da problemtica ambiental brasileira foram: Acentuao da crise econmica; Socioambientalismo promovido pelos movimentos sociais Surgimento das organizaes profissionais e sua forte conexo internacional; Publicao do relatrio Brundtland (Nosso Futuro Comum) apresentando os limites do crescimento e desenvolvimento dos pases e iniciando discusses de desenvolvimento de modo sustentvel; Visibilidade dos movimentos ambientais no Brasil para os pases internacionais; Deciso do Brasil ser o pas sede da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Nas ltimas quatro dcadas, a problemtica ambiental foi sendo inserida na agenda poltica graas aos grandes acontecimentos relacionados a questes poltico-ambientais que funcionam como janelas de oportunidades para que sejam propostas polticas pblicas preventivas, alm de ensejarem a mobilizao da sociedade civil organizada. A problemtica passa a ser discutida tambm de forma ampla nos meios acadmicos e construdos e definidos teoricamente, como sendo eminentemente social e educacional, pois separa o mbito dos sabes e dos sistemas de conhecimentos constitudos e surge de forma como a sociedade se relaciona com a natureza a problemtica ambiental como econmica, social, cultural, espiritual, dependendo da corrente terica e acadmica (Fernandes e Sampaio, 2008). Alguns temas mais complexos, como os impactos decorrentes das mudanas climticas no mundo, so preocupantes quanto a adaptao e vulnerabilidade das populaes frentes aos seus impactos que transpem fronteiras entre continentes, pases, estados e cidades. Eventos como: extremos de temperatura, epidemias, terremotos, tsunamis, erupes vulcnicas, inundaes/enchentes, secas, tempestades foram os que mais apresentaram o maior nmero de vtimas. Saneamento, mobilidade urbana, energia, educao e doenas relacionadas aos stress urbano aparecem nos principais debates poltico-sociais. Com o desenvolvimento econmico e o crescimento populacional, as cidades passar a gozar de inmeros benefcios, inclusive em condies de higiene e sade, mas, em contrapartida, preocupar-se com os passivos resultantes deste processo. Associa-se a estes fatores a concentrao de renda, e que gera excluso social, propiciando um ambiente dividido e evidenciando que a degradao ambiental nas cidades aumenta na mesma medida em que se expande a faixa de excluso social e reduz a capacidade da ao do Estado nos pases. Os agravos socioambientais afetam os domiclios dos estratos de menor renda, tornando ainda mais dramtico o cotidiano de seus moradores e a urbanizao afeta as reas verdes e os acessos a servios e infraestrutura. neste contexto que surge a crise ecolgica atual, compreendida como a emergncia de efeitos no previsveis da natureza em resposta ao modelo desenvolvimentista econmico dominante escolhido pelas civilizaes, em que as demandas de consumo apresentam-se como prioritrias para felicidade social e que prevalece o desconhecimento do conhecimento (Leff, 2000, p. 31). A crise ecolgica global no emerge apenas como evoluo da dinmica natural da natureza, mas claramente aceita como resultado de um processo social ligado intimamente ao modo de produo e de consumo da sociedade em curso no ltimo sculo (Seifert, 2008, p. 20). Vive-se uma crise de valores e na qual a questo chave est na percepo dos problemas ambientais e a busca de convergncia (esforos conjuntos entre as esferas pblica, privada e a sociedade civil) na desmistificao de que polticas orientadas ao crescimento econmico propiciaro riqueza, bem estar e qualidade ambiental de modo equitativo e igualitrio populao. So por meio do reconhecimento de que o valor do meio ambiente no intercambivel com os valores que estamos acostumados a lidar nas transaes humanas que se podem gerar alteraes culturais considerveis (Fuks, 1992, p. 125). A questo ambiental carece de um entendimento global e integrado da importncia do capital natural para a produo de capital manufaturado, mas de uma forma sustentvel, equitativa e igualitria. A questo ambiental, que coletiva, no pode ficar merc de um mandato poltico. A gesto ambiental dos municpios necessita transcender estes perodos elaborando e colocando em prtica projetos locais da prpria sociedade, de suas demandas e com auxilio de seus conhecimentos, compreendendo no somente as possibilidades existentes no meio natural para satisfao das necessidades humanas, mas as possibilidades e propostas existentes da sociedade para utilizao sustentvel destes recursos. Tipos de Participao

A participao poltica possui direito a ser exercido e dever a ser cobrado, ambos voltados para a execuo do bem comum. Como direito, est assegurado na Declarao Universal dos Direitos Humanos (art. 21) e na Constituio Federal de 1988, ambos conseguidos por meio de lutas constantes na histria da humanidade por participao da sociedade em decises polticas. A Constituio de 1988 possibilita aos indivduos instrumental jurdico para o exerccio do controle social da gesto pblica e faz nascer nas pessoas um sentimento de cidadania, atravs do qual a pessoa se sente no apenas um simples indivduo, mas um cidado/cidad poltico ativo, apoderado. Uma vez iniciado este processo, incitar no indivduo seu dever de cidado ativo, participando da vida poltica de seu municpio, se informando, discutindo questes de interesse coletivo. A participao est baseada em dois fundamentos: a existncia de trocas de bens e servios constantes entre a sociedade e a ausncia da sociedade nas tomadas de decises polticas possibilita a insero de um grupo mais atuante ou mais audacioso para dominar o espao sem resistncia e limitaes. Todos temos o direito de participao para decidir sobre aquilo que de interesse comum, mas todos tambm temos o dever de participao, para que seja possvel a supremacia, verdadeira, real e no apenas formal e aparente, da vontade do povo(Dallari; 2001; p. 114). H a participao orientada para a expresso e a participao orientada para a deciso. A primeira, de cunho mais simblico, caracteriza-se por marcar presena na cena poltica ainda que possa ter impacto ou influncia no processo decisrio. A segunda caracteriza-se por intervirem, de forma organizada, no episdica, atores da sociedade civil no processo decisrio, e tm sido enfatizados, at pelos seus crticos, como fundamental e definidora. A esfera municipal se tornou o principal espao para o exerccio da participao poltica, propondo e fiscalizando as aes da gesto pblica e dos bens pblicos, ou seja, bens da comunidade municipal (Oliveira; 2008; p.92), ou seja, se expressando de modo coletivo e includente nas questes administrativas locais. Porm, a efetivao desta participao, deve-se antes desenvolver a conscincia de que todo bem pblico (material e imaterial) so do pblico local, da coletividade. Assim, diante deste cenrio, a participao passa a ser considerada como meio de acesso da populao a gesto ambiental local e forma de garantir a legitimidade das decises tomadas junto ao Estado, assegurando seus direitos e promovendo o desenvolvimento da sociedade para uma percepo de cidadania e diviso de poder, diferenciando-se da chamada participao social ou comunitria por no objetivar apenas a prestao de servios comunidade. CIDADANIA: qualidade social de uma sociedade organizada sob a forma de direitos e deveres majoritariamente reconhecidos, a qual pressupe o Estado de direito, que parte, pelo menos da teoria, da igualdade de todos perante a lei e do reconhecimento de que a pessoa humana e a sociedade so detentoras inalienveis de direitos e deveres (demo; 1988; p. 70). A participao relacionada cidadania entendida como a interveno das pessoas nos processos econmicos, sociais, culturais, educacionais com vista a tomar conhecimentos das decises a serem tomadas e ao poder de decidir tambm por estas na busca de seus direitos (PNUD, 1993). A criao de espaos para a prtica da participao cidad compreendida como um processo complexo e contraditrio entre sociedade civil, Estado e mercado, em que os papis se redefinem pelo fortalecimento dessa sociedade civil mediante a atuao organizada dos indivduos, grupos e associaes, fortalece qualitativamente a capacidade de representao dos interesses de forma igualitria (Teixeira; 2002; p. 30). A cidadania compreende ganhos e garantia de direitos, cumprimento de deveres sociais e a busca de conquista de novos direitos pressupondo a observao de regulamentaes sociais, a convivncia societria e, em ltima instncia, o reconhecimento do outro como cidado. Para Milani (2008; p. 560) a participao cidad configura-se como formas de interao variadas e complexas determinadas (provenientes da qualidade da cidadania) por relaes entre pessoas, grupos e instituies com o Estado [...] que deriva de uma concepo de cidadania ativa. A cidadania define os que pertencem (incluso) e os que no se integram comunidade poltica (excluso); logo a participao se desenvolve em esferas sempre marcadas tambm por relaes de conflito e pode comportar manipulao. A participao no poder local agrupa-se da seguinte forma: Administrativo: cobram a responsabilidade das autoridades, identificam erros, omisses e fraudes e controlam atos e decises; Parlamentares: executados na Cmara dos Vereadores; Judiciais: instncias judiciais e que possuem relaes com o Ministrio Pblico; Polticos/eleitorais: voto, filiao a partidos, plebiscito, referendo. Na administrao pblica, a participao pode ser classificada quanto a matria e a estrutura de interveno (Modesto; 2005; p.5): Consultiva Individual: elaborao especializada Colegial: conselhos consultivos Coletiva: audincias pblicas Executiva Cogesto: conselho de gesto Autnoma: organizaes sociais, ONGs, entidades de utilidade pblica.No Brasil, as formas de participao existentes esto voltadas para a criao de novas instituies participativas de carter coletivo que possibilitam diluir, na medida do possvel, as prticas autoritrias e patrimonialistas. Dentre estas instituies, destacam-se as audincias pblicas, conselhos gestores (consultivos e deliberativos), oramentos participativos, assembleias e iniciativas e consultas populares como locais de participao, de constituio plural e paritria entre Estado e sociedade civil e carter deliberativo. J no cenrio internacional, ganham destaque mecanismos como: assembleia popular (Sua), conselhos de bairros de carter consultivo e deliberativo (Itlia), assembleia anual de moradores (Sucia), conselho municipal (Frana) e conselhos de bairros/Parquias (Inglaterra). Independente de ser de modo coletivo ou individual, o processo de participao da sociedade necessita ser compreendido de modo holstico ( do todo e no das partes separadas) e interdisciplinar, pois, um processo contraditrio, envolve uma relao multifacetada de poder entre atores diferenciados por suas entidades, interesses e valores, os quais se expressam sob vrias formas, conforme a capacidade daqueles e as condies objetivas do regime poltico. Experincias tm comprovado que mesmo as pessoas mais pobres, sem poder poltico, econmico ou militar, com pequeno preparo intelectual e exercendo profisses mais humildes, podem conseguir um poder de presso e so ouvidas quando agem em um grupo. Os processos participativos devem se configurar espaos efetivamente pblicos, tanto no formato quanto nos resultados, que podero ser alcanados pela presena crescente de pluralidade de atores e garantia de acesso de informaes para que a populao seja informada de maneira correta e, junto com outros fatores como educao e cultura esteja preparada para conhecer e reclamar seus direitos e tambm exercer sua responsabilidade. Vantagens da participao no processo de gesto ambiental: Possibilidade de insero da sociedade afetada pelas decises Troca de informaes Credibilidade ao desenvolvimento do processo de tomada de deciso Eficcia das polticas de desenvolvimento alcanadas pelos conhecimentos acurados das demandas da sociedade e da percepo dos cidados quanto aos melhores meios para satisfaz-los Boa governana, governana mais eficaz, eficiente e responsvel nas tomadas de decises democrticas ao uso e conservao dos RN Formao e acumulao de capital social Democratizao e o fortalecimento da sociedade civil Transparncia Prestao de contas sociedade Capacitao dos interessados contribuindo para a sustentabilidade da conservao Participao da comunidade de levar a um acesso mais equitativo aos servios ambientais por parte da superao dos efeitos de prticas sociais discriminatrias exercidas sociedade Incrementar a efetividade dos servios sociais, na expresso de prioridade acerca de bens pblicos e como sinnimo de politizao das relaes sociais no espao pblicoDesvantagens: Limitado conhecimento dos participantes quanto s questes em jogo Desequilbrio de poder na arena decisria Irregularidade da participao ocasionada pela repetida troca de representantes Uso incorreto do modo de divulgao e ausncia de informaesParticipar, no sentido essencial de exercer a autonomia, a alma mesma de um planejamento e de uma gesto que queiram se credenciar para reivindicar seriamente o adjetivo democrtico: aprimorar chances de um exerccio pleno da cidadania e superao das desigualdades persistentes de poder, integrao e preconceito. Vale lembrar, que a participao no elimina erros, tampouco garantia de acertos, mas existindo no processo de gesto ambiental do municpio, pode contribuir para minimizar certas fontes de distoro, corrupo e erros de avaliao alm de desperdcio de tempo e recursos financeiros. Ao mesmo tempo, ao participar de uma deciso de sua cidade, o cidado se sente responsvel pelo resultado obtido e passa a zelar e fiscalizar o patrimnio ambiental local. A participao supe compromisso, envolvimento, presena em aes por vezes arriscadas e at temerrias. Est permeada por relaes de disputa com o poder. Uma fora social imprescindvel para fazer sair do papel as conquistas e impulsionar as mudanas necessrias, compreendendo as diversas aes que so desenvolvidas para influenciar na formulao, execuo, fiscalizao e avaliao das polticas pblicas junto ao poder pblico. Ao mesmo tempo, como um processo formativo que capacita a sociedade politicamente, tornando-a consciente da sua prpria realidade, problemas e soluo e como processo de orientao a transformar boas ideias em aes efetivas, no adiantando apenas estimul-la se as decises no estiverem pautadas em seus interesses como sociedade (Fernandes e Sampaio, 2006). uma atitude de cogesto, visando os interesses do conjunto da sociedade numa lgica de desenvolvimento sustentvel, considerando a territorialidade. DESAFIOS E CONDICIONANTES DA PARTICIPAO SOCIAL NA GESTO AMBIENTAL MUNICIPAL NO BRASIL questo da divulgao e acesso s informaes Educao bsica e cidad Percepo de demandas locais Identidade e valorizao local Dificuldades de acesso s instituies participativas

Inserida no contexto municipal brasileiro, o processo de participao social possui fatores condicionantes que levam ao fracasso e/ou sucesso para sua plena realizao como processo democrtico, merecendo destaque especial as questes da informao, percepo, apatia/descrena e educao por serem fatores interdependentes e apontados como principais para melhoria desse processo. Contudo, vale ressaltar que no um nico fator o responsvel pelo sucesso ou fracasso da participao social na gesto ambiental nos municpios brasileiros, mas a relao entre eles que permanecem interconectados e inter-relacionados e que expressam a complexidade real da gesto ambiental e da prpria participao social. Estes, mais do que entraves, quando identificados, remetem influncia da cultura da gesto pblica brasileira, em que os gestores no se veem na obrigao de compartilhar decises e nem de pautar-se pelas demandas da sociedade. Os rgos pblicos atuam, em muitos casos, como instituies privadas, em que os envolvidos no poder compreendem e tomam posse da gesto para si e no para a sociedade. Por outro lado, a populao no v a gesto pblica como sendo pblica, no se sente pertencida e, por isso, no h interesse em participar dela.Tendo em vista esse cenrio, algumas recomendaes puderam ser propostas para cada um dos fatores apresentados, a saber:1. Informao - atentar-se para: a linguagem com que esta elaborada, dando preferncia a linguagens mais simples e que possibilitem entendimento de todas as classes da sociedade; a forma de comunicao (periodicidade) e divulgao (locais), escolhendo meios de comunicao adequados e acessveis ao pblico-alvo; como a informao ser recebida e assimilada pela sociedade, proporcionando anteriormente processos educacionais que possam sensibilizar quanto importncia das informaes que sero recebidas pela populao para seu exerccio como cidado. Ressalta-se, para tanto, a necessidade de uma equipe multidisciplinar para elaborao e planejamento do processo informacional.2. Percepo - divulgao, nos moldes citados acima, das informaes necessrias para formao de uma percepo ambiental, bem como a criao e/ou manuteno dos canais participativos para que estejam voltados sensibilizao das questes ambientais por parte da populao e que funcionem como canais facilitadores de exposio de opinies/reivindicaes.3. Apatia/Descrena - divulgao de informaes e realizao de processos educacionais para formao de uma conscincia ambiental e cidad; investimentos em infraestrutura das prefeituras e preparo tcnico, tico e moral dos envolvidos na gesto ambiental do municpio como necessrios para estmulo destes e da sociedade na insero nas tomadas de decises pblicas.4. Educao - voltada para a formao cidad da populao, com ensinamento morais, ticos, de direitos humanos. Para tanto, preciso que haja qualidade profissional por parte dos professores, e que estes tenham uma formao interdisciplinar, bem como voltada infraestrutura e planejamento educacionais adotados pelas prefeituras locais.Uma vez realizados com estes objetivos, os estudos possibilitaro a proposio de aes adequadas s realidades locais, de cunho prtico e inseridas no funcionamento da mquina administrativa dos municpios brasileiros, principalmente no tocante elaborao, implantao e avaliao das polticas pblicas ambientais municipais brasileiras.

MILANI, C. R. S. O princpio da participao social na gesto de polticas pblicaslocais: uma anlise de experincias latino-americanas e europias. RAP, Rio deJaneiro, v. 42, n.3, p. 551-79, maio/jun. 2008. Disponvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122008000300006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 30 jan. 2009.MORIN, E. Os setes saberes necessrios educao do futuro. So Paulo: Cortez:Braslia, DF : UNESCO, 2000a._______. Da necessidade de um pensamento complexo. In: MARTINS, F. M.; DASILVA, J. M. (Org.). Para navegar no sculo XXI. Porto Alegre: Sulina/Edipucrs,2000b. p.13-36._______; KERN, A. B. Terra-Ptria. Instituto Piaget: Lisboa, 2001.OLIVEIRA, F.PHILIPPI JR, A.; ROMRO, M. A.; BRUNA; G. C. Uma introduo questoambiental. In: _______; _______; _______. (Ed.). Curso de gesto ambiental.Barueri, So Paulo: Nisam; Manole Ltda, 2004. p. 3-16.PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento. Relatrio dedesenvolvimento humano. Captulo 2 - Participao Popular. 1993. Disponvel em:. Acesso em: 20 abr. 2010.