parteiras e o cuidado com o nascimento

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647 Rev Bras Enferm 2006 set-out; 59(5): 647-51. As parteiras e o cuidado com o nascimento Justina Inês Brunetto Verruck Acker Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela UFSC. Coordenadora e Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS. [email protected] Fabrina Annoni Acadêmica do 7º semestre do curso de Enfermagem do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS. [email protected] Ioná Carreno Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde - Saúde Coletiva, Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS. [email protected] Giselda Veronice Hahn Enfermeira. Mestre em Enfermagem, Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS Endereço para contato: Rua José Kreling, 230, Cx. Postal 233, 95.900-000, Lajeado, RS [email protected] Cássia Regina Gotler Medeiros Enfermeira. Mestre em Enfermagem, Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS. [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo é conhecer o cuidado das parteiras com o nascimento no século passado. É um estudo de abordagem qualitativa tendo como referencial a Análise de Conteúdo. Os informantes foram quatro parteiras e emergiram cinco categorias: A motivação para ser parteira; A aprendizagem do fazer da parteira; A contextualização do fazer da parteira; O desenvolvimento do cuidado; As compensações do trabalho. As parteiras buscaram a ocupação por uma necessidade institucional e de trabalho. Aprenderam em cursos e com a prática. Sendo precárias as condições no domicílio, realizavam a maioria dos partos no hospital. Realizavam cuidados à mãe e ao bebê. Destaca-se a paciência para que o parto fosse normal. Realizavam seu trabalho com desprendimento, pois a compensação vinha pelo reconhecimento social. Descritores: Enfermagem prática; Parto domiciliar; História da Enfermagem. ABSTRACT This study aimed at knowing the care in childbirths conducted by midwives by the middle of 20th century. It is a study of qualitative approach using as reference the Content Analysis. Four midwives were interviewed. Five categories emerged: Motivation to be a midwife; learning to be a midwife; positioning the midwife’s work; developing care; work compensation. Midwives sought this occupation for institutional and job need. They learned the work in courses and practice. At home, conditions were poor, and in hospitals, they conducted the majority of the childbirth. They took the necessary care for mother and child. They have reported to be patient so that mothers could have normal childbirth. They conducted with selflessness because social recognition was their compensation. Descriptors: Practical nursing; Home childbirth; Nursing history. RESUMEN En este estudo hemos tenido el objetivo de conocer el cuidado con el nacimiento hecho por parteras, en la mitad del siglo pasado. Es un estidio de abordaje cualitativo, ulizandose la analisis de contenido. Fueron entrevistadas cuatro partera. Han surgido cinco categorías: motivación para ser partera; aprendizaje del trabajo de ser partera; contextualización del trabajo de partera; desarrollo del cuidado; compensación del trabajo. Las parteras han buscado la ocupación por una necesidad institucional y de trabajo. Han aprendido en cursos y con la práctica. En las viviendas las condiciones eran precarias y realizaban la mayoría de los partos en el hospital. Seguían los cuidados indispensables a la madre y al hijo. Cuentan que tenían mucha paciencia para que el parto fuera normal. Han realizado su trabajo con desprendimiento, pues la compensación venía por el reconocimiento social. Descriptores: Enfermería práctica; Parto domiciliar; Historia de la enfermería. Midwives and care in childbirth Las parteras y la atención con el nacimiento Acker JIBV, Annoni F, Carreno I, Hahn GV, Medeiros CRG. As parteiras e o cuidado com o nascimento. Rev Bras Enferm 2006 set-out; 59(5):647-51. PESQUISA Revista Brasileira de Enfermagem REBEn Submissão: 18/01/2006 Aprovação: 24/06/2006 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Esta pesquisa é fruto das atividades do grupo de estudo “A trajetória do cuidar em saúde na região do Vale do Taquari” que integra docentes e discentes do curso de enfermagem do Centro Universitário UNIVATES, cujo objetivo foi conhecer o cuidado das parteiras com o nascimento, em meados do século passado, na região do Vale do Taquari, RS. Os rituais que cercam o nascimento modificaram-se ao longo do tempo, em virtude de influências significativas do avanço da ciência. O nascimento já foi parte do cotidiano das famílias. Acompanhado por mulheres parteiras no domicílio e marcado por grande envolvimento afetivo, permitia que a natureza agisse sem interferências.

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sobre as parteiras e suas praticas

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  • 647Rev Bras Enferm 2006 set-out; 59(5): 647-51.

    As parteiras e o cuidado com o nascimento

    Justina Ins Brunetto Verruck AckerEnfermeira. Mestre em Enfermagem pela

    UFSC. Coordenadora e Docente do Cursode Enfermagem do Centro Universitrio

    UNIVATES, Lajeado, [email protected]

    Fabrina AnnoniAcadmica do 7 semestre do curso de

    Enfermagem do Centro UniversitrioUNIVATES, Lajeado, RS.

    [email protected]

    Ion CarrenoEnfermeira. Mestre em Cincias da Sade -

    Sade Coletiva, Docente do Curso deEnfermagem do Centro Universitrio

    UNIVATES, Lajeado, [email protected]

    Giselda Veronice HahnEnfermeira. Mestre em Enfermagem,

    Docente do Curso de Enfermagem doCentro Universitrio UNIVATES, Lajeado, RS

    Endereo para contato:Rua Jos Kreling, 230, Cx. Postal 233,

    95.900-000, Lajeado, [email protected]

    Cssia Regina Gotler MedeirosEnfermeira. Mestre em Enfermagem,

    Docente do Curso de Enfermagem do CentroUniversitrio UNIVATES, Lajeado, RS.

    [email protected]

    RESUMO

    O objetivo deste estudo conhecer o cuidado das parteiras com o nascimento no sculo passado. umestudo de abordagem qualitativa tendo como referencial a Anlise de Contedo. Os informantes foramquatro parteiras e emergiram cinco categorias: A motivao para ser parteira; A aprendizagem do fazer daparteira; A contextualizao do fazer da parteira; O desenvolvimento do cuidado; As compensaes dotrabalho. As parteiras buscaram a ocupao por uma necessidade institucional e de trabalho. Aprenderamem cursos e com a prtica. Sendo precrias as condies no domiclio, realizavam a maioria dos partos nohospital. Realizavam cuidados me e ao beb. Destaca-se a pacincia para que o parto fosse normal.Realizavam seu trabalho com desprendimento, pois a compensao vinha pelo reconhecimento social.Descritores: Enfermagem prtica; Parto domiciliar; Histria da Enfermagem.

    ABSTRACT

    This study aimed at knowing the care in childbirths conducted by midwives by the middle of 20th century.It is a study of qualitative approach using as reference the Content Analysis. Four midwives wereinterviewed. Five categories emerged: Motivation to be a midwife; learning to be a midwife; positioning themidwifes work; developing care; work compensation. Midwives sought this occupation for institutional andjob need. They learned the work in courses and practice. At home, conditions were poor, and in hospitals,they conducted the majority of the childbirth. They took the necessary care for mother and child. They havereported to be patient so that mothers could have normal childbirth. They conducted with selflessnessbecause social recognition was their compensation.Descriptors: Practical nursing; Home childbirth; Nursing history.

    RESUMEN

    En este estudo hemos tenido el objetivo de conocer el cuidado con el nacimiento hecho por parteras, en lamitad del siglo pasado. Es un estidio de abordaje cualitativo, ulizandose la analisis de contenido. Fueronentrevistadas cuatro partera. Han surgido cinco categoras: motivacin para ser partera; aprendizaje deltrabajo de ser partera; contextualizacin del trabajo de partera; desarrollo del cuidado; compensacin deltrabajo. Las parteras han buscado la ocupacin por una necesidad institucional y de trabajo. Han aprendidoen cursos y con la prctica. En las viviendas las condiciones eran precarias y realizaban la mayora de lospartos en el hospital. Seguan los cuidados indispensables a la madre y al hijo. Cuentan que tenan muchapaciencia para que el parto fuera normal. Han realizado su trabajo con desprendimiento, pues la compensacinvena por el reconocimiento social.Descriptores: Enfermera prctica; Parto domiciliar; Historia de la enfermera.

    Midwives and care in childbirth

    Las parteras y la atencin con el nacimiento

    Acker JIBV, Annoni F, Carreno I, Hahn GV, Medeiros CRG. As parteiras e o cuidado com o nascimento. RevBras Enferm 2006 set-out; 59(5):647-51.

    PESQUISARevistaBrasileira

    de Enfermagem

    REBEn

    Submisso: 18/01/2006Aprovao: 24/06/2006

    1. CONSIDERAES INICIAIS

    Esta pesquisa fruto das atividades do grupo de estudo A trajetria do cuidar em sade na regio doVale do Taquari que integra docentes e discentes do curso de enfermagem do Centro UniversitrioUNIVATES, cujo objetivo foi conhecer o cuidado das parteiras com o nascimento, em meados do sculopassado, na regio do Vale do Taquari, RS.

    Os rituais que cercam o nascimento modificaram-se ao longo do tempo, em virtude de influnciassignificativas do avano da cincia. O nascimento j foi parte do cotidiano das famlias. Acompanhado pormulheres parteiras no domiclio e marcado por grande envolvimento afetivo, permitia que a natureza agissesem interferncias.

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    Atualmente o nascimento est cercado de procedimentos tcnicosdesenvolvidos para aumentar a segurana do parto, porm est afastado dafamlia, do componente humano e afetivo.

    Para a realizao da pesquisa identificamos na comunidade parteiras querealizavam partos domiciliares e hospitalares, buscando resgatar a cultura donascimento da poca.

    2. TRAJETRIA METODOLGICA

    Este estudo de abordagem qualitativa foi realizado em trs municpios daRegio do Vale do Taquari, situados no interior do RS, que compem a rea deabrangncia do Centro Universitrio UNIVATES.

    Realizamos entrevistas semi-estruturadas com quatro parteiras identificadasaleatoriamente na comunidade, as quais faziam partos domiciliares ehospitalares. As entrevistas ocorreram em outubro de 2003 em suas residncias.

    Para anlise dos dados, utilizamos o mtodo de Anlise de Contedo deBardin(1). Da anlise dos dados das entrevistas com as informantes emergiramcinco categorias: a) A motivao para ser parteira; b) A aprendizagem do fazerda parteira; c) A contextualizao do fazer da parteira; d) O desenvolvimentodo cuidado; e) As compensaes do trabalho.

    Os nomes das parteiras so simblicos, a fim de resguardar sua identidade.Conforme os preceitos contidos na Resoluo 196/96 do Conselho Nacional

    de Sade(2), as parteiras assinaram o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido, que contm todas as informaes referentes pesquisa, bemcomo ao anonimato e sigilo.

    3. REVISO DA LITERATURA

    A concepo, a gravidez e o parto so alguns dos fenmenos naturais queocorrem na vida da maioria das mulheres. Estes fenmenos sofrem influnciasscio-culturais do meio, principalmente as relacionadas ao ritual do nascimento,que est cercado de simbologia, ligada a determinantes culturais(3).

    A sociedade dispe de regras que regulam a vida das pessoas, entre elascitamos as relacionadas ao nascimento que modificam a universalidade dosfatos biolgicos. Tais regras especificam o local apropriado para a ocorrnciado parto, determinam as pessoas que podem assisti-lo, indicam ocomportamento mais apropriado mulher no decorrer do processo e at aforma de reagir ao nascimento do beb. Dar a luz a uma criana nunca simplesmente um ato fisiolgico, mas um evento definitivo e desenvolvidonum ambiente cultural(4).

    O nascimento um evento carregado de significados e tratadocomportamentalmente diferente nas diversas sociedades, Estas sociedades,representadas por diferentes grupos tnicos, raciais, religiosos e mesmo classessociais, marcadas por mltiplas e diferentes culturas, possuem uma diversidadede orientaes em relao sade, bem como em relao a mtodos eprticas relacionados ao ciclo gravdico-puerperal. Vrios autores se referema eles como rituais. Monticelli(5) relata que os ritos de passagem so rituais querepresentam a forma atravs da qual as pessoas se relacionam e desenvolvemdiferentes papis sociais. Os rituais caracterizam-se pelo seu alto teor simblicoe por serem vivenciados de forma compartilhada. Junqueira(6) define ritoscomo o conjunto de atos e prticas desenvolvidas da mesma forma emdeterminados momentos, trazendo em si um simbolismo corporificado eeternizado.

    Em algumas comunidades, o rito do nascimento era cercado de vriascrenas e tabus, entre eles o de o sangue ser considerado contaminado, comoilustra o estudo de Faithorn apud Monticelli(5). Por esse motivo, muitas vezes,a mulher era retirada do lar para ter o beb. Depois era proibida de cozinhar ede compartilhar a cama com o marido. A placenta e o cordo umbilical eramenterrados pela prpria parteira. No estudo de Laderman apud Monticelli(5), oresultado do parto dependia da harmonia do feto e da me, e desta com aparteira, sendo ela sempre algum de confiana da gestante e escolhida comantecedncia para firmar este elo.

    A assistncia mulher durante o parto foi realizada durante muito tempo poroutras mulheres, chamadas de parteiras ou assistentes de parto. Estas podiamser amigas, mes, vizinhas ou pessoas escolhidas nas comunidades,consideradas capazes de colaborar com a futura me em alguma tarefarelacionada ao parto(5). At o sculo XVII, quando surgiram os primeiros eescassos parteiros, era tarefa exclusiva da mulher.

    Maldonado(7) concorda com esta afirmao, porm lembra que no campoos homens que atendiam o parto de animais tambm auxiliavam o nascimentode crianas; ao contrrio dos homens da cidade como artesos, comerciantese escrives, que nada sabiam fazer no momento do nascimento. As parteiraseram nomeadas pelo sacerdote ou pela assemblia de mulheres, cuja presenacontribua para um clima favorvel parturiente. Alm disso, era fundamentala presena da me da parturiente.

    Maia apud Neves(8) afirma que a profisso parteira uma das maisantigas, j reconhecida na Bblia, no livro do xodo. H relatos dando contade que as parteiras deveriam ser asseadas, sem vcios, idneas, honestas,preferencialmente vivas, possuir destreza manual, conhecimentos fisiolgicos,bem como conhecer os rituais ligados ao nascimento.

    Neves(8) auxilia-nos a refletir sobre o ritual do parto como um momento deintegrao entre seres humanos, principalmente entre mulheres.

    A parturio sempre teve o poder de agrupar mulheres, vizinhas, amigase parentes prximas em volta da parturiente, gerando amizades profundas,comadrismos, um grande nmero de crenas acompanhadas de um universosimblico, alm de invocaes aos mais diversos santos (...).

    De qualquer forma, a autora continua, (...) o que sabemos que elastrabalharam, e muito, desde os primrdios da civilizao, sem uma remuneraoconcreta, sem horrio cronometrado e, s vezes, at sem preparao para talfuno.

    Segundo Helman(9), grande parte do conhecimento das parteiras era adquiridopor meio da prpria experincia de gravidez e parto. A partir da ltima metadedo sculo XIX, as parteiras foram gradualmente sendo incorporadas ao sistemamdico, mesmo havendo oposio por alguns destes profissionais, cabendos parteiras, porm, a execuo do parto normal. Para o autor, a maioria dosbebs veio ao mundo por meio das mos das assistentes tradicionais departo, do sexo feminino, especialmente nas zonas rurais dos pases emdesenvolvimento. Alm de ajudar no parto, elas prestavam cuidados antes eaps o nascimento, cumprindo rituais importantes de acordo com a culturalocal. So chamadas de Parteiras no Mxico, Comadronas em Porto rico,Nanas na Jamaica, Daias na ndia e as Dayas no Egito. No Brasil, registram-se denominaes de Curiosa, Comadre, Leiga, Domiciliar, Aparadeira,Capoteira, Habilidosa, Entendida e Assistente.

    As crenas relacionadas principalmente gestao e ao parto tm sofridomodificaes ao longo dos sculos, acompanhando a evoluo tecnolgicana rea da sade. O parto passou de uma atividade emprica, realizada porpessoas leigas, a uma prtica institucional, realizada dentro dos hospitaispelos mdicos.

    Rezende(10) refere-se ao cuidado prestado pelas primeiras parteiras comosendo guiado pela ignorncia e por pouco discernimento. Eram transmitidosde gerao em gerao prticas desarrozoadas, feitios e crendices, bebidasrepugnantes e flagelaes, que mais poderiam complicar a parturio do queauxiliar. Para o autor, as mulheres mais velhas, com multiparidade cumprida,passaram a cuidar com conselhos e prticas diversas as principiantes, porm,eram ignorantes, feiticeiras, sendo seus prstimos discutveis. Como aspectopositivo ressalta apenas a ajuda psicolgica prestada por elas s mulheres nahora do parto.

    Em uma breve recapitulao histrica, verificamos que entre os sculosXVI e XVII, o cirurgio comea a despontar neste cenrio. ConformeFoucault(11), at o sculo XVI, na Europa, a noo de cirurgia era tarefa dehomens rudes e ignorantes. Por esse motivo, a obstetrcia era deixada acargo das mulheres. Somente em casos mais graves, recorria-se ao cirurgioou ao mdico. Alguns depoimentos coletados por Magalhes apud Foucault(11)atestam a raridade com que se solicitava a presena de um mdico no

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    A cadeira obsttrica, popularmente utilizada at ento, deixou de sercarregada para a casa da parturiente e passou a ser utilizada apenas pelanobreza, pois integrava o enxoval da noiva. Eram ricamente esculpidas eforradas de veludo(7).

    Com a introduo da mesa de parto, das argolas e das correias, a mulherpassa a dar a luz a seu beb, deitada. A posio de decbito dorsal comeaa ser utilizada para facilitar o trabalho mdico e a utilizao de seus instrumentos.Posteriormente, surgem os refletores. O pai, pouco presente at ento, cadavez mais excludo deste processo(7).

    Rhoden(12), em um extenso estudo, relata que, na Europa, em 1799, haviaexames para ganhar o ttulo de cirurgio. Esse tipo de formao breve tambmcaracterizava a das parteiras, que deveriam submeter-se a um exame paraobteno da carta que regularizava a profisso. Em 1832, no Brasil, foi criadoum curso de partos para as senhoras parteiras, para que aprendessem, deacordo com os preceitos da cincia, a maneira correta de atender as mulheresno momento do parto e dispensar os primeiros cuidados com a criana.Propagou-se, ento, a idia das parteiras com certificado concedido pelosmdicos. Mais qualificadas, tornaram-se legtimas e requisitadas pelas famliasmais poderosas. Nesta poca, desembarcam no Rio de Janeiro, parteirasfrancesas formadas, com novas tcnicas e prescries.

    Por volta de 1978, tendo em vista o fortalecimento da medicina nesta rea,passou-se a atribuir s parteiras a freqente infeco puerperal justificando-acom a falta de higiene e assepsia. Os mdicos tambm combatiam as tcnicasde aborto, segundo eles, conhecidas e executadas pelas parteiras em qualquersituao(10) .

    Portanto, a medicina vai tomando a frente do gerenciamento da sadefeminina e da reproduo. Aos poucos, vo surgindo as especializaes e asprticas relativas ao manejo do corpo feminino. No final do sculo XIX,surgem, no RJ, as primeiras maternidades. As parteiras diplomadas soconvidadas a trabalhar sob o controle absoluto dos mdicos(14).

    A institucionalizao do parto nos hospitais comeou a partir de 1930,quando o ndice de partos hospitalares superou o de partos domiciliares,tornando-se um ato quase que exclusivamente mdico(9). A institucionalizaodo atendimento mdico e do parto torna-o medicalizado. Conseqentemente,a mulher deixa de ser sujeito da ao para tornar-se objeto. Alm disso, ainternao hospitalar favorece a separao da gestante de sua famlia, despojaa mulher de suas referncias e torna-a uma propriedade da instituio.

    Assim, o nascimento de um novo ser torna-se um processo desumano,artificial e complexo, pois ocorre distante do ambiente familiar. Pais e messentem-se cada vez mais incompetentes e despreparados para o parto(13).

    Em relao enfermagem, estudo feito por Simes14 revelou que a inseroda enfermeira nas propostas e polticas de assistncia ao parto e nascimentoocorreu apenas no incio do sculo passado, apresentando um carteressencialmente de preveno e de educao das mes. enfermeira desade pblica, cabia difundir e aconselhar, nas visitas domiciliares, preceitosde higiene, bem como orientar as mes sobre os meios de manter sua prolesadia, para evitar ou curar males e regularizar a alimentao. Este modo deinsero pode ser classificado como operacional, pois se revestia da repetiode aes, visando minimizar problemas nesta rea. Assim, a enfermeirateve um papel de fazer, de produzir, de tratar e de cuidar da sade da mulhere de sua prole (...).

    A primeira referncia a um ensino voltado obstetrcia e puericultura paraenfermeiras foi no primeiro currculo do curso de enfermagem, proposto eimplementado pela escola Ana Nri em 1923. Nos ltimos quatro meses deformao, os contedos eram voltados aos princpios e organizao da higieneinfantil; higiene pr-natal; cuidados e ensino a grupos de mes e de crianas;causas da mortalidade infantil; leis sobre sade e higiene e manuteno dasade.

    Segundo a mesma autora(14), o conhecimento terico sobre o assunto nofoi acompanhado de atividades prticas, o que contribuiu para a implementaoinadequada das normas estabelecidas na legislao do governo brasileiro.Hoje, com o incentivo do Ministrio da Sade, est sendo resgatada, naformao e atuao de enfermeiras obsttricas, atravs da criao de vrioscursos de especializao e residncia em enfermagem obsttrica, ahumanizao do parto, do nascimento.

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    Conhecendo os sujeitos do estudo

    Nome fictcio Descrio Santa 83 anos; origem alem; tem 2 Grau; viva; 02 filhos; moradia

    prpria; recebe aposentadoria dela e do marido. Madalena 71 anos; origem alem; estudou at a 5 serie; casada; tem 03 filhos

    vivos e 1 natimorto; possui moradia prpria. Anglica 70 anos; tambm de origem alem; estudou at a 4 srie ginasial;

    viva; tem 03 filhos; possui moradia prpria. Bela 63 anos; de origem alem; estudou at 5 srie do ensino

    fundamental; casada; tem 01 filho.

    Quadro 1. Descrio dos participantes.

    A partir da anlise dos dados, emergiram 05 categorias: a) A motivaopara ser parteira; b) A aprendizagem do fazer da parteira; c) A contextualizaodo fazer da parteira; d) O desenvolvimento do cuidado; e) As compensaesdo trabalho.

    4.1 Motivao para ser parteiraSegundo os dados, trs informantes tomaram-se parteiras por necessidade

    social e somente uma por opo pessoal.Trs parteiras comearam a trabalhar em hospitais da regio ainda

    bastante jovens, uma, com 13 anos de idade. Iniciaram fazendo vriasatividades: duas como atendentes de enfermagem e uma na cozinha.

    Depois passaram a auxiliar nos partos, e, por necessidade do hospital,foi-lhes recomendado fazer o curso para parteiras.

    Apenas uma relatou que:

    desde criana eu me envolvia sempre com crianas,... e ento eusempre pensei quando eu crescer eu vou ser uma enfermeira ou umaparteira, trazer nen no mundo, e com 17 anos eu j comecei a conseguirmeu sonho... (Santa).

    Ela acredita ter o dom de ser parteira, pois para isso precisa ter muitapacincia (Santa). Aps seu casamento, o marido preferia que ela notrabalhasse, mas ela continuou, pois era muito procurada pelas pessoas.

    Mesmo tendo sido convidada para fazer medicina, recusou, preferindoser parteira.

    4.2 A aprendizagem do fazer da parteira Os dados levantados mostram que o fazer das parteiras foi aprendido

    de duas maneiras: somente com a prtica ou atravs de cursos especficos.Das quatro parteiras entrevistadas, apenas uma delas no fez curso

    para desenvolver a ocupao. Bela aprendeu a fazer partos, acompanhandoas demais parteiras e o mdico nos procedimentos. Relata que, aos 15anos, atendia os doentes e, aos 19 anos, j fazia partos sem distcia, tantonos domiclios como nos hospitais.

    As parteiras Santa, Madalena e Anglica freqentaram cursos promovidospelos hospitais, que duravam aproximadamente seis meses. As aulas, deenfermagem obsttrica, obstetrcia patolgica e ginecologia, eram ministradaspor mdicos e parteiras. Aps as aulas tericas, realizavam prticas noshospitais. Segundo Rhoden12, no Brasil, as parteiras passaram a trabalharcom certificado concedido pelos mdicos a partir de 1832.

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    4.3 A Contextualizao do fazer da parteira Conforme os relatos, todas as informantes realizavam partos domiciliares.

    Sempre que a famlia desejasse, eram chamadas para atender a gestante.O deslocamento responsabilidade da famlia. Uma delas diz que ia de txiou a p; outra afirmou que, por ser no interior, traziam um cavalo para queela fosse at a residncia da gestante. Algumas vezes cavalgava horas eatravessava o rio com caque (pequena embarcao para transportes acurtas distncias)(15), independente das condies do tempo.

    A clientela atendida pelas parteiras era de diferentes raas, crenas enveis scio-econmicos. Muitas famlias eram pobres, no tinham acessoa gua tratada e energia eltrica. Eventualmente, as parteiras passavam frioe fome durante o perodo em que permaneciam ao lado da gestante, svezes, por mais de um dia. No parto domiciliar, usavam o que havia demais limpo na casa. Uma delas relata que foi fazer um parto, mas no tinhabacia para lavar o beb; retirou o feijo que estava numa bacia que foiutilizada porque no existia outra.

    O nmero de partos realizados varia de acordo com o tempo de ocupaoe/ou a regio em que residiam. Anglica, diz ter feito mais de nove milpartos, pois foi parteira por mais de 50 anos.

    As entrevistadas afirmaram que os partos, quando domiciliares,aconteciam em diversos locais da residncia: Santa diz ter realizado umparto numa roa de aipim. Normalmente, os partos aconteciam dentro decasa. Era preparado o quarto do casal para realizar o procedimento. Asparteiras recebiam auxlio do marido, da me ou da vizinha, o que confirmaNeves(8) quando diz que a parturio tinha o poder de agrupar vizinhas eparentes, gerando amizades. Salientamos que, conforme Maldonado(7), opai foi gradativamente sendo excludo da vivncia do parto.

    Geralmente, as outras crianas da famlia eram encaminhadas para oscuidados dos vizinhos, amigos ou parentes. Segundo Santa, quando ospartos aconteciam nos barracos, as crianas espiavam e ento os vizinhosas enxotavam.

    As parteiras levavam consigo pina, tesoura, gaze, cordo, luvas,agulha e fio para sutura, que seriam usados caso ocorresse rompimento doperneo. Todos os demais materiais e utenslios eram pegos na prpria casa,entre eles: a bacia, roupas, sendo estas de preferncia brancas e limpas.

    Trs parteiras afirmaram que grande nmero dos partos por elasrealizados acontecia nos hospitais de suas comunidades. Anglica, emseus ltimos 20 anos de vida profissional, atuou apenas no hospital. Asparteiras relatam que os partos hospitalares eram feitos por elas. O mdicosomente vinha se houvesse alguma complicao, como, por exemplo, umparto transverso. As demais posies fetais eram atendidas pelas parteiras.De acordo com Helman(9), foi partir da metade do sculo XIX que as parteirasforam incorporadas ao sistema mdico.

    As parteiras relatam que os mdicos exigiam que fosse feito episiotomiaem todos os partos de primigestas. No hospital assumiam o papel deauxiliares dos mdicos quando eles estavam presentes. Nos casos dedistcia, era utilizado frceps pelo mdico e a parteira s auxiliava.

    Uma delas relata que fazia as anestesias com ter sempre que fosseparto cesreo.

    Nas cirurgias eu fazia as anestesias com ter, usava uma armao tipobornal com gazes no interior e isto tava adaptado numa luva onde podiaser observado se a pessoa respirava forte ou fraco. Eu ia pingando oter conforme tava a respirao da pessoa, a gente via na luva, seficava fraca pingava menos (Bela).

    4.4 O Desenvolvimento do cuidado As parteiras relataram que, na maioria das vezes, faziam o pr-natal

    das gestantes e, aps o parto, realizavam o acompanhamento da purperae do beb. Este dado confirma a literatura apresentada por Laderman apudMonticelli(5) , que diz que a parteira era escolhida com antecedncia pelagestante.

    Afirmam que nos partos domiciliares nunca perderam me e filho, ouseja, nunca morreu me e filho. Este relato contradiz Rezende(10), ao referirque as parteiras eram causadoras de complicaes e morte das mes e dosbebs.

    Bela relata que raramente a me tinha os ps edemaciados, na opiniodela, porque as mulheres caminhavam mais. J Santa afirma que quandoela via que os ps estavam muito inchados, encaminhava a gestante aomdico. Segundo as informantes, as cesarianas eram raras.

    Todas as parteiras faziam uso de proteo pessoal devido ao risco docontato com o sangue. Usavam luvas e lavavam as mos. Conformerelato de Bela, os materiais eram fervidos, colocados em lcool ouesterilizados, na autoclave do hospital.

    Aps a expulso do beb, mediam o cordo, chegando mais ou menosa 15 centmetros. Uma delas relata que quando parasse de pulsar, pinavae amarrava-o com um cordo que estava no lcool, e depois cortava-o.

    Em seguida, mostravam o beb para a me, realizavam o banho deimerso com gua morna, limpavam e secavam o beb. Depois disso,colocavam gazes embebidas com lcool no umbigo e o enfaixavam. Aparteira Bela diz que sempre colocava o coto umbilical deitado sobre o ladoesquerdo do abdmen do beb, pois assim ele ia secar mais rpido.Madalena diz que o beb permanecia com a faixa por trs semanas, ouseja, durante este perodo o beb no recebia banho de imerso. Santaacompanhava o beb diariamente at cair o umbigo, segundo ela, paraevitar o ttano. Elas tambm eram responsveis por registrar os dados donascimento.

    Olha eu tenho os livros de parto porque eu tinha que levar ao posto desade todos os meses para o mdico chefe assinar n, porque tinhaque registrar o nascimento do filho, a hora, e dos pais. O chefe mdicodo posto de sade assinava todos os meses, o livro de parto (Santa).

    Todas as parteiras examinavam a posio fetal apalpando o abdme. Seas condies fossem favorveis ao parto normal, atendiam no domiclio.Segundo Santa, quando a bolsa rompia muito cedo, a gestante eraencaminhada ao hospital. O parto acontecia com a me deitada na cama,com os membros inferiores fletidos. Conforme Maldonado(7), esta posiofacilitava o trabalho do mdico e a utilizao dos seus instrumentos.

    Havia preocupao com a higiene: protegia-se a cama com plstico esobre ele colocavam um lenol preferencialmente branco e limpo. A pessoaque auxiliava no perodo expulsivo, normalmente o esposo, a me, ou avizinha, levantava a cabea da mulher e, se fosse necessrio, comprimiao abdmen. Algumas mes gritavam ou eram agressivas; j outrascolaboravam com a parteira para agilizar o parto. Aps a expulso daplacenta, examinavam para ver se tinha sado tudo. Bela relata que omarido enterrava a placenta onde achasse mais conveniente. Este fato fazparte do rito do nascimento, conforme descrito por Faithorn apud Monticelli(5).

    Segundo as parteiras, as mulheres amamentavam e faziam o resguardo,tomando, sempre que possvel, sopa de galinha aps o parto. Alm doscuidados com o parto, as parteiras ajudavam as mulheres nos serviosdomsticos. Matei um frango, fiz sopa, fiz doze cucas, limpei a casa, fiz oparto e lavei tudo (Santa). Conforme Helmann(9), este costume fazia parteda cultura das zonas rurais dos pases em desenvolvimento.

    4.5 As compensaes pelo trabalhoNesta categoria, pudemos perceber duas formas de compensao: o

    retorno financeiro e o reconhecimento social.As parteiras recebiam por parto, quando era domiciliar, e um salrio,

    quando o parto era realizado no hospital ao qual estavam vinculadas.Relatam que o valor era pequeno, o que se confirma considerando que

    nenhuma delas tem posses de valor.Nos partos realizados em domiclio, geralmente o trabalho iniciava no

    pr-natal e terminava aps a queda do coto umbilical, mas elas recebiam

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    As parteiras e o cuidado com o nascimento

    Rev Bras Enferm 2006 set-out; 59(5): 647-51.

    apenas pelo parto, o equivalente hoje, a aproximadamente R$ 35,00.No hospital, as parteiras realizavam praticamente todos os partos, sendo

    que os mdicos faziam as cesarianas, quando necessrio. No entanto,segundo o relato de uma delas, quem recebia o pagamento pelo parto, doantigo INAMPS, eram os mdicos. Enriqueci todos estes mdicos velhosdaqui (Santa). Este dado confirma Neves(8) quando diz que as parteirastrabalhavam muito, sem uma remunerao concreta e um horriocronometrado.

    O reconhecimento social parece ser a maior compensao das parteiraspelo seu trabalho. Falam dele com orgulho, dizem que as pessoas vinhambusc-las em casa, preferindo o seu atendimento ao do mdico.

    Uma delas relatou que a chamavam de Santa, e que tinha clientes deoutras cidades que vinham de avio para ter o beb com ela.

    Ainda hoje as mulheres trazem as bisnetas para eu conhecer (Santa).

    s vezes ganhavam presentes como agradecimento pelo atendimentodispensado.

    A satisfao vinha tambm pelo trabalho realizado. Era muitoemocionante, a gente at chorava de alegria (Bela).

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Pelo olhar das parteiras, conhecemos uma parte da realidade dospartos e nascimentos ocorridos na Regio do Vale do Taquari, em meadosdo sculo passado. Observamos que a transio dos partos domiciliarespara hospitalares intensificou-se por volta da dcada de 50 e atingiu omximo da inverso (a maioria hospitalar) na dcada de 80, principalmentena zona rural.

    Verificamos que a maioria das parteiras buscou a ocupao devido auma necessidade institucional (dos hospitais) e de trabalho. Mesmo assim,tornaram-se referncia nas suas comunidades e, por isso, foram muito

    solicitadas para realizar partos domiciliares.As parteiras aprenderam os cuidados com o parto e o nascimento em

    cursos especficos, para onde eram encaminhadas pelos prprios hospitais.No entanto, este conhecimento era completado com a prtica do cotidiano.

    Nos domiclios, as condies eram precrias e improvisadas. Embora,hoje, a forma de preparo do material para utilizao no atendimento ao partono seja considerada correta, segundo elas, nunca morreram me ou filhonas mos delas. Este relato requer estudos mais aprofundados, paraidentificar se houve complicaes decorrentes dos partos por elas atendidos.

    Constatamos, atravs dos relatos que, no hospital, a maioria dos partoseram realizados pelas parteiras, exceto os partos com distcia e ascesarianas, que eram realizados por mdicos aos quais algumas delasauxiliavam, cumprindo inclusive a funo de anestesista.

    Percebemos que as parteiras seguiam uma sistemtica de cuidados,entendida hoje como emprica. Todas cumpriam as etapas bsicas decuidados indispensveis me e ao beb. Os procedimentos eramsemelhantes entre as parteiras, mas adaptados a cada especificidade social,familiar e cultural.

    Foi unanimidade entre as parteiras o fato de terem tido muita pacincia ecalma para que o parto fosse normal, aguardando o tempo que fossenecessrio para o nascimento do beb. Outro aspecto relatado foi o uso dacriatividade, improvisando o cuidado, especialmente quando se tratava departo domiciliar em famlias com menor poder aquisitivo. Vale salientar quemuitas dessas famlias eram de agricultores, que, na poca, na maioria dasvezes, no tinham condies de pagar pelo atendimento hospitalar.

    Ao longo deste estudo, pudemos perceber que as parteiras realizaramseu trabalho com muita dedicao e empenho, cuja compensao, namaioria das vezes, dava-se pelo reconhecimento social e pela alegria doparto e nascimento saudveis.

    Em suma, o momento do nascimento sempre ser descrito como sendoindividual e nico, podendo ser carregado de simbolismos, tanto para a mecomo para a pessoa que presta o cuidado. Dessa forma, entendemos sereste um objeto de contnuos estudos, nas mais diferentes abordagens.

    REFERNCIAS1. Bardin L. Anlise de Contedo. Lisboa (POR): Edies 70; 1977.2. Brasi l. Conselho Nacional de Sade. Diretrizes e Normas

    Regulamentadoras de pesquisas em seres humanos (Resoluo196/96). Dirio Oficial da Unio 16 out 1996: 21082-21085.

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