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Direito Tributário Parte IV – A Obrigação Tributária

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Page 1: Parte IV A Obrigação Tributária · Hipótese de Incidência (Conceito) A “hipótese de incidência”é o momento abstrato, previsto em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária

Direito TributárioParte IV – A Obrigação

Tributária

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1.Relação Jurídico-Tributária

Generalidades

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Relação Jurídico-Tributária

▣ A “relação jurídico-tributária” havida entre Estado e contribuinte éconstituída de etapas lógicas e cronológicas distintas, que podem sersistematizadas na seguinte “linha do tempo”:

Hipótese de Incidência Fato Gerador Obrigação

TributáriaCrédito

Tributário

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2.Hipótese de Incidência

Conceito e Generalidades

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Hipótese de Incidência (Conceito)

▣ A “hipótese de incidência” é o momento abstrato, previsto em lei, hábil adeflagrar a relação jurídico-tributária.

▣ Escolha feita pelo legislador de fatos quaisquer do mundo, propensos aensejar o nascimento do episódio jurídico-tributário.

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“Hipótese de Incidência é a descrição que a lei faz de umfato tributário que, quando ocorrer, fará nascer aobrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo terde pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente).

Vittorio Cassone

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Hipótese de Incidência (Conceito)

▣ Ex. 1: A hipótese de incidência do IPI é o desembaraço aduaneiro, a saídados estabelecimentos ou a arrematação de produtos industrializados (art.46 do CTN).

▣ Ex. 2: A hipótese de incidência do IR é a aquisição da disponibilidadeeconômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza (art.43 do CTN).

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3.Fato Gerador

Conceito e Generalidades

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Fato Gerador (Conceito)

▣ O “fato gerador” é a materialização da hipótese de incidência, representando omomento concreto de sua realização, que se opõe à abstração do paradigmalegal que o antecede.

▣ É a ocorrência, no mundo dos fatos, daquilo que está descrito na lei.

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“... A hipótese [de incidência] é simples descrição, ésimples previsão, enquanto o fato [gerador] éconcretização da hipótese, é o acontecimento do quefora previsto.

Hugo de Brito Machado

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Fato Gerador (Conceito)

▣ Ex. 1: é fato gerador de IPI uma empresa, efetivamente, fazer sair do seuestabelecimento comercial um produto industrializado.

▣ Ex. 2: é fato gerador de IR o recebimento de rendimentos ou proventospor alguém.

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Fato Gerador (Importância)

▣ É etapa de enorme importância na “linha do tempo” da relação tributária.□ É a partir do fato gerador que se estabelecerá a natureza jurídica do tributo (taxas,

impostos, contribuições de melhoria, etc.):□ Art. 4º do CTN. “A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato

gerador da respectiva obrigação...”.□ Também é o fato gerador que define a lei a ser aplicada no momento da cobrança do

tributo (princípio da irretroatividade da norma tributária – art. 150, III, “a”, daCRFB).

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Fato Gerador (Momento da Ocorrência)

▣ Art. 116 do CTN. “Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido ofato gerador e existentes os seus efeitos:□ I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as

circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe sãopróprios;

□ II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamenteconstituída, nos termos de direito aplicável.”.

□ Situação de Fato: saída de mercadoria (ICMS), entrada do bem no territórionacional (II), etc.

□ Situação de Direito: propriedade de imóvel (IPTU e ITR), transmissão depropriedade (ITBI e ITCMD), etc.

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4.Obrigação Tributária

Conceito e Generalidades

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Obrigação Tributária (Conceito)

▣ A obrigação tributária surge quando da ocorrência de um fato gerador.

▣ É vínculo jurídico mediante o qual uma entidade estatal (o fisco), a partir daocorrência de uma situação prevista em lei (fato gerador), pode exigir de umapessoa física ou jurídica um determinado objeto, que tanto pode ser opagamento do tributo ou penalidade pecuniária, como uma prestação positiva ounegativa (obrigação de fazer ou não fazer) que não constitua pagamento.

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Obrigação Tributária (Elementos)

Elementos da

Obrigação Tributária

a) Sujeito Ativo

b) Sujeito Passivo

c) Objeto

d) Causa

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Obrigação Tributária (Sujeito Ativo)

▣ É o credor da relação tributária.

▣ Art. 119 do CTN. “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direitopúblico titular da competência para exigir o seu cumprimento.”.

▣ Sujeito Ativo Direto: Os entes tributantes, detentores de competência tributária(poder de instituir tributos). Ex.: União, Estados, DF e Municípios.

▣ Sujeito Ativo Indireto: entes parafiscais, detentores de capacidade tributáriaativa (poder de arrecadar e fiscalizar tributos). Ex: OAB, CRC, CRA, CREA,CRM, etc.

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Obrigação Tributária (Sujeito Passivo)

▣ Refere-se ao lado devedor da relação tributária.

▣ Art. 121 do CTN. “Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada aopagamento de tributo ou penalidade pecuniária.□ Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:□ I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o

respectivo fato gerador;□ II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de

disposição expressa de lei.”.

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Obrigação Tributária (Sujeito Passivo)

▣ Sujeito Passivo Direto (Contribuinte):□ Tem uma relação pessoal e direta com o fato gerador.□ Ex.: o proprietário do bem imóvel, quanto ao IPTU; o adquirente do bem imóvel

transmitido com onerosidade, quanto ao ITBI, etc.

▣ Sujeito Passivo Indireto (Responsável):□ A terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato

gerador.□ Ex.: os pais de filhos absolutamente incapaz dono de imóvel, quanto ao IPTU; o

adquirente de veículo com débito de IPVA, etc.

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Obrigação Tributária (Sujeito Passivo)

▣ Art. 123 do CTN. “Salvo disposições de lei em contrário, as convençõesparticulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podemser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivodas obrigações tributárias correspondentes.”.

▣ O contrato entre particulares não opera efeitos perante a Fazenda Pública, mastão somente perante aqueles que avençaram cumpri-lo.

▣ “O locatário é parte ativa ilegítima para impugnar lançamento de IPTU, pois nãose enquadra na sujeição passiva como contribuinte e nem como responsáveltributário.” (STJ, REsp 818618, Rel. Min. José Delgado, DJ 02/05/2006).

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Obrigação Tributária (Objeto)

▣ O objeto da obrigação tributária equivale à prestação a que sesubmete o sujeito passivo diante do fato gerador.

▣ Art. 113. “A obrigação tributária é principal ou acessória.□ § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o

pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito deladecorrente.

□ § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dostributos.

□ § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se emobrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.”

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Obrigação Tributária (Objeto)

Obrigação Principal Obrigação Secundária

a) Pecuniária;b) Ato de pagar tributo ou multac) Obrigação de dard) Ex.: de pagar IR, ICMS, IPTU, etc.

a) Não pecuniáriab) Dever instrumental do contribuintec) Obrigações de fazer ou não Fazerd) Ex.: emissão de notas fiscais, escriturar

livros fiscais, entregar declarações, etc.

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Obrigação Tributária (Objeto)

▣ Pode existir obrigação acessória sem que exista obrigação tributária principal, equal deve vir sempre prevista em lei, com natureza jurídica de obrigação defazer ou não fazer.□ Ex.: hospital sem fins lucrativos é imune a impostos sobre sua renda, patrimônio

e serviços, mas é obrigado a manter livros fiscais (RE 250.844/SP, Rel. Min. MarcoAurélio, DJe 29/11/2012)

□ O não cumprimento da obrigação acessória faz nascer, por si só, uma obrigaçãoprincipal, consistente no pagamento de multa.

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Obrigação Tributária (Causa)

▣ A causa da obrigação tributária é o vínculo jurídico motivador do liamejurídico entre o sujeito ativo e o sujeito passivo.

▣ Pode residir na lei tributária ou na legislação tributária.

▣ Art. 114 do CTN. “Fato gerador da obrigação principal é a situação definida emlei como necessária e suficiente à sua ocorrência.”

▣ Art. 115 do CTN. “Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que,na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que nãoconfigure obrigação principal.”.

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Obrigação Tributária (Solidariedade)

▣ Art. 264 do Código Civil. “Há solidariedade, quando na mesma obrigaçãoconcorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ouobrigado, à dívida toda.”.

▣ Art. 265 do CC. “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontadedas partes.”.

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“... na obrigação solidária há uma só relaçãoobrigacional, com pluralidade de sujeitos; estaunidade de vínculo concentra-se em um objeto, queé devido e exigível, só e uno, independentemente dapluralidade subjetiva.

Caio M. da S. Pereira

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Obrigação Tributária (Solidariedade)

▣ Diz-se solidariedade ativa quando há mais de um credor, e solidariedadepassiva quando há mais de um devedor.□ Exemplo de solidariedade ativa: Dez alunos contratam a aula de um professor.□ Exemplo de solidariedade passiva: marido e mulher fazem um empréstimo

conjunto de R$50.000,00.

▣ No Direito Tributário, não existe solidariedade ativa, apenas solidariedadepassiva.

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Obrigação Tributária (Solidariedade)

▣ Art. 124 do CTN. “São solidariamente obrigadas:□ I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da

obrigação principal;□ II - as pessoas expressamente designadas por lei.□ Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.”.

▣ Solidariedade Natural: decorre de interesses comuns (ex.: imóvel pertencentea um casal).

▣ Solidariedade Legal: decorre da lei (ex.: sócio no caso de encerramento dasociedade, art. 134, VII, do CTN).

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Obrigação Tributária (Solidariedade)

▣ A solidariedade no Direito Tributário não comporta benefício de ordem, ouseja, o Fisco pode escolher que qualquer um dos codevedores responda pelocumprimento total da obrigação tributária.□ Ex.: no caso de marido e mulher serem proprietário do imóvel, o Município

pode cobrar o IPTU só do esposo, só da esposa, ou dos dois.

▣ Art. 125 do CTN. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitosda solidariedade:□ I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;□ II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada

pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelosaldo;

□ III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ouprejudica aos demais.

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Obrigação Tributária (Solidariedade)

▣ Art. 125 do CTN.□ Ex. do inciso I: Duas pessoas importam o bem, sendo, assim, solidariamente

responsáveis pelo II. Caso o pagamento integral seja feito por apenas um deles, otributo será considerado pago, cabendo ao pagador o direito de cobrar a metadedaquele que não pagou sua parte.

□ Ex. do inciso II: João, José e Pedro são três coproprietários de uma imóvel,devendo pagar o IPTU no valor total de R$ 300,00. Caso haja isenção pessoalpara João, os demais – José e Pedro – continuarão como codevedores solidáriosde R$ 200,00, ou seja, R$ 100,00 para cada.

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Obrigação Tributária (Solidariedade)

▣ Art. 125 do CTN.□ Ex. do inciso I: Duas pessoas importam o bem, sendo, assim, solidariamente

responsáveis pelo II. Caso o pagamento integral seja feito por apenas um deles, otributo será considerado pago, cabendo ao pagador o direito de cobrar a metadedaquele que não pagou sua parte.

□ Ex. do inciso II: João, José e Pedro são três coproprietários de uma imóvel,devendo pagar o IPTU no valor total de R$ 300,00. Caso haja isenção pessoalpara João, os demais – José e Pedro – continuarão como codevedores solidáriosde R$ 200,00, ou seja, R$ 100,00 para cada.

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5.Capacidade Tributária

Conceito e Generalidades

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Capacidade Tributária

▣ A capacidade tributária é definida pela doutrina como a aptidão para sersujeito ativo ou passivo da obrigação tributária.

▣ Art. 126 do CTN. “A capacidade tributária passiva independe:□ I - da capacidade civil das pessoas naturais;□ II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do

exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seusbens ou negócios;

□ III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure umaunidade econômica ou profissional.”.

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6.Domicílio Tributário

Conceito e Generalidades

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Domicílio Tributário

▣ Domicílio é o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações, nosentido da exigibilidade.

▣ Na seara tributária, é o local, determinado pela legislação tributária, onde osujeito passivo é chamado para cumprir seus deveres jurídicos da ordem tributária.

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Domicílio Tributário

▣ Art. 127 do CTN. “Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, dedomicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:□ I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou

desconhecida, o centro habitual de sua atividade;□ II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua

sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cadaestabelecimento;

□ III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições noterritório da entidade tributante.”.

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Domicílio Tributário

▣ A regra geral é que o domicílio seja escolhido pelo contribuinte ou responsável.

▣ Os outros domicílios somente serão usados em caráter subsidiário.□ Ex. do inciso I: pessoa que tenha um apartamento de veraneio no RJ e apresenta

o domicílio tributário naquela cidade, para fins de IPTU, a cidade de Manaus.□ Ex. do inciso II: para os casos de ICMS, havendo matriz e filiais, o princípio da

autonomia do estabelecimento faz de cada filial uma unidade independente; jápara o IR, prevalece a liberdade de escolha.

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Domicílio Tributário

▣ Exceções previstas no art. 127, §§1º e 2º do CTN:□ § 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste

artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar dasituação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

□ § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite oudificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra doparágrafo anterior.

□ Ex. do §1º: circos e outros estabelecimentos de espetáculos ambulantes.Incidindo ISS sobre os serviços que prestem, e sendo eles essencialmentenômades, por seu domicílio tributário será considerado cada local em que seexibem.

□ Ex. do §2º: mudança da sede da empresa para local isolado e de difícil acesso econversão da antiga sede em filial.

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Domicílio Tributário

Regra Geral: domicílio de eleição (art. 127, caput, do

CTN)

Na ausência de eleição: aplica-se o art. 127, I, II ou

III, do CTN

Recusa fundada da Administração quanto ao domicílio eleito (art. 127,

§2º, do CTN)

Impossibilidade dos incisos anteriores

Lugar dos bens ou da ocorrência dos fatos

geradores (art. 127, §1º, do CTN)

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7.Responsabilidade

TributáriaSubstituição e Transferência

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Responsabilidade Tributária

▣ A relação tributária envolve, de um lado, a Fazenda Pública e, deoutro, o sujeito passivo (contribuinte ou responsável).

▣ A opção legal pela modificação do sujeito no polo passivo da obrigação decorrede questões de fato ou de direito imperativas para a preservação do interesse dofisco ou de simples razões de conveniência que possibilitem racionalizar esimplificar a fiscalização e o controle da arrecadação tributária.

Page 42: Parte IV A Obrigação Tributária · Hipótese de Incidência (Conceito) A “hipótese de incidência”é o momento abstrato, previsto em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária

Responsabilidade Tributária

▣ Em princípio, o tributo deve ser cobrado da pessoa que pratica o fato gerador.Nessas condições, surge o sujeito passivo direto (“contribuinte”).

▣ Em outros casos o Estado pode cobrar o tributo de uma terceira pessoa, quenão o contribuinte, que será o sujeito passivo indireto (“responsável tributário”).

▣ “no Direito Tributário a palavra responsabilidade tem um sentido amplo e outroestrito. [...] Em sentido amplo, é a submissão de determinada pessoa, contribuinteou não, ao direito do Fisco de exigir a prestação da obrigação tributária. [...] Emsentido estrito, é a submissão, em virtude de disposição legal expressa, dedeterminada pessoa que não é contribuinte, mas está vinculada ao fato gerador daobrigação tributária, ao direito do Fisco de exigir a prestação respectiva” (Hugo deBrito Machado)

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Responsabilidade Tributária

▣ Em princípio, o tributo deve ser cobrado da pessoa que pratica o fato gerador.Nessas condições, surge o sujeito passivo direto (“contribuinte”).

▣ Em outros casos o Estado pode cobrar o tributo de uma terceira pessoa, quenão o contribuinte, que será o sujeito passivo indireto (“responsável tributário”).

▣ “no Direito Tributário a palavra responsabilidade tem um sentido amplo e outroestrito. [...] Em sentido amplo, é a submissão de determinada pessoa, contribuinteou não, ao direito do Fisco de exigir a prestação da obrigação tributária. [...] Emsentido estrito, é a submissão, em virtude de disposição legal expressa, dedeterminada pessoa que não é contribuinte, mas está vinculada ao fato gerador daobrigação tributária, ao direito do Fisco de exigir a prestação respectiva” (Hugo deBrito Machado)

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Responsabilidade Tributária

Substituição Transferência

a) A lei desde logo põe o terceiro nolugar da pessoa que seria naturalmentetida por contribuinte.

b) Desde o nascimento da obrigação, oresponsável já é o sujeito passivo.

c) Ex.: IR retido na fonte.

a) A obrigação de um devedor (que podeser um contribuinte ou umresponsável) é deslocada para outrapessoa, em razão de algum evento.

b) Pode excluir a responsabilidade docontribuinte ou fazê-la supletiva

c) Ex.: empresa que incorpora outra, quedevia tributos.

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Responsabilidade Tributária

Responsabilidade Tributária

Substituição“Para Trás”

“Para Frente”

Transferência

Solidariedade

Sucessores

Terceiros

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Responsabilidade Tributária (Substituição)

▣ A terceira pessoa (substituto) vem e ocupa o lugar do contribuinte (substituído). Aessa pessoa, que a lei ordena que substitua o contribuinte, dá-se o nome de“responsável por substituição” ou “contribuinte substituto”, ou, ainda, “substitutotributário”.

▣ Aqui, a obrigação de pagar, desde o início, é do responsável, ficando ocontribuinte desonerado de quaisquer deveres.

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Responsabilidade Tributária (Substituição)

▣ Ex.: (1) o empregador, com relação ao IRRF relativo à renda doempregado; (2) a Caixa Econômica Federal, com relação ao IR incidentesobre o prêmio da loteria auferido pelo ganhador da receita; (3) os fundosde previdência privada, que devem reter o IR na fonte e repassar à União;(4) o laticínio, com relação ao ICMS devido pelo produtor rural nacomercialização de leite cru; (5) a usina, com relação ao ICMS devidopelo produtor rural na comercialização da cana em caule, etc.

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Responsabilidade Tributária (Substituição)

▣ Relativamente ao ICMS, a doutrina costuma distinguir a substituição em“substituição para trás” (regressiva/antecedente) e “substituição para frente”(progressiva/subsequente).

▣ Passemos ao estudo de cada uma delas.

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Responsabilidade Tributária (Substituição Para Trás)

▣ Ocorre a “substituição para trás” quando há postergação ou o adiamento dorecolhimento do tributo com relação ao momento pretérito em que ocorre o fatogerador.

▣ Nesses casos, o contribuinte de direito (comerciante ou industrial) adquiremercadoria de outro contribuinte (em geral, produtores de pequeno porte oucomerciantes individuais), responsabilizando-se pelo pagamento do tributosubstituído e pelo cumprimento das obrigações tributárias.

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Responsabilidade Tributária (Substituição Para Trás)

Produtor Rural

Produtor Rural

Produtor Rural

Produtor Rural

Indústria de Laticínios

Mercados

Hospitais

Escolas

Padarias

Operação substituída “para trás”:em tese, incidiria aqui a obrigaçãotributária

Operação subsequente: o laticínio éresponsável pelas obrigações dosprodutores e das suas.

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Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

▣ Ocorre a “substituição para frente” quando há a antecipação do recolhimento dotributo cujo fato gerador ocorrerá (se ocorrer) em um momento posterior, comlastro em base de cálculo presumida.

▣ Responsabilidade pelo recolhimento de obrigações oriundas de fatos geradoresfuturos, cujos acontecimentos, presume-se, acontecerão no decorrer dacadeia de circulação do produto.

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Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

▣ Antecipa-se o pagamento do tributo, sem que se disponha deuma base imponível apta a dimensionar o fato gerador, uma vez que ele aindanão ocorreu. Logo, a doutrina contesta tal mecanismo por veicular uminequívoco fato gerador presumido ou fictício.

▣ Contudo, o STF reconhece a constitucionalidade de tal substituição (ADI1851/AL, Rel. Min. Ilmar Galvão, Plenário, DJ 22/11/2002).

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Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

▣ Como exemplo de tal modalidade, utilizaremos o combustível.□ Segundo a ANP, o varejo brasileiro de combustíveis caracteriza-se por ser um

mercado altamente fragmentado, composto de 536 distribuidoras e mais de34.000 postos de revenda de combustíveis.

□ A totalidade dos Fiscos, então, em vez de controlar todas as operações da cadeiade produção-distribuição-venda-revenda, optam por concentrar o número defiscalizados e controlados, com a utilização da sistemática da substituiçãotributária.

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Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

Ref

inar

iaDistribuidora

PostoConsumidor

Consumidor

PostoConsumidor

Consumidor

Distribuidora

PostoConsumidor

Consumidor

PostoConsumidor

ConsumidorO ICMS de toda a cadeia é pago aqui.

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Responsabilidade Tributária (Substituição Para Frente)

▣ Regra geral, na substituição “para frente”, o valor do tributo écalculado de acordo com pautas fiscais estabelecidas em lei, que nada mais sãoque presunções legais que estimam a base de cálculo do tributo – o valor damercadoria ou produto.

▣ Art. 10 da LC nº. 87/1996. “É assegurado ao contribuinte substituído o direito àrestituição do valor do imposto pago por força da substituição tributária,correspondente ao fato gerador presumido que não se realizar.”.

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Responsabilidade Tributária (Transferência)

▣ Dá-se quando a terceira pessoa vem e ocupa o lugar do contribuinte após aocorrência do fato gerador, em razão de um evento a partir do qual se desloca (setransfere) o ônus tributário para um terceiro escolhido por lei.

▣ Este terceiro recebe o nome de “responsável tributário propriamente dito”.

▣ O “responsável tributário” (transferência) responde por débito alheio,enquanto o “substituto tributário” (substituição) responde pelo própriodébito.

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Responsabilidade Tributária (Transferência)

▣ Depois de surgida a obrigação tributária contra uma pessoa certa edeterminada, é ela transferida a outrem, em consequência de um fato que lheé posterior.□ Ex.: após a ocorrência de um evento determinado (morte do

contribuinte, aquisição de bens, aquisição de fundo de comércio e outros),transfere-se o ônus tributário, que até então estava a pesar sobre o devedorprincipal, para o responsável tributário.

▣ O CTN prevê três tipos de responsabilidade por transferência: (1) solidariedadepassiva (art. 124 e 125); (2) sucessores (art. 130 a 133); e (3) de terceiros (arts.134 e 135).□ Como já estudamos a solidariedade passiva, focaremos nas outras duas

modalidades.

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Sucessores)

▣ A obrigação se transfere para outro devedor em virtude do“desaparecimento” do devedor original.□ Ex.: morte do primeiro devedor, recaindo o ônus sobre os herdeiros; venda do

imóvel ou estabelecimento comercial, incidindo o importe tributário sobre ocomprador.

▣ A transferência por sucessores se dá a dois títulos:□ Transferência causa mortis: a transmissão do ônus ocorre para os herdeiros,

havendo a sua responsabilidade pessoal (art. 131, II e III, CTN);□ Transferência inter vivos: a obrigação se transfere para o adquirente, em quatro

hipóteses.

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Sucessores)

TransferênciaInter Vivos

a) Transmissão de imóveis (sucessão imobiliária, art. 130,CTN)

b) Transmissão de bens móveis (sucessão inter vivos, art.131, I, CTN)

c) Transmissão de estabelecimento comercial, industrial ouprofissional (sucessão comercial, art. 133, CTN)

d) Transmissão decorrente de fusão, incorporação,transformação ou cisão (sucessão empresarial, art. 132,CTN)

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

▣ Fundamenta-se no abuso de confiança e na falta de zelo pelo patrimônio deoutrem.

▣ Subdivide-se, no texto do CTN, em responsabilidade subsidiária (art. 134) eem responsabilidade exclusiva, dita pessoal (art. 135).

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

▣ Art. 134 do CTN. “Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento daobrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atosem que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:□ I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;□ II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;□ III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;□ IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;□ V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;□ VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os

atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;□ VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.□ Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de

caráter moratório.”.

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

▣ Nos casos previstos neste artigo, existe uma ordem a ser seguida para acobrança das obrigações:□ Primeiro, o contribuinte originário para, somente se for impossível o pagamento por ele,

iniciar-se a cobrança do responsável.

▣ Cabe ao Fisco o ônus de, caso queira cobrar os créditos dos responsáveis,demonstrar a impossibilidade da cobrança dirigida ao contribuinte (seja porqueseu patrimônio é insuficiente para saldar os haveres, seja porque não elenão mais existe).

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

▣ O CTN também exige que tenha havido omissão ou intervenção dos própriosresponsáveis nos atos resultantes da obrigação.

▣ A atuação do terceiro na administração do patrimônio do representadodeverá ter relação direta com o nascimento da obrigação tributária não cumprida.□ Ex.: o tabelião que lavrou escritura de compra e venda de imóvel sem verificar se

foi pago o ITBI.

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

▣ Art. 135 do CTN. “São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentesa obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ouinfração de lei, contrato social ou estatutos:□ I - as pessoas referidas no artigo anterior;□ II - os mandatários, prepostos e empregados;□ III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.”.

▣ O contribuinte é vítima de atos abusivos, ilegais ou não autorizados, cometidospor aqueles que o representam, razão pela qual se procura responsabilizarpessoalmente tais representantes, ficando o contribuinte, em princípio,afastado da relação obrigacional.

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

▣ A responsabilização exige, para a responsabilidade do terceiro, que eletenha agido com:□ Excesso de poderes: o terceiro age por conta própria, além dos poderes que a norma legal,

contratual ou estatutária lhe conferem.▪ Ex.: diretor de sociedade que adquire um bem imóvel, sabendo-se que, pelo

estatuto social, estava impedido de fazê-lo sem a anuência de todos os sócios. Adívida de ITBI, desse modo, recairá pessoalmente sobre ele.

□ Infração à lei, contrato social ou estatuto: é importante enfatizar que o simples nãopagamento do tributo, sem dolo ou fraude, não é “infração legal” deflagradora daresponsabilidade pessoal.▪ É imprescindível para a responsabilização pessoal a atuação dolosa do gerente ou

diretor, devendo ser cabalmente provada. O não pagamento, isoladamenteanalisado, é “mera presunção” de infração à lei pelo gestor da pessoa jurídica.

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Responsabilidade Tributária (Transferência: Terceiros)

□ Infração à lei, contrato social ou estatuto▪ Súmula 430 do STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não

gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.”.▪ Ex.: (1) empregador que desconta o IRRF ou contribuição previdenciária e

não os recolhe ao Erário; (2) a dissolução irregular da sociedade, deixandodébitos tributários pendentes e nenhum patrimônio para garantir seupagamento.

▪ Súmula 435 do STJ: “Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar defuncionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimandoo redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.”.

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