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1 Prof. Engº Pery C. G. de Castro Revisado em outubro/2009 PARTE I GENERALIDADES 1. CONCEITO DE RECICLAGEM DE PAVIMENTOS O comportamento da estrutura de um pavimento está influenciado por vários fatores: a) Frequência e peso dos eixos dos veículos b) Intemperismo c) Qualidade dos materiais d) Qualidade do projeto e) Qualidade da construção Quando a qualidade do pavimento cai abaixo de um nível aceitável ele precisa ser recuperado. Há vários meios de se processar esta recuperação entre eles está a reciclagem que atualmente vem crescendo em importância. Reciclagem do pavimento é um processo que visa a melhorar as características de rolamento e a estrutura do pavimento com o reaproveitamento dos materiais existentes nas diversas camadas da estrutura do pavimento: revestimento, base e sub-base. O reaproveitamento dos materiais destas camadas traz várias vantagens: a) Reduz o custo da recuperação do pavimento b) Pode recuperar o pavimento sem alterar sua geometria, mantendo o mesmo greide c) Conserva as fontes naturais de materiais empregados no pavimento d) Permite recuperar somente a faixa de tráfego que sofre mais carregamento, e que precisa de reparos, nas vias com várias faixas de tráfego.

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Page 1: PARTE I GENERALIDADES - Escola Politécnica · 7 2. ESTUDO DOS MATERIAIS DISPONÍVEIS 2.1 Materiais do revestimento asfáltico reutilizáveis (RAP) Para a elaboração de um projeto

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Prof. Engº Pery C. G. de Castro Revisado em outubro/2009

PARTE I GENERALIDADES

1. CONCEITO DE RECICLAGEM DE PAVIMENTOS

O comportamento da estrutura de um pavimento está influenciado por vários fatores:

a) Frequência e peso dos eixos dos veículos

b) Intemperismo

c) Qualidade dos materiais

d) Qualidade do projeto

e) Qualidade da construção

Quando a qualidade do pavimento cai abaixo de um nível aceitável ele precisa ser

recuperado. Há vários meios de se processar esta recuperação entre eles está a reciclagem que

atualmente vem crescendo em importância.

Reciclagem do pavimento é um processo que visa a melhorar as características de

rolamento e a estrutura do pavimento com o reaproveitamento dos materiais existentes nas

diversas camadas da estrutura do pavimento: revestimento, base e sub-base.

O reaproveitamento dos materiais destas camadas traz várias vantagens:

a) Reduz o custo da recuperação do pavimento

b) Pode recuperar o pavimento sem alterar sua geometria,

mantendo o mesmo greide

c) Conserva as fontes naturais de materiais empregados no

pavimento

d) Permite recuperar somente a faixa de tráfego que sofre mais

carregamento, e que precisa de reparos, nas vias com várias

faixas de tráfego.

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Embora a reciclagem tenha maior aplicação nos revestimentos asfálticos, ela pode ser

aplicada aos materiais de base granular, transformando-as em bases tratadas com asfalto ou com

cimento.

Ainda, estas bases podem fornecer material para aumentar a espessura de concreto

asfáltico do pavimento.

Os materiais granulares da sub-base podem ser estabilizados com asfalto ou com

cimento.

Todas estas transformações se traduzem por um aumento na capacidade suporte das

camadas individuais, e/ou corrigindo deficiências existentes nas camadas originais, resultando

num pavimento mais resistente.

2. TERMINOLOGIA EMPREGADA NA RECICLAGEM

(1) Estrutura do pavimento asfáltico

É a estrutura de um pavimento asfáltico colocada sobre o subleito, constituída

por todas as camadas de misturas asfálticas (estrutura full depth), ou uma

combinação de camadas de asfalto com camadas de agregados sem tratamento, ou

tratadas com substâncias coesivas (cimento, cinza-cal, etc)

(2) Mistura betuminosa, reciclada, para pavimento

É qualquer mistura asfáltica obtida com o material de uma, ou mais, das

camadas da estrutura do pavimento pelo acréscimo de agregado, asfalto e/ou

agente de reciclagem, que será usado na construção do pavimento novo ou na

recuperação de pavimentos velhos.

Esta mistura deverá satisfazer às exigências das Especificações para a camada

do pavimento em que ela será empregada.

(3) Materiais reutilizáveis do pavimento

Materiais oriundos das camadas de pavimentos existentes tais como:

a) Camadas de base, nivelamento e revestimento

b) Camadas de base granular

c) Camadas de base tratada com cimento ou cinza-cal (substâncias

não recicláveis).

(4) Material Frezado (MF)

Materiais das camadas de um pavimento asfáltico (revestimento, base, etc.)

que são removidos do pavimento pelo emprego de equipamentos com ação rotativa de

corte, (milling machine), com ou sem adição de calor para amolecer os ligantes

asfálticos.

(5) Material Recuperado (MR)

Materiais de misturas asfálticas ou base granular constituintes dum pavimento

existente que são removidas usando escarificadores, motoniveladoras, ou outro

equipamento, com ou sem a adição de calor para amolecer o ligante asfáltico.

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(6) Revestimento Asfáltico Reutilizável (RAP) (Reclaimed Asphalt Pavement)

Materiais contendo asfalto e agregado removidos e/ou processados, provenientes

de um pavimento existente.

(7) Agregado reutilizável (RAM) (Reclaimed Aggregate Mineral)

Material proveniente das camadas de um pavimento existente, que foi removido

e/ou processado, contendo agregado com ou sem substância coesiva não reciclável

(exemplo: agregado de base granular e agregado de base tratada com cimento).

(8) Asfalto reutilizável

É o asfalto contido na camada asfáltica fresada, ou recuperada, que contribui na

porcentagem de asfalto da nova mistura, reciclada.

(9) Agregado recuperado

O agregado separado de uma amostra de mistura asfáltica dum pavimento

velho.

(10) Asfalto recuperado

O asfalto retirado de uma mistura asfáltica dum pavimento velho.

(11) Agente de reciclagem, ou de rejuvenescimento, do asfalto

Um material orgânico com propriedades físicas e químicas selecionadas,

destinado especificamente a restaurar as propriedades originais dos asfaltos

envelhecidos, pela reposição daqueles componentes do asfalto que foram alterados ou

consumidos durante os processos de construção e envelhecimento

(12) Agregado novo (também chamado agregado virgem)

Está constituído por agregados sem uso, como: areias naturais, areias

artificiais, pedregulho natural, seixo britado, brita que são incorporados aos agregados

recuperados do pavimento existente, com a finalidade de melhorar a qualidade da

mistura asfáltica reciclada.

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3. PROCESSOS DE RECICLAGEM

Atualmente há uma grande variedade de processos de reciclagem de pavimentos.

A Figura 1 apresenta os tipos de processos de reciclagem.

Figura 1 - PROCESSOS DE RECICLAGEM Figura I-1 PROCESSOS DE RECICLAGEM

Reciclagem de pavimentos

de concreto

Em usina fixa

ou central

Reciclagem por

mistura a quente

Na pista Em usina fixa

ou central

Reciclagem por

mistura a frio

No local

com ou sem calor

Reciclagem da

superfície

Reciclagem de pavimentos

asfálticos

Reciclagem de

pavimento

(1) Reciclagem do pavimento

Consiste no reuso de materiais do pavimento existente que são trabalhados em

novas misturas com qualidades adequadas para serem empregadas em construções

novas ou para a reabilitação dos pavimentos asfálticos.

(2) Reciclagem da superfície do pavimento

A reciclagem da superfície do pavimento consiste em corrigir a quente ou a

frio as irregularidades e deformações superficiais nos sentidos transversal e

longitudinal.

Estas correções consistem em fresagem ou escarificação a quente e correção da

superfície, com ou sem adição de materiais, finalizando por compactação.

Irregularidades, como sulcos, desagregação e deformações resultantes de

instabilidade, podem ser eliminados pela remoção da parte superior do revestimento

por fresagem, patrolagem, escarificação, etc, a frio.

No caso de ocorrer remoção de material, este pode ser reutilizado na

reciclagem.

(3) Reciclagem de pavimentos asfálticos a frio

Consiste na reutilização de materiais de base granular e/ou misturas asfálticas

que são trabalhadas na pista ou numa usina fixa ou central, com a adição de emulsões

asfálticas, asfaltos diluídos, cimento portland, etc, com o objetivo de obter uma

mistura final com qualidades definidas, seguidas de espalhamento e compactação.

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(4) Reciclagem de pavimentos asfálticos a quente

Consiste na remoção da camada superior do pavimento (revestimento) com ou

sem remoção das camadas inferiores do pavimento (exemplo materiais de base

granular) que é trabalhada por britagem, e calor, e misturada com componentes

adicionais como agregado, asfalto e/ou agente de reciclagem e depois reespalhada e

compactada de acordo com as exigências das especificações para as misturas

convencionais a quente (camada de base, ligação, nivelamento ou rolamento).

(5) Reciclagem de pavimentos de concreto com cimento portland

Consiste em reutilizar o material do pavimento de concreto, reduzindo as lajes

a tamanhos dos agregados normais e areias, e então reutilizá-los.

Este material pode ser:

a) Utilizado numa mistura com agregados e areia novos,

complementares, e cimento, obtendo-se um concreto com cimento

portland.

b) Utilizado com novos agregados e asfalto, produzindo uma mistura

asfáltica

c) Utilizado como agregado para a construção de bases granulares ou

estabilizadas.

Este trabalho tratará especialmente da reciclagem de mistura asfáltica a quente em usina central.

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PARTE II

CONHECIMENTO DOS MATERIAIS DISPONÍVEIS 1. INTRODUÇÃO

A estrutura do pavimento existente pode estar constituída de várias camadas

esquematizadas na Figura 2.

A remoção do revestimento dá origem a um material constituído por agregado e

asfalto, chamado pavimento ou revestimento asfáltico reutilizável, RAP (Reclaimed Asphalt

Pavement), que pode participar como parte de uma nova mistura asfáltica.

Quando se remove parte ou toda base granular, sem ligante, o produto resultante

chama-se agregado mineral reutilizavel, RAM (Reclained Agreggate Mineral) e pode ser

processado como parte de um novo material, geralmente misturado como parte do revestimento

asfáltico reutilizável, ligante asfáltico e outras vezes misturado com cimento.

Ao se pretender fazer reciclagem de um pavimento asfáltico surgem, portanto, três

perguntas de importância capital:

a) O que temos no pavimento a ser reciclado?

b) O que pretendemos ou o que é possível obter?

c) Que materiais novos dispomos?

A primeira pergunta está ligada a espessura das camadas e aos materiais, asfalto e/ou

agregado, que as compõe.

A segunda é definir nosso objetivo em termos de reaproveitamento dos materiais das

camadas do pavimento e melhora-las de forma a se obter uma estrutura do pavimento capaz de

suportar ao tráfego previsto.

A terceira está relacionada aos materiais granulares novos e tipos de asfaltos

disponíveis à mistura com os materiais velhos, recicláveis (RAP e RAM) do pavimento

existente.

SUBLEITO

Observações:

RAP - Reclaimed Asphalt Pavement (Revestimento Asfáltico Reutilizável)

RAM – Reclaimed Aggregate Mineral (Agregado mineral reutilizável)

SUB-BASE

BASE GRANULAR ou

Tratada com cimento

REVESTIMENTO

Figura 2

Pav

imen

to e

xis

ten

te a

ser

rec

icla

do

ASFALTO Asfalto reutilizado

RAP

AGREGADO Agregado extraído

RAM = agregado de base granular ou com

cimento processado

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2. ESTUDO DOS MATERIAIS DISPONÍVEIS

2.1 Materiais do revestimento asfáltico reutilizáveis (RAP)

Para a elaboração de um projeto racional de mistura asfáltica com o emprego de

revestimento asfáltico reutilizável (RAP) é preciso conhecer os materiais que o compõe e o

estado desses materiais.

O revestimento está constituído por asfalto e agregado:

(1) Asfalto

Do asfalto precisa-se conhecer:

a) Porcentagem de asfalto na mistura

b) Condições de consistência, determinando sua viscosidade absoluta em

poises

(2) Agregado

Do agregado após a remoção do asfalto podemos determinar sua granulometria,

mas não temos meios diretos de determinar a quantidade de partículas

provenientes de depósitos naturais.

Estas partículas naturais, geralmente com as arestas arredondadas e as faces

polidas melhoram a trabalhabilidade da mistura, mas atuam negativamente na sua

estabilidade. Sua existência no agregado reutilizável será apreciada,

indiretamente, pela estabilidade da mistura, determinada pelo ensaio Marshall

Para obter os elementos referentes aos materiais será necessário a realização de

vários ensaios.

2.1.1 Ensaio para determinação do teor de asfalto da mistura asfáltica

O ensaio empregado com este objetivo está padronizado pela Norma ASTM D-2172-

95.

Esta norma apresenta vários métodos. Sugerimos o Método B, que é o de extração do

asfalto a quente. Ele também é utilizado para separar o asfalto do agregado.

O ensaio consiste em tomar uma amostra seca da

mistura do revestimento asfáltico com peso P1 ,

aproximadamente 1000gr, e coloca-se dentro de dois

cones de tela metálica revestidos com papel filtro.

Figura 3.

Estes cones são introduzidos numa jarra de vidro

pirex. Dentro da jarra é colocada uma quantidade de

tetracloretileno, e, a parte superior da jarra é tapada

com um condensador metálico.

O conjunto é colocado sobre uma fonte de calor:

uma placa quente termostaticamente controlada ou um

queimador a gás.

A ação do calor faz evaporar o solvente que passa

pela amostra, e, ao entrar em contato com o

condensador se liquefaz e cai sobre as amostras

colocadas nos cones metálicos, dissolvendo o asfalto e

separando-o do agregado. Este ciclo é continuado até

ser removido todo o asfalto.

O agregado restante nos cones é seco e pesado

P2 .

Figura 3

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A porcentagem de asfalto na mistura é dada pela fórmula:

a) Em relação à mistura:

100 P

PP ASF%

1

21M

b) Em relação ao agregado

100 P

PP ASF%

2

21AG

O asfalto dissolvido com o solvente deve ser guardado para determinação da

viscosidade do resíduo

2.1.2 Determinação da viscosidade do asfalto velho

a) Generalidades sobre a viscosidade

Viscosidade é a resistência ao cisalhamento oferecida pelos líquidos

A unidade de viscosidade absoluta é o poise que tem a seguinte definição:

Quando um plano de 1 2cm requerer uma força de um dine para se deslocar

na velocidade de 1cm/seg em relação a outro plano, paralelo, afastado de 1cm

, se diz que o líquido entre eles tem a viscosidade de um poise ( = 1

dine.seg/ cm2 ).

A viscosidade, matematicamente, pode ser descrita como uma proporcionalidade

constante entre a força aplicada F, por unidade de área, e a velocidade de

cisalhamento S, Figura 4.

.

A viscosidade ou módulo de cisalhamento n , de um líquido, pode ser definido

como um fator de proporcionalidade n

nF

S

Figura 4

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F = força em dines/ cm2

S = velocidade de cisalhamento, em recíproca de segundo, isto é:

cm/seg/cm= seg 1

n = viscosidade absoluta, em poises (a recíproca de viscosidade é a fluidez)

Se n tem um valor constante para qualquer valor de F, isto é, há uma

proporcionalidade constante entre o esforço de cisalhamento F por unidade de

área e a velocidade de cisalhamento, o fluxo e o líquido são chamados de

Newtoniano ou de fluxo verdadeiro.

Quando não existe esta proporcionalidade, o líquido é não Newtoniano ou

pseudo plástico, e exibe um fluxo complexo.

Se o esforço de cisalhamento por unidade de área e a velocidade de

cisalhamento forem representados num gráfico “log-log”, Figura 5, esta

relação é representada por linhas retas.

.

Temos:

Log F = C . log S + log M (equação da reta)

C : é a inclinação da reta no gráfico log-log e mede o grau do fluxo complexo,

cujo valor é determinado por

CF

S

log

log

M : é uma constante do gráfico dada por

M=F

S c

que é a equação do fluxo ou base geral reológica.

Figura 5

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Com o aumento da temperatura de ensaio o asfalto torna-se menos viscoso

e eventualmente tem propriedade de líquido.

O grau do fluxo complexo diminui e o valor de C também diminui e se

aproxima da unidade.

Neste caso é difícil de determinar a viscosidade absoluta e então utilizam-

se equipamentos que determinam a viscosidade cinemática.

A relação entre a viscosidade absoluta e a cinemática é definida por:

viscosidade cinemática =densidade

absoluta idadecosvis

g cm seg

g cm

/ .

/ 3

k = n

d (stokes)

k = viscosidade cinemática em stokes que é expresso em cm seg2 /

n = viscosidade absoluta em poises que é expressa em g/cm.seg

d = densidade em g cm/ 3

Como a densidade dos CAP está próxima de 1 3g cm/ , grosseiramente a

viscosidade cinemática, em stokes, é numericamente igual a viscosidade

absoluta em poises.

Isto nos permite transformar a viscosidade cinemática dos agentes de

reciclagem em viscosidade absoluta para poder ser aplicado na determinação do

tipo de asfalto para a mistura reciclada.

Nos asfaltos a viscosidade cinemática é expressa em centistokes, a

centésima parte do stoke , significa que:

1 stoke = 100 centistokes e numeriricamente igual a 1 poise

Assim, o agente de reciclagem AR1 com uma faixa de viscosidade de 50

a 175 centistokes corresponderá ,numericamente, a 0,5 a 1,75 poises.

b) Ensaio para determinação da viscosidade absoluta dos cimentos asfálticos

O cimento asfáltico dissolvido com tetracloreto de carbono, recolhido do

extrator de asfalto, para determinação do teor de asfalto na mistura do

revestimento, deve ser recuperado da solução de acordo com as normas ASTM

D 1865-95.

A viscosidade absoluta do cimento asfáltico velho recuperado do

revestimento é determinada de acordo com o método de ensaio ASTM D

2171/94 ou P-MB-827 do Instituto Brasileiro de Petróleo.

Neste ensaio a viscosidade é determinada na temperatura de 60ºC

utilizando um viscosímetro capilar de fluxo reverso, usando vácuo, Figura 6.

Consiste em determinar o tempo necessário ao escoamento de um

determinado volume de cimento asfáltico através de um tubo capilar, Figura 7,

com auxílio de vácuo, de 30 0,05cm de mercúrio.

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O valor da viscosidade é obtido em unidades poises , multiplicando o

tempo de escoamento em segundos pelo fator de calibração do viscosímetro.

A unidade poises corresponde a uma dina.segundo/ cm2 ou g/cm.seg.

2.1.3 Ensaio de granulometria do agregado recuperado da mistura asfáltica

Reúne-se o agregado de várias extrações até obter o peso indicado para o ensaio de

granulometria. Este peso varia com o tamanho máximo do agregado, Tabela 1, e deve ter um

valor mínimo especificado pela norma ASTM 5444-94.

O ensaio de granulometria deve ser executado de acordo com a norma Ensaio de

Granulometria de Agregado Extraído - ASTM 5444-94, utilizando-se a série de peneiras

indicadas pelas especificações da mistura asfáltica pretendida.

Tabela 1

TAMANHO MÁXIMO

PESO MÍNIMO

Em quilos

4,75mm (nº4)

9,50mm (3/8”)

12,50mm (1/2”)

19,00mm (3/4”)

25,00mm (1”)

37,50mm (1 1/2”)

0,5

1,0

1,5

2,0

3,0

4,0

2.2 Agregados minerais reutilizáveis - (RAM)

No processo de reciclagem pode-se obter um reforço de estrutura do pavimento, sem

elevar o greide, adicionando ao material da base granular, total ou parcial, uma substância

cimentante. Com isto se aumenta o fator de equivalência estrutural, desta camada e

consequentemente a capacidade suporte do pavimento.

Figura 6 Figura 7

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Se este material é usado na camada de revestimento ou ligação (binder), que tem

tamanho máximo menor que o de base, o agregado deverá ser processado : peneirado , e as

frações maiores que o tamanho máximo selecionado deverão ser rebritadas ou rejeitadas.

Se houver processamento do agregado da base, deve-se considerar, para composição

da mistura, a granulometria final do agregado.

Todo o agregado de base pode ser usado misturado com o revestimento asfáltico

reutilizável e asfalto e/ou cimento, dando origem a uma base tratada com coeficiente de

equivalência estrutural superior ao da base granular.

A coleta de amostra para a realização do ensaio de granulometria deve ser

representativa de todo o material e terá um peso mínimo em função do tamanho máximo do

agregado, definido na Tabela 2 da norma ASTM-D-75/92.

Tabela 2

TAMANHO

NOMINAL

PESO MÍNIMO

DA AMOSTRA

kg

9,15mm (3/8”)

12,50mm (1/2”)

19,00mm (3/4”)

25,00mm (1”)

37,50mm 1 ½”)

50,00mm (2”)

10

15

25

50

75

100

Destas quantidades deve ser retirada uma amostra representativa para o ensaio de

granulometria com peso mínimo indicado na Tabela 3.

O ensaio de granulometria deve ser executado de acordo com a norma ASTM – C –

136.

Tabela 3

DIÃMETRO

MÁXIMO

PESO MÍNIMO PARA O ENSAIO DE

GRANULOMETRIA - kg

9,5mm (3/8”)

12,5mm (1/2”)

19,0mm (3/4”)

25,0mm (1”)

37,5mm (1 ½”)

50,0mm (2”)

1,0

2,5

5,0

10,0

15,0

20,0

2.3 Agregados novos ou virgem

As especificações aconselham utilizar, na reciclagem, uma quantidade de revestimento

asfáltico reutilizável (RAP) inferior a aproximadamente 50% da amostra nova . Para

complementar a granulometria da mistura é necessário adicionar agregado novo ou agregado

novo e agregado reutilizável (RAM)

Para fazer a nova composição de mistura deve-se conhecer a granulometria,

representativa, do novo agregado, executando ensaios granulométricos por peneiramento de

acordo com as normas ASTM – C 136.

Os pesos das amostras colhidas nos depósitos e o peso para o ensaio de granulometria

são os indicados no item 2.2.

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2.4 Asfalto novo

A adição de asfalto novo à mistura reciclada tem dois objetivos:

Obter a porcentagem total de asfalto para satisfazer os requisitos da

nova mistura

Enquadrar a mistura do asfalto novo com o asfalto envelhecido do

RAP dentro dos requisitos de viscosidade do asfalto definidos pelas

condições climáticas e tráfego previstos para a rodovia.

O cimento asfáltico novo deverá pertencer a um dos tipos previstos pelas

Especificações Brasileiras IBP/ABNT – EB-78 e o Regulamento Técnico DNC – 01/92.

Estas especificações classificam os cimentos asfálticos por viscosidade absoluta em:

CAP 7 com viscosidade entre 700 e 1000 poises

CAP 20 com viscosidade entre 2000 e 3500 poises

CAP 40 com viscosidade entre 4000 e 8000 poises

Também classificam os cimentos asfálticos em termos de consistência medida pelo

ensaio de penetração, em:

CAP 30/45

CAP 50/60

CAP 85/100

CAP 120/150

2.5 Agentes de reciclagem

São materiais orgânicos com características físicas e químicas selecionadas para

restaurar o asfalto envelhecido do RAP de forma a atender às condições das especificações.

A seleção do agente de reciclagem se processa pelas características de viscosidade da

mistura asfalto envelhecido / agente de reciclagem.

Os tipos e características dos agentes de reciclagem para misturas a quente estão

definidos na norma ASTM 4552 – 92, que é idêntica a adotada pelo Instituto Brasileiro do

Petróleo e apresentada no Tabela 4.

A função dos agentes de reciclagem é devolver aos CAP envelhecidos suas

propriedades originais. Como rejuvenescedores, devem repor ao ligante os componentes

aromáticos e as resinas cujos teores foram reduzidos no processo de envelhecimento.

Existem no mercado americano produtos comerciais.

No Brasil, temos um produto, óleo de xisto produzido pela Petrobras em São Mateus

do Sul – PR.

Frações da destilação deste óleo apresentam concentrados de maltenos com elevado

teor de nitrogênio. A importância do nitrogênio está no aumento da durabilidade do asfalto e

também na melhoria da adesividade do asfalto / agregado.

O resíduo da destilação do xisto se enquadra nas especificações do IPB e da ASTM

D 4552, com agente de reciclagem sob número AR – 75 ou RA 75.

A escolha do grau do agente de reciclagem depende da quantidade e dureza do asfalto

no pavimento velho. Em geral os tipos de AR com baixa viscosidade são empregados para

recuperar asfaltos envelhecidos de alta viscosidade e vice versa.

Os graus AR-1, AR-5, AR-25 e AR-75 são geralmente mais apropriados a

recuperação do cimento asfáltico de pavimentos velhos em mistura a quente, recicladas quando

for adicionada a mistura menos de 30% de agregado virgem.

Os graus AR-250 e AR-500 são indicados em misturas recicladas com mais de 30%

de agregado virgem.

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Tabela 4

3. AMOSTRAGEM DOS MATERIAIS

É uma parte essencial no estudo de reciclagem.

É de importância fundamental obter amostras representativas de todos os materiais

para que o produto colocado na pista corresponda à mistura estudada no laboratório.

3.1 Revestimento asfáltico reutilizável - RAP

A amostragem do revestimento asfáltico reutilizável, RAP, é a parte mais crítica do

processo.

No revestimento asfáltico reutilizável existem duas variáveis: asfalto e agregado,

podendo o asfalto variar em quantidade e viscosidade; e, o agregado em granulometria e,

também em quantidade.

Quanto maior o número de amostras, mais os valores médios se aproximam da

realidade.

Ainda a melhor técnica de escolha é a da coleta aleatória de amostra. Uma vantagem

de usar este processo, baseado em métodos estatísticos, é que a quantidade de trabalho e o custo

podem ser reduzidos. Não há uma regra rígida para definir os intervalos de amostragem. O

espaçamento de 50 metros, alternados em LD, E, LE, LD ... para coleta de amostra serve

como orientação. Quando o aspecto superficial do pavimento demonstrar uniformidade, o

espaçamento pode aumentar.

Se visualmente for constatado que o trecho apresenta áreas com características

superficiais diferentes, elas devem ser consideradas como segmentos independentes. Suas

localizações devem ser registradas e as amostras e ensaios deverão ser considerados

separadamente, Figura 8.

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Assim, a extensão E E1 2 apresenta uma superfície com características normais.

E E2 3 apresenta de forma uniforme a ocorrência de áreas de

exsudação.

E E3 4 superfície apresenta pontos de desagregação sugerindo

deficiência de asfalto.

Isto significa que temos misturas diferentes.

Os resultados dos ensaios com amostras coletadas dentro dos limites de cada seção

devem ser reunidos para definir as características. (%asfalto, granulometria do agregado e

viscosidade do asfalto) médias do revestimento asfáltico reutilizável (RAP).

Os valores médios de todas as seções devem ser analisados e comparados para definir

a possibilidade de misturar os materiais removidos do revestimento asfáltico, ou determinar que

eles constituam depósitos independentes.

Estes estudos iniciais devem ser confirmados após a remoção do revestimento

asfáltico, quanto a granulometria do agregado, porque a fresagem ou a britagem do revestimento,

necessários a sua reutilização, podem alterar a granulometria do agregado.

Novas amostras de revestimento asfáltico reutilizável (RAP) devem ser colhidas dos

depósitos junto à usina central, para serem ensaiadas, determinando a % de asfalto, e,

principalmente, a granulometria do agregado. Esta deve ser comparada com os valores

anteriores obtidos.

As amostras do depósito devem ser coletadas em várias posições e alturas, na base de

uma amostra para cada 50 toneladas de mistura, tendo-se o cuidado de remover o material

superficial que pode apresentar segregação. Para agregados com tamanho máximo de 20mm,

normalmente empregados nos revestimentos asfálticos, o peso da amostra coletada deve ser da

ordem de 25kg.

No laboratório, por quarteamento, as amostras devem ser reduzidas aos tamanhos

indicados aos ensaios.

3.2 Amostragem do agregado mineral reutilizável (RAM)

A amostragem do agregado mineral reutilizável é realizada do mesmo modo e locais

que a do revestimento asfáltico reutilizável (RAP).

Se este agregado for processado por peneiramento ou rebritagem, a amostra deve ser

coletada na pilha de estoque, em vários pontos e alturas do depósito. A freqüência é de uma

amostra para cada 50 toneladas de agregado.

Ao retirar a amostra deve-se ter cuidado prévio de remover o agregado superficial que

pode estar segregado.

Figura 8

Page 16: PARTE I GENERALIDADES - Escola Politécnica · 7 2. ESTUDO DOS MATERIAIS DISPONÍVEIS 2.1 Materiais do revestimento asfáltico reutilizáveis (RAP) Para a elaboração de um projeto

16

3.3 Amostragem do agregado virgem

A amostragem do agregado virgem se realiza no depósito em vários pontos e alturas,

tomando o cuidado de eliminar a camada superficial de agregado, que pode estar segregado.

O número de amostras depende do tamanho do depósito. Um critério de amostragem

define uma amostra para cada 50 toneladas de agregado.

3.4 Amostragem do asfalto novo

A amostragem do cimento asfáltico novo deve ser executada conforme a norma

ASTM – D 140/93.

Na maioria dos casos a aceitação do material asfáltico está baseada em ensaios de

laboratório fornecidos pelo produtor.