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Parte Geral – Ementário de Jurisprudência 1667 – Ação anulatória – propriedade industrial – registro de marca – não configura- ção “Agravo regimental em recurso especial. Propriedade industrial. Ação anulatória de ato administrativo denegatório de registro de marca. Anterioridade impeditiva. Pleito de re- gistro da marca ‘Águas Petrópolis Paulista’ com base nos arts. 176 a 182 da LPI. Indi- cação geográfica. Não configuração. Revisão. Impossibilidade. Súmula nº 7/STJ. 1. O Tribunal de origem, amparado na análise dos elementos fático-probatórios dos autos, concluiu pela identidade entre as marcas em tela e a possibilidade de confusão do pú- blico consumidor acerca da procedência dos produtos, entendendo não haver ilegali- dade no ato administrativo do INPI que indeferiu o pedido de registro. Rever a decisão recorrida importaria necessariamente no reexame de provas, o que é defeso nesta fase recursal (Súmula nº 7/STJ) e impede o conhecimento do recurso. 2. Agravo regimental não provido.” (STJ – AgRg-REsp 1.185.538 – (2010/0048658-7) – 4ª T. – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – DJe 13.12.2012) 1668 – Ação de cobrança – enquadramento do fato no sistema normativo – possibili- dade – indenização securitária – doença preexistente “Agravo regimental. Ação de cobrança. Enquadramento do fato no sistema normativo. Possibilidade. Indenização securitária. Doença preexistente. Conhecimento prévio. Lon- gevidade do segurado após a contratação. Indenização devida. 1. Sendo as datas da contratação do seguro e do falecimento do segurado fatos incontroversos nos autos, proceder ao seu devido enquadramento no sistema normativo, a fim de obter determi- nada consequência jurídica, é tarefa compatível com a natureza excepcional do recurso especial, a qual não se confunde com o reexame de prova. 2. Excepcionalmente, a omissão do segurado não é relevante quando contrata seguro e mantém vida regular por vários anos, demonstrando que possuía, ainda, razoável estado de saúde quando da contratação da apólice. 3. Agravo regimental improvido.” (STJ – AgRg-REsp 1.328.912 – (2012/0052296-4) – 3ª T. – Rel. Min. Sidnei Beneti – DJe 05.11.2012) 1669 – Ação de execução – penhora – essencial para empresa executada – depositária fiel – decisão reformada “Agravo de instrumento. Ação execução. Penhora. Trator. Essencial para a atividade da empresa executada. Depositária fiel. Exceção a regra do art. 666 do Código de Processo Civil. Decisão reformada. A regra do art. 666 do Código de Processo Civil não é absoluta, a qual deve ser observada com bastante cautela, até mesmo para não haver prejuízo para a parte. Restando demonstrado pelo agravante que os tratores são essenciais para dar continuidade à sua atividade empresarial, entendo que no caso em questão o MM. juiz de 1º grau não agiu com o costumeiro acerto, devendo os mesmos permanecerem com o devedor, na qual será nomeado depositário fiel.” (TJMG – AI 1.0592.10.001918-7/001 – 13ª C.Cív. – Rel. Nicolau Masselli – DJe 28.02.2012) 1670 – Ação de nulidade de registro – indenização – dano moral – falha no dever de informar “Agravo interno. Ação de nulidade de registro cumulada com pedido de indenização por danos morais. SPC Crediscore. Princípio da transparência. Dever de boa-fé. Falha no dever de informar. Abuso de direito. Danos morais. 1. A demandada CDL criou um ver- dadeiro cadastro de consumidores, denominado ‘SPC Crediscore’ em que são armazena- das informações relativas a estes, lastreadas em critérios obscuros e não divulgados nem

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Parte Geral – Ementário de Jurisprudência 1667 – Ação anulatória – propriedade industrial – registro de marca – não configura-

ção

“Agravo regimental em recurso especial. Propriedade industrial. Ação anulatória de ato administrativo denegatório de registro de marca. Anterioridade impeditiva. Pleito de re-gistro da marca ‘Águas Petrópolis Paulista’ com base nos arts. 176 a 182 da LPI. Indi-cação geográfica. Não configuração. Revisão. Impossibilidade. Súmula nº 7/STJ. 1. O Tribunal de origem, amparado na análise dos elementos fático-probatórios dos autos, concluiu pela identidade entre as marcas em tela e a possibilidade de confusão do pú-blico consumidor acerca da procedência dos produtos, entendendo não haver ilegali-dade no ato administrativo do INPI que indeferiu o pedido de registro. Rever a decisão recorrida importaria necessariamente no reexame de provas, o que é defeso nesta fase recursal (Súmula nº 7/STJ) e impede o conhecimento do recurso. 2. Agravo regimental não provido.” (STJ – AgRg-REsp 1.185.538 – (2010/0048658-7) – 4ª T. – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – DJe 13.12.2012)

1668 – Ação de cobrança – enquadramento do fato no sistema normativo – possibili-dade – indenização securitária – doença preexistente

“Agravo regimental. Ação de cobrança. Enquadramento do fato no sistema normativo. Possibilidade. Indenização securitária. Doença preexistente. Conhecimento prévio. Lon-gevidade do segurado após a contratação. Indenização devida. 1. Sendo as datas da contratação do seguro e do falecimento do segurado fatos incontroversos nos autos, proceder ao seu devido enquadramento no sistema normativo, a fim de obter determi-nada consequência jurídica, é tarefa compatível com a natureza excepcional do recurso especial, a qual não se confunde com o reexame de prova. 2. Excepcionalmente, a omissão do segurado não é relevante quando contrata seguro e mantém vida regular por vários anos, demonstrando que possuía, ainda, razoável estado de saúde quando da contratação da apólice. 3. Agravo regimental improvido.” (STJ – AgRg-REsp 1.328.912 – (2012/0052296-4) – 3ª T. – Rel. Min. Sidnei Beneti – DJe 05.11.2012)

1669 – Ação de execução – penhora – essencial para empresa executada – depositária fiel – decisão reformada

“Agravo de instrumento. Ação execução. Penhora. Trator. Essencial para a atividade da empresa executada. Depositária fiel. Exceção a regra do art. 666 do Código de Processo Civil. Decisão reformada. A regra do art. 666 do Código de Processo Civil não é absoluta, a qual deve ser observada com bastante cautela, até mesmo para não haver prejuízo para a parte. Restando demonstrado pelo agravante que os tratores são essenciais para dar continuidade à sua atividade empresarial, entendo que no caso em questão o MM. juiz de 1º grau não agiu com o costumeiro acerto, devendo os mesmos permanecerem com o devedor, na qual será nomeado depositário fiel.” (TJMG – AI 1.0592.10.001918-7/001 – 13ª C.Cív. – Rel. Nicolau Masselli – DJe 28.02.2012)

1670 – Ação de nulidade de registro – indenização – dano moral – falha no dever de informar

“Agravo interno. Ação de nulidade de registro cumulada com pedido de indenização por danos morais. SPC Crediscore. Princípio da transparência. Dever de boa-fé. Falha no dever de informar. Abuso de direito. Danos morais. 1. A demandada CDL criou um ver-dadeiro cadastro de consumidores, denominado ‘SPC Crediscore’ em que são armazena-das informações relativas a estes, lastreadas em critérios obscuros e não divulgados nem

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RDE Nº 30 – Jan-Fev/2013 – PARTE GERAL – EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA ������������������������������������������������������������������������������ 187

mesmo à própria empresa contratante, mas utilizado como instrumento na avaliação para concessão do crédito. Portanto, se sujeita as regras dispostas no Capítulo V, Seção VI, do CDC, relativo aos bancos de dados e cadastros. 2. Trata-se de verdadeira ofensa ao princípio da transparência, o qual regula todas as práticas abrigadas pelo Código de Defesa do Consumidor, pois o fornecedor é obrigado a esclarecer e divulgar todos os parâmetros que regem a análise de risco feita, o que inocorreu no caso em exame. 3. Em se tratando de relações jurídicas de consumo afetas ao campo do direito empresarial, por óbvio que não se cria um cadastro para benemerência dos associados ou dos consu-midores, mas sim para aferir as condições e viabilidade dos negócios entabulados entre estes, de sorte a minimizar os riscos e aumentar os ganhos. Assim, a inscrição de consu-midor no referido cadastros destina-se a indicar a probabilidade de inadimplemento e como tal restrição ao crédito, sem que haja na hipótese do novo cadastro criado direito de o consumidor aferir e contraditar a avaliação feita. 4. O consumidor não pode ficar sujeito ao alvedrio do órgão de restrição de crédito na escolha das informações que pres-tará a respeito deste, a míngua de critérios preestabelecidos e transparentes ao público em geral, em verdadeiro abuso de direito. Isso porque tal prerrogativa foi exercitada de maneira desconforme com a legislação civil e o microssistema do Código de Defesa do Consumidor. 5. No que tange à prova do dano moral, por se tratar de lesão imaterial, desnecessária a demonstração do prejuízo, na medida em que possui natureza compen-satória, minimizando de forma indireta as consequências da conduta da ré, decorrendo aquele do próprio fato. Conduta ilícita da demandada que faz presumir os prejuízos alegados pela parte autora, é o denominado dano moral puro. 6. Os argumentos trazidos no recurso não se mostram razoáveis para reformar a decisão monocrática. Negado pro-vimento ao agravo interno.” (TJRS – AG 70047433156 – 5ª C.Cív. – Rel. Des. Jorge Luiz Lopes do Canto – J. 28.03.2012)

Comentário Editorial SÍNTESETrata-se de agravo interno interposto contra a decisão que deu provimento ao recurso da parte autora, nos autos da ação cominatória cumulada com pedido de indenização por danos morais movida pelo agravado.

Nas razões recursais, a agravante sustentou, em suma, que o serviço Crediscore não é um banco de dados, e sim um serviço que utiliza o banco de dados do SPC e analisa operações de crédito. Aduziu que um mesmo consumidor pode ter diversas avaliações que dependerão das circunstâncias do caso concreto, mesmo que nunca tenha ocorrido qualquer registro no SPC.

Alegou ausência de ilicitude no ato que praticou, o qual gerou o rompimento do nexo causal entre a sua conduta e o suposto dano sofrido pela parte agravada.

Salientou o problema do superendividamento que o Crediscore enfrenta, uma vez que tem condições de comunicar certa fragilidade momentânea do consumidor diante de determinada operação de crédito. Afirmou que o critério da análise de risco de dado operação de crédito é eminentemente subjetivo.

Referiu que não há elementos que demonstrem a existência do ocorrido, portanto a parte autora não atingiu a finalidade que exige o art. 333, I, do CPC, logo, não há como lhe atribuir o dever de produzir prova negativa. Teceu considerações acerca da garantia da livre concorrência.

Postulou o provimento do recurso, a fim de que fosse reformada a decisão hostilizada.

Irineu Strenger, em estudo elaborado sobre o dano moral, assim nos elucida:

“Quando se fala em dano moral se tem em conta, especialmente, a caracterização do resultado lesivo, considerando-se, como primeiro aspecto, a verificação ou não de um dano, segundo sua concepção genericamente admitida, ou seja, a existência de um ato ilícito punível, vale dizer, identificado com a ofensa ou lesão de um direito ou de um bem jurídico qualquer.

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A matéria relacionada com o dano indenizável é bastante ampla e exige, para sua exata compreensão e aplicação, numerosas distinções, às vezes empanadas por variada ter-minologia que usam os escritores.

O dano moral, por não ter nenhuma vinculação com os valores econômicos ou patri-moniais, não é, por si mesmo, suscetível de apreciação pecuniária, e, por isso, deve ser uma indenização que se traduza numa soma de dinheiro, estabelecida livremente pelos juízes.

O dinheiro se dá não porque o bem lesionado seja suscetível de apreciação pecuniária, como os bens patrimoniais, mas como compensação.

Na verdade, somente a jurisprudência, a ductibilidade de contemplação dos casos con-cretos e específicos pode dar um conceito de dano moral que contemple a verdadeira vocação do instituto de assegurar uma justa compensação a todos aqueles que sofreram lesão na situação favorável ou de vantagem que possuíam em relação a determinados bens.

Ressarcir os danos morais, ainda que seja de modo pecuniário, à falta de outro melhor, não é materializar os interesses morais, mas, ao contrário, espiritualizar o direito en-quanto este não se limita à proteção dos bens econômicos, envolvendo também outros bens não econômicos que são inseparáveis da pessoa humana.

Tenha-se, porém, em conta que a impossibilidade de uma exata valoração do dano moral não deve conduzir à sustentação que sua apreciação pelo juiz será absolutamente arbitrária. Isso conduz à insegurança e à injustiça. Haverá decisões que ascendem a uma soma além do bom-senso e outros valores sem nenhuma transcendência, irrisórios ou puramente simbólicos.

Há quem sustente que no dano moral deve levar-se em conta a condição social e eco-nômica do ofendido. Porém, isso nos leva, em princípio, a subestimar o dano moral dos pobres. Nesse sentido, estamos de acordo com a opinião de que não vale mais a dor dos ricos que a dos pobres, e resulta imoral medir a dor em função do dano patrimonial que se possa ter sofrido. Deve-se, contudo, considerar a personalidade do agente, as circunstâncias condicionantes do delito e a gravidade da falta cometida, atendendo a índole do fato, se culposo ou doloso, o tipo de antijuridicidade, etc. A gravidade da falta para os fins ressarcitórios se mede pelo resultado danoso.

Como contribuição para um entendimento abrangente do dano moral, oferecemos a seguinte definição:

‘Chama-se dano moral qualquer ato não-patrimonial que faça repercutir na esfera da pessoa física ou jurídica conseqüências que afetem sua situação social, comunitária, econômica ou familiar, causando danos avaliáveis segundo o grau e extensão de seus efeitos.’” (Novo código civil – Dano moral. Juris Síntese, n. 52, mar./abr. 2005)

Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao agravo interno.

1671 – Ação de recuperação judicial – FIDC – recursos mediantes emissão de notas promissórias – inocorrência

“Agravo de instrumento. Ação de recuperação judicial. Credor titular da posição de proprietário fiduciário. Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC. Cap-tação de recursos mediante emissão de notas promissórias, garantidas pela cessão de créditos devidos à recuperanda. Decisão que determina liberação de todos os valores provenientes da operação e imediata liquidação do fundo. Discussão sobre a submis-são dos créditos objeto da negociação ao regime recuperacional. Art. 49, § 3º, da Lei nº 11.101/2005. Suposta nulidade dos instrumentos de cessão e de retenções ultimadas pelo credor. Inocorrência. Sopesamento de interesses a fim de assegurar o propósito da LRF. Probabilidade a ser apreciada no caso concreto. Liquidação do FIDC. Inviabilida-de. Multa cominatória. Legalidade. 1. Nos termos do que dispõe o art. 49, § 3º, da Lei nº 11.101/2005, o credor titular da posição de proprietário fiduciário não se submete aos efeitos da recuperação judicial, o que torna ilegal decisão que determina sejam transferi-

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dos para conta de titularidade do devedor os valores decorrentes da liquidação dos ins-trumentos dados em garantia. 2. Verificando-se que os contratos firmados encontram-se devidamente formalizados e constituídos mediante registro público, com clara indicação e especificação dos objetos e garantias, não há falar em nulidade, inclusive no que se refere a eventuais retenções concretizadas pelo credor, sobretudo considerando-se que as cláusulas encontram-se claramente previstas no instrumento contratual, tendo o de-vedor externado livremente sua anuência. 3. Embora reconhecida a exclusão do crédito fiduciário dos efeitos da Lei nº 11.101/2005, abre-se ao julgador a possibilidade de, em casos concretos, efetuar juízo de ponderação a fim de assegurar o cumprimento da fun-ção social, obstando a retenção de totalidade do faturamento da sociedade com o intuito de assegurar-lhe recursos que possibilitem a continuidade das atividades empresariais. Medida excepcional, cuja viabilidade deve ser aferida in concreto. 4. Inviável a determi-nação de liquidação de fundo de investimento diante da existência, em sua constituição, de partes alheias àquelas que integram a lide e de interesses que transcendem os limites da demanda. 5. Não há qualquer irregularidade na fixação de multa visando compelir os envolvidos ao cumprimento da obrigação, sobretudo diante da previsão contida no § 5º do art. 461 do Código de Processo Civil. Agravo de instrumento conhecido e par-cialmente provido. Decisão reformada em parte.” (TJGO – AI 201195046731 – 3ª C.Cív. – Rel. Jose Carlos de Oliveira – DJe 13.07.2012)

1672 – Ação de recuperação judicial – publicação via DJE da relação de credores – litigância de má-fé – não ocorrência

“Agravo de instrumento. Ação de recuperação judicial. Objeção ao plano de recupe-ração judicial. Termo inicial. Publicação via DJE da relação de credores. Litigância de má-fé. Não ocorrência. 1. Segundo orientação contida no art. 55, caput e parágrafo único, da Lei nº 11.101/2005, o prazo de 30 (trinta) dias para a impugnação ao plano de recuperação judicial tem início a partir da publicação, na imprensa oficial, da rela-ção de credores, a qual se dará na forma do art. 7º, §§ 1º e 2º, da Lei de Falência ou do art. 53, parágrafo único, do mesmo diploma legal; 2. Mostra-se inadequada eventual imposição de multa por litigância de má-fé quando não há prova inequívoca nos autos capaz a configurar tal conduta e tampouco abuso no exercício do direito de recorrer, não configurando no caso nenhuma das hipóteses previstas no art. 17 do CPC. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. Decisão mantida.” (TJGO – AI 201293281271 – 3ª C.Cív. – Rel. Des. Floriano Gomes – DJe 03.12.2012)

1673 – Ação monitória – contrato de abertura de crédito em conta corrente – aval“Agravo regimental. Agravo em recurso especial. Ação monitória. Contrato de abertu-ra de crédito em conta corrente. Súmula nº 247/STJ. Aval. Validade da garantia pres-tada. Precedentes da Corte. Decisão agravada mantida. Improvimento. 1. ‘O contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória’ (Súmula nº 247/STJ). 2. ‘O simples argumento de não se admitir aval nos contratos não exclui a responsabi-lidade solidária daqueles que de forma autônoma e voluntária se obrigaram a pagar a dívida integralmente’ (AgRg-Ag 197.214/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 22.02.1999), pois ‘a palavra ‘avalista’, constante do instrumento contratual, deve ser entendida, em consonância com o art. 85 do Código Civil, como coobrigado, co--devedor ou garante solidário’ (REsp 114.436/RS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 09.10.2000). 3. O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. 4. Agravo re-

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gimental improvido.” (STJ – AgRg-AG-REsp 228.068 – (2012/0188032-3) – 3ª T. – Rel. Min. Sidnei Beneti – DJe 06.11.2012)

1674 – Ação monitória – empresa de factoring – objetivo social – comprovação – ne-cessidade

“Agravo de instrumento. Ação monitória. Empresa de factoring. Objetivo social. Decisão que indefere pedido de gratuidade judiciária. Pessoa jurídica. Necessidade de compro-vação. 1. Diferente das pessoas naturais, que, para concessão dos benefícios da justiça gratuita se exige apenas a declaração de hipossuficiência, para as pessoas jurídicas é preciso que também haja inequívoca comprovação da situação financeira. 2. Decla-rações de inatividade da empresa não são suficientes para comprovar a incapacida-de de suportar as despesas da demanda. 2.1. Precedente da Corte: ‘[...]. 4. Diante da constatação de expressivo capital social, a mera declaração de inatividade por perío-do determinado não implica, por si só, a hipossuficiência financeira da pessoa jurídica que postula a gratuidade da Justiça. 5. Recurso não provido’ (TJDFT, 3ª Turma Cível, APC 2009.03.1.018633-9, Rel. Des. Humberto Adjuto Ulhôa, DJ de 10.11.2009, p. 68). 2.2. Aos demais, trata-se de sociedade comercial que tem como objetivo social a prestação de serviços de factoring, versando a ação objeto da lide em cobrança de cheque, através de procedimento monitório, fatos estes a demonstrar e reforçar o correto entendimento contido na r. decisão vergastada. 3. Agravo improvido.” (TJDFT – AI 20110020255590 – (574391) – Rel. Des. João Egmont – DJe 29.03.2012)

1675 – Ação monitória – recuperação judicial – Súmula nº 83 do STJ – aplicação

“Agravo regimental. Ação monitória em fase de cumprimento de sentença. Recuperação judicial deferida à empresa executada. Continuação em relação aos demais executa-dos. Precedente da 2ª Seção desta Corte. Aplicação da Súmula nº 83/STJ confirmada. 1. ‘Conforme o disposto art. 6º da Lei nº 11.101/2005, o deferimento de recuperação judicial à empresa co-executada não tem o condão de suspender a execução em re-lação a seus avalistas, a exceção do sócio com responsabilidade ilimitada e solidária.’ (EAg 1.179.654/SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJe 13.4.2012). 2. O recurso não trouxe ne-nhum argumento capaz de modificar a conclusão do julgado, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. 3. Agravo Regimental improvido.” (STJ – AgRg-REsp 1.250.484 – (2011/0093500-9) – 3ª T. – Rel. Min. Sidnei Beneti – DJe 28.05.2012)

Comentário Editorial SÍNTESEFoi interposto recurso especial com fundamento na alínea a do inciso III do art. 105 da Constituição Federal contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, em acórdão assim ementado:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO MONITÓRIA, EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, PROPOSTA CONTRA A DEVEDORA PRINCIPAL E COOBRIGADOS – PEDI-DO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DEFERIDO EM FAVOR DA EMPRESA EXECUTADA – CONTINUAÇÃO DA EXECUÇÃO CONTRA OS DEVEDORES PRINCIPAIS, QUE NÃO SE BENEFICIAM DA NOVAÇÃO DE DÍVIDA OPERADA EM FACE DO DEFERIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – INTELIGÊNCIA DO ART. 49, § 1º, DA LEI Nº 11.101/2005 – RECURSO DESPROVIDO.”

Nas razões de recurso especial, sustentaram os recorrentes ofensa aos arts. 49 e 59 da Lei nº 11.101/2005 e 364 do Código Civil, alegando que ‘novadas as dívidas por meio da aprovação do plano de recuperação, extinta está a obrigação primitiva e, por conse-quência, as garantias prestadas pelo titular da obrigação ou por terceiros garantidores’, devendo ser, portanto, extinta a ‘ação em faze de todos os devedores seja o principal ou o coobrigado’.

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Foi negado seguimento ao recurso especial com base na Súmula nº 83/STJ, uma vez que o acórdão recorrido encontra-se em consonância com a jurisprudência desta Corte.

Inconformados, interpõem os recorrentes o presente agravo regimental insistindo na tese de que uma vez aprovado o plano de recuperação, os débitos anteriores ao pedido de recuperação restaram extintos pelo instituto da novação, fato que, invariavelmente, deverá implicar também na extinção das ações execução contra recuperanda e os de-vedores solidários.

Vale trazer trecho do voto do Relator:

“Confira-se sua ementa:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO DE INSTRUMENTO – DEFERIMENTO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL À EMPRESA CO-EXECUTADA – EXECUÇÃO INDIVIDUAL – SUSPENSÃO – NÃO CABIMENTO – AUTONOMIA DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS NO TÍTULO DE CRÉDITO EXEQUENDO – ACOLHIMENTO – 1. Conforme o disposto art. 6º da Lei nº 11.101/2005, o deferimento de recuperação judicial à empresa co-executada não tem o condão de suspender a execução em relação a seus avalistas, a exceção do sócio com responsabilidade ilimitada e solidária. 2. Os credores sujeitos aos efeitos da recuperação judicial conservam intactos seus direitos e, por lógica, podem execu-tar o avalista desse título de crédito (REsp 1.095.352/SP, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 03.02.2011). 3. O Aval é ato dotado de autonomia substancial em que se garante o pagamento do título de crédito em favor do devedor principal ou de um co-obrigado, isto é, é uma garantia autônoma e solidária. Assim, não sendo possível o credor exer-cer seu direito contra o avalizado, no caso a empresa em recuperação judicial, tal fato não compromete a obrigação do avalista, que subsiste integralmente. 4. Embargos de divergência acolhidos.”

O ilustre Jurista Celso Marcelo de Oliveira assim disciplinou:

“O substitutivo, adotado pela Comissão Especial da Câmara do Deputados, inova, com muita felicidade, na denominação do projeto, e também manteve a preocupação nuclear na recuperação e liquidação judicial de empresas e pessoas físicas que exerçam ativi-dades econômicas, em nome próprio e de forma organizada, visando recuperá-la, ao invés de destruí-la, para a manutenção dos empregados e a preservação da produção e circulação da riqueza, tendo por escopo o desenvolvimento e o bem-estar sociais.

Dentre as principais reformas contidas no diploma, destacamos as seguintes: eliminação das expressões concordata e falência, fim do depósito elisivo, nivelamento das prefe-rências entre os credores, alongamento da dívida tributária para quitação, implantação do comitê de empresa, criação da figura do administrador judicial. Além dessas, há um capítulo especial destinado à regulação das pequenas e microempresas; pluralidade de formas, sob o manto da flexibilização, cuidando da recuperação da atividade produtiva; inserção de técnicos e profissionais auxiliando o juízo. A nova lei também trata da sim-plificação dos procedimentos, da redução dos incidentes processuais, da remodelagem dos prazos. Sobretudo, estabelece a primazia da empresa sobre o empresário, que po-derá ser afastado se estiver provada malversação, fraude ou desvio patrimonial. Num momento de aguda crise, no qual as indústrias partem para demissões, com redução da jornada de trabalho e diminuição salarial atingindo transnacionais, a situação é deveras crítica em relação às pequenas empresas e às microempresas.

Com a extinção da concordata preventiva que o Projeto de Lei nº 4.376-A previa, o substitutivo torna aplicável o instituto da recuperação judicial das empresas tanto ao devedor já declarado falido, quanto à empresa que se encontre em situação de crise econômico-financeira cuja liquidação não haja sido ainda decretada judicialmente. Vale dizer, a recuperação judicial da empresa passa a comportar duas modalidades, confor-me o momento em que é requerida, a saber: a recuperação preventiva e a suspensiva, tal como ocorre com a concordata vigente.

Ao criar os institutos da liquidação judicial e da recuperação da empresa, abolindo, em contrapartida, a falência, o substitutivo segue a linha da reforma legislativa francesa na matéria, levada a cabo em 1967. Pela Lei francesa de 1967, os procedimentos coleti-vos foram divididos em liquidation de biens e règlement judiciaire, que correspondem basicamente à liquidação judicial e à recuperação judicial da empresa previstas no subs-

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titutivo. Explica Geroges Ripert que a intenção da reforma fora a de distinguir o homem da empresa que ele administra, e conferir ao órgão judiciário competente a opção de garantir a sobrevivência da empresa em crise, segundo um critério econômico objetivo. Para as empresas, financeiramente condenadas, a liquidation de biens está orientada no sentido da realização imediata de seus ativos, reservando-se o règlement judiciaire para aquelas suscetíveis de serem recuperadas, reorganizadas e reequilibradas, median-te a solução do seu passivo. Mas, a reforma francesa de 1967, ao mesmo tempo em que dissociava a empresa de seus dirigentes, e garantia a sobrevivência da organização empresarial, segundo critérios puramente econômicos, não descurava das sanções a serem aplicadas contra os administradores faltosos. Ou seja, dada a importância social da empresa, na França é possível que ela se reequilibre, sobreviva com a ajuda do tri-bunal, apesar da temeridade com que se conduziram os responsáveis pela sua gestão. Entretanto, a lei prevê uma gama de interdições e restrições, de ordem civil, profissional e penal, destinadas a sancionar aqueles administradores faltosos.

Na França, há uma separação entre a opção de liquidar ou recuperar a empresa – o que se dará segundo uma avaliação econômico-financeira de critérios objetivos –, e a questão de se decretar ou não a falência pessoal dos dirigentes da empresa devedora, em caso de má administração. Uma coisa não está ligada a sorte da outra, pois se a recuperação da empresa é um problema de ordem social, não pode a sua solução se ver contaminada por um fato pessoal e individual das ilicitudes praticadas pelos administra-dores da unidade econômica em crise. A disciplina relativa ao processo de recuperação da empresa constante do substitutivo repete, sem grandes modificações, o texto do Pro-jeto de Lei nº 4.376-A, com a alteração, já apontada, de que não é preciso a empresa devedora ir antes à falência, ou à liquidação judicial, para só então solicitar o benefício, que pode ser requerido preventivamente.

Averbe-se, outrossim, a mudança para pior que o texto do substitutivo introduz em rela-ção ao projeto no ponto referente à legitimação para requerer o benefício da recuperação da empresa. Acertadamente, o projeto conferia legitimação ao devedor, qualquer credor, maioria qualificada dos empregados da empresa, ao Ministério Público e, em certas hi-póteses, ao Governador e Ministro de Estado (art. 10 do Projeto). O texto do substitutivo reduz essa legitimação, conferindo-a restritivamente ao devedor, seus herdeiros, cônjuge sobrevivente, sócio ou acionista nas empresas coletivas (art. 58). Os autores do substi-tutivo parecem haver se esquecido de que a recuperação da empresa é um instituto de caráter social, e não de cunho exclusivamente privado-individual.

Na liquidação judicial, encontramos modificações de maior vulto e mais algumas falhas. Inicialmente, elimina o substitutivo a possibilidade do depósito elisivo, agora não mais da falência e sim da liquidação. O substitutivo mantém as duas espécies de caracteriza-ção de crise econômico-financeira – a mera impontualidade no pagamento de obrigação líquida corporificada em título executivo, e a tipificação de fatos e condutas do devedor que demonstram seu estado de insolvência (arts. 74 e76) –, entretanto, ao regular a le-gitimidade para a propositura da demanda o texto é de uma falta de técnica inigualável. Transcrevemos o art. 77, II, verbis:

‘Têm legitimidade para requerer a liquidação judicial do devedor:

[...]

II – qualquer credor, detentor de títulos de obrigação líquida, vencida ou vincenda, que provar, mediante procedimento previsto no art. 75 desta lei, a ocorrência de qualquer uma das hipóteses do artigo anterior.’

Em primeiro lugar, o art. 75 ao qual o inciso em destaque faz referência regula o pro-cedimento de verificação de conta nos livros comerciais do credor ou do devedor. Isso é um procedimento de jurisdição voluntária (hoje encontra previsão no § 1º do art. 1º do Decreto-Lei nº 7.661/1945), que nada tem a ver com o processo em que se busca com-provar a situação de crise econômico-financeira da empresa devedora. O procedimento de verificação de conta destina-se unicamente a conferir liquidez ao crédito pertencente a quem apenas futuramente irá requerer a liquidação judicial do devedor. Concluído o procedimento, os respectivos autos são entregues, independentemente de traslado,

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ao credor para instruir eventual pedido de liquidação que porventura venha a ajuizar (art. 75, § 1º, do substitutivo).

Este mesmo art. 77, II, transcrito anteriormente, peca também quando dispõe que o cre-dor deve possuir título de obrigação líquida (vencida ou vincenda). O título de obrigação líquida deve ser exigido apenas nas falências ou liquidações judiciais requeridas com base em mera impontualidade no pagamento do débito, nunca quando se tratar de fatos e atos do devedor que, independentemente da mora ou da cessação de pagamentos, estão tipificados em lei como caracterizadores da crise econômico-financeira.” (Direito falimentar brasileiro. Repertório de Jurisprudência IOB, n. 3/22121)

1676 – Arrendamento mercantil – leasing – vinculação de reajuste – legalidade

“Agravo regimental no agravo regimental no recurso especial. Arrendamento mercantil. Leasing. Legalidade da cláusula de vinculação do reajuste à variação cambial quando demonstrada a captação de recurso no exterior. Possibilidade de realização dessa prova em sede de liquidação de sentença, em se tratando de ação coletiva. 1. Solidificação, no Superior Tribunal de Justiça, do entendimento no sentido da legalidade da vinculação do reajuste dos contratos de leasing à variação cambial, quando provenha de fonte es-trangeira o empréstimo para a aquisição do bem objeto do arrendamento, variação que, diante da onerosidade excessiva constatada, deveria ser repartida por metade entre os contratantes, desde janeiro de 1999. 2. Por se cuidar de ação coletiva, em que não se tem um contratante específico no pólo ativo da demanda em relação ao qual se possa demonstrar a origem das verbas que a ele foram alcançadas, razoável que se postergue a prova da origem do numerário, se do exterior ou não, para quando da liquidação da sentença pelos consumidores alcançados pela presente decisão, cumprindo a sua pro-dução às instituições financeiras recorrentes. 3. Agravo regimental desprovido.” (STJ – AgRg-AgRg-REsp 941.781 – (2007/0080280-2) – 3ª T. – Rel. Min. Paulo de Tarso Sanse-verino – DJe 23.10.2012)

1677 – Cessão de cotas empresariais – responsabilidade contratada – obrigação am-biental

“Agravo de instrumento. Cessão de quotas empresariais. Responsabilidade anterior e posterior dos contratantes. Recurso parcialmente provido. I – O contrato entabulado entre as partes expressamente prevê que os agravantes são responsáveis pelas obrigações contraídas até o dia 30.11.2009. II – Deste modo, tem-se uma série de situações em que os recorrentes devem arcar e assumir a responsabilidade contratada, especialmente no que se refere aos autos da execução fiscal de nº 2010.50.01.014427-5, bem como os Autos de Infração nº 194125, de 15.08.2005; nº 158359, de 22.11.2004; nº 063481, de 21.08.2002; nº 166922, de 29.06.2005 e nº 194160, de 16.08.2005, o que me leva a crer que, a princípio, os agravantes são responsáveis por tais ônus. III – No entretanto, no que tange a situação junto ao IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente, onde exis-te obrigação ambiental cuja responsabilidade atribui aos agravantes/cedentes, tem-se que este passivo ambiental (contaminação do solo) relativamente ao terreno onde está o posto de combustível (Pedroka), supostamente ocorrido antes de 30.11.2009, não é conclusivo. Assim, os documentos apresentados não apresentam prova suficiente, clara e conclusiva, pois ausente o período em que se deu a contaminação do solo, ou mesmo apresentam solução para o passivo ambiental que afirma ser o objetivo do trabalho con-tratado, razão pela qual, neste tocante deve o recurso ser provido. IV – Recurso parcial-mente provido.” (TJES – AI 0906142-16.2011.8.08.0000 – Rel. Des. Maurílio Almeida de Abreu – DJe 11.07.2012)

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1678 – Cheque – ação de sustação de protesto – indenização

“Agravo regimental. Direito empresarial. Cheque. Ação de sustação de protesto c/c inde-nização. Empresa de factoring. Cessão de crédito. Oponibilidade de exceções pessoais. Ausência de impugnação ao fundamento do acórdão recorrido. Incidência da Súmula nº 283/STF. Recurso improvido.” (STJ – AgRg-REsp 1.135.188 – (2009/0159661-4) – 3ª T. – Rel. Min. Massami Uyeda – DJe 13.09.2012)

1679 – Cobrança – contrato de abertura de crédito em conta corrente – perícia con-tábil – desnecessidade

“Cobrança. Contrato de abertura de crédito em conta corrente. Desnecessidade da re-alização de perícia contábil. Juros remuneratórios. Inexistência de limitação legal. Re-vogação do art. 192, § 3º, da Constituição Federal. Validade dos encargos estipulados, conforme Súmula nº 596 do STF. Impossibilidade de limitação do spread bancário. Legalidade da cobrança de tarifas comprovadamente contratadas. Valores livremente estabelecidos pelas instituições financeiras, desde que divulgados em local e formato visível ao público nas agências e nas páginas da Internet. Comissão de permanência. Limitação ao percentual dos juros remuneratórios e vedação à cumulação com correção monetária e encargos de mora. Capitalização de juros. Contrato posterior a 31.03.2000. Ausência de contratação expressa. Inadmissibilidade. Recurso provido, em parte.” (TJSP – Ap 9114565-43.2008.8.26.0000 – Araçatuba – 15ª CDPriv. – Rel. Edgard Jorge Lauand – DJe 18.12.2012)

1680 – Comissão de permanência – cumulação com encargos remuneratórios e mora-tórios – impossibilidade

“Direito civil e processual civil. Recurso especial. Comissão de permanência. Cumula-ção com encargos remuneratórios e moratórios. Impossibilidade. Súmula nº 472. Ação revisional de contrato conexa com ação de busca e apreensão. Julgamento realizado por uma única sentença. Recurso de apelação não conhecido em parte. Exigência de duplo preparo. Legislação local. Incidência da Súmula nº 280/STF. 1. ‘A cobrança de comissão de permanência. Cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato. Exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, mo-ratórios e da multa contratual’ (Súmula nº 472/STJ). 2. Muito embora tenha o art. 511 do CPC disciplinado em linhas gerais o preparo de recursos, o próprio dispositivo remete à ‘legislação pertinente’ a forma pela qual será cobrada a mencionada custa dos litigantes que interpuserem seus recursos. Nesse passo, é a legislação local que disciplina as es-pecificidades do preparo dos recursos cujo julgamento se dá nas instâncias ordinárias. 3. Portanto, a adequação do preparo ao recurso de apelação interposto é matéria própria de legislação local, não cabendo ao STJ aferir a regularidade do seu pagamento, ou se é necessário ou não o recolhimento para cada ação no bojo da qual foi manejada a insurgência. Inviável, no ponto, o recurso especial porquanto demandaria apreciação de legislação local, providência vedada, mutatis mutandis, pela Súmula nº 280/STF: ‘Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário’. 4. Ademais, eventual confronto entre a legislação local e a federal é matéria a ser resolvida pela via do recurso extra-ordinário, nos termos do art. 102, inciso III, alínea d, da Constituição Federal, com a redação que lhe foi conferida pela EC 45/04. 5. Recurso especial conhecido em parte e, na extensão, não provido.” (STJ – REsp 1.000.987 – (2007/0253105-0) – 4ª T. – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – DJe 06.11.2012)

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1681 – Contrato – juros – revisão – previsão expressa – comissão de permanência – incidência

“Civil e processual civil. Apelação. Mútuo. Revisão. Capitalização mensal de juros. Con-trato. Encargo. Previsão expressa. Falta. Providência. Capitalização anual de juros. Co-missão de permanência. Incidência. Possibilidade facultada à observância às Súmulas nºs 30, 294, 296 e 472, do Superior Tribunal de Justiça. Prequestionamento. Disposi-tivos. Violação. Falta. Recurso parcialmente provido. 1. ‘É cabível a capitalização dos juros em periodicidade mensal para os contratos celebrados a partir de 31 de março de 2000, data da primitiva publicação da MP 2.170-36/2001, desde que pactuada, como ocorre no caso do contrato de financiamento, não se aplicando o art. 591 do Código Civil (REsp 602.068/RS e REsp 890.460/RS) (AgRg-REsp 1064157/MS, Rel. Min. Fernan-do Gonçalves, 4ª Turma, Julgado em 09.02.2010, DJe 01.03.2010)’, todavia, à falta de expressa contratação do encargo, escorreita a fixação em período anual. 2. Concernente à comissão de permanência, admitida a incidência do encargo, observado o conteúdo das Súmulas nºs 30, 294, 296 e 472, do Superior Tribunal de Justiça. 3. Da fundamenta-ção do decisum não resulta qualquer violação aos dispositivos legais prequestionados. 4. Recurso parcialmente provido.” (TJAC – Ap 0029783-84.2010.8.01.0001 – (13.922) – C.Cív. – Relª Desª Eva Evangelista de Araujo Souza – DJe 02.01.2013)

1682 – Contrato de factoring – caracterização do escritório como instituição financei-ra – descabimento

“Contrato de factoring. Recurso especial. Caracterização do escritório de factoring como instituição financeira. Descabimento. Aplicação de dispositivos do código de defesa do consumidor à avença mercantil, ao fundamento de se tratar de relação de consumo. Inviabilidade. 1. As empresas de factoring não são instituições financeiras, visto que suas atividades regulares de fomento mercantil não se amoldam ao conceito legal, tampouco efetuam operação de mútuo ou captação de recursos de terceiros. Precedentes. 2. ‘A relação de consumo existe apenas no caso em que uma das partes pode ser considerada destinatária final do produto ou serviço. Na hipótese em que produto ou serviço são utilizados na cadeia produtiva, e não há considerável desproporção entre o porte eco-nômico das partes contratantes, o adquirente não pode ser considerado consumidor e não se aplica o CDC, devendo eventuais conflitos serem resolvidos com outras regras do direito das obrigações’ (REsp 836.823/PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJ de 23.08.2010). 3. Com efeito, no caso em julgamento, verifica-se que a ora recorrida não é destinatária final, tampouco se insere em situação de vulnerabilidade, porquanto não se apresenta como sujeito mais fraco, com necessidade de proteção estatal, mas como sociedade empresária que, por meio da pactuação livremente firmada com a recorrida, obtém capital de giro para operação de sua atividade empresarial, não havendo, no caso, relação de consumo. 4. Recurso especial não provido.” (STJ – REsp 938.979 – (2007/0075055-2) – 4ª T. – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – DJe 29.06.2012)

1683 – Contrato de locação comercial – falência – liminar indeferida – não conheci-mento

“Agravo de instrumento. Ação de despejo. Contrato de locação comercial. Liminar in-deferida pelo juízo universal da falência. Matéria afeta à competência das Câmaras de Direito Comercial. Art. 3º do Ato Regimental nº 57/02, deste Tribunal. Redistribuição que se impõe. Não conhecimento. A ação de despejo foi distribuída por dependência ao processo de falência e tem por objeto o imóvel onde se encontram os bens passíveis de arrecadação. Logo, por dizer respeito aos interesses da massa falida, torna-se afeta ao

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direito falimentar. ‘O julgamento de feitos relacionados com o direito bancário, o direito empresarial, o direito cambiário e o direito falimentar, bem como para os recursos en-volvendo questões processuais relativas às matérias acima’ é de competência exclusiva das Câmaras de Direito Comercial, nos termos do art. 3º, parte final, do Ato Regimental nº 57/02 do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.” (TJSC – AI 2011.022931-2 – Rel. Des. Victor Ferreira – DJe 23.08.2012)

1684 – Contrato de participação financeira – valor patrimonial da ação – balancete mensal – Súmula nº 371 do STJ – incidência

“Agravo regimental. Recurso especial. Civil e empresarial. Brasil Telecom. Contrato de participação financeira. Valor patrimonial da ação. Balancete mensal. Súmula nº 371/STJ. Agravo regimental desprovido.” (STJ – AgRg-REsp 954.631 – (2007/0117892-8) – 3ª T. – Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino – DJe 13.08.2012)

1685 – Dano moral – ação declaratória de inexistência de débito – contrato bancário – negativação

“Civil e processual civil. Apelação. Ação declaratória de inexistência de débito c/c inde-nização por danos morais. Contrato bancário pactuado por sociedade empresária. Só-cios garantidores. Retirada da sociedade. Irrelevância. Ausência de denunciação expres-sa da garantia. Negativação. Exercício regular de direito. Dano moral. Não configuração. Indenização indevida. Recurso de apelação provido e recurso adesivo prejudicado. Os sócios que figuram como co-devedores solidários em contrato bancário firmado por em-presa da qual eram sócios, continuam responsáveis pela dívida caso venham a se retirar do quadro societário, quando não providenciada a denunciação expressa da garantia junto à instituição financeira credora. O exercício regular de direito afasta a hipótese de responsabilidade civil. Constatada a existência de débito, lícita é a negativação, porque decorrente de exercício regular de direito.” (TJMS – AC-Or 2011.032945-4/0000-00 – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Joenildo de Sousa Chaves – DJe 09.07.2012)

1686 – Dano moral – quantum indenizatório – valor razoável“Agravo regimental no agravo em recurso especial. Dano moral. quantum indenizató-rio. Valor razoável. Agravo improvido. 1. O entendimento pacificado no Superior Tri-bunal de Justiça é de que o valor estabelecido pelas instâncias ordinárias a título de indenização por danos morais pode ser revisto tão somente nas hipóteses em que a condenação se revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões de razoabi-lidade, o que não se evidencia no presente caso. Desse modo, não se mostra despropor-cional a fixação em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de reparação moral, decorrente das circunstâncias específicas do caso concreto, motivo pelo qual não se justifica a ex-cepcional intervenção desta Corte no presente feito, como bem consignado na decisão agravada. 2. Agravo interno a que se nega provimento.” (STJ – AgRg-AG-REsp 209.841 – (2012/0156769-2) – 4ª T. – Rel. Min. Raul Araújo – DJe 06.11.2012)

1687 – Direito do consumidor – aparelho celular – entrega – dano moral – não confi-guração

“Direito do consumidor. Direito processual civil. Promoção. Entrega de aparelho celular. Danos morais não configurados. Negado provimento ao recurso. A recorrente alega, em síntese, que foi vítima de publicidade enganosa, uma vez que a parte ré não cumpriu com a promoção que lhe foi ofertada: o recebimento gratuito do aparelho celular ‘Sa-msung C276 GSM’. Alega que teve a assinatura falsificada, razão pela qual o aparelho

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de telefonia foi entregue a terceiro. Argumenta ter sofrido danos materiais e morais. O d. Juízo de 1º grau julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, para condenar a recorrida a entregar à recorrente, no prazo de 10 (dez) dias, um aparelho de telefonia celular, marca Samsung, modelo C276 GSM, sob pena de conversão em perdas e danos. O recorrente, em síntese, repisa os argumentos da petição inicial e alega que sofreu danos morais. Requer a reforma da sentença. Não assiste razão à recorrente. A fixação de indenização por danos morais não merece acolhimento, haja vista a recorrente não ter demonstrado qualquer violação aos direitos da personalidade. Os fatos por ela men-cionados, no sentido de que a conduta da recorrida lhe causou transtornos e infortúnios, não ensejam reparação a título de dano moral, constituindo-se em mero mal-estar, dis-sabor ou vicissitude do cotidiano. O julgador deve valer-se de parâmetros cuidadosos para verificar a ocorrência ou não de violação capaz de gerar a indenização pelo dano moral. Necessário, para tanto, que se diferencie o dano moral de desgostos suportáveis, a fim de se evitarem o enriquecimento sem causa e indenizações infundadas. Ante o ex-posto, nego provimento ao recurso e mantenho a r. sentença recorrida. Condeno a parte recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, os quais fixo em R$ 200,00 (duzentos reais), cuja exigibilidade fica suspensa, nos termos do art. 12 da Lei nº 1.060/1950. Acórdão lavrado conforme o art. 46 da Lei nº 9.099, de 26 de setem-bro de 1995.” (TJDFT – Proc. 20120110886065 – (631259) – Rel. Juiz Hector Valverde Santana – DJe 06.11.2012)

1688 – Direito do consumidor – instituição financeira – cobrança indevida – dano moral – não configuração

“Juizado especial cível. Direito do consumidor. Instituição financeira. Cobrança indevi-da de tarifas de serviços de terceiro. Repetição de indébito em dobro. Cabimento. Danos morais não configurados. Restituição e compensação de débito. Incabimento. Recursos conhecidos e parcialmente providos. 1. A controvérsia deve ser solucionada sob o pris-ma do sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), que por sua vez regulamenta o direito fundamental de proteção do con-sumidor (art. 5º, XXXII, da Constituição Federal); 2. A cobrança de tarifas de cadastros e outras denominadas despesas com pagamento de serviços de terceiros não consubstan-cia contraprestação ao serviço prestado pela instituição financeira ao consumidor e viola a Resolução nº 3.518 do Conselho Monetário Nacional, a Resolução nº 3.157/2007 do Banco Central, e o Código de Defesa do Consumidor; 4. Por violarem direitos básicos do consumidor, insculpidos no art. 6º, IV, da Lei nº 8.078/1990, e confrontarem a Po-lítica Nacional das Relações de Consumo, as referidas tarifas são abusivas, nos termos do art. 51, IV, do Código de Defesa do Consumidor. Eventuais resoluções, portarias ou instruções normativas do Banco Central ou agência reguladora da atividade. Normas hierarquicamente inferiores à lei. Contrárias ao sistema jurídico de proteção ao consumi-dor, não se sobrepõem às disposições estabelecidas pela Lei nº 8.078/1990, que expres-samente prevê seu caráter de ordem pública; 5. As cláusulas que preveem a cobrança de taxas referentes aos Serviços de Terceiros, de Cadastro e de Registro de Contrato são abusivas, por iniquidade, nos termos do at. 51, inciso IV, do CDC, pois não se pode im-por ao consumidor a obrigação de ressarcir a instituição financeira das despesas por ela efetuadas com o parte de suas atividades administrativas, razão pela qual devem ser res-tituídas, em dobro, a teor do que dispõe o art. 42, parágrafo único, do CDC; 6. A simples cobrança de tarifas indevidas numa relação contratual não enseja, pura e simplesmente, um abalo moral ou psicológico, não havendo que se falar em reparação indenizatória correspondente; 7. Revela-se indevida a restituição a título de compensação do débito

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contratual, eis que referida condenação não se enquadra nas hipóteses de processamen-to e julgamento pelo rito simplificado dos juizados especiais; 8. Recurso interposto pelo Banco Volkswagen S/A: conhecido e parcialmente provido para afastar a condenação no pagamento do valor de R$ 4.903,20 (quatro mil novecentos e três reais e vinte centavos) referente aos valores perquiridos a título de restituição de juros bancários, mantida, nos demais termos. Sem condenação em custas e nem honorários em razão do resultado do julgamento; 9. Recurso interposto por Leo Gonzaga de Souza Ferreira: Recurso conheci-do e parcialmente provido para determinar a restituição, em dobro, dos valores indevi-damente cobrados a título de Tarifas de Cadastro e Serviços Prestados. Sem condenação em custas e honorários em razão do resultado do julgamento.” (TJAC – RIn 0600280-82.2012.8.01.0070 – (5.463) – Rel. Juiz Leandro Leri Gross – DJe 02.01.2013)

1689 – Direito do consumidor e bancário – contrato de mútuo – revisão – juros abaixo do mercado

“Direito do consumidor e bancário. Apelação cível. Contrato de mútuo. Cédula de cré-dito bancário. Revisão. Inciso I, § 1º, art. 28, Lei nº 10.931/2004. Medida Provisória nº 2.170-36/2001. EC 32/2001. Inconstitucionalidade afastada. Juros remuneratórios abaixo da taxa de mercado. Capitalização mensal de juros. Pactuação expressa no ins-trumento. Comissão de permanência cumulada com outros encargos moratórios. Apli-cação isolada no período de inadimplência. Súmula nº 472/STJ. Demais encargos mora-tórios afastados. Repetição do indébito. Taxa de abertura de crédito e emissão de carnê. 1. A questão da capitalização inferior a anual, prevista na Medida Provisória nº 2.170-36/2001 encontra-se pendente de julgamento pelo STF, na ADIn 2.316/DF, ressaltando que, até o presente momento, não foi concluído o julgamento da cautelar, de vez que foram proferidos apenas seis votos, dos quais quatro concederam e outros indeferiram a li-minar para suspender os efeitos da referida MP. Enquanto não resolvida a matéria pelo STF, com uma eventual concessão da cautelar ou procedência definitiva da ADIn, per-manece hígido o comando normativo. A par disso, nesse momento, estou convicto de que deve ser aplicado por força do princípio da legalidade (art. 5º, II, da CF), máxime considerando, como já ressaltado, que o art. 2º da Emenda Constitucional nº 32/2001 conferiu estabilidade a esta e outras medidas provisórias que se encontram em situação idêntica. De efeito, é lícita a capitalização dos juros em periodicidade inferior a um ano, desde que expressamente prevista no ajuste, tal como se afirmou a jurisprudência do STJ. 2. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras, sendo lícito ao juiz, desde que provocado, manifestar-se sobre a abusividade de cláusulas nos contratos bancários. 3. A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade, presumindo-se esta quando o percentual contratado ultrapassar a taxa média praticada no mercado, o que não ocorre no caso dos autos. 4. É lícita a capitalização dos juros em periodicidade inferior a um ano, desde que ex-pressamente prevista no ajuste. Estando expressamente pactuada, não há que se falar em abusividade. 5. Somente se admite a cobrança da comissão de permanência quando expressamente pactuada e desde que não cumulada com correção monetária e encargos moratórios. Verificada a cumulação, impõe-se a sua aplicação isolada na hipótese de inadimplência, excluindo-se, por conseguinte, os demais encargos moratórios, conforme Súmula nº 472/STJ. 6. Incabível a restituição de valores, pois não demonstrado, mesmo em sede de mora, o pagamento indevido de parcelas referentes ao empréstimo. 7. Não restando comprovado nos autos, através do contrato juntado, a cobrança da taxa de abertura de crédito nem da taxa de emissão de carnê, incabível a restituição de referi-

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dos encargos. 8. Recurso do consumidor parcialmente provido.” (TJAC – Ap 0011315-09.2009.8.01.0001 – (13.867) – C.Cív. – Rel. Des. Roberto Barros – DJe 02.01.2013)

1690 – Direito do consumidor e bancário – mútuo – revisão – juros – limitação

“Direito do consumidor e bancário. Apelação. Mútuo. Revisão. Juros remuneratórios. Limitação. Impertinência. Taxa média de mercado. Abusividade indemonstrada. Capita-lização mensal de juros. Encargo. Previsão. Ausência. Providência. Capitalização anual de juros. Comissão de permanência. Incidência. Possibilidade facultada à observância às Súmulas nºs 30, 294, 296 e 472, do Superior Tribunal de Justiça. Honorários advo-catícios. Proveito econômico. Recurso parcialmente provido. 1. Não mais aplicável à espécie a Lei de Usura a limitar a taxa de juros Súmula nº 596, do Supremo Tribunal Fe-deral. Adequada a redução tão somente quando exorbitante a ponto de ultrapassar a taxa média praticada no mercado e demonstrada a abusividade. 2. ‘É cabível a capitalização dos juros em periodicidade mensal para os contratos celebrados a partir de 31 de março de 2000, data da primitiva publicação da MP 2.170-36/2001, desde que pactuada, como ocorre no caso do contrato de financiamento, não se aplicando o art. 591 do Código Ci-vil (REsp 602.068/RS e REsp 890.460/RS) (AgRg-REsp 1064157/MS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, Julgado em 09.02.2010, DJe 01.03.2010)’, todavia, à falta de pre-visão do encargo no contrato de mútuo colacionado pela instituição financeira, impõe--se a fixação da capitalização de juros em período anual. 3. Concernente à comissão de permanência, admitida a incidência do encargo, observado o conteúdo das Súmulas nºs 30, 294, 296 e 472, do Superior Tribunal de Justiça. 4. Tendo em vista a natureza da causa. Revisional de contrato. Adequada a fixação da verba advocatícia em 10% (dez por cento) sobre o valor do proveito econômico obtido pela parte consumidora. 5. Recurso parcialmente provido.” (TJAC – Ap 0005772-25.2009.8.01.0001 – (13.923) – C.Cív. – Relª Desª Eva Evangelista de Araujo Souza – DJe 02.01.2013)

1691 – Duplicata sem causa – endosso translativo – protesto indevido

“Agravo regimental. Agravo de instrumento. Recurso especial. Direito empresarial. Du-plicata sem causa. Endosso translativo. Protesto indevido. Ação anulatória. Legitimidade passiva da instituição financeira. Reexame de fatos e provas. Inadmissibilidade. Preques-tionamento. Ausente. Dano moral. quantum indenizatório razoável. 1. A instituição fi-nanceira endossatária de duplicata sem causa responde perante o sacado no caso de protesto indevido nas hipóteses de endosso-translativo, possuindo legitimidade passiva para a ação de anulação do título e cancelamento do protesto. Precedentes específicos desta Corte. 2. Não conhecimento do recurso especial quando a decisão recorrida deixa de se manifestar acerca da questão federal suscitada. Súmulas nºs 282 do STF e 211 do STJ. 3. A modificação do quantum fixado a título de compensação por danos morais só é feita em sede de recurso especial quando seja irrisório ou exagerado. 4. Agravo regimen-tal desprovido.” (STJ – AgRg-AI 1.345.770 – (2010/0161094-1) – 3ª T. – Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino – DJe 07.03.2012)

1692 – Execução – direcionamento contra o devedor subsidiário – cabimento

“Direcionamento da execução contra o devedor subsidiário. Exauridos os meios exe-cutórios contra o devedor principal, correto o direcionamento da execução contra o devedor subsidiário.” (TRT 12ª R. – AP 0002509-45.2011.5.12.0005 – 3ª T. – Relª Juíza Lília Leonor Abreu – DJe 19.12.2012)

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1693 – Execução – personalidade jurídica – desconsideração – dissolução irregular – requisitos

“Processual civil. Execução de honorários advocatícios. Redirecionamento. Desconsi-deração da personalidade jurídica. Art. 50 do Código Civil. Dissolução irregular. Insu-ficiência. 1. Tratando-se de execução relativa a honorários advocatícios, o regime de responsabilização dos sócios pelas dívidas da sociedade ocorre apenas ‘em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela con-fusão patrimonial’ (art. 50 do Código Civil). Insuficiente, assim, a dissolução irregular. 2. Agravo de instrumento improvido.” (TRF 4ª R. – AI 0012214-54.2012.404.0000 – 1ª T. – Relª Desª Fed. Maria de Fátima Freitas Labarrère – DJe 19.12.2012)

Comentário Editorial SÍNTESEO vertente acórdão trata de agravo de instrumento interposto pela União contra decisão que, em cumprimento de sentença relativo a honorários advocatícios de sucumbência, indeferiu o pedido de redirecionamento ao sócio-gerente da sociedade fundado na dis-solução irregular.

A agravante sustenta que está comprovada a dissolução irregular da sociedade execu-tada, o que autoriza o redirecionamento ao sócio-administrador com fulcro nos arts. 4º, V e § 2º, da LEF, 50 e 1.053, 1.080, 1.103 do Código Civil e 10 do Decreto nº 3.078/1919, pugnando pelo deferimento da medida.

Contrarrazões dispensadas, já que ainda não regularizada a relação processual.

Vale trazer trecho do voto do Relator:

“O regime de responsabilidade dos créditos de natureza civil nas sociedades de respon-sabilidade limitada está previsto no art. 10 do Decreto nº 3.708/1919 e no art. 50 do Código Civil de 2002, dependendo do momento do fato que enseja a responsabilidade dos sócios, haja vista regularem ambos a mesma matéria:

PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – FGTS – REDIRECIONAMENTO AOS SÓ-CIOS – INOCORRÊNCIA DE JULGAMENTO EXTRA PETITA – DIREITO INTERTEMPORAL – TEMPUS REGIT ACTUM – ART. 10 DO DECRETO Nº 3.708/1919 – DISSOLUÇÃO IRREGULAR – POSSIBILIDADE – 1. Não importa julgamento extra petita a adoção, pelo juiz, de fundamento legal diverso do invocado pela parte, sem modificar a causa de pedir. Aplicação do princípio jura novit curia (AgRg-Ag 751828/RS, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de 26.06.2006; AGRESP 617941/BA, 1ª T., Min. Luiz Fux, DJ de 25.10.2004). 2. Segundo o princípio de direito intertemporal tempus regit actum, aplica-se ao fato a lei vigente à época de sua ocorrência. No caso, ocorrida a dissolução irregular da sociedade por quotas de responsabilidade limitada antes da entrada em vigência do Código Civil de 2002, a responsabilidade dos sócios, relativamente ao fato, fica submetida às disposições do Decreto nº 3.708/1919, então vigente. 3. A jurispru-dência do STJ é no sentido de que a dissolução irregular enseja a responsabilização do sócio-gerente pelos débitos da sociedade por quotas de responsabilidade limitada, com base no art. 10 do Decreto nº 3.708/1919. Precedente: REsp 140564/SP, 4ª T., Min. Barros Monteiro, DJ 17.12.2004. 4. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 657935/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma, Julgado em 12.09.2006, DJ 28.09.2006, p. 195)Assim, a responsabilização dos sócios gerentes e administradores depende da compro-vação de terem as obrigações se originado de atos praticados com ‘excesso de mandato e [...] violação do contrato e da lei’ (art. 10 do Decreto nº 3.708/1919) ou de ‘abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial’ (art. 50 CC/2002), servindo como marco delimitador dos regimes o início da vigência do CC/2002.Segundo o referido regime do Decreto nº 3.708/1919, portanto, a infração à lei bastava à responsabilização dos sócios pelas obrigações da sociedade. Contudo, com o início da vigência do Código Civil de 2002, passou a ser necessária a prova do desvio de finali-dade ou confusão patrimonial.

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Nesse sentido, age em violação à lei o representante da pessoa jurídica que deixa de promover sua regular liquidação, averbando a dissolução no registro público, realizando o ativo, pagando o passivo, distribuindo eventual remanescente aos sócios, cancelando a inscrição, comunicando a desativação à Secretaria da Receita Federal, entre outras providências legais.Portanto, os indícios de dissolução irregular autorizam que a execução dirija-se aos sócios segundo o regime do Decreto nº 3.708/1919.No caso dos autos, contudo, a constatação da dissolução irregular ocorreu apenas em 14.07.2012 (fl. 39); portanto, após o início da vigência do Código Civil, sendo incabí-vel o redirecionamento apenas com base nessa circunstância no regime do art. 50 do Código Civil.Nesse sentido, o Enunciado nº 282 da IV Jornada de Direito Civil promovida pelo Con-selho da Justiça Federal, in verbis:Art. 50. O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica.” A teoria da desconsideração da personalidade jurídica foi desenvolvida com o intuito de se prevenir a fraude contra a lei ou o prejuízo a terceiros. Assim, o juiz atribuirá respon-sabilidade ao sócio, como pessoa natural, sempre que a pessoa jurídica tiver a intenção de fraudar a legislação, ou seu patrimônio for insuficiente para elisão da dívida.Podemos mencionar que o Código Civil/2002, no art. 50, abraçou tal teoria:“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos admi-nistradores ou sócios da pessoa jurídica.”Vejamos as lições de Fábio Ulhoa Coelho sobre a teoria da desconsideração da perso-nalidade jurídica, in verbis:“5. O pressuposto incontornável da aplicação da teoria da desconsideração da perso-nalidade jurídica é a manipulação fraudulenta ou abusiva da autonomia patrimonial.6. Rubens Requião, o primeiro jurista a tratar da teoria da desconsideração da pessoa jurídica, no Direito brasileiro, encerrou a conferência com que a introduziu entre nós, proferida em 1969, com a seguinte claríssima advertência:‘Quando propugnamos pela divulgação da doutrina da desconsideração da personali-dade jurídica em nosso Direito, o fazemos invocando aquelas mesmas cautelas e zelos de que se revestem os juízes norte-americanos, pois sua aplicação há de ser feita com extremos cuidados, e apenas em casos excepcionais, que visem impedir a fraude ou o abuso de direito em vias de consumação. [...] É preciso, para a invocação exata e ade-quada da doutrina, repelir a ideia preconcebida dos que estão imbuídos do fetichismo da intocabilidade da pessoa jurídica, que não pode ser equiparada tão insolitamente à pessoa humana no desfrute dos direitos incontestáveis da personalidade; mas também não devemos imaginar que a penetração do véu da personalidade jurídica e a desconsi-deração da pessoa jurídica se tornem instrumento [...] dos que, levados ao exagero, aca-bassem por destruir o instituto da pessoa jurídica [...].’ (Aspectos modernos de direito comercial. São Paulo: Saraiva, v. 1, 1977. p. 83-84)[...]Conclui-se, portanto, que a responsabilização de sócio por obrigação da sociedade, em virtude da desconsideração da personalidade jurídica própria desta, somente é jurídica quando resulta de sentença judicial condenatória, proferida em ação de conhecimen-to de que é parte ou litisconsorte passivo o sócio.” (A teoria da desconsideração da personalidade jurídica e o devido processo legal. Repertório IOB de Jurisprudência, São Paulo, n. 02/2000, v. III, p. 48, artigo nº 3/16390, 2ª quinz. jan. 2000)Oportuno colacionar julgado neste sentido:

“Penhora. Incidência sobre bens pertencentes ao sócio. Possibilidade. Aplicação da teo-ria da desconsideração da personalidade jurídica. Para a realização da penhora, bastam os indícios superficiais que justificam a aplicação da teoria: inexistência de outros bens

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da sociedade e a circunstância de ela não apresentar saldo em sua conta-corrente, sobre o qual foi deferida (e não realizada) a constrição. Excesso de mandato ou infração da lei, do contrato social ou dos estatutos são questões dependentes de prova, ligadas a feito específico previsto no ordenamento jurídico (art. 1.046 do CPC), a ser promovi-do pelo próprio interessado, que é terceiro na execução. Recurso provido.” (1º TACSP, Ag 1.218.004-8, 5ª C., Rel. Juiz Álvaro Torres Júnior, DJSP I 04.12.2003)

Ante o exposto, voto por negar provimento ao agravo de instrumento.

1694 – Execução – sentença proferida em ação coletiva – prescrição“Processo civil. Embargos de divergência. Execução individual de sentença proferida em ação coletiva. Prescrição. Ausência de similitude fática. 1. Discute-se nos autos a pos-sibilidade ou não de aplicação, por analogia, do prazo prescricional de 5 (cinco) anos previsto no art. 21 da Lei nº 4.717/1965 (Lei de Ação Popular) às ações civis públicas. 2. Não há similitude fática entre os julgados ora confrontados, porquanto a prescrição relativa à execução de ação coletiva sobre expurgos inflacionários não é a mesma dis-cutida no aresto paradigma, que trata de controvérsia decorrente de ação civil pública em face de dano ao Erário. Precedentes: AgRg-EREsp 1279781/PR, Relª Min. Maria The-reza de Assis Moura, Corte Especial, DJe 21.08.2012; EARESp 114.401/PR, Rel. Min. Castro Meira; EARESp 121.280/PR, EARESp 89.314/PR, e EARESp 83.322/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Corte Especial (acórdãos pendentes de publicação). Agravo regimen-tal improvido.” (STJ – AgRg-ED-AgREsp 82.496 – (2012/0112240-9) – C.Esp. – Rel. Min. Humberto Martins – DJe 06.11.2012)

1695 – Execução extrajudicial – revisão contratual – interesse de agir“Agravo regimental no agravo. Revisão contratual. Execução extrajudicial. Interesse de agir. Dissídio jurisprudencial não demonstrado. Decisão agravada mantida. Improvimen-to. 1. Não houve demonstração de dissídio jurisprudencial, diante da ausência da perfeita similitude fática entre os julgados confrontados, de maneira que inviável o inconformis-mo apontado pela alínea c do permissivo constitucional. 2. A agravante não trouxe ne-nhum argumento capaz de modificar a conclusão do julgado, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. 3. Agravo regimental improvido.” (STJ – AgRg-Ag-REsp 226.586 – (2012/0183610-0) – 3ª T. – Rel. Min. Sidnei Beneti – DJe 06.11.2012)

1696 – Execução provisória – título judicial – descumprimento de obrigação alimentar – habeas corpus preventivo

“Recurso ordinário em habeas corpus preventivo. Execução provisória de título judicial. Descumprimento de obrigação alimentar em favor de filhos. Acórdão denegatório da or-dem. Insurgência do devedor. 1. Pretensão voltada à redução do quantum devido em de-corrência da moradia conjunta temporária do alimentante e dos alimentados. Inovação recursal. Tese não apresentada nas razões do habeas corpus impetrado perante a Corte de origem. Ausência, ademais, de qualquer prova a corroborar as alegações do recorren-te. 2. Caráter alimentar da verba que abrange as parcelas vencidas nos últimos três me-ses antecedentes ao ajuizamento da execução, bem como aquelas que se vencerem no curso da lide, possibilitando a exigência nos moldes do art. 733 do CPC. Inteligência da Súmula nº 309 desta Corte de Justiça. 3. O pagamento parcial do débito não afasta a re-gularidade da prisão civil, porquanto as quantias inadimplidas caracterizam-se como dé-bito atual, nos exatos termos da aludida súmula. 4. Alegada redução da capacidade eco-nômica do alimentante. Inviabilidade da análise de matéria fático-probatória em sede de habeas corpus. 5. Recurso parcialmente conhecido e desprovido.” (STJ – Rec-HC 33.394 – (2012/0147653-3) – 4ª T. – Rel. Min. Marco Buzzi – DJe 30.10.2012)

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1697 – Execução trabalhista – responsabilização de ex-sócio – limite temporal – ob-servação

“Execução trabalhista. Responsabilização de ex-sócio. Limite temporal. Arts. 1.003 e 1.032 do Código Civil Brasileiro. Aplicação na seara trabalhista. Na seara trabalhista aplica-se o disposto no art. 1.032 do Código Civil, haja vista que essa previsão legal não excepciona de seu alcance a relação trabalhista. Pensar de outro modo fomentaria a odiosa insegurança jurídica, mal que corrói a harmonia social, escopo político da pró-pria jurisdição. A par desse norte, não há falar na responsabilização da sócia retirante, mesmo que outrora tenha se beneficiado da força de trabalho do autor, sob pena de malferir o limite temporal expressamente previsto no texto da lei. Recurso ao qual se nega provimento.” (TRT 23ª R. – AP 0103600-21.2007.5.23.0036 – 2ª T. – Red. Desig. Des. João Carlos – DJe 19.12.2012)

Comentário Editorial SÍNTESEO v. acórdão tem por escopo cuidar da responsabilização de ex-sócio na execução tra-balhista.

Rezam os dispositivos do Código Civil:

“Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade.

Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obri-gações que tinha como sócio.

Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.”

Note-se que o legislador fixou o limite temporal de até dois anos para a responsabiliza-ção do ex-sócio na execução trabalhista.

Salienta-se, também, que em primeiro lugar, serão executados os bens da sociedade, cabendo aos sócios o direito de exigir que aqueles sejam excutidos primeiramente, in-dicando bens livres e desembaraçados da empresa, suficientes para a liquidação do débito, conforme previsto no §1º e art. 596 do CPC.

Além disso, se os bens da sociedade não forem suficientes para o pagamento das dí-vidas, responderão os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária, consoante explicita o art. 1.023 do Código Civil:

“Art. 1023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de res-ponsabilidade solidária.”

Na lição de Sergio Pinto Martins encontramos:

“Normalmente, a penhora de bens dos sócios é feita quando não há patrimônio da sociedade ou em casos de dissolução ou extinção irregular da sociedade, segundo a orientação dos tribunais trabalhistas.

A extensão da responsabilidade ao sócio na execução justifica-se em hipótese de fraude à execução, nos termos do art. 593 do CPC , como, por exemplo, se ao tempo da alie-nação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência (III). Não responde, porém, pela execução o sócio que antes da propositura da ação já havia cedido e transferindo suas quotas, desligando-se da sociedade, principalmente se jamais possuiu poderes de administração e gerência, salvo na existência de fraude.

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Caso haja prova de que o desligamento do sócio anterior à propositura da ação ocorreu por fraude, responde o sócio, mas a fraude deve ser provada.

Se o sócio saiu da empresa antes de o empregado começar a trabalhar na empresa e até antes da propositura da ação, não há responsabilidade dessa pessoa. Na jurisprudência há orientação no mesmo sentido:

‘É inegável que o crédito trabalhista é privilegiadíssimo e supera em importância até mesmo o crédito fiscal consoante disposto no art. 186 do Código Tributário Nacional. É, todavia, incontestável que a responsabilidade do sócio decorre de ato de gestão (presunção de dano decorrente de direitos laborais sonegados). Se, entretanto, o sócio retirou-se da sociedade, em período anterior à contratação e à demanda, não pode responder por ato que não praticou. Segurança que se denega, para manter o sócio excluído da pretensão executória’ (TRT 2ª R., 02314/1999-8, Ac. SDI 2000010863, Rel. Juiz Nelson Nazar).

‘Os documentos juntados aos autos indicam que a recorrente saiu da sociedade em 1º de dezembro de 1986. Tais documentos foram registrados na Junta Comercial. A pre-sente ação somente foi ajuizada em 1994. A segunda reclamante foi admitida em 1º de abril de 1992. Como a retirada da agravante ocorreu em período anterior à propositura da ação, não se pode admitir que houve fraude à lei. Anula-se, assim, a penhora sobre o imóvel’ (TRT 2ª R., 3ª T., AP 20000159870, Ac. 20000435060, Rel. Juiz Sergio Pinto Martins).

Caso tenha o sócio trabalhado com o empregado, mas se desligue antes da propositura da ação, entendo que o sócio não deve ser responsabilizado pelas dívidas da socieda-de. Na hipótese de que o sócio trabalhou com o empregado na empresa, porém dela se desligou no período em que foi proposta a ação, ainda assim entendo que não há responsabilidade do sócio, salvo prova de fraude. Na jurisprudência há acórdão com o mesmo sentido:

‘Mandado de segurança. Execução contra ex-sócio.

A só existência de recurso processual cabível não afasta o mandado de segurança, se esse recurso é insuficiente para coibir a ilegalidade ou abuso de poder por ato de autori-dade pública, ainda que judiciária, praticado contra direito líquido e certo do impetran-te. De acordo com o Decreto nº 3.708, de 10 de janeiro de 1919, combinado com o art. 592 do CPC, os bens dos sócios de sociedades por quotas de responsabilidade limitada sujeitam-se à execução, pelas dívidas decorrentes do contrato de trabalho, desde que a empresa não tenha idoneidade financeira, ainda que no limite do valor do capital social. Todavia, se ao tempo do ajuizamento da ação, o sócio contra o qual se volta a execução já havia se retirado da sociedade, não pode ter seus bens respondendo pela dívida, sobretudo quando não se alega fraude à execução, nem se comprova que a empresa executada não tinha bens. Com o patrimônio ameaçado de penhora, nesta hipótese, cabível é o mandado de segurança para colocar fim ao ato ilegal. Recurso ordinário a que se dá provimento’ (TST, RO-MS 141.049/94, Rel. Min. Indalécio Gomes Neto, DJU 09.02.1996, p. 2247).

Na hipótese de a alteração social não ter sido levada a registro na Junta Comercial ou no Cartório de Registro da Pessoa Jurídica, respondem os sócios anteriores pela execução, justamente porque não houve a publicidade do registro da alteração no órgão competen-te e, portanto, os sócios continuam a ser os anteriores e não os atuais.

A jurisprudência trabalhista dominante entende que o empregado não pode deixar de receber seus haveres. Acaba responsabilizando o sócio na maioria dos casos, mesmo que não haja fraude.

No caso de massa falida, os sócios não podem ser responsabilizados no processo tra-balhista. A execução na Justiça do Trabalho em relação à massa falida vai até tornar líquido o crédito. Depois, o empregado deve se habilitar perante a massa. Eventual responsabilidade dos sócios da falida será apurada no juízo falimentar.” (Responsabili-dade dos sócios na Justiça do Trabalho. Disponível em: online.sintese.com. Acesso em: 4 jan. 2013)

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1698 – Falência – atividade empresarial – cessação – meios de prova – possibilidade“Agravo regimental. Agravo de instrumento. Falência. Cessação da atividade empresarial há mais de e (dois) anos. Prova. Documento emitido pelo registro do comércio. Desne-cessidade. Outros meios probatórios admitidos. Prequestionamento. Ausência. Súmulas nºs 282 e 356/STF. Dissídio jurisprudencial. Cotejo analítico. Ausência. Divergência não configurada. Súmula nº 284/STF. Revisão do conjunto fático-probatório dos autos. Sú-mula nº 7 do STJ. Violação ao art. 535 do CPC. Deficiência na fundamentação. Súmula nº 284/STF. 1. A tese de dissídio jurisprudencial, diante das normas legais regentes da matéria (art. 541, parágrafo único, do CPC c/c o art. 255 do RISTJ), exige confronto entre trechos do acórdão recorrido e das decisões apontadas como divergentes, mencionando--se as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, o que não é satisfeito com a simples transcrição do acórdão paradigma. 2. Ausente a demonstração analítica do dissenso, incide o óbice da Súmula nº 284 do Supremo Tribunal Federal. 3. Carece do necessário prequestionamento a matéria não debatida pelo Tribunal de origem. Incidência das Súmulas nºs 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 4. Inadmis-sível o recurso especial quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia. Aplicação analógica da Súmula nº 284 do STF. 5. ‘A falta de inscrição do distrato social do Registro Público de Empresas Mercantis é irrelevante se for comprovada, por outros meios, a inatividade da empresa pelo período de dois anos contados do requerimento da falência.’ (REsp 1107937/MT, Relª Ministra Nancy Andrighi, 3ª T., J. 28.09.2010, DJe 08.10.2010). 6. Para que se infirmassem as conclu-sões do acórdão recorrido, acerca da comprovação de que a empresa ora requerida teria cessado suas atividades há mais de dois anos antes do pedido de falência, seria necessário o reexame do conjunto fático-probatórios dos autos, providência vedada em sede especial, nos termos da Súmula nº 7/STJ. 7. Agravo regimental desprovido, com aplicação de multa.” (STJ – AgRg-AI 1.377.635 – (2010/0230886-9) – 3ª T. – Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino – DJe 20.03.2012)

1699 – Falência – classificação de créditos – ausência de questionamento“Embargos de declaração no agravo regimental no agravo de instrumento. Embargos de declaração contra decisão monocrática. Conversão em agravo regimental. Empresarial. Falência. Classificação de créditos. Ausência de prequestionamento. Súmulas nº 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. Agravo regimental ao qual se nega provimento.” (STF – EDcl-AgRg-AI 737.840 – Relª Min. Cármen Lúcia – DJe 10.10.2012)

1700 – Falência – extensão dos efeitos – Súmula nº 454 do STF – incidência “Agravo regimental no agravo de instrumento. Civil e empresarial. Falência. Extensão dos efeitos. Ausência do necessário prequestionamento. Ofensa reflexa ao texto da Constitui-ção Federal. Questão que demanda análise de estatuto social. Óbice da Súmula nº 454 do STF. Reexame do conjunto fático-probatório já carreado aos autos. Impossibilidade. Incidência da Súmula nº 279/STF. 1. O requisito do prequestionamento é indispensável, por isso que inviável a apreciação, em sede de recurso extraordinário, de matéria sobre a qual não se pronunciou o Tribunal de origem, incidindo o óbice da Súmula nº 282 do Supremo Tribunal Federal. 2. A violação indireta ou reflexa das regras constitucionais não enseja recurso extraordinário. Precedentes: AgRg-AI 738.145, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJ 25.02.2011; AgRg-AI 482.317, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma DJ 15.03.2001; AgRg-AI 646.103, Relª Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, DJ 18.03.2011. 3. A alegação de ofensa aos postulados da legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa, da motivação dos atos decisórios, do contraditório, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional, se ocorrente, seria indireta ou reflexa. Precedentes: AgRg-

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-AI 803.857, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJ 17.03.2011; AgRg-AI 812.678, Relª Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ 08.02.2011; AgRg-AI 513.804, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 1ª Turma, DJ 01.02.2011. 4. A verificação para aferir se a empresa fazia ou não parte do grupo que teve sua falência decretada, com efeitos estendidos a outras empresas coligadas, demandaria a análise do estatuto social, assim como a eficácia do seu registro na Junta Comercial competente. 5. As cláusulas contratuais ou estatutárias e a verifi-cação de suas validades encerram reexame de norma infraconstitucional, insuscetível de discussão via recurso extraordinário, incidindo, in casu, o óbice da Súmula nº 454 do STF, verbis: Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a recurso extraordinário. Precedentes: AgRg-RE 599.127, 2ª Turma, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 04.03.2011; e AgRg-AI 829.036, 1ª Turma, Relª Min. Cármen Lúcia, DJe de 24.03.2011. 6. A Súmula nº 279/STF dispõe verbis: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. 7. É que o recurso extraordinário não se presta ao exame de questões que demandam revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, adstringindo-se à análise da violação direta da ordem constitucional. 8. In casu, o acórdão originariamente recorrido assentou: ‘Falência. Extensão dos efeitos a outras empresas, coligadas a seus sócios. Matéria já apreciada em sede de recurso especial pelo STJ. Pretendido reexame dessa mesma matéria. Inadmissibilidade. Recurso não conhecido.’ 9. Agravo regimental desprovido.” (STF – AgRg-AI 748.884 – Rel. Min. Luiz Fux – DJe 14.08.2012)

1701 – Falência – recuperação judicial – direito de voto – impedimento – não ocor-rência

“Recuperação judicial. A existência de conflito de interesses e ação judicial (revisional contrato bancário) entre um credor e a devedora em recuperação, não é motivo de im-pedimento/suspeição para o credor exercer o direito de voto na Assembleia-Geral. Inte-ligência dos arts. 7º, § 2º; 39; 40, § 2º; 49, §§ 3º e 4º; e 51, todos da Lei nº 11.101/2005. Precedente recente desta 2ª Câmara de d. empresarial. Recurso provido.” (TJSP – AI 0031268-58.2012.8.26.0000 – (6270859) – 2ª Câmara Reservada de Direito Empre-sarial – Relª Desª Ligia Araujo Bisogni – DJe 12.12.2012)

Comentário Editorial SÍNTESEO vertente acórdão trata de agravo de instrumento interposto contra decisão que aco-lheu pretensão da empresa Comercial Bugiganga Material para Construção Ltda., em recuperação judicial.

Ficou compreendido que os créditos da instituição financeira não são líquidos, em razão do ajuizamento de ações revisionais de contratos bancários, e por tal razão o voto do ora recorrente não pode ser computado no quorum votante da Assembleia-Geral. Recurso bem processado, com resposta da agravada e parecer da Procuradoria-Geral de Justiça pelo provimento.

Na forma dos arts. 39 e seguintes, cujo comando legal determina que “terão direito a voto na Assembléia-Geral as pessoas arroladas no quadro geral de credores [...] e so-mente os excepcionados no §§ 3º e 4º do art. 49 estão fora do quorum”, pouco se tem a dizer sobre o pleito da agravante, que, no meu sentir, procede totalmente. E mais. Da leitura dos demais artigos da Lei nº 11.101/2005 (art. 7º, § 2º; art. 51, este último referindo-se aos documentos que devem instruir a petição inicial do pedido de recupe-ração) do diploma em exame, por mais que se esforce, não há fundamento para afastar ou comprometer o voto do credor na Assembleia-Geral, em razão de ação proposta pelo devedor, isto porque, independente da ação revisional ou outra em curso, a qualidade de credor ainda permanece. Aliás, o próprio legislador, no art. 40, § 2º, asseverou que “as deliberações da Assembléia-Geral não serão invalidadas em razão de posterior decisão judicial acerca da existência, quantificação ou classificação de créditos”.

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Dessa feita, deve-se mesmo ser incluído no quadro geral de credores ora credor-agravan-te, para composição do quorum e a origem do crédito, sua classificação, etc.

Pouco importa se, no futuro, em decorrência de ação judicial, o valor do crédito for alterado, ou mesmo, cancelado, porque que o dispositivo anterior é categórico e afasta qualquer discussão posterior a respeito da matéria. A previsão não se distancia do que vem expresso no § 1º do art. 6º, isto é, “terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida”. Com a ação revisional intentada, a agravada pretende, somente, rediscutir a dívida assumida em contratos bancários que celebrou com a instituição financeira agravante, e a dívida efetivamente a ser paga.

O TJSP deu provimento ao recurso.

Oportuno trazer as lições do Jurista Celso Marcelo de Oliveira sobre a recuperação ju-dicial:

“Como consta no inciso I do art. 51 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, temos como requisitos para o deferimento da recuperação judicial a exposição das causas con-cretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira.

Nesta fase processual, deverá o devedor expor com requinte de detalhes o estado eco-nômico da empresa devedora, a situação patrimonial da empresa, as razões da crise econômico-financeira que justificam o pedido de recuperação judicial e uma proposta na forma do Plano de Recuperação Empresarial.

De fato, a empresa devedora deverá descrever com detalhes as demonstrações contá-beis e análise financeira. Quanto às razões que levam o devedor a requerer a recupe-ração judicial, são muitas as causas justa da aplicação do instituto ao empresário de boa-fé, como:

a) dificuldades da empresa em atuar no mercado nacional;

b) dificuldades geradas momentaneamente em função da sua atividade empresarial, da intervenção do Estado e da política comercial ou industrial do país;

c) excesso de tributos no setor empresarial;

d) excesso de encargos financeiros e de elevadas taxas de juros;

e) dificuldades de pagamentos de encargos trabalhistas e previdenciários;

f) causa atípica, como um fator que veio gerar a dificuldade do desenvolvimento em-presarial.

g) posteriormente, o empresário deve apresentar os detalhes da sua contabilidade e uma análise financeira.” (Comentários à nova lei de falências. São Paulo: IOB, 2005. p. 269-270)

1702 – Falência – recuperação judicial – encerramento das atividades – descumprimen-to das obrigações

“Agravo de instrumento. Recuperação judicial. Convolação em falência. Encerramento das atividades. Abandono dos postos de trabalho. Descumprimento de obrigações. In-viabilidade de soerguimento. Decisão mantida. 1) Deve ser mantida a decisão que con-volou a recuperação judicial em falência, em razão da flagrante inviabilidade de soer-guimento da empresa agravante e pelo descumprimento do plano apresentado em juízo, nos termos dos arts. 47 e 73, inciso IV, ambos da Lei nº 11.101/2005, impondo, pois, a sua retirada do mercado, a fim de evitar a potencialização dos problemas e o agravamen-to da situação dos que com ela negociaram. 2) No caso em foco, a empresa agravante não realizou a sua contabilidade a partir do ano de 2010; Encontra-se em total abandono desde setembro de 2011, quando encerrou completamente as suas atividades industriais; Os empregados abandonaram os seus postos e ajuizaram reclamações trabalhistas para receberem os seus salários; E, ainda, existem indícios da prática de crimes falimenta-

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res. A quebra é evidente, incontestável. Portanto, é inviável a sua recuperação judicial. 3) Recurso conhecido e improvido. Decisão mantida.” (TJGO – AI 201292317043 – 4ª C.Cív. – Rel. Des. Kisleu Dias Maciel Filho – DJe 14.11.2012 – p. 142)

1703 – Juros moratórios – verbas trabalhistas reconhecidas judicialmente – Imposto de Renda – inexigibilidade

“Processual civil e tributário. Juros moratórios. Verbas trabalhistas reconhecidas judicial-mente. Imposto de Renda. Inexigibilidade. 1. Hipótese em que a 2ª Turma afastou ex-pressamente a tese reiterada nos presentes aclaratórios, reafirmando a aplicabilidade do REsp 1.227.133/RS (repetitivo) e, portanto, a inexigibilidade de IR sobre juros moratórios relativos a verbas de natureza trabalhista reconhecidas em decisão judicial. 2. Embargos de declaração rejeitados.” (STJ – EDcl-EDcl-AgRg-AI 1.165.600 – (2009/0049625-6) – 2ª T. – Rel. Min. Herman Benjamin – DJe 05.11.2012)

1704 – Medida cautelar – pedido de reconsideração – interposição por fax – Lei nº 9.800/1999 – ausência dos originais

“Processual civil. Medida cautelar. Pedido de reconsideração recebido como agravo regimental. Interposição por fax. Lei nº 9.800/1999. Ausência dos originais. Impossi-bilidade de conhecimento. 1. Ao se utilizar do sistema de transmissão de dados para a prática de atos processuais, conforme prevê a Lei nº 9.800/1999, o recorrente deve apresentar, no prazo, o original do recurso, sob pena de não-conhecimento. Preceden-tes. 2. Pedido de reconsideração recebido como agravo regimental, não conhecido.” (STJ – RCDESP-MC 13.080 – (2007/0177556-5) – 4ª T. – Relª Min. Maria Isabel Gallotti – DJe 31.10.2012)

1705 – Medida cautelar – protesto interruptivo – prazo prescricional – legítimo inte-resse – ausência

“Direito processual civil. Recurso especial. Medida cautelar de protesto interruptivo de prazo prescricional. Ausência de legítimo interesse. Medida cautelar de protesto ajui-zada para interromper prazo prescricional referente a contrato de financiamento habi-tacional. Deve ser indeferido por falta de legítimo interesse o protesto formulado por quem não demonstra vínculo com a relação jurídica invocada. Negado provimento ao recurso especial.” (STJ – RESP 1.200.075/RJ (2010.0115606-3) – 3ª T. – Relª Min. Nancy Andrighi – DJe 13.11.2012)

Comentário Editorial SÍNTESENão preenche os requisitos legais a petição inicial de medida cautelar de protesto, que pretende interromper prazo prescricional para cobrança de dívida, quando ausente documento que comprove a existência de relação jurídica entre as partes. Esse é o en-tendimento da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça.

Para preservar um direito seu, garantido em contrato de financiamento habitacional, a recorrente ajuizou ação cautelar de protesto contra uma cliente, pretendendo interrom-per o prazo prescricional para cobrança de parcelas devidas.

Em 1ª instância, o Magistrado indeferiu a petição inicial e extinguiu o processo, em ra-zão da ausência da cópia do contrato hipotecário, documento essencial para comprovar a existência de relação jurídica entre as partes.

A recorrente teve sua apelação negada perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Daí recorreu ao STJ.

No recurso especial, a recorrente alegou violação do art. 867 do Código de Processo Civil, segundo o qual “todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a con-

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servação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal, poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer que do mesmo se intime a quem de direito”.

Argumentou que a prova da relação jurídica existente entre as partes é desnecessária, pois, segundo ela, a medida cautelar de protesto constitui ato jurídico unilateral de comunicação, de cunho administrativo. Afirmou que o objetivo do protesto é apenas cientificar o devedor da intenção do credor de cobrar a dívida.

Vale trazer trecho do voto do Relator:

“Por conseguinte, o Tribunal de origem entendeu que os requisitos para o deferimento do protesto não foram cumpridos, na medida em que, ao se furtar de juntar documento que comprovasse a existência de relação jurídica entre as partes, a recorrente deixou de demonstrar seu legítimo interesse no ajuizamento da ação. Dessa forma, em virtude da ausência de documentos essenciais, a petição inicial foi indeferida.

Em hipóteses análogas, o STJ adotou o mesmo entendimento do Tribunal de origem. Nesse sentido, os seguintes precedentes: RESp 1.188.778/BA, 3ª Turma, Rel. Min. Sid-nei Beneti, DJe de 19.04.2011 e REsp 1.200.548/ES, 2ª Turma, Rel Min. Humberto Martins, DJe de 13.10.2010, esse último assim ementado:

PROCESSO CIVIL – MEDIDA CAUTELAR DE PROTESTO INTERRUPTIVO DE PRAZO PRESCRICIONAL – ART. 869 DO CPC – VIOLAÇÃO DO ART. 867 DO CPC – NÃO OCORRÊNCIA – ART. 264, § 1º, DO CPC – AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO – SÚMULA Nº 211/STJ – NÃO ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – 1. Descumprido o necessário e indispensável exame dos artigos invocados pelo acórdão recorrido, apto a viabilizar a pretensão recursal da recorrente, a despeito da oposição dos embargos de declaração. Incidência da Súmula nº 211/STJ. 2. Imprescindível a alegação de violação do art. 535 do Código de Processo Civil, quando da interposição do recurso especial com fundamento na alínea a do inciso III do art. 105 da Constitui-ção Federal, quando o recorrente entende persistir algum vício no acórdão impugnado, sob pena de incidir no intransponível óbice da ausência de prequestionamento. 3. A questão trazida aos autos cinge-se à possibilidade de o juiz indeferir medida cautelar de protesto, quando não demonstrada pelo protestante relação jurídica entre ele e o protestado. 4. Sabe-se que, por meio do art. 867 do CPC, a lei processual defere a uma parte providências relacionadas à conservação de eventuais direitos, cujo conteúdo dependa de conhecimento da outra parte. Tais providências são intermediadas pelo Poder Judiciário, que dá certeza ao requerido do propósito do requerente, impedindo a posterior alegação de ignorância. (REsp 902.513/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, 1ª Turma, Julgado em 24.04.2007, DJ 21.05.2007, p. 552). 5. Não olvide que, para não se desdobrar em arbítrio, a lei confere certa discrição ao juiz (art. 869) para indeferir o pedido. (REsp 56.030/PR, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, Julga-do em 15.10.1996, DJ 03.02.1997, p. 714). 6. ‘O juiz indeferirá o pedido, quando o requerente não houver demonstrado legítimo interesse e o protesto, dando causa a dúvidas e incertezas, possa impedir a formação de contrato ou a realização de negócio lícito’ (art. 869 do CPC). 7. O interesse de agir, normalmente, decorre da demonstra-ção de que a outra parte omitiu-se ou praticou ato justificador do acesso ao Judiciário. (ARRUDA ALVIM. Manual de direito processual civil. São Paulo: RT, 2008. p. 444.) Dessa maneira, ao requerente se exige, sim, expor a conveniência e a utilidade da providência. Se, por exemplo, a notificação for vaga poderá não ser aceita na demanda principal, porque, feita desta forma, não haveria, em princípio, legítimo interesse do promovente. (OLIVEIRA, Carlos Alberto de; LACERDA, Galeno. Comentários ao código de processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 332.) 8. Consta do acórdão que não houve suficiente demonstração de elementos de prova acerca da relação jurídica apta a justificar a medida pleiteada. 9. Inexistindo suficiente demonstração do legítimo interesse, nos termos do art. 869 do CPC, escorreito o Tribunal a quo em manter a sentença que indeferiu a medida cautelar de protesto. Recurso especial parcialmente conhecido e improvido.”

O Superior Tribunal de Justiça negou provimento ao recurso especial.

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1706 – Propriedade industrial – colidência – configuração“Propriedade industrial. Caducidade de registro de marca. Arts. 142 a 146 da Lei nº 9.279/1996. Inexistência. Configurada colidência entre as marcas. Afinidade entre produtos e serviços. Remessa desprovida. Ao direito de propriedade e de uso sobre uma marca, atribuído pelo registro no INPI, corresponde um dever legal de uso da mesma, decorrente da função social da propriedade, estabelecida na Constituição Federal. Ine-xistem os requisitos previstos na lei de propriedade industrial, para a decretação de cadu-cidade reconhecida pelo ato administrativo, uma vez que a autora, titular da marca mista e nominativa Joy comprovou o seu uso efetivo no mercado no período de investigação compreendido entre 11.08.2001 e 10.08.2006, tendo em vista que o requerimento de caducidade data de 10.08.2006. Incabível o registro de marca colidente com outra ante-riormente registrada como é o caso, eis que a similitude entre as marcas é capaz de gerar confusão ou associação indevida entre os consumidores, podendo trazer sérios prejuízos à parte autora. O art. 46 da Lei nº 5.010/1966, o art. 9º, inciso I, da Lei nº 6.032/1974, as-sim como também o art. 24-A da Medida Provisória nº 2180-35/2001, conferem ao Inpi a isenção das custas judiciais, porém não o isentam do reembolso dos valores adiantados a esse título pela empresa-autora, no caso de sucumbência. Não é cabível a exclusão da condenação imposta à autarquia nas verbas sucumbenciais. Inteligência do princípio da sucumbência adotado no nosso sistema processual e consagrado no art. 20 do CPC, uma vez que a causa teve que ser trazida a juízo para sua solução. Recurso do Inpi e remessa desprovidos.” (TRF 2ª R. – Proc. 0803851-59.2011.4.02.5101 – 1ª T.Esp. – Rel. Des. Fed. Paulo Espírito Santo – DJe 20.12.2012)

1707 – Propriedade industrial – marca – dano moral – ausência “Agravo regimental no agravo em recurso especial. Propriedade industrial. Marca. Dano moral. Ausência. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Súmula nº 7/STJ. Impro-vimento. 1. A análise da alegação recursal demandaria o reexame do conjunto fático--probatório, obstado nesta instância, conforme o disposto na Súmula nº 7/STJ. 2. O agra-vo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão do julgado, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. 3. Agravo regimental improvido.” (STJ – AgRg-AG-REsp 246.835 – (2012/0223779-8) – 3ª T. – Rel. Min. Sidnei Beneti – DJe 19.12.2012)

1708 – Propriedade industrial – marca – notoriedade – impossibilidade“Propriedade industrial. Marca Zurich. A marca Zurich não goza de notoriedade a pon-to de garantir às autoras uso exclusivo. As autoras bancam seguros, e a ré os vende. São atividades diversas, atuando em segmentos diferentes de mercado, sem possibili-dade de confusão, tampouco o chamado ‘parasitismo’. Apelação improvida.” (TRF 2ª R. – AC 0506944-16.2005.4.02.5101 – 1ª T.Esp. – Rel. Des. Fed. Antonio Ivan Athié – DJe 10.12.2012)

1709 – Propriedade industrial – marca nominativa – colidência “Propriedade industrial. Marca nominativa Fiesta. Nulidade de registros. Colidência de marcas. Art. 124, XIX, da LPI. Apelações e remessa em face de sentença que julgou improcedente o pedido da autora Fiesta Bahia Hotel Ltda., em face da empresa Ana Carmen Teixeira Caldas e julgou procedente o pedido em face das empresas Gama-Forte Comércio e Participações Ltda., posadas de México e Hoteles Fiesta Americana, para decretar a nulidade dos registros: Fiesta Americana, La Fiesta by Café Cancun, Aqua by Fiesta Americana, Acqua by Fiesta Americana. A função principal das marcas é distinguir

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os produtos de outros idênticos, semelhantes ou afins, de origens diversas, nos termos do art. 123, I, da Lei nº 9.279/1996, bem como de identificação da origem dos produtos. O art. 124, XIX, da Lei de Propriedade Industrial consigna que não é registrável como mar-ca a ‘reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia’. Restou demons-trado nos autos que as marcas objeto da pretensão anulatória constituem reprodução, com acréscimo, da marca registrada da autora, implicando no impeditivo previsto no art. 124, XIX, da LPI. Ainda que longe de ser uma marca de alto renome, a marca Fiesta tornou-se forte no contexto da atividade empresarial de hotelaria da Cidade de Salvador, no Estado da Bahia. Configurado o risco de confusão entre os consumidores quanto às marcas em tela, tendo em vista a reprodução do nome Fiesta, ainda que com acréscimo, quando consideradas todas, inclusive a marca de titularidade de Ana Carmen Teixeira Caldas segura me. Bella Fiesta Cerimonial. Para a classe 43. Serviços de buffet, como produtos do mesmo segmento de mercado, eis que um dos produtos do Hotel Fiesta é o buffet oferecido pelo seu restaurante. Apelação da parte da autora provida, para julgar procedente o pedido em face da empresa Ana Carmen. Invertido o ônus da sucumbência quanto a esta. Recursos das demais empresas e remessa desprovidos.” (TRF 2ª R. – AC 0802003-08.2009.4.02.5101 – 1ª T.Esp. – Rel. Des. Fed. Abel Gomes – DJe 10.12.2012)

1710 – Propriedade industrial – registro de marca – caducidade “Propriedade industrial. Caducidade de registro de marca. Arts. 142 a 146 da Lei nº 9.279/1996. Insurge-se a empresa ré contra sentença que julgou procedente o pedido autoral, para decretar a nulidade do ato administrativo que declarou a caducidade dos registros nºs 816.679.479 e 816.972.893, relativas à marca mista Autotal R. Liguori. Ao direito de propriedade e de uso sobre uma marca, atribuído pelo registro no Inpi, corresponde um dever legal de uso da mesma, decorrente da função social da proprie-dade, estabelecida na Constituição Federal. Para a decretação de caducidade devem ser perquiridos os requisitos previstos nos arts. 142 a 146 da Lei nº 9.279/1996, quais sejam: o requerimento da caducidade, por parte de qualquer interessado em explorar a mesma marca, no mesmo segmento mercadológico; o desuso da marca pelo prazo de cinco anos; a não comprovação, por parte do titular da marca, de um motivo de força maior a justificar o desuso. In casu, restou demonstrada a inexistência dos requisitos para a caducidade decretada pelo Inpi, previstos na Lei de Propriedade Industrial. Apelação e remessa desprovida.” (TRF 2ª R. – Proc. 0808081-47.2011.4.02.5101 – 1ª T.Esp. – Rel. Des. Fed. Paulo Espírito Santo – DJe 20.12.2012)

1711 – Propriedade industrial – registro de marca – nome comercial “Propriedade industrial. Registro de marca que reproduz elemento característico de nome comercial. Impossibilidade. Identidade gráfica e fonética entre os termos. Empre-sas que atuam em segmentos mercadológicos afins e áreas de consumo coincidentes. 1. Recurso no qual se discute se a anterioridade do registro do nome comercial da empresa apelada Malharia Princesa S/A. Tem o condão de impedir o registro da empresa-apelante Incomfio Ltda.; 2. Impossibilidade de coexistência dos signos em cotejo, ante todo um conjunto probatório que demonstra claramente que ambos destinam-se a distinguir pro-dutos ou serviços idênticos, semelhantes e afins, suscetíveis de causar confusão ao pú-blico consumidor, alcançando o mesmo segmento mercadológico e a mesma clientela. Ressalte-se, ainda, que as marcas assinalam os mesmos produtos que, em regra, estão expostos para venda nos estabelecimentos comerciais num mesmo setor ou local físico;

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3. Não resta dúvida de que a anterioridade do registro do nome comercial da empresa--apelada, Malharia Princesa S/A, depositado na junta comercial de Santa Catarina, em 23.08.1951 (fl. 227 V), realmente impede o registro nº 818.940.034, referente à marca mista Princesa, depositado em 10.10.1995, de titularidade da apelante, pois não se trata de mera semelhança, mas sim de termos que possuem identidade gráfica e fonética, além da afinidade nas atividades desenvolvidas pelas empresas, já que a empresa ape-lante se dedica à atividade de exploração e beneficiamento de fios têxteis, lã e barbantes, sendo tais produtos utilizados na fabricação de tecidos de malhas, que é a atividade desenvolvida pela empresa apelada; 4. embora as empresas litigantes tenham sede em estados diversos, a apelante, Incomfio Ltda., está sediada em Jacutinga/MG e a apelada, Malharia Princesa S/A. Está sediada em Joinville/SC, a natureza dos serviços inerentes às mesmas conduz a possibilidade de confusão, na medida em que, atuando na área de produtos têxteis, certamente possuem um campo de atuação que extrapola o local da própria sede de cada uma delas; 5. A proteção ao nome comercial, amparada pelo art. 8º da Convenção da União de Paris – CUP, art. 65, 5, da Lei nº 5.772/1971 e art. 124, V, da Lei nº 9.279/1996 é uma exceção ao sistema atributivo de registro; 6. Recurso conhecido e não provido.” (TRF 2ª R. – AC 0803721-11.2007.4.02.5101 – 1ª T.Esp. – Rel. Des. Fed. Abel Gomes – DJe 20.12.2012)

1712 – Recurso – intempestividade – protocolo postal – inadmissibilidade

“Agravo regimental no agravo em recurso especial. Intempestividade. Protocolo postal. Inadmissibilidade. Súmula nº 216/STJ. Agravo desprovido. 1. A jurisprudência desta Cor-te é pacífica no sentido de que a tempestividade do recurso especial ou do agravo contra a negativa da sua subida é aferida pela data do protocolo da petição na Secretaria do Tribunal de origem, e não pela data da postagem na agência dos Correios, nos termos da Súmula nº 216/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ – AgRg-AG--REsp 197.923 – (2012/0138184-8) – 4ª T. – Rel. Min. Raul Araújo – DJe 06.11.2012)

1713 – Recuperação judicial – execução em face de sócio-avalista

“Direito empresarial e processual civil. Recurso especial. Execução ajuizada em face de sócio-avalista de pessoa jurídica em recuperação judicial. Suspensão da ação. Impossi-bilidade. Penhora via Bacen-Jud. Esgotamento dos meios aptos a garantir a execução. Desnecessidade. 1. O caput do art. 6º da Lei nº 11.101/2005, no que concerne à sus-pensão das ações por ocasião do deferimento da recuperação, alcança apenas os sócios solidários, presentes naqueles tipos societários em que a responsabilidade pessoal dos consorciados não é limitada às suas respectivas quotas/ações. 2. Não se suspendem, po-rém, as execuções individuais direcionadas aos avalistas de título cujo devedor principal é sociedade em recuperação judicial, pois diferente é a situação do devedor solidário, na forma do § 1º do art. 49 da referida lei. De fato, ‘[a] suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei nº 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor’ (Enunciado nº 43 da I Jornada de Direito Comercial CJF/STJ). 3. A penhora de ativos via Bacen-Jud não se mostra mais como exceção cabível somente quando esgotados outros meios para a consecução do crédito exequendo, desde a edição da Lei nº 11.382/2006, podendo ser levada a efeito como providência vocacionada a conferir racionalidade e celeridade ao processo satisfativo. Precedentes. 4. Recurso especial não provido.” (STJ – REsp 1.269.703 – (2011.0125550-9) – 4ª T. – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – DJe 30.11.2012)

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Comentário Editorial SÍNTESEO recorrido ajuizou execução de título extrajudicial buscando satisfação de cédula de crédito bancário da qual o executado é avalista, título relativo a dívida na qual figura como devedor principal Frigofer Ltda., pessoa jurídica da qual o executado é sócio.

O executado pleiteou a suspensão da execução, tendo em vista que ao devedor principal (Frigofer Ltda.) foi deferida a recuperação judicial, devendo as obrigações dos sócios solidários também ficarem suspensas. Indicou como fundamento da alegação o art. 6º da Lei nº 11.101/2005.

O Juízo a quo indeferiu a suspensão da execução e determinou a penhora on-line de montante suficiente à garantia da execução, decisão contra a qual foi interposto agravo de instrumento, alegando o agravante/executado a necessidade de suspensão da execu-ção, assim também a impropriedade da penhora on-line, uma vez existir meio menos gravoso aos interesses do executado.

O TJMG negou provimento ao agravo de instrumento nos termos da seguinte ementa:

“PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO – SUSPENSÃO – COOBRIGADO – AVALIS-TA – RECUPERAÇÃO JUDICIAL – NÃO ACATAMENTO – § 1º DO ART. 49 DA LEI Nº 11.101/2005 – PENHORA – MODALIDADE ON-LINE – BLOQUEIO DE ATIVOS FI-NANCEIROS – POSSIBILIDADE – O avalista é responsável por obrigação autônoma e independente, exigível inclusive se a obrigação principal for nula. Dessa forma, conclui--se que a norma excepcional do art. 6º da Lei nº 11.101/2005 não se estende para suspender a execução contra ele já iniciada ou a que vier a ser proposta. Com a entrada em vigor da Lei nº 11.382/2006, o bloqueio e via de consequência penhora de dinheiro são meios usualmente utilizados para satisfação do crédito do exequente.”

No recurso especial, a defesa sustentou que o deferimento do processamento da recupe-ração judicial da empresa acarreta a suspensão das obrigações do sócio-avalista. Alegou também que a penhora on-line pressupõe o esgotamento dos meios aptos a garantir a execução e menos gravosos aos interesses do executado.

Com base no voto do Relator, a tese apresentada no recurso especial mistura a ideia de sócio solidário com a de devedor solidário e, de fato, não se sustenta.

Vale trazer trecho do voto do Relator:

“Nesse sentido é a jurisprudência desta Corte:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO DE INSTRUMENTO – DEFERIMENTO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL À EMPRESA CO-EXECUTADA – EXECUÇÃO INDIVIDUAL – SUSPENSÃO – NÃO CABIMENTO – AUTONOMIA DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS NO TÍTULO DE CRÉDITO EXEQUENDO – ACOLHIMENTO – 1. Conforme o disposto art. 6º da Lei nº 11.101/2005, o deferimento de recuperação judicial à empresa co-executada não tem o condão de suspender a execução em relação a seus avalistas, a exceção do sócio com responsabilidade ilimitada e solidária. 2. Os credores sujeitos aos efeitos da recuperação judicial conservam intactos seus direitos e, por lógica, podem executar o avalista desse título de crédito (REsp 1.095.352/SP, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 03.02.2011). 3. O Aval é ato dotado de autonomia substancial em que se garante o pagamento do título de crédito em favor do devedor principal ou de um co-obrigado, isto é, é uma garantia autônoma e solidária. Assim, não sendo possível o credor exercer seu direito contra o avalizado, no caso a empresa em recuperação judicial, tal fato não compromete a obrigação do avalista, que subsiste integralmente. 4. Embargos de diver-gência acolhidos. (EAg 1.179.654/SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, 2ª Seção, Julgado em 28.03.2012, DJe 13.04.2012)

RECURSO ESPECIAL – NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL – NÃO OCORRÊN-CIA – QUESTÃO DA COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO FALIMENTAR – AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO – INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 211/STJ – PROCESSA-MENTO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – DEFERIMENTO – SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO EXCLUSIVAMENTE EM FACE DA EMPRESA CO-EXECUTADA – POS-SIBILIDADE – OBRIGAÇÃO CAMBIÁRIA – AUTONOMIA – PROSSEGUIMENTO – EXE-CUÇÃO – AVALISTAS – RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E IMPRO-VIDO. [...] III – O deferimento do pedido de processamento de recuperação judicial à

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empresa co-executada, à luz do art. 6º, da Lei de Falências, não autoriza a suspensão da execução em relação a seus avalistas, por força da autonomia da obrigação cambi-ária. IV – Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (REsp 1.095.352/SP, Rel. Min. Massami Uyeda, 3ª Turma, Julgado em 09.11.2010, DJe 25.11.2010)

Portanto, não há de ser suspensa a execução direcionada a avalista pelo só fato de a sociedade avalizada encontrar-se em recuperação judicial, pouco importando se o executado é também sócio da recuperanda, uma vez não se tratar de sócio solidário.”

A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou provimento ao recurso especial.

1714 – Sociedade – prazo prescricional – Súmula nº 284/STF – incidência“Agravo regimental. Tributário. Empresarial. Responsabilidade do sócio. Administrador da pessoa jurídica. Alegada declaração de inconstitucionalidade da norma que previa a interrupção do prazo prescricional com o mero despacho da inicial da ação de execu-ção fiscal. Alegada má aplicação do art. 146, III, b, da Constituição. Violação do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa favoráveis à União. A sentença-recor-rida não invocou a reserva de lei complementar para afastar a aplicabilidade do art. 8º, § 2º, da Lei nº 6.830/1980 (antiga redação). Portanto, ao invocar a aplicação equivocada do art. 146, III, b, da Constituição ao caso, as razões de recurso extraordinário estão dissociadas da fundamentação da sentença-recorrida. Falta de prequestionamento, além da incidência da Súmula nº 284/STF. No caso em exame, estão ausentes dos autos in-dicação ou debate sobre a efetiva motivação do ato de imposição da responsabilidade pessoal ao administrador da pessoa jurídica, que nem sequer foi citado. Como a única menção ao ato ilícito supostamente praticado foi o singelo encerramento das atividades empresariais sem comunicação aos registros comerciais (baixa), para que fosse possível rever a alegada má aplicação dos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa em desfavor da União, seria necessário abrir a instrução probatória. Aplicação da Súmula nº 279/STF. Agravo regimental ao qual se nega provimento.” (STF – AgRg-RE 602.586 – Rel. Min. Joaquim Barbosa – DJe 25.10.2012)

1715 – Sociedade empresária – venda de produtos alheios ao ramo de drogaria – Súmu-la nº 280 do STF – incidência

“Administrativo e processual civil. Embargos de declaração no agravo regimental no agravo em recurso especial. Mandado de segurança. Sociedade empresária qualificada como drogaria e drugstore. Venda de produtos alheios ao ramo de drogaria. Acórdão recorrido que consigna haver permissão de lei local. Súmula nº 280 do STF. Súmulas nº 5 e nº 7 do STJ. Ausência de omissão. 1. Os embargos de declaração são cabíveis quando o provimento jurisdicional padece de omissão, contradição ou obscuridade, consoante dispõe o art. 535, I e II, do CPC, bem como para sanar a ocorrência de erro material. Alega-se que o acórdão ora embargado foi omisso quanto à análise dos dispositivos le-gais que seriam relevantes para a solução da controvérsia e que a legislação municipal ‘mencionada no v. acórdão apenas e tão somente teve intuito didático em razão do ra-ciocínio do Tribunal de origem no sentido de inexistir, na legislação federal de regência, previsão legal que vede o exercício concomitante dos ramos de drogaria e drugstore’ (fl. 226). 2. No caso, não há as alegadas omissões, porquanto o acórdão ora embargo, de forma clara, coerente e fundamentada, consignou e decidiu que: (i) acórdão recorrido constatou que a parte recorrida, em sua razão social, qualificava-se como drogaria e drugstore e consignou haver legislação local que autoriza as drogarias a venderem mer-cadorias estranhas ao respectivo ramo; (ii) não há como se conhecer do recurso especial pela alínea a nem pela c, pois o fundamento atinente à legislação estadual implicaria

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na necessidade do exame da referida lei para o fim de apreciação da pretensão recursal. Aplicação do entendimento jurisprudencial contido na Súmula nº 280 do STF; (iii) na existência de lei municipal, a matéria federal arguida não é suficiente ao sucesso do recurso especial, até mesmo porque afasta qualquer similitude fático-jurídica entre o caso aqui analisado e os precedentes apontados como paradigma; (iv) a caracterização da recorrida como drugstore estar apoiada no exame de contrato social, o que impede a revisão da questão em sede de recurso especial, à luz das Súmulas nº 5 e nº 7 do STJ. 3. Embargos de declaração rejeitados.” (STJ – EDcl-AgRg-AI 1.386.978 – (2010/0218269-9) – 1ª T. – Rel. Min. Benedito Gonçalves – DJe 22.05.2012)

1716 – Títulos de crédito – duplicatas sem causa – protesto – irregularidade

“Agravo regimental. Factoring. Títulos de crédito. Duplicatas sem causa. Protesto. Irre-gularidade. Indenização por danos morais. Acórdão fundado nos elementos fáticos dos autos. Súmula nº 7/STJ. Precedentes. 1. Ao firmar a conclusão acerca da irregularidade do protesto, o Tribunal recorrido tomou em consideração os elementos fáticos carreados aos autos. Incidência da Súmula nº 7/STJ. 2. ‘O risco assumido pelo faturizador é ineren-te à atividade por ele desenvolvida, ressalvada a hipótese de ajustes diversos no contrato firmado entres as partes’ (REsp 992421/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. p/o Acórdão Ministro João Otávio de Noronha, 3ª Turma, DJe 12.12.2008). 3. Agravo regimental não provido.” (STJ – AgRg-AG-REsp 88.022 – (2011/0209853-0) – 4ª T. – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – DJe 02.10.2012)

Comentário Editorial SÍNTESEO vertente acórdão trata de agravo em recurso especial interposto contra decisão que não admitiu apelo extremo.

A agravante alega que o seu recurso especial merece trânsito, insistindo em que a ques-tão não demanda o reexame de questões fáticas, pois somente consiste em afastar o dever da factoring de investigar a boa origem do título, por não se tratar de instituição financeira, e, em consequência, considerar o protesto como exercício regular de seu direito.

O acórdão restou assim ementado:

“1. Cuida-se de agravo em recurso especial interposto contra a decisão que não admitiu o apelo extremo, por sua vez manejado em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado:

Cambial. Duplicatas mercantis. Saque. Irregularidade. Não comprovação do negócio jurídico causal. Ônus do qual a co-ré, sacadora dos títulos, não se desincumbiu, a teor do disposto no art. 333, II, do Código de Processo Civil. Irregularidade, ainda, da con-duta da empresa faturização co-ré, ao enviar os títulos a protesto por indicação, sem a apresentação das duplicatas e sem ter em seu poder prova da prestação do serviço ou da entrega da mercadoria. Exercício irregular de direito configurado. Apelação desprovida.”

Vale trazer trecho do voto do Relator:

“Acrescente-se, ademais, que o fato de a empresa se tratar de factoring e não instituição financeira em nada altera sua responsabilidade, conforme o entendimento desta Corte. Destaco a propósito o seguinte julgado:

RECURSO ESPECIAL – TÍTULOS DE CRÉDITO – DUPLICATAS SEM CAUSA – PROTES-TO – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – REDUÇÃO – 1. O contrato de factoring convencional é aquele que encerra a seguinte operação: a empresa-cliente transfere, mediante uma venda cujo pagamento dá-se à vista, para a empresa especializada em fomento mercantil, os créditos derivados do exercício da sua atividade empresarial na re-lação comercial com a sua própria clientela – os sacados, que são os devedores na tran-sação mercantil. 2. Nada obstante os títulos vendidos serem endossados à compradora, não há por que falar em direito de regresso contra o cedente em razão do seguinte: (a)

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a transferência do título é definitiva, uma vez que feita sob o lastro da compra e venda de bem imobiliário, exonerando-se o endossante/cedente de responder pela satisfação do crédito; e (b) o risco assumido pelo faturizador é inerente à atividade por ele desen-volvida, ressalvada a hipótese de ajustes diversos no contrato firmado entres as partes. 3. Na indenização por dano moral por indevido protesto de título, mostra-se adequado o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Precedentes 4. Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp 992.421/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. p/o Ac. Min. João Otávio de Noronha, 3ª Turma, Julgado em 21.08.2008, DJe 12.12.2008) 3. Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.”

O STJ negou provimento ao agravo regimental.