parque popular da pedreira: análise, diagnóstico e participação comunitária
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Poster apresentado no 54° International Federation of Housing and Planning (Porto Alegre/PUC - 2010). Resumo: O trabalho consiste em um Plano Geral de Urbanização para área que apresenta problemas de sub-habitação em áreas de APP, junto a duas antigas pedreiras. O Plano foi construído com a participação da população local e de técnicos da municipalidade, e se articula em quatro eixos principais que dão origem aos projetos : habitação social, equipamentos públicos (parque), recuperação ambiental e urbanização.TRANSCRIPT
01
O Parque Popular da Pedreira é um sonho antigo da população de Ijuí. A
iniciativa de criação do parque e as atividades de discussão e construção deste
projeto mobilizaram os diversos movimentos sociais e tomaram conta da
sociedade.
O grande apoio com que conta este projeto reforça seu caráter cidadão e
supra partidário, e vai muito além da atual administração ou apenas de
interesses de um setor específico da sociedade.
O Plano Diretor e a legislação municipal já grava a área da pedreira como
potencial para uso público; em diversas ocasiões a comunidade já manifestou o
desejo de criação de um parque municipal nesta área.
O Plano Ambiental prevê a recuperação das áreas de APP; os moradores
das áreas favelizadas afetadas estão de acordo com as propostas elaboradas...
e ainda o apoio explícito e público da Câmara de Vereadores, da Universidade,
das associações de moradores, da Aipan (ambientalistas), da Cooperativa, da
Associação Comercial e Industrial (ACI), das instituições de classe (CREA/RS,
IAB/RS) reforçam o grande consenso social favorável ao projeto.
Visita à área da pedreira
Audiência pública
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
Acima: - notícia publicada no Correio do Povo, jornal de maior
circulação no RS, sobre a visita da comunidade e a audiência pública
realizadas no "Dia da Pedreira", 15 de maio de 2010;
Ao Lado: - fotografias da visita e da audiência pública com a presença
do Prefeito, Vice, Secretários, representantes da Câmara de Vereadores,
lideranças comunitárias e associativas e moradores da área.
Plano Geral de Urbanização de Áreas Socioambientais Fragilizadas: PARQUE POPULAR DA PEDREIRA
SITUAÇÃO ATUAL
As áreas das pedreiras do lago e da antiga pedreira municipal estão
situadas na periferia da cidade, com carência de infra-estrutura e urbanização,
com precariedade no atendimento dos serviços e parcialmente ocupadas de
maneira irregular.
As comunidades que moram na área estão expostas à vários riscos, seja
pela condição de exclusão, seja pelas condições sanitárias – que geram
problemas graves como os focos de dengue recentemente diagnosticados no
local.
A revisão do Plano Diretor, em andamento, já identifica estas áreas como
Áreas Especiais de Interesse Social e o Plano Ambiental do Município, já
finalizado, indica parte desta área como Área Especial de Interesse Ambiental.
Contrastando à esta situação, a área das pedreiras apresenta uma qualidade
paisagística impressionante. A beleza da pedreira do lago e a exuberância do
banhado da pedreira municipal, ambos resultado do abandono das áreas,
indicam o magnífico potencial das pedreiras e sua vocação para abrigar um
grande parque público – inexistente na cidade.
OCUPAÇÕES IRREGULARES
A irregularidade está associada a dois fatores. O primeiro é a questão
fundiária, visto que todas as 52 famílias da Vila Pindorama e também 52
famílias da Vila Suvaco da Cobra tem suas moradias sobre terreno de
propriedade do Município. O segundo fator de irregularidade está associada
à ocupação de Áreas de Preservação Permanentes – APPs, principalmente
nas moradias da Vila Pindorama.
O loteamento em implantação, à leste da pedreira, também apresenta
irregularidades referentes à ocupação de APPs. Muitos terrenos previstos no
parcelamento original, assim como algumas vias, estão parcial ou
integralmente sobre áreas de APP, inviabilizando a aprovação de construção
sobre os mesmos, e o uso residencial.
A regularização desta situação, fundiária e de ocupação, está
diretamente vinculada ao desenvolvimento do projeto do Parque.
CADASTRO SOCIAL
A Vila Suvaco da Cobra, no bairro Thomé de Souza, tem 52 famílias
totalizando aproximadamente 134 moradores, com uma estrutura familiar
bastante variada, conforme indica o gráfico acima. A renda mensal das famílias
indica uma situação muito grave, visto que metade das famílias tem renda pouco
superior a R$ 400,00 e a outra metade sobrevive com uma renda mensal inferior
a R$ 400,00, sendo que 02 famílias recebem menos de R$ 200,00 por mês.
A situação da Vila Pindorama, sobre a pedreira do lago, não é diferente. São
52 famílias e aproximadamente 155 moradores, sendo que os indicadores de
renda são um pouco menos graves tendo em vista que há várias famílias de
catadores, que incrementam sua renda com a coleta e separação de resíduos
recicláveis. Esta atividade gera um problema associado que é a deposição dos
resíduos não recicláveis diretamente no lago ou no entorno da pedreira. Menos
da metade das famílias moradoras destas duas vilas tem acesso ao Bolsa
Família, conforme gráfico acima.
PROPRIETÁRIOS
A estrutura de propriedade da área do futuro Parque, apresentada acima,
indica duas grandes áreas da Prefeitura Municipal. Uma é a antiga pedreira
municipal, à sul da av. 21 de Julho, hoje desativada, mas que abriga a usina de
asfalto do município e a vila Suvaco da Cobra, no bairro Thomé de Souza, uma
área de ocupação irregular com mais de 50 famílias.
A Prefeitura Municipal também é proprietária de faixa de terra à norte da
pedreira onde hoje localiza-se a Vila Pindorama, com 52 famílias em situação
de irregularidade e em condições precárias.
O Sr. Rubens Basso é o proprietário da pedreira do lago e de extensa área à
leste desta com parcelamento e ocupação em fase inicial de implantação. O
proprietário e o Poder Executivo Municipal já acordaram publicamente a
doação da área da pedreira do lago para a instalação do Parque, processo que
encontra-se em andamento. As outras propriedades do entorno são de
moradores e pequenos proprietários e praticamente não sofrerão afetação
direta pelas ações previstas para o Parque.
Ijuí tem um GRANDE LIXÃO À CÉU ABERTO!
A área de duas antigas pedreiras desativadas já há muitos anos, na
periferia oeste da sede municipal, transformaram-se em um lixão à céu aberto,
com a deposição ilegal de entulhos, lixo doméstico e, até mesmo, de lixo
tóxico industrial e farmacêutico.
Recentemente, a área converteu-se em um dos principais focos da
dengue na cidade, problema que está agravado pela presença de mais de 100
famílias morando em condições subnormais no entorno da área e que
também vertem seu esgoto e lixo doméstico nas pedreiras.
Uma das pedreiras desativadas contém um grande lago, com área de
mais de 16mil m², e a outra uma área alagada com características de banhado.
As pedreiras, apesar da degradação ambiental, apresentam
características paisagísticas fenomenais e têm exigências legais que obrigam
a preservação e recuperação ambiental. Soma-se a isto o enorme potencial da
área para abrigar atividades de lazer em alguns setores.
Ijuí tem problemas graves de SUBHABITAÇÃO!
Ijuí tem CARÊNCIAS NO SISTEMA VIÁRIO!
A falta de condições dignas de moradia, apesar de não ser uma
exclusividade do município, é mais grave na área do entorno das pedreiras. A
Vila Pindorama, com 52 famílias, está em terreno municipal dentro da área da
Pedreira Pindorama (a do lago) em situação claramente de risco ambiental e
geológico. Os barracos estão construídos nas cotas mais altas da pedreira, em
área de APP, sobre nascentes e no meio do lixo e dos entulhos. A Vila Suvaco da
Cobra, no bairro Thomé de Souza, está igualmente em terreno municipal sobre
a pedreira também de propriedade do município (a do banhado). Esta vila tem
52 famílias em condições precárias, é um aglomerado subnormal com
deficiência total de condições de moradia, sem infraestrutura básica, sem
acessibilidade e com alto grau de desagregação social.
O Plano Diretor de Ijuí, que se encontra em estágio adiantado de revisão,
contempla diretrizes viárias e conexões urbanas importantes para a área das
pedreiras.
A conclusão de vias e a ampliação da mobilidade urbana desta área da
periferia passa por intervenções concretas na área, que qualificam o
acesso à Universidade, a implantação de caminhos alternativos à Rua do
Comércio, a utilização das vias como elementos definidores de limites
claros entre a área urbanizada e as áreas de preservação ambiental.
Ijuí é uma cidade sem um PARQUE!
A sede municipal, com mais de 22 km² , não conta com nenhum
parque público. Os espaços de lazer disponíveis à população resumem-se
à praça central, a Praça da República com pouco mais de 1ha, e poucas
praças urbanizadas e algumas escolas que permanecem abertas nos
finais de semana. Os moradores que não tem acesso aos clubes privados
existentes estão totalmente carentes de estruturas de lazer público tendo
em vista os espaços disponíveis na cidade.
Análise, Diagnóstico e Participação ComunitáriaPARQUE POPULAR DA PEDREIRA
3C Arquitetura e Urbanismo - www.3c.arq.br - [email protected] - 51 33122497Autores: arqs. Tiago Holzmann da Silva, Leonardo Marques Hortencio, Alexandre Pereira Santos, Leonardo D. Poletti, Paula Lopes. Colaboradores: arq. Júlio Celso Vargas, acads. Angélica Magrini Rigo, Lucas Valli, Paula Motta
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
02Proposta GlobalPARQUE POPULAR DA PEDREIRA
Plano Geral de Urbanização de Áreas Socioambientais Fragilizadas: PARQUE POPULAR DA PEDREIRA3C Arquitetura e Urbanismo - www.3c.arq.br - [email protected] - 51 33122497Autores: arqs. Tiago Holzmann da Silva, Leonardo Marques Hortencio, Alexandre Pereira Santos, Leonardo D. Poletti, Paula Lopes. Colaboradores: arq. Júlio Celso Vargas, acads. Angélica Magrini Rigo, Lucas Valli, Paula Motta
03HABITAÇÃO UNIFAMILIAR - As unidades unifamiliares são adaptáveis a diversos arranjos das famílias. Permitem a
complementação do número de cômodos construído inicialmente através da subdivisão do piso superior (já provido de
estrutura para suportar o peso resultante) e da ocupação da faixa destinada a garagem/varanda no piso térreo. Desta
forma, além adaptar-se a realidades diversas nas famílias, permitem a geração de renda com a possibilidade do uso
comercial do térreo.
A forma proposta busca criar um ritmo do conjunto, sem criar uma homogeneidade que submeta as habitações
individuais ao ponto de não poderem ter identidade próprias. Do mesmo modo, criam limite claro da expansão da
habitação, coibindo a favelização do conjunto uma vez que limitam a altura a cumeeira do telhado e já provêem espaço
para expansão internamente.
Em relação à estrutura, as edificações propostas contam com paredes de alvenaria portante de tijolos ou blocos
cerâmicos, com vigamento em concreto armado realizando a amarração e lajes mistas (vigota e tavela). A cobertura de
telhas cerâmicas é apoiada em estrutura de madeira.
Procura-se assim uma solução racionalizada, que em sua execução permita a padronização dos procedimentos e
elementos principais, mesmo que baseada na tecnologia mais conhecida e usual. A utilização da laje mista também
evita o uso de formas para as lajes, que se for acompanhado do reaproveitamento das formas para as vigas consegue
uma enorme economia de recursos e evita grande quantidade de resíduos.
O lote básico utilizado é de 7,45 x 17,5m com 130m². Ele foi adaptado ao desenho urbano ganhando ou perdendo
pequeno percentual de área, mas jamais ultrapassando os limites máximo de 200m² e mínimo de 125m².
HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR - As unidades multifamiliares são dispostas em edificações de quatro pavimentos que
no térreo tenham espaços comerciais, de geração de renda e de uso comunitário. Algumas destas unidades,
concentradas no térreo, são adaptadas a portadores de necessidades especiais e idosos. Os acessos verticais são
propostos em escadas e permitem a posterior instalação de elevadores. Os acessos horizontais – corredores – são
dispostos na face sul dos edifícios, ajudando a proteger os apartamentos das mudanças de temperatura. Os quartos
dos apartamentos privilegiam a orientação norte (com exceção dos apartamentos de três dormitórios), as áreas com
instalações hidráulicas são agrupadas junto aos corredores, facilitando e barateando a manutenção e as salas de estar
permitem a circulação cruzada de ar entre as fachadas, favorecendo enormemente o conforto térmico.
As plantas dos andares têm configurações diferentes, mas mantêm a mesma a modulação estrutural. No térreo, as
unidades comerciais e institucionais ocupam as extremidades, enquanto que apartamentos de um e dois dormitórios
preenchem o restante. No segundo pavimento as unidades de três dormitórios estão nas extremidades e as unidades de
um e dois dormitórios tem a mesma configuração do térreo. Nos outros dois pavimentos, 3º e 4º, as unidades de 3
dormitórios são dispostas na mesma posição de duas unidades de um dormitório dos pavimentos inferiores,
produzindo um mix com as unidades de dois dormitórios.
Todas as unidades têm circulação cruzada de ar na sala de estar, priorizando o conforto térmico e a qualidade do ar
interno. Além disso, as áreas úmidas foram organizadas de forma a otimizar as instalações hidráulicas e facilitando a
manutenção por localizar-se junto aos corredores (circulação condominial) dos andares.HA
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PERSPECTIVA - PRAÇA DO PAC
PERSPECTIVA - HABITAÇÕES MULTI E UNIFAMILIARES
Proposta Habitação de Interesse SocialPARQUE POPULAR DA PEDREIRA
Plano Geral de Urbanização de Áreas Socioambientais Fragilizadas: PARQUE POPULAR DA PEDREIRA3C Arquitetura e Urbanismo - www.3c.arq.br - [email protected] - 51 33122497Autores: arqs. Tiago Holzmann da Silva, Leonardo Marques Hortencio, Alexandre Pereira Santos, Leonardo D. Poletti, Paula Lopes. Colaboradores: arq. Júlio Celso Vargas, acads. Angélica Magrini Rigo, Lucas Valli, Paula Motta
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EQUIPAMENTOS PÚBLICOS SISTEMA VIÁRIO RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
VISTA AÉREA GERAL ACESSO NORTE
DECK DO LAGO MIRANTE - TIROLESA
ÁREA DE ESPORTES
PASSARELA E CICLOVIA
Proposta - Fotomontagens e DiagramasPARQUE POPULAR DA PEDREIRA
Plano Geral de Urbanização de Áreas Socioambientais Fragilizadas: PARQUE POPULAR DA PEDREIRA3C Arquitetura e Urbanismo - www.3c.arq.br - [email protected] - 51 33122497Autores: arqs. Tiago Holzmann da Silva, Leonardo Marques Hortencio, Alexandre Pereira Santos, Leonardo D. Poletti, Paula Lopes. Colaboradores: arq. Júlio Celso Vargas, acads. Angélica Magrini Rigo, Lucas Valli, Paula Motta