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RIOS URBANOS NO BRASIL | A QUESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO HELOISA LOUREIRO ESCUDEIRO ORIENTADORA | MS. MARÍLIA ALDEGHERI DO VAL FAU MACKENZIE | DEZEMBRO | 2012

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rios urbanos no brasil | a questão ambiental e a educação

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RIOS URBANOS NO BRASIL | A QUESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO

HELOISA LOUREIRO ESCUDEIROORIENTADORA | MS. MARÍLIA ALDEGHERI DO VAL

FAU MACKENZIE | DEZEMBRO | 2012

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RIOS URBANOS NO BRASILA QUESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO

ORIENTADORA | MS.MARÍLIA ALDEGHERI DO VAL

ALUNA | HELOISA LOUREIRO ESCUDEIRO

CÓDIGO DE MATRÍCULA | 308.0500-7

TEMA | RIOS URBANOS NO BRASIL: A QUESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO

OBJETO | PARQUE ESCOLA

LOCAL | SANTO ANDRÉ / SP

ATIVIDADE 1 | TFG II / 10º SEMESTRE MATUTINO

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HELOISA LOUREIRO ESCUDEIRO

RIOS URBANOS NO BRASIL: A QUESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO

Entrega final de monografia apresentada à diretoria do curso de graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para obtenção do título de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Professora Mestre Marília Aldegheri do Val.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial aos meus pais, Marcos e Marli Escudeiro, e ao meu irmão, Rodolfo Escudei-ro, por sua compreensão em meus momentos de ausência e por proporcionarem a oportunidade de formar-me arquiteta urbanista.

A Ricardo Dall’Olio, presente até mesmo nas visitas de meus estudos de caso, por seu carinho e atenção.

Aos meus verdadeiros amigos que souberam en-tender a importância deste trabalho em minha vida, com apoio e admiração.

Aos professores que fizeram parte de minha forma-ção profissional e acadêmica ao longo desses cinco anos; em especial a Cristiane Gallinaro, Joan Villà, Mario Durão, Ricardo Medrano, Sami Bussab, Vera Cristina Osse e Volia Regina Costa Kato.

À professora e orientadora Marília Aldegheri do Val, pelo apoio e encorajamento durante a pesqui-sa e conclusão do trabalho, inclusive nos momentos mais frágeis.

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O rio é assim uma estrutura viva, e portanto mutante. É princi-palmente uma estrutura fluida, que pela sua própria natureza se expande e se retrai, no seu próprio ritmo e tempo próprios. Ocupa tanto um leito menor quanto um leito maior, em função do volume sazonal de suas águas. Ao fluir, seu percurso vai ris-cando linhas na paisagem, como um pincel de água desenhando meandros, arcos e curvas, O rio traz o sentido de uma maleabili-dade primordial no desenho da paisagem.

Lucia Maria Sá Antunes Costa

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SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO ........................................................................ 1

2. RIOS ....................................................................................... 2

2.1. O rio e seu ciclo ........................................................... 2

2.2. Os rios e a urbanização ...............................................4

2.3. Evolução urbana às margens dos rios no Brasil ........5

2.4. Os rios urbanos no século XXI ....................................6

3. EVOLUÇÃO URBANA DE SÃO PAULO E OS RIOS ...............10

3.1. Evolução urbana da capital paulistana ..................... 11

3.2. São Paulo e os rios no século XXI ............................. 22

4. A EDUCAÇÃO E O ENSINO DO MEIO AMBIENTE ...............27

4.1. A pedagogia e os sistemas pedagógicos no mundo.27

4.2. A educação no Brasil .................................................29

4.3. Meio ambiente e a educação ambiental ...................31

5. ESTUDOS DE CASO ............................................................. 34

5.1. Beira Rio, Piracicaba/SP ............................................34

5.1.1. Relatório de visita ..................................................... 39

5.1.2. Conclusão ...............................................................41

5.2. Los Angeles River, Los Angeles/EUA ....................... 41

5.3. Don River, Toronto/Canadá ......................................44

5.4. Rio Manzanares, Madri/Espanha .............................46

5.5. Sabina (Parque Escola Arte e Ciência), Santo André,

São Paulo ..............................................................................51

5.5.1. Relatório de visita .................................................. 51

5.5.2. Conclusão .............................................................. 53

5.6. Catavento Cultural, São Paulo/SP ............................ 57

5.6.2. Relatório de visita ..................................................57

5.6.3. Conclusão ..............................................................60

5.7. Academia de Ciências e Artes da California, São Francisco/EUA (1995-2008) ................................................................. 61

6. O OBJETO ............................................................................ 65

6.1. Estudos sobre o território ........................................65

6.1.1. História e Evolução urbana de Santo André ...........66

6.1.2. O Projeto Eixo Tamanduatehy ..............................66

6.1.3. O sítio de projeto ...................................................73

6.2. Uso e programa do edifício ......................................82

6.2.1. Diretrizes gerais .................................................... 82

6.2.2. Objetivos ............................................................... 82

6.2.3. Programa de necessidades ................................... 83

6.3. O projeto ...................................................................85

6.3.1. Memorial de projeto ............................................. 85

6.3.2. Desenhos ...............................................................88

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................103

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................105

9. SITES CONSULTADOS ........................................................108

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INTRODUÇÃO

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Este texto é resultado do Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, desenvolvido ao longo do ano de 2012. Os principais eixos de estudo são relacionados às ques-tões ambientais (em especial colocando a importância das águas) e à educação, a qual se acredita ser fundamental para o entendimento global do ambiente.

É notável a relação estabelecida entre o homem e a água desde os primórdios das civilizações humanas, embora hoje essa relação esteja fragilizada, conforme discursado mais adiante. Há uma relação que vai além da dependência humana desse bem; engloba aspectos históricos, econômicos e sociais.

No primeiro capítulo, “Rios”, o ciclo dos leitos de água foi estudado, relacionando-os ao crescimento das cidades, com a importância des-tes para o desenvolvimento de civilizações como Mesopotâmia e Egi-to. Inicia-se uma abordagem das cidades brasileiras, de maneira espe-cial, retratando, no segundo capítulo, a formação e evolução de São Paulo, “Evolução urbana de São Paulo e os rios”.

A capital paulista foi escolhida para um estudo mais denso devido a suas relações conflituosas, até os dias de hoje, com suas águas, em especial com seus rios. A cidade que iniciou sua formação em um pla-nalto entre cursos de água (Anhangabaú e Tamanduateí), encontra-se atualmente em um impasse devido às constantes inundações e polui-ção desses. São citadas algumas propostas atuais para a reversão da situação existente em São Paulo, a fim de tê-las como referências para os problemas existentes no sítio de projeto.

Partindo-se para o eixo da educação, são abordadas no terceiro ca-pítulo, “A educação e o ensino do meio ambiente”, as teorias peda-

gógicas escolhidas para fundamentar o objeto de projeto e também questões direcionadas à educação ambiental – na qual há o ensino inclusive acerca dos rios. Considerando o objeto de projeto um equi-pamento voltado ao ensino ambiental, o entendimento dos princípios deste para sua correta aplicação é fundamental. A educação é estuda-da partindo do princípio que esta poderá fornecer meios de ensinar a população para solucionar os problemas relacionados às águas e ao ambiente como um todo.

Dessa forma, o capítulo seguinte, “Estudos de caso”, expõe projetos realizados no Brasil e em outros países que evoquem a revitalização de rios e/ou estejam vinculados com a educação. Além desses proje-tos, foram estudados para a realização do objeto proposto programas curriculares de alunos brasileiros do ensino fundamental – público alvo do projeto.

Realizando a conexão entre os elementos estudados nesta pesqui-sa, o objeto proposto é explorado no capítulo seguinte, “O objeto”, trazendo questões relacionadas ao território em que se insere o sítio escolhido, no município de Santo André (estado de São Paulo) e rela-cionadas ao uso e programa do edifício – um parque escola. São ex-postos também os desenhos de projeto e os produtos desenvolvidos ao longo das atividades deste último ano.

Pretende-se com esse projeto trazer a relevância do estudo do meio ambiente para a formação de cidadãos competentes e preocupados com o meio urbano em que vivem; a fim de que estes auxiliem no de-senvolvimento das cidades e nas melhorias dos problemas enfrenta-dos atualmente, em especial os ambientais.

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Rios, por definição, são cursos de água que possuem sua nascente (montante), seu leito e sua foz (jusante). De maneira geral os rios cor-rem em direção a outro rio maior ou podem desembocar diretamen-te no oceano. Podem existir diferentes tamanhos de rios, justamente por isso, existe uma variedade bastante grande de termos (rio, ribei-rão, córrego, canal), todavia a definição permanece muito parecida em todos os casos.

2.1. O rio e seu ciclo

A importância dos rios atinge diversos pontos em um meio ambiente. O meio aquático já é por si só um complexo conjunto biológico com propriedades vegetais, animais, químicas e físicas bastante específi-cas. Os rios também fazem parte do ciclo hidrológico (da água), es-sencial para a preservação da vida em escala global, mais estudado adiante.

Eugene Odum1 (1913-2002) vai além ao falar da definição de um meio aquático, sugerindo que todo e qualquer ser é um meio aquático: “Uma vez que a água é, simultaneamente, tanto uma substância es-sencial como a mais abundante do protoplasma2, poderá afirmar-se que toda a vida é ‘aquática’.”. Entretanto, para o presente trabalho, serão consideradas as definições de ambiente aquático que envolvem a água em meio externo, ou seja, os ambientes de água parada ou

1 Eugene Odum (1913-2002) foi um biólogo norte americano que se es-pecializou nos estudos referentes à ecologia e aos ecossistemas. Sua obra é relevante para este trabalho considerando-se suas pesquisas direcionadas para as questões da água no ambiente e para um entendimento global do que se entende por ecologia.2 Protoplasma é (ainda segundo Odum), a parte viva de uma célula – cresce, divide-se e muda ao longo do desenvolvimento dos seres.

lênticos (lagos, lagoas, charcos e pântanos) e os de água corrente ou léticos (nascentes, ribeirões e rios).

Ainda que as porções terrestres e de água marinha sejam muito maio-res do que as de água doce, a relevância e o papel destas últimas são de muita valia para os seres vivos. (ODUM, 1959)

A água e, consequentemente, um rio é de grande importância para o controle térmico de um ambiente – isso devido às baixas trocas de calor realizadas por esse material. Essa propriedade é válida não so-mente para o meio externo, mas também para o meio aquático pro-priamente dito, onde vivem seres em geral suscetíveis às mudanças bruscas de temperatura.

Outra característica da água é a transparência – necessária para a ma-nutenção da fotossíntese dos vegetais, que, além disso, são respon-sáveis pela geração do oxigênio consumido sob a superfície aquática. Ainda em relação aos gases, deve-se sempre tentar manter a corrente de um rio – fundamental para o processo de aeração dos gases vitais, sais e para a locomoção de alguns pequenos organismos aquáticos.

Não é necessário prolongar-se muito ao afirmar que nos locais mais secos ao redor do mundo, a vida é escassa e, quando existe, prolonga--se com dificuldades. Sem a água (que já é fundamental por si só), há dificuldades em se conseguir alimento tanto de ordem vegetal quanto animal.

O ciclo hidrológico consiste basicamente no ciclo da água em seus di-ferentes estados físicos – sólido (gelo), aquoso e gasoso (vapor).

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Fig. 1 - Este é um mapa de recursos hídricos renováveis de cada país. Quanto mais escuro, mais potencial em água possui o país. (Disponível em: Olhar Geográfico, FONSECA, Fernanda P. et al.. São Paulo: IBEP, 2006, p. 88).

Fig. 2 - Esquema do ciclo hidrológico. É possível compreender através deste como a água se torna um bem renovável. (Montagem realizada pela aluna).

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2.2. Os rios e a urbanização

É o rio que permeia por seu caminho a fertilidade de vastas áreas de terra e que fornece água para o consumo vegetal e animal – neste último inclui-se o consumo humano. Nesse sentido, é relevante citar as proporções de água doce em escala global – 97% são de água salgada e, apenas 3% de água doce. No entanto, apenas 1% de toda a água do mundo é doce e superficial, sendo ainda uma parcela congelada. Des-sa maneira, rios, lagoas, represas e outras concentrações de água são essenciais em seu estado de preservação para que seja possível a sub-sistência de milhares de espécies.

Não é por acaso que ao longo da história, uma série de civilizações tenham se desenvolvido ao longo ou próximas aos cursos hídricos. Na mesma medida, a necessidade de evitar grandes inundações e propi-ciar a evolução dos meios urbanos ocasionou leis e medidas que sus-citassem tais fins.

No imaginário coletivo, figuram predominantemente associados aos mananciais, porém apresentam propriedades outras, como demarcadores de território, produtores de alimentos, corredo-res de circulação de pessoas e de produtos comerciais e indus-triais, corredores de fauna e flora, geradores de energia, espaços livres públicos de convívio e lazer, marcos referenciais de caráter turístico e elementos determinantes de feições geomorfológi-cas. (GORSKI, 2010 , p.31)

O Egito, com o rio Nilo e a antiga Mesopotâmia (meso + potamea = entre rios; atual região do Iraque), através dos rios Tigre e Eufrates constituem as chamadas “civilizações hidráulicas”. O desenvolvimen-to socioeconômico de ambas foi intrinsecamente ligado ao domínio

de técnicas para proveito dos rios; lembrando que as duas regiões possuem climas com longos períodos de estiagem. Historicamente, foi também nessas civilizações em que se deu início à utilização de jardins de ornamentação e contemplação (ao exemplo do escalona-mento dos zigurates babilônicos).

Fig. 3 - Mapa do Egito e suas principais cidades ao longo do Nilo.(Dis-ponível em: <http://historiavivananet.blogspot.com.br/>. Acesso em: 15 ago 2012)

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Fig. 4 - Mapa da Antiga Mesopotâmia - rios Tigre e Eufrates em azul ao centro da imagem. (Disponível em: <http://www.mesopotamia.co.uk/geography/explore/exp_set.html>. Acesso em: 15 ago. 2012)

A partir do desenvolvimento dessas culturas, adotaram-se também mecanismos de armazenamento de águas pluviais para usos públicos e domésticos. Saunas, cisternas, banheiras públicas e uma rede de água com sistemas primários para filtração e limpeza fizeram parte do aprimoramento urbano e tratamento da água na era clássica. A primeira desconexão notável entre o ser humano e a água se deu na Idade Média, quando a busca por outros elementos essenciais, como o fogo, tornou-se essencial.

2.3. Evolução urbana às margens dos rios no Brasil

Muitas cidades brasileiras cresceram ao longo de seus rios, algumas de maneira semelhante, já que no início do desenvolvimento no país, os rios mostravam-se diferenciais – controlavam o território, forne-ciam alimento, poderiam ser utilizados para o transporte de pessoas e bens, já era uma fonte de energia e era também um local para o lazer. (COSTA, 2006).

Ao longo dos anos, com o crescimento desenfreado de diversos nú-cleos urbanos brasileiros, surtiu necessidade de ampliar cada vez mais o sistema viário e sanar questões de drenagem urbana, alterando o rumo do tratamento das áreas ribeirinhas. Dessa forma, muitos dos rios urbanos encontram-se hoje no esquecimento, canalizados sob as ruas e muitas vezes não sendo nem possível saber de sua existência. Quando muito, cruzamos com os rios retificados na superfície, em grande parte das vezes, associados ao sistema viário e não em sua qualidade de rio.

Com o aumento populacional e a necessidade de sanear as cidades, a solução encontrada em muitos locais foi escoar o esgoto por cór-regos, rios e riachos: as margens tornaram-se locais insalubres, inde-sejados por parte da população. No entanto, estes locais passaram a ser ocupados por habitações irregulares, agravando a situação das bordas – tornou-se, além de ambiental, um problema social.

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Fig. 5 e 6 - Imagens do Rio Capibaribe, em Recife. A primeira, uma pin-tura de Mauro Mota, de 1952 (Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/). Já a segunda, um trecho das margens do mesmo rio em 2009 (Disponível em: <http://blogdoisead.blogspot.com.br/>. Acesso em: 15 ago. 2012).

Assim como Recife, diversas cidades brasileiras enfrentam situações como essas. Para o entendimento de como essas questões aconte-ceram e acontecem em meio às cidades brasileiras, será apresentado mais adiante o estudo do município de São Paulo, que embora seja em alguns aspectos singular, é também um importante exemplo da evolução com que rios e áreas ribeirinhas foram tratados ao longo do desenvolvimento urbano de cidades brasileiras.

2.4. Os rios urbanos no século XXI

O rio é uma referência de lugar e de espaço, integra a iden-tidade de um povo. Quando ele está perdido, como no nos-so caso, é uma ausência importante [...] Há quem cruze o Tietê quatro vezes ao dia sem se dar conta. (SEABRA apud GORSKI, 2010)

Além dessas questões, o que se percebe hoje é a importância do rio como um corredor biológico – de fauna e flora; também nota-se que o rio é um espaço público que pode abranger atividades coletivas de uma determinada cidade. (COSTA, 2006)

Entretanto, ainda que as questões acima sejam pertinentes, o que se observa é uma ocupação predatória do rio e de suas margens. Comu-mente as habitações nessas áreas são irregulares e mostram-se em condições precárias. Há também a questão de que, por conta do de-senvolvimento urbano, muitos desses rios tornaram-se verdadeiros esgotos a céu aberto.

Outra questão é que tantas canalizações e retificações somente alte-raram a matriz do problema, em especial quando se trata da drena-gem. Sem os meandros naturais, as águas dos rios passam a correr em

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maior velocidade, o que agrava as jusantes – em geral, as áreas mais atingidas por enchentes. (BRITTO; SILVA apud COSTA, 2006, p. 17)

Fig. 7 e 8 - Imagens que exemplificam uma retificação com perda dos meandros do rio. (Disponível em: <http://www.pm.al.gov.br/intra/do-wnloads/bc_meio_ambiente/meio_03.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2012)

Talvez, o que agrave ainda mais a situação hoje dos rios urbanos bra-sileiros (e de muitos outros lugares no mundo), é uma questão que vai além do urbano ou do ambiental: o problema é também social. A ocupação irregular em áreas de mananciais é um notável fator de discussão, visto que atinge diretamente um importante recurso – a água. Tal como apontado por numerosos estudos urbanísticos, a ca-rência de políticas públicas de habitação social e a expansão urbana de caráter extensivo, sem qualquer tipo de controle, acarretaram no deslocamento das populações de mais baixa renda a essas áreas que, sem infraestrutura, acabaram por ser degradadas a partir da década de 1970. (ITIKAWA, 2008). Hoje, seguindo um longo percurso desde a década de 1970, as regulamentações ambientais e urbanas sobre as áreas envoltórias dos mananciais colocam em pauta desafios de regu-larização da ocupação urbana e de incentivos aos usos turísticos e de lazer ecologicamente viáveis e sustentáveis.

Fig. 9 - Imagem da favela Alba, na Zona Sul de São Paulo: habitações irregulares à beira de córrego e os edifícios ao fundo - a discussão da cidade formal X informal. (Imagem de Cesar Diniz, 2005)

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Fig. 10, 11, 12 e 13 - O projeto IBA Emscher, na Alemanha, mostra a re-vitalização de áreas industriais (de carvão e aço) ao longo do rio Ems-cher, região de Ruhrgebiet. Um dos principais intuitos do projeto, além de reestabelecer as bordas dos rios, foi a busca pelo resgate da identidade local, estabelecendo atividades culturais - imagem do Ga-someter (primeira acima) - e espaços de lazer. (Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/636>. Aces-so em: 15 ago. 2012)

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O que também se estuda hoje é como retomar a presença do rio na paisagem urbana, visto que a cumplicidade entre rio e cidade é indis-pensável para a qualidade dos próprios indivíduos. Ainda que grande parcela dos recursos de reversão da atual situação dos leitos de água seja artificial, é necessário verificar as opções de melhorias. Segundo Costa:

Já sabemos da importância da água desenhando a paisa-gem, em suas diversas escalas. Neste contexto, a compre-ensão do papel dos cursos d’água é de fundamental im-portância. Os rios, córregos e riachos são os caminhos das águas doces que buscam um nível mais baixo de repouso. E desta forma vão desenhando seu percurso em linha ao sabor da topografia, conectando montanhas e planícies, florestas e mares, conectando enfim diferentes fisiono-mias paisagísticas. (2006, p. 11)

Exemplificando as questões apontadas até esse momento, será apre-sentado no capítulo seguinte o estudo da evolução urbana de São Paulo e como sua atual dinâmica se encontra próxima aos cursos de água.

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“...No extremo de uma paisagem infinita, acidentada com a elevação das colinas e o leito das aveludadas planícies, viam-se transparecer por entre as verduras, as torres das igrejas e as paredes alvas das habitações da cidade de São Paulo, reclinada aos pés do rio Tamanduateí e do ribeirão Anhangabaú, envolta ainda nesse manto de ligeiros vapo-res com que a natureza desperta de seu sono nas primeiras horas da manhã” (ZALUAR apud KAHTOUNI, 2004)

É dessa maneira que Augusto Emilio Zaluar3 descreve a imagem da pai-sagem que observou ao chegar em São Paulo, em seu livro Peregrina-ção pela província da São Paulo (1860-1861). São Paulo desenvolveu-se primordialmente entre os rios Anhangabaú (Hinhangabahú) e Taman-duateí (Tamanduatehy ou Tamanduatiy), em uma colina que foi marca-da pelo triângulo histórico; constituído pelas ruas Direita (Rua Direita de Santo Antonio), 15 de Novembro (Rua do Rosário) e São Bento (Rua Direita de São Bento). Abaixo segue a imagem de satélite do triângulo atualmente (Fig. 14).

3 Augusto Emilio Zaluar (1826-1882) foi um escritor e jornalista portu-guês que chegou ao Brasil no ano de 1850, onde viveu até o fim de sua vida.

Dessa maneira, o intuito de estudar São Paulo em relação aos rios é de apontar as contribuições (positivas ou não), que estes mantiveram ao longo dos anos para a evolução urbana dessa que hoje é uma das megalópoles globais.

Fig. 15 - Da esquerda para a direita: Campanário da Igreja do Colégio, torre da Igreja do Rosário, Igreja Matriz, torre da Igreja do Carmo e Igreja de São Francisco. Desenhos de Francisco Borges Filho. (TOLE-DO, 1983, p. 27)

Catedral da Sé

Mosteiro de São Francisco

Pátio do Colégio

Mosteiro de São Bento

Vale Anhangabaú

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3.1. Evolução urbana da capital paulistana

São Paulo desenvolveu-se à colina entre os rios já citados por diversas razões. Conforme explicado anteriormente, diversas civilizações tive-ram seu início vinculado à fertilidade e importância das águas como fornecedora e mantenedora de um meio ambiente saudável e fértil. Não foi diferente com São Paulo, ao início de sua formação, na década de 1550, ainda na era colonial. Ainda que nesse momento, a vizinha Santo André da Borda do Campo (também às margens do Tamandua-teí) fosse detentora de maior importância dentro da Capitania de São Vicente, aos poucos, por determinação de administradores e religio-sos, São Paulo4 passou a ser o centro da capitania. Além das águas, o topo onde teve início a formação urbana era também estratégico do ponto de vista de segurança, com um desnível de aproximadamente trinta metros em relação aos cursos de água mais próximos.

A essa época, todas as construções paulistanas eram feitas em bar-ro, tanto suas paredes em taipa de pilão, quanto suas telhas. TOLEDO (1983) coloca a importância que o Padre Afonso Brás adquire nesse momento, chamando-o de “primeiro arquiteto paulista”. Afonso Brás fez amplo uso das técnicas de taipa, as quais desconhecia em seu país de origem (Portugal), onde fazia o uso essencial de pedra. Chamavam atenção também as torres das igrejas que eram erguidas – São Bento, Convento da Luz e Convento do Carmo:

No século XVIII, as construções novas em templos, senão sua total reconstrução, chegam a dezoito, das quais dezes-seis no ‘triângulo’. Não é de se admirar que os primeiros

4 Inicialmente, São Paulo era chamada de Piratininga (pira = peixe + tininga = seco), em remissão aos peixes que ficavam fora das águas do Tamanduateí às inundações.

viajantes do século XIX como Pallière chamassem a aten-ção para a quantidade de torres que pontilhavam o perfil da cidade visto de longe. (TOLEDO, 1983, p. 16)

Fig. 16 - Perfil topográfico da cidade de São Paulo que indica sua pri-meira conformação entre o Anhangabaú (ao centro) e o Tamanduateí (à direita). Desenhos de João Soukup. (Disponível em: <http://flanela-paulistana.com/2009/12/desenhando/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

Em se tratando dos rios, em meados do século XVIII já existem registros de que embarcações e canoas realizavam o transporte de mercadorias do Tietê até terras do Mato Grosso (Matto Grosso) e para regiões do Sul, como a Colônia de Sacramento. Além disso, algumas moradias possuíam seus muros de quintal nos limites de várzea, o que facilitava o acesso das lavadeiras e daqueles que possuíam pequenas embarcações.

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A água de qualidade para consumo também foi fator importante para o desenvolvimento da cidade – a ver pelos chafarizes que foram insta-lados em São Paulo a partir de 1744, ano em que foi construído o cha-fariz de São Francisco. Os chafarizes eram responsáveis por, além de fornecer água potável à população, ser um ponto de convívio social. Os chafarizes eram referências para caminhos, instituições religiosas e em alguns momentos até para eventos da sociedade.

Fig. 17 - Vista para a colina história, detalhe para os animais de criação e a senhora à frente lavando suas roubas à Várzea do Carmo - foto de Militão Augusto de Azevedo. (TOLEDO, 1983, p. 37)

Fig. 18 - Foto de autoria de Militão Augusto de Azevedo que mostra o Rio Tamanduateí antes da primeira retificação. (TOLEDO, 1983, p. 47)

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Bernardo José Maria de Lorena, administrador de São Paulo ao final do século XVIII, veio ao país acompanhado por uma equipe do Real Corpo de Engenheiros de Portugal, a fim de realizar um levantamento de limites das terras brasileiras. Entretanto, não tendo se concluído tal missão, esse grupo de funcionários foi responsável por outras ações, encomendadas e pensadas pelo próprio Lorena. A primeira delas foi uma das principais estradas para tropeiros, a qual ligava São Paulo a São Bernardo e Cubatão (“caminho do mar”). Posteriormente, o gru-po realizou o primeiro levantamento do município, com a inserção de coordenadas e cotas de nível que auxiliaram a compreender melhor a localização da colina em meio às várzeas alagáveis, foi o Plano Topo-gráfico da Cidade.

O momento de realização desse Plano coincide com o início de um incômodo com as áreas alagáveis da cidade, que passaram a ser não somente barreiras naturais físicas, mas também barreiras para a ex-pansão da cidade. A princípio, Lorena passa a promover a construção de pontes para facilitar a transposição entre as margens dos leitos maiores. Já no século XIX, São Paulo possuía três principais pontes5, todas estruturadas em pedra. Uma delas era sobre o rio Tamanduateí; a ponte do Ferrão ou do Carmo (também acesso à estrada para o Rio de Janeiro), as outras duas cruzavam o leito do Anhangabaú; a ponte de Lorena e a de Santa Ifigênia, esta última, segundo textos da época, com aproximadamente cem metros de extensão era a que mais cha-mava a atenção.

5 Embora existam registros de pontes em São Paulo desde o século XVI, estas eram estruturadas em madeira roliça, o que por muito tempo im-possibilitou o trânsito de cargas. A primeira ponte em pedra realizada na ci-dade data de 1786 sobre o ribeirão Acu, afluente do Anhangabaú. (KAHTOU-NI, 2004)

Fig. 19 - Ponte de Santa Ifigência, aquarela do francês Jean-Baptiste Debret. (TOLEDO, 1983, p. 28)

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Fig. 20 - Operários na construção do Viaduto de Santa Ifigência, em 1910. (Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

Às margens do Tamanduateí estabeleceu-se, informalmente, o Mercado Municipal (também chamado de “mercado caipira”), em local de fácil acesso à população de paulistana e aos tropeiros, que muitas vezes se alojavam ao redor do centro comercial em suas paradas pela cidade. Finalmente, em 1860, após a primeira retificação desse rio, ocorrida em 1848, foi construído o primeiro edifício destina-do ao Mercado, embora este ainda fosse bastante suscetível às inun-

dações. (TOLEDO, 1983).

À mesma época realizou-se um dos feitos mais relevantes para a história de São Paulo. A estrada de ferro interligando a capital ao litoral e ao interior modificou a dinâmica de maneira singular. Produ-tos importados passaram a chegar à cidade diretamente do porto, al-terando a maneira de se vestir e se alimentar da população. A cidade, uma vez de taipa, passa a representar as construções europeias, em especial as francesas. Simultaneamente, a capital passou a utilizar os recentes bondes em seu transporte público.

Fig.21 - Fotografia de Guilherme Gaensly durante as obras da Estação da Luz, em 1899. (Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

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A partir desse momento, a expansão de São Paulo seria inevitável – ao redor do centro iniciou-se um processo de loteamento de terras. Em vista desse fato, em 1876 foi redigido o “Código de Posturas da Câmara Municipal de São Paulo”, o qual determinava dimensões de leitos viários e estipulava como deveriam ser desenhados os lotes. Os principais limites, muitas vezes, eram determinados pelos rios, cursos d’água ou outros acidentes naturais e, foi assim que se constituíram alguns bairros como o Ipiranga (entre o ribeirão do Ipiranga e o rio Tamanduateí) e a Vila Prudente (próximo ao rio da Mooca); ainda que estes não fossem localizados exatamente na área central, foram bair-ros intrinsecamente ligados às águas e à linha férrea. Eram previstas multas aos cidadãos que de alguma maneira causassem danos à vege-tação da cidade e, referindo-se aos mananciais, além de uma multa, o infrator poderia ser levado à prisão por até dez dias.

As principais estradas que ligavam São Paulo a outras cidades também seguiram as margens dos rios. Haviam três principais caminhos, um margeando o rio Tamanduateí e o Anhangabaú; outro seguindo bei-ra o Anhangabaú, seu afluente Saracura e atingia as proximidades da atual Avenida Brigadeiro Santo Antonio; e o último que fazia o trajeto desde a várzea do Pinheiros na região oeste e chegada ao Anhanga-baú (atual Rua da Consolação). Além desses caminhos, outras trans-formações urbanas ocorreram na capital. A Ilha dos Amores foi uma delas e é remetida à presidência de João Teodoro Xavier (presidente de São Paulo entre 1872 e 1875). A Ilha era um dos passeios da época e chamava a atenção pelo ambiente melancólico da paisagem natural, na várzea do Carmo; seus visitantes podiam apreciar o entorno e inclu-sive banhar-se nas águas. (TOLEDO,1983). Fig. 22, 23 e 24 - Cartão postal da Ilha dos Amores e sua tabela de pre-

ços por uso. (Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

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Ao final do século XIX, foi inaugurado o Viaduto do Chá, realizando a principal conexão entre o centro antigo e a nova São Paulo, cruzando o Anhangabaú. A cidade de taipa passou aos poucos à cidade de tijo-lo, contanto com jovens arquitetos europeus como Octaviano Pereira Mendes (1856-1917) e Francisco Ramos de Azevedo (1851-1928). Após a virada do século, em 1910, iniciaram-se outras mudanças; a come-çar pelo projeto “Grandes Avenidas”, que propulsionou uma série de ações voltadas ao transporte na cidade. Estabeleceu-se o Parque do Anhangabaú, o novo Viaduto do Chá e a Praça do Patriarca – ainda que, de maneira geral, os espaços públicos se mantivessem ligados a instituições religiosas. Algumas destas obras fizeram parte do chama-do “Plano Bouvard”, do francês Joseph-Antoine Bouvard (1840-1920), como é o caso do Parque Dom Pedro II, localizado na Várzea do Car-mo, às margens do Tamanduateí. O projeto, que nunca foi concluído em totalidade, trouxe a criação de um lago (aproveitando-se do alar-gamento do rio nesse local), com áreas para recreação de todas as fai-xas etárias e com uma vista que proporcionava a admiração da colina histórica e outros pontos relevantes, como Santa Ifigênia e o Pico do Jaraguá; tudo no intuito de tornar essa área que possuía problemas de ordem sanitária em um espaço de convívio social.

Entretanto, a infraestrutura urbana (tratamento de esgoto, forne-cimento de energia, transporte, correios, etc) não seguiu o mesmo desenvolvimento apresentado na busca por espaços públicos compe-tentes, o que levou a expansão da cidade para outros níveis:

A falta de transportes, a angustiante deficiência dos ser-viços de telefones e correios desestimulou a criação de centros alternativos para a expansão do centro comercial.

Dessa forma, um a um, os belos edifícios da metrópole do café foram demolidos para ceder lugar a edifícios onde houvesse maior aproveitamento do solo. Em São Paulo, construía-se ‘em cima’ em vez de se construir ‘ao lado’. Era a terceira cidade que surgia em um século. (TOLEDO, 1983, p. 105)

Com o crescimento da cidade e expansão urbana, os paulistanos pas-saram a enfrentar um problema que se agravava com o passar dos anos: o abastecimento de água. Inicialmente, aproveitando-se da gravidade, chafarizes e valas eram utilizados, embora sofressem com constantes secas e, no caso dos chafarizes, seu funcionamento pas-sou a acontecer em horários restritos. São Paulo apresentava proble-mas de fornecimento de águas próprias à população desde a segun-da metade do século XIX, principalmente pelos níveis de poluição do Tamanduateí, que já eram elevados. Ainda assim, em 1848 ocorreu a primeira retificação de seu leito, a fim de controlar as enchentes que avançavam o território urbano – o que, todavia impediu parte da na-vegação no rio.

Concomitantemente, surgiram na cidade ideais de higienização e con-trole sanitário. Áreas de várzea passaram a ser consideradas insalubres e indesejáveis. Dessa maneira, foram instaladas indústrias (principal-mente cerâmicas) ao longo de áreas alagáveis, as quais se aproveita-vam dos recursos encontrados em seus locais de implantação.

Registros de 1852 indicam que nesse momento o Anhangabaú passou a ser utilizado para dispersar dejetos de matadouros e, apesar de es-forços em reverter a situação em que se encontravam as águas nes-se momento, diversas tentativas falharam e os dejetos só se fizeram aumentar. (KAHTOUNI, 2004). Solucionando parte da questão, foi

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consolidada a Companhia Cantareira, em 1877. A partir de então, al-gumas edificações receberam abastecimento individual e São Paulo contava com uma das maiores redes de água do Brasil. A seguir, em 1888, iniciaram-se as atividades da Companhia Paulista de Eletricidade que aos poucos passou a distribuir energia para a população. Alguns anos depois, em 1893, iniciou-se o primeiro processo de saneamento do Anhangabaú, seguido por parte de sua canalização subterrânea e pelos primeiros estudos de retificação do Tietê. Quanto aos chafari-zes, a maior parte havia sido desativada e, em 1894 teria início a cons-trução do reservatório da Avenida Paulista.

Fig. 25 - Cartão postal do Rio Tamanduateí, início dos anos de 1900. (Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

A seguir, as principais mudanças na paisagem das águas em São Pau-lo seriam a criação da represa de Guarapiranga a partir das águas do Tietê (1906), as retificações do Tietê (de 1937 à década de 1960) e do Pinheiros (finalizada na década de 1940) e a construção de um túnel sobre a canalização do rio Anhangabaú. A partir do momento em que foram sendo retificados os rios, as atividades extrativistas de areia foram perdendo sua importância e a proximidade com a linha férrea automaticamente trouxe a atividade industrial às várzeas, em especial no Tamanduateí e empresas ligadas à transmissão de energia no Pi-nheiros. A partir da década de 1960 os eixos dos rios foram adotados como irradiadores do transporte e passagem de fluxos – o terminal do Tietê foi implantado em 1968, e posteriormente viriam as vias margi-nais – o que resultaria em parte da paisagem hoje encontrada à beira dos rios paulistanos.

Fig. 26 - Várzea do Pinheiros já com linha férrea - início do século XX. (Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

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Fig. 27 - Mapa de 1810 mos-trando a urbanização entre o Tamanduateí e o Anhanga-baú. (Imagem do acervo da Prefeitura Municipal de São Paulo)

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Fig. 28 - Mapa de 1842 que já indica as principais estra-das da cidade (em traçado mais escuro) e a expansão urbana para regiões como o Ipranga e a Mooca. (Ima-gem do acervo da Prefeitura Municipal de São Paulo)

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Fig. 30 - Conforma-ção da cidade de São paulo ao ano de 1897. (Imagem do acervo da Pre-feitura Municipal de São Paulo)

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Fig. 31 e 31 - Alagamentos em São Paulo: a primeira imagem registra o Córrego Ipiranga na Avenida Ricardo Jafet, em fevereiro de 2011; já a segunda apresenta a região da Avenida Francisco Matarazzo, na Pompéia, após chuva no mesmo período. (Disponível em: <http://cida-dedesaopaulo.wordpress.com>. Acesso em: 15 ago. 2012)

3.2. São Paulo e os rios no século XXI

O acelerado ritmo do crescimento da metrópole, não foi acompanha-do, no entanto pela gestão de saneamento, drenagem e tratamento de água – a impermeabilização crescente de vias e lotes ocasionou em uma velocidade de vazão das águas pluviais cada vez maior. A intensi-dade com que passaram a ocorrer enchentes e inundações no municí-pio iniciou uma preocupação constante nas ações urbanas; ainda que as medidas de solução adotadas possuíssem caráter funcional – sem levar em consideração fatores ambientais ou leitos originais de rios e córregos.

O abastecimento da cidade com águas de boa qualidade era difícil e urgente, o despejo de efluentes domésticos ou industriais diretamente nos rios e córregos era comum, de forma que as áreas úmidas se tornavam focos de doenças e, deste modo, a população apoiava as obras de drenagem das várzeas, retificação e canalização dos rios e córregos, transformando-os em canais. (BROCANELI, 2007, p. 177).

A ausência de um tratamento de esgoto eficiente e o aumento dos re-síduos sólidos urbanos tornaram as áreas de várzea, espaços de des-valorização, procurados por aqueles sem alternativas para moradia. Surgiram os primeiros aglomerados urbanos irregulares ao longo de córregos e ribeirões, os quais, sem tratamento de água ou esgoto so-mente agravaram mais a situação em que se encontravam as águas da cidade. Além de ambiental, a questão passou a se tornar problemática também do ponto de vista social. (KAHTOUNI, 2004).

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Fig. 33 e 34 - Comparativo entre uma fotografia do rio Cabuçu de Baixo no início do século XX e hoje, uma galeria subterrânea. (Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

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Outra questão decorrente do tratamento dado às várzeas e às áreas verdes da cidade, envolve os microclimas urbanos. Climas são deter-minados por diversos fatores, como morfologia do terreno, orienta-ção, exposição e altitude que colaboram para a alteração de radiação solar, sentido dos ventos, temperaturas e umidade. Microclimas são, portanto, áreas que, influenciadas de maneira mais específica, den-tro de um clima – podem ser ruas, bairros ou cidades. (HERTZ, 1998). O que tem acontecido, todavia, decorrente do crescimento urbano descontrolado, é um desequilíbrio climático ao redor das construções. Em vista da grande concentração de edifícios nas cidades contempo-râneas, pode-se dizer que a situação é agravada.

Nesse contexto, as ilhas de calor são alguns dos fenômenos mais no-tados na capital paulista. A discussão a cerca das ilhas de calor urba-nas é ampla. A abundância de materiais e suas intensas concentrações são as principais causas desse calor pontual nas cidades. Em São Pau-lo, outro motivo responsável pelo aumento da temperatura em áreas pontuais se dá pela carência de respiros no município – áreas verdes, de maneira especial. O aumento do calor traz consequências além do aumento ou redução da temperatura – provoca inclusive um acrésci-mo nas precipitações e altera também o regime de ventos de deter-minado local. Os mapas abaixo mostram a atual cobertura vegetal e a média de temperatura registradas pelo Atlas Ambiental de São Paulo. (Secretaria do Verde e do Meio Ambiente). Mesmo nas áreas próximas a leitos de rios ou córregos, a massa edificada e a ausência de cobertu-ra vegetal ocasiona em uma temperatura média que beira os 32ºC em áreas como a várzea do Tamanduateí, entre Mooca e Ipiranga.

Fig. 35 - Mapa parcial de São Pauloindicando em vermelho os pontos de alagamentos mais frequentes no município e em verde as áreas de várzea. (Disponível em: <http://atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br>. Acesso em: 20 set.2012)

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Fig. 36 - Mapa indicativo das áreas vegetadas de São Paulo (à esquerda), sendo que quanto mais vermelha a mancha, menos árvores existem. Já o comparativo acima mosta no mapa à direita as temperaturas no município. Dessa forma, é possível ver com clareza que quanto menos árvores, maior a temperatura do mi-croclima. (Disponível em: <http://atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br>. Acesso em: 20 set.2012)

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Há alguns anos, todavia, gestões municipais e estaduais iniciaram es-tudos e programas no intuito de, em especial, reduzir e amenizar as inundações no município. Adotando referências internacionais, São Paulo vem participando de eventos para a discussão de questões am-bientais e urbanas, a exemplo do Global Design Cities Organization Committee Meeting, em Seul (Coréia do Sul), no ano de 2011. Com o projeto implementado ao longo das margens do rio Cheonggyeche-on, o centro econômico sul coreano entrou nas discussões globais de como reestruturar um rio urbano. O rio encontrava-se, até meados dos anos 2000, praticamente seco e suas águas passavam despercebidas pela cidade, tamponadas por uma autoestrada. Após a organização de um comitê, elaborou-se o projeto. Hoje, após o término do projeto, o rio passa por Seul praticamente 100% despoluído e as melhorias em seu entorno proporcionaram a redução de até 3,6ºC, atraindo popula-ção da cidade para o convívio às margens de seu leito.

Existem ainda movimentos da sociedade paulistana, a exemplo do São Paulo 2022, composto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Escola da Cidade, pelo Instituto Arapyaú6, pelo Instituto Ethos7, pelo Instituto Socioambiental8 e pela Rede Nossa São Paulo9, que busca soluções para as questões emblemáticas da capital paulista a fim de tornar a cidade um lugar melhor ao ano de 2022.

6 Organização não governamental (ONG) atuante na educação e no desenvolvimento sustentável.7 ONG que promove a sociabilidade empresarial.8 ONG que atua em soluções socio ambientais para problemas os meios coletivos.9 ONG que atua na mobilização da sociedade em prol de ações públi-co-privadas.

Um dos itens por várias vezes citado no plano do São Paulo 2022 é a educação – inclusive ambiental. Dessa forma, o próximo capítulo irá realizar a exposição de como a educação pode auxiliar na solução dos problemas hoje enfrentados pelas cidades.

Fig. 37 e 38 - Comparativo antes e depois dos projetos em Seul. (Dis-ponível em: <http://www.ufrgs.br/arroiodiluvio/a-bacia-hidrografica/imagens-de-seul>. Acesso em: 20 set.2012)

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A EDUCAÇÃO E O ENSINO DO MEIO AMBIENTE

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4.1. A pedagogia e os sistemas pedagógicos no mundo

Ao longo da história humana, a questão da educação se desenvolveu em muitos aspectos. Notou-se a necessidade de organizar o ensino para que, em suma, fossem obtidos bons resultados – especialmente quando se trata do ensino infantil.

A origem etimológica da palavra educação – “trazer à luz a ideia”, “conduzir para fora” –, ou seja, dar a possi-bilidade de expressão de conteúdos internos individual e socialmente construídos, desmistifica o caráter impositivo e unilateral que se possa dar ao processo educativo. (KO-WALTOWSKI, 2011)

Ainda que o homem sempre tenha passado seus conhecimentos de geração em geração, a formalização do ensino possibilitou um pro-cesso contínuo de evolução. Hoje, além da transmissão de saberes, espera-se que a escola consiga transmitir aos alunos os valores morais de uma determinada sociedade.

A fim de abranger as diversidades e complexidades sociais, os siste-mas pedagógicos foram se desenvolvendo diretamente ligados às questões políticas, econômicas e culturais dos países. Além desses, outros fatores colaboraram para a expansão do ensino, como a espe-cialização e consequente divisão de trabalho nas instituições de ensi-no.

O primeiro registro oficial de um programa organizado de escolariza-ção universal foi realizado pelo tcheco Jan Amos Komenský (Come-nius) (1592-1670), no qual a escola elementar (básica) deveria aten-der a todas as parcelas da sociedade – homens e mulheres, ricos ou

pobres. Para um ensino superior, seriam selecionados aqueles mais aptos. Além de sua teoria do ensino, Comenius concluiu também que para uma melhor eficiência, o ambiente escolar deveria seguir alguns parâmetros físicos – de conforto, estética -, e outros de ordem senso-rial, a fim de sensibilizar os estudantes. O tripé básico explorado pelo tcheco era formado por compreensão, retenção e prática. (KOWAL-TOWSKI, 2011).

Anos à frente, Jean-Jacques Rousseau10 (1712-1778), teorizou também sobre as questões do ensino. Apesar de não ter sido um pedagogo tampouco um educador, o suíço desenvolveu seu pensamento em torno da expressão o homem é bom por natureza, mas uma educação equivocada o perverte. Rousseau baseava em ideais de dependência moral e intelectual dos indivíduos, em uma educação natural, à qual cabia inclusive estimular emocionalmente e institivamente o homem. O entendimento do indivíduo em crescimento considera todos como seres aptos ao aprendizado, com ideias e interesses próprios – além dos aspectos intrinsecamente ligados a cada uma das fases da vida – cada criança em seu tempo e personalidade. Para Rousseau, o profes-sor não deveria impor vontades ou conhecimentos; deveria ser orien-tador de um indivíduo que deve crescer naturalmente.

Paralelamente, o também suíço, Johann Heinrich Pestallozzi (1746-1827), foi um dos pioneiros de uma reforma educacional, a qual pro-movia a educação pública como fundamental no desenvolvimento pe-dagógico. Para Johann, toda e qualquer criança deveria ter o direito de estudar e apreender. As aulas deveriam ser ministradas em período

10 Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi filósofo, teórico, político e es-critor suíço comumente ligado ao Iluminismo francês. São poucas as vezes que seu nome é ligado à pedagogia.

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integral, com algumas brechas para atividades externas. Pestallozzi acreditava que estudo de punições e recompensas aos alunos eram primordiais para que houvesse o aprimoramento individual e social de cada um. A fim de fundamentar suas teorias, juntamente com alguns colaboradores, Johann elaborou material didático para professores e profissionais ligados ao ensino para a instrução e preparação dos mes-mos.

Foi nessa mesma época que houve o incentivo ao ensino infantil nas escolas, principalmente com a expansão dos ideais iluministas. Outra questão que impulsionou as escolas foi a necessidade de qualificação de mão de obra, já que nessa mesma época, em especial a Europa, passava por transformações decorrentes da 1ª Revolução Industrial.

Segundo Kowaltowski (2011), pode-se dizer que o educador de maior destaque no período da Revolução Industrial foi o alemão Friedrich Froebel (1782-1852), que inclusive trabalhou com Pestallozzi. A nota-bilidade de Froebel é decorrente principalmente do vínculo proposto por ele entre brinquedos e a educação infantil – a liberdade e a ativi-dade. Além de desenvolver equipamentos e métodos específicos de ensino, o pedagogo alemão associou sentidos e reações físicas huma-nas; a memória, a percepção, o raciocínio e o controle dos músculos, nervos e órgãos; todos analisados de acordo com cada faixa etária (infância, meninice, puberdade, mocidade e maturidade). As ativida-des realizadas com as crianças nas escolas de Froebel fazem uso de diversos tipos de materiais, a fim de aprimorar sensibilidade e menta-lidade – os mais conhecidos são os “Froebel Blocks”.

Fig. 39 - A adaptação atual dos “Froebel Blocks” (Disponível em: <http://www.froebelblo-cks.com/>. Acesso em: 20 set. 2012)

Já no final do século XIX para o início do XX, John Dewey (1859-1952), filósofo e pedagogo norte-americano, trouxe à pedagogia seus novos estudos. Dewey criou uma escola, “Escola Nova” ou a “Escola Progres-sista”, a fim de embasar sua contestação aos tradicionais métodos de ensino, voltados à intelectualidade e à memorização. A educação é colocada por Dewey como fundamental – é aquela que proporcionará à criança meios de solucionar seus próprios problemas no futuro. Por essa razão, boa parte das atividades aplicadas em aula nessa na “Esco-la Nova” era manual e exigia colaboração em equipes para execução das tarefas.

Já o construtivismo sugerido por Jean Piaget (1896-1980), focou-se no desenvolvimento da criança em etapas distintas e propôs relações diretas entre pedagogia e psicologia. Nas escolas construtivistas, os indivíduos devem fundamentalmente “interagir” – seja com objetos, com o meio ou com as pessoas. Piaget será estudado mais adiante, juntamente com seu sistema pedagógico.

Posteriormente, Rudolf Steiner (1861-1925) e a pedagogia Waldorf

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trouxeram outras mudanças nas questões educacionais, a partir da fundamentação antroposófica. Steiner apresentou ideais de como as escolas não deveriam possuir vínculos lucrativos e deveriam manter estreitos os laços governamentais.

Na Itália, a educadora Maria Montessori (1870-1952) elaborou também uma pedagogia que relaciona corpo e espírito, em atividades nas quais deve ser favorecida a maior liberdade possível às crianças. Montessori apresentou ainda uma série de brinquedos, jogos e objetos que auxi-liam no desenvolvimento dos alunos em sala de aula, sensibilizando--os na fase autodidata das crianças. Utilizado até hoje na educação infantil, o “Material Dourado” (Fig. X.X), auxilia nos primeiros anos no aprimoramento da lógica matemática, por exemplo. A italiana partiu da liberdade em seu sistema pedagógico e da cooperação que deve existir entre os indivíduos, que pouco dependem do que é imposto pelos professores.

Fig. 40 - O “Material Doura-do”, de Maria Montessori. (Disponível em: <http://en-sineseubebe.blogspot.com.br>. Acesso em 20 set. 2012)

Henri Wallon (1879-1962) elaborou seus pensamentos a cerca do en-sino baseado nas questões psíquicas humanas, em especial, infantil. Wallon propõe a educação não de forma linear, mas de maneira rela-cionada às diferentes fases do crescimento – é um entender orgânico da educação. Kowaltowski (2011) coloca que Henri Wallon manteve-se entre as teorias de Jean Piaget e Freud11, entendendo que o aprendi-zado relaciona-se diretamente com o meio e adotando o método da observação pura proposto por Freud.

Existiram ainda diversos outros estudiosos da pedagogia de notável importância, como Vysgotsky (1896-1934), Célestin Freinet (1896-1966), Alexander Sutherland Neill (1883-1973), Anton Makarenko (1888-1939), Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) ou até mesmo os pais da cidade italiana Reggio Emilio, entretanto, para fundamentação deste trabalho serão utilizados essencialmente os pedagogos ante-riormente citados, adicionados aos conceitos desenvolvidos por Aní-sio Teixeira, no Brasil.

4.2. A educação no Brasil

O início da educação formal no Brasil foi quase que exclusivamente ligado aos padrões religiosos, os quais também regiam decisões de cunho político e econômico. Nesse momento, ainda não existiam lu-gares voltados exclusivamente ao ensino; essas ações ocorriam em paróquias, locais de comércio ou até mesmo na casa de professores.

Posteriormente, próximo ao século XX, instituições passam a se orga-

11 Sigismund Schlomo Freud (1856-1939) foi um importante médico e estudioso de neurologia, responsável pelo desenvolvimento dos primeiros conceitos a cerca da Psicanálise. É uma das principais referências no estudo da psicologia humana.

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nizar em prol da educação, seguindo uma vertente mundial de siste-matização em classes sequenciais. A primeira mudança relativamente significativa nesse sistema foi proposta por Anísio Teixeira.

Anísio Spínola Teixeira (1900-1971), brasileiro de Caetité (Bahia), foi precursor das ideias de John Dewey no Brasil. Juntamente com Darcy Ribeiro idealizou a Universidade de Brasília, porém sua importância vai além.

O educador foi à Bahia na década de 1930 onde, junto ao grupo de edu-cadores reformistas, trouxe os estudos desenvolvidos principalmente por Dewey a cerca de sociologia, psicologia, antropologia e geografia, a fim de realizar uma reforma nos sistemas de ensino da época.

Teixeira baseou-se em um tripé: escola, biblioteca e museu. Ainda que nesse primeiro momento sua proposta não tenha sido levada à frente, anos depois, ao fim da década de 40, em 1946, o educador organizou a Escola Parque da Bahia, reconhecida inclusive pela UNESCO como uma das maiores e mais importantes iniciativas no ensino primário no contexto mundial. Foram influenciados por Anísio Teixeira e seus ide-ais: Escolinha de Arte do Brasil, Sociedade Brasileira para o Progres-so da Ciência, Sociedade Pestallozzi no Brasil, Escola Parque da Bahia (Centro Educacional Carneiro Ribeiro) e a Universidade do Distrito Federal. Teixeira foi também um dos responsáveis pela fundação do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que trabalha na área da ciência pedagógica. (KOWALTOWSKI, 2011).

O educador promoveu o ensino em período integral, de maneira que a escola deveria atentar-se desde à alimentação até ao futuro dos alu-nos, visando o trabalho. Além disso, Teixeira foi um dos primeiro bra-sileiros a discutir a importância de uma educação abrangente, que não

exclua socialmente nenhum indivíduo, gratuita e laica. (CIBEC, 2001).

Posteriormente a Teixeira, existiram outras iniciativas no mesmo sen-tido da escola-parque; os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs, no Rio de Janeiro, década de 1980), os Centros de Atendimen-to Integral à Criança (CIACs na década de 1990) e os “colégios-mode-lo” na Bahia. No município de São Paulo, durante a gestão de Marta Suplicy (2001-2004), a iniciativa da realização dos CEUs (Centros Edu-cacionais Unificados), chamou a atenção pela dimensão e foi também relacionada às ideias de Anísio Teixeira. Os CEUs buscam reunir uma série de ações pedagógicas e de lazer em união à comunidade próxi-ma, com o intuito de atender demandas de diversas faixas etárias e em período integral (considerando que parte do dia os cidadãos em idade escolar frequentam uma escola formal).

Fig. 41 - Um dos primeiros CEU’s de São Paulo, na Vila Curuça. (Dispo-nível em: <http://www.flickr.com/photos/eduardopompeo>. Acesso em: 21 out. 2012)

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Hoje o sistema educacional brasileiro não se vincula mais obrigatoria-mente ao ensino religioso, embora ainda existam escolas na rede par-ticular intrinsecamente ligadas a alguma instituição religiosa – via de regra, a educação básica no Brasil se divide em três maiores grupos: educação infantil (zero a seis anos de idade), ensino fundamental (ou 1º grau, entre 7 e 14 anos de idade), ensino médio (ou 2º grau).

Apesar de existirem atualmente iniciativas como a dos CEUs, ocorre, em especial na rede pública de ensino, uma ausência de aulas fora das salas das escolas, com atividades extras, em apoio aos docentes e discentes. Índices internacionais de avaliação de ensino colocam o Brasil em posições consideradas baixas12 e essa se torna uma questão relevante, a partir do momento em que o país é considerado a 6ª eco-nomia global (Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios – CEBR, 2011).

4.3. Meio ambiente e a educação ambiental

O homem, desde seus primórdios vem se desenvolvendo intrinseca-mente conectado ao ambiente, a partir das modificações que realiza neste. De qualquer maneira, ainda que algumas dessas mudanças se-jam predatórias, o homem soube em muitos momentos aproveitar-se dos recursos naturais em benefício próprio – e o segue fazendo até hoje. Ainda que o termo “ecologia” seja de uso relativamente recen-

12 Pelo ranking UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Edu-cação, a Ciência e a Cultura), de 127 países analisados, o Brasil ocupa a 88ª posição. Já pelos índices do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) de 2009, que avaliaram Leitura, Matemática e Ciências com alu-nos aos 15 anos, o Brasil foi detentor da posição 53, em um total de 65 países citados.

te13, o homem sempre foi movido pelas ações em seu meio ambiente. (ODUM, 1959).

Analisando-se o ensino ambiental e a evolução da preocupação com essa questão ao longo dos anos, é notável que o século XXI foi aquele que transformou o entendimento a cerca do meio ambiente e sua re-lação com o homem.

Há manifestações europeias e norte americanas ao final do século XIX e início do XX, como a criação das reservas naturais, por Theodore Ro-osevelt e os Congressos Internacionais para Proteção da Natureza. No Brasil, a primeira manifestação oficial foi a formulação do Primeiro Código de Águas e Minas e do Código Florestal Brasileiro. (CAMPOS, 2004).

A partir da década de 1960 começaram a se intensificar movimentos sociais e contestações referentes às questões ambientais, com o sur-gimento propriamente dito da Educação Ambiental. Uma década de-pois, em 1971, 30 países se reuniram em Paris, França, para a 1ª Reu-nião do Conselho Internacional de Coordenação do programa Homem e a Biosfera e, em ação movida pela UNESCO, em 1977 foi realizada a 1ª Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (em Tbilisi, Geórgia), que apontou a relevância ética da questão ambiental, juntamente com os fatores de desenvolvimento do ensino em diver-sas escalas para promover a conscientização da população a cerca do tema. (CAMPOS, 2004).

A grande relevância de Tbilisi é a ruptura com as práticas

13 A palavra ecologia foi usada oficialmente pela primeira vez pelo bió-logio alemão Ernest Haeckel em 1869. Em grego, “oikos” que significa casa e “logos” que significa estudo; ecologia, portanto é o “estudo da casa”.

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reduzidas ao sistema ecológicas, demasiadamente impli-cadas com a educação conservacionista e por ultrapassar a concepção das ações educativas descontextualizadas e ainda recomendou a estratégia metodológica da ação edu-cativa. (CAMPOS, 2004, p. 13).

Segundo Campos (2004), de modo geral, a Educação Ambiental, ainda que ideológica, busca o equilíbrio entre convívio humano e natureza, em suas diferentes visões – a hegemônica (que segue de maneira mais adaptada às necessidades atuais) e a subversiva (que promove proje-tos pensados em um novo contexto, e não surgem de uma adaptação – são inovadores).

Hoje podem ser citados alguns fatores de preocupação global: quan-tidade de lixo (inclusive atômico), efeito estufa, situação da camada de ozônio e o esgotamento de recursos naturais. As soluções para es-sas questões são complexas e urgentes, porém, a partir da inserção da Educação Ambiental no cotidiano do ser humano, os problemas podem ser minimizados.

Nossa premissa maior reside na concepção de que a Educa-ção Ambiental constitui instrumento fundamental na cons-cientização do homem sobre a necessidade de valores hu-manísticos indispensáveis à sua convivência democrática e racional na sua vida social e de relações com o meio onde está inserido. (FOCACCIA, 1996, p. 2)

A Agenda 21, elaborada no ano de 1992 pela Organização das Nações Unidas durante evento no Rio de Janeiro (ECO 92), traz uma série de itens aos quais os governos mundiais deveriam se atentar para o de-

senvolvimento político, econômico e social de seus respectivos países. Dentre esses aspectos, o destaque é apresentado na terceira seção, no item 36: “Promoção do ensino, da conscientização e do treinamen-to”. É abordado na explicação desses, que é fundamental facilitar o acesso ao ensino do meio ambiente, proporcionando o treinamento adequado a corpos docentes e a todo aquele que for ministrar orien-tações a cerca do tema. Dessa forma, o ensino da Educação Ambien-tal estrutura em alguns principais eixos: conscientização, conheci-mento, atitudes, habilidades, capacidade de avaliação e participação; entrelaçados por questões do presente e possibilidades futuras de soluções.

Associações brasileiras estudam há alguns anos como abordar a ques-tão ambiental nas escolas, em especial com alunos de 5 a 15 anos. O primeiro grande evento a cerca do tema foi o I Fórum de Educação Ambiental, realizado em 1989 por várias instituições paulistas, entre elas a Comissão Especial de Coordenação de Atividades de Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (CECAE), a Secretaria da Educação (SE) e a Secretaria do Meio Ambiente (SMA). Nele foram discutidas diversas pesquisas que abordavam a questão e como apli-car efetivamente a Educação Ambiental no ensino. Áreas naturais fo-ram apontadas como fundamentais no processo de desenvolvimen-to dos alunos, assim como a interatividade dos alunos em atividades extra-classe. Da mesma forma, concluiu-se que, para a total eficiência de um sistema educacional, primeiramente, os educadores devem ser preparados de maneira adequada para transmitirem corretamente as informações – devem haver profissionais capacitados para a atuação na Educação Ambiental.

No Brasil, uma das principais iniciativas envolvendo uma instituição

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educacional e o meio ambiente se deu em 1991 em Curitiba, com a inauguração da Universidade Livre do Meio Ambiente (UNILIVRE), por Jaime Lerner, arquiteto e prefeito de Curitiba na época. Ainda que o objetivo da instituição seja ainda hoje a discussão e troca de conhecimentos relacionadas às questões ambientais, a Universidade mudou ao longo de sua existência a maneira como leva os embates e seus cursos. Hoje é considerada pelo Ministério da Justiça uma Or-ganização Social Civil de Interesse Público (OSCIP), de eixo principal no Desenvolvimento Sustentável Urbano e atrai visitantes, alunos e professores do Brasil e do mundo para seus cursos, palestras, seminá-rios e exposições. Além disso, a UNILIVRE participa da promoção de projetos de interação entre a sociedade e o município de Curitiba, a exemplo do CISUS (Escola Internacional de Sustentabilidade Urbana de Curitiba), de 2012, que visa expandir os conhecimentos na área pro-movendo atividades como visitas técnicas, cursos de pós-graduação, ateliers e cursos temáticos abertos. Quanto ao projeto arquitetônico da UNILIVRE, cabe citar sua importância e sua remissão às atividades ali desenvolvidas: em uma área utilizada como pedreira extrativista até o ano de 1983, o arquiteto Domingos Bongestabs implantou um projeto leve, estruturado basicamente em troncos de eucalipto com acabamentos em embuia, cedro e vidro. (DUDEQUE, 2001)

Fig. 42 e 43 - Sede da Unilivre acima e à direita, uma visita monitora-da com alunos da rede municipal de Maringá, Paraná. (Disponível em: <http://www.unilivre.org.br/>. Acesso em: 22 out. 2012)

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ESTUDOS DE CASO

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O primeiro grupo de referências possui como principal ênfase o es-tudo do rio e o tratamento adquirido por este após a realização dos projetos. Já o segundo priorizou espaços educacionais que atuam no mesmo sentido em que se pretende levar o objeto arquitetônico. Es-ses estudos de caso foram analisados a fim de melhor fundamentar o trabalho até aqui apresentado. São os seguintes projetos:

GRUPO 01

- Projeto Beira Rio, localizado em Piracicaba/SP (2001-em desen-volvimento). Projeto desenvolvido por ampla equipe que inclui arquitetos, engenheiros e biólogos, citados mais adiante;

- Projeto Urbano e Paisagístico do Rio Los Angeles/EUA (2005-2007, em implantação). Projeto geral desenvolvido pelo escri-tório Mia Lehrer Ana Associates;

- Projeto Urbano e Paisagístico do Rio Don, Toronto/Canadá (1990-em desenvolvimento). Projeto geral desenvolvido pelo escritório Michael Van Valkenburgh Associates;

- Projeto Urbano e Paisagístico do Rio Manzanares, Madri/Espa-nha (2005-2011). Projeto urbano e paisagístico desenvolvidos pelos escritórios Mrío Arquitectos e West 8 Urban Design and Landscape Architecture.

GRUPO 02

- Sabina (Parque Escola Arte e Ciência), localizado em Santo An-dré/SP (2003). Projeto arquitetônico de Paulo Mendes da Ro-cha e projeto pedagógico da Secretaria da Educação do muni-

cípio em questão;

- Catavento Cultural, localizado em São Paulo. Adaptação do Pa-lácio das Indústrias e projeto pedagógico da Secretaria da Cul-tura do Estado de São Paulo.

- Academia de Ciências e Artes da California, em São Francisco/EUA (1995-2008). Projeto arquitetônico de Renzo Piano.

5.1. Projeto Beira Rio, Piracicaba/SP

O projeto Beira Rio, no município paulista de Piracicaba, faz menção principalmente à relação histórica e cultural da população local com o Rio Piracicaba. Esse mesmo rio mantém ainda hoje importância eco-nômica para a cidade, tanto no que diz respeito à pesca, como no que se refere ao turismo. Considerando o rio como um sistema único de relação com Piracicaba, inicia-se uma busca por uma cidade susten-tável – na qual a preservação de recursos naturais não se dissocia do avanço econômico.

O projeto se iniciou em 2001 e, até o momento, algumas fases foram concluídas. Após um diagnóstico geral da área determinada para es-tudo, foi realizado um Plano de Ação Estruturador (PAE), justamen-te para fragmentar a proposta geral em etapas menores de desen-volvimento. As bases para a elaboração do PAE são principalmente uma Agenda 21 local (“Piracicaba 2010), o Planejamento e Desenho Ambiental, além do diagnóstico “A cara de Piracicaba”. O eixo do rio tomado para projeto possui cerca de 800 metros de extensão.

A primeira mudança ocorreu na chamada Rua do Porto, aquela com mais memória local – já que nela ficava justamente o porto do rio para

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a cidade de Piracicaba. Nessa etapa foi realizado um novo desenho para as vias e praças nas proximidades da rua em destaque, com a im-plantação de uma nova trilha para a passagem de pedestres em área alagável (pelo regime de cheias do rio) e com a construção de decks nesse trecho para uso da população geral e dos restaurantes que fi-cam à beira do rio. Foi realizada também uma reconstituição da mata ciliar em alguns trechos, com remissões à antiga paisagem da cidade e também para restituir a paisagem do próprio leito de água. Quanto às obras de infraestrutura urbana, podem ser citadas as melhorias nos sistemas de drenagem e tratamento de águas pluviais, a criação de bolsões de estacionamento em piso permeável ao longo da Rua do Porto e o projeto de dois núcleos de sanitários públicos para uso geral da população.

A segunda etapa inclui as intervenções realizadas ao longo do Largo dos Pescadores, com a reconstrução das calçadas para pedestres e o novo tratamento paisagístico das margens do rio com a recuperação do patrimônio natural.

A terceira e última etapa de projeto está ainda em concretização. São previstos alargamentos das calçadas entre as duas mais importantes pontes da cidade (Mirante e Morato), o replantio de espécies nativas, a criação de um novo largo de permanência pública, além da melhoria da conexão com o antigo engenho da cidade.

Ficha Técnica:

Arquitetura e Urbanismo: Renata Toledo Leme, Eduardo Martini, Mo-nica Salim, Thomas A. J. Burtscher e Melissa de Angelis

Colaboração: Ricardo Hofer e Vicente Ramalho

Coordenação Geral do Plano de Ação: Renata Leme

Coordenação de Arquitetura e Urbanismo: Eduardo Martini

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ÁREAS VERDES A INTEGRAR

ÁREAS VERDES PARTICULARES

ÁREAS VERDES MUNICIPAIS

VÁRZEA A RESTAURAR

Fig. 44 - Esquema de massas para as áreas verdes existentes na cidade. (Dis-ponível em: <http://www.ipplap.com.br/>. Acesso em 22 ou. 2012)

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37 Fig. 45 -Trechos de atuação do projeto. (Disponível em: <http://www.ipplap.com.br/>. Acesso em 22 ou. 2012)

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38Fig. 46, 47 e 48 - Perspectivas ilustrativas do projeto. (Disponível em: <http://www.ipplap.com.br/>. Acesso em 22 ou. 2012)

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39 Fig. 50 - Crianças pescando à beira do rio. (foto arquivo pessoal)

5.1.1. Relatório de visita

Em visita realizada em março de 2012, as etapas já concluídas do proje-to foram conhecidas, no entanto com algumas ressalvas, já que partes da área ao longo do rio Piracicaba e da Rua do Porto estão interdita-das para a conclusão da terceira e última etapa.

Pode-se notar que os decks e vias projetados ao longo da várzea são bastante utilizados pela população, ainda que o dia em que ocorreu a visita estivesse um pouco chuvoso. Pelas vias ao lado do rio, jovens e adultos pescam ao longo de todo o dia – alguns inclusive para própria subsistência.

Fig. 49 - O rio e o trecho interditado onde acontece a construção de uma nova ponte. (foto arquivo pessoal)

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Fig. 51 - Vista do rio Piracicaba a partir do deck. (foto arquivo pessoal)

Em finais de semana em que o sol aparece, segundo frequentadores, a feira de artesanato e as exposições que acontecem no engenho atra-em grande parte da população em busca de lazer e entretenimento.

Fig. 52 - Imagem do Rio Piracicaba, do antigo engenho e da ponte que liga as duas margens do rio. (Disponível em: <http://www.skyscra-percity.com/showthread.php?t=1514230&page=3> Acesso em 25 mai. 2012)

Fig. 53 - Feira de Artesanato da Rua do Porto. (Disponível em: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1514230&page=3> Aces-so em 25 mai. 2012)

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de de vida proposta para a população, com um programa que mescla áreas institucionais e de lazer, em prol de uma educação ambiental, inclusive com a recuperação de solos contaminados por indústrias (brownfields).

O projeto paisagístico foi elaborado em grande parte pelo escritório estadunidense Mia Lehrer + Associates, entretanto cabe citar que os principais líderes locais participaram ativamente de algumas decisões e eventuais discussões a cerca do plano final.

A organização das principais diretrizes e ações projetuais se deu a par-tir do entendimento do rio Los Angeles em seus diversos contextos, considerando que o eixo total de intervenção beira os sessenta qui-lômetros. Também se buscou atingir o equilíbrio entre as diferentes redes de transportes, adequando-as às dimensões dos bairros e cen-tralidades ao longo da várzea e realizando as conexões necessárias entre as diferentes áreas percorridas pelo rio.

A seguir serão expostas imagens ilustrativas do projeto que segue em execução. A primeira etapa, que consiste basicamente em implantar a vegetação, segue em desenvolvimento simultaneamente com a des-poluição das águas – fator fundamental para a inserção da população.

5.1.2. Conclusão

Após a visita à Piracicaba, pode-se entender a relação que os muníci-pes possuem com seu rio e, ao andar um pouco mais pela área urbana, é perceptível que a área histórica e mais antiga está ligada à Rua do Porto.

Ainda que no dia da visita, pelas condições meteorológicas, a popu-lação não estivesse em grande número ao longo do rio, foi possível notar que as atividades turísticas foram impulsionadas pelo projeto realizado. Nos restaurantes na várzea, grande parte dos consumido-res era de outras cidades.

Apesar de o projeto estar praticamente em sua totalidade concluído, ainda não é possível concluir como a população irá lidar com o Beira Rio finalizado. Um bom trecho da várzea está interditado e a popula-ção está impedida de frequentar, o que pode inibir a presença de usu-ários. De qualquer maneira, é clara a relação dos piracicabanos com seu rio, principalmente também pelo Museu da Água que existe na Rua do Porto (que também se encontrava fechado na data da visita).

5.2. Los Angeles River, Los Angeles/EUA

No ano de 2002 uma comissão foi formada no intuito de discutir a de-sarticulação do rio de Los Angeles no tecido urbano e sua crescente poluição.

Assim sendo, o projeto foi elaborado entre os anos de 2005 e 2007, com o principal objetivo de revitalizar a orla e seu entorno que realiza-riam a conexão da comunidade próxima ao Los Angeles. Além dessas questões, eram de fundamental importância para o plano a qualida-

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Fig. 54 - Perspectiva do uso esperado da várzea dos canais do rio. (Dis-ponível em: <http://mlagreen.com/projects/la-river#>. Acesso em: 29 mai. 2012)

Fig. 55 - Perspectiva do rio Los Angeles e da wetland criada para filtra-gem e tratamento das águas poluídas. (Disponível em: <http://mlagre-en.com/projects/la-river#>. Acesso em: 29 mai. 2012)

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Fig. 56, 57, 58 e 59 - Compa-rativos entre imagens dos lo-cais de intervenção (acima) e sua perpectiva de resulta-do pós-término de projeto (abaixo). (Disponível em: <http://mlagreen.com/pro-jects/la-river#>. Acesso em: 29 mai. 2012)

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5.3. Don River, Toronto/Canadá

Após pressões da população de Toronto, em 1990 teve início o pro-cesso de recuperação do rio Don. Além de requalificar o leito propria-mente dito, a proposta incluía a revitalização de uma área portuária abandonada na época e das margens ocupadas pelo sistema viário de alto fluxo.

Os principais objetivos do plano ambiental foram referentes à prote-ção do patrimônio ambiental existente, promovendo a integração ao tecido urbano, regenerando as áreas degradadas, com a requalifica-ção do patrimônio histórico e cultural da cidade de Toronto – o rio passaria a ter papel social a partir de sua nova abrangência.

Dessa forma, procurou-se restaurar os possíveis antigos meandros do Don, em uma maneira de recuperar a área de várzea, além de pro-porcionar a reinstalação do microclima aquático, tanto em suas carac-terísticas vegetais como animais. Quanto à integração social, foram propostas áreas de uso recreativo, de pedestres e ciclistas, com o de-senvolvimento de atividades educacionais referentes à função hidro-lógica do rio, inserida na dinâmica urbana.

Para a execução do projeto, foram determinadas três grandes áreas de intervenção, o alto Don, constituído em maior parte por meandros originais; a área central, canalizada e a Portlands Delta, região portu-ária que atinge o lago Ontário.Assim como o plano de Los Angeles, uma organização foi criada por agentes públicos e interlocutores da sociedade a fim de melhor realizar as propostas do plano.

O projeto segue em implementação, apesar de que algumas mudan-ças já podem ser constatadas: parte dos resíduos presentes hoje no

rio foi eliminada, já existem áreas de recreação e a população passou a utilizar mais os espaços. Outros planos em bacias e regiões próximas foram pensados e aos poucos vem sendo desenvolvidos. Há o monito-ramento das ações realizadas em torno do Don e hoje existem perfis em redes sociais na internet que realizam a atualização de obras rea-lizadas, eventos e outras questões ligadas ao projeto. Através desses perfis a sociedade também se manifesta apontado questões a serem aprimoradas e mostrando os benefícios do que já foi feito.

Fig. 60 - Paisagem das margens do Don - foto colocada em uma lis-ta de locais inspiradores em Toronto para escritores. (Disponível em: <http://www.blogto.com/>. Acesso em: 15 ago. 2012)

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Fig. 61 - Perspectiva da vista para os lagos artificiais do parque criado em um dos projetos complementares para o Don, o WaterFront To-ronto. (Disponível em: <http://www.waterfrontoronto.ca/image_gal-leries/don_river_park/>. Acesso em: 29 mai. 2012)

Fig. 62 - Projeto em realização, destaque para a vegetação de várzea e para a transposição por pontes sobre o rio, também para o Water-Front (Disponível em: <http://www.waterfrontoronto.ca/image_gal-leries/don_river_park/>. Acesso em: 29 mai. 2012)

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Fig. 63 - Um dos futuros equipamentos de permanência do futuro par-que, para o WaterFront (Disponível em: http://www.waterfrontoron-to.ca/image_galleries/don_river_park/. Acesso em: 29 mai. 2012)

5.4. Rio Manzanares, Madri/Espanha

O Rio Manzanares, em Madri, antes da execução do projeto era per-corrido por vias expressas para veículos e permanecia como uma barreira na cidade, após um plano de vias não concluído. Associando assim, mobilidade e qualidade ambiental, surge em 2003 a idéia de intervir ao longo do curso d’água.

O tráfego da via expressa (M-30) foi modificado, ampliando sua ca-pacidade de suporte e melhorando os fluxos desnecessários – o que garantiu um melhor acesso também para pedestres ao longo das ruas. Especificamente no trecho de maior expressão do rio, a opção foi pelo soterramento da M-30, em prol de um parque linear (concurso de 2005).

As equipes vencedoras do concurso, por sua vez, consideraram a im-portância de conexão das áreas norte e sul de Madri, por meio do rio, em uma forma de reintegrá-lo no contexto urbano. O que ocorreu foi ligação de equipamentos antes isolados, a partir do desenho paisagís-tico (alta densidade de plantio e pisos predominantemente em grani-to permeável) e pontes estrategicamente localizadas. As conexões estabelecidas nos mais diversos níveis entre o parque, o rio e suas transposições atingem a malha urbana e suas redes de transporte, como linhas de metro e ônibus.

No trecho do parque em que a M-30 tornou-se um túnel, a questão ad drenagem foi fundamental para o escoamento adequado da água. Todo o perímetro recebeu canaletas de condução e absorção das chu-vas, a fim de não sobrecarregar o leito do rio Manzanares em dias de precipitações intensas. Quanto aos usos dos espaços, foram projeta-das desde áreas contemplativas para a água, com jatos e lagos que

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podem ser utilizados pela população em dias mais quentes, até pistas de skate onde podem ser realizadas pequenas competições. Ao longo de todo o parque também são encontrados espaços para estar e lazer pontuais, com a possibilidade de travessia com bicicletas ou a pé.

Em um sistema macro, Madri modificou parte de seu sistema de sane-amento, possibilitando a redução dos níveis de poluição do Manzana-res e seus rios afluentes, com uma nova rede que atingiu 36 quilôme-tros de coletores, além de reservatórios próximos aos leitos de água para a realização de tratamentos prévios à chegada das águas ao rio principal. (BARROS, 2012)

Como referência de projeto, pretende-se considerar à atenção ao ter-ritório ao longo da várzea de um leito d’água. Uma vez que o terreno de projeto é cortado por um córrego, pretende-se estudar o estabe-lecimento de conexões entre as duas porções e inclusive com o meio urbano em que se insere, em especial, com o Terminal Intermodal Pre-feito Saladino.

Fig. 65 - Vista geral do Rio Manzanares e as intervenções realizadas até o momento. (Disponível em: http://www.west8.nl/projects/ma-drid_rio/pdf/. Acesso em: 22 out. 2012)

Fig. 64 - A área de intervenção antes do início do projeto. (Disponí-vel em: http://www.west8.nl/projects/madrid_rio/pdf/. Acesso em: 22 out. 2012)

Fig. 66 - Projeto da M-30 abaixo do parque linear. (Disponível em: http://www.west8.nl/projects/madrid_rio/pdf/. Acesso em: 22 out. 2012)

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Fig. 67, 68 e 69 - Acima, o plano geral do proje-to e abaixo as ativida-des inclusas no trajeto do parque linear, que inclui pistas para cami-nhada, corrida, ciclo-via, áreas para prática de esportes e espaços para estar. Aos pou-cos a vegetação cres-ce e irá naturalmente proteger os usuários nos horários de calor mais intenso. (Dispo-nível em: http://www.west8.nl/projects/ma-drid_rio/pdf/. Acesso em: 22 out. 2012)

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Fig. 70 - Desenho que setoriza as intervenções sofridas em cada área de projeto. (Disponível em: http://www.west8.nl/projects/madrid_rio/pdf/. Acesso em: 22 out. 2012)

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Fig. 71, 72, 73 e 74 - As imagens à esquerda mostram a incorporação dos espaços pré-existentes ao projeto (Ponte de Segovia, do século XVI) e projetos contemporâneos, como a Ponte de Arganzuela, uma das maiores do mundo, com 250 metros, projetada pelo escritório do arquiteto Dominique Perrault. (Disponível em: http://www.west8.nl/projects/madrid_rio/pdf/. Acesso em: 22 out. 2012)

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5.5. Sabina (Parque Escola Arte e Ciência), Santo André/SP

Inicialmente a encomenda da Prefeitura Municipal de Santo André viria a ser um Museu de Ciências inserido em um Parque – o Parque Central. Após mudanças no projeto, o pavilhão de Paulo Mendes da Rocha passou a agregar mais funções e o uso foi modificado: alunos da rede municipal de ensino poderiam visitar o local para aulas extras, de apoio interativo às aulas formais. O sucesso do espaço foi tamanho que, em seguida, a Sabina, como ficou conhecido, passou a funcionar aberto ao público geral durante os finais de semana.

No espaço são apresentados às crianças princípios da física, da mate-mática e a evolução da história natural (com réplicas de dinossauros e busca por fósseis). Há uma sala para exposições temporárias (or-ganizadas pela Secretaria Municipal da Educação), em geral de foco artístico; um pinguinário (um dos maiores do país), salas de aula para crianças menores de sete anos, um simulador 4D de passeio pela mata atlântica e pelo Porto de Santos; além de brinquedos que exploram questões referentes à lógica, ótica, eletromagnetismo e fluidos com a interatividade das crianças.

Projeto Arquitetônico: Paulo Mendes da Rocha e MMBB

Período: 2003-2007

Programa público: cantina; bilheteria; pátio; salões de exposição; ofi-cina; salas de aula; anfiteatro; sala de projeções; biblioteca; sanitários e estacionamento.

Programa de acesso restrito: administração; depósito; ambulatório; copa; sanitários/vestiários.

Área total aproximada: 15.000 m².

5.5.1. Relatório de visita

O único acesso aos pedestres é realizado por uma rampa, a partir da qual é visualizada a bilheteria. Em seguida, ao entrar no pavilhão, nos deparamos com um robô, o Bit, que recepciona e interage com os vi-sitantes desejando as boas vindas. As atrações encantaram pela di-versidade de entretenimento, além da possibilidade de aprendizado, com a compreensão de fenômenos cotidianos explicados pela física em protótipos espalhados de diversas maneiras pelo centro.

Fig. 75 e 76 - Rampa de acesso ao Sabina e a recepção do robô Bit. (fotos arquivo pessoal)

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A primeira atração visitada foi uma instalação que demonstra a cria-ção do universo e o Big Bang através de luzes com efeitos que, junto à imaginação, tornam-se bastante explicativos e divertidos. Saindo dele, há a boneca Nina, que nos permite um passeio para conhecer o seu sistema digestivo: um monitor orienta os visitantes a imaginar que são uma comida, e iniciava a caminhada entrando pela sua boca. Toda caminhada dentro da boneca é interrompida a cada órgão há uma explicação sobre o que acontece com o alimento naquele está-gio. Para sair, é necessário cair no intestino grosso por um pequeno escorregador. Em seguida há um simulador que levou as crianças a uma viagem aérea, partindo do Sabina até a laje de Santos, passando na volta por Paranapiacaba. A seguir o mundo dos Dinossauros é des-vendado, com réplicas em tamanho real, além de aquários, um menor onde estavam alguns peixes e tubarões e um pinguinário.

Continuando o passeio, é possível passar, ainda no pavimento térreo, por um espaço de exposições temporárias. No dia da visita, a exposi-ção tratava do folclore, com músicas, teatro e desenhos para as crian-ças, tudo sob uma tenda e com espaços de permanência. No térreo existem, além dessas áreas, um espaço de copa pública, possibilitan-do aos visitantes que realizem pequenas refeições e, como ocorria no dia da visita, uma família estava comemorando um aniversário. Ao lado, um simulador que permite sensações de frio, calor, chuva, seca, em um vídeo sobre os fenômenos naturais. No exterior, brinquedos infantis tradicionais reforçam questões sobre física mostrando como funcionam os mesmos. No segundo pavimento (acessado por uma rampa) encontram-se diversos experimentos físicos, jogos e charadas matemáticas sobre tecnologia e alguns fenômenos que nos cercam dia a dia.

Fig. 78 - Copa pública. (foto arquivo pessoal)Fig. 77 - Réplicas dos dinossauros. (foto arquivo pessoal)

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Fig. 79 - Os experimentos físi-cos e matemáticos localizados no segundo pavimento. (foto arquivo pessoal)

a que se chega é de que a arquitetura de Paulo Mendes da Rocha pode ser resumida e entendida como uma compreensão do espaço e da apreensão de suas necessidades, resultando em uma cidade mais fun-cional, e além disso, incentivadora do convívio humano. O arquiteto expressa sua paixão pelo espaço público, dizendo que “a virtude mais bela das cidades é a possibilidade da conversa” (PIÑON, 2002). Paulo Mendes estuda muito a geografia do local, pois sabe que o projeto modifica a paisagem natural, criando uma harmonia entre sua obra e o entorno, sendo que, uma vez estabelecida essa conversa, os projetos se abrem para a cidade.

Detentor de uma apurada noção espacial e geométrica, o arquiteto acerta as proporções com elegância, onde estrutura e forma de con-fundem. Sua arquitetura, mesmo que sintética, destaca-se pelos deta-lhes construtivos – o concreto aparente, os grandes vãos, arquitetura formalista e funcional e os espaços que incentivam o convívio social (PIÑON, 2002).

Sendo assim, quando se observa a Sabina pela primeira vez, nos ocor-re a suspeita de que o projeto é de PMR:

Paulo Mendes da Rocha é um dos grandes arquitetos que desenvolvem uma linguagem personalizada, independen-te de tipologia ou escala de intervenção. Sua obra é de ime-diato reconhecimento, capaz de arquiteturas com impres-sionante inserção na paisagem, de maneira provocativa e provocadora. (SEGAWA, 2010)15

15 Trecho do texto de homenagem ao Professor Paulo Mendes da Rocha por ocasião do recebimento do título de professor emérito da USP (29/06/2010). Este texto foi apresentado oralmente e uma cópia escrita foi, gentilmente, cedida pelo Prof. Dr. Hugo Segawa ao arquiteto Rafael Per-

5.5.2. Conclusão

De maneira geral, as áreas para cada um dos equipamentos da Sabina são bastante generosas, o que permite uma boa circulação dos espa-ços e um melhor proveito por parte dos usuários. Quanto aos monito-res, há um preparo para que os mesmos possam exercer corretamen-te suas atividades – sempre atentos às necessidades dos visitantes.

Depois dessa visita foram pesquisadas mais obras de Paulo Mendes da Rocha (PMR) e também dele em parceria com o MMBB14. A conclusão 14 O MMBB arquitetos teve início em 1990 e atualmente é constituído pelos arquitetos Fernando de Mello Franco, Marta Moreira e Milton Braga, que atuam como colaboradores em algumas obras de PMR, inclusive no Sa-bina.

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Tanto ao observar esta, quanto outras obras de Paulo Mendes, se pode notar a racionalidade presente em seu trabalho. Em uma arquitetura purista, de influências das vertentes racionalistas do século XX, nota--se a forma heroica com que surge sua obra (MONTANER, 2008). A Sabina se instala como um “tóten” em relação ao parque e ao mesmo tempo em que age de maneira ditatorial, na medida em que se impõe em sua totalidade, propõe-se a ser um objeto arquitetônico democrá-tico. Tal fato é perceptível não somente pelo seu uso, mas também quando se estudam elementos do todo, como a rampa que, apesar de relativamente escondida, se abre a todo e qualquer visitante.

As obras de [...] Paulo Mendes da Rocha mostram a vonta-de da geometria de equivaler-se à estrutura e, ao mesmo tempo, referir-se às formas arquetípicas dos lugares ele-mentares, dos espaços sagrados ou das instituições públi-cas. (MONTANER, 2002).

Seguindo ainda como base as análises de Montaner, a obra de PMR pode ser entendida como uma arquitetura formal – inserida em um idealismo, de base formal geométrica elementar, com uma busca da perfeição. A Sabina é simétrica, sua forma se confunde com sua estru-tura – a concepção estrutural resulta no objeto arquitetônico. Além de resposta às necessidades estéticas, o arquiteto estabelece relações com o local, mostrando, além disso, a sua linguagem característica, sua expressão. A arquitetura de PMR é sua própria teoria. (PIÑON, 2002). Em comparação com outras obras de PMR, o que observamos é uma constante elevação do edifício em relação ao solo.

Através dessa elevação, no caso do Sabina, de 60 centímetros, traz a sutileza ao edifício que não mais parece um objeto pesado sobre o

rone.

chão, mas sim um edifício que vence a gravidade e se eleva facilmente.

Fig. 80 - Planta do nível térreo que indica a simetria do projeto. (Dis-ponível em: <http://www.mmbb.com.br/projects/fullscreen/41/2/791>. Acesso em: 10 jun. 1012)

Um detalhe do projeto que chamou a atenção no início do estudo des-ta obra de PMR foi o importante papel da ventilação natural. A partir da análise de desenhos técnicos, croquis e dos próprios textos a res-peito do Sabina, conseguimos notar a clara preocupação do arquiteto com a aeração no interior do edifício, principalmente em vista do re-duzido número de aberturas na fachada de concreto. O que se perce-be em visita, entretanto, é uma certa ineficiência do sistema, que por muitos usuários (funcionários e visitantes) fora criticado. Após discu-tir e pesquisar mais sobre essa questão e em face do problema enfren-tado, em especial no Brasil, de mão de obra pouco qualificada, pode ter ocorrido algum problema quanto à execução ideal do sistema de PMR, ocasionando em uma mudança em relação ao projeto original. Infelizmente, não foram obtidas respostas objetivas para este proble-ma.

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Fig. 81 - Corte que indica as ventilações naturais do edifício - em ver-melho, os locais de saída de ar quente; em azul, esquadrias para entra-da de ar fresco. (Disponível em: <http://www.mmbb.com.br/projects/fullscreen/41/2/791>. Acesso em: 10 jun. 1012)

Fig. 83 - Sabina - vista do Parque Central. (foto arquivo pessoal)

Fig. 82 - Esquadrias demarcadas no esquema da ventilação natural. (foto arquivo pessoal) Fig. 84 - Vista panorâmica da Sabina. (foto arquivo pessoal)

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Fig. 85, 86 e 87 - Sala dos pequeninos acima. Ao lado, o parque in-terativo e uma vista do pavilhão expositivo do térreo. (foto arquivo pessoal)

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5.6. Catavento Cultural, São Paulo/SP

Inserido em um edifício construído nas primeiras décadas do século XX (Palácio das Indústrias), o Governo do Estado de São Paulo implantou o Catavento Cultural, espaço destinado à cultura e à educação, princi-palmente de jovens. Dentro do programa, que em alguns aspectos se entrelaçam com o do Sabina, as principais ênfases de ensino são refe-rentes à ciência e aos problemas sociais. Os monitores são em geral alunos da Universidade de São Paulo e auxiliam os visitantes durante o passeio, que pode ocorrer de terça à domingo, com agendamen-to prévio ou não. É importante ressaltar que houve uma adaptação do edifício já existente para o uso atual, sem que se desrespeitasse o tombamento do palácio.

Programa público: recepção e bilheteria; espaço Universo (Planeta Terra, Homem na Lua, Sistema Solar e Céu, Além do Sistema Solar, Biomas); espaço Vida (Biodiversidade, Evolução, Aves do Brasil, Cor-po Humano, Mundo Microscópico, Genoma); espaço Engenho (Sala das Ilusões, Mecânica, Som, Eletromagnetismo, Calor, Fluidos, Ópti-ca); auditório; estúdio de TV; espaço Sociedade (Ecologia, Maravilhas da Terra, Jogos do Poder, Passeio Digital, Nanotecnologia, Educação para Resultado, Alertas, Arte Cinética, Matéria, Laboratório de Quími-ca, Prevenindo a Gravidez); sala dos pequeninos e sanitários públicos.

Área total aproximada: 9.000m²

5.6.1. Relatório de visita

A visita se inicia pelo entorno do Palácio (Fig. X.X), em seu jardim, onde algumas estruturas são exibidas, como um antigo avião e um antigo trem, que podem ser conhecidos de perto pelos visitantes. Entrando

no edifício, há uma bilheteria onde, além de comprar o ticket de en-trada, podem ser feitas inscrições em palestras específicas, algumas temporárias, de caráter educativo.

Fig. 88 - Palácio das Indústrias. (foto arquivo pessoal)A primeira sala é do ambiente “Universo”, com explicações e simula-ções do sistema solar, há ainda um meteorito real e crianças e adultos podem interagir com um pequeno planetário, que mostra as constela-ções de estrelas. No setor Universo, há destaque especial para o pla-neta Terra, explorado melhor nas outras seções, que tratam exclusiva-mente de fenômenos terrestres.

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Na área denominada “Vida”, as atrações trazem informações sobre animais, vegetação e geografia terrestre, com ênfase no Brasil. Há um aquário marinho, um quadro com mais de 500 borboletas amazôni-cas, além de jogos interativs com os cantos dos pássaros, uma répli-ca do sistema digestivo humano em tamanho gigante e vídeos sobre Charles Darwin e a evolução.

Fig. 91 - Em um espaço mais iluminado, o tema passa a ser a Vida. (foto arquivo pessoal)

Fig. 92 - Computadores interativos no ambiente Vida – são jogos e per-guntas educativas sobre os espaços percorridos. (foto arquivo pesso-al)

Fig. 89 e 90 - Painéis ilustrativos no setor Universo e as crianças interagindo com as luzes dos planetas no setor Universo. (fotos arquivo pessoal)

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No espaço do “Engenho”, as crianças podem fazer brincadeiras com os equipamentos que trazem princípios da física e matemática, seme-lhantes ao que acontece no Sabina. Nessa área também é onde fica o auditório (180 pessoas) e um estúdio de TV, para gravações com os próprios visitantes.

leão Bonaparte, as quais narram suas respectivas histórias. No mesmo espaço existem jogos interativos, relacionados ao poder no mundo, um cinema 3D com uma viagem ao Rio de Janeiro.

Ao concluir a visita, podemos perceber o quanto o espaço foi pensa-do não apenas como espaço de entretenimento, mas também como um suporte aos estudantes. Cabe citar que as atividades são dirigidas especialmente à crianças com mais de 7 anos de idade e que para as menores, existe um espaço com monitores que desenvolvem outras específicas para os “pequeninos”.

Fig. 94 - O espaço dos pequeninos com monitores especializados. (foto arquivo pessoal)

Fig. 93 - As brincadeiras no Engenho. (foto arquivo pessoal)

Subindo a escada do palácio, no andar superior, há a área “Socieda-de”. Os temas se relacionam com a história da humanidade, ecologia, química e conscientização. Sobre as grandes personalidades da his-tória, há uma parede de escalada, na qual o objetivo é atingir figuras como Isaac Newton, Winston Churchill, Cristóvão da Gama e Napo-

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5.6.2. Conclusão

Quanto à distribuição das atividades, ocorre no Catavento Cultural o oposto do que acontece na Sabina. Aparentemente por ser a adapta-ção de um edifício já existente, os equipamentos sofreram um pouco em sua distribuição, o que acarretou em áreas de circulação reduzi-das e que, muitas vezes se misturam com as áreas de permanência. Não existem também tantos monitores quanto observado na Sabina, o que prejudica de alguma maneira a visita e principalmente, os mo-mentos nos quais surgem dúvidas nos usuários de como lidar com os equipamentos.

Entretanto, quando as instalações do Catavento são observadas para sua eficiência em conforto térmico/sonoro, pode-se dizer que há uma melhor solução. As instalações de ar condicionado e elétricas são em sua maioria aparentes. Os painéis expositivos, muitas vezes não foram fixados na estrutura existente do Palácio, o que preservou em parte o original.

Pode-se notar também que a luminosidade dos espaços muda confor-me o tema – quando a intenção é explorar as luzes artificiais (como no “Universo” e nas experiências de Ótica), os ambientes são mais escuros e fechados. O contrário pode ser dito para os ambientes em que existem muitos painéis escritos e em que a luz artificial não ganha muito espaço – nesses, ganha vez a iluminação natural.

Fig. 95 - As instalações técnicas aparentes. (fotos arquivo pessoal)

Fig. 96 - O auditório com a estrutura original preservada, bem como o revestimento em tijolos aparentes. Destaque para a tubulação de ar condicionado aparente e para a “caixa isolada” de experimentação de áudio e vídeo. (foto arquivo pessoal)

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Fig. 97 - Ambiente “Universo” e a intensão das luzes artificiais. (foto arquivo pessoal)

5.7. Academia de Ciências e Artes da California, São Francisco/EUA (1995-2008)

O primeiro museu a receber o selo LEED (Leadership in Energy and En-vironmental Design), projetado por Renzo Piano, é um anexo à Acade-mia de Ciências da Califórnia, em São Francisco, Estados Unidos. Agre-gando áreas de exposição, de pesquisa e educação, o programa é uma referência para o projeto proposto neste trabalho (Parque Escola Am-biental), com a diferença de que o projeto do arquiteto italiano é des-tinado ao público adulto e jovem. Cabe ressaltar que o projeto tam-bém pode ser analisado a partir dos materiais utilizados, que possuem características interessantes em um contexto contemporâneo. Aço e concreto são utilizados para a estrutura, o que garante certa leveza ao pavilhão. Entretanto, os elementos que mais chamam a atenção são, certamente, a cobertura e o fechamento em células fotovoltaicas.

A cobertura, de desenho peculiar, remete, segundo o arquiteto, à pró-pria topografia de São Francisco. A vegetação escolhida para compor a cobertura é em totalidade típica da região do projeto e demanda cuidados e manutenção mínimos. O arquiteto aproveitou ainda para criar clarabóias basculantes de iluminação interna, permitindo a luz natural e, ao mesmo tempo elaborando um sistema de ventilação cru-zada que usa as mesmas clarabóias. Quanto às placas fotovoltaicas, o projeto trouxe um grande beiral ao redor de todo o edifício que é capaz de fornecer cerca de 10% da energia consumida em seu interior.

Programa: salas de pesquisas; acervo; laboratórios públicos; Hall África; loja; auditório; restaurante; praça interna; Áreas temáticas (Floresta Tropical; Planetário; Aquário; Ala Crocodilos e Jacarés e Mudanças Climáticas na Califórnia). Área total: 38.000 m².Fig. 98 e 99 - Lustre e vitrais originais do palácio preservados nos espa-

ços do Catavento. (foto arquivo pessoal)

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Fig. 100, 101, 102 e 104 - Deta-lhe para os nichos na cober-tura, responsáveis por parte da ventilação natural; vista para o bioma vegetal; beiral em placas votovoltaicas e vista frontal do edifício (ima-gens de cima para baixo, da esquerda para a direita). (Dis-ponível em: < http://www.rpbw.com>.Acesso em: 25 abr. 2012)

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Fig. 105, 106 e 107 - Esquema de ventilação; representação da insolação e um dos cortes longitudinais do edifício (imagens de cima para baixo, da esquerda para a direita). (Disponível em: <http://www.rpbw.com>.Acesso em: 25 abr. 2012)

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Fig. 108, 109, 110 e 111 - Vista geral do edifício (detalhe para a cobertura verde em meio à paisagem) e foto com detalhe do microclima das flo-restas tropicais no interior da edificação. (Disponível em: http://www.rpbw.com. Acesso em: 22 out. 2012)

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6.1. Estudos sobre o território

Inserida ao sudeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)16, Santo André foi a cidade escolhida para a implantação do projeto.

O município possui cerca de 660 mil habitantes em seus 175km², o que resulta em uma densidade bruta de 3.900 habitantes/hectare17. A ren-da do município provém principalmente dos serviços (65% do PIB mu-nicipal) e da indústria (34% do PIB municipal)18. Para efeito da pesquisa, cabe ressaltar também que mais de 60% dos estudantes do município estudam em escolas públicas – estaduais ou municipais19.

Geograficamente, Santo André possui seus terrenos mais planos ao longo da várzea do Rio Tamanduateí e de seus afluentes; nas demais áreas, prevalecem morros inclinados20. As áreas verdes do município se restringem aos parques municipais e, em especial, ao Parque do Pedroso e à Serra do Mar (nas proximidades do distrito de Paranapia-caba) – vestígios de Mata Atlântica originais.

16 A porção sudeste da RMSP compreende também os municípios de São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pi-res e Rio Grande da Serra.17 Dados referentes ao último CENSO (2010), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).18 Dados referentes à pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2009.19 Dados referentes à pesquisa realizada pelo INEP no ano de 2009.20 Diagnóstico de Uso e Ocupação do Solo em Santo André – janei-ro/98 / PMSA.

Fig. 112 - Mapa do Estado de São Paulo (sem escala). Região Metropolitana de São Paulo em destaque.

Fig. 113 (abaixo) - Mapa de San-to André, seguindo o zonea-mento vigente (sem escala).

LEGENDA PROJETO DE INTERVENÇÃO EIXO TAMANDUATEHY ÁREA URBANA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (SERRA DO MAR) REPRESA BILLINGS DISTRITO DE PARANAPIACABA ÁREA DE ESTUDO

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SÃO PAULOSCS

MAUÁ

RIBEIRÃO PIRES RIO GDE.

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6.1.1. História e Evolução urbana de Santo André

Fundada em 8 de abril 1553, a então Santo André da Borda do Cam-po, era na época uma vila, sem atividades econômicas significativas. Em meados do século XX, com a instalação da linha férrea São Paulo Railway, Santo André passa rapidamente de uma vila de padres bene-ditinos à cidade – em 1867 surgia o atual centro da cidade, nas proxi-midades dos trilhos do trem e com o limite ao sul do Rio Tamanduateí.

Anos à frente, a partir da crescente industrialização brasileira que se deu, especialmente após a segunda metade do século XX, com Jusce-lino Kubistchek à presidência do Brasil, Santo André tornou-se sede de uma série de indústrias, na grande maioria produtoras de autopeças, enquanto a cidade vizinha, São Bernardo do Campo abrigou as sedes automobilísticas. No caso específico andreense, a indústria passou a se desenvolver ao longo do eixo ferroviário – e que, posteriormente, passaria a ser também o autoviário – com a Avenida dos Estados, às margens do Rio Tamanduateí.

Ainda que hoje existam algumas indústrias de importância notável em Santo André – caso da Pirelli e da Rhodia – a partir da década de 1990, a decadência da atividade industrial trouxe uma nova questão urba-na: o esvaziamento dos grandes lotes e o consequente abandono dos mesmos. Dessa forma, Avenida dos Estados, Avenida Industrial e os arredores das estações ferroviárias encontram-se em crescente aban-dono e degradação. Estas áreas, por sua vez, em decorrência da baixa permeabilidade das construções, baixa capacidade de drenagem do sistema urbano municipal e assoreamento do rio é influenciada por um microclima urbano de altas temperaturas, em uma média que por ano ultrapassa os 25ºC (CEPAGRI – Centro de Pesquisas Meteorológi-

cas e Climáticas Aplicadas a Agricultura).

6.1.2. O Projeto Eixo Tamanduatehy

Por outro lado, houve em meados da década de 90 a idealização e elaboração de um projeto urbano para o município de Santo André – “Eixo Tamanduatehy” (1998). A iniciativa, que partiu em especial da administração municipal, com auxilio dos consultores Rachel Rolnik21 e Jordi Borja22, considerou o eixo de atividade predominantemente industrial, às várzeas do Rio Tamanduateí, uma área passível de um projeto urbano bastante elaborado, que priorizasse o desenvolvimen-to diversificado dessas remanescências urbanas (JENNY, 2005). Cabe citar ainda que, em modo geral, o projeto estaria diretamente ligado a auxílios da iniciativa privada adicionados às ações do poder público municipal.

Assim, após a discussão de interesses locais com diversas entidades e com a população, foi publicado, em 1998, o Projeto Eixo Tamandu-atehy, o qual abrangeria uma área inicial de 13 quilômetros quadra-dos. Para a elaboração do projeto, quatro equipes mistas (nacionais e internacionais), lideradas pelos arquitetos Christian de Portzamparc (França), Joan Busquets (Espanha), Cândido Malta (Brasil) e Eduardo Leira (Espanha). A importância da escolha de equipes mistas se deveu

21 Rachel Rolnik é urbanista e atua como professora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e como relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada (Disponível em: < http://raquelrolnik.wordpress.com/author/raquelrolnik/>. Acesso em 12 set. 2012.)22 Jordi Borja é geógrafo, urbanista e professor na Universitat Ober-ta de Catalunya (UOC), atuando principalmente em Barcelona. (Disponível em: < http://jordiborja.blogspot.com.br/>. Acesso em: 12 set. 2012)

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especialmente ao fato de os arquitetos europeus estarem a mais tem-po projetando e também implantando seus projetos; se comparados aos profissionais brasileiros de modo geral.

A equipe de Joan Busquets23, foi responsável pelo projeto do parque linear ao longo das margens do Tamanduateí. Para isso, partiram prin-cipalmente da conexão rio + via férrea + Avenida dos Estados, arti-culando intervenções pontuais de transporte intermodal, articulação viária, atividades culturais e atividades econômicas específicas. Bus-quets esbarrou ainda em uma questão histórica para o município: como integrar os dois lados da cidade, divididos pelo eixo do rio e pela linha férrea, a partir de pontos de interação da população. Abaixo se-gue a imagem do parque proposto pela equipe.

23 Equipe formada por Joan Busquets e pelos brasileiros Jorge Wi-lheim, José Francisco Xavier Magalhães, José Magalhães Junior, Maristela Faccioli, Luciana Machado e Hector Vigliecca.

A proposta de quadra aberta, realizada pelo grupo de Christian de Portzamparc24, foi direcionada para os antigos lotes industriais que se encontram principalmente ao longo da Avenida Industrial. Essas gle-bas seriam redivididas em tamanhos menores a fim de mesclar usos públicos e propriedades particulares, reorganizando o sistema viário existente e direcionando as indústrias remanescentes a novas áreas mais adequadas para os novos padrões industriais. As novas quadras projetadas seriam abertas aos pedestres, no intuito de que estes pu-dessem circular de maneira livre por entre os edifícios, os quais, por sua vez, atenderiam questões de salubridade, conforto térmico, acús-tico e as necessidades de iluminação natural. A principal relação esta-belecida pelo projeto de Portzamparc é entre o homem e a arquitetu-ra propriamente dita. (JENNY, 2005)

24 Equipe formada por Christian de Portzamparc, pelos estrangeiros François Barberot, Jaques Suchodolski e Pierre Emanuel, e pelos brasileiros Bruno Padovano, Dora Cerruti José Paulo de Bem, Otávio Leonídio Ribeiro, Roberto Righi e Suzana Jardim.

Fig. 114 (Disponível em <http://www.bau-barcelona.com>. Acesso em: 15 set. 2012).

Fig. 115 - A quadra aberta de Portzamparc. (Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/03.011/3341?page=4>. Acesso em: 15 set. 2012).

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As ideias apresentadas por Eduardo Leira – i3 Consultores A.S.25 foram principalmente voltadas à mobilidade urbana de Santo André. A partir da consideração da metrópole como um todo, a equipe entende que os acessos ao município são muito restritos e precisariam passar por ampliações e reestruturações. Como uma das propostas, Leira trás a Diagonal ABC, uma grande avenida (praticamente rodovia) de 25 quilômetros que ligaria desde a Rodovia dos Imigrantes (Diadema), a Rodovia Anchieta (São Bernardo do Campo), a Avenida dos Estados (Mauá), a Estrada do Pêssego (Zona Leste de São Paulo) e o Aeropor-to Internacional de Guarulhos, todos os pontos na RMSP e que seria utilizado especialmente para a transição de veículos leves – ao con-trário do Rodoanel Metropolitano26, contando com vias paralelas de transporte público – como o metrô de superfície.

Já a equipe brasileira de Candido Malta27 realizou a proposta chamada de “corredor metropolitano”. Após a divisão do município em zonas de vocação urbana – Norte (Utinga); do Craisa à Estação Prefeito Sa-ladino/Rodoviária; Centro histórico e Sul (Pirelli e Global Shopping), foram propostos edifícios pontes para cada uma delas, no intuito de conectar espaços – em especial transpondo o rio Tamanduateí. Malta

25 Equipe formada pelos espanhóis Eduardo Leira, Susana Jelenem e Manuel Herce, o português Nuno Portas e os brasileiros Jorge Bonfim, Fran-cisco Prado, Luciano Fiaschi e André Bonfim.26 O Rodoanel Metropolitano (SP-21) é um projeto do Governo do Es-tado de São Paulo iniciado ao fim da década de 1990. Sua principal caracte-rística é dar apoio ao transporte de carga para que o mesmo não circulasse por entre as cidades da RMSP, a partir da conexão das principais rodovias paulistas.27 Equipe dos arquitetos Cândido Malta, Cláudia Bitran, Luciane Shou-ama, Luiz Carlos Costa, Priscila Izar, Vera Santana Luz e Viviane Lanfranchi Vaz.

também ressalta o uso do transporte público como determinante no sucesso do projeto – a partir de metrôs de superfície.

Fig. 115 e 116 - As propostas das equipes de Leira e Candido Malta, as ligações com a metrópole e os edifícios ponte, respectivamen-te. (Disponível em <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1518-95542009000100012&script=sci_arttext>. Acesso em: 15 set. 2012).

O projeto sofreu várias críticas – internas e externas, especialmente no sentido da propaganda e do marketing existentes nas propostas para que empresários e investidores viessem a Santo André. (ALVA-REZ, 2008) Foi nesse momento que, ao assumir a coordenação do Eixo Tamanduatehy, Ênio Moro propôs uma socialização do projeto, trazendo questões pertinentes à população, trazendo discussões en-tre gestores e associações de bairro.

A partir daí, em 2001, foi redigido o documento “Projeto Eixo Taman-duatehy: urbanismo includente e participativo”, que trouxe como prioridade a promoção da habitação social; a participação popular nas decisões municipais; a manutenção de atividades atrativas ao empre-go e renda; além da requalificação urbana. Abaixo segue quadro expli-cativo da situação das operações urbanas naquele momento.

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70 Fonte: Prefeitura Municipal de Santo André – Projeto Eixo Tamanduatehy: urbanismo includente e participativo.

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A seguir, o rumo do Eixo Tamanduatehy mudaria significativamente. Após a morte do prefeito Celso Daniel, idealizador do projeto, a ges-tão passou ao seu vice, João Avamileno. O foco de governo passaria a não ser mais o projeto do Eixo, que ficou afastado da lista de prio-ridades municipais. Também houve a necessidade de revisão no Pla-no Diretor municipal, que foi pela primeira vez modificado no ano de 2002, incorporando algumas questões abordadas pelo antigo projeto. Embora algumas mudanças tenham ocorrido desde então, as gestões municipais seguem trazendo ideais do Eixo para Santo André, sem que as intervenções sejam percebidas como uma unidade em todo na área do projeto.

[...] as estratégias se efetivam de modo descontínuo no tempo e no espaço, aproveitando-se de particularidades e conteúdos pré-existentes que possam tornar o proces-so mais rentável e solidificar objetivos que não são apenas imediatos, uma vez que visam a continuidade em longo prazo. Nesse sentido, as desigualdades sócio-espaciais rea-firmam-se e se acentuam, num movimento que ora reforça os lugares centrais e periféricos já existente, ora cria novas centralidades e aponta para a expansão ou constituição de novas periferias. (ALVAREZ, 2008, p. 243)

Fig. 117 (ao lado) - Mapa das intervenções após três anos e meio de operação do projeto. Fonte: Prefeitura Municipal de Santo André – Projeto Eixo Tamanduatehy: urbanismo includente e participativo.

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73

6.1.3. O sítio de projeto

Dessa forma, insere-se nesse contexto o objeto de projeto propos-to. O sítio estudado encontra-se à Avenida Industrial (número 1740) em um terreno anteriormente ocupado por uma indústria do grupo Burge. Há alguns anos a área seguia em abandono, até que no ano de 2011 surgiu a ideia de um empreendimento residencial no lote. Toda-via, mesmo com a demolição dos antigos edifícios, devido a proble-mas na regularização da compra do terreno, o empreendimento não foi iniciado.

Com uma área de aproximadamente 55.000m², as antigas edificações dão espaço hoje a uma vegetação rasteira, lembrando ainda que pra-ticamente no eixo do terreno há a presença de um córrego, o Beral-do. Este córrego, canalizado e tamponado abaixo da Avenida Prestes Maia no início dos anos de 1960, encontra-se no terreno retificado e a céu aberto, com alguma vegetação a suas margens. Registros afirmam ainda a existência de um lago ao redor do córrego, remanescente de um aterro realizado na década de 1920 (JENNY, 2005 e RUIZ, 2003).

Fig. 120 - Desenho de 1965, quando foi implantado o Viaduto Presiden-te Roosevelt. (Imagem acervo Prefeitura Municipal de Santo André).

Quanto à legislação vigente na área, o sítio encontra-se em uma Zona de Reestruturação Urbana, de influência do projeto Eixo Tamandua-tehy. Segundo o Plano Diretor do município (lei nº 9.394, de 5 de janei-ro de 2012), são objetivos de atuação nessa zona:

- Reconverter e implantar novos usos e atividades, inclusive o ha-bitacional;

Fig. 119 - Imagem da antiga indústria que foi demolida no terreno de estudo. Ao fundo, o Moinho São Jorge, atualmente desativado. (Ima-gem cedida pelo Acervo Burge).

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74

- Requalificar a paisagem;

- Recuperar as áreas ambientalmente sensíveis;

- Valorizar e proteger o patrimônio cultural;

- Promover a reparação da área que esteja contaminada de for-ma a permitir o uso ou a ocupação do solo compatível com o grau de reversão obtido;

- Integrar a zona a planos regionais de macrodrenagem e recu-peração do Rio Tamanduateí;

- Valorizar o Rio Tamanduateí;

- Mapear as áreas contaminadas e com potencial de contamina-ção;

- Recuperar as áreas de proteção ambiental de córregos e nas-centes;

- Preservar o conforto ambiental visando proporcionar mais saú-de e qualidade de vida;

- Promover o monitoramento e o controle ambiental.

Já a Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo (lei nº8.836, de 11 de maio de 2006) prevê:

- Coeficiente de aproveitamento (CA):

Mínimo: 0,4;

Básico: 1,5;

Máximo: 3,0;

- Taxa de Ocupação: 75%;

- Recuo frontal mínimo: 5,00 metros;

- Recuos laterais: não obrigatórios;

- Recuo de fundo: não obrigatório;

- Número máximo de pavimentos: 4 (sem restrição de gabarito);

- Reserva e doação de áreas públicas obrigatória (terreno acima de 5.000 m²);

- 15 metros de faixa não edificável ao longo do curso de água.

O local de projeto encontra-se também ao lado de um dos terminais metropolitanos do município, Prefeito Saladino, que na realidade é um conjunto intermodal. Abriga também uma estação da CPTM (Linha 10 – Turquesa), o terminal rodoviário intermunicipal; contando com o serviço de escala municipal do CIRETRAN (Circunscrição Regional de Trânsito), e com algumas pequenas lojas.

Atualmente o uso predominante nos arredores do terreno escolhido é o industrial, que, todavia, vem sofrendo alterações desde a imple-mentação parcial do projeto Eixo Tamanduatehy. Aos poucos o uso residencial surge nas antigas grandes glebas fabris – com alguns em-preendimentos de data de entrega ao final de 2012. O Grand Plaza Shopping, no antigo terreno ocupado pela Black & Decker, foi recen-

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75

temente reformado para melhor atender o público que frequenta os hotéis próximos. Pode-se citar ainda a Universidade Federal do ABC, que aos poucos, conforme aumenta a abrangência do campus, esta-belece novas dinâmicas para a cidade e ainda traz novos munícipes para a região.

Quanto ao sistema viário, o sítio localiza-se próximo a vias de impor-tante tráfego, que realizam conexões com outras cidades da RMSP; são estas: Avenida Prestes Maia (ligação principalmente com São Bernardo do Campo e Diadema, ligando também à Via Anchieta; por consequência, a São Paulo e à Baixada Santista), Avenida Industrial (sentido São Caetano do Sul) e a Avenida dos Estados (conecta a São Caetano, São Paulo e Mauá).

A sequência de imagens abaixo mostra um pouco mais sobre o entor-no do terreno estudado, desde o centro do município, até a Universi-dade Federal do ABC, no intuito de formar uma visão seriada do local de atuação.

Ao lado, a imagem de satélite indica alguns elementos urbanos impor-tantes e também a sequência percorrida para as fotos, considerando--se que a visita teve início passando pelo Grand Plaza Shopping che-gando à Universidade Federal do ABC e posteriormente se realizou o caminho de volta. Foram realizadas duas visitas para o levantamento fotográfico; uma em 30 de janeiro de 2012 e outra em 3 de novembro de 2012 (cada foto segue com sua respectiva data).

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6.2. Uso e programa do edifício

Levando em consideração os elementos já citados, a ideia de um pro-jeto nessa área de estudo admite como estruturadoras as questões ambientais e urbanas, relacionando-as diretamente com a população do município. O projeto trabalharia diretamente a questão do rio – devida sua importância ambiental, em um contexto urbano e com um caráter educativo.

Considerando-se as situações apontadas pelos estudos de Focaccia (1996), os itens de exposição e educação a serem apresentados no Parque Escola são:

- estudos da paisagem e presença humana: clima, águas, vegeta-ção, fauna, adaptação ao meio e transformação da paisagem;

- fenômenos atmosféricos, ar e ciclo da água;

- entorno próximo e seu entendimento;

- efeito estufa, reciclagem e despoluição de rios.

Em síntese, pode-se dizer que o objeto de projeto é um parque escola ciência ambiental.

6.2.1. Diretrizes gerais

A Sabina localiza-se em uma região mais afastada desta que foi toma-da como foco de projeto (cerca de 7 quilômetros). Atualmente esse espaço municipal existente é utilizado pela rede pública de ensino, como apoio às aulas formais, em aulas extras durante a semana e, aos fins de semana, o espaço é aberto população geral.

Associado à Sabina, o objeto de projeto proposto teria como ideia principal envolver e aproximar das crianças, de maneira especial, a im-portância do rio para a cidade – como ele funciona, surge, vive. Como reciclar, como limpar o rio, como ele é importante vivo para uma cida-de melhor, em vista também do fato de que Santo André possui um dos melhores programas de reciclagem e tratamento de resíduos do Brasil. Outras questões abordadas seriam de drenagem e combate às enchentes existentes na área.

Em caráter urbano, além do que já foi citado, pretendeu-se relacio-nar o projeto com o Terminal Intermodal Prefeito Saladino, com uma ampliação de seu papel nas dinâmicas da cidade. O projeto proposto localiza-se nas proximidades dessa estação, do Parque Municipal Pre-feito Celso Daniel e da estação ferroviária de mesmo nome – dessa forma, é esperada uma ciclovia ao longo da Avenida Industrial que re-alize a conexão desses importantes elementos urbanos e que possa ser amplamente utilizada pela população tanto em dias úteis como nos finais de semana. Cabe citar ainda que o terreno escolhido, de aproximadamente 60.000 metros quadrados, se enquadra em uma área de proteção de manancial, em vista do córrego Santa Teresinha que passa pelo perímetro e é afluente do Rio Tamanduateí.

6.2.2. Objetivos

Situam-se, como objetivos os seguintes aspectos:

- Resgate histórico do processo de ocupação urbana no municí-pio de Santo André, em especial da malha ferroviária e da vár-zea do Rio Tamanduateí, situando o papel dos espaços ambien-tais na configuração de uma identidade local;

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- Análise dos dispositivos das legislações estaduais e municipais e seus respectivos parâmetros urbanísticos de uso e ocupação do solo na área;

- Levantamento espacial da apropriação urbana atual e dos usos formais e informais nas bordas do rio. Inserem-se nestes reco-nhecimentos de campo, informações sobre os parâmetros de adequação atual da qualidade das águas para usos recreativos e turísticos e, ou, programas voltados para este objetivo;

- Avaliação de projetos e programas desenvolvidos ou em elabo-ração de desenvolvimento ambiental e urbano em Santo An-dré, de modo a avaliar o grau de interesse e ações do Poder Público Municipal em relação ao Rio Tamanduateí, inserido nas perspectivas de desenvolvimento urbano;

- Implantar um projeto de caráter educativo em uma área de pre-servação ambiental a fim de realizar, ao mesclá-los, uma insti-tuição de apoio à rede de ensino formal;

- A partir dos estudos para este objeto, espera-se construir um material de referência para a realização de uma rede de par-ques escola, em diferentes eixos temáticos, para melhor emba-sar a formação de crianças e adolescentes para uma vida adulta consciente e socialmente ativa.

6.2.3. Programa de necessidades

1. Administração:

∙ direção (30m²);

∙ secretaria + coordenação (30m²);

∙ sala de reunião para 10 pessoas (30m²);

∙ vestiários funcionários (25m² cada);

∙ sanitários funcionários (20m² cada)

∙ armários funcionários (15m²);

∙ copa (15m²);

∙ estar (25m²);

∙ depósito de materiais (20m²);

∙ almoxarifado (20m²);

∙ sala veterinário (20m²);

∙ laboratório animal (30m²);

∙ atendimento veterinário (20m²);

∙ sala biólogo (20m²);

∙ laboratório vegetal (30m²);

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∙ atendimento biólogo (20m²);

∙ 3 salas preparatórias/aula para 20 pessoas (40m² cada);

∙ 2 salas para palestras para 40 pessoas (60m²cada).

2. Apoio geral:

∙ sanitários (vários núcleos em função da necessidade);

∙ recepção (núcleos em função das entradas - 15m²);

∙ copa para “picnic” (500m²);

∙ lanchonete (20m²);

∙ auditório (250 pessoas - 400m²);

∙ foyer auditório (200m²);

∙ espaço dos pequeninos (crianças de 3 a 7 anos), aberto aos sá-bados, domingos e feriados (50m²);

∙ laboratório audiovisual (250m²);

∙ simulador 4D viagens na natureza (150m²);

∙ áreas para exposições temporárias (1500m² - núcleos diversos);

∙ ambulatório (30m²);

∙ biblioteca (1500m²);

∙ centro de estudos e pesquisas digitais (350m²);

∙ estacionamento (baias para ônibus/vans escolares e 100 vagas para veículos aproximadamente).

3. Biologia (1000m² - os espaços deverão dispor de computadores e TV›s sensíveis ao toque para interatividade com as crianças e espaços de permanência):

∙ ciclo da água;

∙ história de Santo André + ferrovia + Rio Tamanduatehy;

∙ Google Earth “gigante”;

∙ espécies aquáticas: painéis + aquário + “pescaria quiz”;

∙ espécies vegetais: painéis + parque + jogos;

∙ biodiversidade + bioma.

4. Ecologia (800m² - os espaços deverão dispor de computadores e TV›s sensíveis ao toque para interatividade com as crianças e espaços de permanência):

∙ o rio hoje;

∙ lixo e reciclagem;

∙ reciclagem em Santo André;

∙ como separar os resíduos;

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∙ ateliê de sucata;

∙ sucatário e sucatoteca;

∙ horta + pomar;

5. Física (800m² - os espaços deverão dispor de computadores e TV›s sensíveis ao toque para interatividade com as crianças e espaços de permanência):

∙ fluidos: água + submarino + navios/barcos transporte;

∙ jogo interativo: afunda ou não afunda;

∙ como a água chega às casas e volta aos rios;

∙ óptica e luz: espelho d›água, cores, chuva, arco-íris;

∙ como a energia elétrica chega aos rios;

∙ fontes de energia e meio ambiente;

∙ laboratório público para visitação guiada.

6.3. O projeto

A partir da experiência bem sucedida da Sabina em Santo André, entende-se o município em questão como pioneiro e incentivador à educação “extra-classe”. Dessa maneira, realiza-se a proposta da im-plantação de uma rede de parques escola com diferentes enfoques temáticos, considerando que a Sabina tem por principais eixos física, matemática e história natural.

6.3.1. Memorial de projeto

Em vista da importância histórica e cultural que o Rio Tamanduatehy exerce na cidade associada à questão ambiental que contemporane-amente se discute, o parque escola criado possui o eixo temático da educação ambiental e a relação dos rios em espaços urbanos. Consi-derando que alguns elementos de projeto deveriam estar presentes em todos os parques da rede, o elemento de conexão seria a imagem de satélite do município (que existe na Sabina), com a diferença de que, em cada um dos equipamentos seria chamada a atenção para algum objeto da paisagem. No caso do projeto realizado, estariam in-dicados no mapa os principais rios e córregos da cidade, para que em especial as crianças pudessem localizá-los junto a suas casas.

O público que se espera atender com o projeto é em especial de crian-ças e adolescentes com idade entre 8 e 14 anos (3º e 9º anos do ensino fundamental). Conforme os estudos realizados apontaram, crianças com idade inferior aos 8 anos ainda não possuem a interatividade completamente desenvolvida – por isso também para eles foram cria-das salas com atividades específicas, mais individuais. O público rece-bido durante os dias de semana seriam estritamente alunos da rede pública de ensino – uma vez que este seria de iniciativa pública, como a Sabina. Aos finais de semana, o espaço seria aberto ao público geral com a cobrança de uma taxa significativa para gastos de manutenção da área.

Para a orientação dos usuários ao longo das atividades do programa, há a necessidade de profissionais qualificados para exercer tal função. No intuito de vincular a instituição criada também à Universidade Fe-deral do ABC (UFABC – com um campus a cerca de dois quilômetros

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da área de estudo), seriam capacitados alunos universitários para a re-alização do trabalho de monitoria. No parque escola ambiental seriam ministradas aulas e palestras específicas para esses monitores, com a disposição de uma biblioteca e um centro de pesquisas digitais para monitores e alunos da universidade. O espaço de apoio atenderia cur-sos específicos também para professores da rede pública de ensino.

Quanto aos aspectos urbanos, pretende-se criar uma ciclovia de cone-xão entre a área projetada, o Parque Prefeito Celso Daniel e as esta-ções ferroviárias e terminais de ônibus metropolitanos Prefeito Sala-dino e Prefeito Celso Daniel (antigo Duque de Caxias). A ciclovia faria o trajeto desde o centro de Santo André até as imediações do Parque Escola e o terminal intermodal, com cerca de dois quilômetros. Esse trajeto, que passaria em maioria pela Avenida Industrial atenderia em especial a população que atualmente reside na área e visa àqueles que em breve irá se instalar nas imediações do Parque Prefeito Celso Da-niel, com os empreendimentos residenciais que estão sendo finaliza-dos.

Para o córrego Beraldo, algumas intervenções foram realizadas. A pri-meira delas foi o alargamento de seu leito, que atualmente passa por um canal no trecho que permeia o sítio de projeto. Além do alarga-mento, foi constituído um meandro, alagável e com vegetação pró-pria de várzeas, a fim de auxiliar a drenagem urbana, em especial na época de chuvas mais intensas, considerando que aumentando a área de permeio do leito, reduz-se a velocidade com que as águas atingem o Rio Tamanduateí e, por consequência, reduz-se a intensidade das inundações frequentes na Avenida dos Estados.

No intuito de garantir uma reestruturação do leito do rio e da paisa-

gem, parte da vegetação escolhida é típica da região; complementada por herbáceas e arbustos (estes específicos para o jardim sensorial e para a horta), além de árvores frutíferas. Todo o conjunto procura dar continuidade à sequência educacional proposta no edifício, sendo aberta à população local e também por aqueles que eventualmente passarem pela região.

Propõe-se ainda a reforma da atual Praça Pão de Açúcar, à frente do terreno (pela Avenida Industrial). Hoje, a praça, que foi resultado de uma das parcerias público-privadas parcialmente realizadas, através do Grupo Pão de Açúcar, após o Eixo Tamanduateí, encontra-se em abandono e muito pouco utilizada pela população. Além dessas ques-tões, outro fator que agrava a situação do local é a possibilidade de alagamentos no trecho, principalmente decorrente da baixa permea-bilidade do solo. A proposta prevê a criação de uma wetland artificial – uma área alagável com presença de vegetação específica a fim de propiciar parte da filtragem de impurezas presentes nas águas, con-trole da drenagem em dias de chuva intensa, espaços para animais aquáticos e aves, área de recreação e contemplação, além de possi-bilitar seu estudo, com aplicações em áreas similares do município de Santo André.

Determinando o eixo do córrego como fundamental no estabeleci-mento do partido arquitetônico, iniciou-se o estudo da implantação. Os croquis iniciais mostram que na maior parte das vezes, o programa do parque escola foi dividido em mais de um edifício; embora um fator fosse sempre presente: a conexão das massas edificadas simultanea-mente à contemplação das águas.

Por fim, o partido adotado se define pela implantação de quatro edifí-

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cios, alinhados pelo eixo do Beraldo, distanciados a no mínimo trinta metros de suas margens. Foram determinados dois acessos ao pro-grama educacional, nos edifícios 01 e 02, ambos localizados na porção do terreno mais próxima à linha férrea. É importante mencionar nesse momento a criação de uma via interna para a circulação de veículos no sítio de projeto. Os intensos fluxos no sistema viário existente e a necessidade da criação de áreas específicas para embarque e desem-barque dos estudantes ocasionaram na solução da via interna. Essa via, permeável, é acompanhada por jardins de chuva, que possuem um sistema de drenagem independente, garantindo o controle da co-leta das chuvas – considerando que a absorção de água somente pelo solo do terreno não é suficiente.

A interligação entre os quatro edifícios se dá ao nível do primeiro pa-vimento, com o deck contemplativo. Mais do que uma passagem pro-priamente dita, o intuito de realizar essa praça elevada com o vazio central é justamente trazer aos visitantes a oportunidade de, ao longo do passeio, aproveitar a paisagem, que também inclui a visual da linha férrea e de parte do rio Tamanduateí. No pavimento seguinte, as liga-ções entre os edifícios ocorrem duas a duas – uma passarela entre os blocos 01 e 03 e outra entre os blocos 02 e 04; ambas mantendo as visuais externas para o Beraldo.

A estrutura dos edifícios é em maioria metálica, com pilares em perfil “H”, vigas em perfil “I” e lajes em steel deck, preenchidas em con-creto. Os vãos entre os pilares são de 14.40 e 21.60 metros, nos quais vigas secundárias foram locadas a cada 3.60 metros. A interligação entre os edifícios possui pilaretes pré-fabricados em concreto armado a cada três metros nos níveis superiores, apoiados sobre uma viga de transição e sustentados por pilares atirantados.

Para possibilitar que ventilação e iluminação naturais atingissem todo o interior dos edifícios, foram criados átrios centrais que, com uma co-bertura em vidros reflexivos permite a melhoria do conforto ambien-tal (verificar detalhe abaixo). Ainda assim, para dias de maior fluxo de pessoas e com picos de temperaturas, foram estimadas áreas técnicas para um sistema de ar-condicionado.

A um primeiro momento, haviam sido escolhidos perfis metálicos nos sentidos horizontal e vertical para composição da fachada. Porém, ao desenvolver o projeto, viu-se a possibilidade de desenhar painéis, também metálicos, mas que formassem um desenho diferenciado nas vistas externas e também nos efeitos da iluminação e sombra nos es-paços expositivos. Foram escolhidas duas peças metálicas que ao fun-do possuem uma película em fibra de vidro, ofuscando parcialmente a luz solar intensa, mas permitindo boas quantidades de iluminação e ventilação.

A circulação principal no interior dos edifícios acontece primordial-mente nos átrios centrais ou muito próxima deles. A ideia reforça a questão do passeio do visitante a contemplação do espaço – possibi-litando uma melhor compreensão, pelas crianças, de como é o funcio-namento do prédio e de como o mesmo se estrutura – justamente por essa razão nota-se a importância que as escadas helicoidais e a rampa (edifício 03) ganham no projeto de arquitetura. No tópico seguinte serão apresentados os desenhos desenvolvidos para o projeto (os de-senhos completos encontram-se no envelope em anexo).

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6.3.2. Desenhos

Croquis iniciais

Fig. 145 - Primeiro estudo de partido arquitetônico, através do qual eram previstos dois blocos principais, conectados através de um deck central. O eixo de projeto era o rio.

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Fig. 146 - Segundo estudo de partido arquitetônico, ainda são previstos dois principais blocos, desta vez, não simétricos em planta. As ligações en-tre os edifícios se dariam através de diversas passarelas em níveis dife-rentes. As coberturas seriam espa-ços de contemplação da paisagem.

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Fig. 147 - Terceiro estudo de partido arquitetônico. Neste já estão dis-postos quatro blocos simétricos em planta, os quais se interligam a partir de um deck no primeiro pavimento. Quanto ao rio, previu-se a possibilidade de criar novos meandros, a fim de qualificar a drenagem em dias de chuva mais intensa. Em todos os estudos de partido foram idealizados acessos internos ao terreno, desviando esses fluxos das avenidas periféricas ao lote, já sobrecarregadas com o trânsito local.

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Fig. 148 - Croqui que já se aproxima da implantação final de projeto. Quatro blo-cos livres no pavi-mento térreo, interli-gados ao parque que se liga ao leito do rio. No nível do primeiro pavimento os quatro pavimentos se unem a partir de um deck elevado e coberto. Os desenhos a seguir mostram a composi-ção final do objeto.

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Fig. 149 - Implantação, escala 1:2500, mostrando as alterações no entorno próximo ao terreno de estudo.

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93Fig. 150 - Implantação ampliada com o Parque Escola, escala 1:1250.

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Fig. 151 - Implantação nível pavimento 01, escala 1:1250. Destaque para o deck de conexão entre os edifícios.

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Fig. 152 - Implantação no nível do segun-do pavimento, escala 1:1250. Ligação en-tre os edifícios 1 a 3 e 2 a 4, via passarelas, que também são cobertura para o deck.

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96Fig. 153 - Implantação no nível da cober-tura, escala 1:1250.

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97Fig. 154 - Perspectiva

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Fig. 155 - Perspectiva geral, mostrando o conjunto e as alterações no meio urbano mais próximas.

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Fig. 156 e 157 - Imagens do Parque Escola (ao lado).

Fig. 158 a 160 - Cortes esquemáticos das intervenções paisagísticas: via permeável e controle de drenagem, canteiros da horta e jardim senso-rial e a várzea permeável de contemplação pública.

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IMAGEM N. BOTÂNICO N. POPULAR ALTURA IMAGEM N. BOTÂNICO N. POPULAR ALTURA

Eichhornia crassipes

Aguapé de 20 a 50 cm

Pistia stratiotes Alface d'água de 15 a 20 cm

Nymphaea rubraNinféia

vermelhaaté de 15 cm

Limnocharis flava

Mureré de 30 a 40 cm

Amendoim-Arachis repens

Amendoim-rasteiro

de 10 a 20 cm

Axonopus compressus

Grama-são-carlos

de 15 a 20 cm

Cymbopogon citratus

Capim-limão de 0,9 a 1,2 m

Ocimum basilicum

Manjericão de 0,5 a 1 m

Lavandula dentata

Lavanda de 60 a 90 cm

Dianthus Dianthus caryophyllus

Cravo de 60 a 90 cm

Justicia brandegeana

Camarão vermelho

de 0,8 a 1 m

Portulaca Grandiflora

Portulaca de 15 a 20 cm

Kalanchoe blossfeldiana

Calanchoê de 20 a 30 cm

Saintpaulia ionantha

Violeta de 15 a 20 cm

Agapanthus Agapanthus africanus

Agapanto de 30 a 60 cm

Alcantarea imperialis

Bromélia-imperial

de 1 a 1,5 m

Cattleya sp Catléia cerca de 35 cm

Ipomoea alba Boa-noite de 5 a 30 m

Thunbergia fragrans

Tumbérgia-branca

de 4 a 6 m

Typhonodorum Typhonodorum lindleyanum

Banana-d'água de 1,5 m a 3 m

Eugenia uniflora Pitangueira de 2 a 4 m

Grevillea Banksii Grevílea-anã de 4 a 6 m

Codiaeum variegatum

Cróton de 2 a 3 m

Heliconia rostrata

Heliconia de 2 a 3 m

Pachystachys Camarão Pachystachys lutea

Camarão amarelo

de 0,5 a 1 m

Hibiscus rosa-sinensis

Hibisco de 3 a 5 m

Catharanthus roseus

Vinca de 30 a 50 cm

Cestrum nocturnum

Dama da noite de 1,5 a 3 m

Rosmarinus officinalis

Alecrim até 1,5 m

Tibouchina Tibouchina granulosa

Quaresmeira de 8 a 12 m

Chorisia speciosa Paineira-rosa até 20 m

Jacaranda mimosaefolia

Jacarandá-mimoso

cerca de 15 m

Tabebuia impetiginosa

Ipê-roxo cerca de 12 m

Morus nigraAmoreira-

negrade 4 a 12 m

Myrciaria Jabuticabeira até 15 m

Myrciaria cauliflora

Jabuticabeira até 15 m

Calophyllum brasiliense

Guanandi até 20 m

Anadenanthera macrocarpa

Angico cerca de 20 m

Caesalpinia echinata

Pau brasil até 30 m

Cariniana estrellensis

Jequitibá de 30 a 40 m

ArchontophoeniPalmeira-real de 15 a 20 m

Archontophoenix cunninghamii

Palmeira-real de 15 a 20 m

Euterpe edulis Palmito-juçara de 5 a 10 m

Eichhornia crassipes

Aguapé de 20 a 50 cm

Pistia stratiotes Alface d'água de 15 a 20 cm

Nymphaea rubraNinféia

vermelhaaté de 15 cm

Limnocharis flava

Mureré de 30 a 40 cm

Amendoim-Arachis repens

Amendoim-rasteiro

de 10 a 20 cm

Axonopus compressus

Grama-são-carlos

de 15 a 20 cm

Cymbopogon citratus

Capim-limão de 0,9 a 1,2 m

Ocimum basilicum

Manjericão de 0,5 a 1 m

Lavandula dentata

Lavanda de 60 a 90 cm

Dianthus Dianthus caryophyllus

Cravo de 60 a 90 cm

Justicia brandegeana

Camarão vermelho

de 0,8 a 1 m

Portulaca Grandiflora

Portulaca de 15 a 20 cm

Kalanchoe blossfeldiana

Calanchoê de 20 a 30 cm

Saintpaulia ionantha

Violeta de 15 a 20 cm

Agapanthus Agapanthus africanus

Agapanto de 30 a 60 cm

Alcantarea imperialis

Bromélia-imperial

de 1 a 1,5 m

Cattleya sp Catléia cerca de 35 cm

Ipomoea alba Boa-noite de 5 a 30 m

Thunbergia fragrans

Tumbérgia-branca

de 4 a 6 m

Typhonodorum Typhonodorum lindleyanum

Banana-d'água de 1,5 m a 3 m

Eugenia uniflora Pitangueira de 2 a 4 m

Grevillea Banksii Grevílea-anã de 4 a 6 m

Codiaeum variegatum

Cróton de 2 a 3 m

Heliconia rostrata

Heliconia de 2 a 3 m

Pachystachys Camarão Pachystachys lutea

Camarão amarelo

de 0,5 a 1 m

Hibiscus rosa-sinensis

Hibisco de 3 a 5 m

Catharanthus roseus

Vinca de 30 a 50 cm

Cestrum nocturnum

Dama da noite de 1,5 a 3 m

Rosmarinus officinalis

Alecrim até 1,5 m

Tibouchina Tibouchina granulosa

Quaresmeira de 8 a 12 m

Chorisia speciosa Paineira-rosa até 20 m

Jacaranda mimosaefolia

Jacarandá-mimoso

cerca de 15 m

Tabebuia impetiginosa

Ipê-roxo cerca de 12 m

Morus nigraAmoreira-

negrade 4 a 12 m

Myrciaria Jabuticabeira até 15 m

Myrciaria cauliflora

Jabuticabeira até 15 m

Calophyllum brasiliense

Guanandi até 20 m

Anadenanthera macrocarpa

Angico cerca de 20 m

Caesalpinia echinata

Pau brasil até 30 m

Cariniana estrellensis

Jequitibá de 30 a 40 m

ArchontophoeniPalmeira-real de 15 a 20 m

Archontophoenix cunninghamii

Palmeira-real de 15 a 20 m

Euterpe edulis Palmito-juçara de 5 a 10 m

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IMAGEM N. BOTÂNICO N. POPULAR ALTURA IMAGEM N. BOTÂNICO N. POPULAR ALTURA

Eichhornia crassipes

Aguapé de 20 a 50 cm

Pistia stratiotes Alface d'água de 15 a 20 cm

Nymphaea rubraNinféia

vermelhaaté de 15 cm

Limnocharis flava

Mureré de 30 a 40 cm

Amendoim-Arachis repens

Amendoim-rasteiro

de 10 a 20 cm

Axonopus compressus

Grama-são-carlos

de 15 a 20 cm

Cymbopogon citratus

Capim-limão de 0,9 a 1,2 m

Ocimum basilicum

Manjericão de 0,5 a 1 m

Lavandula dentata

Lavanda de 60 a 90 cm

Dianthus Dianthus caryophyllus

Cravo de 60 a 90 cm

Justicia brandegeana

Camarão vermelho

de 0,8 a 1 m

Portulaca Grandiflora

Portulaca de 15 a 20 cm

Kalanchoe blossfeldiana

Calanchoê de 20 a 30 cm

Saintpaulia ionantha

Violeta de 15 a 20 cm

Agapanthus Agapanthus africanus

Agapanto de 30 a 60 cm

Alcantarea imperialis

Bromélia-imperial

de 1 a 1,5 m

Cattleya sp Catléia cerca de 35 cm

Ipomoea alba Boa-noite de 5 a 30 m

Thunbergia fragrans

Tumbérgia-branca

de 4 a 6 m

Typhonodorum Typhonodorum lindleyanum

Banana-d'água de 1,5 m a 3 m

Eugenia uniflora Pitangueira de 2 a 4 m

Grevillea Banksii Grevílea-anã de 4 a 6 m

Codiaeum variegatum

Cróton de 2 a 3 m

Heliconia rostrata

Heliconia de 2 a 3 m

Pachystachys Camarão Pachystachys lutea

Camarão amarelo

de 0,5 a 1 m

Hibiscus rosa-sinensis

Hibisco de 3 a 5 m

Catharanthus roseus

Vinca de 30 a 50 cm

Cestrum nocturnum

Dama da noite de 1,5 a 3 m

Rosmarinus officinalis

Alecrim até 1,5 m

Tibouchina Tibouchina granulosa

Quaresmeira de 8 a 12 m

Chorisia speciosa Paineira-rosa até 20 m

Jacaranda mimosaefolia

Jacarandá-mimoso

cerca de 15 m

Tabebuia impetiginosa

Ipê-roxo cerca de 12 m

Morus nigraAmoreira-

negrade 4 a 12 m

Myrciaria Jabuticabeira até 15 m

Myrciaria cauliflora

Jabuticabeira até 15 m

Calophyllum brasiliense

Guanandi até 20 m

Anadenanthera macrocarpa

Angico cerca de 20 m

Caesalpinia echinata

Pau brasil até 30 m

Cariniana estrellensis

Jequitibá de 30 a 40 m

ArchontophoeniPalmeira-real de 15 a 20 m

Archontophoenix cunninghamii

Palmeira-real de 15 a 20 m

Euterpe edulis Palmito-juçara de 5 a 10 m

Eichhornia crassipes

Aguapé de 20 a 50 cm

Pistia stratiotes Alface d'água de 15 a 20 cm

Nymphaea rubraNinféia

vermelhaaté de 15 cm

Limnocharis flava

Mureré de 30 a 40 cm

Amendoim-Arachis repens

Amendoim-rasteiro

de 10 a 20 cm

Axonopus compressus

Grama-são-carlos

de 15 a 20 cm

Cymbopogon citratus

Capim-limão de 0,9 a 1,2 m

Ocimum basilicum

Manjericão de 0,5 a 1 m

Lavandula dentata

Lavanda de 60 a 90 cm

Dianthus Dianthus caryophyllus

Cravo de 60 a 90 cm

Justicia brandegeana

Camarão vermelho

de 0,8 a 1 m

Portulaca Grandiflora

Portulaca de 15 a 20 cm

Kalanchoe blossfeldiana

Calanchoê de 20 a 30 cm

Saintpaulia ionantha

Violeta de 15 a 20 cm

Agapanthus Agapanthus africanus

Agapanto de 30 a 60 cm

Alcantarea imperialis

Bromélia-imperial

de 1 a 1,5 m

Cattleya sp Catléia cerca de 35 cm

Ipomoea alba Boa-noite de 5 a 30 m

Thunbergia fragrans

Tumbérgia-branca

de 4 a 6 m

Typhonodorum Typhonodorum lindleyanum

Banana-d'água de 1,5 m a 3 m

Eugenia uniflora Pitangueira de 2 a 4 m

Grevillea Banksii Grevílea-anã de 4 a 6 m

Codiaeum variegatum

Cróton de 2 a 3 m

Heliconia rostrata

Heliconia de 2 a 3 m

Pachystachys Camarão Pachystachys lutea

Camarão amarelo

de 0,5 a 1 m

Hibiscus rosa-sinensis

Hibisco de 3 a 5 m

Catharanthus roseus

Vinca de 30 a 50 cm

Cestrum nocturnum

Dama da noite de 1,5 a 3 m

Rosmarinus officinalis

Alecrim até 1,5 m

Tibouchina Tibouchina granulosa

Quaresmeira de 8 a 12 m

Chorisia speciosa Paineira-rosa até 20 m

Jacaranda mimosaefolia

Jacarandá-mimoso

cerca de 15 m

Tabebuia impetiginosa

Ipê-roxo cerca de 12 m

Morus nigraAmoreira-

negrade 4 a 12 m

Myrciaria Jabuticabeira até 15 m

Myrciaria cauliflora

Jabuticabeira até 15 m

Calophyllum brasiliense

Guanandi até 20 m

Anadenanthera macrocarpa

Angico cerca de 20 m

Caesalpinia echinata

Pau brasil até 30 m

Cariniana estrellensis

Jequitibá de 30 a 40 m

ArchontophoeniPalmeira-real de 15 a 20 m

Archontophoenix cunninghamii

Palmeira-real de 15 a 20 m

Euterpe edulis Palmito-juçara de 5 a 10 m

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IMAGEM N. BOTÂNICO N. POPULAR ALTURA

Eichhornia crassipes

Aguapé de 20 a 50 cm

Pistia stratiotes Alface d'água de 15 a 20 cm

Nymphaea rubraNinféia

vermelhaaté de 15 cm

Limnocharis flava

Mureré de 30 a 40 cm

Amendoim-Arachis repens

Amendoim-rasteiro

de 10 a 20 cm

Axonopus compressus

Grama-são-carlos

de 15 a 20 cm

Cymbopogon citratus

Capim-limão de 0,9 a 1,2 m

Ocimum basilicum

Manjericão de 0,5 a 1 m

Lavandula dentata

Lavanda de 60 a 90 cm

Dianthus Dianthus caryophyllus

Cravo de 60 a 90 cm

Justicia brandegeana

Camarão vermelho

de 0,8 a 1 m

Portulaca Grandiflora

Portulaca de 15 a 20 cm

Kalanchoe blossfeldiana

Calanchoê de 20 a 30 cm

Saintpaulia ionantha

Violeta de 15 a 20 cm

Agapanthus Agapanthus africanus

Agapanto de 30 a 60 cm

Alcantarea imperialis

Bromélia-imperial

de 1 a 1,5 m

Cattleya sp Catléia cerca de 35 cm

Ipomoea alba Boa-noite de 5 a 30 m

Thunbergia fragrans

Tumbérgia-branca

de 4 a 6 m

Typhonodorum Typhonodorum lindleyanum

Banana-d'água de 1,5 m a 3 m

Eugenia uniflora Pitangueira de 2 a 4 m

Grevillea Banksii Grevílea-anã de 4 a 6 m

Codiaeum variegatum

Cróton de 2 a 3 m

Heliconia rostrata

Heliconia de 2 a 3 m

Pachystachys Camarão Pachystachys lutea

Camarão amarelo

de 0,5 a 1 m

Hibiscus rosa-sinensis

Hibisco de 3 a 5 m

Catharanthus roseus

Vinca de 30 a 50 cm

Cestrum nocturnum

Dama da noite de 1,5 a 3 m

Rosmarinus officinalis

Alecrim até 1,5 m

Tibouchina Tibouchina granulosa

Quaresmeira de 8 a 12 m

Chorisia speciosa Paineira-rosa até 20 m

Jacaranda mimosaefolia

Jacarandá-mimoso

cerca de 15 m

Tabebuia impetiginosa

Ipê-roxo cerca de 12 m

Morus nigraAmoreira-

negrade 4 a 12 m

Myrciaria Jabuticabeira até 15 m

Myrciaria cauliflora

Jabuticabeira até 15 m

Calophyllum brasiliense

Guanandi até 20 m

Anadenanthera macrocarpa

Angico cerca de 20 m

Caesalpinia echinata

Pau brasil até 30 m

Cariniana estrellensis

Jequitibá de 30 a 40 m

ArchontophoeniPalmeira-real de 15 a 20 m

Archontophoenix cunninghamii

Palmeira-real de 15 a 20 m

Euterpe edulis Palmito-juçara de 5 a 10 m

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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CON

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Através das considerações e pesquisas apresentadas nesse trabalho, conclui-se que as questões ambientais envolvem uma série de fatores. O fator aqui explorado foi a educação, considerando este um dos as-pectos mais importantes para a construção de uma sociedade.

O estudo do meio ambiente não é tão recente, todavia, a complexi-dade do tema exige a compreensão de diversas escalas de atuação para um arquiteto. Vinculando à educação, são necessárias ainda mais informações para um entendimento completo.

Nesse momento, é perceptível o grau de interdisciplinaridade atingi-do: embora o esforço do arquiteto para analisar e propor soluções seja intenso, este depende obrigatoriamente de outros profissionais – biólogos, engenheiros, ambientalistas, pedagogos, geógrafos, geó-logos e outros mais.

Outra discussão a qual se chega é o quanto decisões, ou indecisões, políticas podem interferir em projetos e ações em prol dos cidadãos, conforme observado no estudo do Eixo Tamanduatehy e na maneira como a mudança de gestões influenciou no andamento das propos-tas.

Concluiu-se que a água, além de um bem necessário a existência hu-mana, é um item necessário para melhor ambientar núcleos urbanos – indispensável quando se trata de qualidade de conforto térmico – e por essas razões deve ser preservada. Também se deve conscientizar o ser humano, para que este não atue como degradador do meio em que vive. Desse modo, considerando o público alvo do objeto de pro-jeto as crianças e jovens, procura-se diretamente com aqueles que são cidadãos de hoje e do amanhã; na busca para que estes sejam atu-antes em sociedade e compreendam o meio em que vivem para não

deteriorá-lo.

Procurou-se dessa forma trazer ao projeto além do uso educacio-nal, um entendimento novo para a área de várzea, com possibilida-des paisagísticas, urbanas e ambientais, embasadas em uma essência que poderia ser facilmente aplicada a outros contextos, tomando-se as especificidades de cada um destes como prioritárias – assim como considerou-se as de Santo André. Essas questões resumem o intuito e conclusão do trabalho apresentado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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