parq mag 01

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fotos Ferran Casanova Pedro Pacheco valeria Galizzi Santacroce textos António Cerveira Pinto Alexandra Cunha Carla Carbone Cristina Parga Helmut Hemmer isabel Lindim maria Fernandes mário Nascimento martin kullik miss Jones Natacha Paulino Nuno Gil ray monde roger Winstanley rui miguel Abreu Sofia Saunders vanessa Cardoso zé trigueiros. edição Conforto moderno uni, Lda. impressão SoGAPAL — Queluz de Baixo. 20.000 exemplares Índice Really PeoPle editora Carla isidoro [email protected]

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Page 1: Parq Mag 01
Page 2: Parq Mag 01

Número 01. Fevereiro 2008.

directorFrancisco vaz Fernandes

[email protected]

editoraCarla isidoro

[email protected]

direcção de artevaldemar Lamego

[email protected]

trendscoutmário Nascimento

[email protected]

traduçãoroger Winstanley

publicidadeFrancisco vaz Fernandes

[email protected]áudia Santos

[email protected]

ÍndiceReally PeoPle

06 NiCoLe eitNer08 Petter ANderSSoN10 ritA Gt12 mArk GAtiSS14 HeCtor AyuSo róS16 you Must – tRends20 you Must – news

ViewPoint

24 koHey yoSHiyukisoundstation

30 tHriLLer32 AAroN Jerome34 QuANtiC SouL orCHeStrAModa

36 Pedro PACHeCo «Golden widow»

GRande entReVista

42 rAimuNd HoGHeCentRal PaRQ

46 tHe retro kidz48 StePHANie deArmoNd50 dAvid BAtCHeLor54 o Fim dA teCNoLoGiAModa ii

58 FerrAN CASANovA «eteRnally bound»

64 you Must ii – news

71 PaRQ HeRe

tRanslations78 mArk GAtiSS78 HéCtor AyuSo róS78 rAimuNd HoGHe79 tHe retro kidz80 StePHANie deArmoNd80 dAvid BAtCHeLor81 tHe eNd oF teCHNoLoGy

textosAntónio Cerveira PintoAlexandra CunhaCarla CarboneCristina PargaHelmut Hemmerisabel Lindimmaria Fernandesmário Nascimentomartin kullikmiss JonesNatacha PaulinoNuno Gilray monderoger Winstanleyrui miguel AbreuSofia Saundersvanessa Cardosozé trigueiros.

fotosFerran CasanovaPedro Pachecovaleria Galizzi Santacroce

ediçãoConforto moderno uni, Lda.

PArQrua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq.1000-251 Lisboa

00351.218 473 379

impressãoSoGAPAL — Queluz de Baixo.20.000 exemplares

distribuiçãoConforto moderno uni, Lda.

A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq.

www.parqmag.com

capaleggings dieselmacaco dieselsapato de salto alto e corrente diesel

foto por Pedro PACHeCowww.pedropachecophoto.com

styling por Conforto modernomake-up por rita Fialhohair por Germana Garcezmodelo Alice {central models}assistente de fotografia Hugo Silvalight equipment www.spot-lightservice.com

Kohei YoshiYuKiFrom the series the ParkUntitled, 1971Gelatin Silver Print

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Page 3: Parq Mag 01

editorialHá sempre uma primeira vezo início fabuloso da PaRQ.

Nem sempre é num PArQ, mas vamos supor que tudo ali se passou. um dia, um grupo de amigos

sentados à sombra de uma árvore, fazendo contas à vida, decidiu fazer uma nova revista gratuita.. e estavam nisso, a pensar no título do periódico

mensal, quando já era óbvio o nome PArQ. Sobre a nossa cabeça era enorme o céu azul e todo o espaço à nossa volta era aberto. PArQ soava a

público, encontro, lazer, e porque não a aventuras ilícitas, tudo o que consideramos necessário

para a construção de uma identidade própria.

é por isso que a palavra PArQ aparece como título de diferentes secções da revista: Central

PArQ, onde contemplamos os artigos centrais; e Parq Here, um conjunto de iniciativas e lugares

onde obrigatoriamente parar - são as nossas sugestões. Queremos operar como um registo das

motivações de todos nós. Chegar a um público interessado pelos fenómenos urbanos e com

consciência social. A PArQ vai proporcionar um fluxo de ideias que reflictam as nossas próprias

vivências e expectactivas, dando uma visão global e complexa do mundo em que vivemos. Neste sentido, há uma clara opção pela entrevista e

pelo discursso directo. really People, a secção de abertura da revista, é um espaço de confissões em formato de entrevista onde convidamos pessoas de diferentes quadrantes culturais e geográficos.

Com o mesmo sentido de inclusão, nesta edição acolhemos o precioso testemunho de yoshiyuki

sobre a actividade nocturna dos parques japoneses. A foto reportagem, enquanto registo do mundo, aparecerá diversas vezes em edições

futuras. Por outro lado, interessa-nos levar o leitor a temas de maior reflexão , para os quais convidamos pensadores a expor a sua opinião em artigos de maior desenvolvimento. Neste

número, convidámos o Prof. António Cerveira Pinto que escreveu sobre o fim da tecnologia.

Francisco Vaz Fernandes

Quando encontrar esta revista, pare alguns

minutos e vá ler para um espaço verde. entre

no espírito PArQ!

Par-PT-SpoLi-Monsoon_s.pdf 09.01.2008 15:06:45 Uhr

Page 4: Parq Mag 01

A temática Vampiros leva-nos para ambientes som-brios e expressionistas. A cultura alemã está presente neste trabalho? todas as músicas que escrevo são no fundo uma reacção a algo que me perturba, que me anima e me toca por alguma razão. o tema «energy vampires» foi inspirado nos “vampiros” que nos sugam a energia todos os dias. Gostei da temá-tica por ser uma constante sem tempo. As mi-nhas raízes alemãs estão muito presentes neste álbum. vivo a minha vida em alemão, penso, es-crevo, leio e faço contas em alemão. e gosto de sons que por si digam alguma coisa. um piano pode contar uma história ou desenhar um pen-samento, um contrabaixo pode cantar e um vio-lino sabe chorar e intervir sem usar palavras. Se isso é a sonoridade alemã...

Refere no disco que é um projecto que desejava há bastante tempo. Escolheu Janeiro para lançar um novo projecto no início do novo ano?Sempre desejei fazer a minha música à minha maneira, sem compromissos. escrevi o meu pri-meiro tema ao piano com 10 anos para minha mãe. desde então tenho o meu diário musical, músicas daqueles momentos da vida que de cer-to modo nos mudam a visão. Chegou a altura de abrir e publicar o “livro”. Não há a altura cer-ta, muito menos nos tempos em que vivemos no mundo da música.

Vive em Portugal há mais de 15 anos, fala português perfeitamente e no entanto opta por letras em in-glês bastante saudosas e melancólicas. O misto da eterna facilidade da língua inglesa com o roman-tismo do Fado.Não vou nunca esconder o amor que sinto por Portugal. o meu coração vive aqui. Sou senti-mental e cheia de saudade. A minha conexão en-tre o país, a saudade e o inglês vem das minhas influências musicais. Passei horas da minha vida como teenager com o meu walkman vermelho a ouvir dead Can dance, the Cure, david Sylvian, Cocteau twins, durutti Column, Anne Clark, a olhar o mar exausto e revoltado de inverno.

Os temas do disco foram registados num auditório, com piano, voz e contrabaixo. Queria uma sonori-dade intimista?Queria que o som deste disco fosse orgânico. Quero que os músicos, incluindo-me, sejam ge-nuínos, que façam o que realmente sabem fazer. Sempre fui uma cantora ao piano, desde as fes-tas da escola às festas em bares de munique. Por isso quis limitar-me a fazer aquilo que sei fazer, tocar piano e cantar.

WWW.mySPACe.Com/NiCoLeeitNer

nicole eitner vive em PortuGal há várioS anoS, teve aS SuaS bandaS rock, jazz e Soul na alemanha, dá aulaS de canto, eScreve,

comPõe e diriGe muSicaiS infantiS na eScola alemã do eStoril. acaba de lançar «vamPireS», tocado romanticamente ao Piano.

texto: Carla isidoro

NicoleeitNer

Real People

6 PARQ

Page 5: Parq Mag 01

Qual o trabalho mais fascinante que já fizeste?desfilar para Gareth Pugh. realmente ado-rei usar aquele Cat-Suit muito colado ao cor-po, haha.

Sempre a 100%?110% !

O que fazer da vida depois da moda?eu quero continuar sempre na moda.

Maquilhagem! Sempre ou nunca?Nunca digo nunca, mas prefiro deixar um pro-fissional decidir o que fazer.

Londres para sempre?e Nova iorque? tóquio? Paris?

Seda ou aço?uma cara de aço e um coração feito em seda.

Cerveja ou vinho?Cerveja às terças e vinho aos sábados.

Atracção para ti é?Autoconfiança!

Estás apaixonado?Sempre!

Alguma coisa que queiras dizer…it’s Petter, bitch!

martin kullik, StyliSt, entreviStou o amiGo e modelo Petter anderSSon. conheceram-Se em milão quando amboS faziam caStinGS Para a Semana de moda. anderSSon é uma daS eStrelaS do momento. foi o roSto da camPanha de jean-Pierre braGanza e é a Pantera

neGra de Gareth PuGh. ele eStá a cheGar… e vai arraSar.

texto: Martin Kullik — Fotografia: sara Jacobsson

PetterANderssoN

Real People

8 PARQ

Page 6: Parq Mag 01

*veStida de emPreGada Ser-via ao Público do arco no-

taS com a efíGie do rei de eSPanha imPreSSaS em Pa-

Pel e tinta comeStível.

Porque é que quando estamos juntos nos rimos muito?Pois é! Não sei, mas isto acontece desde que nos conhecemos no 5ºano.

Rimo-nos mesmo muito. Não acho normal.Lol. vês, já me está a dar vontade de rir! Acho que é bastante normal porque o riso funciona como o cérebro: também é um “músculo” que tem que ser exercitado.

O teu trabalho também é visto com uma certa iro-nia. Gostas de provocar riso?Sim, penso que tem a ver com esse sentido crí-tico e sarcástico com que encaro a vida no meu trabalho. Questiono-me muitas vezes sobre o papel do artista na sociedade. Para mim, fazer arte tem que ter uma componente prática mui-to forte, e nada melhor que exercitar o pensa-mento crítico usando a ironia e a sátira para confrontar as pessoas.

Muito do teu trabalho tem passado pela perfor-mance. Admiro que consigas enfrentar um públi-co tão grande como o da feira Arco e mesmo o rei Juan Carlos! também me admiro que o consiga fazer! de facto é qualquer coisa mais forte que tudo o resto e sinto que tem que ser feito. tu sabes o que isso é porque também te confrontas com uma plateia. Bem que gostava de ter consegui-do dar uma nota ao rei para que ele se comes-se a si próprio.*

Porque é que aparece tantas vezes a figura da ma-caca nas tuas performances?Lol. A macaca tem a haver com a ridiculariza-ção da performance e o desconforto que existe entre o público e o próprio performer, essa pos-tura quase de macaquinha de circo, que está ali completamente em desconforto perante o pú-blico. vivo essa situação cada vez que me expo-nho, tanto nas minhas performances como nas peças que crio.

Mas essa máscara que aparece na foto, não foi a que usaste quando fomos pela primeira vez à festa de carnaval da Faculdade de Belas-Artes do Porto? Tínhamos 18 anos.Pois foi! Foi a primeira vez que lá entrei, nem imaginava que passaria nessa escola cinco anos da minha vida! Foi uma bela festa! A partir daí ficamos fãs, não faltávamos a nenhuma. (lol) Fazíamos muitas performances!

Achas que é bom ser artista em Portugal? Acho que é bom ser artista…sou artista em todo o lado, não só em Portugal…

nuno Gil, actor, deitado na Sua cama, entreviSta via mSn a Sua amiGa de infância rita Gt, artiSta PláStica que em 2007 eSteve rePreSentada em

Praticamente todoS oS PrémioS PortuGueSeS Para jovenS artiStaS.

texto: nuno Gil — Fotografia: Rita Gt

ritA GtReal People

10 PARQ

Page 7: Parq Mag 01

Qual é para ti o momento cómico mais seminal?o meu amigo Julian rhind-tutt do «Green Wing» disse-me que foi a primeira vez que demos um passou-bem. eu concordo que foi realmente um momento seminal pois acabavámos de nos vir.

Com que personagem literária mais te identificas?Com o capitão Gancho do Peter Pan, porque é uma personagem linda e fadada por uma sede de vinganca insaciável. ele odeia Peter Pan por ter cortado a sua mão, mas na verdade odeia-o porque representa juventude e liberdade. todas as coisas que aquele pirata terra a terra nunca pôde conseguir. ele é a personificação da meia idade com saudades da juventude perdida. Adoro isso. e além de tudo sou constantemente perseguido por um crocodilo a tentar comer-me.

Quem murmurou as últimas palavras mais memoráveis?Beethoven supostamente terá dito “Aplaudam meus amigos, que a comédia terminou”, uma frase pensada provavelmente durante muitos anos de tão boa que é. eu imagino-o no leito da morte guardando o momento destas palavras na cabeça , com medo de pedir pra mijar caso morresse logo de seguida. o Ayatollah khomeni, recordo que ele disse “Apagem as luzes”, que também é muito boa. Apocraficamente, oscar Wilde disse “esse papel de parede está a matar-me. um de nós tem que ir.” mas esta é boa demais para ser verdade. A minha preferida, apesar de tudo, tem que ser a do rei Jorge v de inglaterra. A família estava a reconfortá-lo no leito da morte dizendo que ainda iria recuperar a ponto de voltar à zona balnear de Bognor. “Que se foda Bognor”, e faleceu.

O que mais gostas na tua casa?o meu namorado, o meu cão Bunsen e uma cabeça em cera de um rapaz núbio escondida numa caixa de chapéus no guarda-roupa.

O que mais odeias em Londres?o cheiro, o calor e a loucura durante o verão. é hediondo. Agora entendo porque é que as pessoas sensatas fugiam durante os meses de verão. também odeio autocarros que se dobram, só têm utilidade nas cidades europeias com avenidas largas e não nas ruas estreitas e espantosamente apertadas da Londres histórica. também odeio os turistas que bloqueiam as saídas do metro. Além disso é uma cidade linda e maravilhosa.

Qual foi, para ti, a invenção que não vingou e nunca deveria ter sido esquecida?A laranja que se auto descasca. o cabelo de boneca em plasticina que cresce. Lâminas de vidro para barbear. malha que não ganha borbotos. vacas azuis.

Se tivesses vivido noutra época histórica, qual seria e porquê?Provavelmente a época eduardiana (1901-1914). Gosto imenso da loucura e diversão tonta depois toda aquela morbidez vitoriana. A roupa, as bebidas e a arte. é tudo fantástico. mas depois viria a primeira grande guerra e terminaria toda a minha felicidade. Senão provavelmente gostaria de ter vivido na época tudor. ou basicamente em qualquer período em que fosse permitido aos homens usar collants.

Qual é a obra de arte mais sobrevalorizada?tenho um ódio irracional por el Greco. detesto as cores lamacentas e empoeiradas das suas obras bizarras. Na verdade também tenho que referir dali. deve-se ao facto de ter sido sobre-exposto em milhões de quartos de adolescentes e hoje em dia acho a sua obra cansativa. também não gosto muito de arte naif. Quem é que decide o que é naif ou merda, aquilo que uma criança retardada podia ter feito?mark GatiSS é conhecido Por Ser um doS criadoreS e actoreS da

Série de culto «a liGa doS cavalheiroS», viSta Praticamente no mundo inteiro, incluindo em PortuGal. Para além de Ser actor, actualmente é a PerSonaGem AgrAdo na adaPtação teatral londrina do filme «tudo

Sobre minha mãe». é iGualmente um eScritor de SuceSSo e o Seu último livro «the devil in amber» foi muito aclamado em inGlaterra.

Para o Seu antiGo room-mate, roGer WinStanley, ele é um livro aberto, faz queStão de não eSquivar-Se a nenhuma PerGunta.

texto: Roger winstanley

MArkGAtiss

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page- 78 -Real People

Qual é o fetiche mais estranho de que já ouviste falar?uma vez engatei um homem que queria que fossemos para a cama com braçadeiras insufláveis de natação. Foi bonito, mas as arestas arranham.Qual o objecto a que tens mais apego?um fotograma do filme do James Bond «o homem da Pistola dourada» assinado por Christopher Lee e roger moore. Quando era criança não era o meu filme favorito do James Bond, mas agora gosto muito. Quando era criança o Christopher Lee era o meu herói. Gostaria de ter uma obra do pintor Frank Brangwyn. Se um dia o conseguir, vai ser o meu objecto preferido.

Há alguma coisa com que nunca farias uma piada?Com a minha sogra. Sinceramente. ela é tão gorda.

Os fantasmas existem?eu acredito que sim, mas não são espíritos dos mortos. Há séculos de provas de acontecimentos esquisitos, por isso tem que haver algum fundamento nisso. Sei que tudo parece muito ficção científica, mas a ideia de imagens, cheiros, ou eventos que se imprimem no tempo é plausível para mim. A maioria das assombrações entram nessa categoria. mas isto não explica uma figura decapitada voando na tua direcção com um machado.

12 PARQ 13PARQ

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Em 2007 o Festival aconteceu simultaneamente em Barcelona e Nova Iorque mas este ano optaram por Lisboa e Nova Iorque. Qual o motivo da mudança?A razão do oFFF é a arte na sua constante mudança. e essa mutação está enraizada na natureza básica deste festival. Não associamos o Festival a um local específico como também não associamos a criação pós-digital a um local físico. Significa que a cidade que o acolhe não tem tanta importância. Podia ser em qualquer sítio porque temos um público muito fiel que se desloca ao festival onde quer que ele aconteça (na verdade 70% do nosso público vem do estrangeiro). tivemos oportunidade de vir para Lisboa, como tivemos oportunidade de ir para Nova iorque, mas desta vez tivemos que escolher entre Portugal e Barcelona pois tínhamos praticamente as mesmas datas e a nossa equipa não é suficientemente grande para trabalhar simultaneamente em duas edições.

O que podemos esperar do OFFF em Lisboa?todos os anos tentamos melhorar. tenho a certeza que este vai ser o melhor 0FFF até 2009. Como costume, traremos os artistas mais inovadores, aqueles que criam novos parâmetros na área dos media, design e música. Alguns já confirmaram, como rob Chiu, Fakepilot, david kensler (the kdu), taylor deupree com kenneth kirschner vs. Amit Pitaru, Joshua davis, Hi-res!... A lista está a crescer diariamente e pode ser consultada no nosso site. vai haver novidades relativamente à estrutura mas isto é, por enquanto, um segredo.

Quais são as tuas prioridades para os três dias de festival?o oFFF é resumidamente um espaço de partilha de conhecimentos, não só entre os artistas participantes, mas também entre o público. esta é maior prioridade para nós. Não queremos ser um showcase onde temos um público simplesmente a assistir e a escutar passivamente. Queremos que as pessoas entrem em contacto entre si envolvendo-se num processo de aprendizagem. o oFFF é baseado num fluxo constante de informação. Sabemos que nascem todos os anos muitas parcerias no festival. também conhecemos muitas pessoas que faziam parte da plateia mas que entretanto ganharam um lugar no palco. ou então, o caso contrário, pessoas que anteriormente estiveram a mostrar o seu trabalho para uma plateia e que agora fazem parte do nosso público.

Que relação vai existir entre Lisboa e Nova Iorque em termos de programação ?A única relação é que somos os mesmos comissários. obviamente há uma corrente estética e ética comum. Logicamente em Lisboa vai haver uma presença maior de portugueses e de europeus no palco.

O que significou terem ganho este ano o prémio de cultura do Jornal El Mundo em Espanha?é sempre bom vermos o nosso trabalho reconhecido. Para nós o prémio, é isso, um reconhecimento de oito anos de muito trabalho. esperamos que promova o nosso trabalho e nos ajude a conquistar um público novo.

o feStival offf acontece Pela Primeira vez Simultaneamente em liSboa e nova iorque. em anteciPação da ProGramação que Planeou em conjunto com rui vieira (50done), Para o Público PortuGuêS

no mêS de maio, héctor ayuSo roS fala-noS deSte Projecto que vai trazer à caPital exPoenteS do diGital e multimédia.

texto: Valdemar lamego

HéctorAyuso ros

englishversion

page- 78 -

Real People

Qual foi a razão para criar o OFFF?Como já disse, a proposta principal foi e é a partilha de perspectivas novas na área da cultura e da tecnologia. era uma coisa que sentíamos necessidade de fazer. Já conhecíamos grandes artistas e queríamos que outras pessoas também os pudessem vir a conhecer e ter contacto com eles. talvez pareça um pouco idealista, mas de uma certa forma gostaríamos de ser um ponto de partida para uma geração nova de artistas digitais.

Que problemas e obstáculos tiveram para criar o festival e como conseguiram superá-los?Fazer um festival como este significa que tens que lidar com muita coisa que está para além da tua paixão pela arte. No início foi difícil toda a parte de produção porque não tínhamos experiência suficiente. Não somos propriamente produtores, somos artistas, mas temos aprendido o suficiente ao longo dos anos. Por outro lado acredito quem esta abordagem de organizar um evento de um ponto de vista artístico e humano é o que faz do oFFF uma experiência única, tanto para o público como para os artistas. é óbvio que não estamos a fazer o festival para ganhar dinheiro e o público entende isso.

WWW.oFFF.WS/

WWW.iNoFFFeNSive.Com/

14 PARQ 15PARQ

Page 9: Parq Mag 01

City Snakefotografia Valeria

Galizzi Santacroceprodução conforto

Moderno

• Ténis Puma •• Óculos Prada •

• Fato de Banho cia maritima •• Ténis adidas/

originals •• Ténis nike •

• Cinto gant •• Cinto We are

rePlay •• Relógio chaumet/

dandy •

16 17PARQ PARQyou must — trends you must — trends

Page 10: Parq Mag 01

street flúorfotografia Valeria

Galizzi Santacroceprodução conforto

Moderno

• Cup carhartt •• Candeeiro flamp

noir, da Design Code na Benetton/Fábrica •

• Boneco de Vynil toy2r, na Skywaker •

• Ténis nike •• Cintos Diesel •• Óculos D&G •• Ténis reebok/Ventilator •

• Guarda- -Chuva h&m •

18 19PARQ PARQyou must — trends you must — trends

Page 11: Parq Mag 01

1

brinquedo com hiStóriatexto: Maria Fernandes

dono de uma personalidade rara, o mini Clubman – a variante “carrinha” da actual geração mini – é daqueles que apela à emoção mais do que aos sentidos. Leva-nos a saborear cada momento com uma disposição de reencontro saudosista, e o que nos fica é a sensação de consolo oferecida apenas por aquilo que já tem história. Agora, sendo o Clubman, acima de tudo, uma variação estética com um acréscimo de espaço no interior e de volume na bagageira, aquilo que o distingue e faz “parar o trânsito” são as portas. A lateral traseira (apenas uma do lado direito), fazendo lembrar uma limousine, abre-se no sentido contrário quando a porta da frente é aberta primeiro. As duas portas traseiras, quando abertas de par em par, revelam todo o interior. o velocímetro de tamanho gigante é uma peça de design “retro” para onde parece convergir a restante estética da consola. Aqui, o destaque vai, inevitavelmente, para a disposição dos manómetros do ar condicionado que desenham o logótipo da marca, contribuindo para que o mini continue a assumir uma postura fortemente emocional. Foi envolta no espírito de quem regressa ao passado que o experimentei em estrada. trouxe memórias infantis e fez recordar viagens e passeios de outros tempos. é com um sorriso que concluimos que preservando o misticismo de outrora, o mini ainda parece um brinquedo.

www.Mini.Pt

2

marcel WanderSum jardineiro fieltexto: Carla Carbone

marcel Wanders gostava tanto do tecto da sua antiga casa que, quando se viu obrigado a fazer uma mudança, arrancou-o pedaço a pedaço e levou-o consigo para a nova casa.

Parece que, enquanto lá viveu, o pequeno tecto em estuque florido – Wanders chamava-lhe um “ jardim do céu” – era tão bonito que resistia mesmo a um dono pouco atento à jardinagem. Como o designer diz: “mesmo sem eu ter dedinhos verdes, o tecto ficava sempre bem”. Sem ser regado ou precisar do sol, o jardim de Wanders convivia amigavelmente com a tonalidade da luz eléctrica. Hoje, essa imagem forte perdurou, e o designer traduziu-a para o interior esférico e estucado das paredes de um candeeiro, em que os relevos floridos ganham carácter através dos efeitos de sombra provocados pela luz da lâmpada. os acabamentos do exterior do candeeiro Skygarden são feitos através de uma pintura em diversas cores: do ouro opalino ao branco e negro mate.“

WWW.FLoS.it

SkyGardem de marcel WanderS, 2007.Produzido e diStribuído Por floS S.P.a.

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You Must I – News

20 PARQ 21PARQ

Page 12: Parq Mag 01

1,2,3

toPoGraPhytexto: sofia saunders

dando um novo significado ao termo “comida natural”, a empresa de cerâmicas japonesa kyouei alterou a paisagem de uma mesa de jantar. Nos seus recipientes, topography, os molhos transformam-se em lagos dentro de uma cratera, a sopa de tomate é lava de um vulcão em actividade, e os brócolos uma verdejante floresta alpina. uma viagem pelos sentidos e um estímulo à imaginação.

www.Kyouei-ltd.Co.JP

4

martelo PorSchetexto: Cristina Parga

A marca Porsche, cujo design abrilhanta telemóveis, roupas, relógios e diversos acessórios, desenha a estética de mais um objecto de desejo: o martelo multi-funções Porsche design P’791, do especialista em ferramentas eléctricas metabo. Combinando as funções essenciais de um berbequim com a potência de um martelo pneumático, a ferramenta destaca-se pela alta precisão, design purista e ergonomia- o seu punho inusitado, montado no topo, assegura o equilíbrio do centro de gravidade para uma distribuição de força perfeita. Com uma potência de 705 watt, o modelo Porsche design fura betão, pedra, madeira e aço com leveza, funcionalidade e sofisticação.

WWW.metABo-PorSCHedeSiGN.Com

5

também tira fotoSsamsung i70texto: Cristina Parga

uma câmara digital que apenas tire fotos hoje em dia é algo quase vintage. Com tantas funções multimédia apelativas como o mP3 e o vídeo player, o modelo i70 da Samsung é quase um melhor amigo que, entre as suas muitas habilidades, também tira belas fotos. e se os fotógrafos profissionais podem torcer o nariz para uma máquina com tantas funções diferentes, para quem procura unir estética, funcionalidade e entretenimento, esta salta aos olhos. Afinal, o gadget que nos seduz com a sua capa deslizante, padrões vitorianos e cores elegantes vem equipado com uma lente 38-114mm, intelligent Face recognition technology da Samsung e tem 7,1 mP e zoom óptico 3x, como qualquer boa câmara. mas possui também um grande ecrã LCd de 3” e SrS surround audio system, um convite para assistir a videoclips, concertos ou as próprias criações de vídeo.

WWW.SAmSuNGCAmerA.Com

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filiPe alarcãotexto: Francisco Vaz Fernandes

Filipe Alarcão concebeu para a temaHome uma mesa em montelli, um material à base de resina e minerais, inovador e resistente que torna este móvel bastante versátil, permitindo-lhe ser um equipamento de interior ou exterior. existem versões quadradas e rectangulares em cor branca e vermelha. A forma da mesa Gem aproxima-se à ideia de um cristal lapidado e tem superfícies brilhantes feitas com grande rigor de corte e colagem, que a torna num produto de referência dentro de uma indústria nacional de mobiliário sem grande tradição em peças de autor. A possibilidade de um reputado designer português poder criar uma série limitada de um projecto seu para o grande mercado é um sintoma positivo e uma esperança de que o tecido industrial português pode mudar.

WWW.temAHome.Com/

Pontos de vendaLisboa: emPório caSa, SantoS da caSa, Sem nome, in loco, veSStah

Porto: emPatiaS, baStidorFaro: SPace invaderS

You Must I – News

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Kohey Yoshiyuki«the Park»

nos anos 70, KOHEI YOSHIYuKI conheceu pela primeira vez chuo park, em shinjuku, onde se apercebeu da presença de jovens casais que durante a noite copulavam ao ar livre atraindo grupos de voyeuristas. a partir daÍ, começou a frequentar esse e outros parques de tóquio, munido da sua câmara fotográfica, ganhando a amizade dos homens que se reuniam para olhar os jovens casais. dotada de um flash com infravermelhos, uma novidade tecnológica no momento, a sua kodak começou a captar o ambiente erótico daqueles parques que só recentemente decidiu mostrar ao público. as fotografias são testemunho de uma câmara que progressivamente foi tornando-se mais voyeurista e com o mesmo ensejo desses homens que gravitavam nos parques, de conseguir simplesmente tocar no objecto de desejo. YOSHIYuKI expede a arte fotográfica para a sua origem, para o seu valor testemunhal, remetendo--nos para o carácter de observador implÍcito no acto fotográfico. as suas imagens testemunham uma capacidade de observação e implicação, raras na arte, que lhes dá uma aura de realismo e verdade exemplares.

WWW.yoSSimiLoGALLery.Com

Pág. 25Kohei YoshiYuKiFrom the series the ParkUntitled, 1971Gelatin Silver Print

Pág. 26Kohei YoshiYuKiFrom the series the ParkUntitled, 1971Gelatin Silver Print Pág. 27Kohei YoshiYuKiFrom the series the ParkUntitled, 1971Gelatin Silver Print

Pág. 28Kohei YoshiYuKiFrom the series the ParkUntitled, 1972Gelatin Silver Print

Pág. 29Kohei YoshiYuKiFrom the series the ParkUntitled, 1973Gelatin Silver Print

© kohei yoShiyuki, courteSy yoSSi milo Gallery, nyc

View Point

viewpoint viewpoint24 25PARQ PARQ

Page 14: Parq Mag 01

26 27PARQ PARQviewpoint viewpoint

Page 15: Parq Mag 01

28 29PARQ PARQviewpoint viewpoint

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o mundo pode mudar muito dramaticamente em 25 anos. um par de exemplos: em 1982 a música transportava-se de um lado para o outro no walkman, tecnologia (japonesa, claro) de ponta que permitia ler cassetes; os jogos eram de arcada – cada máquina, do tamanho de um frigorífico, permitia jogar exactamente um jogo: Pacman ou space invaders eram pura vanguarda electrónica; e, por falar em vanguarda electrónica, em 1982 a britânica Sinclair lançava no mercado a maravilha de 8 bits que era o ZX spectrum. em 25 anos a tecnologia evoluiu tanto quanto, por exemplo, a arte de rabiscar em paredes evoluiu entre o tipo barbudo coberto de peles que vivia numa gruta perto de Foz Côa e Bansky. e não estou a exagerar (bem, talvez só um bocadinho). mas, sob um certo prisma, pode argumentar-se que a arte pop atingiu o seu ponto mais alto em finais de 1982, com a edição de um álbum que dominaria as tabelas de vendas durante todo o ano seguinte. Falo de «thriller», o grande clássico de miCHAeL JACkSoN que agora assinala 25 anos de existência. é um quarto de século – o que para uma indústria com memória curta é muito, mas mesmo muito tempo.

Não deixa de ser extremamente curioso que as celebrações dos 25 anos de «thriller» cheguem numa altura de pura agonia para a indústria. Fenómenos como os de michael já não se inventam, mesmo num mundo com o poder da mtv e da rádio formatada como o de hoje – JuStiN timBerLAke, talvez o mais óbvio herdeiro de michael no século 21, tem cerca de 15 milhões de álbuns vendidos para os seus dois lançamentos a solo, «Justified» (2002) e «FutureSex/LoveSounds» (2006). michael vendeu mais de 100 milhões de cópias de «thriller» em todo o mundo… a diferença é abismal. Como é óbvio, o fosso não se mede apenas em milhões de unidades vendidas, mas no impacto que cada uma destas estrelas registou. em 1983, michael pôde justamente reclamar o título de rei da Pop e assistir a uma vénia verdadeiramente global. tal seria de todo impossível nos dias que correm.

é claro que não se pode falar em «thriller» sem mencionar os assombrosos números que alcançou – a somar aos 100 milhões de cópias há o recorde de ter estado um ano no top 10 americano, incluindo 37 semanas no primeiro lugar, de ter sido o disco mais vendido não apenas de 83 mas também de 84 e de ter gerado uns incríveis sete singles que quebraram todos a barreira do top 10. Podem ter a certeza de que quando não estão a ter pesadelos, os executivos da actual indústria discográfica sonham com discos assim.terá sido, no entanto, apenas porque se vivia num planeta diferente que o impacto de «thriller» foi tão esmagador? Claro que não. A verdade é que esse álbum representa igualmente o apogeu de uma certa maneira de pensar a pop.

texto: Rui Miguel abreu

tHriller—Michael Jackson

25 anos depois

Soundstation

«thriller» foi produzido pelo génio QuiNCy JoNeS, homem que fez carreira no jazz ao lado de gigantes como dizzy GiLLeSPie, que assinou várias bandas sonoras clássicas para produções hollywoodescas (como «in the Heat of the Night» ou «the italian Job») e que fez arranjos para gente tão enorme como FrANk SiNAtrA, miLeS dAviS ou eLLA FitzGerALd. Pelo meio, Quincy ainda criou clássicos como «Soul Bossa Nova», lição eterna de balanço capaz de arrasar uma pista de dança mesmo nos dias de hoje. A primeira produção que Jones assinou para michael, «off the Wall», rendeu 20 milhões de cópias e clássicos como «don’t Stop til you Get enough». mas com «thriller» – álbum de «Beat it», «Billie Jean» e, claro, do tema título «thriller» – a música era outra. Com músicos dos toto a bordo, temas escritos por rod temPertoN, Steve PorCAro (dos toto), JAmeS iNGrAm com QuiNCy JoNeS e, claro, pelo próprio michael, atingiu-se uma sofisticação impressionante, devedora das experiências individuais de cada um dos envolvidos que juntos pareciam cobrir todas as bases da música americana dos 30 anos anteriores. o resultado foi avassalador.

Para celebrar os 25 anos de «thriller», e até para eventualmente encaixar alguns preciosos dividendos, o gigante Sony BmG preparou uma edição especial que inclui novas versões para «the Girl is mine» com Will.i.Am, «Billie Jean» com kanye West ou, entre outras “surpresas”, «Beat it» com Fergie. de certeza absoluta que, para cada um deles, isso é o realizar de um sonho. michael ensinou-lhes o poder do passo certo no momento certo, a importância da tradução visual das canções, o carácter crucial de uma melodia capaz de viver por muitos anos… um quarto de século é, de facto, muito tempo, mas quando «thriller» toca parece que foi ontem que o ouvimos pela primeira vez.

WWW.miCHAeLJACkSoN.Com

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Aaron Jerome trabalha numa das mais conhecidas lojas de música independente de Londres, a if music, e foi dentro deste universo que explorou inúmeros géneros musicais, conheceu artistas e fez contactos. o remix do tema «Feeling Free» de Nicole Willies deu-lhe notoriedade, embora Jerome já produza há cerca de 10 anos e ande em busca do álbum perfeito há tantos outros. Conta-nos que tudo aconteceu quando ligou para a v2 records a perguntar se poderia remisturar temas de Nitin Sawhney. disseram-lhe que sim e produziu dois remixes que a editora usou posteriormente. “A partir daí continuei a contactar outras editoras e outros artistas. mas só recentemente é que as coisas mudaram de figura e comecei eu a ser convidado para remisturar. inspirei-me em projectos como Jazzanova ou 4 Hero.”

o recém lançado «time do rearrange» é resultado de muito tempo dispendido em busca da sonoridade certa. Gilles Peterson considerou-o “disco da semana” num dos seus programas de rádio difundidos no Japão e as reacções têm sido unânimes, vale a pena ouvi-lo e perceber as subtilezas. Facilmente faremos ligações a zero 7, 4Hero, Cinematic orchestra ou até massive Attack. os ambientes de «time to rearrange» ganham de participações vocais magestosas como as de Bajka (entrou no último do produtor Bonono), kathrin de Boer dos Belleruche 7 ou Simphiew dana. Conta-nos um pouco da história: “Há 3 anos fui fazer um dj set à África do Sul e o meu promotor meteu-me a ouvir Simphiwe dana. Fiquei estarrecido com o estilo dela. Passado um ano conseguimos encontrar-nos e o resultado é o tema «kwa kungasa». Gravámos nas traseiras da sua casa em Joanesburgo, onde tem o estúdio.” Simphiwe dana é uma figura da nu-soul e do nu-jazz que não esconde influências de miriam makeba e lembra-nos de imediato erika Badu. uma silhueta delicada, uma grande touca que esconde um penteado alongado, uma voz que já arrecadou seis prémios do South African music Awards. Além de dana ou mozez (zero7) a garantir as participações de maior visibilidade, Aaron Jerome também fez questão de se fazer acompanhar por artistas poucos conhecidos com os quais pudesse desenvolver um trabalho fresco. “Alguns dos artistas conheci-os através do myspace. Com estas pessoas é mais fácil fazer novos sons porque estão dispostos a experimentar. Com outros a parceria demorou mais tempo. Só consegui o mozez ao final de um ano, mas foi a minha primeira escolha mal fiz a canção «dancing Girl». Alguns gravaram no meu estúdio, mais propriamente na minha sala-de-estar, enquanto o trabalho com a voice e yungun aconteceu online. mas ainda não conheci yungun pessoalmente.”

AAroN jeroMeaaron jerome acabou de lançar «time to rearranGe», a eStreia que encaixou o jovem Produtor na liSta doS favoritoS de GilleS

PeterSon. Gravou e Produziu no Seu eStúdio, dentro de caSa, com oS artiStaS PreSenteS ou à diStância. aPoStou no univerSo mySPace

e convidou múSicoS que admira, deSconhecidoS ou famoSoS, meSmo que não oS conheça PeSSoalmente. um lançamento

de ouro no início do ano, também diSPonível em vinil.

texto: Carla isidoro

SoundstationJerome é um jovem londrino que ocupa a maior parte do seu tempo a fazer música, estando envolvido em pequenos projectos de electrónica, hip-hop e música africana. Faz alguns biscates em web design e aproveita cada momento livre para trabalhar nas produções. Além disso também é dj - colecciona vinil desde os 13 anos – e apreciador uma boa linha de baixos, percussão e bateria. Aprendeu a tocar bateria sozinho desde que lhe ofereceram uma aos 11 anos. A secção rítmica e percutiva no disco é bastante vincada. Jerome admite que era inevitável: “Sempre abordei a música do ponto de vista da pista de dança e passei a minha adolescência a ouvir House, drum&Bass e Hip-Hop e seguramente que estes géneros definem muito a direcção do meu som.”

Arranca os concertos de promoção em Londres apresentando-se ao vivo com banda. Aaron assume as programações, rhodes, teclados e sintetizadores e faz-se acompanhar por músicos que têm tocado com Guru, ty ou roy Ayers. As vozes são garantidas por mozes, pela fantástica kathrin de Boer e pela plasticidade de yungun. os admiradores de nu jazz ficarão felizes com este disco rico em variações rítmicas e vozes excepcionais, temperado com uma percussão impressiva e sofisticado a ponto de queremos vê-lo ao vivo já. esperemos que Lisboa o convide brevemente. Até lá, comprem-no online.

WWW.SouLBLeNder.Co.uk/

WWW.BBemuSiC.Com/

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NeAL SuGArmAN e GABrieL rotH deram um novo sopro à carreira de SHAroN JoNeS. Quantic fez o mesmo com SPANky WiLSoN. JASoN SWiNSCoe voltou a pôr FoNteLLA BASS dentro de um estúdio. três exemplos de senhoras de quem se começou a falar, 30 anos depois de se ter começado a falar delas (Quantic, já agora, nem 30 anos tem). Não são casos de reciclagem, mas de redescoberta, mais ‘re’ menos ‘re’; de continuidade. os tempos adaptaram-se aos compassos e pronto, vai tudo para o saco das novas tendências. Que, assumamos, sempre é melhor que a prateleira da world music, como aconteceu a uma mão cheia de músicos cubanos que ry Cooder deu a conhecer ao mundo.

isto tudo, entretanto, quase 20 anos depois de GiLLeS PeterSoN ter fundado a talkin’ Loud que, juntamente com a Ninja tune, puseram toda a gente a dizer ‘acid jazz’ em uníssono (é agora cool voltar a Brand New Heavies, Galliano, até mesmo aos Soul ii Soul). Pronto, e algures entre o determinismo histórico e a ressureição do retro, se faz um nome.

Com cinco álbuns editados em nome próprio e três com a sua Soul orchestra, aparece agora nos escaparates – essa palavra apenas escrita em críticas de discos – o quarto volume do combo: «tropidélico», uma amálgama, ou melhor, uma malga cheia de ritmos essencialmente latinos. Algo um pouco mais ao lado da sonoridade deep funk a que nos tem habituado, se é que hábito e hibridismo ficam bem no mesmo conceito, «tropidélico» é o resultado de viagens e estórias caminhadas pela América do Sul, entre uma loja de discos usados e um set num club. Quantic, a viver actualmente na Colômbia, curiosamente, não só descobriu uma nova fonte de inspiração em LP’s locais, como também descobriu que alguns dos músicos responsáveis por esses discos ainda eram vivos. mais circunstância, menos pompa, e como que por acaso, a Quantic Soul orchestra dá uma curva no seu percurso.

«tropidélico» tem, portanto, menos funk e menos soul que os seus antecessores. Bom, mas na verdade... talvez mais correcto fora dizer que «tropidélico» é, a tempos, mais afro e mais latino que os seus antecessores, não? À primeira faixa, essas intenções são declaradas de forma muito nítida. ritmo? rumba? Quase salsa? Quase conga? Sim. mas, depois, aparecem os metais e há um sax que insiste em meter os blues ao barulho, mas disfarçados de funk. Seguindo por aqui, quando damos por nós, estamos a proferir chavões como ‘a globalização das raízes’, embora géneros como a cumbia colombiana e a presença ‘estranha’ da flauta sejam, de facto, menos divulgados por estes ocidentes. mas também há quem diga que esse género veio do méxico, que veio da espanha, que está agora em Nova york, que se vê no hip-hop, que resolveu celebrar SérGio meNdeS, etc., etc.

quANtic soul orcHestrAMenos Long Island e mais Ice Tea

com quaSe dez anoS, a truthouGhtS é uma editora que já deixou cair o Seu Selo de indePendente deSconhecida. Para além doS SeuS

fundadoreS, a culPa deSSa fama cabe a nomeS (e ex-nomeS) do Seu catáloGo, como bonobo, alice ruSSell ou quantic – a Solo e com a quantic Soul orcheStra – um Projecto onde Will holland,

o nome Por tráS de amboS, injecta maiS célulaS vivaS e menoS orGaniSmoS SintéticoS que noS momentoS em que aSSina a Solo.

texto: Mário nascimento

Soundstation

Com vocalizações de J-Live, kabir (a sua participação em «Who knows» quase que pede o carimbo da velha Atlantic) e NoeLLe SCAGGS, cantora dos rebirth, «tropidélico» pode ser um álbum da Quantic Soul orchestra, como de madlib. e isto é bom, porque ambos são do melhor que há, quando se fala desta cozinha de fusões. e o que é que a cozinha de fusão tem de bom? A mistura de sabores. ‘mas este sabor é o quê?’ Bom, é o sabor da mistura. A receita? muito simples: something soul, something blues, something oldskool, something nu.

WWW.QuANtiC.orG/

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golden Widowfotografia por PedRo PaCHeCowww.pedropachecophoto.com

styling por Joyce doretihair&make-up por rita Fialhomodelo rita Gonçalves [Central models]light equipment www.spot-lightservice.com

agradecemos a toda a organização do Festival de bd da amadora.

soutien H&m, saia de penas FeLiPe triNdAde, botas em verniz e luvas mANGo casaco verniz mANGo, gorro e sapatos dieSeL, corpete e slips leopardo H&m 37PARQmoda i

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vestido dourado H&m, sweat CoNverSe, cinto c/tachas douradas H&m, botas em verniz mANGo tudo H&m 39PARQmoda i

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t-shirt e slip dieSeL, corpete em cetim e anéis H&m vestido lantejoulas mANGo 41PARQmoda i

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raimundhoghe

— a subtileza do Mago

Não é a primeira vez que se apresenta em palcos portugueses, mas cada nova performance sua

produz um brilho de expectativa em quem o admira. raimund Hoghe é um artista particular, não só

porque foi durante dez anos o dramaturgista (não confundir com dramaturgo) de Pina Bausch que depois decidiu ser coreógrafo, mas porque tem

uma figura que contraria qualquer estereótipo de perfeição e beleza dos corpos de dança. é um homem

pequeno, com uma corcunda nas costas e desigualdade no alinhamento dos membros, veste-se de preto e assume o seu corpo em palco tirando as roupas

naturalmente. vê-lo é aprender subitamente a lidar com o outro e com a diferença por si só. deixa-nos embaraçados pelo preconceito que transportamos,

mas transforma qualquer incómodo num jogo de subtilezas e novas imagens do mundo. Falou

connosco sobre a peça que traz este mês à Culturgest, «Swan Lake, 4 Acts», sobre o poder da música no seu trabalho, o fascínio pelo jovem futebolista Lorenzo

e pela eterna diva maria Callas, que representa no seu último solo. o mago está de volta.

texto: Carla isidoro — Fotografia: Rosa Frank

"36, avenUe GeorGes mandel"

"36, avenUe GeorGes mandel"

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Grande Entrevista

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Que importância tem o original «lago dos Cisnes» para si?é muito importante, entre várias outras peças clás-sicas o «Lago dos Cisnes» é a mais forte. Fiquei bastante impressionado ao assistir a velhos fil-mes russos, alguns a preto & branco. e outros com maria Callas a preto & branco. é um interpretação muito intensa.

teve uma educação clássica na escola? ensinaram-lhe os clássi-cos em casa?

Não, não. e quando terminei os estu-dos tornei-me logo jornalista.

e depois dramaturgista de Pina bausch. Como aconte-ceu esta mudança?

muito naturalmente, fiz o que tinha que fazer. tudo aconteceu natural-mente, não foi uma grande decisão mudar de trabalho.

Mais tarde tornou-se coreógrafo. É surpreendente vê-lo em palco, um pequeno homem vestido de preto que tira as roupas e exibe o seu corpo para o público. subitamente sentimo-nos despidos diante de si. usa o corpo como acto político?

é político no sentido em que assumo que é pos-sível haver corpos e pessoas diferentes. Faz-nos pensar sobre a beleza e questionar o que é e não é a beleza, e lutar pela diferença entre as pesso-as. o mundo é mais do que raparigas loiras, al-tas e magras. toda a gente tem o direito a viver. eu sou exemplo disso. A história alemã dizia que pessoas diferentes não tinham direito a existir, sou muito sensível a isto. Ninguém tem o direito de dizer que este corpo não serve, que este cor-po não existe. isto é importante, que aceitemos o corpo como ele é.

a sua posição em palco funciona como um statement.Sim. em inglaterra uma senhora fez uma disser-tação sobre mim dizendo que em palco não me desculpo por existir. eu digo ‘estou aqui, gos-tem ou não’, talvez isso transmita alguma ener-gia a outras pessoas para que digam ‘estou aqui e existo’.Não sou uma vítima.

olhando para quando foi dramaturgista de Pina bausch, o que guar-da desse período no seu método de hoje?

uma coisa muito importante é ter uma forma, mostrar emoções e sentimentos em palco mas elas têm que ter uma forma. outra coisa é re-duzir bastante as coisas, ao detalhe, e ter fortes personalidades em palco. e ainda…quando o movimento começa, a candura pode ser um mo-vimento. mas realmente uma das coisas mais im-portantes é encontrar a forma para as emoções. Quando comecei com a Pina nos finais da década de 70 foi muito forte usar pessoas diferentes em palco, gente velha e nova, altos e baixos, porque na dança todos tinham que ter a mesma altura. isto foi um marco para mim. Lembro-me sempre que havia emoções muito fortes no público, éra-mos tocados directa e profundamente. Lembro-me disto frequentemente. e agora vejo coreógra-fos contemporâneos a fazer o que Pina fazia há 30 ou 25 anos, mas ela fê-lo melhor. Nunca quis copiá-la, aquilo que retirei dela não foi do exte-rior, foi somente do interior. e devo acrescentar que havia uma razão para dançar.

está de regresso a lisboa com «the swan lake, 4 acts» apesar de ter criado duas novas peças no ano passado. durante quanto tempo mantém as peças em digressão?

Algumas por mais de dez anos. o meu primeiro solo, «meiwärtts», foi criado em 1994 mas apre-sentei-o em Lisboa não há muitos anos atrás.

inclui novos elementos nas peças antigas enquanto continua a apre-sentá-las ao vivo?

A estrutura é fixa, não há alterações. mas ago-ra tenho um novo bailarino numa das partes, o emmanuel eggermont, que já participou no «Bolero variations» e na mais recente peça «36, Avenue Georges mandel». é a primeira vez que altero uma parte por causa de alguém.

li numa crítica que o início de «swan lake, 4 acts» testa a paciência do público por manter os bailarinos no palco praticamente parados sem fazerem nada. lembro-me de sentir o mesmo na peça que apre-sentou cá no ano passado, que as minhas sensações estavam a ser tes-tadas através da sua linguagem e sentido de tempo. Quão provocati-vo pretende ser com o seu trabalho?

Não pretendo ser provocativo e não estou a testar o público. Não estou realmente a testar o público. Faço o que sinto que devo fazer, aquilo que que-ro ver e o que quero expressar. Por vezes penso que aquela parte é demasiado longa, mas tenho que apresentá-la dessa forma. Há uma diferen-ça entre esta peça e as outras, existe o «Lago dos Cisnes» de tchaikovski antes. Quando comecei a trabalhar assisti a imensos filmes russos antigos do «Lago dos Cisnes» com Galina olanova, mui-to clássico. vou com frequência à ópera em Paris assistir a peças clássicas e não há muito que con-tar nas histórias, não são muito longas, são curtas até. No início do «Lago dos Cisnes» não há muita acção. Por isso digo às pessoas que vejam a peça original, a versão clássica. Para mim a introdução de «Swan Lake, 4 Acts» quando os bailarinos en-tram em cena e são apresentados, é a versão ori-ginal. A minha está ligada ao original, e era im-portante ter bailarinos de clássica.

durante a peça que apresentou em lisboa no ano passado, senti-me de alguma forma como uma voyeur. Como se estivesse a observar algo que não deveria, tão delicados e privados me pareciam as cenas e os movimentos. Vê o movimento como um sentimento?

Sim, com certeza, ele vem da alma. e para mim ele está muito relacionado com a música. Simplesmente ouvir a música. Na minha opinião a dança contemporânea tem uma forte ligação com a música. é a força maior, leva as pessoas a níveis especiais dentro delas próprias. é isto que quero apresentar às audiências.

a música é a componente principal do seu trabalho, um elemento di-nâmico das cenas.

é a base de tudo.Como escolhe as músicas para as peças?

depende, mas são sempre músicas com as quais os músicos sentem afinidade. Na peça «young People old voices» pus uma música a tocar durante os ensaios com a qual os bailarinos não se identifi-caram, não conseguimos criar nada a partir dela. tive que optar por outra e aí sim aconteceu algo. Não conseguimos descrevê-lo por palavras, tenho que encontrar a música certa e aí então aconte-ce aquilo que referiu, a emoção, porque o movi-mento está relacionado com a música.

teve essa motivação na sua primeira coreografia?Sempre que concebo uma peça, há um motivo para fazê-la. mesmo que o público não a reco-nheça, ela existe.

É um pressuposto do papel do dramaturgista.é claro que está um pouco ligado, era o meu tra-balho com a Pina. Há sempre uma razão, mesmo para o bailarino deve estar claro que há um moti-vo para ele ir de um ponto para outro com os mo-vimentos. talvez este tenha sido um dos maiores ensinamentos da Pina, tem que haver uma razão para nos movermos. muitas vezes vemos gente a mover-se em palco mas não entendemos por-quê. eles vão dar-nos a sensação? movem-se por-quê? Há muito boa gente que entendemos por-que se movem mas não conseguimos expressá-lo por palavras. Ao criar uma peça, se não encontro um motivo que me leve de uma coisa para outra então tenho que mudar algo. em «young People old voices» a maioria não eram bailarinos com formação, não tinham experiência de palco e tinham algum receio porque a peça era longa, mas acabaram por ficar surpreendidos por ser tão fácil, havia algo ali de muito natural. A mú-sica traz-nos a sensação de que temos que fazer alguma coisa, por isso tem que ficar claro para mim porque o faço.

Recentemente fez um novo solo, após um longo período de peças de grupo. o que motivou este solo agora?

tinha que voltar a um formato menor outra vez, e há ainda a relação com a maria Callas que tan-to amo e a ligação à sua música. mas no final da peça há um convidado que entra, afinal não es-tou sozinho. é emmanuel eggermont, ele é como um anjo da guarda, é uma protecção.

Foi um desafio fazer de novo um solo?Sim, foi um desafio porque respeito imenso maria Callas. talvez os solos sejam mais radicais que as peças de grupo. Ali estou sozinho. Penso que fazer mais e mais não é benéfico para um artista. Agora tenho de ser responsável só por mim, não pelos bailarinos do grupo. Assim consigo testar os meus limites. o título da peça é «36, Avenue Georges mandel», a casa onde maria Callas morreu. No final da sua vida ela estava muito sozinha.

É uma peça triste?muito, muito triste. Foi uma grande tragédia o fim da Callas. mas o final do meu solo não é tris-te, há outra pessoa que aparece, uma pessoa que me diz para voltar a viver.

ela é um veículo entre si e os bailarinos?Sim.

Muitos críticos referem características ritualísticas nas suas perfor-mances. usa signos que identificamos como ritualísticos para descons-truir estereótipos em vez de usá-los para justificar o estabelecido?

é sempre mais simples para mim, faço somen-te aquilo que tenho que fazer. Gosto sempre de ir até ao centro da peça. o «Lago dos Cisnes» é uma grande história de amor, de desejo e sauda-de, e no meu trabalho queria reduzi-la à parte central da peça. Não é que queira desconstruir, quero ir lá atrás ao ponto de partida e à sua mú-sica. toda a gente se lembra do «Lago dos Cisnes» e da sua música.

no ano passado trouxe a lisboa bailarinos que não pareciam ter for-mação em dança. Costuma recrutar pessoas normais?

eram bailarinos com formação. em Lisboa meta-de do grupo era constituído por bailarinos com formação, mas é importante que não se notem as diferenças.

então trabalhou com pessoas sem um background em dança.No «young People old voices». Nas outras peças trabalhei sempre com bailarinos.

esta questão leva-me a lorenzo de brabandere.o Lorenzo e eu somos as únicas pessoas sem for-mação em dança tanto no «young People» como no «Swan Lake», mas usualmente interesso-me por pessoas que tenham escola em dança.

Penso que ele era jogador de futebol.(risos) Sim, conheci o Lorenzo para «young People old voices», ele tinha somente 17 anos e queria ser um futebolista de sucesso. era muito novo, ti-nha uma forte relação com a música, realmente muito forte, e ainda uma sensibilidade para o po-sicionamento em palco que penso que foi buscá-la à sua experiência de futebol. tem um grande desejo de se expressar, tem progredido de peça para peça e por vezes demonstra uma melhor re-lação com a música que muitos outros bailarinos. é uma forte presença em palco.

É o seu favorito?Não, isso seria injusto para com os outros. mas nos últimos cinco anos ele tem sido o mais importante.

em palco apresenta-se vestido de preto, age de forma muito neutra e não demonstra emoções. um pouco contraditório se virmos as cenas emotivas que coreografa. Que significado tem esta postura?

Não sou um actor, e gosto bastante de cinema mudo. os movimentos e as emoções bastam por si só, não tenho que expressá-las no meu rosto. elas estão lá, não tenho que reforçá-las. Já há ex-pressão suficiente no movimento. refiro sempre maria Callas, ela tinha movimentos muito ra-ros, fazia movimentos muito reduzidos. Na mi-nha peça «Swan Lake 4 Acts» apresento os baila-rinos, eles ficam de frente para a plateia durante três minutos antes de começarem a mover-se, há um grande desejo de movimento neles e os mo-vimentos que fazem só com a cabeça têm muita força. é isto que me interessa.

“a história alemã dizia que pessoas diferentes

não tinham direito a

existir, sou muito sen-

sÍvel a isto.”

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o revivaliSmo doS anoS 80 Parece ter cheGado timidamente aoS SubúrbioS de nova iorque em contraSte com o fenómeno exPloSivo do nu rave em londreS. Por

enquanto, em manhatan, oS rádio-GravadoreS PortáteiS - conhecidoS Por boombox - doS retro kidz Parecem Ser a Ponta do iceberG de maiS uma de moda de rua com um Sabor local muito PróPrio. naS ruaS do Soho, eSte GruPo de raPazeS com corteS de

cabelo arquitectural do temPo de reaGan, foi o Primeiro a dar volume àS batidaS hiP-hoP noS anoS 80. a Sua forma de veStir, como a doS antiGoS raPPerS, e a Paixão Pelo vintaGe fez com que nova iorque Se rendeSSe à Sua Graça, no exacto momento em

que o cliP «i Want your Soul» de armand van helden oS divulGou Para o mundo.

texto: Helmut Hemmer — Fotografia: Justin t. shockley

“Quando descemos as ruas de manhatan as pessoas olham-nos como se tivéssemos saído de uma cápsula de há 15 anos atrás”, diz LAdAz mArSHALL, rapaz de 20 anos, um dos sete elementos originais do auto denominado grupo the retro kidz. usa jeans deslavadas de cor ácida, uma t-shirt com im-pressões leopardo da Puma e umas reebok track Jacket de 1988 que comprou no ebay. “este é o tipo de roupa que gos-tamos de usar todos os dias”, referindo-se ao seu jovem ‘gang’ black que anda entre os 18 e os 27 anos. encontraram-se por acaso na cena rap quando já ninguém se atrevia a dar-lhe qualquer prognóstico de vitalidade e futuro. Chegaram de diversos bairros periféricos de Nova iorque (Brooklyn, Long island e Queen) e tinham em comum uma obsessão pelos anos 80, começando por uma enorme veneração por gran-des figuras do rap ou por filmes como «Beat Street», «krush Groove» e «Breakin’». também gostavam de dançar ao esti-lo running man e roger rabbit. Apesar de copiarem mui-to o estilo dos seus heróis, não gostam de cultivar a cena do gang encostado à esquina a ver o tempo passar, enfiado em calças bagy e sweat-shirts com capuz. Antes de mais, que-riam divertir-se, e nada melhor do que chocarem gente con-vencional com roupas exuberantes que ninguém usa há pelo menos 20 anos. Gostam de cores vivas e néon, de correntes douradas e cortes de cabelo à GrACe JoNeS. Para cúmu-lo da diversão, procuraram todo o tipo de tecnologia obso-leta dos anos 80, como o beeper e os primeiros modelos de telemóveis ericsson. Nas suas mãos tornam-se nos gadgets mais divertidos e desejados Nova iorque.

mas na diversão há sempre um trabalho de pesquisa apurado, diz keNNetH BArCLiFt, outro elemento dos the retro kidz igualmente de 20 anos que estuda design de moda no Fashion institute of technology . kenneth está sempre aten-to a ‘crimes contra o estilo’ e não suporta um boombox com graffiti. “Não podes pintar os Boombox, não se fazia nes-sa época e não tem nada a ver com o nosso estilo de hoje”. Porém, de acordo com o seu dogma, jóias desproporciona-damente grandes estão mais dentro do espírito. “medalhões com o ‘logo’ do mercedes Benz, silhuetas do mapa de África, símbolos da paz, ou um luxuoso anel de quatro dedos são va-lorizados”, diz kenneth mostrando um exemplar que custa 800 dólares e pertence ao amigo AmiL LoPez aka micro. “esse anel é ilegal, pode ser considerado uma arma. Posso ter problemas com a polícia”, lamenta.

entrou para o grupo neste verão de 2007 começando por ven-der o seu hi-fi, mas antes gravou os seus vinis para poder to-car as músicas no Boombox em cassete. os seus rappers pre-feridos são BiG dAddy kANe, SLiCk riCk, kooL moe dee e ruN dmC. Para ele, o look e o som destes rappers é mais do que uma atitude, é uma forma de ser. Critica os ra-ppers actuais que se vestem da mesma forma e andam todos no mesmo carro e namoram todos a mesma rapariga.

Para LAdAz mArSHALL o estilo de vida dos retro kidz envolve tudo: moda, música e cortes de cabelo, como uma atitude em busca de coisas novas. Para ele o grupo é uma síntese “multimédia”. Na verdade conseguiram dar nas vis-tas com a sua aparência aparatosa e a forma hedonista de estar da vida, mesmo em bairros como o Soho, onde tudo é permitido e tudo já foi visto, e como tal é difícil conseguir a mínima atenção. desde o início, conta-nos Ladaz, quan-do o grupo aparecia à sexta-feira à noite do metro de time Square e ligava os Boomboxes, era de imediato rodeado por uma plateia que o alimentava com verdadeiro entusiasmo. “Gostavam do ‘feelling’ do grupo”. Para este estudante do Nassau Community College, quando chegam gera-se uma verdadeira atmosfera de festa. As pessoas adoram o som dos boombox e mesmo no ambiente elitista das galerias de arte da Baixa são bem acolhidos e desejados porque não há vernissage que os receba sem fechar as portas para dar iní-cio a uma festa privada. Pela espontaneidade e capacidade de fazer divertir o seu público, fazem com que as festas se-jam memoráveis. Naturalmente, ao final da noite têm sem-pre uma fila de relações rúblicas de marcas de life style ren-didos ao seu charme. Já foram convidados para animar a apresentação da Parish Collection (WWW.PAriSH-NAtioN.Com), assim como uma festa da Puma durante a semana de moda de Nova iorque. Actualmente muitas marcas desejam-nos como representantes dos seus produtos. Foram contratados pela Puma para serem o rosto da colecção actual da yo mtv raps, que rende homenagem a um programa dedicado ao hip-hop nos anos 80 na mtv (ver texto da Puma na secção you must). Confessam que a Pro-keds está na fila de espera, o que os deixa contentes dado o perfil “old school” da marca.

em conclusão, o que parecia ser uma brincadeira, uma for-ma de sair do anonimato e de afirmação de identidade num mundo tão diverso como é Nova iorque, tornou-se num ne-gócio “colorido”, refere Ladaz. “mas enquanto for divertido vamos andar por aqui nas ruas de manhattan ou em qual-quer parte do mundo mostrando apenas quem somos e a nos-sa cultura”. os retro kidz consideram-se entertainers e ino-vadores de estilo. encaram o seu look com profissionalismo para que se possam manter-se como referência, “até porque já não estamos sós”, faz questão de sublinhar keNNetH BArCLiFt. e na verdade este movimento étnico de Nova iorque tem cada vez mais seguidores e concorrentes. kenneth enumera alguns mais importantes como os retro Boys, os retro team ou os vintage Supreme. mas vê o aparecimento desses grupos como um incentivo para o movimento vinta-ge. “São nossos amigos. os Supreme, por exemplo, são mais início dos anos 90, onde terminam os retro kidz”. Por isso, manter a boa aparência é essencial para kenneth e não tem outro remédio senão ir três vezes por semana ao barbeiro. Confessa que não paga nada para fazerem desenhos elabo-rados na sua cabeça já que é a melhor publicidade para o ne-gócio. representa o estilo retro black como ninguém.

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page- 79 - tHe retro kidzAo soM dos

BooMBox

Central Parq – Actitude

46 PARQ 47PARQcentral parq – actitude

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stePHANiedeArMoNd~ letrAs BrANcAs ~

letraS brancaS, leitoSaS, São aGruPadaS e enfeitadaS com PequenoS cavaloS caStanhoS, com floreS, fiGuraS camPeStreS,

ramoS verdeS, roSaS, muitaS roSaS, meninaS com chaPéuS floridoS, borboletaS eSvoaçanteS, rouxinoiS, cerejaS e maiS

cerejaS e marGaridaS de coreS vivaS. tudo a enfeitar PalavraS conStruídaS em cerâmica Pela artiSta StePhanie dearmond.

texto: Carla Carbone

Nasceu em Seattle em 1971 e em 1996 estu-dou cerâmica na universidade de Washington Seattle. e psicologia. São curiosas as expressões que Stephanie deArmond explora nas palavras que constroi em cerâmica. A expressão “What a Hunk!”, ou “Hustle em!”, demonstram bem como a artista devora avidamente o ambiente que a rodeia e inspira: “encontro inspiração em velhos signos, de tipo ornamental, nos graffi-tis da rua, nas pessoas que me rodeiam, na cul-tura local, em tudo aquilo que se manifesta no lugar onde vivo”. Para quem não saiba, “what a hunk” é uma expressão utilizada pelas mulhe-res quando vêem homens bonitos, embora já caída em desuso.

Hunk quer dizer homem musculado. “Hustle em” é qualquer coisa como: “vai-te a ele” (perdo-em-me a liberdade) e assemelha-se a um incen-tivo, quer dizer, de pugilato ou qualquer coisa do género, ou uma acção de motivação sexual. No trabalho de deArmond a peça alude mais ao flirt, embora a artista goste da dupla inter-pretação que a expressão sugere.

outras referências para o seu trabalho são os vá-rios artistas que deArmond admira, e não são poucos: margaret killgallen, Charles Ledray, Josiah mcehleny, robert Gober, Sarah Lucas, Charles krafft e Anish kapoor, entre outros muito importantes.

em 2001, mudou-se para o centro dos estados unidos, para oeste, onde encontrou um am-biente mais tranquilo para produzir o seu tra-balho. Segundo deArmond, a área concentra uma comunidade de ceramistas bastante forte e coesa. Para a artista era importante rodear-se de autores que se relacionassem com o mate-rial da mesma forma que ela, ou seja, de modo intenso e sério.

deArmond descreve, passo a passo e com pra-zer, as várias fases que envolvem a construção das suas peças em cerâmica. Não descura um único momento que seja. Constroi as letras com formas oriundas de várias fontes, estendendo as placas de barro prensado sobre a mesa de traba-lho e depois desenha padrões em papel de letras e recorta-as das placas. “Construímos as pare-des das letras, tal e qual como fazemos quando queremos construir uma caixa em cerâmica” e os cantos das letras são depois suavizados com os vários instrumentos próprios desta activida-de: “Não uso moldes, por isso cada peça é uni-ca e feita individualmente”.

os decalques são encontrados no ebay, segun-do a artista, decalques vintage para cerâmica. Feitos de material cerâmico, são dispostos so-bre a superfície de cerâmica a ser aplicada, nes-te caso as letras, e depois sujeitas ao fogo no for-no de cerâmica. “é exactamente como acontece com uma tigela, uma caneca, um prato que te-mos em nossa casa. È um processo comercial para criar multiplas peças com a mesma ima-gem. e os artistas contemporâneos estão a usar muito esta técnica para fazer o seu próprio tra-balho, único, como que um comentário à críti-ca e à forma como interagimos com estes uten-sílios em nossas casas.”

deArmond nunca se viu como uma designer, até que as pessoas começaram a perguntar se de facto era. mas é definitivamente uma pessoa interessada e influenciada pelo design: “Sempre me considerei uma artista e uma ceramista, e acho que muitas pessoas associam de facto a cerâmica ao design”. os designers adoram seu trabalho e a artista talvez atribua esta simpa-tia ao facto de lidar com fontes e a linguagem da tipografia. ou seja, tanto os designers como deArmond, ambos partilham o interesse pela tipografia: “é uma exploração da forma das le-tras em três dimensões”.

A artista gosta de frisar que, apesar de gostar das letras, de decoração, e de todas as outras formas de design e de grafismo, o que influencia mais o seu trabalho é realmente a arte.

WWW.StePHANiedeArmoNd.Com/

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Central Parq – Arte

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dAvidBAtcHelor

a Partir de uma obra conStruída a Partir de neónS, david batchelor, conSeGuiu cintilar no Panorama

contemPorâneo da arte fazendo uma releitura do minimaliSmo americano e da britiSh SculPture da Sua Geração.

texto: Fransisco Vaz FernandesFotos: Cortesia Galeria leme (www.galerialeme.com.br) & wilkinson Gallery

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em 2003 dAvid BAtCHeLor era uma das agradáveis surpresas da exposição «days Like these» da terceira trienal da tate Gallery de Londres. Como referia o programa curatorial, não havia propria-mente um tema , propunha-se simples-mente o conjunto de artistas britânicos que segundo os comissários JuditH NeSBitt e JoNAtHAN WAtkiNS, tinham revelado maior vitalidade criati-va nos últimos anos. Batchelor, pratica-mente um desconhecido, com 48 anos, ficava entalado entre uma geração emer-gente pós-yBA (young British Art) e uma geração consagrada, genericamen-te associada a British Sculpture, da qual faziam parte riCHArd deACoN e rACHeL WHitereAd, também pre-sentes em «days Like these». Até en-tão, o artista que construiu «Spectrum of Brick Lane» na tate Gallery, uma tor-re estreita feita de estantes com caixas de luz florescente empilhadas, tinha apenas um grande reconhecimento no campo teórico . Para além de vários artigos teóricos, tinha-se tornado um autor de referência após a publicação do seu livro «Chromophobia» (2000). Por isso, em 2003, Batchelor só para os mais incautos passaria por artista emergente, dado as suas relações de longa data com o meio artístico. esteve sempre próximo, até pelas suas práti-cas artísticas da geração que renovou a escultura britânica a partir dos anos 80, no entanto, só viria a ser aclama-do tardiamente. Ao contrário da ge-ração da British Sculpture, Batchelor

a viver em Amesterdão, começou uma reflexão sobre a pintura, nomeada-mente sobre a pintura monocromáti-ca cultivada pela geração de 60 ame-ricana. A terceira dimensão aparecia consequentemente mais tarde e esta passagem deve-se a uma assimilação e reacção ao que o minimalismo repre-sentava. desenvolve uma completa re-jeição a toda uma crença sobre a certa ideia de natureza e ordem harmónica de um mundo ideal orientado milime-tricamente por leis lógicas . o seu tra-balho viria a enfatizar, pelo contrário, um certo modus operandi europeu que põe em relevo a historicidade local, a acumulação, a justaposição e a imper-feição. é a partir de objectos encontra-dos e submetidos a uma ordem ou com-posição que constrói os seus trabalhos. talvez fosse de mencionar as composi-ções murais de toNy CrAiG do final dos anos 80, construídas a partir de de-jectos coloridos, para melhor entender o seu trabalho. de facto há em comum com a British Sculpture a preferên-cia por dejectos de uma sociedade de consumo como matéria de criação. No entanto, é a observação sobre o mini-malismo como paradigma final da mo-dernidade, o sentido irónico e sarcás-tico que desenvolve a partir daí que o separa completamente da tradição escultórica inglesa. é a introdução da luz fluorescente que atravessa as for-mas das suas composições que faz com que as perspectivas tanto minimalistas como a tradição da British Sculpture sejam definitivamente ultrapassadas para dar lugar a algo de novo. A cor torna-se mais importante que as for-mas, estas tornam-se mais imateriais e evocativas de um quotidiano próxi-mo. A partir dos «monochromobiles» de 1998, de «i Love king’s Cross and king’s Cross Loves me», «the Spectrum of Hockney road» e ainda «Stupid Stick»,

sPectrUm oF Brick lane,2002-2003Steel ShelvinG unitS, found liGhtboxeS, acrylic She-et, vynil, fluoreScent li-Ght, PluGboardS, cable

Central Parq – Arte

usa empilhadoras industriais quadra-das cobertas por superfícies lisas de acrílico pintado ou por uma luz neón criando referências muito directas a doNALd Judd e dAN FLAviN. Já em «idiot Stik», composto por um conjun-to de garrafas de plástico colorido atra-vessadas por uma lâmpada neón, para além de Flavin faz-nos ainda lembrar as barras de madeira colorida de ANdré CAdere. é de certa forma uma pa-ródia ao minimalismo. Se na arte de Flavin as cores estão associadas a uma ideia de transcendência e espirituali-dade, em Batchelor será impossível de as ver para além dos objectos em si na sua contradição entre ideia de inaces-sibilidade e genialidade do artista, vul-garidade dos seus materiais e proces-sos de construção. o lado efémero da luz tem sido assumido como uma cro-mia que o artista encontra nos objec-tos ready made de duchamp. As cores plásticas são intensas e fazem brilhar a artificialidade química com a qual se constrói toda uma sociedade. São cores atraentes como as luzes da noite da ci-dade de Londres, a que o artista faz re-ferência sistemática a partir dos títu-los das suas peças. São nomes de ruas e de quarteirões de east end. Há como que um encantamento por esses luga-res onde circula, um fascínio pelas co-res que os compõem. de certa forma a obra de Batchelor tem referências lite-rárias, certamente à figura heróica do Flâneur de Baudelaire que experimen-ta a liberdade que o anonimato da ci-dade lhe dá. Por outro lado, também encontramos referências à figura de desessentes de J.k. HuySmAN, que procurava possuir as representações mais artificiais da natureza. A poli-cromia na obra de Batchelor não enfa-tiza o naturalismo porque ele separa a cor das suas associações românticas do mundo natural.

A sua policromia enfatiza os tons quí-micos e metálicos que encontra nos ne-óns, carros, garrafas, plásticos e tele-visão, transformados numa espécie de sublime urbano.

50 PARQ 51PARQcentral parq – arte

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maGic hoUr 1, 2004Steel found Steel and

aluminium liGhtboxeS, acrylic Sheet, fluoreScent

liGhtS, cableS and PluGboardS

maGic toUr remix, 2004-2007ShelvinG unitS, found fluoreScent liGhtS, boxeS, vinyl, acrylic, Sheetcable, PluGboardS, 308x262x18 mm

52 PARQ 53PARQcentral parq – artecentral parq – arte

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ArTe de bAse-cognITIvA

o fiM Da tecnologia

há maiS de uma década que me dedico a PaSSear no interior daS relaçõeS entre arte, conhecimento e novaS tecnoloGiaS, obServando e analiSando oS reSPectivoS ProblemaS

e virtualidadeS. PodemoS dizer, GroSSo modo, que o aParecimento da internet e a Sua ráPida diSSeminação cultural à eScala Planetária marca o fim de uma certa maneira de

fazer e ver a criação cultural, bem como o fim de certoS rituaiS na recePção, conSumo e Partilha eStéticaS. o aSPecto maiS notório deStaS recenteS PráticaS culturaiS é a Sua quaSe extrema dePendência da tecnoloGia, e em Particular doS comPutadoreS. maS Se uma criSe

enerGética Sem PrecedenteS tornaSSe a renovação deStaS tecnoloGiaS uma quimera, que Sucederia à tecno-arte e a tudo o que fomoS diGitalizando noS últimoS 25 anoS?

texto: antónio Cerveira Pinto

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hysterical machine/ (roBot), 2006bill vorn

hysterical machine/ (roBot), 2006bill vorn

Central Parq – Ensaio

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ii

Nisto estávamos quando o novo século começou a impor à re-flexão de todos nós um dado até há pouco invisível e por isso inesperado, da nossa própria ilusionada configuração cultu-ral. e o dado é este: o paradigma energético responsável pela forma actual da nossa civilização ultrapassou já metade da sua vida útil. Quer dizer, levámos 100 anos a consumir me-tade de todo o petróleo economicamente viável, disponível no planeta, pelo que seremos em breve forçados a abando-nar esta fonte energética de primeira grandeza, acumulada pela Natureza ao longo de centenas ou mesmo milhares de milhões de anos. muito provavelmente, entre 2030 e 2050, o actual regime energético em que toda a cultura científi-co-tecnológica e cultural assenta, sofrerá uma transfigura-ção sem precedentes, de que a presente corrida, algo ataba-lhoada, às chamadas energias alternativas, é já um seguro e dramático prenúncio. imagine-se que seríamos forçados a abandonar este planeta daqui a duzentos ou trezentos anos. ou que este cenário dantesco (pois, além do transtorno de uma vida extra-terrestre, suporia a eliminação ou o abando-no de mais de 9 décimos da humanidade), seria antecipado e abruptamente substituído por outro, menos radical , mas não menos apocalíptico: o do retorno aos níveis de vida e pro-dutividade médios da era pré-industrial. Quer dizer, a uma era distópica, sem automóveis, sem comboios, sem aviões, sem congelados, sem pronto-a-vestir, sem telemóveis, sem iPods, sem computadores, sem televisão, sem electricidade, com as actuais megalopolis re-duzidas a sucatas infinitamente tóxicas, inóspitas e criminais... inverosímil? Ao contrário: alta-mente provável!

Só há menos de duzentos anos usamos intensamente o carvão, o petróleo e o gás natural. Só des-de meados do século 19, com o uso do ferro forjado e do aço, e sobretudo pela acção extraordi-nária da multitude de máquinas movidas a vapor, a explosão e a electricidade, foi possível passar de uma era, de quase dois mil anos, em que o rendi-mento médio anual "per capita", na europa ocidental, pas-sou dos 576 dólares americanos (de 1990), no ano 1 do nosso calendário, até aos 1.572 dólares, no ano 1850, para um sé-culo, o século 20, em que os rendimentos mais do que re-duplicaram. Ainda que relativa e muito mal distribuída, a nova riqueza proporcionada pela disponibilidade de fontes energéticas abundantes, baratas e de alto rendimento, pela maquinaria e pelas tecnologias cada vez mais produtivas e sofisticadas, bem como pela exploração intensa do trabalho humano, permitiu que os rendimentos médios anuais "per ca-pita" chegassem na europa, em 2003, aos 19.912 uS dólares. ou seja, 12,6 vezes mais do que a média dos rendimentos "per capita" na europa de 1850, e 25 vezes mais do que em 1500. imagine-se o que seria viver, conhecidos estes dados, numa era pós-carbónica, com rendimentos 10 ou vinte ve-zes inferiores aos actuais. Hoje, quando um país, um conti-nente, ou o mundo global deixa de crescer durante dois tri-mestres consecutivos, declara-se oficialmente a "recessão", o pânico mediático instala-se e tudo parece caminhar para o colapso: empresas a fechar, desemprego, aumento da cri-minalidade, suicídios. imagine-se então o que ocorreria se regredíssemos de uma época de crescimento positivo siste-mático para um outra em que a regra passasse a ser, mais do que a da estagnação económica, a do decréscimo imparável da produção e dos rendimentos.

i

A Pop Art foi, por assim dizer, a tomada de consciência tar-dia de um fenómeno que a precedeu e vastamente ultrapas-sou: a cultura de massas de índole tecnológica. terão sido a banal kodak do senhor eastman, o relato radiofónico de orson Welles, o cinema ciclópico de Hollywood, o automó-vel privado e as autoestradas de Henry Ford e, em geral, a cultura da mobilidade estética permanente, mais do que a crise das Belas Artes, que melhor caracterizaram a chamada "cultura contemporânea" ao longo dos últimos 80 anos. Foi esta lógica de massificação e democratização que o advento simultâneo da internet e da Globalização veio potenciar e empurrar para um novo patamar, ainda mais reprodutivo do que o anunciado por Walter Benjamin em 1936, só que desta vez sustentado por uma promessa inesperada: a de um inu-sitado tribalismo intelectual, social e estético, mediado pelo controlo individual e a partilha social das novas tecnologias de comunicação e representação interactivas.

Até 1984 a comunicação e a "arte na época da sua reproduti-bilidade técnica", identificada, pela primeira vez, por Walter Benjamin, era sobretudo um fenómeno de "broadcast" , isto é, um emissor para uma miríade de receptores: livros, revis-tas, rádio, cinema, televisão, espectáculos ao vivo ("live sho-ws"). Sem a invenção e sem a banalização do computador pes-soal que, ao longo de toda a década de 1980, e sobretudo na década de 1990, abriu a principal brecha no paradigma tec-nológico que dominou os siste-mas de representação simbóli-ca ocidentais desde a impressão da Bíblia por Gutenberg (1450-55), estaríamos ainda submeti-dos aos mesmos paradigmas da recepção cognitiva e estética de há 500 anos. de repente uma máquina electrónica permitia, pela primeira vez, escrever, de-senhar, registar, reproduzir e jo-gar num ambiente de representa-ções virtuais electrónicas, sustentado por sistemas invisíveis de algoritmos e programação digital. Ao contrário da ins-crição directa ou analógica dos estímulos e dos signos so-bre superfícies moles ou duras, passámos a dispor cada vez mais de interfaces de mediação digital, cuja finalidade é tra-duzir e instanciar tais inscrições em realidades puramente criptológicas e electromagnéticas, seguindo labirintos de complexidade exponencialmente crescente, até configurar a actual metafísica tecnológica, impenetrável e fundado-ra do novo e inultrapassável complexo de inferioridade hu-mana. um autêntico "deus ex-machina" na forma vicariante de um electrodoméstico extraordinário, imiscuiu-se inde-levelmente nas nossas vidas! Na condição de aprender a li-dar com os respectivos teclados e pré-combinações de teclas ("macros"), ratos, " joysticks" e ambientes gráficos, o indiví-duo podia começar a destacar-se do "homem-massa", dos sé-culos 19 e 20, descrito por ortega y Gasset: "la perfección misma con que el siglo XiX ha dado una organización a cier-tos órdenes de la vida, es origen de que las masas beneficia-rias no la consideren como organización, sino como natura-leza" - La rebelión de las masas (1926-1937). A exigência de símbolos e de sentidos podia, enfim, derivar de um esforço pessoal, social e culturalmente partilhado, cognitivo, sub-jectivo e moral. No entanto, sem percorrer as curvas ascen-sionais cada vez mais acentuadas da aprendizagem do uso dos novos artefactos, o acesso a este promissor e cativante patamar de performatividade social, comunicacional, cog-nitiva, lúdica e estética seria pura e simplesmente vedado!

este cenário, que não está tão longe quanto possa parecer, teria implicações imediatas na nossa percepção do valor das artes, bem como na sua inevitável degradação em termos tec-nológicos. muito antes de chegarmos ao decisivo momento da implosão civilizacional, experimentaremos toda uma sé-rie, cada vez mais frequente e intensa, de fenómenos indi-cadores de que o paradigma energético que regula a nossa vida e a nossa cultura se aproxima inexoravelmente do fim. As guerras que actualmente se arrastam no médio oriente (iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano) e em África (Quénia, eritreia, Chade, república Centro Africana, Nigéria, etc.) são já o resultado e o figurino de conflitos que tendem a multi-plicar-se e não a diminuir, em torno de recursos estratégi-cos, tais como o petróleo, o gás natural, os cereais e a água. o mundo consumiu em 2003 cerca de 80 milhões de barris de crude por dia. os estados unidos consumiram 25% des-te petróleo, tendo gasto 2/3 desta quantidade no sector de transportes. A crise económica actual nos estados unidos decorre, aliás, de um sobre-endividamento insustentável, fruto da sua extrema dependência das energias carbónicas (sobretudo petróleo e gás natural) e ainda da exportação de boa parte da sua capacidade produtiva para países tercei-ros, com mão de obra e custos de contexto muito inferiores. Por causa dos inevitáveis e nefastos efeitos da sua impará-vel dívida, os estados unidos correm o sério risco de per-der o seu estatuto entre as demais nações e estados, e cami-

nhar para um perigoso declínio. Que efeito poderá uma tal evo-lução negativa induzir nos eleva-dos níveis de performance tec-nológica e cultural daquele que tem sido nos últimos 50 anos o principal criador de modelos de criação, produção, circulação e consumos artísticos? Que ocor-rerá se empresas da dimensão da Google acabarem por ser engo-lidas por um qualquer vórtice dos violentos tufões financeiros

que a ritmo cada vez mais assustador "atacam" os estados unidos? Que acontecerá à produção mundial de micropro-cessadores se houver uma catástrofe natural ou bélica na ilha Formosa, por exemplo, na sequência de uma não aceitação, pelos estados unidos, da reunificação da China? e que su-cederá na europa e demais continentes, cujas relações com a potência americana, seja na qualidade de fornecedores, seja na qualidade de consumidores, são vitais, no momento em que a decadência económica dos euA se revelar como um facto indiscutível e irreversível? Se tal vier a ocorrer, como evoluirá a nossa tão estreita como inconsciente dependên-cia do bem-estar económico, científico e tecnológico? A ac-tual recessão mundial, que durará porventura todo o ano de 2008 e de 2009, ensinar-nos-á muitos factos novos so-bre o futuro imediato.

A capacidade de renovação tecnológica de que tão criticamen-te dependemos parece estar seriamente ameaçada. Pense-se apenas no que ocorrerá no momento em que não for mais possível substituir os nossos computadores pessoais, ou os nossos automóveis, iPods, telemóveis, etc., por máquinas no-vas e mais potentes. Quanto tempo irá durar o meu carro? Por quanto tempo mais poderei manter o meu "laptop" ope-racional? Que sucederá ao mundo digital actualmente man-tido nos milhares de servidores por esse mundo fora? Não foi lá que depositámos quase tudo o que temos? desde as nossas economias às nossas conversas de amor?

Sem dominar os novos algoritmos e as novas interfaces não haveria recompensa sensorial. Não existiria sequer a possi-bilidade de consumir ou partilhar. o desejo de gratificação imediata, satisfeito até aí numa sociedade consumista redu-zida à dimensão orwelliana de um público submisso à omni-presença dos poderes de emissão e disseminação simbólicas, seria então um objectivo inalcançável. este não foi, porém, um problema exclusivo do homem-massa mimado, incapaz de aceitar o mais pequeno obstáculo ao seu desejo infinito de novidade. o aparecimento dos computadores digitais, e sobretudo a vulgarização dos computadores pessoais, con-duziu a alterações drásticas nas relações económicas e pro-dutivas, com a consequente destruição/criação de inúmeros postos de trabalho e especificações técnicas.

A partir de 1994 deu-se uma segunda revolução tecnológi-ca: os computadores começaram a falar entre si, estabele-cendo redes locais e redes globais (internet, intranet, extra-net), suportadas por protocolos de transmissões de dados, cada vez mais rápidas, a distâncias cada vez maiores, com conteúdos cada vez mais ricos: textos simples e formatados, imagens, vídeo, voz e "aplicações" diversas. Computadores, cabos de fibra óptica ou de cobre, transmissores e retrans-missores hertzianos, satélites, redes locais sem fios, Global Positioning System (GPS), etc., convergiram e continuam a convergir para uma espécie de duplicação digital inteligente

(genética), interactiva e em tem-po real, do mundo. mas se, por um lado, esta duplicação se en-caminha para regimes de usa-bilidade e naturalização cada vez mais intuitivos e democrá-ticos, ampliando por esta via o seu enorme potencial económi-co, por outro, cresce ainda mais depressa o fractal das suas di-mensões conceptuais, cômputo-linguísticas, tecnológicas, cien-

tíficas e culturais. e de entre estas dimensões, no que à expansão dos campos da criação artística se refere, o que se suspeitava que viesse a acontecer, aconteceu: a arte enquan-to manifestação da subjectividade concreta, isto é, instancia-ção simbólica das formas culturais tecidas pelas sociedades humanas, aproximou-se, instrumental e ideologicamen-te, das lógicas cognitivas e linguísticas dos procedimentos de representação científica e tecnológica. Cada vez mais a aparência da arte guarda, no seu interior, motores compu-tacionais, sistemas operativos, metalinguagens criativas, e até material vivo, sem os quais a nova intercomunicabilida-de estética, digital, imaterial, variável, interactiva, orgâni-ca e mutagénica, perde, por assim dizer, não apenas actua-lidade, mas o próprio direito de existir.

A proximidade cultural entre arte e conhecimento é cada vez maior nas sociedades pós-contemporâneas, e é-o em gran-de medida por efeito do entrelaçamento cada vez mais ín-timo entre as praxis artística, tecnológica, computacional e científica. três bons exemplos desta convergência analí-tica, filosófica e estética são as chamadas artes generativa, robótica e biotecnológica. Numa aproximação sociológica a este fenómeno, diria porém que a Arte de Base-Cognitiva (knowledge-Based Art) se constitui às vezes por uma espé-cie de imperativo crítico, enquanto desvio simbólico e alte-ridade dos múltiplos imperialismos cognitivos que ameaçam a serenidade de uma consciência mais ampla do relativismo das representações por nós produzidas.

a proximidade cultural entre arte e conhecimento

é cada vez maior nas sociedades pós-

contemporâneas, e é-o em grande medida por efeito do

entrelaçamento cada vez mais Íntimo entre a praxis

artÍstica, tecnológica, computacional e cientÍfica.

muito antes de chegarmos ao decisivo momento da implosão civilizacional, experimentaremos toda uma série, cada vez mais frequente e intensa, de

fenómenos indicadores de que o paradigma energético

que regula a nossa vida e a nossa cultura se aproxima

inexoravelmente do fim.

central parq – ensaio central parq – ensaio56 57PARQ PARQ

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eternally boundfotografia por FeRRan CasanoVa

styling por Christine Gabrielehair&make-up por irismundaprodução por robet Azcarateretoque digital por Guillaume vellardmodelos Sarah (viva), Jasmin (Ford)

agradecemos a le Zenith Paris

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yo!mtv raPStexto: Cristina Parga

doctor dre, ed Lover , Big daddy kane , mc Shan e doug e. Fresh. Quem viveu a fervilhante cultura musical dos

anos 80 e 90 reconhece de imediato os nomes dos rappers, djs e apresentadores do mítico yo!mtv raps. Lançado em

1988, o programa foi o maior difusor do fenómeno hip-hop na cultura de massas, formando toda uma geração de músicos, amantes do género e consumidores desta estética até o seu cancelamento, em 1995. Para homenagear a época dourada do hip-hop, a Puma lança uma colecção de edição limitada baseando-se nos modelos Puma Clyde & Suede, que durante os anos 70, 80 e 90 andou nos pés da maior parte dos fãs de rap. As quatro linhas foram desenhadas para cada um dos apresentadores pioneiros do programa,

reflectindo nas cores, desenho e estampas a cultura visual da época em que o rap e o hip-hop não ganhavam

Grammys. em pele branca, o Clyde inspirado na emblemática dupla de apresentadores dr. dre e ed Lover apresenta atacadores multicolores, além de um especial

com o logo "yo!". A sockliner em roxo e verde é um resquício da disputada linha Forever Fresh, que marcou a primeria colaboração entre a Puma e o yo! mtv raps.

os ténis desenhados para doug e. Fresh, (aka o "maior entertainer do mundo") coloram-se de nuvens cinzentas

e azuladas, inspiradas na sua canção «All the Way to Heaven». Já os clydes de Big daddy kane (ou Smooth

operator) mostram em preto, dourado, e na estampa de corrente de ouro o estilo daquele que foi um dos primeiros

rappers a incorporar a persona ‘suave pimp’. o clássico hit «the bridge» foi o ponto de partida para os ténis de mc Shan, um dos mais recordados B-boys dos anos 80.

Além de mixar faixas, Shan também misturava pares de ténis. As sapatilhas apresentam duas cores – vermelho e

azul, ambas com a faixa logo da Puma em branco, yo! nos calcanhares, mC na lingueta direita e Shan na esquerda.

todos os modelos apresentam t-shirts e casacos tipo hoodie a condizer com os ténis, e vêm numa embalagem cool, digna de todos os amantes do hip-hop old school.

www.aRCHiVe.PuMa.CoM

viaGem aoS anoS 70

texto: Vanessa Cardoso

A colecção da Women’s Secret para a Primavera de 2008 é a mais irreverente dos últimos tempos. Há

uma fusão de estilos com formas, temas e até modas passadas. e uma certeza: a cor é uma constante.

desenhou-se em cinco linhas distintas nos temas e a pensar nos destinatários.

Baby doll representa uma colecção doce, inspirada nos anos 50, enriquecida com a repetição de figuras geométricas. em Apple reinam as cores fortes que

criam um impacto distinto. Já New dots é o destaque da colecção, elevando o look feminino ao mais alto nível

da sensualidade, com peças sexy e delicadas. Por sua vez, a linha Poodle faz alusão aos animais preferidos,

apresentando uma pitada de retro. Finalmente, o tema 70’s chega com as primeiras propostas de banho a aguçar

a vontade de que chegue o calor e, com ele, a praia. Numa versão mais disco que nunca, os decotes são

generosos e os estampados primam pelo psicadelismo.

WWW.WomeNSeCret.Com

You Must II – News

You Must II – News

64 PARQ 65PARQyou must ii — news you must ii — news

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1

o reGreSSo da criStaleiratexto: Carla isidoro

depois do sucesso na feira design miami no ano passado, as porcelanas Fragiles ficam eternizadas na publicação de capa dura «the Book Fragiles: Glass and Ceramics». A edição é lançada no mês de março e contempla peças de cerâmica e vidro produzidas por autores de design contemporâneo tão versáteis como Hella Jongerious, Jurgen Bey, marcel Wanders ou Stephanie deArmond (ver artigo sobre a artista na secção Central Parq). outrora expostas nas cristaleiras e cómodas das casas das nossas avós, peças inertes e pirosas, as porcelanas são agora revisitadas e introduzidas no mercado do design com novo fôlego, ganhando novo estatuto e explorando imaginários nunca antes potencializados por este material. São centenas as peças Fragiles e centenas as expressões de espanto que produzimos ao olhá-las. é como descobrir um novo mundo, a porcelana está definitivamente na moda e não é abusivo dizer que quem não tem uma colocada em cima do televisor é um perfeito saloio. os preços destes objectos não são para todos os bolsos, mas a PArQ já encomendou a versão da Arca de Noé assinada por Wendy Walgate com os animais todos encavalitados uns nos outros. encomendou é como quem diz… pediu um postal com a imagem da peça para colocarmos na cristaleira do escritório. Gostamos de chinesices.

www.Kyouei-ltd.Co.JP

2

he reGreSSa à manGotexto: Vanessa Cardoso

onze anos depois, a mango regressa à moda masculina e lança, a partir de março, uma linha Primavera-verão 2008 para homem que chamar-se-á “He” by mango. Portugal está incluído no projecto e terá cinco espaços com esta colecção, entre Lisboa e Porto. trata-se de uma colecção com cerca de trinta modelos desenhados a pensar no homem jovem, informal e, principalmente, urbano. destacam-se as t-shirts, coletes, calças, jeans e roupa de banho em tons bege, cinza, azul, branco e caqui. o algodão e o nylon são os tecidos de eleição, apelando ao conforto. Acessórios como bolsas, carteiras, pulseiras, cintos, óculos de sol, sandálias e calçado desportivo, não foram esquecidos. A imagem desta linha é o modelo basco Jon kortajarena, que representa fielmente o homem que a “He” by mango quer vestir.

WWW.mANGo.Com

3

roSe Gardendiortexto: sofia saunders

A paleta que dior propõe para a estação da Primavera é composta por tons recolhidos nos parques e estufas. Pela primeira vez a maquilhagem desta marca presta homenagem à paixão de Christian dior pelas flores e jardins. o novo look Printemps em maquilhagem, o Bloom in dior, sugere um imaginário ligado à silhueta de uma mulher-flor, com formas e motivos florais reinterpretados por John Galliano. Fresca como as flores da manhã, a pele, torna-se mais bonita ao atrair a luz. o olhar fica mais tentador em tons rosa, lilás, violeta e coral. A opção recaiu nas cores puras e tons pastel leitosos. os brilhantes e transparentes foram preferidos, deixando para trás os nacarados.

WWW.dior.Com

4

kenzoki on the rockStexto: Cristina Parga

óleo, cubos de gelo e creme para aplicar sobre a pele, nua... para aquecer a noite de São valentim, melhor só mesmo se pensarmos que os cubos de gelo derretem sobre as quentes curvas do corpo, diluindo-se num delicado aroma a água de arroz. mas antes, a massagem com óleo sensual suaviza, nutre e faz brilhar a pele, criando o cenário perfeito para um jogo a dois. Para finalizar, o creme kenzoki para uma pele nua envolve os corpos numa textura aveludada, suave e tentadora. Ainda está indeciso entre as flores e o chocolate?

WWW.keNzoki.Com

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Walk on bytexto: sofia sauders

Já nos habituámos aos saltos altos em madeira e às amplas plataformas que simulam a cortiça. A diesel foi mais longe e lança a colecção the Wooden Shoe, uma gama de sandálias que faz as delícias de quem goste de um visual arrojado. inspirando-se no potencial da natureza e em matérias-primas acessíveis como a madeira, desenhou um modelo que inova tanto pelo design e proposta, como pelas cores que lhe associou. A cada sandália corresponde uma cor, como o preto – para uma toilette sofisticada – o amarelo, o rosa e o verde fluorescentes para dias e noites cheios de animação. Será difícil resistir a um look tão natural e orgânico, que mais bonito se torna quando sabemos que nenhuma árvore foi cortada para a produção da colecção. Fake is funky.

WWW.dieSeL.Com

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You Must II – News

66 PARQ 67PARQyou must ii — news you must ii — news

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BLeACHed JeANS byilustração vALdemAr LAmeGo

fotografia Pedro PACHeCoprodução CoNForto moderNo

modelos Patrícia, roger e Nunolight equipment: www.spot-lightservice.com

1 diesel (keever) 2 diesel (matic Stretch)

3 miss Sixty (zz056)4 tommy Hilfiger

5 Levis red tab6 Lee (X Line)

7 energie (Style Clash)8 We Are replay

9 replay10 Pepe Jeans

11 Levis 570 (straight fit)12 Levis engineered Shoecut

13 Lois

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central parq – ensaio 69PARQ

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insPired LisbonCinco dias para inspirar Lisboatexto: Vanessa Cardoso

de 13 a 17 deste mês, a capital será o palco da criatividade, curiosida-de e questionamento. o inspired Lisbon é uma iniciativa da Bombay Sapphire Foundation de Londres, que propõe para Lisboa um progra-ma cultural internacional que incluirá debates, workshops, performan-ces, projecções, instalações e exposições, tendo como ponto de partida o design e o seu impacte na sociedade. tudo para celebrar e estimular a capacidade crítica sobre uma disciplina que se expande em áreas de ac-tuação tão diversas como o design de produto, comunicação, moda, ar-quitectura, sempre em intersecção com a actualidade ambiental, políti-ca, social e económica. o inspired Lisbon, vem de certa forma preencher o espaço de reflexão so-bre design, uma sentida lacuna nacional desde que a experimenta design encerrou a sua actividade de programação. Não repetindo este modelo, a inspired Lisbon não oferece apenas soluções, mas fornece as bases para questionar o presente e o futuro das sociedades. Para responder ao que fazer com património industrial europeu esquecido ou ameaçado, o con-vidado é o jovem checo velcovsky – reconhecido por trabalhar, nos tradi-cionais vidro e porcelana, a herança material e simbólica do Socialismo na república Checa. A ferramenta Hektor, que transforma desenhos vecto-riais em realidade pintada numa parede é a resposta de uli Franke e Jürg Lehni à questão de como domesticar uma lata de spray. em Portugal, o Atelier de Arquitectura “moov” mostra como a criação de comunidades é tão ou mais importante do que a construção de edifícios. Na esfuziante Berlim, o colectivo de pensadores livres dropping knownledge reúne 112 activistas contemporâneos para responder a 100 grandes questões do nosso tempo, como mostra o documentário «table of Free voices». o activismo ambiental da plataforma online World Changing é outro destaque, além do Banco Comum de Conocimientos (espanha), thomas Heatherwick (reino unido, design e Arquitectura), kathi Stertzig/Albio Nascimento (Alemanha/Portugal, design de Produto) entre outros. o desafio foi estendido ao museu do design e da moda (mude), que con-vida 6 designers portugueses a colocarem 6 perguntas a 6 peças da sua co-lecção, numa exposição que integra este evento de acesso gratuito. mais do que uma iniciativa pontual, o inspired Lisbon pretende criar as bases para um projecto que possa vir a tornar-se um evento regular sedeado em Lisboa e dedicado às temáticas transversais às áreas criativas.

WWW.iNSPiredLiSBoN.Net

insPired Lisbon by bombay saPhirePaLácio vaLadares – Largo do carmode 13 a 17 de Fevereiro

h. naSh

m. velcovSki

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arco 08texto: Francisco Vaz Fernandes

A ArCo tem sido pretexto para uma quantidade significativa de portu-gueses deslocarem-se à capital espanhola para visitar a feira de arte que se organiza todos os anos por volta da segunda semana de Fevereiro. é igualmente uma oportunidade para auferir de todo o programa cultu-ral criado em torno do evento e, porque não, de uma visita gastronómica e de lazer cujo panorama é actualmente muito vasto e de grande quali-dade. este ano a ArCo tem como país convidado o Brasil, motivo extra de interesse para uma visita a madrid. vão estar presentes 32 galerias brasileiras, ou seja, praticamente todas as galerias de referência, entre elas a Leme, Brito Cimino, Fortes vilaça, Luisa Strina, triângulo, Laura marsiaj, mercedes viegas e manuel macedo, que no seu conjunto repre-sentam cerca de 100 artistas. Nesse sentido, os 1000 m2 que vão ocupar na ArCo tornam-se numa das mais importantes mostras de arte brasi-leira alguma vez realizada na europa. A selecção dos artistas obedeceu a um programa curatorial de Paulo Sérgio duarte e moacir dos Anjos, que procuraram dar ao público europeu uma visão ampla da importância do Brasil no contexto actual das artes plásticas. Para além dos nomes inter-nacionais Cabelo, rosângela rennó, vik muniz, efrain Almeida, ernesto Neto, Jac Leirner, mario Cravo Neto, miguel rio Branco, Nelson Leirner, Saint-Clair Cemin, Sandra Cinto, tunga, Waltercio Caldas, existe uma grande lista de artistas emergentes a expor pela primeira vez além fron-teiras. relativamente à organização da própria feira, este ano a ArCo ocupa novos pavilhões. Permite uma reconfiguração do espaço com o ob-jectivo de tornar-se mais convergente e mais competitivo em termos in-ternacionais, permitindo atrair novas galerias, oferecer mais espaço para projectos individuais de artistas e encontrar condições para expor média menos convencionais. No total vão estar presentes cerca de trezentas ga-lerias provenientes de 30 países. dentro do núcleo central foi constituí-do um programa, ArCo 40, que vai permitir jovens galerias de circuitos distantes expor 3 artistas num espaço de 40 m2. São, em geral, espaços que obedecem a uma selecção curatorial e a um convite. o mesmo acon-tece aos habituais espaços Solo Projects e expanded Box, são como uma extenção do seu programa das galerias permitindo, no entanto, melho-res condições de exposição para artistas que trabalhem em vídeo e ins-talação. Fora da feira os grandes destaques institucionais em termos ex-positivos serão modigliani no museu thyssen, Picasso e José damasceno no reina Sofia e uma colectiva sobre o minimalismo na Fundação Juan marsh. Contudo, também não será de perder tony oursler na Galeria Soledad Lorenzo, Paul Graham na LA Fabrica e rogerio Lopez Cuenca na Juana de Aizpuru.

arco8feira internacional de arte contemPorâneafeira de madrid, de 13 a 18 de fevereiro de 2008

Fabrico inFinitoAs boas línguas de Miss Jones & ray Monde

depois das festas natalícias tudo tem tendência a ficar parado, então com a chuva, piora ! mas não são razões para ficarmos aninhados no lar… decidimos pois, petiscar, entre duas abertas, e parámos diante da gran-de montra dourada da Fabrico infinito, à rua d. Pedro v. entrámos. uma primeira sala plena de artefactos, jóias, roupagem, decoração, obras de arte, discos… abre-se sobre uma outra mais luminosa e mais próxima dos nossos ensejos fisiológicos. Não sem antes olharmos para um pedes-tal sobre o qual repousa uma pequena estufa para bonecas, com chá ser-vido, fazendo a ligação temática.

escondido atrás de uma coluna, muito atarefado, Armando acabava o seu chá que decerto fruía com um pequeno doce. embora recente, o sítio já é bem frequentado . Há explicações possíveis. um espaço branco, com de-coração neo-barroca, com grandes janelas viradas a norte que dão para um pequeno jardim de inspiraçao oriental. Nas mesas floridas frente ao balcão estão expostas as fabricações do dia. Salgados e bolos.

miss Jones estava de poucos apetites, ray monde não almoçara ainda. escolhemos 3 salgados de massa integral, uma quiche de legumes, outra de cogumelos e um rissol de peixe, acompanhados de uma salada e ser-vidos em louça « à la Sèvres » com talheres de cor dourada e ramalhetes frescos de pimenta rosa. ray hesitou entre dois sumos de marca inglesa, gengibre/lima ou groselha/cardamomo, e escolheu o último. miss Jones ficou perplexa perante as múltiplas combinatórias de chás, mas encon-trou um possível. Há tambem água galesa, batidos ou vinhos.

estava tudo fresco e com sabor. A quiche de cogumelos ocasionou um lamento sobre a rarefacção dos míscaros. o serviço é atencioso e gentil. e continuámos com uma fatia de bolo de chocolate de inspiração alemã. Podia vir guarnecido com creme de baunilha da casa, mas preferimos des-cansar as papilas depois dos ágapes natalícios. veio sobre um espelho, tambem este ladeado de pimenta rosa. experiência agradável.

Ainda aproveitámos a frescura do jardim e saímos com citação de Pessoa, mas na conta. Não tem ementa para se tornar a nossa cantina, mas vol-taremos seguramente para outras petiscagens.

fabrico infinito rua d. Pedro v, 74 - liSboa de 2a a Sáb daS 11 aS 19 h

tsukitexto: isabel lindim

Numa das portas que vão dar ao Largo de São mamede, lê-se agora lua em japonês. tsuki é um restaurante sushi-bar com sala de estar e ficar por mais. uma lista de fusão com muitas combinações possíveis e imaginadas pelo mes-tre de fita preta na testa que sabe muito. A ten-tação é grande e há gostos para tudo. Hot-rolls com salmão e camembert, carpaccios, ostras, tempuras (incluindo de banana), várias opções de sushi to sashimi, tornedó de vaca, carapau picado com cebolinho e gengibre, bacon maki, gelado frito envolvido em mel. tudo isto servi-do até às duas da manhã, uma das vantagens deste restaurante. A desvantagem será talvez o preço, que é de ficar com os olhos em bico. têm também cursos de sushi e origami, serviço de catering e take-away. WWW.tSuki.Pt

rua nova de São mamede, 18 - liSboatel. 21 3975723 / 967375888. terça a Sexta 12h-15h e 20h-02hSáb 20h-02, dom 13h-16h e 20h-24h.

onde estar

café del círculo de bellaS arteS, marquéS de caSa riera, 2tel: 91 531 85 03

the GeoGraPhic club, alcalá 141tel: 91.578.08.62

café Gijón, PaSeo de recoletoS, 21( colón) tel: 91 521 54 25

iSolée, c/ infantaS, 19 (chueca)tel:915241298

chicote, Gran vía, 12tel: 91 532 67 37

le cock, reina, 16tel: 91 532 28 26

onde Ficar

urban, San jerónimo, 34tel: 917 877 770

hotel Puerta america, Puerta de américa, 41tel: 917445400

onde comer

SaiGan café, maria de molina 4 (chamartin)tel: 915631566

fábula, PrinciPe de verGara, 56 (Salamanca)tel: 914310834

jhambala, Pérez GaldóS , 3 (Gran via)tel: 915222061

al –jaima, barbieri, 1(chueca)tel: 915231142

o que ver

reina Sofia, colecção do muSeu PicaSSo de PariS, (cerca de 400 obraS) joSé damaScenomuSeu tyhSSen

modiGliani e o Seu temPofundación juan march ,

maximin (viSão do minimaliSmo americano e herdeiroS )Galeria Soledad lorenzo, c7 orfila, 5,

tony ourSler la fabrica Galeria, c/ alameda 9 (reina Sofia)

Paul GrahamGaleria juana de aizPuru, c7 barquillo, 44 , 1ºdto

Galeria leme, São Paulo – braSil

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Page 38: Parq Mag 01

agora PortugaLtexto: Carla isidoro

o mudam, no luxemburGo, tem em exibição a maior colectiva de artiStaS con-temPorâneoS PortuGueSeS. reuniu obraS de trinta e Sete autoreS, PatenteS ao Público até dia Sete de abril. aGora PortuGal exiGe uma viSita merecida.

ter família emigrada no Luxemburgo é algo muito provável para qualquer cidadão português, mas não será esse o melhor pretexto para visitar o país neste momento. Agora Portugal, colectiva que reúne peças de nomes como Helena Almeida, Fernando Brízio, Pedro Cabrita reis, Pedro Costa (realizador), mafalda Santos ou Felipe oliveira Baptista (sem destacar uns face a outros), é moti-vo para uma obrigatória ida à cidade dos vales. é a maior exposição colectiva de autores portugue-ses feita fora de território nacional, um evento que pretende ter impacte nos países europeus vi-zinhos projectando a arte portuguesa através de um veículo promocional que não é o nosso. Seria como um belga dar a conhecer massivamente o Pastel de Belém na Bélgica e países circundantes, ganhando este bolo, subitamente, uma característica universal. é isso que se sente ao percorrer os corredores e salas do mudAm: que estamos perante algo que é reconhecidamente nosso e que fora de fronteiras ganha uma dimensão indubitavelmente grande e universal. Poderemos questio-nar porque é que nomes como Julião Sarmento não estão representados, e podemos criticar até al-gumas das soluções dispositivas encontradas pelo museu. Nem todas as soluções são as mais ade-quadas, havendo nichos e zonas labirínticas que impedem o visionamento fácil e despreocupado de algumas obras. Contudo, o objectivo da comissária do museu, marie-Claire Beaud, é inequívo-co: dar a conhecer um outro Portugal num país cuja taxa de imigração portuguesa ronda os 15%. Somos muitos a viver no Luxemburgo, mas poucos dos que lá vivem conhecem os portugueses ex-postos no mudAm. marco Godinho, artista português a viver no Luxemburgo há vários anos, foi convidado a conceber o catálogo, peça que encerra em si mesma um enigma. Ao manuseá-lo fica-mos com dúvidas: é um livro de esquissos? que gráficos e linhas são estas? o catálogo exige tem-po e paciência para descobrir e desmontar o seu segredo. temos que cortar todas as páginas com uma faca, tal como fazíamos com os livros antigos, e dentro delas encontrar os textos, a informa-ção e as imagens das obras expostas. Godinho explica: “A ideia foi também de editar um catálo-go onde nenhuma imagem e nenhum texto estivesse visível directamente. Cada um tem então a responsabilidade de entrar, de descobrir, de criar o seu próprio caminho abrindo as páginas fe-chadas com uma faca. mas as páginas podem ficar por abrir, e cada um escolher o momento pro-pício para descobrir as representações para lá das grelhas, e poder assim consultar o catálogo.” Podemos usá-lo como bloco de notas, ainda que o seu volume e tamanho não permita transportá-lo na mala ou pasta de trabalho com a facilidade que o dia-a-dia exige. e, por fim, guardá-lo res-peitosamente como uma das obras passíveis de trazer para casa.

joe henrytexto: alexandra Cunha

Joe Henry, o cantor, compositor e produtor norte-americano, estreia-se em Portugal a 23 deste mês. A sua carreira come-çou em 1986 com a edição de discos pouco ouvidos que di-vagavam entre o rock alternativo, o folk e o country. Nascido na Carolina do Sul, Joe Henry, é um fã assumido de Leonard Cohen, de Bob dylan e de randy Newman e sempre dese-jou fazer músicas “soul”, no sentido de músicas “com alma” e não o género musical. No início dos anos 90, com a edição de «Short man’s room» e «kindness of the world», Henry é reconhecido pela crítica e por seguidores do country e folk. «Civilians», o seu mais recente álbum – editado em Setembro de 2007 e o 10º da sua carreira - é um disco denso, doloroso e comovente, mas, segundo as suas próprias palavras, “com luz”. Não é fácil definir um estilo do inquieto Joe Henry. Ao longo da sua carreira produziu artistas tão díspares como Ani diFranco, Aimee mann, Billy Preston, Bettye Lavette, e o álbum «don’t Give up on me» de Solomon Burke, ven-cedor do Grammy em 2003. recentemente Henry trabalhou com richie Havens, ramblin’Jack elliot, John doe and Bob Forrest na banda sonora do filme de todd Haynes sobre dylan, «i’m Not there: Suppositions on A Film Concerning dylan». A título de curiosidade, Joe Henry é casado com a irmã de madonna.

Neste concerto, vai-se apresentar em formato trio, fazendo-se acompanhar de um baixista e de um baterista.

feStival Para Gente Sentadateatro antónio lamoSo - Santa maria da feiradia 23

Lou rhodestexto: Zé trigueiros

Lou rhodes, figura eternamente ligada à música da banda britânica Lamb, chega a Portugal para dois concertos, onde apresentará os seus mais recentes trabalhos a solo, «Beloved one» e «Bloom».

Após decidir embarcar numa nova aventura musical, a can-tora encontra-se agora num terreno cultivado pela folk mu-sic, onde a sua voz flutua com a perfeição e com a suavida-de que conhecemos.

Ao mudar de rumo, sair de Londres e penetrar no melancó-lico countryside inglês, Lou fundou a sua própria editora – infinite bloom – em 2006, com o propósito de lançar o seu pri-meiro álbum «Beloved one». Longe da sonoridade Lamb, a cantora de manchester brinda-nos neste álbum com os sons do vento, da harmonia, do frio e do quente, do verde dos lon-gos campos ingleses. «Beloved one» foi alvo de várias críti-cas positivas e desde logo que Lou rhodes conquistou um lugar na nova música folk inglesa, tendo sido nomeada para o conceituado prémio britânico, Mercury Music Prize.

em 2007, a cantora edita o seu segundo álbum «Bloom», um trabalho que segue a linhagem de «Beloved one» e que con-firma os seus ‘dotes rurais’.

o perfume do campo está por toda a parte e de certeza que irá também perfumar todos os que se dirigirem no dia 29 de Fevereiro ao Santiago Alquimista, em Lisboa e dia 1 de março à Casa da música, no Porto.

mafalda SantoS, grAnde ondA, 2007.

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Page 39: Parq Mag 01

artistas do benintexto: Francisco Vaz Fernandes

uma colectiva de artistas do Benin comissariada por de André-J. Jolly é proposta para uma segunda exposição na Galeria Bernardo marques, recentemente inaugurada com uma colectiva de José de Guimarães e Fernando Lemes, ar-tista que apresentou trabalhos em papel nunca antes divul-gados em Portugal. A galeria tem como projecto - além de expor artistas nacionais - divulgar artistas de outros conti-nentes, seja o asiático, africano ou americano, mas em espe-cial os da região latina. esta mostra de sete artistas do Benim é o começo desta intenção programática, dado o destaque que os artistas deste país africano conquistaram nos últi-mos anos. têm estado presentes em todas as grandes bie-nais de arte contemporânea e por essa razão despertam a atenção de coleccionadores, havendo alguns especializados em arte africana contemporânea, nomeadamente Jean-Paul Blachère em França e Pigozzi na itália, que adquiriram mui-tas obras oriundas do Benim.

de 9 de fevereiro a 30 de março

Galeria bernardo marqueSrua d.Pedro v, 81- liSboatel +351 91 270 0421

moda açorestexto: Francisco Vaz Fernandes

integrado nas comemorações do 172.º aniversário da Câmara do Comércio, a moda Açores reuniu vários estilistas regionais, nacionais e internacionais. destacou-se a presença da dupla dupré Santabarbará de Paris, bem como Stella Cadente, es-tilista de relevo e criadora de linhas de acessórios e cosmé-tica da Clarins. dos estilistas portugueses, Filipe Faísca foi o mais esperado, tendo apresentado a muito aclamada colec-ção de Primavera/verão 08 apresentada na Lisbon Fashion Week. o evento integrava-se numa estratégia de promoção turística de uma das regiões mais bonitas e pouco explora-das de Portugal.

moda açoreS, 30 de novembro em S. miGuel, açoreS

made in eden — an ode to my dead FriendsA partir de «estilhaços» de Adolfo Lúxuria Canibaltexto: natacha Paulino

made in eden resulta de um trabalho a partir de epístolas de Guerra, textos publicados em «estilhaços» de Adolfo Luxúria Canibal. o resultado é a condensação de imagens de uma visão do mundo, que o encenador partilha com a equipa criativa, na qual está implicada a escolha do autor. Para João Garcia miguel, a opção “não é inocente e deu-nos o eco de um mundo do qual todos sentimos as ondas de cho-que e com o qual nos encontramos frequentemente em rota de colisão. mais do que o sonho de um mundo novo o que partilhamos são as ficções de sangue e morte de um mun-do velho.” o texto surge então como ponto de partida, para no processo criativo desaparecer quase totalmente, dando lugar a histórias de dois seres que se recriam e desdobram em várias personagens.

Com encenação de João Garcia Miguel e “coaching” de Miguel Moreira, o espectáculo conta com as participações de luís Guerra e sara de Castro. em cena de 7 a 17 fevereiro de 5ª a Sáb àS 22h e dom àS 17hno teatro o bandovale doS barriS, Palmela tel 212 336 850

WWW.mAde-iN-edeN.BLoGSPot.Com

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Page 40: Parq Mag 01

mark gatisstext by Roger winstanley

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héctor ayuso rostext by Valdemar lamego

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the retro kidzTo the sound of Boomboxes

text by Helmut Hemmer. Photos by Justin t. shockley

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raimund hogheThe magician's subtlety

text by Carla isidoro. Photos by Rosa Frank

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Mark Gatiss is famous for being one of the cre-ators and actors from the TV series League of Gentlemen, which has been shown in various countries, including Portugal. As well as being an actor, currently appearing in an adaptation of All About Mother on the London stage, he is also a writer. His most recent book, The Devil in Amber was well- received in England. Speaking to his old room-mate, Roger Winstanley, he is an open book, dodging no question.

What for you is the most seminal comic moment?my friend Julian rhind-tutt from 'Green Wing' tells

me it was when we first shook hands. i argue that that was the most semenal as we'd both just come.

With which literary hero do you most identify? Captain Hook from 'Peter Pan'. A beautiful, doomed

character with an unslakeable thirst for vengeance. He hates Peter Pan for taking off his hand but really he hates him because he represents youth and freedom, all the things the earthbound pirate can never regain. He's the epitome of middle-age yearning for lost youth. i love that. Besides, i'm constantly followed about by a croco-dile trying to gobble me up.

Who uttered the most unforgettable last words?Beethoven is supposed to have said 'Applaud friends.

the comedy is over', which he must have thought about for years, it's so good. i imagine him lying on his death bed, saving those words up and not daring to speak just in case he accidentally croaked whilst saying 'i need a wee-wee'. the Ayatollah khomeni, i recall, said 'Put out the lights' which is pretty good. Apocryphally, oscar Wilde said 'this wallpaper is killing me. one of us will have to go'. But it's too good to be true. i think my favourite, though,must be king George v. His family were making soothing suggestions on his death-bed that he'd soon be well enough to visit the english seaside town of Bognor. "Bugger Bognor" said the king – and expired.

What do you most love about your home?my boyfriend. my dog, Bunsen and the wax head

of a Nubian boy which is hidden in a hat box in the cupboard.

What do you most hate about London?the smell, the heat and the madness of it during the

summer. it's hideous.No wonder sensible people used to leave during the summer months and go abroad. i also hate bendy buses which are only useful in wide-avenued european capitals and not in the wonderfully cramped and narrow streets of old London town. Also tourists who won't get out of the way on the tube. otherwise it's a beautiful and amazing city.

What, for you, was the invention which didn´t catch on and should have?

the self-peeling orange. the Playdoh barber shop. Glass razor blades. the bobble-free jersey. Blue cows.

If you had lived in another historical period, which would it have been and why?

Probably the edwardian period. i like its dizzying sense of fun after a lot of victorian gloom. the clothes, the booze, the art. it's all wonderful. But then the Great War would come and spoil all my fun. otherwise, prob-ably tudor times. merrie england all that. But basically any time when men wore tights.

What is the most over-rated work of art?i have an irrational hatred of el Greco. i hate the

muddy, chalky colours of his weird works. But i'd probably say something by dali. it may be due to his over-exposure in the posters on a thousand teenage bedrooms but i find it all a bit wearisome these days. And i'm not very fond of "naïve" painting. Who decides what's naïve and what's just shit that a mental child could have done?

The strangest sexual fetish you have ever heard of?i once slept with a young man who wanted us both

to put on inflated swimming pool arm bands. it was quite sweet but they have sharp edges.

What is your most prized object?A still from 'the man with the Golden Gun' signed

by Christopher Lee and roger moore. it was never my fa-vourite Bond movie as a kid but i'm really fond of it now. And Christopher Lee was my hero as a child. i'd like to own something by the painter Frank Brangwyn. if i ever do, that would be my most prized object.

Is there anything that you could never joke about?my mother-in-law. Seriously. She is so fat.Do ghosts really exist?i believe they really do but they're not the spirits of

the dead. there's centuries of evidence of strange hap-penings so there must be something in it. it all sounds very sci-fi but the idea of images or smells or events im-printing themselves on time seems plausible to me. most hauntings seem to fall into that sort of catego-ry. doesn't explain headless figures coming after you with an axe, mind.

In 2007, for the first time, the festival took place in Barcelona and New York. This year, for the first time, its taking place in Lisbon and New York. What´s the reason for this?

oFFF is focussed on an art that changes contin-uously, so being a mutating entity is something which is rooted in its more basic nature. We do not relate the festival to a concrete place, in as far as you cannot relate post-digital creation to a physical place. this means that the country where it takes place is not that important. it could be anywhere, in that we have a very faithful au-dience that will go wherever we are (in fact, 70% of the people attending oFFF come from abroad ). We had the opportunity to come to Lisbon just like we had the op-portunity to go to Ny, but this time we had to choose be-tween Portugal and Barcelona, because we had the same dates for both... And our team is not big enough to work on two simultaneous editions!

What can we expect from OFFF Lisbon?every year we try to get a little better. So i am sure

this will be the best oFFF ever... until 2009! ;-) As usual, we'll bring the artists that are breaking ground and shap-ing new standards in media, design and music. Some of the already confirmed ones are roB CHiu, FAkePiLot, dAvid keNSLer (tHe kdu), tAyLor deuPree with keNNetH kirSCHNer vs. Amit PitAru, JoSHuA dAviS, Hi-reS!... the list is growing daily, you can check on our website: www.offf.ws/ Also, there will be some new things in the festival structure, but they're still top secret!

What are you prioritising during the three days of the festival?

the whole oFFF concept is about sharing knowl-edge, not just the artist's, but also the audience's. So we prioritise that above everything. We do not want to do a mere state-of-the-art showcase, something you just sit and watch and listen to, but people getting in touch with other people, learning from each other. oFFF is a very open context, based on a constant flux of information and sensibilities. A lot of joint ventures are born every year at the festival. Also, we know a lot of people who used to be part of the audience and now they are on the rooster, and people who came once to do a conference and they've kept on coming as part of the audience.

What´s the relationship between Lisbon and New York in terms of the program for OFFF?

the only relationship is that we are the same cura-tors so, obviously, there's a common ethic and aesthet-ic stream. Logically, there will be a stronger Portuguese and european presence on the rooster too.

What has the winning of the Culture prize from El Mundo meant for you and the organisation?

it's always nice to get some recognition for your work. We felt the prize to be simply that, like a recogni-tion of eight years of very, very hard work. i still do not know what it will mean in the future, we got it in January... But we hope it will help as a promotional item, in terms of attracting new audiences to the festival.

What was the reason for the creation of OFFF?As i already said, the main point was, and still is,

sharing a new perception on culture and technology. it was something we felt we had to do. We knew all these great artists and wanted other people to know them too, to get in touch with them. maybe it sounds too ambitious, but in a certain way we would like to be a kind of starting point for a new generation of digital artists.

What were the initial problems and obstacles when OFFF was created? Have you managed to overcome them?

doing a festival like this one means that you have to deal with a lot of stuff beyond your love for art. in the beginning it was hard to get into production issues, as we´ve got no previous experience. We were not producers, but artists! But we have learnt through the years... i hope! on the other hand, i think that this approach to organ-ising an event from a purely artistic and human point of view is what makes oFFF a unique experience both for the audience and the artists coming. it's obvious we are not in this for the money, and people get that.

WWW.oFFF.WSWWW.iNoFFeNSive.Com

80s revivalism appears to have arrived rath-er stealthily to the streets of New York, un-like the rather more bombastic way that the Nu Raves have taken hold in London. Meanwhile, in Manhatton, the stereos known as boombox-es which the Retro Kidz take with them wher-ever they go are only the tip of the iceberg of the latest home-grown phenomenon. It was in Soho that this group of guys and one girl, with their weird architectural hairstyles dating back to the times of Reagan, turned up the vol-ume on the hip-hop rhythm of eighties rap nos-talgia. Their wardrobe is reminiscent of the ear-ly rappers from the mid to late eighties, and it seems that New York has fallen for their charms at the exact moment that their appearance in Armand van Helden´s “I Want Your Soul” video spread around the globe.

“When we walk down the street, people look at us as if we´d slipped through the time-tunnel, wearing fash-ions from 15 years ago” says Ladaz marshall, twenty, one of the original line-up (all between 18 and 27 years old), wearing bleached jeans, a Puma t-shirt and a 1988 reebok tracksuit top that he bought off ebay. “this is the kind of stuff that we like to wear every day,” he remarks. they met up by chance on the jaded rap scene, coming from different districts, Brooklyn, Long island and Queens, but with one thing in common; a passion for the 80s rap scene, and a reverence for the figures of the time, and for films like “Beat Street”, “krush Groove” and “Breakin”. they also like dancing in the style of running man and roger rabbit. Apart from copying the style of their he-roes, they are not content just to hang around the street corner in baggy trousers and hooded sweat shirts doing not very much; they are out to enjoy themselves, and love to shock with extravagantly dated clothes the likes of which most people wouldn´t be seen dead in; loud, neon colours, gold chains and angular Grace Jones haircut. on top of this, they like to be seen on the streets of New york with the most obsolete accessories they can get their hands on, like beepers, and those early ericsson mobile phones. transforming laughable, old gadgets into some-thing altogether more desirable.

Apart from all the fun, there is also a more informed re-claiming going on here says kenneth Barclift, another member of the group, twenty years old and who stud-ied at the Fashion institute of technology. Alert at all times to crimes against style, one thing he cannot stand is boomboxes with grafitti. “you can´t paint on a boom-box” he says, “ they didn´t do it then and it just isn´t our style.” more in keeping is the outsized jewellery, mercedes Benz medallions, pendants with the outline of Africa, peace symbols, or a more luxurious alternative, a four-finger knuckleduster ring which cost $800 and belonged to Barclift´s friend Amil Lopez aka micro. “this ring is a dangerous weapon” he adds, “it has already got me into trouble with the police.” He joined the group in 2007, sold his stereo, but not before taping all his old LPs so as to be able to play them on his boombox. His favourite rappers are Big daddy kane, Slick rick, kool moe dee and run dmC. For him, it´s not just the attitude of these rappers, but the way they espouse a way of life. He doesn´t speak well of current rappers who he says all dress the same, drive the same car and date the same girls.

For Ladaz marshall, the lifestyle of the retro kidz embraces everything; fashion, music, hairstyles and the constant search for something new. For him, the group is a multimedia synthesis. With their over the top appear-ance, hedonism, love of being noticed, they manage to draw attention to themselves even in neighbourhoods like Soho which, with its been-there done-that view of tendencies, really is quite difficult to actually get noticed in. From the very beginning, Ladaz remembers, when they used to come up out of the times Square subway on Friday nights, they were surrounded by an appreciative audience who lapped up what they were offering. Fresh out of Nassau Community College, Ladaz recalls how at the time, wherever they went, there was a party atmos-phere. People loved the boomboxes, even in the smart, elitist downtown galleries, where they have since become in demand at openings, always a success with their capac-ity to generate fun at all times and, come the end of the night, there´s always a queue of eager big brand Prs wait-ing to speak to them. they were invited to liven up the presentation of Parish Collection (www.parish-nation.com) and also the Puma party during New york fashion week. Now, many of the lifestyle brands want them as the face of their product. they have recently been signed up by Puma for the current yo mtv collection, inspired by the 80s hip-hop programme on mtv. Also, Pro-keds is waiting in the wings, which is good news for them, giv-en the “old school” style of the brand.

What started as a joke, and as a way to find them-selves an identity in an already diverse city like New york, is fast becoming a business, explains Ladaz. “But while it´s still fun, we´ll carry on doing what we do in the streets of manhatton or wherever, showing who we are and what our culture is.” the retro kidz, see them-selves as entertainers and style innovators. they take their look seriously, so that they can remain a reference, “coz we´re not alone anymore” says kenneth Barclift. this movement has more and more followers and copy cat gangs; kenneth picks out retro Boys, retro team and vintage Supreme as three of the more well known ones. yet he sees these groups as more vintage movement pointers rather than actual rivals. “they´re our friends” he observes. the Supremes, for example, are more ear-ly 90s, which is the point where the retro kids end. to stay ahead, it´s important for Barclift to keep up the ap-pearances, and he goes assiduously to the barber´s three times a week. He doesn´t pay anything to have the elab-orate swirls and designs on his head. For the barber, do-ing the hair of this retro kid is the best publicity out there. Because they are the best representatives of cool black retro style there is.

It isn´t his first time on the Portuguese stage, but each new appearance brings a rush of ex-citement for those who admire him. Raimund Hoghe is a very particular artist, not merely be-cause of the fact that for ten years he was the dramatist for Pina Bausch who afterwards de-cided to become choreographer, but because he possesses a figure which goes against our ster-eotypes of perfection and beauty in the bodies of dancers. He is short, hunchbacked, with limbs of unequal length, dresses in black, stands up on stage and quite naturally undresses. To see him is to see how to deal with otherness and differ-ence. We are made to feel embarrassed for the prejudices which we bring with us, and yet he transforms any feelings we have of being unset-tled by this into a play of subtlety, and pushes us into new ways of seeing the world. Raimund Hoghe spoke to us about the new piece being per-formed at Culturgest this month, “ Swan Lake, 4 Acts”, about the power of music in his work, his fascination with young footballer and dancer, Lorenzo, and also eternal diva, Maria Callas. The magician is back.

You'll be performing again in Lisbon with «The Swan Lake, 4 Acts» though last year you created two new pieces. How long do your pieces tour around the world?

Some more than 10 years. my first solo, the «meiwärtts»,i created in 1994 but i performed it in Lisbon for the first time not so long ago.

Do you add new elements to the old pieces whilst you still perform them live?

the structure is fixed, there's no change. But now i have a new dancer for one part, emmanuel eggermont, he also performed in «Bolero variations» and «36, Avenue Georges mandel». it's the first time i change a part for someone.

One review said the beginning of «The Swan Lake, 4 Acts» tests the audience patience by keeping the dancers on stage just doing nothing. I remember I felt whilst watching your piece last year in Lisbon, that my sensations were being tested during the play by your language and sense of time. How provocative do you mean to be in your work?

i don't want to be provocative and i don't test the au-dience. i really don't test the audience. i just do what i feel, what i want to see and what i want to express. Sometimes i think that part is too long, but i have to do it like this. there is a difference between this piece and the others, there is the «Swan Lake» from tchaikovsky before. When i started to work i watched a lot of very old movies about «Swan Lake» with Galina olanova, very classical. i often go to the opera in Paris to see classical pieces and there's not much about the stories, they're not very long, they're short. in the beginning of «Swan Lake» there's not so much happening. So i tell people they should watch the original piece, the classic version. For me the introduc-tion in «Swan Lake», when people come in and are in-troduced, it's like the original. mine is connected with the original, and for me it was important to have classi-cally trained dancers.

Somehow, during the last piece presented in Lisbon, I felt like a voyeur. Like I was watching something I shouldn't be, scenes and movements so delicate and private happen-ing on stage that could almost be placed in the privacy of someone´s home. Do you see the movement itself and dance as a feeling?

yes, of course, it comes from the soul. And for me it is strongly connected with music. Just listen to the mu-sic. Contemporary dance has a strong connection with music, it´s the strongest force for me, brings people to special levels inside themselves. it's this i want to show to the audience.

Music is a major component of your work, a dynamic element of your scenes.

it's the basis of everything.How do you choose the music for your pieces?it varies, it's always music the dancers feel connect-

ed with. in the «young People old voices» during the re-hearsels i played some music they didn't feel connected with, there was nothing created with this music. then i had to look for another one and then something happened. you can't describe it in words, i have to find the music… and then comes what you said, the emotion.

Is the music a vehicle between you and the dancers?yes.

Most critics refer to the ritual characteristics of your per-formances. Do you use any signs we identify as ritualis-tic to deconstruct stereotypes instead of using them to jus-tify the established?

it's always more simple for me, i do what i have to do. i always like to go to the centre of the piece. «Swan Lake» is a big story about love, desire and saudade, i wanted to reduce it to the central part of the piece. it's not that i want to deconstruct, i want to go back to the starting point and its music. everybody has a memo-ry of the «Swan Lake», if you hear the music you'll re-member something.

On «Young People Old Voics» you worked with danc-ers that didn't seem to be professional dancers. Do you cast regular people?

they are educated dancers. in Lisbon half of the group was trained dancers, but it's important not to see the difference. But i usually work with trained dancers.

This question takes me to Lorenzo de Brabandere.Lorenzo and me were the only ones without dance

education, in «young People» and in «Swan Lake».I guess he was a football player.(laughs) yes, i met Lorenzo for «young People old

voices», he was 17 and wanted to become a big football player. He was very young, with a good connection with music, very strong, and also a fine sensitivity to place-ment on stage and i guess this came from his experience on football. He has a big desire to express himself, he's been developing from one piece to the other and some-times he has better connections with music than many dancers. He is a strong presence on stage.

Is he your favourite?No, it would be unfair against the others. But in the

last five years he was the most important.You show no emotions on stage and act neutral. It's quite

contraditory compared to the emotive scenes you produce. Is there any significance for this?

i'm not an actor. And i like silent movies very much. the movements and the emotions are enough, i don't have to play them on my face. the emotions are already there. there is enough expression in the movement. i always mention maria Callas, she was very “rare” about movements, used very reduced movements. in «Swan Lake 4 Acts» when i present the people and they stand in front of the audience for 3 minutes before they can move, there's a big desire in them to move and it's very strong the movements they do just with the head. i'm interested in this.

How important is the original «Swan Lake» to yourself?

it's very important, amongst many others «Swan Lake» is the strongest. i was very impressed by some old russian films, they are black & white, and some films with maria Callas in black & white. Such a strong interpretation.

Did you have a classical education at school? Were you introduced to the classics at home?

No, no. And after the school i became immedi-ately a journalist.

And then Pina Bausch's dramaturg. How did this change happen?

very natural, i did what i had to do. everything was natural, not a big decision about changing work.

Then you became a choreographer. It's very surprising to see you on stage, a small man dressed in black, taking off his clothes and showing his body to the audience. Suddenly we feel naked in front of you. Do you use your body as a po-litical action somehow?

it's political in the way i assume different people and different bodies can exist. makes us think of beau-ty, question what is beauty and what is not and fight for different people to exist. the world is more than young, tall blond girls. everybody has the right to live. i am one example. Ancient German history said different people couldn't exist, therefore i'm very sensitive to this. We don't have the right to say this body is no good, this body can't exist. it is important to accept the body as it is.

You use your position on stage as a statement.yes. Now in england a woman wrote a disserta-

tion about me saying that on stage i don't excuse myself for existing. i say 'im here, take it or not' and maybe this could give some energy to other people to say 'i'm there and exist'. i'm not a victim.

Looking back to when you were Pina Bausch's dramatist, what do you keep from that period in your method?

one very important thing is to have a form, to show emotions or feelings on stage but they should be in a form. Another thing is to reduce things very much, to the detail, and take very strong personalities on stage. And then… when the movement starts, tenderness can be a movement. But really one of the most important things is to find the forms for the emotions. When i be-gan with Pina in the late 70's it was very strong to use dif-ferent people on stage, older, younger people, big, small. till that time everyone in dance had to be the same size. this was a mark for me. i always remember there were such strong emotions in the audience, we were touched directly and deeply. this i remember very often. And i see now famous contemporary choreographers do what Pina did 30 years ago or 25 years ago, and she did it bet-ter. i never wanted to copy her, what i took from her was nothing from the outside, only from the inside. And there was also a reason to move.

Did you have this motivation in your first choreography?there's always a reason everytime i do the piec-

es and why i do them. even if the audience doesn't see it, i have one.

It´s a presupposition of the dramatist´s role…it was my work with Pina, it's clear it is connected

a little bit. there is always a reason, even for the dancer it should be very clear that there's a reason why he goes from one step to the other doing his movements. maybe this is one of the major things i learned with Pina, there has to be a reason to move. very often you see people moving on stage but you don't understand why. Are they going to give you the feeling? Why do they move? there are very good people…you understand why they move but you can't express it in words. When i create a piece if there's not a reason to go from one thing to the other then i have to change something. in the «young People» most of them were not trained dancers, they had no stage experience and were a bit afraid because it was a long piece. When they did it they were surprised to be so easy, because something was very natural. the music brings you the feeling you have to do something, so it has to be clear to me why i do it.

Recently you did a new solo, after a long period doing group pieces. What's behind this solo now?

i had to go to a smaller form again, and also the link with maria Callas i love very much and also a connection with her music. But in the end of the piece there's a guest coming, finally i'm not alone, it's emmanuel eggermont. He's like a guardian angel, it's a projection.

Was it a challenge doing a solo again?yes, it was a challenge because i respect Callas so

much. maybe the solo works more radically than the group pieces; there i'm alone. i think if we do bigger and bigger it's not so good for an artist. Now i have to be responsi-ble just for myself, not for the dancers of the group. Like this i can see how far i can go. the title of the piece is «36, Avenue Georges mandel», the house were maria Callas died. in the end of her life she was very alone.

Is it a sad piece?very, very sad. it's a big tragedy the end of Callas.

But the end of the solo is not sad, there's another person coming, a person telling me to live again.

79PARQtraduções / translation

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stephanie dearmondMilky White Letters text by Carla Carbone

— page: 48 —

david batchelortext by Francisco Vaz Fernandes

— page: 50 —

the end of technology

(summary)text by antónio Cerveira Pinto

— page: 54 —

milky white letters, grouped together and deco-rated with little brown horses, flowers, peasant figures, branches, roses, more roses, young girls with flowery hats, fluttering butterflies, starlings, cherries, more cherries, vividly coloured daisies. All decorating ceramic words by the artist Stephanie deArmond.

Born in Seattle in 1971, she went to study ceramics and psychology in 1996 at the university of Washington in Seattle. the expressions which deArmond uses in her ceramic words are rather odd. the expression “what a hunk!” and “Hustle ´em” show how avidly the artist de-vours, and is inspired by, her environment. “i find my in-spiration in old decorative signs, grafitti, people around me and everything around the area where i live”.

other references in her work are the various art-ists who deArmond admires; and there are quite a few of them; : margaret killgallen, Charles Ledray, Josiah mcehleny, robert Gober, Sarah Lucas, Charles krafft, and Anish kapoor among others.

in 2001 she moved from mid-America to the west coast, where she found a more serene working environ-ment for work production. According to deArmond, there is a strong and cohesive concentration of ceramic artists working there and it was important to surround herself with artists who related in a similar way to the material she was working with; that is, both intense and at the same time serious.

deArmond describes, step by step, and with enor-mous pleasure, the various steps in the construction of her ceramic letters, paying careful attention along every step of the way. the letters are constructed from a wide variety of fonts, and the flattened clay slabs are rolled out on the worktable, the letters are drawn onto paper and then cut out of the clay. “the sides of the letters are done using the same process as when we make a box out of clay.” the edges of the letters are smoothed out after-wards with the appropriate tools for the job. “i don’t use moulds, so each piece is made individually.”

the transfers are found on ebay and, according to the artist, they are vintage transfers especially made for ceramics and are arranged on the surface of the ceramic where they are to be applied, and are afterwards fired in the kiln. “it is exactly the same process as when a bowl or mug is made, or a plate we have in our homes. it is a com-mercial process for creating multiple pieces all with the same pattern or image. Contemporary artists are using the technique increasingly now as a kind of comment on the way we interact with utensils in our homes.”

deArmond never saw herself as a designer until peo-ple started to ask her whether she was. However, she is definitely a person who is interested in, and influenced by, design: “i have always considered myself to be both an artist and and a potter, and i think many people asso-ciate ceramics and design.” designers adore deArmond´s work and she attributes this to the fact that she works with fonts and typography. in other words, both design-ers and deArmond share an interest in typography: “it´s an exploration of the form of letters in 3-d.” deArmond points out that in spite of actually liking letters, deco-ration and all forms of design and graphics, what really influences her work is, in fact, art.

WWW.StePHANiedeArmoNd.Com

Constructing with neons, David Batchelor manages to glow upon the landscape of contem-porary art, reinterpreting American minimalism and his own generation of British sculpture.

in 2003, david Batchelor was one of the pleasant surprises of the exhibition “days Like these” at the third tate trienal. As the curators Judith Nesbit and Jonathan Watkins pointed out, there was no actual com-mon theme for this show, it was simply the gathering to-gether of the most important and creative British art-ists of recent years.

the 48 year old Batchelor was practically unknown to the wider public, wedged between the emerging post-young British Artists and his own generation of already established British sculptors, alongside the likes of, for example, richard deacon and rachel Whiteread, both artists who were also to participate in “days Like these.” up until this point, the creator of the tate´s Spectrum of Brick Lane, a pile of fluorescent light boxes stretch-ing upwards into a narrow column, had only been rec-ognised in the area of art theory.

Apart from a few articles dealing with theory, Batchelor had become something of a reference after the publication of his book Chromophobia (2000), and in 2003, only the most inattentive would consider him an “emerging” artist given his long-standing relations with-in the art scene. He was always in the midst of things; though his activities within the 80s sculpture scene would only truly be recognised later. unlike the rest of this gen-eration of British sculptors, Batchelor - who took him-self off to Amsterdam - began to reflect on the nature of painting, in particular monochromatic painting as had been explored in America in the 1960s in the work of, for example, Barnett Newman.

A further dimension later developed owing to an assimilation of, and reaction against, what minimalism represented. Batchelor totally rejected a certain idea of nature and the harmonic order of an ideal world ori-ented by logical laws. His work began to emphasise a certain european “modus operandi” which highlights historical aspects, accumulation, juxtaposition and im-perfection. With found objects, subjected to a certain order and composition, he began to build his works. it is also worth mentioning the mural compositions of tony Craig from the end of the 1980s, created from col-oured trash, which give us a deeper understanding of Batchelor´s work. in common with much British sculp-ture, there is a consistent taste for creating art with the trash of consumer society.

However, it´s the observations on minimalism as a fi-nal paradigm of modernity, the irony and sarcasm, which distinguish him from the tradition of British sculpture. Also, the fluorescent light which cuts across his com-positions, meaning that he leaves behind minimalism and tradition to create something new. Colour becomes more important than form in these compositions, mak-ing them more immaterial, more evocative. As from the 1998 monochromobiles and in the i Love king´s Cross and king´s Cross Loves me, the Spectrum of Hackney road and Stupid Stick, he uses industrial dollies (small metal supports, sometimes on castors) covered with smooth acrylic sheets, perhaps painted or with neons, a direct reference to donald Judd and dan Flavin. in idi-ot Stick, made up of plastic detergent bottles with a flu-orescent light running through, we are reminded not only of Flavin, but also of the coloured poles of André Cadere. they are, in a way, a parody of minimalism. if, in the work of Flavin, reference is made to ideas of tran-scendence and spirituality, in Batchelor, it is impossi-ble to see the objects in this light, since it´s the vulgarity of the object, the means of construction which are most evident above all else.

Light as ephemeral has been taken as a kind of found colour like the ready made objects of marcel duchamps. Plastic colours are intense and it’s the chemical artifici-ality with which society is constructed. they are lights which attract, the lights of London which the artist makes systematic reference to in the titles of his works. they bear the names of the streets and districts of the east end. there is a fascination with this patch of London, a fascination for the colours which constitute it.

in a way, Batchelor´s work has literary referenc-es, such as Baudelaire´s heroic flaneur who savours the freedom which city anonymity offers him. there are also references to J.k Huysman´s anti-hero desesseintes who sought to possess the most artificial representations of nature. the polychrome found in the work of Batchelor, does not emphasise naturalism; he separates colour from its romantic associations within the natural world. His polychrome emphasises the chemical and the metallic tones which he finds in neons, car paint, bottles, plastic, television, transformed into urban sublime.

For over a decade I have dedicated myself to wondering about the relationship between art, knowledge and new technology, observing and analysing the respective problems and virtues. We could say, generally speaking, that the ap-pearance of the internet and its fast cultur-al dissemination on a global scale, marks the end of a certain way of cultural creation and our way of seeing it, as well as the end of cer-tain rituals of reception, consumption and aes-thetic exchange.

iPop Art was, it could be said, a delayed awareness

of a phenomenon which both preceded and over took it: mass culture of a technological order. it was more eastman´s kodak, orson Welles´ radio broadcast, the cy-clopic cinema of Hollywood, the cars and motorways of Henry Ford which defined the era. A culture of perma-nent, aesthetic mobility, rather than a crisis in Fine Art has best characterised so-called “contemporary culture “ over the last 80 years.

it was this logic – of the masses and democratisa-tion – which the advent of both internet and globalisa-tion nudged to a higher level, even more reproductive than what Walter Benjamin warned of in 1936. only this time it was endorsed by a more unexpected prom-ise: that of an intellectual, social and aesthetic tribalism, sustained by individual control, and the social exchange of new communicative technologies and interactive rep-resentation. By 1984, communication and “art in the age of mechanical reproduction” as identified for the first time by Walter Benjamin was, above all, a broadcast-ing phenomenon; that is, broadcasting to a wide varie-ty of receptors: books, magazines, radio, cinema, televi-sion and live shows.

Without the invention and trivialisation of the per-sonal computer which, throughout the 1980s, and mainly during the 1990s, opened up the first cracks in the tech-nological paradigm which had dominated western sys-tems of representation and symbolism since the publi-cation of the Gutenberg Bible (1450-55), we would still be subject to the same paradigms of cognitive and aesthet-ic reception from 500 years ago. Suddenly, an electronic machine allows us, for the first time, to write, draw, doc-ument, reproduce and play in an environment of virtual, electronic representations, maintained by an invisible sys-tem of logarithms and digital programming.

unlike direct or analogical registrations of the signs and symbols of hardware or software, we access more and more interfaces of digital mediation, with the idea of translating these registrations into crypto logical and electromagnetic realities, in mazes of ever-increas-ing complexity, until current technological metaphysics are set, as impenetrable founder of the new and uncon-querable complex of human inferiority.

As from 1994, there was a second technological rev-olution; computers began to communicate among them-selves, establishing local and global networks (internet, intranet, extranet), sustained by protocols of data trans-mission; increasingly fast, over greater distance, with rich-er content, simple and formatted texts, images, videos, voices and a wide variety of things. Computers, cables of optical fibre or copper, transmitters, airwaves, satel-lites, wireless networks, Global Positioning System (GPS) etc, converge and keep converging in a sort of worldwide intelligent digital duplication (genetic), both interactive and in real time. However, if on the one hand these du-plications are destined for more natural, more intuitive and ultimately more democratic uses, which would open up greater economic potential; on the other hand, the implications of the conceptual, linguistic, technologi-cal, scientific and cultural dimensions of this have even further implications.

iiWhilst we were involved in these questions, the new

century began to force us to think about an aspect which, until then, had not really been considered by our culture, and was thus unexpected. Namely, the fact that the en-ergy responsible for our civilisation is peaking. in other words, we have used half the economically viable oil on the planet in 100 years, and will have to give up on this significant energy source which has been accumulated by nature over millions of years.

Quite probably, between 2030 and 2050, the cur-rent energy regime on which all science and technology rests, will suffer an unprecedented transfiguration, since the present rush for so-called alternative energies shows that something is dramatically worrying us. imagine if we had to vacate this planet in two or three hundred years´ time. or if this dantesque possibility (…) was substitut-ed for something less horrific, but equally apocalyptic; like a return to the standards of living and productivity of the pre-industrial era; that is, a period without cars, trains, aeroplanes, freezers, off-the-peg clothes, mobile phones, iPods, computers, electricity, and with cities re-duced to toxic scrap metal heaps, inhospitable and over-run by criminals. Sounds unbelievable? on the contra-ry; highly likely!

We have only been excessively using coal, oil and natural gas for just under 200 years. only since the mid-dle of the 19th Century, with the use of iron and steel and, above all, the proliferation of machines powered by steam, explosion-motors and electricity, has it been possible to move from a period of almost two thousand years in which average annual income “per capita” in west-ern europe, went from 576 American dollars in 1Ad, to 1,572 American dollars, in 1850, to the twentieth centu-ry in which income increased ten-fold.

even though it is poorly distributed, the new wealth obtained from abundant energy sources, which are cheap and yet lucrative, for machines and increasingly sophisti-cated and productive technology, plus human labour, has meant that average annual income “per capita” reached in 2003 in europe 19,912 u.S dollars. that´s 12.6 times more than in 1500. imagine what it would be like to live in a post-carbon era, knowing these facts, with income 20 times less than current rates.

today, when a country, continent or the whole world stops growing for two consecutive quarters, “recession” is officially declared, panic in the media ensues and eve-rything seems to be heading towards collapse; compa-nies go under, unemployment increases, as do suicides and crime. imagine if we reverted to a period in which systematic growth was not the norm, and that the norm was not merely economic stagnation either, but an un-stoppable decline in production and income.

this possibility, which is not so remote, would have an immediate impact upon our perception of the value of art, not to mention its inevitable worsening in technologi-cal terms. Well before we arrive at the point of the implo-sion of civilization, we would experience intense and fre-quent indications that the paradigm which regulates out lives and culture was inexorably nearing its end. the wars which drag on in the middle east ( iraque, Afganistan, Palestine, the Lebanon) and in Africa ( kenya, Chade, the Central African republic, Nigeria etc) are the result of conflict which tend to multiply and not diminish, and involve strategic resources like oil, natural gas, grain, bi-odiversity and water.

in 2003, the world consumed around 80 million barrels of crude oil per day. the u.S consumed 25% of this, two thirds of this was used for transportation. the current u.S crisis is on the path to unsustainable debt, the result of over-dependence on carbon energies (par-ticularly oil and gas) and the exportation of a large part of its productive capacity to third party countries, with cheaper labour and production costs. Because of the in-evitable and negative effects of this debt, the u.S runs the risk of losing its status and heading for a danger-ous decline.

What effects could such a negative evolution have on the high levels of technological and cultural performance which in the last 50 years have been the main models of creation, production, circulation and artistic consump-tion? What would happen if companies the size of, say, Google were swallowed up by one of the financial storms which increasingly affect the u.S? What would happen to the worldwide production of microprocessors if there were a natural or military catastrophe in taiwan for ex-ample, due to the result of a non-acceptance by the u.S of the reunification of China?

What would happen in europe and other continents, with vital relations with the u.S both as suppliers or con-sumers, when the u.S´ irreversible decline becomes an undeniable fact? if this happened, how would our uncon-scious dependence on economic, scientific and techno-logical well-being evolve? the current world recession, which will last all through 2008 and 2009, will teach us many facts about the immediate future.

the ability for technological renewal upon which we so critically depend, seems to be seriously under threat. it is thought that it will occur at the exact moment when it is no longer possible to replace our new computers, our cars, iPods and mobiles, for newer, more powerful equip-ment. How long will my car last? How long can i keep my laptop working? What will follow on from the digital world which is currently maintained by millions of servers the world over? Was it not there where we deposited almost all that we had, from economics to lovers´ chat?

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