parecer técnico elba maria matr 01841813-5

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Parecer Técnico n.º R-DSC/001/2013 Vitória, 06 de novembro de 2013. Introdução: O presente documento tem por objetivo responder ao seguinte questionamento da P-CAJ no despacho de 04/06/2013 do processo nº 950-2013-00030: “Pode ocorrer a passagem de ar na tubulação de água, registrada no hidrômetro como se água fosse, inexistindo no equipamento dispositivo controlador de ar? Trata-se de processo referente à reclamação da cliente Elba Maria do Carmo, matrícula 0184813-5, que questiona na justiça a possibilidade de registro de ar pelo hidrômetro. Histórico: No dia 25/03/2013 foi retirado da matrícula em questão o hidrômetro Y11F654754 e encaminhado para verificação metrológica no Laboratório do IPEM-RJ. Na ocasião foi instalado o hidrômetro Y12F006366, que permanece até esta data. A verificação do hidrômetro pelo IPEM-RJ ocorreu no dia 02/04/2013, conforme Relatório de Verificação DITEC nº 200-13 já anexado ao processo, cuja conclusão foi que o aparelho encontrava-se APROVADO em conformidade com Regulamento Técnico Metrológico da Portaria INMETRO nº 246/2000. COMPANHIA ESPÍRITO SANTENSE DE SANEAMENTO - CESAN Av.Governador Bley, 186, Edifício BEMGE, 3º Andar, Centro - Vitória - ES, CEP: 29.010-150 Tel.: (27) 2127-5353 / 5000 (geral)

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Page 1: Parecer Técnico Elba Maria Matr 01841813-5

Parecer Técnico n.º R-DSC/001/2013

Vitória, 06 de novembro de 2013.

Introdução:

O presente documento tem por objetivo responder ao seguinte questionamento da

P-CAJ no despacho de 04/06/2013 do processo nº 950-2013-00030: “Pode ocorrer a

passagem de ar na tubulação de água, registrada no hidrômetro como se água fosse,

inexistindo no equipamento dispositivo controlador de ar?”

Trata-se de processo referente à reclamação da cliente Elba Maria do Carmo,

matrícula 0184813-5, que questiona na justiça a possibilidade de registro de ar pelo

hidrômetro.

Histórico:

No dia 25/03/2013 foi retirado da matrícula em questão o hidrômetro Y11F654754 e

encaminhado para verificação metrológica no Laboratório do IPEM-RJ. Na ocasião foi

instalado o hidrômetro Y12F006366, que permanece até esta data. A verificação do

hidrômetro pelo IPEM-RJ ocorreu no dia 02/04/2013, conforme Relatório de

Verificação DITEC nº 200-13 já anexado ao processo, cuja conclusão foi que o

aparelho encontrava-se APROVADO em conformidade com Regulamento Técnico

Metrológico da Portaria INMETRO nº 246/2000.

Providencias:

O Relatório de Verificação encaminhado pelo IPEM-RJ descreve o resultado de ensaio

de funcionamento do hidrômetro de acordo com os parâmetros definidos no

Regulamento Técnico Metrológico da Portaria INMETRO nº 246/2000, que não

contempla o ensaio em condições de ausência de água.

Solicitamos ao INMETRO através de e-mail, cópia anexa, como proceder para obter

laudo específico para atender a esta situação, mas não logramos êxito.

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Princípio de funcionamento:

Os hidrômetros utilizados pela CESAN em clientes que tem o consumo médio mensal

de até 45 m3, isto representa 95% das ligações de água da empresa, são os

hidrômetros do tipo velocimétricos de jato único, isto é, são medidores que registram o

volume de água que o atravessam, através do acionamento de uma turbina ou hélice

instalada em sua câmera de medição. A turbina se movimenta em razão da incidência

do jato de água sobre ela (água em movimento), sendo que a sua rotação será

determinada pela velocidade com que a água faz esta travessia. Este movimento de

rotação da turbina é transmitido para a relojoaria que, utilizando a relação de

velocidade da água com a área da seção por onde ela passa, a transforma em volume

totalizado no seu registrador. Portanto, para haver registro de volume no hidrômetro é

necessário que haja deslocamento ou rotação da turbina. Baseado neste princípio é

possível afirmar que pode haver movimento da turbina sem que necessariamente seja

a água a movimentá-la, o que poderia acontecer pelo movimento do ar numa eventual

falta d’água, o que causaria um determinado registro de volume pelo hidrômetro. No

entanto, precisamos considerar qual a influência deste registro no consumo final

apurado, uma vez que, hidrômetros com este princípio de funcionamento são os mais

usados no Brasil e em todo o mundo. Precisamos entender que numa eventual falta

d’água, algo que pode ocorrer em qualquer sistema de abastecimento de água,

mesmo nas melhores práticas, é necessário que haja admissão de ar para o equilíbrio

da pressão interna da rede pública. Um dos caminhos para que este equilíbrio

aconteça, é o ar fazer o movimento inverso do fluxo normal da água, isto é, o ar

precisará entrar pela boia da caixa d’água, passar pelo hidrômetro para então chegar à

rede. Ao passar pelo hidrômetro no sentido inverso de fluxo, faz o mesmo retroagir,

pois de acordo com princípio de funcionamento, a turbina vai se movimentar, mas no

sentido inverso. A eliminação do ar, quando da volta da água, se dará tanto pelo

hidrômetro, fluxo normal da água, quanto pelas ventosas, equipamentos especiais

estrategicamente instalados que tem por objetivo fazer a purga do ar existente nas

redes públicas.

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Estudo de caso:

Para esclarecer a questão do registro do ar pelo hidrômetro, apresentamos o seguinte

caso:

Atendendo a uma reclamação do cliente Valdes Oliveira Teixeira, matrícula 0479395-

1, que entendia estar sendo prejudicado pela medição de ar no seu hidrômetro,

inclusive apresentando um filme em que seu hidrômetro registrava o ar que passava

durante uma falta d’água, criamos a seguinte condição para estudo: instalamos três

hidrômetros em série no ramal predial antes do hidrômetro do cliente, de forma que a

mesma água passava pelos três medidores e mais o do cliente. Dos três hidrômetros

de teste, dois eram eletrônicos, medidores que não possuem peças móveis em contato

com a água, portanto isentos de qualquer influência do ar que porventura poderia

existir na rede, sendo um eletromagnético e outro ultrassônico, e o terceiro hidrômetro

era um volumétrico.

Segue abaixo o acompanhamento dos consumos apurados no período de 04/09 a

17/10 deste ano.

HIDRÔMETROLEITURA EM:

04/set 11/09 19/set 25/set 03/out 10/out 17/out

Y07N356525 - Cliente 0952 956,390 962,454 967,358 972,205 977,047 983,681

B11X123456 - eletromagnético 9998 3,128 9,370 14,451 19,426 24,55 31,517

A13B000001 - volumétrico 0001 5,850 12,230 17,461 22,596 27,898 35,101

B12B900196 - ultrassônico 0004 8,611 14,919 20,044 25,078 30,275 37,228

HIDRÔMETROCONSUMO:

04/set 11/09 19/set 25/set 03/out 10/out 17/out totalY07N356525 - Cliente 4,390 6,064 4,904 4,847 4,842 6,634 31,681B11X123456 - eletromagnético 5,128 6,242 5,081 4,974 5,124 6,967 33,517A13B000001 - volumétrico 4,850 6,380 5,231 5,135 5,302 7,203 34,101B12B900196 - ultrassônico 4,611 6,308 5,125 5,034 5,197 6,953 33,228

Diferenças em relação ao hidrômetro do clienteB11X123456 - eletromagnético 16,81% 2,94% 3,61% 2,62% 5,83% 5,02% 5,80%A13B000001 - volumétrico 10,48% 5,21% 6,67% 5,94% 9,50% 8,58% 7,64%B12B900196 - ultrassônico 5,03% 4,02% 4,51% 3,86% 7,33% 4,81% 4,88%

(*)(*) Segundo informação do cliente houve falta d´água no período

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Como pode ser observado, em nenhum momento o consumo apurado no hidrômetro

do cliente foi maior que os consumos dos hidrômetros de teste, mesmo no período em

que o cliente informou que houve falta d’água, o que permite afirmar que não era

procedente a reclamação de que o seu consumo era aumentado em razão do registro

do ar pelo seu hidrômetro.

O que queremos apresentar com este caso, é que a eventual percepção momentânea

que o hidrômetro esta registrando ar e não água, não significa necessariamente que

ao final de um período de apuração mensal, o consumo será afetado de forma

significativa pelo registro do ar.

Conclusão:

Voltando ao questionamento inicial “Pode ocorrer a passagem de ar na tubulação de

água, registrada no hidrômetro como se água fosse, inexistindo no equipamento

dispositivo controlador de ar?”, a resposta é sim. No entanto, não é possível afirmar

que o cliente será prejudicado em qualquer situação em que este fato venha ocorrer.

Eliézer Santos Taets

Gestor da Divisão de Serviços Comerciais – R-DSC

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