parecer sobre novo código do processo civil começa a ser analisado

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COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER AO PROJETO DE LEI N O 6.025, DE 2005, AO PROJETO DE LEI N O 8.046, DE 2010, AMBOS DO SENADO FEDERAL, E OUTROS, QUE TRATAM DO “CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL” (REVOGAM A LEI N O 5.869, DE 1973). PROJETOS DE LEI N OS 6.025, DE 2005, E 8.046, DE 2010 (Em apenso os Projetos de Lei n.ºs 3.804, de 1993; 4.627, de 1994; 504 e 1.201, de 1995; 1.489, 1.823, 1.824 e 2.624, de 1996; 4.720, de 1998; 360, 484, 486, 487, 490, 491, 492, 493, 494, 496, 507, 508, 512, 626 e 903, de 1999; 2.415 e 3.007, de 2000; 5.164, de 2001; 6.507, 6.870, 7.499 e 7.506, de 2002; 1.522, 1.608, 1.795 e 2.117, de 2003; 3.595, 4.150, 4.386, 4.715 e 4.729, de 2004; 5.716 e 5.983, 2005; 6.951, 7.088, 7.232, 7.462 e 7.547, de 2006; 203, 212, 361, 408, 884, 887, 1.316, 1.380, 1.482, 1.909, 2.066, 2.067, 2.139, 2.484, 2.488 e 2.500, de 2007; 3.015, 3.157, 3.302, 3.331, 3.387, 3.490, 3.743, 3.751, 3.761, 3.839, 3.919, 4.125, 4.252 e 4.346, de 2009; 4.591, 4.892, 5.233, 5.460, 5.475, 5.585, 5.748, 5.811, 5.815, 6.115, 6.178, 6.195, 6.199, 6.208, 6.274, 6.282, 6.407, 6.487, 6.488, 6.581, 6.649 e 6.710, de 2009; 7.111, 7.237, 7.360, 7.431, 7.506, 7.583 e 7.584, de 2010; 202, 215, 217, 241, 914, 915, 954, 1.199, 1.626, 1.627, 1.628, 1.650, 1.850, 1.922, 1.956, 2.106, 2.196, 2.242, 2.399, 2.483, 2.597, 2.619, 2.627, 2.720, 2.963 e 3.006, de 2011; 3.458, 3.743, 3.883, 3.903, 3.907 e 4.110, de 2012) Código de Processo Civil. Autor: SENADO FEDERAL Relator-Geral: Deputado SÉRGIO BARRADAS CARNEIRO

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Foi lido nesta quarta-feira, 19, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, o parecer do relator-geral do projeto do novo Código do Processo Civil (PL 8046/10), deputado Sérgio Barradas Carneiro (PT/BA). O parecer é sobre o Projeto de Lei nº 6025/2005, que trata do novo Código. O objetivo principal do novo código é acelerar a tramitação das ações cíveis. Mais Informações: http://marinasantanna.com/2012/09/19/parecer-sobre-novo-codigo-do-processo-civil-comeca-a-ser-analisado-em-comissao/

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  • 1. COMISSO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER AOPROJETO DE LEI NO 6.025, DE 2005, AO PROJETO DE LEI NO8.046, DE 2010, AMBOS DO SENADO FEDERAL, E OUTROS,QUE TRATAM DO CDIGO DE PROCESSO CIVIL (REVOGAMA LEI NO 5.869, DE 1973).PROJETOS DE LEI NOS 6.025, DE 2005, E 8.046, DE 2010 (Em apenso os Projetos de Lei n.s 3.804, de 1993; 4.627, de 1994; 504 e1.201, de 1995; 1.489, 1.823, 1.824 e 2.624, de 1996; 4.720, de 1998; 360, 484, 486, 487, 490, 491, 492, 493, 494, 496, 507, 508, 512, 626 e 903, de 1999; 2.415 e 3.007, de 2000; 5.164, de 2001; 6.507, 6.870, 7.499 e 7.506, de2002; 1.522, 1.608, 1.795 e 2.117, de 2003; 3.595, 4.150, 4.386, 4.715 e 4.729,de 2004; 5.716 e 5.983, 2005; 6.951, 7.088, 7.232, 7.462 e 7.547, de 2006; 203, 212, 361, 408, 884, 887, 1.316, 1.380, 1.482, 1.909, 2.066, 2.067, 2.139,2.484, 2.488 e 2.500, de 2007; 3.015, 3.157, 3.302, 3.331, 3.387, 3.490, 3.743,3.751, 3.761, 3.839, 3.919, 4.125, 4.252 e 4.346, de 2009; 4.591, 4.892, 5.233,5.460, 5.475, 5.585, 5.748, 5.811, 5.815, 6.115, 6.178, 6.195, 6.199, 6.208,6.274, 6.282, 6.407, 6.487, 6.488, 6.581, 6.649 e 6.710, de 2009; 7.111, 7.237,7.360, 7.431, 7.506, 7.583 e 7.584, de 2010; 202, 215, 217, 241, 914, 915, 954,1.199, 1.626, 1.627, 1.628, 1.650, 1.850, 1.922, 1.956, 2.106, 2.196, 2.242,2.399, 2.483, 2.597, 2.619, 2.627, 2.720, 2.963 e 3.006, de 2011; 3.458, 3.743, 3.883, 3.903, 3.907 e 4.110, de 2012) Cdigo de Processo Civil.Autor: SENADO FEDERALRelator-Geral:DeputadoSRGIOBARRADAS CARNEIRO

2. 2Relator-GeralSubstituto: DeputadoPAULO TEIXEIRAI RELATRIOA. Introduo Vem apreciao desta Casa o Projeto de Lei n. 8.046,de 2010, oriundo do Senado Federal (Projeto de Lei do Senado n. 166, de2010), o Cdigo de Processo Civil.Nos termos do disposto no art. 205, 1o, do RegimentoInterno da Cmara dos Deputados, foi criada e instalada a presente ComissoEspecial para emitir parecer sobre o Projeto de Lei n o 8.046, de 2010, oriundodo Senado Federal (de iniciativa do Senador Jos Sarney), que cuida deinstituir novo cdigo de processo civil, e as emendas a ele relativas. No dia 31 de agosto de 2011, foi realizada reunio paraeleio do Presidente e dos Vice-Presidentes da Comisso Especial. Foi eleitoPresidente o Deputado FBIO TRAD; Primeiro Vice-Presidente o DeputadoMIRO TEIXEIRA; Segundo Vice-Presidente o Deputado VICENTE ARRUDA; eTerceira Vice-Presidente a Deputada SANDRA ROSADO.Foi designado Relator-Geral o Deputado SRGIOBARRADAS CARNEIRO. E, com o escopo de conferir mais eficincia aostrabalhos da Comisso Especial, foram designados cinco relatores parciaispara o exame de blocos de dispositivos inter-relacionados tematicamente doProjeto de Lei no 8.046, de 2010, e as emendas tocantes a cada um deles, asaber:- Deputado EFRAIM FILHO arts. 1. a 291 do PL8.046/10, referentes Parte Geral; - Deputado JERNIMO GOERGEN arts. 292 a 499 e500 a 523 do PL 8.046/10, referentes ao Processo de Conhecimento e aoCumprimento de Sentena, nessa ordem; 3. 3 - Deputado BONIFCIO DE ANDRADA arts. 524 a 729do PL 8.046/10, referentes aos Procedimentos Especiais; - Deputado ARNALDO FARIAS DE S arts. 730 a 881do PL 8.046/10, referentes ao Processo de Execuo;- Deputado HUGO LEAL arts. 882 a 998 e 999 a 1007,referentes ao Processo nos Tribunais e Meios de Impugnao das DecisesJudiciais e s Disposies Finais e Transitrias, nessa ordem.Posteriormente, em razo do afastamento do DeputadoSRGIO BARRADAS CARNEIRO, foi indicado o Deputado PAULO TEIXEIRAcomo relator-geral. Com o seu retorno Cmara dos Deputados, o DeputadoSRGIO BARRADAS CARNEIRO reassumiu a Relatoria-Geral, e foi designadoRelator-Geral Substituto o Deputado PAULO TEIXEIRA.Aps a instalao e o incio dos trabalhos destaComisso Especial, foi determinado, por despacho do Presidente destaCmara dos Deputados, que diversos outros projetos de lei que tratam demodificar a Lei no 5.869, de 1973 (Cdigo de Processo Civil em vigor)passassem a tramitar em conjunto com a proposio anteriormente referida(Projeto de Lei no 8.046, de 2010), entre eles o Projeto de Lei no 6.025, de2005, tambm oriundo do Senado Federal e de tramitao mais antiga nestaCasa, o qual passou a ter, dessa feita, precedncia sobre os todos os demais. 4. 4 B. A Comisso Especial 1. Histrico e constituio Nos termos do disposto no art. 205, 1o, do RegimentoInterno da Cmara dos Deputados, foi criada em 16 de junho de 2011 peloPresidente da Cmara dos Deputados e posteriormente constituda e instaladaa presente Comisso Especial destinada inicialmente a proferir parecer sobre oProjeto de Lei no 8.046, de 2010, oriundo do Senado Federal (de iniciativa doSenador Jos Sarney), que cuida de instituir novo cdigo de processo civil, eas emendas a ele relativas.Foram eleitos pelos membros desta Comisso Especialpara os cargos de Presidente, Primeiro Vice-Presidente, Segundo Vice-Presidente e Terceiro Vice-Presidente respectivamente os Deputados FBIOTRAD, MIRO TEIXEIRA, VICENTE ARRUDA e SANDRA ROSADO. Mencione-se que, nesta data, encontra-se vago o cargo de Terceiro Vice-Presidente emrazo de a Deputada Sandra Rosado ter deixado de compor esta ComissoEspecial.Aps a eleio para os cargos referidos, o Presidentedesta Comisso Especial, Deputado Fbio Trad, procedeu designao doRelator-Geral, Deputado SRGIO BARRADAS CARNEIRO, e dos RelatoresParciais Deputado EFRAIM FILHO (Parte Geral), Deputado JERNIMOGOERGEN (Processo de Conhecimento e Cumprimento da Sentena),Deputado BONIFCIO DE ANDRADA (Procedimentos Especiais), DeputadoARNALDO FARIA DE S (Processo de Execuo) e Deputado HUGO LEAL(Processos nos Tribunais e Meios de Impugnao das Decises Judiciais, eDisposies Finais e Transitrias).No curso dos trabalhos desta Comisso Especial, esteDeputado Srgio Barradas Carneiro foi momentaneamente substitudo nostrabalhos de Relator-Geral pelo Deputado PAULO TEIXEIRA por ter sidoafastado do exerccio do mandato parlamentar. 5. 5Por ato do Presidente desta Comisso Especial,reassumimos a aludida funo e o Deputado Paulo Teixeira passou a figurarcomo Relator-Geral Substituto. Por despacho do Presidente desta Cmara dosDeputados, foi determinado que diversos outros projetos de lei que tratam demodificar a Lei no 5.869, de 1973 (Cdigo de Processo Civil em vigor)passariam a tramitar em conjunto com a proposio anteriormente referida(Projeto de Lei no 8.046, de 2010), entre eles o Projeto de Lei no 6.025, de2005, tambm oriundo do Senado Federal e de tramitao mais antiga nestaCasa, o qual passou a ter, dessa feita, precedncia sobre todos os demais. Emrazo de tal providncia, tambm foi alterado a designao desta ComissoEspecial a fim de se incluir referncia ao aludido Projeto de Lei no 6.025, de2005.C. Histrico do processo legislativo na Cmara dos Deputados e razes para um novo Cdigo de Processo CivilO projeto de novo Cdigo de Processo Civil (CPC) ,possivelmente, o mais importante projeto de lei em tramitao na Cmara dosDeputados. Ao menos no que diz respeito ao impacto na vida dos cidadosbrasileiros. Isso porque o Cdigo de Processo serve para a tutela detodas as relaes jurdicas no criminais civis, consumeristas, trabalhistas,administrativas etc. Desde setembro de 2011, a Cmara dos Deputados vemdebatendo, intensamente, o projeto, tal como veio do Senado Federal. Foram realizadas 15 audincias pblicas na Cmara dosDeputados e 13 Conferncias Estaduais (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Riode Janeiro, Joo Pessoa, Campo Grande, Manaus, Porto Alegre, Fortaleza,Cuiab, So Paulo, Vitoria da Conquista e Macap). Foram ouvidos 133palestrantes especialistas em Processo Civil, fora os participantes de MesasRedondas. 6. 6 Foram apresentadas 900 emendas pelos deputados eapensados 139 projetos que tramitavam pela Casa e tratavam de ProcessoCivil.Por determinao do Presidente Fbio Trad, a quemdevemos registrar a excelente conduo dos trabalhos da Comisso Especial,foi disponibilizado no site na Cmara, no espao E-Democracia, a verso doprojeto tal como veio do Senado, oferecendo de forma indita, a possibilidade aqualquer brasileiro, de qualquer parte do Pas, participar e oferecer sugestesaditivas, modificativas ou supressivas. O Portal E-Democracia registrou 25.300 acessos, 282sugestes, 143 comentrios e 90 e-mails. Alm disso, fiz diversas viagens de norte a sul do Brasilpara debater em conferncias, seminrios e eventos de diversas entidades domundo jurdico e acadmico, o projeto que se tornou o primeiro cdigobrasileiro elaborado com intensa participao popular. Citaria para registro econhecimento de V. Excias os seguintes eventos: Palestra sobre o Novo Cdigo de Processo Civil(CPC) para o setor Jurdico da Consan. So Paulo (SP), 15/05/2012. Semana Jurdica da Universidade Catlica deBraslia. Tema: Novo Cdigo de Processo Civil. Taguatinga (DF), 25/04/2012. Seminrio do Instituto dos Advogados do DistritoFederal. Tema: Novo Cdigo de Processo Civil (CPC). Braslia (DF),23/04/2012. Seminrio da Pontifcia Universidade Catlica deMinas Gerais (PUC-MG). Tema: Novo Cdigo de Processo Civil (CPC). BeloHorizonte (MG), 13/04/2012. VI Conferncia Estadual dos Advogados do RioGrande do Sul, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS).Tema: Novo Cdigo de Processo Civil (CPC). Porto Alegre (RS), 13/04/2012. Palestra sobre o novo Cdigo de Processo Civil(CPC) na Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Valena (BA), 26/03/2012. 7. 7 XIII Simpsio Trabalhista da Associao Brasileirade Advogados Trabalhistas (ABRAT). Tema: O novo Cdigo de Processo Civil(CPC). Recife (PE), 16 e 17/03/2012.Palestra sobre Direito Tributrio e o Impacto nonovo Cdigo de Processo Civil, promovida pelo Escritrio Souza, Schneider,Pugliese e Sztokfisz Advogados. So Paulo (SP), 08 e 09/03/2012. Conferncia sobre Novo CPC Cdigo deProcesso Civil, realizada no Pestana Bahia Hotel, com promoo do EscritrioBrando & Tourinho DantasAdvogadosAssociados. Salvador (BA),05/12/2011. Palestra na Universidade Nove de Julho (Uninove)sobre O novo Cdigo de Processo Civil (CPC). So Paulo (SP), 25/11/2011. Palestra em seminrio promovido pelo Instituto dosAdvogados de So Paulo (IASP), sobre o tema O novo Cdigo de ProcessoCivil (CPC). So Paulo (SP), 25/11/2011. XXI Conferncia Nacional dos Advogados, sobre otema Acesso Justia e Estado Democrtico de Direito O Projeto do novoCPC e o Exerccio Democrtico dos Direitos. Curitiba (PR), 21/11/2011. XI Encontro Nacional dos Procuradores daFazenda Nacional (SINPROFAZ), sobre o tema O novo CPC comoconcretizador do Direito Material: Uma busca pela Efetividade. Fortaleza (CE),18/11/2011. X Congresso Nacional dos Defensores Pblicos,sobre o tema O novo Cdigo de Processo Civil (CPC). Natal (RN),17/11/2011. Palestra no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG), com a participao do Instituto dos Advogados de Minas Gerias eprofessores e alunos da PUC-MG. Belo Horizonte (MG), 14/11/2001. VIII Congresso Brasileiro de Direito de Famlia,promovido pelo Instituto Brasileiro de Direito de Famlia (IBDFAM). Tema: Onovo CPC e o Estatuto das Famlias. Belo Horizonte (MG), 13 e 14/11/2011. 8. 8 V ENAFE Encontro Nacional dos AdvogadosPblicos Federais. Tema: O novo Cdigo de Processo Civil (CPC). Salvador(BA), 28/10/2011. IX Congresso Nacional de Direito Pblico. Macei(AL), de 06 a 09/09/2011. III Encontro Nacional de Direito Civil e ProcessoCivil Tema: Princpios norteadores e processo legislativo do novo Cdigo deProcesso Civil (CPC). Salvador (BA), de 01 a 03/09/2011. Conferncia Estadual de Advogados promovidapela OAB-Bahia. Salvador (BA), 18 a 20/08/2011.O atual Cdigo de Processo Civil de 1973. H diversosmotivos que justificam, talvez imponham, a elaborao de um novo Cdigo. Em primeiro lugar, o CPC/1973 passou por tantasrevises (mais de sessenta leis o modificaram), to substanciais algumasdelas, que o atual CPC teve grande perda sistemtica o principal atributo queum cdigo deve ter. Mas o que realmente impe um novo CPC um motivode outra natureza. Nestas quase quatro dcadas, o pas e o mundopassaram por tantas transformaes, que no seria incorreto dizer quepraticamente todos os paradigmas que inspiraram o CPC de 1973 foramrevistos ou superados. As mudanas se deram nos planos normativo, cientfico,tecnolgico e social, conforme sistematizao feita por Fredie Didier Jr. . Revoluo Jurdica.Entre 1973 e 2012, tivemos, para exemplificar, uma novaConstituio Federal (1988), um novo Cdigo Civil (2002) e o Cdigo deDefesa do Consumidor (CDC, 1990) apenas para citar trs exemplos deconjuntos de normas que alteraram profundamente o direito brasileiro. OCdigo de 1973, por bvio, no foi elaborado para uma realidade jurdica todiferente. preciso construir um Cdigo de Processo Civil adequado a essanova estrutura jurdica. Alguns exemplos: 9. 9a) O novo CPC deve dar ao Ministrio Pblico otratamento adequado ao seu atual perfil constitucional, muito distinto daqueleque vigia em 1973. Para ilustrar, preciso rever a necessidade da suainterveno em qualquer ao de estado exigncia de um tempo em que seproibia o divrcio.b) O CPC/1973 no menciona a Defensoria Pblica.Trata-se de omisso inaceitvel, notadamente tendo em vista o papel que estainstituio alcanou com a CF/88. c) A arbitragem, no Brasil, praticamente no existia em1973. Atualmente, o Brasil o quarto pas do mundo em nmero de arbitragensna Cmara de Comrcio Internacional. O CPC/1973 pressupe a realidade daarbitragem daquela poca. preciso construir um cdigo adequado a estarealidade, prevendo, por exemplo, o procedimento da carta arbitral e criando aalegao autnoma da conveno de arbitragem.d) No por acaso, a Cmara dos Deputados estdebruada na construo de um modelo adequado para a disciplina processualda desconsiderao da personalidade jurdica instituto consagrado no CDC eno Cdigo Civil, amplamente utilizado na prtica forense, mas simplesmenteignorado pelo CPC 1973. Revoluo cientfica. A cincia jurdica passou, tambm, por sensveistransformaes nos ltimos anos. A cincia jurdica brasileira evoluiu muitoneste perodo. Basta mencionar o fato de que, h quarenta anos, praticamenteno havia no Brasil cursos de ps-graduao em sentido estrito (mestrado edoutorado) em Direito. Atualmente, temos possivelmente o maior programa deformao de mestres e doutores em Direito do mundo. Alguns exemplos desta transformao cientfica: hoje,diferentemente de outrora, h o generalizado reconhecimento da foranormativa dos princpios jurdicos e do papel criativo e tambm normativo dafuno jurisdicional as decises recentes do Supremo Tribunal Federalconfirmam isso.O Cdigo de Processo Civil deve espelhar o atualmomento da cincia jurdica brasileira. Os vrios projetos em tramitaomostram que a Cmara dos Deputados sempre esteve atenta para a 10. 10necessidade de aprimorar as regras que impem motivao adequada naaplicao dos princpios jurdicos. Alm disso, a Cmara dos Deputados temdiscutido a possibilidade de consagrar, em enunciados expressos, princpiosprocessuais imprescindveis para a construo de um modelo de processo civiladequado Constituio Federal, como os princpios da boa-f processual eda eficincia. preciso, ainda, criar uma disciplina jurdica minuciosa para ainterpretao, aplicao e superao dos precedentes judiciais: estabelecendoregras que auxiliem na identificao, na interpretao e na superao de umprecedente. O CPC/1973 considerava os princpios ora como tcnicade preenchimento de lacuna, ora como jargo retrico. Trata-se de disciplinatotalmente incompatvel com o atual estgio do pensamento jurdico.Revoluo tecnolgica.O processo em autos eletrnicos uma realidadeinevitvel. Pode-se afirmar, inclusive, que o Brasil um dos pases maisavanados no mundo neste tipo de tecnologia. Em poucos anos, adocumentao de toda tramitao processual no Brasil ser eletrnica. Umnovo Cdigo de Processo Civil deve ser pensado para regular esta realidade,total e justificadamente ignorada pelo CC 1973.Os deputados que compem a Comisso Especialpreocuparam-se muito com isso e h propostas muito boas no sentido deaperfeioar o projeto neste ponto, inclusive com a incluso de um captulodedicado consagrao das normas fundamentais do processo eletrnico,proposto pelo Deputado Efraim Filho e o Professor Rinaldo Mouzalas, e apossibilidade de interposio de apelao diretamente no tribunal (com grandeeconomia de tempo), a disciplina da contagem de prazos etc. A questo crucial aqui a seguinte: estamos vivendo umaera de mudana do suporte da documentao do processo. Isso no aconteciah sculos, sem exagero. At bem pouco tempo, utilizava-se basicamente opapel. Para que se tenha uma ideia desta transformao, em1973 enfrentaram-se resistncias pela possibilidade de a parte apresentarpeties datilografadas at ento, eram escritas mo. Questionava-se arespeito, pois seria difcil, assim, identificar a autoria da pea. A discusso, que 11. 11hoje parece estranha, era muito pertinente poca. De todo jeito, o debategirava em torno de um mesmo modelo de suporte, o papel. A realidade hoje completamente distinta e um novoCPC deve partir deste pressuposto. Revoluo social. No plano social, as mudanas foram ainda maisimpressionantes.O acesso justia foi muito facilitado nos ltimos anos; oprogresso econmico, com a incorporao de uma massa de consumidores,antes alheia economia, repercutiu diretamente no exerccio da funojurisdicional, com um aumento exponencial do nmero de processos emtramitao. A massificao dos conflitos, fenmeno bastanteconhecido e estudado, um dado de fato que no pode ser ignorado naelaborao de um novo CPC. A Comisso de Juristas e o Senado propuserama criao de instrumentos que visam dar mais racionalidade ao processamentodas demandas de massa dentre estes instrumentos, notabilizou-se oincidente de resoluo de demandas repetitivas, que tem por objetivo afixao de uma tese jurdica vinculante, que sirva para a soluo de todas ascausas homogneas.Trata-se de um dos pontos mais polmicos do projeto:quase todos concordam com a sua existncia, mas todos reconhecem anecessidade de seu aperfeioamento, sobretudo para impedir a instaurao deum incidente antes de a discusso estar minimamente amadurecida (no possvel chegar a um consenso sobre uma questo, sem que tenha havido omnimo de dissenso). A Cmara dos Deputados trouxe o tema para o centro dadiscusso e apresentou boas contribuies para o aprimoramento deste novoinstituto. 12. 12 D. AgradecimentosDeputado Fbio Trad, pela competente conduo dostrabalhos desta Comisso Especial, sem a qual no seria possvel tamanhaabertura nas discusses e debates havidos. Mudou-se completamente a formade elaborao deste Novo Cdigo de Processo Civil, diferentemente dos queforam feitos at hoje, gestados entre quatro paredes. O Brasil falou e foiouvido. Fbio Trad escreve o seu nome da histria desta Casa e do Pas.Deputado Paulo Teixeira que, na condio de Lder domeu Partido, me indicou para ser o Relator Geral do Projeto, me substituiu nabreve ausncia e pelo seu carter e postura tica, me devolveu a relatoria tologo retornei a esta Casa, dando grandes contribuies no perodo em queexerceu a relatoria geral e, depois, como Relator Substituto. Deputado Miro Teixeira pelos conselhos e pela inspiraopermanente quanto ao modo de agir com tica, dignidade e esprito pblicopara bem servir ao nosso Pas. Ao Vice Presidente Vicente Arruda, sempre presente coma sua experincia e participao. Aos meus Relatores Parciais: Efraim Filho da parte geral;Jernimo Goergen do processo de conhecimento e cumprimento de sentena;Jos Bonifcio dos procedimentos especiais; Arnaldo Faria de S em execuoe Hugo Leal com recursos. Aos demais colegas: Gabriel Guimares, Jos Mentor,Arthur Maia, Eduardo Cunha, Maral Filho, Luis Carlos, Rui Palmeira,Esperidio Amin, Felipe Maia, Ronaldo Fonseca, Severino Ninho, ValtenirPereira, Sarney Filho, Paes Landim, Delegado Protgenes, Antonio Bulhes,Felipe Bornier, Francisco Praciano, Odair Cunha, Padre Joo, Vicente Cndido,Benjamin Maranho, Danilo Forte, Eliseu Padilha, Junior Coimbra, SandroMabel, Alfredo Kaefer, Nelson Marchezan Junior, Paulo Abi-akel, RobertoTeixeira, Vilson Covatti, Augusto Coutinho, Mendona Filho, Antony Garotinho,Edson Silva, Gonzaga Patriota, Sebastio Bala Rocha, Marcio Marinho, JosHumberto, Marcelo Aguiar, Moreira Mendes e Dr. Grilo. 13. 13Agradeo, tambm, a outros deputados que contriburampara o aperfeioamento do projeto: Amauri Teixeira, Augusto Coutinho,Benjamim Maranho, Bruno Arajo, Cabo Juliano Rabelo, Camilo Cola,Domingos Dutra, Larcio Oliveira, Luza Erundina, Mara Gabrilli, MendesThame, Nilson Leito, Reinaldo Azambuja, Rodrigo Garcia, Sandra Rosado eGiacopo.Ao pessoal de apoio da Casa: a Secretria da Comisso,Cludia Maria Borges Matias e os Consultores Marcelo Manzan, LuisFernando Maria Regina Reis, Gilvan Correia de Queiroz Filho, HenriqueLeandro Medeiros e Luis Fernando Botelho de Carvalho, que nosacompanharam em todas as audincias pblicas, conferncias estaduais eforam responsveis por dar forma regimental, contribuir com sugestes e fazeras revises necessrias ao relatrio final.Alessandra Muller e Cristiano Ferri e toda a sua equipe doE-Democracia, Daniel Shim, Gilson Dobbin e Maria do Socorro Ayres, quepermitiram a todos os brasileiros e brasileiras de todos os cantos deste Pasparticiparem da elaborao deste Novo CPC. E mais Joo Eduardo Lopes eRobson Taniago do Cenin.Juristas que estiveram ao meu lado me ajudando aformatar todas as contribuies que recolhi pelo Brasil: Arruda Alvim, LuizHenrique Volpe Camargo, Paulo Henrique dos Santos Lucon, Dorival Pavan,Srgio Muritiba, Leonardo Carneiro da Cunha, Rinaldo Mouzalas, DanielMitidiero, Alexandre Cmara e Fredie Didier, a quem dedico especialagradecimento por ter me servido como fio condutor nesta Comisso eguardio do meu relatrio, inmeras vezes modificado por conta daperegrinao feita por todo o Pas.Fao questo de incluir a todos, pessoas e entidades domundo jurdico e acadmico no relatrio, fazendo justia ao empenho,dedicao e compromisso com o Brasil, refletidos nas inmeras contribuiesapresentadas. Alm dos nomes constantes da parte deste Relatrio comopalestrantes nas Audincias Pblicas e Conferncias Estaduais, gostaria dedestacar: Professores que contriburam com sugestes: AdaGrinover (USP), Alberto Camia Moreira (PUC-Campinas), Antonio Adonias(UFBA e Faculdade Baiana de Direito), Antonio Carlos Marcato (USP), Antonio 14. 14do Passo Cabral (UERJ), Athos Carneiro (UFRGS), Beclaute Oliveira (UFAL),Bruno Redondo (PUC/RJ), Cndido Dinamarco (USP), Carlos Alberto Carmona(USP), Cassio Scarpinella Bueno (PUC/SP), Celso Castro (UFBA), DierleNunes (UFMG/PUC-MG), Eduardo Sodr (UFBA), Fbio Ulhoa Coelho(PUC/SP), Fernanda Pantoja (PUC/RJ), Frederico Ricardo de Almeida Neves(UNICAP), Heitor Sica (USP), Humberto vila (UFGRS), Israel Carone Rachid(UFJF), Joo Batista Lopes (PUC/SP), Jos Augusto Garcia (UERJ), JosRoberto dos Santos Bedaque (USP), Kazuo Watanabe (USP), Leandro Arago(Faculdade Baiana de Direito), Leonardo Greco (UFRJ/UERJ), LeonardoSchenk (UERJ), Leonardo Ferres (PUC/SP), Lcio Delfino (Professor emUberaba), Luiz Guilherme da Costa Wagner (Universidade Paulista SP), LuizGuilherme Marinoni (UFPR), Luiz Machado Bisneto (ESA-OAB/BA), MarceloNavarro Ribeiro Dantas (UFRN), Maurcio Dantas Ges e Ges (UFBA), PabloStolze (UFBA), Paula Sarno Braga (Faculdade Baiana de Direito e UFBA),Paulo Czar Pinheiro Carneiro (UERJ), Pedro Henrique Nogueira (UFAL),Ricardo de Barros Leonel (USP), Ricardo Perlingeiro Mendes da Silva (UFF),Roberto Campos Gouveia Filho (UNICAP), Roberto Paulino (UFPE), RodrigoBarioni (PUC/SP), Ronaldo Brtas de Carvalho Dias (PUC/MG), SalomoViana (UFBA), Srgio Cruz Arenhart (UFPR), Teori Albino Zavascki (UNB),Teresa Arruda Alvim Wambier (PUC-SP), Valrio Mazzuoli (UFMT), VladimirAras (UFBA), William Santos Ferreira (PUC/SP) e Jos Miguel Garcia Medina(UEM-PR, UNIPAR-PR e PUC-SP). Profissionais do direito que contriburam com sugestes:Ophir Cavalcante Jr. (Presidente do Conselho Federal da OAB), Bruno Dantas(Conselheiro do CNJ), Cezar Peluso (Ministro STF), Daniel Miranda(advogado), Dlio Rocha Sobrinho (juiz de direito no Esprito Santo), EduardoJos da Fonseca Costa (juiz federal), Jandyr Maya Faillace (advogado daUnio), Lus Antnio Giampaulo Sarro (Procurador do Municpio de So Paulo),Marcus Vincius Furtado Coelho (Conselho Federal OAB), Nelson JulianoSchaefer Martins (Desembargador TJ/SC), Nelton dos Santos (Desembargadordo TRF 3 Regio), Robson Godinho (promotor MP/RJ), Rodrigo Ribeiro(advogado da Unio), Rosana Galvo (Procuradora do Estado da Bahia), SilvioMaia da Silva (TJ/BA), Vrginia Cestari (Advogada da Unio), Andr Luis Castro(Defensor Pblico), Marcelo Terto e Silva, Presidente da ANAPE Associaonacional os Procuradores do Estado, Allan Titonelli Nunes (Procurador daFazenda Nacional) Cludio Piansky Mascarenhas (Defensor Pblico Estadual),Fernando Luiz Albuquerque Faria (Advogado da Unio) e os advogados: 15. 15Welder Queiroz dos Santos, Nelson Rodrigues Netto, Pedro Henrique M.Figueiredo, Agenor Xavier Valadares, Elias Marques de Medeiros Neto, AndrLus Monteiro, Eider Avelino Silva, Guilherme Rizzo Amaral, Gustavo deMedeiros Melo, Jaldemiro Atade, Joo Luiz Lessa de Azevedo Neto, JoelsonDias, Jos Saraiva, Marcos Simes Martins Filho, Ravi de Medeiros Peixoto,Rafael Oliveira, Marivaldo de Castro Pereira, Luiz Guilherme da Costa WagnerJr., Jos Carlos de Arajo Almeida Filho, Jos Luiz Wagner e Luiz CarlosLevenson, Alexandre Mariano e o Grupo do IASP, Alexandre Jamal Batista,Antonio de Pdua Notariano Jr., Antnio de Pdua Soubhie Nogueira, DiogoLeite Machado Melo, Euclydes Jos Marchi Mendona, Fabiano Carvalho,Flvio Maia, Glucia Mara Coelho, Gustavo de Medeiros Melo, Hlio RubensBatista Ribeiro Costa, Jos Horcio Halfeld Rezende Ribeiro, Pedro da SilvaDinamarco, Rodrigo Matheus, Rodrigo Otvio Barioni e Ruy Pereira Camilo Jr.Entidades: Ordem dos Advogados do Brasil, Instituto dosAdvogados Brasileiros, Instituto dos Advogados de So Paulo ComissoEspecial de Estudos, Associao Nacional dos Defensores Pblicos(ANADEP), Associao Nacional dos Defensores Pblicos Federais (ANADEF),Associao dos Defensores Pblicos do Estado da Bahia, Poder ExecutivoFederal (Ministrio da Justia, Secretaria de Direitos Humanos, Casa Civil daPresidncia da Repblica e AGU), Frum Permanente do Direito de Famlia Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, Forvm Nacional da AdvocaciaPblica Federal, Cmara Americana de Comrcio Brasil, IBDFAM InstitutoBrasileiro de Direito de Famlia, AMB (Associao dos Magistrados Brasileiros),Unio dos Advogados Pblicos Federais do Brasil UNAFE, FENASSOJAF Federao Nacional das Associaes de Oficiais de Justia AvaliadoresFederais e pela FOJEBRA Federao das Entidades Representativas dosOficiais de Justia Estaduais do Brasil, IBDI Instituto Brasileiro de Direito daInformtica e do IBDE Instituto Brasileiro de Direito Eletrnico e Secovi-Sindicato da Habitao e Caixa Econmica Federal. Ao concluir, ressalto que se trata de obra humana sujeitaa imperfeies e que o Novo Cdigo de Processo Civil, uma vez em vigor, nose constituir, por si s, num remdio para todos os males que afligem aJustia brasileira. Necessrio se faz que o Poder Judicirio seja estruturado em 16. 16termos de pessoal, processo eletrnico e gesto para os grandes desafios desuperao do quadro atual. E as faculdades de direito devem preparar novosoperadores do direito voltados para uma nova cultura jurdica da arbitragem,conciliao e mediao, inclusive incluindo tais disciplinas como matriasobrigatrias nos seus currculos. Por fim, agradeo a Deus e a todos os que me ajudarama servir ao meu Pas com denodo e esprito pblico. 17. 17 C. As principais modificaes do PL 8.046, de 2010 1. Parte geral Uma das grandes alteraes que merecem destaque nonovo CPC a destinao de um Livro especfico que abrigue a Parte Geral doCdigo.Evidentemente no quer isso dizer que todos osdispositivos que l esto contidos j no estivessem no Cdigo de 1973, mas oPL tem o mrito de, com bastante propriedade, melhor sistematizar osdispositivos que norteiam o processo civil.Dessa forma, dentro do Ttulo I (que trata dos Princpios eGarantias, Normas Processuais, Jurisdio e Ao), desse Livro I (que aParte Geral), foi aberto um Captulo para tratar dos Princpios e das GarantiasFundamentais do Processo Civil, fazendo, dessa forma, um elo entre osDireitos e Garantias Individuais da Constituio Federal e a aplicao doprocesso civil. A fixao desses princpios em lei se coaduna com a modernadoutrina e jurisprudncia, que integram o direito constitucional aos demaisramos do Direito. O Cdigo ganhou um Captulo referente CooperaoInternacional, tema antes no tratado pelo CPC, o que atende aos anseios deagilidade no relacionamento internacional, principalmente no que se refere produo de provas, medidas de urgncia, tais como a decretao deindisponibilidade, o sequestro, o arresto, a busca e apreenso de bens,documentos, direitos e valores; o perdimento de bens, direitos e valores, oreconhecimento e a execuo de outras espcies de sentenas estrangeiras, aobteno de outras espcies de decises nacionais, inclusive em carterdefinitivo, a informao do direito estrangeiro e a prestao de qualquer outraforma de cooperao jurdica internacional no proibida pela lei brasileira. Em mbito nacional, tambm foi destinado um Captulo Cooperao Nacional, que consigna em lei o dever de recproca cooperaoentre os magistrados e servidores do Poder Judicirio estadual, federal, 18. 18especializado ou comum, de primeiro ou segundo grau, assim como a todos ostribunais superiores, a fim de que o processo alcance a desejada efetividade.O PL tambm trata do tema da desconsiderao dapersonalidade jurdica, que, apesar de no ser novidade em nossoordenamento jurdico, no dispunha de nenhum procedimento disciplinado emlei. Assim, determina-se agora que cabvel em todas as fases do processo deconhecimento, no cumprimento da sentena e tambm na execuo fundadaem ttulo executivo extrajudicial.Os honorrios advocatcios sofreram alterao, passandoa ser devidos tambm no pedido contraposto, no cumprimento de sentena, naexecuo resistida ou no, e nos recursos interpostos, de forma cumulativa. Ainstncia recursal, por sua vez, tambm fixar nova verba advocatcia, seja arequerimento da parte ou de ofcio. Tais exigncias, evidentemente, so umdesestmulo tendncia de perpetuao do processo.Tambm foram estabelecidas regras para o clculo doshonorrios nas causas em que a Fazenda Pblica for parte, de formaescalonada, diminuindo-se o percentual medida que se aumenta o valor dacondenao. Dessa forma, os honorrios so fixados no mnimo de dez emximo de vinte por cento nas aes de at duzentos salrios mnimos;mnimo de oito e mximo de dez por cento nas aes acima de duzentos atdois mil salrios mnimos; mnimo de cinco e mximo de oito por cento nasaes acima de dois mil at vinte mil salrios mnimos; mnimo de trs emximo de cinco por cento nas aes acima de vinte mil at cem mil salriosmnimos e, finalmente, mnimo de um e mximo de trs por cento nas aesacima de cem mil salrios mnimos. H disposies a respeito de procedimento eletrnico. OPL declara que o processo pode ser total ou parcialmente eletrnico. Permiteque a procurao e a assinatura dos juzes possam, por exemplo, ser assinadadigitalmente, determina que os tribunais disponibilizem as informaeseletrnicas constantes de seu sistema de automao e que o procedimentoeletrnico deve ter sua sistemtica unificada em todos os tribunais, cumprindoao Conselho Nacional de Justia a edio de ato que incorpore e regulamenteos avanos tecnolgicos que se forem verificando. Tambm h dispositivossobre o tempo do ato processual no processo eletrnico, que pode serpraticado em qualquer horrio e a determinao de movimentao imediata de 19. 19concluso dos autos ao juiz. O PL, tal como o atual, prev a citao por meioeletrnico, mas deixa sua regulao para lei especfica. Todavia, impe quecom exceo das micro e pequenas empresas, fiquem as empresas privadasou pblicas obrigadas a criar endereo eletrnico destinado exclusivamente aorecebimento de citaes e intimaes, que sero, preferencialmente, efetuadaspor esse meio. Suprimiu-se o prazo em qudruplo para contestar para aFazenda Pblica. A previso proposta de prazo em dobro para todas asmanifestaes processuais da Unio, Estados, Distrito Federal, Municpios,Ministrio Pblico e Defensoria Pblica, com incio a partir da vista ouintimao pessoal dos autos, dependendo do caso. Como a tendncia processual hodierna a daconciliao, o PL, reafirmando esse mtodo de pacificao social, disciplina,em uma Seo, a atividade dos Conciliadores e Mediadores Judiciais.H novos dispositivos acerca dos prazos: o PL atende apleito antigo dos advogados, qual seja, de que na contagem dos prazos, sejamcomputados apenas os dias teis. H declarao expressa de que no soconsiderados intempestivos os atos praticados antes da ocorrncia do termoinicial do prazo; de que no se aplica o prazo em dobro quando a leiestabelecer, de forma expressa, prazo prprio para a Fazenda Pblica,Ministrio Pblico ou Defensoria Pblica; e de que o curso do prazo processualnos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro ser suspenso,o que tambm conquista h muito perseguida pelos advogados. Com vistas ao aumento da celeridade no processo civil,algumas novidades aparecem, como, por exemplo, com relao citao, quepassa a ter a possibilidade de ser feita pelo escrivo, caso o citandocomparea em cartrio. Tambm passa a ser facultado aos advogadospromover a intimao do advogado da outra parte por meio de correio,juntando aos autos, a seguir, cpia do ofcio de intimao e do aviso derecebimento. Interessante consignar que o PL determina que o juizcorrija, de ofcio e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que ovalor atribudo no corresponde ao contedo patrimonial em discusso ou aoproveito econmico perseguido pelo autor, caso em que determinar orecolhimento das custas remanescentes. 20. 20 O PL abre um novo Ttulo objeto de inmeras discusses:o da Tutela da Urgncia e da Tutela da Evidncia, com medidas satisfativasque visam a antecipar ao autor, no todo ou em parte, os efeitos da tutelapretendida, e medidas cautelares, que visem afastar riscos e assegurar oresultado til do processo.Apesar da diversidade do nome, o que tambm tem sidoobjeto de acaloradas discusses, tais tutelas so velhas conhecidas do CPCem vigor, sob os nomes de medida cautelar e antecipao de tutela. A novidade a possibilidade, no caso da tutela daevidncia, de ser concedida independentemente da demonstrao de risco dedano irreparvel ou de difcil reparao, desde que caracterizado o abuso dedireito de defesa ou manifesto propsito protelatrio do requerido, ou quandoum ou mais dos pedidos cumulados ou parcela deles mostrar-se incontroverso,caso em que a soluo ser definitiva. O PL claro ao determinar que a deciso que concede atutela no far coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos s serafastada por deciso que a revogar, proferida em ao ajuizada por uma daspartes. H tambm uma simplificao com relao s medidasde urgncia: podem ser requeridas incidentalmente no curso da causaprincipal, nos prprios autos, independentemente do pagamento de novascustas. No que tange Parte Geral do PL, so essas asalteraes que reputo merecedoras de maior destaque. i) Aperfeioamentos tcnicos e de redaoEste relatrio preocupou-se, inicialmente, em fazercorrees de redao nos enunciados do projeto de novo CPC. Estas correes ora decorrem de erros gramaticais(regncia de verbo, ortografia etc.), ora derivam de imprecises tcnicas(credor em vez de exequente, por exemplo). 21. 21Alm disso, foram feitos ajustes na redao com opropsito de tornar mais claros os textos normativos, de que serve de exemploa proposta de redao para os art. 987 e 988 do projeto, que cuidam dosrecursos extraordinrios.ii) Reestruturao do projeto de acordo com LC 95/1998Uma das novidades trazidas pelo projeto de novo CPC foia criao de uma Parte Geral. Sucede que, de acordo com a Lei Complementar n.95/1998, se h Parte Geral, h Parte Especial e, alm disso, a Parte sempremaior do que um Livro no projeto, a Parte Geral aparece como um excerto doLivro I.Esta falha de Legstica corrigida neste relatrio,acolhendo-se, no ponto, emenda do deputado Fabio Trad.iii) Normas fundamentaisa) Princpio da boa-f - o projeto inicia com dispositivosque tratam dos princpios fundamentais do processo civil, atendendo tendncia de diversos diplomas legislativos de processo existentes no mundocontemporneo. A previso de tais princpios alinha-se com as disposiesconstitucionais relativas ao processo.A Constituio Federal de 1988, na trilha das que lheantecederam, prev o devido processo legal como norma fundamental doprocesso. Do devido processo legal extrai-se a concluso de que o processodeve ser conduzido com observncia de padres ticos minimamente exigidos.Ademais, da ideia de Estado democrtico extrai-se a boa-f objetiva ou, simplesmente, a boa f lealdade, que se relaciona com ahonestidade, probidade ou lealdade com a qual a pessoa mantm em seurelacionamento. 22. 22 Todos devem atuar com retido, colaborando para adeciso final, sendo certo afirmar que o princpio da boa f atua como normalegitimadora do processo. Quer isso dizer que todos os sujeitos do processo devemcomportar-se de acordo com a boa f. o que se chama de princpio da boa fprocessual. Tal princpio extrado do texto do inciso II do art. 80 do PL n8.046, de 2010. Este relatrio entende ser mais adequado tratar desseprincpio no Livro I, Captulo I (Dos Princpios e das Garantias Fundamentais doProcesso Civil), inserindo-se entre os arts. 1o e 11 do PL n 8.046, de 2010. Ajusta-se bem no art. 5o, mantendo-se a sequencia dosdemais dispositivos, que devem ser renumerados.A tradio processual brasileira impe que o vindouroCdigo de Processo Civil ptrio alinhe-se qualidade dos diplomasprocessuais que tm se destacado no cenrio mundial, contendo dispositivoatual e ajustado metodologia contempornea, que valoriza a boa f comouma norma de conduta nas relaes jurdicas, a includas as processuais. O Cdigo de Processo Civil portugus, o CdigodoProcesso Civil suo e tantos outros diplomas processuais de importncia nocenrio mundial preveem o princpio da boa f processual. O Cdigo deProcesso Civil brasileiro merece, de igual modo, conter uma clusula geral daqual se extraia o princpio da boa f processual. b) Princpio da cooperao - um novo Cdigo deProcesso Civil deve estar ajustado ao contexto contemporneo, devendorefletir os valores e os fundamentos do Estado Constitucional, que , a um stempo, Estado de direito e Estado democrtico, consoante estabelece o art. 1oda Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. O Estado Constitucional um Estado com qualidades,sendo um Estado democrtico de direito. A principal caracterstica do Estadodemocrtico, sem embargo do pluralismo poltico, est na prvia participaode todos. A participao, inerente ideia democrtica, reclama que o poder 23. 23seja exercido com a colaborao de todos que se apresentem comointeressados no processo de deciso. A participao desborda dos limites estritamente polticospara projetar-se em todas as manifestaes da vida em comunidade. pelaparticipao que se legitima a conduta dos agentes de Estado queimplementam o quanto deliberado nas instncias prprias.Em outras palavras, a atuao do Estado, para serlegtima, h de decorrer das deliberaes democrticas.Inserido nesse contexto, o projeto do novo Cdigo deProcesso Civil consagra, em combinao com o princpio do contraditrio, aobrigatria discusso prvia da soluo do litgio, conferindo s partesoportunidade de influenciar as decises judiciais, evitando, assim, a prolaode decises-surpresa. s partes deve-se conferir oportunidade de, emigualdade de condies, participar do convencimento do juiz.O processo h, enfim, de ser cooperativo. precisodeixar isso expresso. Da a previso, no presente relatrio, da insero de novodispositivo tratando especificamente do princpio da cooperao.A necessidade de participao, que est presente nademocracia contempornea, constitui o fundamento do princpio dacooperao. Alm de princpio, a cooperao um modelo de processo,plenamente coerente e ajustado aos valores do Estado democrtico de direito.Alm da vedao de deciso-surpresa, o processocooperativo impe que o pronunciamento jurisdicional seja devidamentefundamentado, contendo apreciao completa das razes invocadas por cadauma das partes para a defesa de seus respectivos interesses. didtica e pedaggica a funo de um dispositivo quepreveja expressamente a cooperao no processo, constituindo um importantedispositivo a ser inserido no novo Cdigo de Processo Civil. iv) Aplicao subsidiria aos processos trabalhistas 24. 24Um dos pontos mais criticados do projeto de novo CPC,nos termos em que veio do Senado, foi a excluso do processo do trabalho dombito da aplicao subsidiria do CPC. Corrigiu-se esta falha, acolhendo-sesugesto formulada em diversas emendas parlamentares. v) Questes prejudiciais, ao declaratria incidental ecoisa julgadaO regime de estabilizao das questes prejudiciaisincidentais, tal como proposto no projeto do Senado, foi, seguramente, o pontomais criticado. Assim, merecia ser revisto.Props-se, neste relatrio, basicamente, a manutenodo modelo atual, conhecido h muitos anos, sobre o qual no h controvrsiarelevante e que no tem sido causa de qualquer problema na administraojudiciria: a questo prejudicial examinada incidenter tantum no ficaindiscutvel pela coisa julgada; se a parte desejar, poder pedir atransformao da anlise desta questo de incidenter tantum para principalitertantum, por meio da ao declaratria incidental. Acolheu-se inmeras emendas neste sentido. vi) Cooperao internacional O relatrio busca aperfeioar o regime da cooperaojurisdicional internacional que vinha do Projeto do Senado. Buscando acolherpropostas feitas pela comunidade acadmica pelas instncias governamentaiso relatrio estabelece uma srie de normas gerais a serem observadas nacooperao internacional pelo Judicirio brasileiro. vii) Conciliao e mediao 25. 25A disciplina da conciliao e da mediao no relatrio,prevista nos arts. 144 a 153, busca dar a esses mecanismos de resoluo deconflitos todo o destaque que modernamente eles tm tido. Regula-se a atuao dos mediadores e conciliadorescomo auxiliares da Justia, estabelecendo-se, ainda, os princpios que regem amediao e a conciliao. Para a formao dos conciliadores e mediadores,levou-se em conta a necessidade de serem observados os parmetrosestabelecidos pelo Conselho Nacional de Justia (CNJ) Resoluo n. 125.Diversas emendas foram acolhidas a respeito do tema.viii) Poderes do juizA disciplina dos poderes do juiz, prevista no art. 118 doprojeto, foi alvo de muitas crticas, sobretudo em razo de ela supostamenteaumentar excessivamente o papel do rgo jurisdicional na conduo doprocesso.De fato, alguns ajustes precisavam ser feitos. Em primeiro lugar, preciso que melhorar a redao daclusula geral executiva. O 5 do art. 461 do CPC em vigor j a prev desde1994 trata-se de enunciado bastante conhecido e aplicado, portanto. O projeto do Senado transfere esta clusula para o roldos poderes do juiz, o que tecnicamente correto. Mas essa transferncia sedeu com uma alterao na redao do enunciado, que o deixou prenhe deimprecises, que podem dar margem a arbitrariedades.Assim, este relatrio props uma nova redao para oinciso III do art. 118. Em segundo lugar, preciso eliminar o poder dedeterminar o pagamento imediato da multa fixada liminarmente: isso porqueessa regra incompatvel com o sistema de execuo de uma multa fixadaprovisoriamente, alm de dar azo a inmeras iniquidades. 26. 26Finalmente, preciso colocar, neste rol, o poder-dever develar pela igualdade das partes. ix) Desconsiderao da personalidade jurdica O incidente de desconsiderao da personalidade jurdica uma das boas novidades do projeto de novo CPC. De fato, embora alegislao material previsse situaes que autorizavam a desconsiderao, athoje no h um regramento processual deste instituto, o que tem geradomuitos problemas prticos. Mas foi preciso fazer alguns ajustes na proposta.O mais importante deles a eliminao da previso dashipteses de desconsiderao. No tarefa do CPC cuidar dos casos em quese permite a desconsiderao da personalidade jurdica; ao CPC cabedisciplinar como ela deva ser feita.Como gera a ampliao subjetiva do processo, oincidente , rigorosamente, um caso de interveno de terceiro por isso, seuregramento merece ser deslocado para este captulo do Cdigo. Tambm importante harmonizar o incidente dedesconsiderao com o regramento da fraude execuo. x) Mudanas atinentes ao exerccio da advocacia Segundo prev a Constituio Federal de 1988, aadvocacia constitui atividade essencial administrao da justia. Esterelatrio procurou aperfeioar regras relativas advocacia, tanto a privadacomo a pblica, aprimorando termos tcnicos e estabelecendo normas queatualizem o exerccio da advocacia com as novas tecnologias, sobretudo noque respeita ao processo eletrnico, que uma realidade cada vez maispresente. 27. 27 Vrios outros dispositivos procuram inibir a prtica deatos protelatrios e de ajustar a atividade dos advogados ideia, cada vezmais presente na realidade brasileira, da aplicao dos precedentesjurisprudenciais.xi) Honorrios advocatcios Este relatrio incorporou vrias sugestes, apresentadasem diversas audincias pblicas, destinadas a aperfeioar as regras relativas ahonorrios advocatcios, a includa a previso da sucumbncia recursal.xii) Benefcio da justia gratuitaO projeto de novo CPC avana na previso expressa dobenefcio da justia gratuita antes objeto de lei extravagante.Mas o regramento, alm de tmido, deixa de resolver umasrie de problemas prticos conhecidos h bastante tempo: possibilidade deconcesso parcial, forma de requerimento, possibilidade de execuo dobeneficirio que porventura tenha adquirido recursos financeiros etc. Algumas emendas parlamentares atentaram para estascircunstncias e fora, por isso, acolhidas.Props-se ento um regramento exaustivo do tema,revogando-se expressamente dispositivos da Lei n. 1.060/1950 que j estavamsuperados ou que conflitavam com o texto do novo CPC.xiii) A Fazenda Pblica em juzo 28. 28 No foram poucas as manifestaes, feitas por diversosmeios e ao longo de vrias audincias pblicas, para que se mantenham asprerrogativas da Fazenda Pblica em juzo.Por ser fautriz do interesse pblico e gestora de recursospblicos, a Fazenda Pblica merece tratamento especial, com vistas a prevenire evitar prejuzos ao Errio.Este relatrio mantm as prerrogativas da FazendaPblica, ajustando algumas regras realidade contempornea.Eliminou-se o prazo em qudruplo, prevendo que osprazos que beneficiam a Fazenda Pblica sejam estabelecidos em dobro.Manteve-se o reexame necessrio, com as ressalvadas j realizadas noSenado Federal.Enfim, mantm-se as regras j previstas no projeto etratadas no Senado Federal, no havendo razo para modificaes.Houve, apenas, algumas sugestesde ordemterminolgica, a fim de obter melhor aperfeioamento redacional.Quanto execuo contra a Fazenda Pblica, no hcomo modific-la, pois se trata de assunto disciplinado pela ConstituioFederal, de sorte que as mudanas somente podem ser feitas por EmendaConstitucional. De todo modo, procurou-se aperfeioar a redao dealguns dispositivos, a fim de obter melhor sistematizao das regras deexecuo contra a Fazenda Pblica e sua compatibilizao com o prprio textoconstitucional. xiv) Ministrio PblicoRelativamente ao Ministrio Pblico, este relatrio houvepor bem tentar aperfeioar a redao de alguns dispositivos para torn-los maisclaros e consolidar as funes institucionais que j esto previstas no textoconstitucional para esse importante rgo pblico. 29. 29 No tocante s regras de impedimento e suspeio,procurou-se igualar a atuao do Ministrio Pblica como fiscal da ordemjurdica e como parte, por no ser razovel limitar as hipteses de suspeio eimpedimento apenas atuao como rgo interveniente. xv) Defensoria PblicaEste relatrio, no que concerne Defensoria Pblica,sugere o aperfeioamento da redao de alguns dispositivos para torn-losmais claros e consolidar as funes institucionais que j esto previstas notexto constitucional para esse importante rgo pblico. xvi) Amicus curiaeA consagrao expressa de uma disciplina para ainterveno do amicus curiae foi um dos pontos mais elogiados do projeto denovo CPC. Sucede que foi preciso fazer alguns ajustes. preciso permitir que a participao do amicus curiaepossa ocorrer a seu requerimento e no apenas a requerimento das partesou por determinao do rgo jurisdicional. Finalmente, preciso prever a delimitao dos poderesprocessuais do amicus curiae. Como se trata de poderes de um auxiliar dajustia, conveniente que caiba ao rgo jurisdicional delimit-los. xvii) Denunciao da lide O Senado props a alterao do nome da conhecidadenunciao da lide para denunciao em garantia. 30. 30 Esta proposta no parece oportuna: mantm-se oinstituto, alterando-se o seu nome, o que gera um dficit de compreensoabsolutamente desnecessrio. Assim, este relatrio prope o retorno da tradicionaldesignao, alm da soluo de problemas prticos conhecidos sobre adenunciao da lide, que foram ignorados no projeto do Senado:esclarecimento das aes autnomas de regresso, o regramento dadenunciao sucessiva e a proibio da denunciao per saltum (revoga-se,assim, o art. 456 do Cdigo Civil, enunciado obsoleto e bastante criticado). xviii) Acordo de procedimento e calendrio processualUma das principais inovaes que este relatrio traz parao projeto a consagrao expressa do acordo de procedimento e docalendrio processual, na linha do que vem fazendo cdigos europeus tudoem conformidade, obviamente, com a realidade brasileira. O dispositivo proposto segue o modelo de direitoprocessual estabelecido pelo projeto: o processo colaborativo, como indicam asnormas fundamentais e as diversas regras de colaborao espalhadas aolongo do texto. Trata-se de introduzir no sistema brasileiro umamodalidade de acordo de procedimento, permitindo que as partes possam, emcerta medida, regular a forma de exerccio de seus direitos e deveresprocessuais e dispor sobre os nus que contra si recaiam.Trata-se de importante acrscimo que vai ao encontro deideia presente em vrias passagens do projeto: ampliar a participao daspartes no processo, favorecendo o desenvolvimento da noo de cidadaniaprocessual.Se soluo consensual do litgio benfica e querida,porque representa, alm do encerramento do processo judicial, a prpriaconcretizao da pacificao, nada mais justo do que permitir que os litigantespossam, inclusive quando no seja possvel a resoluo da prpriacontrovrsia em si, ao menos disciplinar a forma do exerccio das suas 31. 31faculdades processuais conforme suas convenincias, ou at mesmo delasdispor, conforme o caso.O texto proposto, ao tempo em que abre espao participao das partes na construo do procedimento, democratizando-o,tambm se preocupa em evitar que esses acordos, na prtica, funcionem comoinstrumento de abuso de direito, ou de opresso. Por isso, o pacto somente ser admitido (a) quando setratar de direitos que admitam autocomposio, hipteses nas quais as partesj esto autorizadas pelo ordenamento e renunciar integralmente ao prpriodireito litigioso e a afastar a prpria jurisdio estatal, com opo pelaarbitragem; (b) quando as partes sejam capazes e (c) quando estejam emsituao de equilbrio, no se permitindo o acordo de procedimento emcontratos de adeso ou em contratos em que figurem partes em situao devulnerabilidade tudo isso sob a fiscalizao do juiz. A proposta tambm avana para admitir que as partes e ojuiz possam, em conjunto, disciplinar o procedimento para melhor ajust-lo sespecificidades do caso concreto. A verso inicial do anteprojeto que tramitouno Senado sob o PL n 166, de 2010, no art. 107, inciso V, admitia amplamentea adaptao do procedimento pelo juiz, observado o contraditrio. O dispositivo, aps diversas crticas oriundas de variadossetores da sociedade, foi retirado e no constou do substitutivo aprovado noSenado e no foi resgatado por este relatrio. O enunciado ora proposto admite a adaptaoprocedimental, que no deve ser simplesmente proscrita. Mas a adaptao no aceita aqui como resultado de um ato unilateral do juiz, e sim como fruto doconsenso entre as partes e o julgador em situaes excepcionais. precisonotar, ento, que no se trata de um renascimento do dispositivo. Outro ponto importante a previso do calendrioprocessual. Trata-se de mecanismo importante de adaptao procedimental, apermitir que os prazos, sobretudo na instruo, sejam fixados de maneiraadequada e possam ser cumpridos mais facilmente, sem a necessidade desucessivas intimaes dirigidas s partes, ou de sucessivos pedidos deprorrogao de prazos dilatrios. 32. 32 A proposta visa, portanto, a valorizar o dilogo entre o juize as partes, conferindo-lhes, quando necessrio e nos limites traados peloprprio sistema, a condio de adaptar o procedimento para adequ-lo sexigncias especficas do litgio.2. Processo de conhecimento e cumprimento de sentenai) ReconvenoO projeto do Senado Federal excluiu o termoreconveno, substituindo-o pelo termo pedido contraposto; manteve-se,porm, o mesmo regramento. Trata-se de inovao bastante questionada: empraticamente todas as audincias pblicas apareceu crtica neste sentido.Prope-se, ento, o retorno da reconveno e oaprimoramento do seu regramento, com a soluo de problemas antigos,ignorados no projeto do Senado, como a reconveno da reconveno e areconveno contra autor substituto processual.ii) Arbitragem no novo CPCUm novo CPC deve estar em conformidade com aevoluo do processo arbitral havida no Brasil nos ltimos anos. Para que se tenha uma ideia, o Brasil , atualmente, umdos cinco pases do mundo com mais arbitragens.Assim, houve a necessidade de aprimorar o projeto noparticular. Corrigiu-se a redao do art. 3, para evitar interpretaoque redundasse em indevida contraposio entre jurisdio e arbitragem. 33. 33Previu-se expressamente a carta arbitral, comoinstrumento de cooperao entre o tribunal arbitral e o juiz estatal. Regulou-se expressamente, a partir da sugesto do Min.Czar Peluso, o problema da fraude execuo na pendncia do processoarbitral. Criou-se a alegao avulsa de conveno de arbitragem.Trata-se de instrumento que serve para adequar o processo s particularidadesda arbitragem. Esta proposta foi formulada em diversas emendasparlamentares e reflete, assim, um reclamo generalizado da sociedadebrasileira. Importantssimo avano, que merece ser destacado.iii) Julgamento antecipado parcialEste relatrio prope, tambm, a consagrao expressado julgamento antecipado parcial do mrito, amplamente admitido pela doutrinabrasileira e j aceito pela jurisprudncia.Com isso, cria-se uma tcnica importante de aceleraodos processos cujo objeto admita soluo fracionada.Trata-se de importante inovao.iv) Saneamento e organizao do processo Importante inovao que ora se prope a disciplina dafase de saneamento e organizao do processo. Partindo da premissa de que o modelo de processo civil aser estruturado o cooperativo, preciso reestruturar esta fase processual,destacando, inclusive, o seu carter organizatrio, muito mais do que simplessaneamento. 34. 34Esmiuar o contedo da deciso de saneamento e deorganizao do processo foi o primeiro passo, esclarecendo, por exemplo, odever de indicar as regras sobre nus da prova e quais so as questes dedireito relevantes para o julgamento do mrito.Alm disso, prev-se expressamente a possibilidade deum acordo de saneamento, apresentado pelas partes. Incorpora-se aqui umaprtica j bastante conhecida no processo arbitral.Permite-sea marcao de uma audincia desaneamento, quando a complexidade da causa exigir. Resgata-se, finalmente, o limite tradicional do nmero detestemunhas que podem ser trazidas por cada uma das partes, preservando oaspecto substancial do princpio do contraditrio. Considera-se este conjunto de mudanas uma das maisimportantes contribuies que esta Cmara pode dar ao aprimoramento dalegislao processual brasileira.v) Direito probatrio a) Distribuio dinmica do nus da prova - o projeto doSenado consagrou a conhecida tcnica da distribuio dinmica do nus daprova, amplamente aceita pela doutrina nacional e j consagrada em nveljurisprudencial, inclusive pelo Superior Tribunal de Justia.Sucede que o regramento proposto do Senado estavatecnicamente equivocado: confundia-se nus da prova com o encargofinanceiro para a produo da prova. Alm disso, no se especificavam ospressupostos que autorizavam a redistribuio do nus da prova. Prope-se, ento, uma nova redao para o artigo sobreo nus da prova, de modo a consagrar: a) a regra geral de distribuio do nusda prova; b) a possibilidade de redistribuio, nos casos de prova diablica oude maior facilidade de obteno da prova contrria; c) possibilidade deredistribuio consensual do nus da prova. 35. 35 Com este regramento, o Brasil passa a ter o cdigo com adisciplina mais minuciosa e tecnicamente correta sobre a distribuio do nusda prova de que se tem notcia. b) Produo antecipada de prova - aprimora-se oregramento da produo antecipada de prova, permitindo-se a antecipao daprova sem o pressuposto da urgncia.Consagra-se a atipicidade da prova antecipada: qualquerprova pode ser produzida antecipadamente. Unifica-se o regime da justificao com o da produoantecipada de prova, exatamente em razo da desnecessidade dedemonstrao da urgncia para a produo da prova.c) Organizao dos artigos sobre prova documental -prope-se uma reorganizao dos artigos sobre prova documental, malencadeados no CPC de 1973 e cuja disciplina foi reproduzida no projeto doSenado.Alm disso, so feitas algumas atualizaes na redaodos enunciados, tendo em vista a proliferao dos documentos eletrnicos. d) Ata notarial a previso da ata notarial, como fonte deprova, no projeto do Senado, foi uma iniciativa aplaudida, embora no imune acrticas.Em razo disso, aprimorou-se a redao do dispositivo,de modo a deixar claro que no h necessidade de o fato a ser atestado sercontrovertido. Alm disso, previu-se a possibilidade de constarem, na ata,dados, sons ou imagens gravados em arquivos eletrnicos.e) Percia - foram feitas inmeras melhorias nas regrassobre a percia, tanto no que diz respeito escolha do perito, como tambm na 36. 36apresentao do laudo pericial, cujos requisitos de validade passam a constarexpressamente do projeto.Alm disso, cria-se a possibilidade de uma perciaconsensual, figura jurdica ainda inexistente no direito brasileiro, mas que vemsendo reclamada por parcela da doutrina. Trata-se de inovao que esto em consonncia com oprincpio da cooperao, que orienta todo o projeto. f) Prova testemunhal - importantes e inovadoresacrscimos foram feitos disciplina da colheita da prova testemunhal.Previu-se expressamente o chamado testemunho tcnico,meio de prova amplamente difundido no direito estrangeiro e no processoarbitral. Cuida-se de meio de prova que fica entre o testemunho tradicional e aprova pericial. Disciplinou-se, com mais mincia, o procedimento daacareao de testemunhas.Regulamentou-se o depoimento testemunhal dasautoridades, na linha do que j determinado pelo Supremo Tribunal Federal. Harmonizou-se o rol dos incapazes para o testemunhocom o determinado pelo Cdigo Civil. Com isso, evitam-se antinomiasdesnecessrias.Finalmente, atendendo proposta feita em diversasemendas parlamentares, elimina-se a regra que impunha que o rol detestemunhas fosse apresentado junto com a petio inicial ou a contestao.g) Confisso - as regras sobre a confisso tambm foramaprimoradas por este relatrio. Em primeiro lugar, foram ajustadas ao Cdigo Civil, queregulava a invalidao da confisso de maneira diferente e mais adequada doque a que constava do projeto. 37. 37Alm disso, deu-se uma redao mais simples aodispositivo que cuidava da eficcia da confisso extrajudicial. vi) Tutela antecipada O projeto do Senado prope a unificao do regime deconcesso de tutela provisria no processo civil brasileiro. Trouxe algunsavanos, que merecem ser mantidos, mas carrega algumas imprecises eomisses, que precisavam ser corrigidas. A comear pelo aspecto terminolgico.O que o Ttulo IX do Livro I do projeto do CPC prev atcnica da antecipao da tutela designao conhecida e consagrada emnosso ordenamento. O Ttulo est dividido em dois captulos, sendo que oprimeiro est subdividido em trs sees distintas. Mantm-se as linhas mestras do tema, j bem delineadasno Projeto, propondo-se apenas nova sistematizao da matria. O primeiro captulo trata das disposies geraisreferentes antecipao da tutela. Todo o captulo cuida da concesso detutela fundada em cognio sumria.Rigorosamente, tutela antecipada satisfativa ou cautelar.O termo tutela antecipada j est incorporado tradio jurdica brasileira eno pode ser simplesmente ignorado pelo novo CPC que no o abandona,mas deixa de mencion-lo. Da a mudana terminolgica proposta. A primeira seo traz o regramento comum a todas asespcies de antecipao da tutela prev: i) a finalidade da tcnica antecipatria(satisfazer ou acautelar antes da concesso a tutela jurisdicional final); ii) ainterinalidade da tutela antecipada, como regra; iii) a provisoriedade doprovimento antecipado; iv) as tcnica processuais que podem ser empregadaspara efetivao a tutela antecipada; v) a necessidade de fundamentao da 38. 38deciso que concede ou nega a tutela antecipada e vi) a competncia paraapreciao do pedido. O regime jurdico comum da tutela antecipada, seja elacautelar ou satisfativa, um dos pontos altos do Projeto, pois evita discussesdoutrinrias desnecessrias, inclusive quanto fungibilidade entre as tutelassatisfativa e cautelar concedidas provisoriamente. Ficam mantidas as regraspropostas, que ficam mais bem organizadas. A segunda seo disciplina apenas as hipteses detcnica antecipatria fundadas na urgncia. A uma, arrolam-se as duas finalidades bsicas da tcnicaantecipatria fundada na urgncia: satisfazer ou acautelar. A duas, esclarece-se que possvel, excepcionalmente, prestao de tutela cautelar de ofcio. Atrs, prev-se a responsabilidade por dano processual em face da fruio deprovimento antecipado. A quatro, prev-se a possibilidade de emenda petioinicial em todos os casos em que a urgncia determinar a busca por tutelajurisdicional satisfativa antecipada de forma absolutamente premente, nopermitindo exposio mais elaborada da viso ftico-jurdico do demandante napetio inicial. Note-se que a emenda da petio inicial constituiexpediente tcnica que evita a duplicao desnecessria da tutela satisfativade urgncia antecipada e final com ganho para economia processual. A rigor, tutela jurisdicional antecedente de carterpreparatrio s pode ser a de natureza cautelar. O pedido autnomo de tutelaantecipada satisfativa no deve ser chamado de antecedente, pois tem amesma natureza do pedido de tutela final. Essa a razo da distino entre osregramentos.A terceira seo prev as hipteses de tcnicaantecipatria fundadas na evidncia do direito posto em juzo. A ampliao doscasos de tutela antecipada da evidncia um grande passo que o Projeto deu.Agora, traz-se uma nova hiptese de tutela antecipada daevidncia, que a antecipao com reserva de cognio de exceosubstancial. 39. 39No entanto, a tutela de parcela incontroversa dademanda, originariamente prevista como tutela da evidncia, tutela definitiva,como o prprio texto do Projeto afirma com o que deve ser deslocada para aparte relacionada ao julgamento antecipado parcial do mrito.A doutrina brasileira avanou, como nenhuma outra nomundo, no estudo da tutela fundada em cognio sumria. A organizao dosdispositivos que constam do projeto e o aperfeioamento de alguns delestorna-se essencial para evitar discusses futuras e adequar a legislaobrasileira ao estgio atual da cincia processual. possvel dizer que talvez seja esta uma das principaiscontribuies tcnicas que esta Cmara dos Deputados deu ao projeto. O regramento ora proposto encontra-se na vanguardamundial sobre o tema, consolidando tudo o que j se pacificou em derredor doassunto no Brasil e no mundo.D-se, ainda, o destaque designao tutela cautelar,consagrada em nossa tradio jurdica, que fora menosprezada no texto doSenado. Neste ponto, cabe referir ao acolhimento da emenda n. 784/2011, deautoria do deputado Miro Teixeira, que corretamente defende a manutenodeste instituto em nosso ordenamento.Importantssimas, tambm, as emendas parlamentaresdos deputados Jernimo Goergen e Francisco Praciano, integralmenteacolhidas (emendas n. 593, 594, 847, 848, 849, 850 e 852/2011).vii) Eficcia do precedente judicialO relatrio manteve o sistema, acolhido pelo Projetoaprovado no Senado Federal, de atribuir eficcia vinculante aos precedentesjudiciais. Buscou aperfeio-lo, porm. Em primeiro lugar, modificou topologicamente o trato dotema, levando-o para o captulo que trata da sentena e da coisa julgada, demodo a deixar claro que se trata de atribuir eficcia vinculante aos provimentosjudiciais finais. 40. 40 Aperfeioou-se a terminologia do projeto, de modo adeixar clara a eficcia vinculante dos precedentes judiciais, regulamentando-se,tambm, a eficcia das decises que superam os precedentes vinculantes, deforma a respeitar os princpios da segurana jurdica, confiana e isonomia. Buscou-se, ainda, regular os casos em que a eficciavinculante no incide, de modo a permitir a correta distino entre o caso quedeu origem ao precedente vinculante e um caso concreto posterior que, por serdiferente daquele, no deva ser julgado da mesma maneira. viii) Hipoteca judiciria Foram feitos, tambm, importantes aperfeioamentos noregramento da hipoteca judiciria: prever expressamente o direito depreferncia e o regime da responsabilidade civil daquele em favor de quem ahipoteca foi constituda.Preenche-se, com isso, conhecida lacuna do CPC de1973, alm de despertar os operadores para o uso de to importanteinstrumento de efetivao das decises. ix) Cumprimento da sentena Este relatrio mantm as regras que tratam documprimento da sentena.Estruturalmente, o cumprimento da sentena continuadisciplinado no Livro destinado ao processo de conhecimento, mantendo-se aideia de que se trata de simples fase de um mesmo processo.Buscou-se, entretanto, aperfeioar alguns dispositivos.Relativamente ao ru revel, previu-se sua intimao por carta, evitando umtratamento diferente e mais oneroso. 41. 41Introduziu-se dispositivo que prev a possibilidade de serlevada a protesto a sentena judicial transitada em julgado, servindo como umtimo meio para forar ou estimular o pagamento de valores decorrentes decondenao judicial transitada em julgado. Houve tambm alterao da redao de algunsdispositivos para deixar claro que podem ser executadas as sentenas quepreveem o direito a uma prestao, no se restringindo apenas sentenacondenatria. Alm disso, afasta-se a previso da multa para ocumprimento provisrio da sentena, por ser com ela incompatvel. O SuperiorTribunal de Justia j pacificou esse entendimento. Ademais, incoerente a redao do projeto: o executado,pelo projeto, poderia livrar-se da multa, depositando o valor devido, ato que noseria considerado como incompatvel com o recurso por ele interposto; mas oexecutado, com isso, renunciaria ao direito de impugnar a execuo. Ora, se esse depsito no pagamento, a multa deveriaincidir; se mero depsito, oferecimento de garantia para a execuo, queno poderia implicar a renncia ao direito de impugnar. Quanto ao cumprimento provisrio da sentena, buscou-se igualmente aperfeioar a redao de alguns dispositivos, sobretudo na parterelativa dispensa de cauo, a fim de deixar tudo mais claro, evitandoprejuzos ao executado que venha a reverter, posteriormente, a deciso.Foram incorporadas regras ao cumprimento da sentenaque refletem entendimento jurisprudencial consolidado, a exemplo da fixaode honorrios de advogado. Buscou-se, igualmente, aperfeioar a redao, evitandodiscusses doutrinrias e jurisprudenciais desnecessrias que podem dificultara efetividade do cumprimento da sentena. 3. Procedimentos especiais 42. 42Na parte referente aos Procedimentos Especiais, apesarde no trazer em seu bojo modificaes radicais, o projeto apresentouimportantes inovaes em alguns aspectos, entre os quais consideramos comode enorme relevncia a adaptao dos procedimentos para o divrcioconsensual ao disposto na Emenda Constituio n 66, de 13 de julho de2010, que deu nova redao ao 6 do art. 226 da Constituio Federal.Tambm bastante pertinente a introduo da ao dedissoluo parcial de sociedade, que regulamenta o tema luz do Cdigo Civilde 2002, de forma a suprir lacuna que no foi preenchida pelo atual Cdigo deProcesso Civil. i) Ao monitriaO projeto do Senado eliminou a ao monitria comoprocedimento especial.Esta opo foi bastante criticada. H diversas emendasparlamentares que propunham o retorno da ao monitria. Este relatrio no s resgatou a ao monitria procedimento especial bastante utilizado no Brasil, com vasta jurisprudncia noSuperior Tribunal de Justia , como tambm buscou aperfeio-la, ampliandoas suas hipteses de cabimento para qualquer tipo de obrigao e permitindoque a prova escrita que lhe serve de esteio seja prova oral previamenteconstituda. ii) Procedimentos relacionados ao direito martimoNa tentativa de eliminao de procedimentos especiaisque no eram utilizados, o Senado Federal eliminou todos os procedimentosque cuidavam de questes envolvendo direito martimo. 43. 43 Se certo que alguns deles realmente mereciamextino, pela absoluta obsolescncia, outros, porm, so bastante utilizados.No h razo para serem eliminados. o caso da regulao de avaria grossa e da ratificaode protesto martimo.Acolhe-se a oportuna observao dos operadores doDireito Martimo, com destaque especial ao Dr. Nelson Cavalcante e SilvaFilho.iii) Ao inibitria e ao de remoo do ilcitoEmbora bastante desenvolvida no Brasil, a tutela inibitriae a tutela de remoo do ilcito no possuam procedimento especial que asregulasse.Este o momento de fazer esse acrscimo legislaoprocessual civil brasileira, prevendo um procedimento especial com restriode cognio e algumas outras adaptaes procedimentais, estendendo a todosos direitos um modelo de tutela h muitos anos consagrado para a proteopossessria.Este um procedimento especial que no existia eprecisava ser criado, exatamente por ser um procedimento necessrio para atutela adequada dos chamados novos direitos os direitos da personalidade eoutros direitos sem contedo patrimonial.iv) OposioO projeto do Senado eliminou a oposio comointerveno de terceiro. 44. 44Esta opo foi, tambm, com razo, bastante criticada.Houve emendas parlamentares que propunham o retorno da oposio. Foramacolhidas. que no h como impedir que um terceiro se oponha apretenso de ambas as partes trata-se de um problema de direito materialque no ser eliminado pela supresso dos artigos que disciplinamprocessualmente esta demanda.Resgatou-se, assim, a oposio, no como intervenode terceiro, mas, sim, como procedimento especial. Com isso, d-se coernciaao sistema: se os embargos de terceiro uma espcie de procedimentoespecial, a oposio, que tem funo semelhante, tambm deve assumir amesma natureza.v) Aes de famlia Tambm era imprescindvel criar um procedimentoespecial para as aes de famlia. Um procedimento que prestigiasse ainda mais as formasalternativas de soluo de conflito e que contivesse algumas especialidadesprocedimentais importantes para a tutela das questes de famlia.Destaca-se, aqui, a regra que determina que o mandadode citao no venha acompanhado de cpia da petio inicial cujos termossero conhecidos pelo ru apenas se no houver acordo.Trata-se de tcnica utilizada com muito xito nos ncleosde mediao de conflitos familiares, agora generalizada.Observe-se que no h qualquer prejuzo aocontraditrio, pois o ru ter oportunidade de defender-se amplamente, casono realizada a conciliao.vi) Interdio 45. 45O procedimento da interdio recebeu uma srie depropostas, decorrentes do acolhimento de diversas emendas, a fim de seincorporar ao relatrio conquistas que se faziam presentes no Estatuto dasFamlias. Ademais, consta expressamente do relatrio proposta deregra segundo a qual a interdio ser decretada por deciso que leve emconta as habilidades e preferncias do interditando, como forma de sepreservar e respeitar sua dignidade.4. Processo de execuo Cabe registrar que as disposies do Projeto de Lei no8.046, de 2010, mantm separadas as regras que regulam o cumprimento desentena e o processo de execuo. Tal diviso j se encontra presente notexto do diploma processual civil vigente e implica que o cumprimento foradode uma deciso judicial em processo de conhecimento no ensejar a aberturade novo processo destinado a uma execuo.Com efeito, segundo sistemtica anterior, havia anecessidade de nova citao para que a parte vencida na demanda fosseinstada a cumprir a deciso judicial, sob pena de execuo forada. J nostermos do sistema atual, o cumprimento do decisum, seja de modoespontneo, seja de maneira forada, no implicar a formao de novoprocesso. Ressalte-se tambm que, segundo o previsto no projetode lei em exame, a execuo ser presidida por princpios. Estabelece esseprojeto de lei que a execuo se realiza no interesse do credor. E, com apenhora, o credor passa a ter o direito de preferncia sobre os benspenhorados (art. 754). De outra parte, estatui-se, em outro dispositivo (art. 762),que, se for possvel a execuo por vrios meios, o juiz mandar que se faapelo modo menos gravoso para o devedor. Esses dois princpios guardamfronteiras colidentes: de um lado, reala-se o interesse do credor e com base 46. 46nesse interesse que se realiza a execuo; e, de outra parte, estabelece-seque ela deve ser feita pelo modo menos gravoso para o devedor. Naturalmente, sero necessrios a prudncia e oequilbrio do juiz para conseguir sopesar esses dois valores, que se espraiampara outras disposies ao longo da regulao do processo de execuo.Outro aspecto importante do projeto de lei em anlise quecumpre destacar reside no fato de ele estabelecer que ser possvel, uma vezajuizada a execuo, a obteno de uma certido de admisso da execuo.Tal certido dever proporcionar uma averbao no registro de imveis ou emoutros registros de bens deles suscetveis, tal como, por exemplo, o deveculos automotores terrestres.Mencione-se que o livro sobre o processo de execuodo Projeto de Lei no 8.046, de 2010, inicialmente passa a regular poderes dojuiz na execuo, a desistncia do feito executivo, as partes e a competncia,firmando a seguir o princpio de que toda execuo se baseia em ttuloextrajudicial, que se constitui em obrigao certa, lquida e exigvel. oprincpio do nulla executio sine titulo, que se observa no art. 742. No mbito do art. 743, definem-se os ttulos extrajudiciais.Estatui-se um rol numerus clausus, isto , no h outros ttulos seno aquelesque tenham sido objeto de uma definio legislativa. claro que o art. 743,inciso X, do projeto, refere-se possibilidade de outras leis criarem ttulosexecutivos, o que no afasta o princpio do numerus clausus ou daenumerao taxativa. Estabelece-se ainda que o inadimplemento ocorrequando o devedor no cumpre o que est no ttulo. Portanto, o inadimplementoencontra no ttulo os elementos da possibilidade do inadimplemento, que ono cumprimento do que est no ttulo. o que se v no bojo do art. 744. Outrossim, estabelece-se no projeto de lei em tela que oinadimplemento o no cumprimento daquilo que consta do ttulo e que existea responsabilidade patrimonial, o que est previsto nos artigos 747 a 753, nosentido de que o patrimnio atual e futuro do devedor a garantia comum doscredores.H disposies gerais nos artigos 754 a 762, que formamuma espcie de parte geral, seguindo-se disposies sobre a execuo para a 47. 47entrega de coisa, a execuo das obrigaes de fazer e de no fazer, aexecuo por quantia certa, a execuo contra a fazenda pblica e a execuode alimentos. A penhora, o depsito e aavaliao estoregulamentados de modo minucioso nos artigos 788 a 830. Sobre os embargos execuo, cumpre observar queestes podero, na esteira da tradio recente, ser opostos sem penhora,cauo idnea ou depsito. Devero ser distribudos por dependncias eautuados em separado. E, nas hipteses em que se configurem, como diz o texto,os requisitos para as tutelas antecipadas e, desde que haja penhora, depsitoou cauo idnea, possibilita-se que o juiz atribua aqueles o efeito suspensivo. o que vem regulado 1o do art. 875. O Projeto de Lei no 8.046, de 2010, trata, no que serefere ao processo de execuo, de aprofundar os avanos que tm sendoefetivados por meio de sucessivas alteraes legislativas do texto do Cdigo deProcesso Civil em vigor. O atual Cdigo de Processo Civil na parte que toca execuo j havia sido bastante modificado pela reforma perpetradarecentemente pela Lei no 11.382, de 6 de dezembro de 2006, e, em essncia,no tem seu texto vigente atingido por modificaes de grande vulto projetadasno seio da proposio em comento. certo, todavia, que as modificaes tpicas variadasque so nele propostas se direcionar a conferir mais celeridade e efetividadeaos feitos de execuo, alinhando-se ao esprito que orienta nesse sentido todaa proposta legislativa em exame.Registre-se que as disposies do Projeto de Lei no8.046, de 2010, mantm separadas as regras que regulam o cumprimento desentena e o processo de execuo.Tal diviso j se encontra presente no texto do diplomaprocessual civil vigente e implica que o cumprimento forado de uma decisojudicial em processo de conhecimento no ensejar a abertura de novoprocesso destinado a uma execuo. 48. 48 Com efeito, segundo sistemtica anterior, havia anecessidade de nova citao para que a parte vencida na demanda fosseinstada a cumprir a deciso judicial, sob pena de execuo forada.J nos termos do sistema atual, o cumprimento dodecisum, seja de modo espontneo, seja de maneira forada, no implicar aformao de novo processo. Mencione-se tambm que, segundo o previsto no projetode lei em exame, a execuo ser presidida por princpios. Estabelece esseprojeto de lei que a execuo se realiza no interesse do credor. E, com apenhora, o credor passa a ter o direito de preferncia sobre os benspenhorados (art. 754). De outra parte, estatui-se, em outro dispositivo (art. 762)do aludido projeto de lei, que, se for possvel a execuo por vrios meios, ojuiz mandar que se faa pelo modo menos gravoso para o devedor. Esses dois princpios guardam fronteiras colidentes: deum lado, reala-se o interesse do credor e com base nesse interesse que serealiza a execuo; e, de outra parte, estabelece-se que ela deve ser feita pelomodo menos gravoso para o devedor. Naturalmente, sero necessrios a prudncia e oequilbrio do juiz para conseguir sopesar esses dois valores, que se espraiampara outras disposies ao longo da regulao do processo de execuo.Outro aspecto importante do projeto de lei em anlise quecumpre destacar reside no fato de o projeto de lei em tela estabelecer que serpossvel, uma vez ajuizada a execuo, a obteno de uma certido deadmisso da execuo. Tal certido dever proporcionar uma averbao noregistro de imveis ou em outros registros de bens deles suscetveis, tal como,por exemplo, o de veculos automotores terrestres. O projeto de lei em apreo cuida ainda de prever apossibilidade de penhora de at trinta por cento dos vencimentos, subsdios,soldos, salrios remuneraes, proventos de aposentadoria, penses, pecliose montepios, quantias recebidas por liberalidade de terceiros destinadas ao 49. 49sustento do devedor e de sua famlia, ganhos do trabalhador autnomo ehonorrios de profissionais liberais.Buscou-se, com isso, permitir a penhora de umpercentual de verba (desde que superior ao patamar mensal de cinquentasalrios mnimos) que, mesmo tendo natureza alimentar, uma vez apreendidano ponha em risco a dignidade do executado, aumentando as chances dexito da execuo. Tal proposta legislativa ainda prev a eliminao dasregras atuais sobre a insolvncia civil, que passaria a ser regulada por umnico artigo (art. 865). Finalmente, a prescrio intercorrente na execuo outra inovao expressamente prevista no projeto em tela. i) Penhorabilidade de parte do salrio O relatrio inova ao prever a possibilidade de penhora deat trinta por cento dos vencimentos, subsdios, soldos, salrios remuneraes,proventos de aposentadoria, penses, peclios e montepios, quantiasrecebidas por liberalidade de terceiros destinadas ao sustento do devedor e desua famlia, ganhos do trabalhador autnomo e honorrios de profissionaisliberais.Buscou-se, com isso, permitir a penhora de umpercentual de verba que, mesmo tendo natureza alimentar, uma vezapreendida no ponha em risco a dignidade do executado, aumentando aschances de xito da execuo.Por tal motivo, estabelece-se no relatrio que aoexecutado sempre garantida a intangibilidade da verba se esta, depois depromovidos os descontos legalmente obrigatrios (como os relacionados com aPrevidncia Social ou com o Imposto sobre a Renda) ou os decorrentes dedeciso judicial (como o desconto em folha de prestao alimentcia), noultrapassar o equivalente a seis salrios mnimos. 50. 50 Ultrapassado este valor, porm, ser possvel penhorar-se at trinta por cento da verba, o que por certo s atingir os executados commaiores ganhos mensais, no prejudicando as camadas mais sofridas dapopulao. ii) Execuo de alimentos O relatrio adota, em linhas gerais, o sistema daexecuo de prestao alimentcia que j vinha proposto no Estatuto dasFamlias. Acrescentou-se, porm, a possibilidade de protesto dadeciso judicial que impe o dever de prestar alimentos no caso deinadimplemento do devedor, meio coercitivo que pode ser muito eficaz nabusca da realizao do direito do alimentando. Alm disso, inova-se ao se estabelecer que a priso civildo devedor de alimentos deve ser decretada, primeiramente, pelo regimesemiaberto, de modo a viabilizar que o devedor preso saia do estabelecimentoa que tenha sido recolhido a fim de trabalhar e obter os meios necessrios paraefetuar o pagamento. Apenas no caso de persistir o inadimplemento que sepoder cogitar de priso pelo regime fechado. iii) Protesto da sentenaPara dar ainda mais efetividade deciso judicial,acrescenta-se artigo ao projeto, de modo a consagrar, agora expressamente, apossibilidade de protesto da deciso inadimplida.Para preservar os direitos do executado, exige-se que setrate de deciso transitada em julgado e que tenha sido escoado o prazo paracumprimento voluntrio da deciso. Importante inovao, em consonncia com a busca pelaefetividade do processo. 51. 51 iv) Inscrio do executado em cadastro de proteo decrdito Outro instrumento de efetividade proposto neste relatrio a possibilidade de inscrio do executado em cadastros de proteo decrdito, prtica consagrada em alguns tribunais do pas, que precisa sergeneralizada. v) Insolvncia civilO procedimento da insolvncia civil complexo e bemregulado pelo CPC 1973, embora necessite de atualizaes. O projeto do Senado prope a eliminao das regrasatuais sobre a insolvncia civil, que passaria a ser regulada por um nicoartigo. Essa simplificao foi exagerada: dar margem a umainfinidade de questes absolutamente desnecessrias.Assim, acolhendo-se a crtica doutrinria de AlbertoCamia Moreira e Ronaldo Brtas de Carvalho Dias, alm de emendasparlamentares dos deputados Eduardo Cunha e Paulo Abi-Ackel, prope-se amanuteno do regramento atual, at que sobrevenha lei especfica que cuidedo tema. vi) Prescrio intercorrenteAprescriointercorrente, naexecuo,foiexpressamente prevista no projeto do Senado. 52. 52Mas a soluo proposta dava margem a dvidas, alm deser diversa daquela j existente no ordenamento jurdico brasileiro lei deexecuo fiscal. Assim, prope-se, neste relatrio, a introduo de umnovo regramento para a hiptese de prescrio em razo da suspenso doprocesso de execuo por ausncia de bens penhorveis, estabelecendotratamento equivalente ao j em vigor para as execues fiscais.5. Meios de impugnao das decises judiciais edecises finais e transitriasO novo Cdigo de Processo Civil apresenta vriasinovaes, todas pautadas em reivindicaes da comunidade jurdica em gerale norteadas pela necessidade de deixar de lado o exagerado culto sformalidades em prol de uma prestao jurisdicional rpida e eficaz, capaz deconcretizar o ideal de pleno acesso Justia.Saliente-se que o Projeto, ainda que preconize uma novasistematizao, no perde de vista o carter essencialmente instrumental dodireito processual, cujas regras devem voltar-se para a concretizao do direitosubstancial, que verdadeiramente importa quele que recorre ao PoderJudicirio. No mbito dos Livros IV e V, percebe-se que o noveldiploma preserva a forma sistemtica das normas processuais, alcanando-seum alto grau de funcionalidade e apresenta importantes inovaes.O Livro IV, Dos Processos nos Tribunais e Meios deImpugnao das Decises Judiciais, composto de dois Ttulos: I DosProcessos nos Tribunais; e II Dos Recursos.O Ttulo I, por sua vez, subdividido em oito Captulosque tratam das disposies gerais (art. 882 e art. 883), da ordem dosprocessos nos Tribunais (art. 884 ao art. 900), da declarao deinconstitucionalidade (art. 901 ao art. 903), do conflito de competncia (art. 904ao art. 912), da homologao de sentena estrangeira ou de sentena arbitral(art. 913 ao art. 918), da ao rescisria e da ao anulatria (art. 919 ao 53. 53art.928), do incidente de resoluo de demandas repetitivas (art. 930 ao art.941) e da reclamao (art. 942 ao a art. 947). O Livro IV impe um novo regramento cuja finalidade romper com obsoletismo do paradigma vigente relativo s decises dosTribunais. Fomenta-se a uniformizao e a estabilizao da jurisprudncia noordenamento jurdico.O modelo jurdico adotado oferece instrumentos para quea jurisprudncia pacificada dos Tribunais oriente as decises de todos osrgos e juzos a ele vinculados, de modo a concretizar plenamente osprincpios da legalidade e da isonomia (Art. 882). So tambm estabelecidas condies para que possahaver modulao dos efeitos da alterao da jurisprudncia dominante dosTribunais, de modo a preservar o interesse social e a segurana jurdica (incisoV, art. 882).Entre esses mecanismos que instigam a uniformizao dejurisprudncia, est o Incidente de Resoluo de Demandas Repetitivas, quepermite uma nica deciso para controvrsia com potencial de gerar relevantemultiplicao de processos fundados em idntica questo de direito e decausar grave insegurana jurdica, decorrente do risco de coexistncia desentenas conflitantes. Ressalte-se que a admisso do incidente de resoluo dedemandas repetitivas implica a suspenso dos processos pendentes, emprimeiro e segundo graus de jurisdio.Vale destacar que o incidente de resoluo de demandasrepetitivas moderniza a lei processual vigente, no s para superar ospressupostos individualistas que condicionaram a sua elaborao, mastambm para dot-la de institutos novos voltados para as decises de mbitocoletivo.Outras alteraes relevantes estatudas no Ttulo I, doLivro IV que merecem destaque se referem disciplina minuciosa dos poderesmonocrticos dos relatores, da reclamao, da homologao de sentenasestrangeiras e arbitrais. Com efeito, a legislao em vigor pouco dispe sobreesses temas, gerando dvidas, conflitos e insegurana jurdica. 54. 54 J o Ttulo II, Dos recursos, subdividido em seiscaptulos que tratam das disposies gerais (art. 948 a art. 962), da apelao(art. 963 a art. art. 968), do agravo de instrumento (art. 969 a art. 974), doagravo interno, (art. 975), dos embargos de declarao (art. 976 a 980) e dosrecursos para o STF e para STJ (art. 981 e 997).O novo Cdigo de Processo Civil procurou estruturar osistema recursal atribuindo-lhe maior celeridade e efetividade. Buscou-se evitaro excesso de possibilidades de impetrao de recursos no primeiro grau dejurisdio. Note-se, pois, que o projeto racionalizou o procedimentode impugnao das decises em primeiro grau, atribuindo tal funoexclusivamente apelao. Em consequncia dessa inovao, aspossibilidades de cabimento do agravo de instrumento foram reduzidas, agravoretido foi eliminado do direito processual civil e o regime de precluses foiremodelado. Outra alterao sugerida encontra-se no 1 do art. 948que prev prazo uniforme de quinze dias para todos os recursos, com exceodos embargos de declarao cuja interposio poder ser realizada em atcinco dias. Demais disso, a sistemtica da apelao foisignificativamente alterada. O juzo de admissibilidade foi deslocado doprimeiro para o segundo grau. Estabeleceu-se a possibilidade de execuoimediata da sentena proferida em primeiro grau. O projeto eliminou a atribuio, via de regra, de efeitosuspensivo apelao, que somente pode ser conferido pelo relator nosegundo grau de jurisdio, desde que haja a probabilidade de provimento dorecurso, ou, sendo relevante a fundamentao, houver risco de dano grave oudifcil reparao.Uma das mais significativas transformaes preconizadapelo Projeto a supresso dos embargos infringentes.Os recursos extraordinrio e especial tambm receberamnovo tratamento. H dispositivo que implica decises mais completas para osrecursos extraordinrio e especial, ao estabelecer a obrigatoriedade de o STF e 55. 55o STJ examinarem todos os fundamentos que tratem de matria de direito eque possam influenciar na deciso. Alm disso, eliminou-se a norma que previa a extino doprocesso, nos casos em que o relator, no STF ou no STJ, entender que orecurso versa sobre questo da competncia do outro Tribunal. Nessashipteses, haver a remessa dos autos.Quanto aos recursos protelatrios, o novo CPC criamecanismos dissuasrios de possveis aventuras jurdicas que impedem aclere prestao jurisdicional. Institui os honorrios de sucumbncia recursal eimpinge multa tanto para os embargos declarao manifestamenteprotelatrios, quanto para o agravo interno manifestamente inadmissvel. (art.980, 4 e 975, 5). Por fim, o Livro V estabelece normas de transio para onovo sistema, dispe que a novel lei entrar em vigor um ano aps a suapublicao e elenca outras regras pertinentes ao direito intertemporal com o fimde atenuar o impacto do novo CPC nos processos em curso. i) Apelao O relatrio, como no poderia deixar de ser, preserva orecurso por excelncia, a apelao, mantendo a j tradicional regulamentaode seu amplo efeito devolutivo. Inova-se, porm, em dois pontos: prev-se ainterposio da apelao diretamente no tribunal e se modifica aregulamentao do efeito suspensivo deste recurso. ii) Apelao por instrumento A grande inovao proposta por este relatrio a respeitoda apelao diz respeito ao modo de sua interposio. Esta passaria a serinterposta diretamente perante o tribunal de segunda instncia, adotando-se 56. 56um sistema que desde 1995 vem sendo ado