parecer sistêmico nº pa-nlc-lbc-vsn-207/2014

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ESTADO DA BAHIA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA ADMINISTRATIVA 1 PROCESSO Nº PGE2010164172-0 PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PGE PARECER N° PA-NLC-LBC-VSN-207/2014 CONTRATO. Reequilíbrio econômico- financeiro. Prestação de serviços terceirizados. Reajuste e revisão contratual. Constituição Federal, Leis federais 8.666/03 e nº 10.192/01 e Leis estaduais nº 9.433/05 e nº 12.949/14. Instrução SAEB nº 008/2014. Orientações traçadas pela PGE. O processo em análise versa sobre padronização de orientação jurídica referente a reequilíbrio econômico-financeiro de contratos de prestação de serviços terceirizados, em razão do cumprimento da Ordem de Serviço nº PA-NLC-002/2014, que constituiu grupo de trabalho, composto pelas subscritoras deste parecer, para analisar e emitir pronunciamento sobre o tema, relacionando elementos e providências a serem adotadas na instrução dos processos de revisão e reajuste de tais contratos. É o relatório. Passamos a opinar. A Constituição Federal elevou a garantia do equilíbrio econômico-financeiro do contrato administrativo à categoria de preceito constitucional ao determinar, no inciso XXI do art. 37, a obrigatoriedade de inclusão nos respectivos instrumentos de cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei. O momento da definição da equação econômico-financeiro do contrato é a data da apresentação da proposta (Lei federal nº 10.192/01, art. 3º, §1º). Como mecanismos para assegurar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos, a Lei federal nº 8.666/93 e a Lei estadual nº 9.433/05 estabeleceram que os preços cotados na proposta apresentada pelo licitante vencedor no certame (e que, por

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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCURADORIA ADMINISTRATIVA

1

PROCESSO Nº PGE2010164172-0

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO – PGE

PARECER N° PA-NLC-LBC-VSN-207/2014

CONTRATO. Reequilíbrio econômico-

financeiro. Prestação de serviços

terceirizados. Reajuste e revisão contratual.

Constituição Federal, Leis federais nº

8.666/03 e nº 10.192/01 e Leis estaduais nº

9.433/05 e nº 12.949/14. Instrução SAEB nº

008/2014. Orientações traçadas pela PGE.

O processo em análise versa sobre padronização de orientação jurídica referente

a reequilíbrio econômico-financeiro de contratos de prestação de serviços terceirizados, em razão

do cumprimento da Ordem de Serviço nº PA-NLC-002/2014, que constituiu grupo de trabalho,

composto pelas subscritoras deste parecer, para analisar e emitir pronunciamento sobre o tema,

relacionando elementos e providências a serem adotadas na instrução dos processos de revisão e

reajuste de tais contratos.

É o relatório. Passamos a opinar.

A Constituição Federal elevou a garantia do equilíbrio econômico-financeiro do

contrato administrativo à categoria de preceito constitucional ao determinar, no inciso XXI do art.

37, a obrigatoriedade de inclusão nos respectivos instrumentos de cláusulas que estabeleçam

obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei.

O momento da definição da equação econômico-financeiro do contrato é a data

da apresentação da proposta (Lei federal nº 10.192/01, art. 3º, §1º).

Como mecanismos para assegurar o equilíbrio econômico-financeiro dos

contratos administrativos, a Lei federal nº 8.666/93 e a Lei estadual nº 9.433/05 estabeleceram que

os preços cotados na proposta apresentada pelo licitante vencedor no certame (e que, por

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consequência, devem constar inicialmente no contrato) podem ser reajustados (reajuste) ou

revistos (revisão) durante o curso da relação contratual, como passamos a expor.

O reajuste dos preços visa compensar os efeitos da variação inflacionária no

curso normal do contrato — objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro

inicialmente ajustado —, devendo retratar a alteração dos custos de produção a fim de que sejam

mantidas as condições efetivas da proposta e observar a periodicidade anual para a sua concessão

(Lei federal nº 10.192/2001: arts. 2º e 3º).

É importante destacar que Lei federal nº 10.192, de 14/02/2001, nos seus arts. 2º

e 3º, considera nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste em periodicidade inferior a

um ano e estabelece que, nos contratos em que seja parte órgão ou entidade da Administração

Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a

periodicidade anual será contada a partir da data limite para apresentação da proposta ou do

orçamento a que essa se referir.

No mais, à vista do fato de a data limite para a apresentação da proposta ser a

data da primeira sessão pública da licitação, conforme previsão contida no art. 2º, §§1º e 3º, e art.

3º, §1º, da Lei nº 10.192/2001 combinado com o art. 40, inciso XI, da Lei nº 8.666/93 e o art. 79,

inciso XII e art. 146, caput, da Lei nº 9.433/05, o termo inicial do cômputo do prazo anual de

reajuste é a data da primeira sessão pública da licitação,

O critério de reajuste de preços, consoante dispõem os artigos 40, inciso XI, e

55, inciso III, da Lei nº 8.666/93 e os artigos 79, inciso XII, e 126, inciso III, da Lei nº 9.433/05,

deve estar obrigatoriamente previsto no edital e no contrato.

Anote-se que, a Lei nº 8.666/93 (art. 65, § 8º) e a Lei nº 9.433/05 (art. 135,

inciso II c/c art. 143, §8º) estabelecem que, tratando-se de reajuste contratual, é dispensada a

celebração de termo aditivo, podendo ser registrado por simples apostila.

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Estando legalmente disciplinada toda a matéria relativa a reajuste de preços dos

contratos administrativos celebrados pela Administração Pública, conclui-se que compete à

Administração proceder ao reajustamento contratual, (a) por meio de apostila, (b) na

periodicidade anual, (c) contando a periodicidade anual da primeira concessão da data da

apresentação da proposta na licitação, (d) em conformidade com os índices previstos no edital

(cujo critério deve retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices

específicos ou setoriais) e que devem ser reproduzidos no respectivo contrato. Devendo, ainda,

efetuar os pagamentos devidos independentes, inclusive, de qualquer requerimento do contratado,

exceto se houver renúncia expressa do contratado a esse direito, consignada em documento

escrito.

Diversamente do reajuste, a revisão de preços consiste na alteração do valor

original do contrato, para recompor o preço que se tornou insuficiente ou excessivo, objetivando a

manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicialmente ajustado, em razão da

superveniência de fatos imprevisíveis ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis,

retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso

fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual, bem

como para reduzir o seu preço com vistas a compatibilizá-lo com os valores de mercado (Lei nº

8.666/93: art. 65, II, ‘d’; Lei nº 9.433/05: art. 8º, XXVI; art. 143, II, “d” e “e”).

Também diferentemente do reajustamento (cujo lapso temporal da sua

ocorrência é anual), a revisão de preços pode ocorrer a qualquer tempo, desde que realmente

advenha o desequilíbrio na equação econômico-financeira do contrato, devidamente comprovado

pelo contratado, e os efeitos da revisão devem retroagir à data da efetiva ocorrência do fato

ensejador do desequilíbrio.

Assinalamos também, por necessário, que a revisão consensual para a redução

de preços constantes do contrato, para manter o equilíbrio econômico-financeiro em favor da

Administração Pública, encontra fundamento tanto na Constituição Federal (art. 37, inciso XXI),

como na Lei nº 8.666/93 (art. 58, I, §§1º e 2º) e na Lei nº 9.433/05 (art. 143, II, “e”).

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Para a caracterização do desequilíbrio econômico-financeiro do ajuste,

justificador da revisão contratual, deve haver a devida comprovação da ocorrência de um evento

econômico excepcional, imprevisível ou previsível, mas de consequências incalculáveis, e

independente da vontade das partes contratantes, que tornou inexequível ou demasiadamente

oneroso o cumprimento do contrato, em razão da efetiva repercussão do evento sobre a equação

econômico-financeira inicialmente pactuada.

A revisão dos preços deve ser formalizada por meio de termo aditivo contratual

específico, no qual deve constar (i) o evento ensejador da revisão, (ii) a fundamentação legal da

revisão, (iii) os novos valores a serem praticados no contrato, (iv) o novo preço global do contrato

e (v) a data a partir da qual os novos preços passam a ser devidos.

Também a revisão de preços pode ser objeto de renúncia expressa por parte da

contratada, consignada em documento escrito.

Destarte, acaso a empresa não tenha renunciado expressamente, fará jus ao

reajuste do preço e/ou à revisão contratual como acima exposto. Por outro lado, em tendo a

contratada renunciado ao reajuste ou à revisão, por qualquer motivo, inclusive para justificar a

vantajosidade da prorrogação contratual, esses mecanismos de reequilíbrio econômico-financeiro

não podem ser concedidos posteriormente.

Impende destacar que o documento escrito que consigne a renúncia ao reajuste

e/ou a revisão contratual deve indicar o período à que ser referem, a fim de delimitar de forma

clara e precisa o período concessivo de novos reajustes e/ou revisões.

Quanto ao cálculo dos valores, é imperativo gizar que, no âmbito do Estado da

Bahia, tratando-se de serviços terceirizados, já existe a referida fórmula paramétrica, conforme

pormenorização abaixo, que contempla a correção dos preços na sua integralidade e cujos

coeficientes considera, para a sua atualização, as variações previstas em convenções coletivas (α -

Coeficiente Alfa - peso correspondente às parcelas de natureza pessoal, inclusive Encargos

Sociais, em relação ao Custo Direto, que é atualizado pelo ∆Remuneratório, que corresponde à

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variação obtida pela categoria profissional em acordo, convenção ou dissídio coletivo de trabalho,

referente a salário e verbas conexas) e os demais componentes do preço (β - Coeficiente Beta -

peso correspondente aos insumos, em relação ao Custo Direto, que é atualizado com base no ∆

INPC, correspondente à variação do Índice Nacional de Preço ao Consumidor do IBGE, verificada

dentro da periodicidade permitida em lei federal, considerada a partir da data da apresentação da

proposta).

A Procuradoria Geral do Estado, por meio de inúmeros pronunciamentos, firmou

o entendimento de que a ocorrência de dissídio/convenção coletiva que majore os salários de

determinada categoria profissional é passível de ensejar a revisão dos preços dos contratos

celebrados pela Administração Pública estadual, desde que haja efetiva repercussão sobre a

equação econômico-financeira inicialmente pactuada.

É que a superveniência de tais eventos pode caracterizar álea econômica

extraordinária e cujo fato (dissídio/convenção coletiva), embora previsível que vai ocorrer, tem

consequências incalculáveis, que, sempre que ensejar o desequilíbrio econômico-financeiro inicial

do ajuste, justifica a alteração contratual, para que seja procedida a revisão dos preços, com base

no disposto no art. 65, inciso II, alínea “d” da Lei 8.666/93 e no art. 143, inciso II, alínea “d” da

Lei estadual nº 9.433/05.

Destaque-se que a Lei nº 9.433/05, no parágrafo único do art. 146, prescreve que

“quando, antes da data do reajustamento, tiver ocorrido revisão do contrato para manutenção do

seu equilíbrio econômico financeiro, exceto nas hipóteses de força maior, caso fortuito,

agravação imprevista, fato da administração ou fato do príncipe, será a revisão considerada à

ocasião do reajuste, para evitar acumulação injustificada”.

Por seu turno, o Decreto nº 12.366, de 30 de agosto de 2010, estabelece normas

atinentes à contratação de tais serviços, necessários ao funcionamento das atividades básicas de

caráter geral dos órgãos e entidades da Administração Pública do Poder Executivo Estadual e, no

art. 13, atribui competência à Secretaria da Administração para acompanhar e avaliar os

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procedimentos licitatórios e os processos de dispensa de licitação, bem como expedir as normas e

os procedimentos complementares necessários à licitação e contratação dos serviços.

O Secretário da Administração do Estado da Bahia, no uso das atribuições que

lhe confere a alínea “h”, do inciso I, do art. 22, do Decreto nº 12.431, de 20 de outubro de 2010, e

tendo em vista o disposto no art. 13, do Decreto Estadual nº 12.366 de 30 de agosto de 2010,

expediu a Instrução SAEB nº 05/2011, orientando os órgãos e entidades da Administração Pública

do Poder Executivo Estadual, quanto aos procedimentos licitatórios e contratações de serviços

terceirizados, necessários ao funcionamento das atividades básicas de caráter geral.

No item da mencionada Instrução nº 5 7 (com a redação dada pela Instrução nº

006/2011, publicada no DOE de 21 de abril de 2011) está materializada a fórmula paramétrica

acima mencionada para a manutenção das condições da proposta nas contratações de serviços

terceirizados, corrigindo os preços considerando a variação ocorrida desde a data da apresentação

da proposta, bem como a considerando a variação obtida pela categoria profissional em acordo,

convenção ou dissídio coletivo de trabalho, referente a salário e verbas conexas.

Tratando-se de serviços terceirizados, é imprescindível o atendimento, no âmbito

dos Poderes Públicos do Estado da Bahia, das normas materializadas na Lei estadual nº 12.949,

de 14 de fevereiro de 2014, que institui mecanismo de controle do patrimônio público do Estado

da Bahia, dispondo sobre provisões de encargos trabalhistas a serem pagos às empresas

contratadas para prestar serviços de forma contínua, e que, no seu art. 11, determinou, in verbis:

“Art. 11 - Para assegurar o quanto estabelecido na presente Lei, fica

assegurado à empresa contratada o direito ao recebimento, dentro do prazo

de vencimento, previsto no contrato das faturas mensais pelos serviços

executados, com obediência à ordem cronológica dos vencimentos, assim

como o direito a receber os reequilíbrios econômicos financeiros do

contrato, decorrentes de aumento de remuneração e benefícios gerados

pelas convenções, dissídios ou acordos coletivos de trabalho e dos

reajustes previstos contratualmente em até 90 (noventa) dias da data

da solicitação por parte da contratada.” (Grifos aditados).

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Neste contexto, este pronunciamento visa, juntamente com os instrumentos de

regulamentação da mencionada espécie normativa, otimizar a análise dos processos referentes ao

reequilíbrio econômico financeiro do contrato, de modo a permitir o cumprimento do prazo de 90

(noventa dias), uma vez que, acaso recepcionado pelos escalões superiores desta PGE, pode ser

dispensada, pelo Senhor Procurador Geral do Estado, a oitiva deste Órgão jurídico, salvo relevante

indagação jurídica.

Todavia, entendemos que a análise jurídica relativa à identificação dos

percentuais de revisões decorrentes de Normas Coletivas de Trabalho, como previsto no subitem

3.2.8 do item 3 da Instrução nº 005/2011, com a redação dada pela Instrução nº 008/2014, a serem

aplicados nos preços dos contratos dos serviços terceirizados deverá ser objeto de pronunciamento

específico por esta Procuradoria Geral do Estado.

Assim, para fins de reajustamento, deve ser (1) apurada a variação anual do

INPC, (2) aplicada a fórmula paramétrica (como previsto na Instrução SAEB nº 05/2011 e que

deve constar no edital e no contrato). Outrossim, deve-se atentar que o primeiro reajuste contratual

é devido a partir do dia em que completou um ano da data da sessão pública de apresentação

da proposta, com base no disposto na Lei federal nº 10.192/2001: arts. 2º e 3º; na Lei federal nº

8.666/93: art. 40, inciso XI; na Lei estadual nº 9.433/05: art. 79, inciso XII e art. 146, caput, e no

Contrato.

Oportuno anotar que a Instrução nº 008/2014, que modificou a Instrução nº

05/2011 para alterar e acrescentar atribuições para a Superintendência de Serviços Administrativos

da Secretaria da Administração (SSA/SAEB) e para as Diretorias Gerais (DG), por intermédio das

Diretorias Administrativas (DA) ou Unidades equivalentes dos órgãos e entidades, preconiza, no

subitem 3.2.7 e 3.2.8, competir à SAEB, por meio da SSA, “divulgar mensalmente as variações

pro-rata acumuladas anuais do INPC/IBGE utilizados para o cálculo do reajuste, por intermédio

do comprasnet.ba”, bem como “identificar os percentuais de revisões decorrentes de Normas

Coletivas de Trabalho, a serem aplicados nos preços dos contratos dos serviços terceirizados

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relativos à presente instrução, a serem divulgados por meio de portaria do Secretário da

Administração.".

Para fins de revisão contratual deve ser observada:

(I) a variação entre os valores apresentados na licitação e os previstos na

Convenção Coletiva vigente àquela época, pois a diferença entre eles deve ser mantida, a fim de

evitar que os preços apresentados pelo licitante tenha sido uma estratégia para vencer o certame e,

posteriormente, venha a ser recuperado o percentual oferecido em revisões contratuais, posto que

tal conduta não se revela lícita e razoável;

(II) os novos valores estabelecidos na nova Convenção Coletiva de Trabalho –

CCT, considerando-se a data base da categoria conforme CCT, bem como que a CCT passa a

vigorar após 03 (três) dias da data da entrega (protocolo) perante o Departamento Nacional do

Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos

regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos demais casos (§1º do art. 614 da

CLT);

(III) a fórmula paramétrica indicada no edital e no contrato;

(IV) as cidades abrangidas pela base territorial da Convenção Coletiva de

Trabalho, uma vez que os preços calculados pela Administração estão condicionados à prestação

de serviços em tais localidades.

Nesse contexto, a mencionada Instrução nº 008/2014 indicou, nos subitens 4.12

e 4.13, respectivamente, que compete às Diretorias Gerais – DG, por intermédio das Diretorias

Administrativas – DA, ou Unidades equivalentes dos órgãos e entidades, instruir os processos

referentes a revisão e reajuste de preços com os elementos mínimos relacionados, bem assim

proceder ao cálculo de revisão e reajuste contratual dos serviços terceirizados verificando as

providências indicadas e que passamos a transcrever:

[...]

4.12 instruir os processos relativos à revisão e reajuste de preços com, no

mínimo, os seguintes documentos:

4.12.1 pleito da contratada;

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4.12.2 cópia do edital da licitação, do contrato celebrado e de seus

aditivos ou apostilas, se houver;

4.12.3 proposta de preço que resultou na contratação, com planilha

de composição de preços unitários;

4.12.4 convenção coletiva de trabalho da respectiva categoria

profissional ou documento referente ao fato gerador da revisão

alegada.

4.13 proceder ao cálculo de revisão e reajuste contratual dos serviços

terceirizados, verificando o que segue:

4.13.1 abrangência da Norma Coletiva de Trabalho da Categoria

nos locais da prestação de serviços;

4.13.2 comprovação, pela empresa contratada, do efetivo repasse

aos seus funcionários dos valores estabelecidos na Norma Coletiva

de Trabalho da Categoria;

[...]

Ademais, conforme determina a Instrução nº 008/2014, nos subitens do item

4.15, compete também às Diretorias Gerais – DG, por intermédio das Diretorias Administrativas –

DA, ou Unidades equivalentes dos órgãos e entidades, verificar, por ocasião da celebração do

aditivo de revisão: (4.15.1) o cumprimento das respectivas obrigações sociais, trabalhistas,

previdenciárias e tributárias por parte da contratada; (4.15.2) a regularidade de toda a

documentação da empresa contratada no que se refere ao cumprimento das obrigações

inicialmente pactuadas; (4.15.3) apuração da existência de eventuais diferenças, considerando os

preços unitários calculados, os quantitativos praticados mês a mês e os valores efetivamente pagos

à empresa.

Frisamos, por necessário, que os editais-padrão aprovados pela Procuradoria

Geral do Estado disciplinam a matéria relativa à Manutenção das Condições da Proposta –

Reajustamento e Revisão no item XVII da Seção A – Preâmbulo e, nos subitens XVII-2 e XVII-3,

estabelece que “O reajustamento dos preços constantes dos contratos celebrados será procedido

independentemente de requerimento do interessado” e que “a revisão de preços, nos termos do

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inc. XXVI do art. 8º da Lei estadual nº 9.433/05, dependerá de requerimento do interessado, a ser

formulado no prazo máximo de um ano a partir do fato que a ensejou, sob pena de decadência,

em consonância com o art. 211 da Lei nº 10.406/02”.

Desta forma, deve o órgão contratante estar atento à tempestividade do

requerimento de revisão formulado pelo contratado e ao prazo decadencial de um ano a

partir do fato que a ensejou.

No que concerne à parcela referente ao Município não abrangido pela

Convenção Coletiva de Trabalho apresentada pela contratada aplica-se a orientação traçada no

parecer GAB-PAE-AGR-18/2013, recepcionado e atribuído caráter sistêmico pelo Exmo.

Procurador Geral do Estado no processo nº 0200120422382-0, cuja ficha do SICAJ anexamos

ao presente.

Registramos, outrossim, que a realização dos cálculos para apuração dos valores

devidos a título de reajuste e/ou revisão constitui ato eminentemente técnico não jurídico, em

razão do que compete aos setores técnicos dos órgãos contratantes a sua realização e conferência,

pois o setor competente do órgão contratante é que detém os elementos necessários à apuração dos

valores, inclusive por ter o conhecimento dos quantitativos de serviços mensalmente prestados e

dos valores efetivamente faturados em cada período de vigência do contrato.

Vale anotar, ainda, que, à vista de notícia, em processos que tramitam nesta

Procuradoria Geral do Estado, da existência de conflito positivo, relativamente à representação

sindical da categoria nesta Capital, deve ser verificada a identidade das parcelas e índices de

aumento a que se referem a SINDILIMP/SEAC-BA e a SINTRAL/SEAC.

Acrescentamos, todavia, que somente poderá ser efetuado qualquer pagamento a

título de reajuste e revisão, em favor da empresa contratada, após o órgão contratante se certificar,

através do setor técnico competente, se houve, por parte da contratada, (i) o efetivo repasse dos

valores estabelecidos na norma coletiva aos empregados vinculados à execução do objeto

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pactuado, e (ii) o correto recolhimento do FGTS, INSS, pagamento de salários e demais

obrigações sociais, trabalhista, previdenciárias e tributárias previstas no contrato.

Ademais, deve, ainda, o órgão de origem (a) verificar eventual existência de

penalidades, inclusive de multas administrativas, e (b) a existência ou não de processos trabalhista

e/ou condenação do Estado em virtude da responsabilidade subsidiária por débitos trabalhistas por

ela inadimplidos.

Diante de todo o exposto, concluímos que todos os atos de concessão e/ou

pagamento de reajuste e/ou de revisão contratual deve observar as orientações traçadas neste

parecer.

Para finalizar, sugerimos que, acaso recepcionado este parecer pelos escalões

superiores desta PGE, seja dispensada, pelo Exmo. Procurador Geral do Estado, a oitiva deste

Órgão jurídico para análise de situações contempladas neste pronunciamento, salvo relevante

indagação jurídica.

Acrescente-se, ainda, que a análise jurídica relativa à identificação dos

percentuais de revisões decorrentes de Normas Coletivas de Trabalho, como previsto no subitem

3.2.8 do item 3 da Instrução nº 005/2011, com a redação dada pela Instrução nº 008/2014, a serem

aplicados nos preços dos contratos dos serviços terceirizados deverá ser objeto de pronunciamento

específico por esta Procuradoria Geral do Estado.

É o parecer. S.S.J.

Ao exame da Procuradora Assistente do Núcleo de Licitações e Contratos.

PROCURADORIA ADMINISTRATIVA, Núcleo de Licitações e Contratos,

em 14 de maio de 2014.

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LEYLA BIANCA C. L. DA COSTA VERÔNICA S. DE NOVAES MENEZES

Procuradora do Estado Procuradora do Estado

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PGE - PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCESSO Nº PGE2010164172-0

INTERESSADO: PROCURADORIA ADMINSITRATIVA

MATÉRIA: ORDEM DE SERVIÇO Nº PA-012/2014

DESPACHO

Considerando a publicação da Lei 12.949, de 14 de fevereiro de 2014;

Considerando o quanto determinado no art. 11, do mesmo diploma legal,

segundo o qual a empresa contratada tem “o direito a receber os reequilíbrios econômicos

financeiros do contrato, decorrentes de aumento de remuneração e benefícios gerados pelas

convenções, dissídios ou acordos coletivos de trabalho e dos reajustes previstos

contratualmente em até 90(noventa) dias da data da solicitação;

Considerando a necessidade de serem adotadas providências no sentido de

orientar os órgãos e entidades da administração pública estadual na instrução dos

processos de revisão e reajuste de contratos de prestação de serviços terceirizados;

Considerando o quanto disposto no art. 4º, Inciso IV, do Decreto nº 11.737, de

30 de setembro de 2009;

Foi expedida a Ordem de Serviço nº PA-012/2014, em 23 de fevereiro de 2014,

da lavra desta subscritora, quando exercia a Chefia desta Procuradoria Administrativa em

substituição à i. Procuradora Chefe Cláudia Maria de Souza Moura. Esta Ordem de Serviço

designou as Procuradoras Leyla Bianca Correia Lima da Costa e Verônica S. de Novaes

Menezes para elaborar parecer relacionando elementos e providências a serem adotadas na

instrução dos processos de Revisão e Reajuste de contratos e prestação de serviços

terceirizados, orientando os órgãos e entidades da administração pública.

Após cuidadoso trabalho desenvolvido pelas i. Procuradoras os autos

retornam com a emissão do Parecer nº PA-NÇC-LBC-VSN-207/2014 (fls. 187). Neste Parecer

estão traçadas orientações jurídicas que servirão de base para a padronização das rotinas,

no âmbito dos órgãos e entidades da administração pública, relativas às providências a

serem tomadas no âmbito dos processos de reajuste e revisão dos contratos de serviços

terceirizados.

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As orientações jurídicas foram divididas em 6 tópicos:

1. Considerações Iniciais

2. O Reajustamento

3. A Revisão

4. A nova operacionalização do reequilíbrio motivada pela Lei Estadual nº

12.949, de 14 de fevereiro de 2014;

5. Das diferenças apuradas

6. Da dispensa de oitiva do órgão de assessoramento jurídico.

Nas Considerações Iniciais foram dados os fundamentos jurídicos da

revisão/reajuste com respectivos comentários dos dispositivos normativos pertinentes (art.

37, XXI, da CF/88; Art. 146 da Lei 9.433/2005, Decreto Estadual 12.366/2010, Instrução SAEB

nº 005/2011, alterada pela Instrução SAEB nº 06/2011). Também foi destacado que a fórmula

paramétrica utilizada na manutenção das condições da proposta, prevista na IN 05, com a

redação da IN06/201, contempla os mecanismos de readequação do preço contratado.

Importante ressaltar que essa fórmula paramétrica é fruto de um trabalho

técnico executado pela DS/SAEB e, portanto, extrapola a matéria jurídica, não sendo

atribuição desta PGE aferir a sua metodologia de concepção.

No item 2, referente ao reajustamento, partiu-se do regramento previsto na

Lei 10.192/2001, segundo o qual é vedada a estipulação de reajuste em periodicidade

inferior a um ano. Outrossim, a periodicidade será contada a partir da data limite para

apresentação da proposta ou orçamento a que essa se referir.

Como a data limite para a apresentação da proposta é a data da primeira

sessão pública de licitação, conforme regramento legal, ficou definido que o termo inicial do

cômputo do prazo anual de reajuste é a data da primeira sessão pública. Considero

pertinente esta definição uma vez que se trata de um direito constitucional ao equilíbrio

econômico e financeiro da proposta.

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Também foram dadas as seguintes orientações:

a) O critério/índice de reajuste deve ser previsto em edital e o direito ao

reajuste independe de termo aditivo, podendo ser registrado por apostila.

b) Havendo renúncia à pretensão de reajustamento, deve ser consignada em

documento expresso.

No item referente à Revisão (Item 3) foi introduzida a distinção entre

“Reajuste” e “Revisão”, o que considero de extrema importância, a fim de deixar claro para

a Administração que são termos que não se confundem.

Foi dada a noção de “revisão consensual”, admitindo, inclusive, a

possibilidade de redução de preços, além de ser devidamente caracterizado o desequilíbrio

econômico financeiro, com a informação de que o entendimento prevalente na PGE é pela

possibilidade de revisão de preços decorrentes de Convenção Coletiva/dissídio.

Outrossim, foram relacionados os elementos que devem instruir a revisão a

ser formalizada por termo aditivo. No caso de renúncia á pretensão de revisão deve ser

expressa, consignada em documento escrito, indicando o período a que se refere.

A nova operacionalização do reequilíbrio motivada pela Lei Estadual nº

12.949,d e 14 de fevereiro de 2014, foi objeto de análise no item 4.

Este Diploma Legal dispõe sobre mecanismos de provisionamento de

encargos trabalhistas a que estão obrigadas as empresas terceirizadas. Neste sentido, os

processos de revisão passarão a ser descentralizados e o prazo legal máximo para o

recebimento decorrente dos pedidos de revisão será 90(noventa) dias.

Para tanto, foi expedida a Instrução Normativa nº 008/2014, publicada no

DOE de 26 e 27 de abril de 2014, cuja redação contou com a orientação jurídica das i.

Procuradoras Leyla Bianca Correia Lima da Costa e Verônica S. de Novaes Menezes. Assim,

a partir desta data, as próprias unidades contratantes elaborarão os cálculos que antes

estavam centralizados na DS/SAEB.

Contudo, permanece com a DS/SAEB a atribuição de lançar, através de

Portaria, os percentuais de variação remuneratória, dispensada a oitiva do órgão jurídico

mediante ato administrativo próprio (item 4.14 da In 008/2014). Também é atribuição da

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SAEB divulgar mensalmente as variações pro-rata acumuladas anuais do INPC/IBGE,

utilizadas no cálculo dos reajustes.

Com base nesta Instrução Normativa, as i. Procuradoras fixaram rotinas

procedimentais a serem operacionalizadas no âmbito das unidades contratantes para as

situações distintas de revisão e reajuste, relacionando os elementos que devem instruir o

processo revisional.

O item 5 faz referência às “Diferenças apuradas”, que tratou de destacar o

caráter eminentemente técnico da apuração dos valores devidos a título de revisão e/ou

reajuste, competindo aos setores técnicos a realização e conferência dos respectivos

cálculos. Ademais, a unidade contratante foi alertada para o feto de que qualquer

pagamento decorrente de revisão e/ou reajuste somente deve ser efetivado após a

comprovação do repasse dos valores aos empregados vinculados ao contrato em questão,

além de verificar eventual penalidade aplicada à contratada, bem como a existência de

processo judicial decorrente do não cumprimento de obrigações trabalhistas.

Finalmente, o item 6 propõe a dispensa de oitiva do órgão jurídico, com base

no item 4.14 da IN 008/2014, segundo o qual pode ser dispensada por ato administrativo

próprio, emanado da unidade contratante.

Para tanto, as i. Procuradoras sugerem a alteração da Portaria nº PGE-

089/2012, acrescentando o inciso XVI ao art. 1º, tornando dispensável a manifestação da

PGE, salvo relevante indagação jurídica, nos aditivos de revisão de preços dos contratos

previstos no Decreto 12.366/2010, desde que seja observada a orientação traçada no parecer

nº PA-NLC-VSN-207/2014.

Estou totalmente de acordo com os termos consignados no Parece sob exame.

Considero de extrema relevância a adoção de medidas que permitam a

otimização da gestão, in casu, a fixação de rotinas procedimentais com base nas orientações

jurídicas contidas no parecer nº PA-NLC-VSN-207/2014.

Com efeito, a nova sistemática de revisão/reajuste introduzida pela Lei

12.949/2014 exige novas estratégias de gestão a serem adotadas pela SAEB juntamente com

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as unidades contratantes. Para tanto, considero indispensável a participação da

PGE/PA/NLC neste processo desde o nascedouro dos atos normativos.

É o que observamos com a publicação da IN 008/2014, conforme já registrado.

Penso que as orientações jurídicas contidas no Parecer sob exame irão servir

de bade para a padronização das rotinas procedimentais no âmbito dos órgãos e entidades

da Administração Estadual, cujo resultado deve ser a maior eficiência e qualidade no

serviço público, razão pela qual estou de acordo com o Parecer nº PA-NLC-LBC-VSN-

207/2014 da lavra das i. Procuradoras designados pela Ordem de Serviço nº PA 012/2014.

Com estas considerações, evoluo os autos à consideração superior da i.

Chefia.

NÚCLEO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS, em 28 de maio de 2014.

SORAYA SANTOS LOPES

Procuradora Assistente

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PROCESSO: PGE/2010164172-0

INTERESSADO: PROCURADORIA ADMINISTRATIVA

DESPACHO

Cuida o presente expediente de padronização de orientação jurídica, em face da Ordem de

Serviço nº PA-NLC-002/2014, expedida pela ilustre Procuradora Assistente Soraya Santos

Lopes, na qual constituiu grupo de trabalho, integrado pelas ilustres Procuradoras Leyla

Bianca Correia Lima da Costa e Verônica Santos de Novaes Menezes, para analisar e emitir

pronunciamento sobre a manutenção das condições das propostas pertinentes a contratos

de serviços terceirizados, sujeitos à disciplina do Decreto nº 12.336/2010, com o propósito

de relacionar elementos e providências a serem adotadas na instrução dos processos de

revisão e reajuste de tais contratos.

As ilustres Procuradoras ofertaram o Parecer PA-NLC-LBC-VSN-207/2014, no qual

traçaram as orientações a serem adotadas para a concessão e pagamento de reajuste e/ou

revisão contratual, com endosso da i. Procuradora Assistente Soraya Santos Lopes

(fls.175/190).

Estou de acordo com o cuidadoso Parecer lançado pelas i. Procuradoras e despacho da

Procuradora Assistente, com ressalva pontual no que respeita à obrigatoriedade de

manifestação da Procuradoria nos processos de que trata o item 3.2.8 da Instrução nº

005/2011 (acrescido pela Instrução nº 08/2014), concernente à fixação de percentual de

revisão decorrente de Norma Coletiva de Trabalho, a ser aplicado em preços de contrato

de serviço terceirizado, e divulgado por meio de portaria do Secretário da Administração.

É que o procedimento de responsabilidade da SAEB, de identificar os percentuais de

revisões decorrentes de Normas Coletivas de Trabalho, a serem aplicados nos preços dos

contratos dos serviços terceirizados, envolve a realização dos cálculos para apuração dos

valores devidos e constitui ato eminentemente técnico, de maneira que a manifestação da

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Procuradoria deve cingir-se às hipóteses nas quais identificada pelo órgão competente, a

SAEB, indagação jurídica a atrair a necessidade de atuação do órgão de assessoramento

jurídico do Estado.

Como bem destacaram as i. Procuradoras, no item 7 da Instrução SAEB nº 05/2011, com a

redação dada pela Instrução SAEB nº06/2011, está materializada fórmula paramétrica para a

manutenção das condições da proposta, e os editais-padrão aprovados pela PGE

disciplinam a matéria relativa à Manutenção das Condições da Proposta - Reajustamento e

Revisão no item XVII da Seção A - Preâmbulo e nos subitens XVII-2 e XVII-3, de maneira

que se encontram perfeitamente delineados os mecanismos de readequação do preço

contratado, tanto por reajustamento quanto por revisão durante o curso da relação

contratual.

Outrossim, conforme art. 11 da Lei nº 12.949/2014, à empresa contratada é assegurado o

“direito a receber os reequilíbrios econômicos financeiros do contrato, decorrentes de

aumento de remuneração e benefícios gerados pelas convenções, dissídios ou acordos

coletivos de trabalho e dos reajustes previstos contratualmente em até 90 (noventa) dias da

data da solicitação por parte da contratada”.

Na esteira do novo comando legislativo, a Instrução SAEB nº 008/2014 modificou a

Instrução nº05/2011 de maneira que não mais compete à SAEB e, sim, às próprias

unidades contratantes, proceder ao cálculo da revisão e reajuste contratual dos serviços

terceirizados (item 4.13), incumbindo à SAEB, precedentemente, a identificação dos

percentuais de reajustamento (item 3.2.7) e revisões decorrentes de Normas Coletivas de

Trabalho (item 3.2.8).

O reajustamento, é sabido, pode ser registrado por simples apostilamento, sendo

dispensada a manifestação da PGE, nos termos do inciso VIII do artigo 1º da Portaria PGE

nº 89/2012.

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Outrossim, é entendimento de longa data prevalecente na PGE que a ocorrência de

dissídio/convenção coletiva, que majore a remuneração ou gere benefícios para

determinada categoria profissional, é passível de ensejar a revisão dos preços dos contratos

celebrados pela Administração Pública estadual, desde que haja efetiva repercussão sobre a

equação econômico-financeira inicialmente pactuada.

Nesse contexto, e à vista das demais diretrizes lançadas no parecer PA-NLC-LBC-VSN-

207/2014, cabe recensear a nova sistemática a ser adotada nos processos de revisão/reajuste

contratual, referente a serviços terceirizados, nos seguintes termos:

I - Para fins de Reajustamento contratual:

a) o termo inicial do cômputo do prazo anual de reajuste é a data da primeira sessão

pública da licitação;

b) o critério de reajuste de preços deve estar obrigatoriamente previsto no edital e no

contrato;

c) a SAEB deve divulgar mensalmente as variações pro-rata acumuladas anuais do

INPC/IBGE utilizados para o cálculo de reajuste;

d) caberá a cada unidade contratante a aplicação da fórmula paramétrica prevista no

contrato;

e) em se tratando de reajuste contratual, é dispensada a celebração de termo aditivo,

podendo ser registrado por simples apostila;

f) o pagamento das diferenças e o cálculo dos índices correspondentes não dependem

de requerimento do contratado, devendo ser procedidos de ofício pela Administração,

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exceto se houver renúncia expressa do contratado a esse direito, consignada em documento

escrito, com indicação do período a que se refere, com vistas a delimitar de forma clara e

precisa o período concessivo de novos reajustes.

II - Para fins de Revisão contratual:

a) a revisão de preços pode ocorrer a qualquer tempo, desde que devidamente

comprovado pelo contratado o advento do desequilíbrio na equação econômico-financeira

do contrato, formulando o correspondente requerimento;

b) a SAEB deve identificar os percentuais de revisões decorrentes de Normas Coletivas

de Trabalho, a serem aplicados nos preços dos contratos dos serviços terceirizados e

divulgados por meio de portaria do Secretário da Administração, dispensada a análise da

PGE a respeito desta questão específica, salvo se houver indagação jurídica.

c) na instrução dos processos relativos à revisão de preços, em face de

dissídio/convenção coletiva, caberá ao contratado/requerente apresentar a Convenção

Coletiva de Trabalho em que se fundamenta o pleito revisional, devidamente registrada,

acompanhada da demonstração do impacto do novo preço na folha de pagamento dos

empregados vinculados ao contrato respectivo, sob pena de arquivamento nos termos do

art. 24, §2º, da Lei estadual nº 12.209/2014;

d) o pedido de revisão deve ser indeferido se o requerimento formulado pelo

contratado for protocolado após o prazo decadencial de um ano a partir do fato que a

ensejou;

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e) a revisão de preços pode ser objeto de renúncia expressa do contratado a esse

direito, em documento escrito que deve consignar o evento a que se refere, hipótese na qual

o percentual de reequilíbrio econômico-financeiro, relativo ao específico evento não pode

ser concedido posteriormente;

f) a revisão dos preços deve ser formalizada por meio de termo aditivo contratual

específico, no qual deve constar (i) o evento ensejador da revisão, (ii) a fundamentação legal

da revisão, (iii) os novos valores a serem praticados no contrato, (iv) o novo preço global do

contrato e (v) a data a partir da qual os novos preços passam a ser devidos;

g) os efeitos da revisão devem retroagir à data da efetiva ocorrência do fato ensejador

do desequilíbrio;

h) Caberá a unidade contratante:

h.1) estar atenta à tempestividade do requerimento de revisão formulado pelo

contratado e ao prazo decadencial de um ano a partir do fato que a ensejou;

h.2) aferir as cidades abrangidas pela base territorial da Convenção Coletiva

de Trabalho, uma vez que os preços calculados pela Administração estão

condicionados à prestação de serviços em tais localidades;

h.3) certificar-se, através do setor técnico competente, se houve, por parte da

contratada, o efetivo repasse dos valores estabelecidos na norma coletiva aos

empregados vinculados à execução do objeto pactuado, e o correto

recolhimento do FGTS, INSS, pagamento de salários e demais obrigações

sociais, trabalhista, previdenciárias e tributárias previstas no contrato;

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h.4) verificar eventual existência de penalidades, inclusive de multas

administrativas, e a existência ou não de processos trabalhista e/ou

condenação do Estado em virtude da responsabilidade subsidiária por

débitos trabalhistas por ela inadimplidos, com vistas a proceder aos

descontos / retenções correspondentes.

Assim sendo, ao Parecer PA-NLC-LBC-VSN-207/2014, das i. Procuradoras Leyla Bianca

Correia Lima da Costa e Verônica Santos de Novaes Menezes, com endosso da i.

Procuradora Assistente Soraya Santos Lopes, e ajuste decorrente da ressalva pontual

inicialmente externada, nos termos acima sumariados, confiro qualificação de parecer

uniforme, nos termos do art. 4º, inciso II, do Decreto 11.737/2009, que assim considera

“o entendimento pacificado no âmbito de uma Procuradoria, com aprovação do Procurador

Chefe, sobre questão de significativo interesse sistêmico ou suscetível de acarretar prejuízos

ao erário, de observância obrigatória na esfera de competência da respectiva Procuradoria”,

ao tempo em que sugiro ao Exmo. Procurador Geral do Estado seja conferido efeito

sistêmico, consoante inciso III do artigo mencionado.

Por fim, empresto inteira adesão à sugestão das i. Procuradoras de evoluir os autos à

apreciação do Exmo. Procurador Geral do Estado, para exame da viabilidade de alteração

da Portaria nº PGE - 089/2012, para acrescentar o inciso XVI ao art.1º deste ato, tornando

dispensável a manifestação da PGE na hipótese de aditivo de revisão de preços dos

contratos de terceirização, em face da ocorrência de dissídio/convenção coletiva que majore

a remuneração ou gere benefícios para determinada categoria profissional, cuja variação

remuneratória tenha sido aferida pela Secretaria da Administração em processo específico e

divulgadas por portaria do Secretário da Administração, considerando que se encontram

perfeitamente delineados, na hipótese, os mecanismos de readequação do preço

contratado.

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Em harmonia com o quanto alinhado anteriormente, sugere-se a seguinte redação para o

inciso XVI, do art.1º da Portaria nº PGE - 089/2012, deve ser assim descrito:

“XVI. Aditivos de revisão dos preços dos contratos de serviços

terceirizados, previstos no Decreto nº 12.366, de 30 de agosto de

2010, cuja variação remuneratória tenha sido aferida pela

Secretaria da Administração em processo específico e divulgadas

por portaria do Secretário da Administração na forma do disposto

no item 3.2.8 da Instrução SAEB nº 05/2011, com a redação da

Instrução SAEB nº 008/2014, e desde que seja observada a

orientação traçada no parecer nº PA-NLC-LBC-VSN-207/2014.”

Ao Exmo. Procurador Geral do Estado.

PROCURADORIA ADMINISTRATIVA, 08 de agosto de 2014.

CLAUDIA MARIA DE SOUZA MOURA

Procuradora Chefe

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Proc.: PGE 2010164172-0

Interessado: PROCURADORIA ADMINISTRATIVA

Ref.: REEQUILIBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO - Serviços Terceirizados

D E S P A C H O

Acompanho a manifestação da i. Procuradora Cláudia Moura, Chefe da

Procuradoria Administrativa (fls. 191/193), que chancela o Parecer PA-NLC- LBC-VSN-

207/2014 (fls.175/ 190), da lavra das i. Procuradoras Leyla Bianca Correia Lima da Costa e

Verônica Santos de Novaes Menezes, oriundo dos trabalhos efetuados pelo Grupo de

Trabalho instituído pela OS nº PA-NLC-002/2014, atribuindo-lhe caráter sistêmico.

No tocante ao subitem h.3, constante de fls. 193, sugiro a redação a seguir,

com vistas a realçar a necessidade de comprovação do pagamento das obrigações

trabalhistas já reajustadas, como condição inarredável ao adimplemento do preço

contratual já revisado:

h.3) certificar-se, através do setor técnico competente, se houve, por parte

da contratada, o efetivo repasse dos valores estabelecidos na norma

coletiva aos empregados vinculados à execução do objeto pactuado, e o

correto recolhimento do FGTS, INSS, pagamento de salários e demais

obrigações sociais, trabalhistas, previdenciárias e tributárias previstas no

contrato, como condição indispensável ao pagamento das faturas com base

no preço já revisado ;

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Tornem os autos à Procuradoria Administrativa para as medidas pertinentes,

dando-se conhecimento ao Centro de Estudos e Aperfeiçoamento - CEA para publicação do

referido opinativo no site oficial da PGE.

GABINETE DO PROCURADOR GERAL DO ESTADO, 01 de setembro de

2014.

RUI MORAES CRUZ

Procurador Geral do Estado