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1 PARASITISMO POR Dioctophyme renale EM LOBO-GUARÁ (Chrysocyon brachyurus), PINDAMONHANGABA, SÃO PAULO Claudia de Mello Ribeiro 1 , Adriana Miranda Bezerra Costa 1 , Jéssica Amancio Martins 1 , Maria Elena Oliveira 1 , Janaína Duarte 1 1 UNIP - Universidade Paulista [email protected] Dioctophyme renale é conhecido como verme gigante dos rins, pois frequentemente é encontrado na pelve renal do hospedeiro definitivo, sendo o maior nematódeo descrito em mamíferos. Este trabalho relata o diagnóstico de parasitismo por D. renale em um lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Em agosto de 2011 um lobo-guará, jovem, macho foi encontrado em rigor mortis em uma rodovia do município de Pindamonhangaba, São Paulo, Brasil. A necropsia do animal foi realizada no Hospital Veterinário da Universidade Paulista UNIP, campus de São José dos Campos, São Paulo, Brasil. Durante a necropsia do animal, foi observada epistaxe, sangramento na cavidade oral, hemotórax e hemoperitônio intensos, sugerindo que a causa da morte do lobo-guará foi traumatismo, provavelmente por atropelamento nessa rodovia. No estômago foram encontrados vários ratos e larvas de Diptera, parcialmente digeridos. O rim direito apresentava atrofia do parênquima renal, conteúdo sanguinolento e três exemplares de D. renale, sendo uma fêmea, um macho e uma larva. O conteúdo sanguinolento presente no rim foi analisado em microscopia óptica e identificados ovos bioperculados, elípticos, castanhos e de casca espessa, característicos de D. renale. O rim esquerdo apresentava-se hipertrofiado. O parasitismo por D. renale é relatado em cães, sendo o diagnóstico realizado pela pesquisa de ovos do parasita na urina ou por técnicas de imagem como ultrassonografia. Nesses animais os sinais clínicos incluem dor, febre, prostação e hematúria. Entretanto, em animais silvestres geralmente o diagnóstico do parasitismo por D. renale é feito durante a inspeção post-mortem, uma vez que, durante a captura de lobos-guarás, realizado em estudos epidemiológicos, muitos dos animais não apresentam sinais clínicos da dioctofimose e, por isso, nenhum método diagnóstico é realizado nesse momento. Mas, devido à intensa espoliação causada por D. renale, é provável que esse parasita diminua a sobrevida dos lobos-guarás em seu habitat natural, atuando no controle populacional destes animais.

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PARASITISMO POR Dioctophyme renale EM LOBO-GUARÁ (Chrysocyon brachyurus),

PINDAMONHANGABA, SÃO PAULO

Claudia de Mello Ribeiro1, Adriana Miranda Bezerra Costa

1, Jéssica Amancio Martins

1, Maria Elena

Oliveira1, Janaína Duarte

1

1 UNIP - Universidade Paulista

[email protected]

Dioctophyme renale é conhecido como verme gigante dos rins, pois frequentemente é encontrado na

pelve renal do hospedeiro definitivo, sendo o maior nematódeo descrito em mamíferos. Este trabalho

relata o diagnóstico de parasitismo por D. renale em um lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Em

agosto de 2011 um lobo-guará, jovem, macho foi encontrado em rigor mortis em uma rodovia do

município de Pindamonhangaba, São Paulo, Brasil. A necropsia do animal foi realizada no Hospital

Veterinário da Universidade Paulista – UNIP, campus de São José dos Campos, São Paulo, Brasil.

Durante a necropsia do animal, foi observada epistaxe, sangramento na cavidade oral, hemotórax e

hemoperitônio intensos, sugerindo que a causa da morte do lobo-guará foi traumatismo,

provavelmente por atropelamento nessa rodovia. No estômago foram encontrados vários ratos e larvas

de Diptera, parcialmente digeridos. O rim direito apresentava atrofia do parênquima renal, conteúdo

sanguinolento e três exemplares de D. renale, sendo uma fêmea, um macho e uma larva. O conteúdo

sanguinolento presente no rim foi analisado em microscopia óptica e identificados ovos bioperculados,

elípticos, castanhos e de casca espessa, característicos de D. renale. O rim esquerdo apresentava-se

hipertrofiado. O parasitismo por D. renale é relatado em cães, sendo o diagnóstico realizado pela

pesquisa de ovos do parasita na urina ou por técnicas de imagem como ultrassonografia. Nesses

animais os sinais clínicos incluem dor, febre, prostação e hematúria. Entretanto, em animais silvestres

geralmente o diagnóstico do parasitismo por D. renale é feito durante a inspeção post-mortem, uma

vez que, durante a captura de lobos-guarás, realizado em estudos epidemiológicos, muitos dos animais

não apresentam sinais clínicos da dioctofimose e, por isso, nenhum método diagnóstico é realizado

nesse momento. Mas, devido à intensa espoliação causada por D. renale, é provável que esse parasita

diminua a sobrevida dos lobos-guarás em seu habitat natural, atuando no controle populacional destes

animais.