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PARANÁGOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPEPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Ficha para Catálogo Produção Didático-Pedagógica

Professor PDE/2009

Título A arte de contar histórias como um incentivo à leitura

Autor Salvador de Brito Gondim

Escola de Atuação Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio

Município da Escola Tuneiras do Oeste – Pr.

Núcleo Regional de Educação Cianorte – Pr.

Orientador Drª Luciana C. F. Dias Di Raimo

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá – UEM

Área do Conhecimento/Disciplina Língua Portuguesa

Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Não

Público Alvo (indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Professor

Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)

Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio

Rua: Minas Gerais, nº 300

Resumo: (no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

A unidade didática é uma produção didático-pedagógica voltada para o estudo da contação de histórias como um incentivo para a leitura. É direcionada à ação docente, de modo que contempla textos que objetivam o aprofundamento teórico/metodológico acerca do tema. Acreditamos que a contação de

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histórias é uma estratégia diferente de incentivar a leitura, uma vez que contar histórias é saber criar um ambiente de encantamento, suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e personagens ganham vida, transformando tanto o narrador como o ouvinte. No entanto, a unidade didática proposta não deve ser interpretada como um manual, mas como um passo inicial de aprofundamento teórico/metodológico.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Aluno; Contação de Histórias; Leitura; Produção Escrita.

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APRESENTAÇÃO/PLANO NORTEADOR

1 TEMA

A arte de contar histórias como um incentivo à leitura.

2 JUSTIFICATIVA

A leitura é uma atividade inerente à condição humana, pois a leitura exerce um

importante papel no crescimento intelectual, crítico e criativo do aluno, desenvolvendo

as suas potencialidades e, consequentemente, o seu rendimento escolar.

Por isso, a leitura precisa ser trabalhada na escola, no entanto, ela deve ser

abordada de uma forma diferente, ou seja, ela precisa ser transformada em momentos

agradáveis, nutridos de motivação e curiosidade.

Neste contexto, acreditamos que a contação de histórias é uma estratégia

diferente de incentivar a leitura, uma vez que contar histórias é saber criar um

ambiente de encantamento, suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e

personagens ganham vida, transformando tanto o narrador como o ouvinte. A prática

da narração de histórias, como forma de conhecimento, desencadeia o

desenvolvimento da imaginação, da sensibilidade, da manipulação crítica e criativa da

linguagem oral.

O ato de contar histórias pode ser um importantíssimo recurso para incentivar à

leitura, pois, a mesma, apresenta-se como um convite à imaginação e a uma

compreensão da dimensão narrativa. Além disso, as histórias convidam os alunos a

entrarem num mundo que só a leitura proporciona, ou seja, um mundo de

conhecimento, informação e curiosidades.

Diante dessas constatações, a seguir será proposta uma unidade didática

direcionada a ação docente como produção didático-pedagógica, contemplando textos

que objetivam o aprofundamento teórico/metodológico do tema. Além disso, serão

apresentados o livro, os fantoches, o velcômetro, as dobraduras, as marionetes e o

teatro de sombras como alguns recursos para sensibilização à contação de histórias.

3 PÚBLICO-ALVO

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A unidade didática “a arte de contar histórias como um incentivo à leitura” é

direcionada ao professor para que ele(a) possa utilizá-la em sua ação docente com

alunos de 6ª série / 7ª ano do Ensino Fundamental.

4 OBJETIVOS

• Fornecer fundamentação teórica sobre a contação de histórias;

• Sensibilizar docentes para que se interessem pela prática de contação de

histórias em suas salas de aula;

• Prover ao professor recursos possíveis de se aplicar em sala de aula a

prática de contação de histórias.

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PROCEDIMENTO

Esta unidade didática é resultado de um trabalho realizado no Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, uma iniciativa de formação continuada e

valorização de professores.

No entanto, a unidade didática proposta não deve ser interpretada como um

manual, mas como um passo inicial de aprofundamento teórico/metodológico sobre o

tema abordado.

A unidade didática está dividida em três partes, indisssociáveis. Na primeira

parte, serão apresentadas diretrizes concernentes à sensibilização para a contação de

histórias, destacando a visão de vários estudiosos sobre a temática em questão.

Posteriormente, a unidade didática traz uma seção versando sobre a estrutura narrativa

da história contada, ou seja, trazemos, de forma didática, os chamados elementos da

narrativa tais como: o tempo, o espaço, o narrador, o personagem e o enredo a fim de

sugerir caminhos para o professor trabalhar com tal temática.

Para que o aluno possa contar a sua própria história, a unidade didática também

sugere ao docente alguns recursos como o livro, os fantoches, o velcômetro, as

dobraduras, a marionete e o teatro de sombras para que a narrativa torne-se mais

atraente, explorando a criatividade e estimulando a imaginação do aluno.

Além disso, o professor terá contatos com explicações sobre os elementos que

dizem respeito à dimensão da oralidade intimamente ligados ao contar histórias tais

como: a entonação, a dicção, a velocidade, a tonalidade, o vocabulário, a

corporalidade, os gestos e a expressão facial, vistos como aliados na contação de

histórias.

Por fim, a unidade didática, traz a dimensão da interação, a construção do

referente discursivo por ativação, a construção por reativação, os

marcadores conversacionais e os marcadores cinésicos como procedimentos

de construção do texto falado para direcionar os alunos neste processo.

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A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS COMO UM INCENTIVO À LEITURA

1 SENSIBILIZAÇÃO PARA A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

aro professor, comece perguntado à turma a respeito de uma história que eles

ouviram e que os marcou.CApós ouvir os comentários, você pode começar a contar uma história que chame a

atenção de seus alunos.

Para exemplificar....

Era uma vez uma menina linda, linda. Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros. A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva. Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.

E pensava:- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?A menina não sabia, mas inventou:- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.

Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.

Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?A menina não sabia, mas inventou:- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite

toda fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?A menina não sabia, mas inventou:- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem

conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.

Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de

feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:

– Artes de uma avó preta que ela tinha...

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Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.

E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.

Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.

Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:

- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?E ela respondia:- Conselhos da mãe da minha madrinha...

Ana Maria Machado (2000).

Essa história acima é um exemplo de como o professor pode propiciar um

espaço de interação com os alunos. Também, vale destacar que se enfatizar, durante a

prática da contação, alguns pontos importantes da estrutura narrativa do texto exposto

acima.

Sendo assim, professor, neste momento de acordo com Dohme (2000) é

importante levantar alguns pontos com os alunos a respeito de alguns aspectos

inerentes à dimensão narrativa:

• Caráter: as histórias com heróis, conteúdos que proporcionam lições de vida,

fábulas em que o bem prevalece sobre o mal. Por meio das histórias,

principalmente, os meninos se defrontam com situações fictícias e com isso

adquirem vivência e referências para montar os seus próprios valores;

• Raciocínio: as histórias mais elaboradas, os enredos intrigantes, agitam o

raciocínio da criança;

• Imaginação: o exercício da imaginação traz grande proveito às crianças,

porque atende a uma necessidade muito grande que elas têm de imaginar.

As fantasias não são somente um passatempo; elas ajudam na formação da

personalidade na medida em que possibilitam fazer conjecturas,

combinações, visualizações como tal coisa seria “desta” ou de “outra” forma;

• Criatividade: uma vez que a criatividade é diretamente proporcional à

quantidade de referências que cada um possui, quanto mais “viagens” a

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imaginação fizer, tanto mais aumentará o “arquivo referencial” e,

consequentemente, a criatividade;

• Senso crítico: as histórias atuam como ferramentas de grande valia na

construção desse senso crítico, porque por meio delas os alunos tomam

conhecimento de situações alheias à sua realidade, uma vez que podem

“navegar” em diferentes culturas, classes sociais, raças e costumes.

Professor, no exemplo acima você pode ter um espaço de interação com o aluno

e ao mesmo tempo trabalhar o caráter, o raciocínio, a imaginação, a criatividade e o

senso crítico contidos na história.

1.1 ASPECTOS TEÓRICOS

rofessor, ao buscarmos entendimento na teoria do venha a ser a contação de

histórias, encontramos vários autores que abordam este tema.PNeste sentido, reflexões a respeito da teoria nos permitem compreender como a

contação de histórias pode ser um ponte para a leitura e, consequentemente, para a

leitura literária.

A contação de histórias, de acordo com Abramovich (1991) nada mais é do que

o abuso simples e harmônico da voz. Ou seja, é a expressividade, a entonação bem

usada repassando sentimentos e a clareza no dizer são recursos fundamentais ao

contador. Por isso, a ser contada a história, o narrador precisa observar os seguintes

cuidados e preparos:

• Saber escolher o que vai contar considerando para quem e com que objetivo;

• Conhecer em profundidade e detalhadamente a história que contará;

• Preparar como começar e finalizar o momento da contação e narrá-la no

ritmo e tempo que cada narrativa exige;

• Evitar descrições imensas e com muitos detalhes, para que o campo fique

mais favorável ao imaginário da criança;

• Mostrar à criança que o que ouviu está impresso num livro e, assim sendo,

trazendo-a para o contato com o objeto do livro e, por consequência, o

ato de ler;

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• Saber usar as modalidades e possibilidades da voz variando a intensidade, a

velocidade, criando ruídos, onomatopéias, dando pausas para propiciar

espaço para a imaginação.

Para Regatieri (2008) contar histórias é um técnica, que dá a ideia de uma figura

ancestral, de uma memória preservada por meio da oralidade. Implica ainda uma

capacidade de apresentar ou sugerir oralmente para os ouvintes as imagens e

situações contidas no texto.

Professor, a contação de história pode ser estratégia pedagógica muito eficaz na

nossa prática pedagógica. Podemos comprovar isso por meio da visão de alguns

autores relacionados a seguir:

Segundo Neder et al. (2009) a contação de histórias é uma estratégia

pedagógica que pode contribuir de forma significativa na prática docente. Pois, os

feitos da contação de histórias, conforme os autores, podem ir muito além do

entretenimento.

Neste sentido, ouvir histórias estimula a imaginação, educa, instrui e

desenvolve as habilidades cognitivas, além de fornecer o ponto de partida para se

introduzir o conteúdo programático (NEDER et al., 2009)

Para Silva (2009) a contação de histórias é um recurso de incentivo a leitura,

além disso, pode possibilitar a construção de outras habilidades, pois o ato de contar

história, além de atividade lúdica, amplia a imaginação e ajuda a criança a organizar

sua fala, por meio da coerência e da realidade, instigando o prazer pela leitura.

Na escola, as narrativas, segundo Coelho (2000) são uma importante fonte

de prazer para a criança e contribui para o seu desenvolvimento. Ao contar histórias

as crianças aprendem a lidar com situações reais ou fantasias, permitindo, assim, a

criação de novos fatos, talvez o que elas gostariam que fosse à sua realidade.

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Para Cury (2003) contar histórias fisga o pensamento, estimula análise.

A contação de história também corrobora para a aproximação do livro com a

criança, não por meio da imposição, mas pela aventura, curiosidade, ludicidade,

deste recurso da contação (SILVA, 2009).

A contação de história, para Neder et al. (2009) é uma importante aliada da

prática pedagógica, pois, além de desenvolver a criatividade, a oralidade e o

pensamento crítico, trabalha a construção da identidade do educando e abre

caminhos para novas aprendizagens nas diversas disciplinas, devido ao ser caráter

motivador sobre a criança.

Diante dessas colocações, para a contação de histórias no contexto escolar,

consideramos necessária a compreensão da estrutura narrativa da história a ser

contada.

Por isso, professor esse será o nosso próximo assunto...

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2 ESTRUTURA NARRATIVA DA HISTÓRIA A SER CONTADA

endo em vista que você professor também assume o papel de contador de

histórias, neste sentido, o docente pode trabalhar com os alunos textos orais

ou escritos dando ênfase aos elementos da narrativa.TPor isso, a seguir será apresentada uma história e como ela pode ser articulada

com os elementos que estruturam a narrativa da história.

Didaticamente consideraremos como elementos da estrutura narrativa: o tempo,

o espaço, o narrador, o personagem e o enredo.

Para exemplificar....

História...

Final da colheita do algodão, os trabalhadores sempre deixam partes da safra espalhadas pelo chão.

Foi então que Pedrinho vendo o tamanho do desperdício, pediu a Rafael, o dono da colheita, para recolher o resto do algodão que ficava no chão. Pois, tinha um sonho e

com o dinheiro, poderia realizá-lo.Todos os dias, ao chegar da escola e realizar sua tarefa, dirigia-se a roça e apanhava

as sobras de algodão, com um colo amarrado na cintura, estava no verão, por isso, era muito calor e o sol quente...

Após recolher o algodão, Pedrinho ia até a balança e pesava o algodão. Com o tempo, vendeu todo o algodão recolhido.

Com o dinheiro arrecadado, realizou seu sonho, comprou uma bicicleta...

Por meio dessa história narrada, podemos perceber que a representação do

tempo é relevante. A questão do tempo é um aspecto complexo e deve marcar-se pelo

reconhecimento da dualidade tempo discursivo ou da enunciação e tempo diegético ou

do enunciado (CARDOSO, 2009).

O tempo discursivo ou da enunciação pode ser linear ou invertido; é linear

quando a narração segue uma ordem cronológica; é invertido quando o narrador

antecipa um fato que aconteceu depois. Quanto ao tempo diegético ou do enunciado,

este pode ser cronológico ou psicológico. Sobre o tempo cronológico, Cardoso (2009)

enfatiza que é aquele que é medido pela natureza, pelo calendário ou pelo relógio,

transcorre na ordem natural dos fatos no enredo: estações do ano, horas, dias, meses

etc. Já o tempo psicológico, de acordo com a mesma autora, é o tempo interior à

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personagem e a ela relativo, porque é o tempo da duração de um dado acontecimento

no seu espírito, sendo as fronteiras do passado e do presente abolidas.

Professor...

O tempo aqui é parte integrante da construção do significado da narrativa, pois mostra o tempo da colheita e o tempo em que Pedrinho passou recolhendo o algodão.

Como o tempo, o espaço também é outro elemento importante da estrutura

narrativa da história a ser contada.

Sobre o espaço Soares (1999) diz que é o conjunto de elementos da paisagem

exterior (espaço físico) ou interior (espaço psicológico), onde se situam as ações das

personagens.

As principais funções do espaço, segundo Abaurre e Pontara (2011) são

identificar o “lugar” em que transcorre a ação, auxiliar na caracterização das

personagens (com elas interagindo, ou sendo por elas transformado) e contribuir para a

construção do tempo da narrativa.

Para Cardoso (2009) o espaço é patente, explícito, lugar físico onde correm os

fatos da história. Para a autora, o espaço comporta em si convenções e

condicionamentos que situam as ações das personagens, influenciando suas atitudes,

pensamentos ou emoções e podendo refletir as transformações das personagens.

Já o espaço, imbuído de valores socioeconômicos, morais e psicológicos é

chamado por Cardoso (2009) de ambientação, conceito que possibilita a confluência

entre tempo e espaço, acrescido da noção de clima.

Neste contexto, o mesmo autor destaca que as funções do ambiente são mais

simplificadamente, situar as personagens nas condições em que vivem e, mais,

complexamente, projeção dos conflitos vividos pelas personagens.

Professor...

O espaço mostra o lugar físico onde ocorre os fatos da narrativa, ou seja, a narrativa acontece em uma roça de algodão.

Dando continuidade à apresentação dos elementos constitutivos da narrativa,

apresentaremos agora o narrador.

Neste sentido, Cardoso (2009) diz que, para narrar é indispensável a existência

de um narrador que, sem dúvida, afeta o percurso da história narrada.

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O narrador pode ser entendido como o elemento interno à narrativa que

conta a história, apresentando e explicando os fatos que se sucedem no

tempo e introduzindo os personagens (CARDOSO, 2001).

Sendo assim, Gancho (2004) enfatiza que não existe narrativa sem

narrador, pois ele é o elemento estruturador da história.

Pode-se dizer que o narrador assume uma posição em relação ao fato narrado,

o seu ponto de vista constitui a perspectiva a partir da qual o narrador conta a história.

Ela pode ser contada na primeira ou na terceira pessoa. Segundo Cardoso (2001) essa

característica da narrativa é consequência das funções de seu narrador dentro

da mesma.

Gancho (2004) ao tratar do narrador de primeira e o de terceira pessoa, diz

que o narrador de primeira pessoa é aquele que participa diretamente do enredo como

uma personagem, tendo seu campo de visão limitado e, o narrador de terceira pessoa

é aquele que se posiciona fora dos fatos narrados, conhecido também como narrador

observador.

Professor...

O narrador é elemento fundamental para o sucesso do texto, pois atua como intermediário entre a ação narrada e o leitor.

A personagem também é um dos elementos constitutivos da narrativa e, pode

ser entendida como sendo um ser criado no contexto da ficção que simula as

características de uma pessoa real.

Por isso, conforme Cardoso (2009) a personagem não precisa ser verídica, mas

verossímil, adequada à realidade em que está inserida. Pode-se dizer que ela é um

simulacro feito de palavras, que contém as possibilidades das ações e paixões do ser

humano.

Cardoso (2009) complementa informando que a personagem pode

desempenhar vários papéis na narrativa. Segundo ela, o principal deles é o de

protagonista, concorrendo para manutenção temática, quando é preciso que se

destaque apenas uma personagem e, em torno dela, gire o conflito central. Esse papel

pode ser representado por um herói ou anti-herói, o qual é o condutor do jogo, que

favorece a criação do conflito – intriga, drama – da narrativa.

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Para que o conflito aconteça faz-se necessário a presença do antogonista que,

de acordo com Gancho (2004) é a personagem que se opõe ao protagonista, seja por

sua ação que atrapalha, seja por suas características opostas às do protagonista.

Neste contexto, Cardoso (2009) destaca que, para que o conflito se estabeleça,

é preciso que uma força contrária apareça, ou seja, que haja obstáculos ao

protagonista, os quais correspondem, na maioria das vezes, às ações do antagonista

em direção à personagem principal.

Professor...

Na narrativa apresentada, vemos Pedrindo como o protagonista, ou seja, como a personagem principal da história.

O enredo é outro elemento constitutivo da narrativa e, segundo Cardoso (2009)

ao observá-lo duas questões são relevantes, ou seja, sua estrutura e sua

verossimilhança. A primeira diz respeito ao conjunto de fatos que compõem a história,

enquanto a segunda diz respeito à coerência interna do texto.

Tanto a estrutura quanto à verossimilhança são amarradas pelo conflito,

elemento estruturador das partes da narrativa.

Cabe destacar que o conflito é um elemento importante dentre do enredo uma

vez que, conforme Gancho (2004) determina as partes do enredo: exposição,

complicação, clímax e desfecho.

Cardoso (2009) informa que a exposição corresponde à introdução da narrativa,

na qual são apresentados os fatos iniciais, o cenário da trama, personagens, a situação

inicial. Na complicação, ocorrem os conflitos, a maior parte da narrativa. O clímax é o

momento culminante, de maior tensão. Por fim, o desfecho soluciona o(s) conflito(s),

isto é, um retorno a uma situação de equilíbrio, diferente da situação inicial.

Sobre o enredo, Dohme (2000) enfatiza que a sucessão de episódios, os

conflitos que surgem e a ação dos personagens formam o enredo.

A autora também chama a atenção para o fato de destacar o que é essencial na

narrativa e quais são detalhes da história.

Neste sentido, para Dohme (2000) o essencial deve ser rigorosamente

respeitado, já os detalhes podem variar conforme a criatividade do narrador, a situação

que se deseja abordar, as facilidades ou limitações da técnica usada ou mesmo o tipo

de audiência (leitores).

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Professor...

O enredo da narrativa se deu por meio da sucessão de ações e acontecimentos, como a colheita, o desperdício, a visão de que o não desperdício poderia render algum

dinheiro e a realização do sonho.

De modo geral, conhecer a estrutura narrativa da história a ser contada faz-se

necessário. Pois assim e com alguns recursos linguísticos, corporais e cognitivos o

aluno poderá contar a sua própria história...

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3 O ALUNO CONTA SUA HISTÓRIA

gora, professor, nesta fase do trabalho, será preciso mobilizar com os alunos

a prática da contação de histórias, de modo que eles serão os “contadores de

suas narrativas, socializando uma dada história com a sala.APara tanto, os alunos poderão contar com alguns recursos. Com isso, segundo

Neder et al. (2009) ele pode tornar a narrativa mais atraente, explorando sua

criatividade.

Além disso, os recursos auxiliam na contação de histórias, uma vez que as

personagens tornam-se, de certa forma, reais, chamado a atenção dos alunos e

estimulando a sua imaginação.

Professor...

Devido à importância dada por alguns teóricos sobre a utilização dos

recursos na contação de história, a seguir mostraremos exemplos de como utilizar

o livro, os fantoches, o velcômetro, as dobraduras, as marionetes e o teatro de

sombras nesse tipo de narrativa.

Cada recurso pode ser utilizado ao mesmo tempo, ou seja, os alunos podem ser

divididos em grupos e cada grupo utiliza um deles ou os recursos podem ser utilizados

um de cada vez.

O livro, sendo um dos recursos utilizados para a contação de histórias pode ser

utilizado por meio do cineminha.

O cineminha, para Dohme (2000) é usado para valorizar bons livros, textos,

gravuras e ilustrações. São gravuras de formato igual e predeterminado, coladas umas

às outras para formarem um “filme”. Este deve ser colocado no cineminha de modo a

expor as gravuras uma a uma, à medida em que o narrador desenvolve a história.

A autora destaca que este recurso é muito adequado ao uso da fantasia, pois

valoriza as gravuras existentes ou, se elas forem criadas, podem transmitir tudo aquilo

que o texto necessita.

A técnica do cineminha desenvolve a atenção, imaginação, informação cultural,

senso do belo e criatividade.

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Ao ser utilizado o cineminha, Dohme (2000) dá algumas dicas de utilização. São

elas:

• As crianças devem ficar muito próximas do cineminha, sentadas em círculos;

• O narrador deve ficar sentado na mesma altura que as crianças;

• Verificar antes se o filme está correndo nem nas engrenagens internas do

cineminha, para evitar que este se enganche e distraia a atenção das

crianças;

• Ficar em uma posição que dê para ver o semblante das crianças mas

também a gravura que se enconta em exposição;

• Falar em volume compatível para uma boa audição, com boa dicção e dando

entonações adequadas à voz;

• Valorizar sempre o artista que fez a gravura e o autor do texto. Se for o caso

do autor ser notório, conhecido, dar uma pequena descrição do mesmo.

Professor, você pode suerir algumas dicas para construir um cineminha de

acordo com Dohme (2000):

Para confeccionar a caixa do cineminha, é preciso uma madeira compensada

de 8 mm de 40cm x 30cm e recortá-la em 4 peças (2 de 30 cm e 2 de 40cm).

As duas peças com 40 cm de espessura serão o teto e o piso do teatro e as

outras duas peças de 30cm serão as laterais da caixa.

A peça frontal deve ser recortada da mesma madeira e nas seguintes

medidas 27cm x 20 cm.

Para montar o cineminha, é preciso ter dois cabos de vassoura de 38,5 cm

aproximadamente. Eles devem ser colocados acima e abaixo da janela frontal da

caixa.

É preciso fazer ainda três orifícios de 4cm de diâmetro nas laterais da caixa,

dois do lado esquerdo e um do lado direito. Na parte superior do lado direito, haverá

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um orifício maior. A razão é para dar maior comodidade na remoção e colocação da

haste que conterá o “filme”.

É preciso ainda cortar mais 2 pedaços de cabo de vassoura de 50cm. Em um

deles colocar perpendicularmente um pedaço de madeira de cerca de 10cm x 2cm,

que será a borboleta.

A haste formada pelo pedaço do cabo de vassoura onde foi colocada a

borboleta, ficará na parte inferior da caixa do cineminha e será aquela que tracionará

o filme. Deixar a outra haste fora da caixa, nela será enrolado o filme. O conjunto

será colocado na parte superior da caixa.

As medidas do cineminha estão projetadas para um rolo de filme feito de

papel A4 (210 x 297mm). Ele será composto de cópias dos desenhos do livro

escolhido ou em desenhos feitos em folhas avulsas.

Depois de ter todas folhas desenhadas ou copiadas elas deverão ser unidas,

nos sentido da largura, com cola ou fita adesiva. O rolo deverá ser formado ao

contrário, isto quer dizer que a primeira folha do rolo será a última da história e a que

contém o desenho que iniciará a história, a última do rolo. Assim, é preciso colocar

uma folha em branco no início e outra no fim do rolo, estas folhas serão utilizadas

para fixação nas hastes respectivas.

A folha em branco colocada no início do rolo (fim da história) deve ser fixada

na haste que estava fora do conjunto. Enrolar o filme nesta haste e colocá-la no

lugar apropriado. Passar o filme pelas hastes guias (aquelas que estão posicionadas

bem perto da parte frontal do cineminha) e, finalmente, fixar a folha em branco inicial

na haste que fará a tração. Depois de pronto, o cineminha seja pintado e decorado

de forma bem alegre.

Professor...Como sugestão de atividade, utilizando, neste caso, o cineminha, recomenda-se

que sejam utilizados os clássicos da literatura infantil.

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O fantoche é um outro recurso significativo para a contação de histórias.

Segundo Dohme (2000) são muito apreciados pelas crianças e podem ser usadas por

mais de um narrador. Outra vantagem é que se pode ter o roteiro escrito, o que

facilitará a tarefa.

O fantoche é um boneco que personifica a personagem tornando-se algo real e

concreto. São bonecos movimentados pelas mãos, utilizando-se a voz de narra a

história, que fica escondido atrás de um teatro apropriado. Além disso, as histórias

devem ser transformadas em diálogos entre as personagens. Para descrever uma

cena, utiliza-se o próprio personagem.

Os fantoches desenvolve a atenção, imaginação, habilidade manual e

criatividade.

Dohme (2000) recomenda as seguintes dicas de utilização para os fantoches:

• Encontrar uma posição confortável, que permita livre movimentação dos

braços;

• Deixar os bonecos prontos e em lugar de fácil acesso para troca;

• Afixar o texto escrito em letras grandes e sem necessidade de virar as folhas;

• Usar uma entonação de voz para cada personagem e não mudá-la durante a

narração;

• Manter o boneco em uma altura suficiente para que não se veja o antebraço

do operador;

• Entrar e sair com as personagens sempre pelas laterais;

• Movimentar o boneco de acordo com a história: virar o corpo na direção de

quem está falando, abrir os braços nas exclamações, colocar a mão na boca

nas surpesas, etc.;

• Ter um operador auxiliar para os efeitos especiais e sonoros;

• Não abrir e fechar as cortinas com os fantoches. Usar um auxiliar do lado de

fora;

• É interessante que pelo menos ume ducador fique do lado de fora da

encenação. Ele controlará as crianças mantendo a motivação e a atenção.

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Para a contação de histórias, por meio de fantaches recomenda-se que seja

montado um pequeno teatro de madeira. Além disso, recomenda-se que o teatro tenha

cortinas que corram em um varão. É preciso ainda pensar no cenário...

Professor...Como sugestão de atividade utilizando-se os fantoches recomenda-se que

sejam utilizadas histórias inventadas pelas próprios alunos.

O velcômetro é outro recurso que pode ser utilizado na contação de história.

Segundo Dohme (2000) o velcômetro são desenhos dos personagens da história em

diversas posições que são fixados em um quadro neutro (sem cenário/preto). Tanto os

desenhos como o quadro possuem tiras de velcro para possibilitar a adesão.

No que se refere a interação, a autora diz que é um dos recursos que mais

permite a interação dos espectadores com o narrador. Os alunos podem ir colocando

as personagens conforme se desenrola a trama. Podem desenhar ou pintar as figuras,

esboçar eles mesmos as figuras para uma história apresentada, ou vice-versa, criar

uma história para figuras que lhes serão entregues.

Ao usar o velcômetro na contação de histórias tem-se a possibilidade de

desenvolver a atenção, imaginação, habilidade manual e criatividade (nas interações).

Por isso, Dohme (2000) recomenda as seguintes dicas de utilização desta

técnica:

• Colocar-se ao lado do quadro e ir colocando as figuras sem posicionar-se à

frente dele, o que obstruiria a visão das crianças;

• Trabalhar em pé, com as crianças sentadas ou também em pé;

• Deixar as figuras bem posicionadas e em lugar de fácill acesso para troca;

• Colocar as figuras já utilizadas em local escondido;

• Misturar a narrativa com a fala dos personagens. Neste caso, escolher uma

entonação de voz adequada a cada personagem e mantê-la no decorrer da

narração;

• Se desejar, as figuras podem ser numeradas no verso, facilitando a sua

apresentação;

• Tomar cuidado para que os tamanhos de todas as figuras sejam

proporcionais entre si.

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Dohme (2000) sugere algumas dicas para o quadro suporte para o velcômetro.

São elas:

É preciso utilizar um quadro de madeira compensada de 0,5cm de espessura

já montado. Ou mandar montar um quadro em eucatex no formato de 80cm x 80cm.

Deve-se cortar um pedaço de feltro preto, deixando uma margem de 5cm para cada

lado do quadro.

É preciso providenciar uma tira de velcro na cor preta, preferencialmente com

5cm de largura. Com giz próprio para tecido, riscar o feltro com linhas verticais de

9cm em 9cm. Marcar somente no tamanho do quadro original, não ultrapassando as

margens de segurança. Caso a tira de velcro utilizada não tiver 5cm de largura, dar

um espaço proporcionalmente menor entre as linhas. Depois, costura as tiras a

máquina e dolar o feltro com as tiras d evelcro costuradas no quadro utilizando cola

de sapateiro. Virar as beiradas para dentro e colá-las.

Para as figuras, faz-se necessário ampliá-las e colá-las em um papel mais

grosso, pintá-las e recortá-las. Após isso, colar um pedaço de velcro no verso de

cada figura. O pedaço de velcro deve ser de textura oposta à usada no quadro.

Para narrar a história basta ir colocando no quadro as peças em uma sequência

que acompanhe o desenrolar da história contada.

Professor...Como sugestão para o uso do velcômetro recomendam-se as narrativas do

âmbito familiar.

Outro recurso na contação de histórias são as dobraduras, nas quais os

personagens são feitos de dobraduras e a narração é auxiliada por elas.

Segundo Dohme (2000) geralmente, esta técnica é utilizada somente por uma

pessoa. Ela poderá ir fazendo as dobraduras à medida que conta a história ou já tê-las

prontas.

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A técnica da dobradura deve ser feita em cima de uma mesa ou no centro de um

semicírculo formado pelas crianças.

Esta técnica desenvolve a atenção, imaginação, dedução, habilidade manual,

coordenação motora e de equipe.

Por isso, Dohme (2000) recomenda as seguintes dicas de utilização:

• Empregar a técnica somente quando estiver absolutamente seguro de sua

confecção;

• Manter o material para as dobraduras organizadamente à mão e não visível

para as crianças;

• Se for desenvolver as dobraduras durante a narração, ter modelos de

reserva prontos para o caso de improvisos;

• No caso de utilizar as dobarduras já prontas, tê-las organizadamente à mão e

não visíveis para as crianças;

• Quando um personagem não mais entrar em cena, guardá-lo longe da vista

do público;

• Acomodar a audiência de forma estratégica, para que todos possam ver as

pequenas peças. Ficar sempre em posição oposta à audiência;

• Tomar cuidado com o manuseio das peças: os braços devem ficar bem

esticados, evitando que o próprio corpo tape a visão dos expectadores;

• Não dar pausas na narração para fazer as dobraduras;

• Não dar um intervalo muito longo entre o início da narração e o momento que

a dobradura será apresentada pronta. As seguintes alternativas podem ser

usadas: vir com a dobradura inicial semipronta;

• Ter um início que coadume com o papel tao e qual (sem dobraduras);

• Ter uma introdução mais lona, que permita suportar os primeiros passos.

Professor...Como sugestão para atividade com dobradura recomenda-se a história de

Pedro o Marinheiro. Enquanto o narrador executa a dobradura deve ir contando a história cujos passos devem coincidir com o final da história.

História...Pedro o Marinheiro

Numa praia distante e deserta, avistou-se apenas uma tenda (dobra uma folha retangular ao meio, imitando a tenda), dentro da qual estava um chapéu (faz a

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dobradura do chapéu), que ali fora esquecido por um marinheiro chamado Pedro. Depois de muita procura, o marinheiro encontra seu chapéu e o coloca na cabeça.

Pega, então, seu barco (faz a dobradura do barco) e parte para uma longa viagem, em alto-mar. O dia estava lindo, as águas calmas e o barco navegava tranquilamente. Aos

poucos, porém, o tempo começa a mudar: o céu escurece e começa a ventar – é o anúncio de uma grande tempestade. Pedro pensa em voltar à terra firme, antes que chovesse. Mas não há mais tempo: uma forte chuva começa a cair. As ondas ficam

revoltas, o barco começa a balançar de um lado para outro e acaba batendo num rochedo que lhe arranca parte da proa (rasga a parte da frente do barco). O barco

rodopia e bate novamente no rochedo, desta vez com a parte de trás da embarcação, a popa (rasga a parte posterior do barco). Apesar de bastante danificado, o barco se

mantém sobre a água, graças à perícia do marinheiro. No entanto, logo se faz ouvir um fortíssimo raio, o qual acaba rasgando a ponta do mastro da embarcação, que acaba

afundando (rasga a ponta da parte central do barco). Passada a tempestade, uma equipe de salvamento vai até o mar, à procura de Pedro e dos destroços do barco.

Após longa busca, os mergulhadores encontraram... Quem adivinha o que eles encontraram? Pois é, encontraram apenas (depois de bastante suspense, o professor

vai desdobrando, aos poucos, o papel, o que restou do barco), apenas... a camiseta de Pedro, o marinheiro (mostra aos alunos no que se transformou o barco – uma

camiseta)!A seguir, o professor pede aos alunos que pensem na história narrada e imaginem um

final para ela. O que teria acontecido com Pedro: conseguiu salvar-se, ou teria morrido? Como? Ou solicita às crianças que criem uma nova história, a partir da

dobradura.

Segue o modelo da dobradura:

A história e o dobredura é encontrada no link <http://clikeducacao.webnode.com/

products/historia-com-dobradura-pedro-o-marinheiro/>.

Aqui foi demonstrada uma maneira de trabalhar com a contação de históiras por

meio de dobraduras, no entanto, podem ser usadas inúmeras dobraduras para este

fim.

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As marionetes são recursos também utilizados na contação de histórias. De

acordo com Dohme (2000) marionetes são bonecos movimentados por fios amarrados

nos pés, mãos e cabeça. Geralmente seus operadores ficam em pé atrás do palco,

ocultados por uma cortina.

Neste sentido, destaca-se que a marionete é composta por três elementos

estruturais: o boneco ou figura animada, representando um ser humano, animal ou

criatura antropomórfica; os fios de comando, que comunicam ao boneco os gestos e

acções pretendidas pelo animador; o comando ou cruzeta, destinado a controlar os fios

e os movimentos do boneco.

As histórias, neste recurso, devem ser transformadas em diálogos entre os

personagens. Para descrever uma cena, utiliza-se o próprio personagem.

Essa técnica explora o encantamento, no entanto, permite pouca interação com

a platéia. Além disso, desenvolve o senso estétido, atenção e imaginação.

De acordo com Dohme (2000) são algumas recomendações, ao utilizar as

marionetes:

• Os operadores devem procurar uma posição confortável em pé atrás da

cortina;

• Treinar muito o controle dos movimentos dos bonecos por meio dos fios.

Fazer movimentos coordenados com as falas;

• Testar antes do início o volume de voz adequado, lembrando que a cortina

abafa o som;

• Movimnetar as marionetes com corpo ereto para proporcionar melhor clareza

na voz;

• Deixar os bonecos prontos e em lugar de fácil acesso para troca;

• Se houver troca de roupas, uso de objetos e de som, utilizar um assistente;

• O texto poderá ser escrito com letras grandes e afixado em local visível para

todos, de fora que não necessite virar as folhas;

• Dar uma entonação de voz para cada personagem e não mudá-la durante a

narração;

• Cuidar para que a mão e o antebraço do operador fiquem ocultas atrás da

cortina;

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• Entrar e sair com os personagens sempre pelas laterias. Esperar a entrada

na “coxia”;

• Movimentar o boneco de acordo com a história: virar o corpo na direção de

quem está falando, abrir os braos nas exclamações, colocar a “mão” na boca

nas surpresas, etc.;

• Um educador pode ficar fora da encenação, mantendo a motivação das

crianças.

As marionetes são importantes recursos na contação de histórias, uma vez que

a história é desenvolvida no chão e os operadores, segundo Dohme (2000) ficam

colocados atrás de um pequeno cenário. As histórias com bastante movimento,

dinâmicas e engraçadas são as que melhor se ajustam a essa técnica, visto que, os

bonecos são esguios, eles se prestam às mais diversas caracterizações.

Professor...Como sugestão para atividade com marionetes recomenda-se que sejam

utilizadas as fábulas de La Fontaine.

Como última sugestão de recurso para a contação de histórias sugere-se o

teatro de sombras.

Para Dohme (2000) o teatro de sombras são silhuetas dos personagens da

história em diversas posições fixadas em uma haste. Estas figuras são movimentadas

em um teatro semelhante ao de fantoches, com uma lâmina tosca na janela e

iluminação por trás. A sombra das figuras é que ilustra a narração.

Neste recurso, as histórias precisam ser transformadas em diálogos. Para

descrever uma cena utiliza-se a própria personagem.

Ao ser utilizado o teatro de sombras, os alunos podem participar da

apresentação juntamente com os adultos. Podem fazer as silhuetas, criarem e

apresentarem uma história. Pode ainda fazer um jogo com reprodução de figuras de

animais com as mãos.

Ao usar o teatro de sombras na contação de histórias, tem-se a possibilidade de

desenvolver a atenção, imaginação e criatividade.

Por isso, Dohme (2000) recomenda as seguintes dicas de utilização:

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• Encontrar uma posição confortável para toda a equipe antes do início da

apresentação. Ter certeza de ter livre a movimentação dos braços;

• Deixar os bonecos prontos e em lugar de fácil acesso para troca;

• Se necessário, afixar o texto escrito em letras grandes, em local visível para

todos e de forma que não seja preciso virar as folhas;

• Usar uma entonação de voz para cada personagem e não mudá-la durante a

narração;

• Manter o boneco em uma altura suficiente para não se ver a haste que segua

a fuigura ou o antebraço do operador;

• Entrar e sair com os personagens sempre pelas laterais;

• Ter um operador auxiliar para os efeitos especiais e sonoros;

• É interessante que pelo menos um educador fique fora da encenação. Ele

controlará as crianças mantendo a motivação e auxiliando na disciplina;

• As luzes poderão ser apagadas enquanto são feitas as mudanças.

Para a montagem do teatro, Dohme (2000) recomenda que:

Seja cortada uma placa de acrílico branco leitoso de espessura 0,5mm e no

formato de 70xm x 40cm. A placa de acrílico será afixada em pequenos ganchinhos

de metal ou plástico pregados na abertura frontal do teatro.

Nas laterais do teatro deverá haver uma peça de cada lado que serão os

engates. Estes engates suportarão uma peça de madeira nas medidas de 82cm x

8cm x 1cm de espessura. Nesta barra deverá ser afixado um soquete com

respectivo fio e interruptor. No soquete coloca-se uma lâmpada de 150 wats.

Feito isso, você poderá utilizar o teatro de sombras.

Para a contação de histórias, deve-se ampliar as figuras que serão usadas,

depois decalcar o seu contorno em uma cartolina grossa e recortar cuidadosamente.

Além disso, é preciso colar cada peça em um pauzinho do tipo palito de sorvete.

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Professor...Como sugestão para atividade com o teatro de sombras

sugere-se que os alunos contem histórias referentes casos ou relatos de experiência vivida.

Para isso, é importante que cada aluno monte e pinte as figuras para poder socializar a história para a classe.

De modo geral, além dos recursos materias aqui ressaltados, a entonação, a

dicção, a velocidade, a tonalidade, o vocalubário, a corporalidade, os gestos e a

expressão facial também são grandes aliados na contação de histórias, enriquecendo

de modo significativo a narrativa.

Por isso, a seguir trataremos especificamente sobre o uso de elementos

pertinentes à oralidade.

3.1 O USO DE ELEMENTOS PERTINENTES À ORALIDADE

Ao contar história é preciso exercitar uma voz fluente, que muda o tom durante a

exposição. Assim sendo, recomenda-se produzir gestos e reações capazes de

expressar o que as informações lógicas não conseguem, uma vez que uma história

bem contada dificilmente é esquecida, pois ela fica na memória de quem a ouve.

Por isso, as pessoas que estão falando em público devem ajustar o volume à

situação em que se encontram. Pois cada ambiente exigirá um volume de voz

adequado e isto precisa ser avaliado.

Neste sentido, o professsor deve considerar os seguintes aspectos:

• Distância entre o narrador e sua platéia. Evidentemente, quanto mais longe

estiverem os ouvintes, mais alto de deve ser o volume da voz da narrativa;

• Tamanho da sala: se o ambiente é grande, ele exigirá um volume maior,

mesmo que as pessoas estejam perto do narrador;

• Acústica da sala: o formato da sala e os materiais que a revestem

influenciam a propagação da voz;

• Ruídos externos: se houver concorrência com outros ruídos, certamente será

necessário fazer um ajuste para contrabalançá-los.

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A dicção também é importante, pois é frequentemente culpada quando uma

mensagem não é entendida. Se as palavras não forem bem pronunciadas, a

mensagem é recebida de forma truncada, porque a não compreensão de uma palavra

pode levar a incompreensão de toda a frase, e não entender uma frase pode prejudicar

o entendimento de toda a história (DOHME, 2000).

O professor pode explicar aos alunos que, para ter boa dicção, o primeiro passo

é tomar cuidado ao pronunciar de forma clara cada uma das sílabas que compõem a

palavra, sentindo cada um dos seus sons. Outra atenção que se deve ter é dar espaço

entre uma palavra e outra, procurando não emendar as palavras de uma mesma frase.

A velocidade da fala, segundo Dohme (2000) pode ser medida pelo número de

palavras que uma pessoa pronuncia em ume sapço de tempo determinado. Cada

narrador tem uma velocidade na fala, isto é uma carcaterística individual. Mas deve-se

cuidar quando essa velocidade influi na compreensão do texto.

O professor deve comentar com a classe que a velocidade da fala está muito

ligada à boa dicção. Quem estiver com a sua dicção em desenvolvimento, precisa

obrigatoriamente falar mais devagar, para ajudar na compreensão da sua

comunicação. Além disso, combinar as diversas variações de velocidade e entonação,

podem-se conseguir efeitos interessantes.

De acordo com Dohme (2000) os sons classificam-se em graves e agudos.

Cada pessoa tem o seu registro vocal próprio, mas facilmente pode alcançar alguns

tons abaixo e acima desse registro. Isto será suficiente para conseguir efeitos

surpreendente.

Neste sentido, o professor pode explorar que os diversos personagens dentro de

uma narrativa podem ter característica vocal própria, o que será muito atraente, mas

também perigoso, pois necessita de atenção do narrador para manter a característica

de cada personagem e alterná-la rapidamente na mudança de personagens e nos

diálogos.

Outro fator importante referente à oralidade é o vocabulário, pois as pessoas,

conforme Dohme (2000) podem não estar entendendo a comunicação simplesmente

porque não conhecem o sentido das palavras que estão sendo usadas. Principalmente,

quando se fala com crianças.

Assim, o professor deve lembrar de que a não compreensão de uma palavra

pode prejudicar o entendimento de toda a frase. Além disso, a incompreensão de uma

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frase pode levar a uma sucessão de incompreensões, que acaba levando ao

desinteresse e à desistência em acompanhar a narrativa.

Além desses fatores já mencionados sobre a oralidade, a corporalidade, os

gestos e a expressão facial também são importantes ao narrar uma história.

De acordo com Dohme (2000) o bom narrador não se senta e fica falando,

impávido. O corpo deve acompanhar o que está sendo descrito. Pois, todo o corpo

deve falar, ou seja, a posição do tronco, os braços, as mãos, os dedos, a postura dos

ombros, o balanço da cabeça, as contrações faciais e a expressão dos olhos.

Neste sentido, os gestos devem estar coerentes com a narração, usados para

reforçá-los. Os gestos nunca devem ser usados de forma não calculada, sistemática,

principalmente quando se está contando uma história. Isto irá confundir a plateia, ainda

mais se estiver composta de crianças (DOHME, 2000).

Por isso, professor recomende aos alunos que gestos exagerados e bruscos

devem ser evitados.

No que se refere à expressão facial, Dohme (2000) diz que a mesma poderá

falar mais do que muitas palavras. Para esta técnica é preciso treino. Além disso, é

preciso ter consciência de que é necessário exagerar um pouco quando se está

interpretando.

Sobre isso, a mesma autora, diz que muitas vezes as pessoas têm o sentimento

e por isso acham que estão transmitindo, mas isto pode não ser verdade. O narrador

pode estar sinceramente emocionado, mas se a sua fisionomia estiver transmitindo

pouco, ninguém perceberá e sua tarefa não será bem cumprida. Por isso, professor

deve recomendar aos alunos que treinem em frente ao espelho.

3.2 PROCEDIMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO FALADO

Nesta parte do trabalho, inicalmente, o professor precisa estar atento

aos procedimentos de construção do texto falado para direcionar os alunos

neste processo.

A seguir trataremos especificamente sobre a dimensão da interação, a

construção do referente por ativação e por reativação, os marcadores

conversacionais e os marcadores cinésicos como procedimentos necessários

de construção do texto falado.

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A Dimensão da Interação

Quando contamos uma história, essa produção traz como componente central a

interação. Sendo assim, para que essa intercompreensão aconteça, de fato, é

necessário que o falante recorra a elementos e procedimentos que possam contrubuir

para a efetivação da interação entre os que fala e os que ouvem.

Construção por Ativação

Na contação de histórias, o aluno procura evidenciar aquilo que tem maior

relevância no seu discurso. O professor necessita encaminhar a atividade, explicando

aos alunos que eles, na prática de construção da história a ser contada, deverão

selecionar as palavras de modo a organizarem o texto, ativando expressões/termos

que vão compor a trama narrativa.

Construção por Reativação

Também o professor deverá atentar-se o fato de que o aluno utiliza recursos a

partir dos quais ele retoma ou repete conteúdos do texto. Como na fala, o planejamento

e a execução do discurso acontecem em tempo real, é necessário que, ao falarmos,

voltemos atrás para corrigir ou melhorar o que dissemos. Vale a pena o professor

explicar as formas de retomadas do conteúdo e mecanismos de reiteração do que está

sendo dito, como por exemplo: a retomada por meio de uma expressão ou a partir de

um termo mais abrangente ou ainda de palavras pertencentes a um mesmo campo

semântico o uso dos pronomes como meio de evitar repetição de um termo.

Marcadores Conversacionais

Professor, os marcadores conversacionais, segundo Ruiz (2004) funcionam

como elementos de interação entre os participantes e de articulação entre os

segmentos do texto.

Acredita-se que esses elementos aproximam pessoas num diálogo, ou em um

caso específico, como o da contação de histórias.

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Neste sentido, a autora afirma que os elementos não verbais, na arte de contar

histórias, devem considerar, com grande importância, o sentido produzindo pelos

olhares, pausas longas, risos, entonações, alongamentos e gestos variados.

Destaca-se que os marcadores conversacionais não constituem uma classe

gramatical própria, ou seja, elementos de todas as classes gramaticais e formas

sintáticas podem em princípio funcionar como marcadores conversacionais. No

entanto, não possuem papel sintático ou mesmo sintático-semântico, mas sim

discursivo.

Segundo Ruiz (2004) os marcadores conversacionais são subdvididos em três

categorias: os iniciais, que marcam o início ou tomada de turno; os mediais,

representados, muitas vezes, por advérbios, conjunções, alongamentos, sendo estes

responsáveis pelo desenvolvimento do turno, prpriamente dito e; os finais, que marcam

a passagem implícita ou explicita do turno.

Por isso, professor, ao ser trabalhado com a contação de história, é importante

explorar os marcadores conversacionais com os alunos. Por exemplo:

• Linguísticos verbais lexicalizados (sabe? entende?);

• Não lexicalizados (ah, hum...);

• Marcadores prosódicos (pausas, alongamentos, tom da fala);

• Uso de onomatopeias, para garantir um estilo descontraído à narrativa,

imitando sons e barulhos produzidos pelas personagens;

• Alongamento das vogais, expressando a euforia ou medo da personagem;

• Repetição de ideias, palavars, dando ênfase as expressões e aos fatos;

• Voz de suspense sussurrada e pausada, mantendo os alunos atentos e criar

um clima de incerteza;

• Pausas, para organizar o pensamento e criar suspense.

Marcadores Cinésicos

Professor, diante da prática de contar história, conforme Ruiz (2004) é fácil

perceber que a significação e encanto das narrativas orais não depende apenas da

expressividade linguística ou do enredo e da trama. Pelo contrário, a linguagem verbal

fortalece-se com a expressividade dos gestos: mãos, expressões faciais, risos, braços,

enfim, o corpo com uma todo.

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Por isso, recomendamos que sejam explorados os seguintes marcadores

cinésicos com os alunos na contação de histórias:

• Franzir as sombrancelhas ou fazer cara feia ao irritar-se, ou quando a

narrativa exigir raiva;

• Mover a cabeça para baixo, ao indicar sim;

• Balançar a cabeça de um lado para o outro, para indicar não;

• Pálpebras bem abertas, quando a narrativa exigir atenção, perspicácia;

• Pálpebras descidas, quando a narrativa exigir modéstia, vergonha;

• Levantar o queixo nas interrogativas;

• Olhos esbugualhados nas surpresas;

• Dêiticos temporais (ontem, atirar o pulso sobre o ombro);

• Dêiticos quantitativos (nada, agitar a mão; muito, com a palma da mão

voltada para a cima);

• Dêiticos espaciais (aqui, dirigir várias vezes o indicador apontando para

baixo, etc.).

Professor, com essas sugestões espera-se que, ao construi ruma prática

com a contação de histórias em sala de aula, o aluno tenha oportunidade de

utilizar vários recursos e procedimentos na construção do seu texto falado.

Tudo isso, com o intuito de incentivar a leitura e, consequentemente, a

leitura literária.

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ORIENTAÇÕES/RECOMENDAÇÕES

A unidade didática “a arte de contar histórias como um incentivo à leitura” é

direcionada ao professor para que, o mesmo possa utilizá-la em sua ação docente

com alunos de 6ª série / 7ª ano do Ensino Fundamental.

Recomenda-se que a contação de histórias se dê modo que o aluno veja a

narrativa como uma forma de explorar a sua criatividade e estimular a sua imaginação.

Os recursos para a contação de histórias aqui elencandos como o livro, os

fantoches, o velcômetro, as dobraduras, as marionetes e o teatro de sombras são

recomendadaos para alunos de 6ª série / 7ª ano do Ensino Fundamental. No entanto,

com as devidas adaptações, os mesmos poderão a critério do professor ser utilizados

nas outras séries dos anos finais do Ensino Fundamental.

A contação de história é uma estratégia diferente de incentivar a leitura, pois se

apresenta como um convite à imaginação e a uma compreensão da dimensão

narrativa. Além disso, as histórias convidam os alunos a entrarem num mundo que só a

leitura proporciona, ou seja, um mundo de conhecimento, informação e curiosidades.

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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO

As discussões sobre a contação de história são muito pertinentes à Língua

Portuguesa, uma vez que, por meio delas é possível ver a contação de histórias como

um importante recurso de incentivo a leitura.

Por isso, apresentamos essa unidade didática sob o tema “a arte de contar

histórias como um incentivo à leitura”.

A relevância desta unidade didática está em sistematizar um material que

constitua uma fonte de consulta para os professores de Língua Portuguesa

interessados na temática e contribuir diretamente para o incentivo à leitura.

No entanto, faz-se necessário que a mesma seja constatemente avaliada no

sentido de saber se está sendo efetivada como proposta pedagógica de incentivo à

leitura.

Caso contrário, recomendamos que estudos complementares aconteçam para

maiores reflexões sobre a temática em questão.

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