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Para que um Caderno de estudos ste caderno tem a finalidade de aprofundar os conteúdos das atividades propostas nos Cadernos de orientações da Caixa Trilhas para abrir o apetite poético, dando especial atenção aos proces- sos de aprendizagem da criança. A intenção é fundamentar a prática pedagógica, aprofundando os conteúdos e as aprendizagens das situações sugeridas nos Cadernos. Partimos do pressuposto de que determinados tipos de aprendizagem são favorecidos conforme o planejamento que se faz e como a atividade se desenrola, ou seja, como se dão os procedimentos de atuação do professor. O planejamento é a principal ferramenta do professor, na medida em que se tenha clareza do objetivo da atividade e que seja capaz de antecipar os desafios lançados às crianças. Justamente por esta razão, damos especial atenção para analisar como, para que e por que propor as atividades aqui recomendadas. Este Caderno está organizado em três partes: Na primeira, há uma apresentação dos conteúdos dos Cadernos de orientações desta caixa e dos ma- teriais específicos que a compõem, com detalhes sobre como e por que foram pensadas as propostas de atividades a ser realizadas com as crianças. É nessa parte que também se definem o trabalho com livros e as letras das canções dos CDs e os benefícios desse tipo de texto para as aprendizagens de leitura e escrita das crianças. A segunda parte está organizada em torno de como se trabalha com os textos poéticos. Nela você poderá compreender melhor os conteúdos tratados nas atividades sugeridas nos Cadernos de orientações, refletindo sobre a melhor maneira de apresentá-los às crianças, de forma a favorecer as aprendizagens esperadas. Na terceira parte, há um glossário e uma bibliografia. No glossário você vai encontrar as definições de termos que estão destacados com uma cor diferenciada nos Cadernos de orientações. Criamos esse glossário por acreditar que um maior aprofundamento nos conceitos que fazem parte do conhecimen- to da língua ajuda o professor na formulação e condução de suas atividades em sala. Na bibliografia há a lista dos livros e materiais que foram consultados para a concepção e escrita do material que compõe a Caixa 2 do Trilhas. Desejamos a você um bom estudo! Caderno de Estudos FINAL.indd 1 04/03/2010 15:35:34

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Para que um Caderno de estudos

ste caderno tem a finalidade de aprofundar os conteúdos das atividades propostas nos Cadernos de orientações da Caixa Trilhas para abrir o apetite poético, dando especial atenção aos proces-

sos de aprendizagem da criança. A intenção é fundamentar a prática pedagógica, aprofundando os conteúdos e as aprendizagens das situações sugeridas nos Cadernos. Partimos do pressuposto de que determinados tipos de aprendizagem são favorecidos conforme o planejamento que se faz e como a atividade se desenrola, ou seja, como se dão os procedimentos de atuação do professor. O planejamento é a principal ferramenta do professor, na medida em que se tenha clareza do objetivo da atividade e que seja capaz de antecipar os desafios lançados às crianças. Justamente por esta razão, damos especial atenção para analisar como, para que e por que propor as atividades aqui recomendadas.

Este Caderno está organizado em três partes:

Na primeira, há uma apresentação dos conteúdos dos Cadernos de orientações desta caixa e dos ma-teriais específicos que a compõem, com detalhes sobre como e por que foram pensadas as propostas de atividades a ser realizadas com as crianças. É nessa parte que também se definem o trabalho com livros e as letras das canções dos CDs e os benefícios desse tipo de texto para as aprendizagens de leitura e escrita das crianças.

A segunda parte está organizada em torno de como se trabalha com os textos poéticos. Nela você poderá compreender melhor os conteúdos tratados nas atividades sugeridas nos Cadernos de orientações, refletindo sobre a melhor maneira de apresentá-los às crianças, de forma a favorecer as aprendizagens esperadas.

Na terceira parte, há um glossário e uma bibliografia. No glossário você vai encontrar as definições de termos que estão destacados com uma cor diferenciada nos Cadernos de orientações. Criamos esse glossário por acreditar que um maior aprofundamento nos conceitos que fazem parte do conhecimen-to da língua ajuda o professor na formulação e condução de suas atividades em sala.

Na bibliografia há a lista dos livros e materiais que foram consultados para a concepção e escrita do material que compõe a Caixa 2 do Trilhas.

Desejamos a você um bom estudo!

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PARTE I. APRESENTAÇÃO DA CAIXA 5

Abrir o apetite poético. 7

Organização dos Cadernos de orientações desta caixa.

Mesma atividade, novos desafios.

Textos poéticos: O que são, o que se aprende e o que é preciso para ler e produzir

PARTE II. O TRABALHO COM TEXTOS POÉTICOS 15

Os textos poéticos e as crianças. 15

Conhecer o livro. 15

Escutar e ler textos poéticos. 16

Visualizar a estrutura do texto.

Memorizar e recitar. 19

Aprender a recitar para declamar.

Brincar com os sons a partir do texto. 20

Brincar com o ritmo do texto.

As rimas, assonâncias e aliterações nos textos poéticos.

Brincadeiras sonoras.

Participar de atividades de atenção ao texto. 23

Corresponder um texto memorizado ao texto escrito.

Ler para localizar e ordenar palavras, versos e estrofes.

Ditar um texto ao professor.

Escrever palavras, versos e estrofes.

Aspectos a serem considerados no processo de ensino

e aprendizagem 27

A escrita como sistema de representação

Para além da dicotomia “certo ou errado”.

A diversidade de conhecimentos das crianças.

PARTE III. GLOSSÁRIO E BIBLIOGRAFIA 31

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Apresentação da caixa

Abrir o apetite poético esde pequenas as crianças brincam com a linguagem. Começam explorando os sons, seus efeitos e intensidades. Em todas as culturas, os adultos – especialmente as mães – utilizam uma

linguagem diferenciada ao se relacionar com os pequenos. O discurso materno é mais sistemático e rítmico que a fala ordinária entre adultos ou mesmo crianças maiores. As mães lançam mão de uma série de recursos, com uma fala que tende a ser repetitiva, pausada, com modulações e entonações, para despertar a atenção e gerar receptividade nos filhos. Elas se fazem valer dos mesmos recursos presentes na poesia.

É evidente que, da perspectiva dos bebês, os temas e as palavras são incompreensíveis. Portanto, os aspectos sonoros e poéticos podem ser considerados como uma estratégia das mães para ampliar a interlocução com seus filhos. É a partir de estímulos como esses que os bebês começam a produzir linguagem. A “primeira fala” que emitem é repleta de sons que se assemelham a jogos fonéticos – que vão preparando o desenvolvimento posterior da linguagem.

Conforme as crianças crescem, essas brincadeiras vão se transformando e passam a criar ruídos para representar objetos, como, por exemplo, um carrinho (vrummmm). Pouco a pouco, elas começam a brincar com as rimas, com as formas de diálogos e com a própria comunicação. Perguntam-se: “Você sabia que o sabiá sabia assobiar?”; divertem-se imitando o outro falando com um sotaque diferente e brincam com as palavras (“Pepe qué qué mamá!” ou “Pedro Calil caiu no barril”).

As crianças logo descobrem que as palavras podem encantar e iniciam suas primeiras construções poéticas, estimuladas pelo próprio prazer que essa brincadeira gera. Mas podem também ser incen-tivadas nas instituições de educação infantil, por meio de situações que contribuam para o desen-volvimento desse apetite poético. Os textos poéticos são ótimos para ser trabalhados nessa etapa da escolaridade: ao mesmo tempo que estão muito próximos desses jogos com a linguagem, favorecem o ingresso na cultura escrita.

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Roteiro das atividades:

Título da atividade: O título é sempre apresentado do ponto de vista da ação que a atividade convida a criança a fazer.

Roteiro de trabalho: Tópicos que orientam o planejamento do professor para a realização da ativida-de. Não precisam ser cumpridos passo a passo. É apenas uma referência para que você possa fazer o seu planejamento.

Preparação: O que é preciso fazer antes da atividade para que ela possa ser realizada.

Organização do espaço e das crianças: Breve orientação sobre a organização do grupo para a ativida-de e sugestões de como organizar a sala.

Orientações para o professor: Conjunto de orientações que propõem um encadeamento de ações a serem realizadas com as crianças.

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Atividade 8Ler partes da história

professor convida as crianças para ler os trechos do livro Pêssego, pêra, ameixa no pomar, fazendo desse momento uma

leitura compartilhada.

Roteiro de trabalho

PreparaçãoMarcar nas frases da história as linhas que você vai ler e as que as crianças lerão. Organizar cantos com diferentes jogos para as crianças que não realizarão a atividade com você nesse dia.

Organização do espaço e das criançasEssa atividade deve ser realizada em pequenos grupos. Você pode organizar as crianças de forma que, enquanto dá atenção especial a um grupo, as demais crianças realizem outra atividade que tenham con-dições de desenvolver sozinhas (por exemplo, brincar com jogos conhecidos). Ao longo de alguns dias, você fará essa mesma proposta, de forma a atender cada grupo separadamente.

Orientações para o professor Contar às crianças como será a atividade. Você pode fazer uma roda e explicar que elas vão trabalhar

em grupos e, enquanto você faz uma proposta com um grupo, as demais crianças podem escolher um jogo bastante conhecido e que saibam jogar sozinhas, também em pequenos grupos.

Explicar às crianças, já no pequeno grupo, que elas lerão com você o livro Pêssego, pêra, ameixa no pomar. Você pode dizer: “Hoje vamos ler juntos esse livro; eu leio uma linha e vocês leem outra”.

Combinar que as crianças lerão uma de cada vez. “Eu vou ler a primeira linha dessa página, e um de vocês lê a segunda, depois eu leio novamente a primeira linha da página seguinte e outra criança lê a li-nha seguinte. Vamos assim até o fi nal do livro, sempre na mesma ordem, ou seja, primeiro eu, depois vocês, e assim por diante”.

Conversar sobre os recursos que elas têm para ler o texto. Você pode dizer: “Se vocês não souberem alguma parte do texto, como podem fazer para lembrar?” Nesse momento, ajude-as a recordar o que elas já sabem sobre a estrutura do texto e a relação entre texto e ilustração.

Iniciar a leitura da primeira linha e indicar onde a primeira criança deve ler. Seguir com essa orientação durante toda a atividade.

Lembrar a cada criança que ela deve fi car atenta à leitura do professor e à dos colegas para poder realizar a dela.

Ler partes da história.

Relacionar informações sobre a estrutura do texto e a relação texto-ilustração para ler.

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Possíveis adaptaçõesCaso o desafi o proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, você pode suge-rir que acompanhem a leitura realizada por você e deixem para ler em voz alta só as partes que se repe-tem na história: “E eu vejo” e os nomes dos personagens.

Se o desafi o proposto nessa atividade parecer muito fácil para algumas crianças, você pode sugerir que elas dividam os turnos das leituras entre elas. Nesse caso, você não participa da atividade lendo as pri-meiras linhas, mas apenas acompanhando os grupos para ajudá-los na organização da leitura.

O que as crianças podem aprender Ao convidar as crianças para ler partes da história atentando para o apoio da ilustração e para a

regularidade do texto, possibilita-se que experimentem ler com mais autonomia.

Ao propor que as crianças se alternem para ler as linhas da história, possibilita-se que elas aprendam a controlar a sua vez de ler e permaneçam atentas à leitura do professor.

O que mais é possível fazerVocê pode propor que as crianças apresentem essa leitura para outras pessoas da escola. Para isso, é importante organizar momentos em que as crianças ensaiem e, no dia da apresentação, preparar o ambiente, de modo que as crianças sejam ouvidas e vistas por todos os convidados. Uma dica é explicar aos convidados que essa é a finalização de uma sequência de atividades realizadas a partir de um livro lido pelo grupo, e que as crianças se prepararam e farão as apresentações dentro de suas possibilidades.

O que é possível fazer em casaVocê pode sugerir que as crianças contem em casa sobre a experiência de ler partes da história sozinhas.

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Relacionado a algumas orientações, você vai encontrar um link que apresenta o que as crianças podem pensar, dizer e fazer a partir das intervenções e ações do professor, de modo a evidenciar o papel ativo da criança na sua aprendizagem. O que de fato importa é criar condições para que elas produzam respostas ao que lhes foi proposto, processem as informações dadas e se apropriem delas.

Possíveis adaptações: Orientações para adaptar a atividade proposta, considerando o grau de desa-fio que ela representa.

O que as crianças podem aprender: Lista de possíveis aprendizagens das crianças, sempre relaciona-das com as ações do professor na atividade.

O que mais é possível fazer: Sugestões de novas atividades que podem dar continuidade à ativida-de apresentada ou ao conteúdo tratado.

O que é possível fazer em casa: Propostas que favorecem a troca entre as experiências que a criança vive em casa e na escola.

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Atividade 8Ler partes da história

professor convida as crianças para ler os trechos do livro Pêssego, pêra, ameixa no pomar, fazendo desse momento uma

leitura compartilhada.

Roteiro de trabalho

PreparaçãoMarcar nas frases da história as linhas que você vai ler e as que as crianças lerão. Organizar cantos com diferentes jogos para as crianças que não realizarão a atividade com você nesse dia.

Organização do espaço e das criançasEssa atividade deve ser realizada em pequenos grupos. Você pode organizar as crianças de forma que, enquanto dá atenção especial a um grupo, as demais crianças realizem outra atividade que tenham con-dições de desenvolver sozinhas (por exemplo, brincar com jogos conhecidos). Ao longo de alguns dias, você fará essa mesma proposta, de forma a atender cada grupo separadamente.

Orientações para o professor Contar às crianças como será a atividade. Você pode fazer uma roda e explicar que elas vão trabalhar

em grupos e, enquanto você faz uma proposta com um grupo, as demais crianças podem escolher um jogo bastante conhecido e que saibam jogar sozinhas, também em pequenos grupos.

Explicar às crianças, já no pequeno grupo, que elas lerão com você o livro Pêssego, pêra, ameixa no pomar. Você pode dizer: “Hoje vamos ler juntos esse livro; eu leio uma linha e vocês leem outra”.

Combinar que as crianças lerão uma de cada vez. “Eu vou ler a primeira linha dessa página, e um de vocês lê a segunda, depois eu leio novamente a primeira linha da página seguinte e outra criança lê a li-nha seguinte. Vamos assim até o fi nal do livro, sempre na mesma ordem, ou seja, primeiro eu, depois vocês, e assim por diante”.

Conversar sobre os recursos que elas têm para ler o texto. Você pode dizer: “Se vocês não souberem alguma parte do texto, como podem fazer para lembrar?” Nesse momento, ajude-as a recordar o que elas já sabem sobre a estrutura do texto e a relação entre texto e ilustração.

Iniciar a leitura da primeira linha e indicar onde a primeira criança deve ler. Seguir com essa orientação durante toda a atividade.

Lembrar a cada criança que ela deve fi car atenta à leitura do professor e à dos colegas para poder realizar a dela.

Ler partes da história.

Relacionar informações sobre a estrutura do texto e a relação texto-ilustração para ler.

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Possíveis adaptaçõesCaso o desafi o proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, você pode suge-rir que acompanhem a leitura realizada por você e deixem para ler em voz alta só as partes que se repe-tem na história: “E eu vejo” e os nomes dos personagens.

Se o desafi o proposto nessa atividade parecer muito fácil para algumas crianças, você pode sugerir que elas dividam os turnos das leituras entre elas. Nesse caso, você não participa da atividade lendo as pri-meiras linhas, mas apenas acompanhando os grupos para ajudá-los na organização da leitura.

O que as crianças podem aprender Ao convidar as crianças para ler partes da história atentando para o apoio da ilustração e para a

regularidade do texto, possibilita-se que experimentem ler com mais autonomia.

Ao propor que as crianças se alternem para ler as linhas da história, possibilita-se que elas aprendam a controlar a sua vez de ler e permaneçam atentas à leitura do professor.

O que mais é possível fazerVocê pode propor que as crianças apresentem essa leitura para outras pessoas da escola. Para isso, é importante organizar momentos em que as crianças ensaiem e, no dia da apresentação, preparar o ambiente, de modo que as crianças sejam ouvidas e vistas por todos os convidados. Uma dica é explicar aos convidados que essa é a finalização de uma sequência de atividades realizadas a partir de um livro lido pelo grupo, e que as crianças se prepararam e farão as apresentações dentro de suas possibilidades.

O que é possível fazer em casaVocê pode sugerir que as crianças contem em casa sobre a experiência de ler partes da história sozinhas.

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As oito atividades foram elaboradas a partir do livro ou CD de referência. No entanto, você pode expe-rimentar o mesmo tipo de atividade tendo como base os demais livros e CDs que acompanham o ma-terial. Além disso, essas atividades estão organizadas de forma a garantir uma sequência de propostas às crianças, envolvendo um aumento gradual dos desafios presentes a cada nova situação. Além disso, é importante considerar que as situações propostas só têm sentido se criam condições para promover aprendizagens concretas. Portanto, a ação do professor deve estar sempre conectada com essa preocu-pação, adequando o roteiro apresentado às condições e necessidades de aprendizagem específicas das crianças. Apesar de estar em um grupo, cada criança é única, e assim dificilmente uma atividade será igualmente realizada e compreendida por todas, e isso não é um problema.

Nesse sentido, o desafio apresentado ao professor é constantemente adaptar a proposta às possibilida-des de seu grupo e à resposta de cada criança na mesma atividade.

As atividades propostas nos Cadernos de orientações pressupõem que haja na rotina diária das crianças momentos exclusivos de leitura em que tenham a oportunidade de apreciar e se divertir com a escuta de diferentes narrativas e textos poéticos, entre outros. Sabemos que, quando as crianças gostam de um texto, curtem ouvi-lo e pedem que seja relido ou recitado diversas vezes. É importante que elas tenham oportunidade tanto de ler por prazer quanto para aprender a ler e escrever. Nesses cadernos, as ativida-des sempre partem do texto presente no livro ou no CD, mas isso não quer dizer que a cada atividade seja necessário reler o livro ou escutar a canção antes. A proposta é que a leitura dos textos se dê em di-ferentes momentos da rotina da sala e que as atividades do Caderno possam considerar que as crianças já têm uma familiaridade com o texto e seu conteúdo.

Mesma atividade, novos desafios

As crianças costumam ser imprevisíveis e espontâneas, além de gostar muito de novidades. Mas, quan-do se trata de uma aprendizagem intencional, é preciso manter regularidade e continuidade de algumas propostas sobre certos objetos de conhecimento. O processo de aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças na escola envolve necessariamente essas características em relação à construção dos diferentes saberes em jogo.

Ao longo do conjunto de Cadernos de orientações que fazem parte do Trilhas você vai encontrar uma diversidade de atividades que se assemelham. Essa semelhança não é casual, pelo contrário, é intencional. A ideia é que o conjunto de atividades propostas possa oferecer a você, professor, a oportunidade de

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construir um planejamento para as atividades de leitura e escrita que favoreça uma regularidade nas situações propostas às crianças, assim como a possibilidade de que haja continuidade entre elas, contri-buindo para a construção de saberes que precisam de tempo e investimento a ser aprendidos.

Veja um exemplo: as crianças aprendem a brincar de rimar palavras, desde que haja esta oferta de jogos de palavras ou de linguagem na rotina da qual participam nas instituições de educação infantil. A proposta de que comparem os sons das palavras pode e deve ser repetida sistematicamente. Nos Cadernos de orientações da Caixa Para abrir o apetite poético,você vai encontrar uma série de ativida-des que envolvem uma proposta de brincadeira com os sons das palavras a partir de um apoio escrito. Veja exemplos de algumas: observar e localizar palavras que rimam no texto (Caderno de orientações Histórias Rimadas, Canções e Poemas); fazer uma lista de palavras rimadas (Caderno de orientações Histórias Rimadas e Poemas); trocar palavras que rimam no texto (Caderno de orientações Histórias Rimadas e Poemas); brincar com rimas (Caderno de orientações Poemas).

Para planejar e desenvolver as atividades propostas nos Cadernos desta Caixa é importante conhecer as decisões sobre os conteúdos e os procedimentos de atuação e observar atentamente as estratégias que as crianças utilizam em suas aprendizagens. O planejamento de qualquer atividade implica uma tomada de decisões (propor que as crianças recitem um poema, por exemplo, implica decidir qual poema escolher, como recitar e para que recitar). Para dar mais autonomia nessa tarefa de adequa-ção de conteúdo, propostas e necessidades de aprendizagem das crianças, a seguir aprofundaremos conceitualmente algumas das atividades que fazem parte dos Cadernos de orientações desta Caixa.

O que são textos poéticos

Os textos poéticos expressam a beleza por meio da linguagem. Colocam a língua em primeiro plano por meio do uso de recursos que fazem a linguagem adquirir forma literária.

Para as crianças, assim como para a maioria das pessoas, o que caracteriza os textos poéticos são a sua musicalidade (que consiste em um uso característico das vogais, consoantes, cadências e ritmos) e sua forma gráfica (a disposição em versos e estrofes). Sem estes dois aspectos, sonoro e gráfico, o texto não será identificado como poético. No caso dos poemas, por exemplo, podemos identificar essas duas características por meio de recursos como a aliteração (repetição da mesma consoante), assonância (repetição da mesma vogal) e rima (repetição de sons) que se organizam em unidades rítmicas deno-minadas versos. A combinação dos versos ao longo do poema se denomina estrofe.

A presença de recursos linguísticos que exploram a sonoridade das palavras, conferindo um ritmo próprio ao texto e favorecendo a construção de significado, é um dos elementos que tornam a recitação atraente para as crianças, já que elas gostam de brincar com palavras, criando-as e reinventando-as.

Os textos de tradição oral e a literatura infantil têm feito uso dessas propriedades da linguagem e desse interesse das crianças por canções, poemas, parlendas, histórias com rimas etc. Esses textos poéticos dirigidos às crianças podem apresentar as seguintes composições:

a) Composição oral breve de tradição infantil, com rimas ou aliteração, frequentemente dialogada, que acompanha a ação e os movimentos infantis.

b) Composição que nomeia uma série de elementos, números, meses, dias, personagens, com ou sem conexão, por meio de procedimentos enumerativos, encadeados ou acumulativos, e frequentemente com metrificação irregular, ou seja, sem preocupação com a medida dos versos. Um exemplo é a conhecida parlenda “um, dois, feijão com arroz/ três, quatro, feijão no prato”. Nesse caso, os números são apresen-tados de maneira sequenciada, aos pares, com o apoio de outros elementos a eles associados pela rima

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(dois/arroz; quatro/prato). Outro exemplo é a parlenda “Hoje é domingo/ Pede cachimbo/ Cachimbo é de barro”. Já nesse caso, utiliza-se o procedimento do encadeamento – a última palavra de cada verso dá início ao seguinte.

c) Composição oral de tradição infantil conhecida como nonsense, por não apresentar preocupação com a construção de um sentido lógico. Fazem parte desse grupo os textos normalmente compostos de palavras inventadas, curtas e silabadas que lembram as receitas de feitiço e encantamento como o “pirlimpimpim” e o “abracadabra”.

É o caso da conhecida brincadeira de escolha “Pomponeta”: “pom po ne ta / pi ta pi ta / pe ta pe ru ge/ pom po ne ta/ pi ta pi ta/ pe ta pe trim”.

Em relação à linguagem, esses textos geralmente apresentam algumas características comuns que lhe conferem coesão mediante os seguintes procedimentos: a reiteração, ou seja, a repetição de estrofes, versos, palavras ou sons; e o paralelismo entre certas características (por exemplo, o verso e a linha, a rima e a expressão de sentido):

a) Possuem um estilo simples, em que se privilegia o ritmo com repetição de algumas palavras, como por exemplo, na parlenda “Pão, pão, pão, é de leite, é de pão, sapatinho branco, meinha de algodão”.

b) Apresentam estrutura repetitiva com algumas variações, que podem ser o nome de alguém, uma parte do corpo etc. Por exemplo, na canção Cipó de Miroró: “Eu convido... Pra dançar no meu cipó” (canção do CD Abra a roda tin dô lê lê, presente no acervo do Trilhas).

c) São breves, com exceção das séries enumerativas e acumulativas, como, por exemplo, na parlenda “Um, dois, feijão com arroz” ou na canção popular “Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes, incomodam, incomodam muito mais. Três elefantes...”

d) Mantêm intencionalmente a recorrência de uma mesma estrutura no início dos versos, permitindo antecipações por parte de quem lê ou recita. Trata-se de um recurso denominado paralelismo, marcado pela repetição entre partes do texto ou entre modos de construção (por exemplo, a construção sintática e a expressão de sentido). Exemplos: “Este diz que quer comer; Este diz não tem o quê; Este diz que Deus dará; Este diz que roubará; Este diz: Alto lá!”; “Amanhã é segunda, que preguiça imunda!; Amanhã é terça, você compareça...” (Parlendas do livro Salada, Saladinha presente no acervo de livros do Trilhas.)

O que as crianças aprendem a partir dos textos poéticos

As crianças em idade pré-escolar passam por um processo de construção tanto da linguagem oral quanto escrita. Os textos poéticos são uma fonte de trabalho privilegiada, uma vez que, ao escutar, ler, recitar e escrever textos como poemas, canções, parlendas e outros, as crianças podem aprender muito sobre a linguagem e também sobre o sistema de escrita.

O trabalho com esses tipos de textos é interessante por colocar em destaque:

a) Aspectos sonoros, já que o ritmo e a musicalidade são elementos próprios desses textos. Esses aspec-tos favorecem a atenção sobre o som. As rimas são um bom exemplo: ao antecipar palavras que podem rimar no final dos versos, as crianças pensam na semelhança do som.

b) Aspectos gráficos, chamando atenção para a disposição em linhas e estrofes que são formas

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características da maioria desses textos. Mesmo nos casos em que há apenas uma estrofe (como as quadrinhas) ou um texto mais extenso (como as parlendas que reproduzem diálogos), a organização visual do texto é facilmente reconhecida e reproduzida pelas crianças.

c) A proximidade entre oralidade e escrita, já que são textos facilmente memorizáveis e próprios para recitação, possibilitam que a escrita seja reproduzida de maneira literal, a partir da fixação do texto.

d) A compreensão do conteúdo, uma vez que o sentido do texto se constrói apoiado na forma como está organizado, com recursos visuais e sonoros, em comparação com textos cujo discurso se articula com menos paralelismo entre a forma e o sentido, como alguns textos narrativos ou expositivos.

e) A própria linguagem poética com suas particularidades. O trabalho com a palavra em toda a sua potencialidade (sonora, visual e semântica) converte os textos poéticos em fonte de apreciação e explo-ração da linguagem literária.

Sendo assim, ao trabalhar os textos poéticos, as crianças, além de terem acesso a textos que fazem parte da tradição oral brasileira e da cultura da infância, podem:

Jogar com a linguagem, colocando atenção para um aspecto de sua forma ou sonoridade, e começar a compreender como ela funciona.

Observar a importância dos recursos gráficos na construção do poema.

Aprender sobre as características das palavras rimadas.

Compreender as relações entre oralidade e escrita.

Aprender sobre as características da linguagem escrita.

Aprender procedimentos de recitação, como ritmo e entonação da voz, desenvolvendo atenção sobre a linguagem.

O que é preciso para ler e produzir textos poéticos

Para que as crianças aprendam a ler e produzir textos poéticos é importante que com frequência sejam propostas atividades que favoreçam o desenvolvimento do hábito de escutar, recitar e ler textos poéti-cos. Essas atividades precisam contar sempre com uma intencionalidade do professor que as planeja, preocupado em envolver as crianças de forma ativa. É somente por meio dessa rotina estrategicamente pensada pelo professor que será possível criar uma diversidade de tarefas que envolvam as crianças e, ao mesmo tempo, se desenvolvam os procedimentos fundamentais para aprender a ler e produzir textos poéticos.

Além de incluir a recitação, a leitura em voz alta e a brincadeira com canções na rotina de trabalho, é fundamental criar situações em que as crianças tenham de resolver problemas que explicitem o fun-cionamento da linguagem poética. Por exemplo, criar novos versos seguindo a estrutura de um poema conhecido, trocar nomes dos personagens nas histórias rimadas, trocar onomatopeias nas canções.

Ao experimentar com frequência atividades como essas é que a criança vai tendo oportunidade de desvendar a linguagem poética, tornando-se gradualmente capaz de ler e produzir esse tipo de texto.

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O trabalho com textos poéticos

Os textos poéticos e as criançastrabalho com os textos poéticos proposto nesta Caixa apresenta uma diversidade de situações que se desenvolvem em sequência, mas não de forma linear. Estão organizadas como em uma

espiral, com diferentes níveis de profundidade se alternando entre a oralidade, a leitura e a escrita, e em que as falas, ações e pensamentos são distribuídos entre professor e crianças.

Os Cadernos de orientações procuram organizar o trabalho de forma a criar condições para planejar e realizar as atividades dentro de um percurso no qual as crianças possam conhecer o livro/CD e seus textos, escutar e lê-los, memorizá-los e recitá-los, visualizar sua estrutura, brincar com os sons de suas palavras e participar de atividades de atenção sobre o texto. Entretanto, essa proposta não pode ser seguida rigidamente em um caminho único: ela deve ser adequada às condições de cada grupo de crianças.

COnhECER O liVRO

Diante de um livro é normal que as crianças sempre fiquem curiosas. O livro é uma caixinha de surpresas e logo elas aprendem isso. O primeiro contato com uma obra nova deve sempre contar com a chance de exploração de todas as informações que a capa aporta (quem é o autor, se tem ilustrações, qual é o gênero, se já conhece outros trabalhos do mesmo autor, como é a capa, as ilustrações, suas cores etc.). É inte-ressante comparar o livro em questão com outros da sala, para explorar suas semelhanças e diferenças. Considerando os livros de poemas e parlendas ou os encartes de CD, pode-se explorar também o índice, realizando na frente das crianças uma prática comum entre os leitores: a escolha do texto que será lido.

Muitos dos livros com textos poéticos, tal como os que foram entregues no acervo de livros do Trilhas, são compostos por um conjunto de textos, por exemplo, poemas, que formam um todo, mas que podem ser lidos isoladamente. Embora a própria natureza desse texto dê margem à exploração específica de um ou outro poema, é sempre interessante dar oportunidade às crianças de conhecer o livro inteiro. É importante que elas

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CADERNO DE ESTUDOS

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conheçam o contexto em que aquele poema foi publicado, verificar se são todos do mesmo autor ou se é uma coletânea etc. É interessante que a primeira atividade realizada seja uma exploração livre sobre o livro (índice, diagramação etc.), seguida da leitura de um ou mais textos.

EsCutAR E lER tExtOs POétiCOs

A leitura de textos poéticos permite um trabalho diferente em relação ao que frequentemente se pro-põe com narrativas porque implica não só ler, mas também representar a estrutura do texto, com suas peculiaridades sonoras e visuais, procurando reproduzi-la oralmente. A voz que lê é muito impor-

tante porque requer cuidados com aspectos próprios da oralidade, como a entonação, a acentuação e o ritmo, aspectos não-verbais importantes em todo contato com um público ouvinte e o respeito à literalidade do texto:

a) Aspectos próprios da oralidade:

A entonação traduz as variações das intenções presentes no texto e permite ao ouvinte, além de diferenciar uma exclamação de uma afirmação ou interrogação, perceber nuances mais sutis, como as emoções expressadas (alegria, tristeza, raiva etc.).

A acentuação é a ênfase que se coloca em uma ou várias sílabas, palavras ou versos inteiros do poe-ma, a depender do efeito que se quer produzir no ouvinte. Muitas vezes, essa acentuação é determinada pelas próprias sílabas que compõem as rimas. Se tivermos rimas terminadas em “ão”, por exemplo, haverá um acento natural. Quando a sílaba não possuir tonicidade própria, fica a critério do leitor imprimir sua interpretação oral mediante o uso de determinados acentos.

O ritmo, dado pela própria organização do texto, inclui tanto os acentos quanto as pausas feitas duran-te a leitura. Pode ter maior ou menor regularidade, a depender do modo como o texto está estruturado.

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Por exemplo: as parlendas dialogadas pedem um ritmo próprio para a leitura, diferenciando-se a voz que pergunta da voz que responde, seja por meio de uma entonação específica, seja simplesmente de uma pausa realizada entre uma voz e outra.

b) Aspectos não-verbais:

Qualidade da voz, melodia, pausas, respiração, risos, suspiros.

Atitudes corporais, movimentos, gestos, troca de olhares, mímicas faciais.

Posição dos participantes na recitação: ocupação de lugares, espaço pessoal, distâncias, contato físico.

Aspecto exterior: roupas, disfarces, penteado, óculos, limpeza.

Disposição dos lugares: iluminação, ordem, ventilação, decoração.

c) Literalidade do texto:

Os textos poéticos pedem uma leitura estrita, ou seja, o texto deve ser seguido literalmente, porque há uma organização interna intencional que precisa ser respeitada para garantir a construção do sen-tido e a percepção da linguagem em toda a sua potencialidade. É preciso lê-lo ou recitá-lo tal como foi escrito, sem mudar nada.

A leitura de textos como poemas, parlendas, canções ou histórias rimadas precisa acontecer mais de uma vez. Isto porque essa repetição permite às crianças:

Memorizar e participar durante a leitura acompanhando o professor, “atuando” e antecipando o que se segue.

Chamar atenção sobre a forma ou o significado do texto, já que cada leitura pode revelar um aspecto antes não percebido.

Conforme participam de diferentes situações de leitura pelo professor e junto com ele, as crianças ganham cada vez mais condições para atuar de forma ativa na leitura. Essas situações podem variar segundo a ação proposta às crianças:

Uma leitura em coro, em que elas retomam o texto de memória apoiadas pela leitura concomitante do professor.

Uma leitura com ritmo e movimento, na qual podem se envolver com palmas ou gestos, marcando a musicalidade do texto.

Uma leitura recitada, em que elas se apropriam de procedimentos como ritmo e entonação da voz, desenvolvendo atenção sobre a linguagem.

Uma leitura em que devem completar partes do texto oralmente, na qual o professor lê o texto, mas, por exemplo, omite a última palavra da segunda linha deixando que as crianças digam o que está escri-to, ou omite uma linha e assim por diante.

Uma leitura em que o professor para em partes interessantes de acentuação do texto, chamando aten-ção das crianças e solicitando, por exemplo, que repitam uma linha.

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Uma leitura em que o professor faz perguntas às crianças, como, por exemplo: “O que pensam disto que está escrito?”, favorecendo que pensem sobre a língua e a linguagem.

É a partir das diversas oportunidades em que escutam e leem textos poéticos que resultará num maior domínio, a longo prazo, tanto das características desse tipo de texto quanto da leitura e da escrita. Ao manter na rotina a leitura e a recitação, promovendo variações na maneira de se relacionar com o texto, certamente estaremos aumentando as possibilidades de interação e compreensão dos textos poéticos.

VisuAlizAR A EstRutuRA dO tExtO

Vários movimentos literários, como o modernismo no Brasil, por exemplo, empenharam-se em ampliar o conceito de poema para além destes três itens: rima, verso e estrofe. Por isso, encontramos muitos poemas sem rimas e que não apresentam organização gráfica em versos regulares ou estrofes. Os chamados poemas visuais ou concretos são um bom exemplo. Nestes textos, a disposição gráfica das letras, palavras e frases procura aproximar-se do conteúdo que está sendo transmitido. Pode-se criar um poema sobre um jacaré que está escrito graficamente em forma de um jacaré (Jacaré letrado, Sérgio Caparelli, presente no livro Poesia fora da estante, editora Projeto), rompendo completamente com a ideia de que todo poema contém rimas, versos e estrofes.

A rima é o nome que se dá à repetição de sons semelhantes no final da palavra e em diversas posi-ções dos versos de um poema. Os versos são subdivisões dos textos e em geral coincidem com as linhas gráficas. A estrofe é um conjunto de versos. Um espaço costuma separar uma estrofe da outra, separando-a das demais partes do poema e marcando a sua unidade. Há estrofes de diferentes tama-nhos e, conforme o número de versos, a estrofe recebe nomes diferentes (a quadra, ou quadrinha, por exemplo, é uma estrofe de quatro versos).

Ao propor que as crianças observem os versos de um texto, além de aproximá-las dessa terminologia própria de um discurso letrado, também permite que notem que os textos se dividem em partes, e o verso corresponde a uma delas.

Quando criamos situações em que se evidencia a repetição de palavras no texto, levando as crianças a observarem sua relação com o formato gráfico, ou as ajudamos a observar a relação entre o ritmo do

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texto recitado e as linhas escritas, favorecemos que atentem para a sua estrutura e percebam a relação com a construção de seu significado. Além disso, ao colocar ênfase na visualização desses aspectos, podemos chamar atenção das crianças e tornar observáveis os diferentes aspectos do texto. A própria visualização pela criança favorece que ela perceba o que é próprio do texto poético fazendo comparações com outros textos conhecidos, como, por exemplo, as narrativas, considerando as características de sua apresentação gráfica. Por isso, é aconselhável que as crianças tenham a oportunidade de estar com o livro em suas mãos ou que possam observar a escrita do texto em cartazes, na lousa ou em folhas.

Vale ressaltar também que muitos poemas têm estruturas diferentes, e é interessante que as crianças possam entrar em contato com essa diversidade de possibilidades de representação de um mesmo tipo de texto. Por exemplo, nos poemas A galinha d’angola (com versos curtos, de uma ou duas pala-vras) e São Francisco (com estrofes longas de 5 versos em cada), do livro A arca de Noé, presente no acervo desta caixa.

MEMORizAR E RECitAR

A maioria dos textos poéticos é facilmente memorizada por sua organização, estrutura rítmica e repetições de sons e palavras. Em razão de sua estrutura, são particularmente propícios para ser recitados. Isso também ocorre com vários textos da tradição oral que, justamente por essa organização, se perpetuaram ao passar de geração a geração, sempre da mesma forma, mesmo antes de ganharem uma versão escrita.

Essa estrutura dos textos reforça a exigência de fidedignidade. É impossível fazer uma pa-ráfrase (dizer o mesmo com outras palavras), uma reformulação ou um resumo de um poema porque isso o destruiria. É necessário

repeti-lo de forma literal, ou seja, a leitura ou declamação tem de ser idêntica ao que o autor pro-duziu. Isso é interessante, pois estimula o uso da repetição de forma diferente daquela utilizada na linguagem cotidiana, na qual o que foi dito pode ser exato (literal), com uma pequena variação, com inclusão de uma paráfrase ou reformulando a sentença. Na linguagem poética a repetição tem função linguística específica, em que as palavras não são escolhidas apenas por seu significado, mas porque cumprem um papel sonoro, criam paralelismos gramaticais que isolam as unidades e mostram como a estrutura repetitiva se apresenta. Essa estrutura ajuda a manter o texto na memória, de modo que possa ser declamado sempre que desejado. Além disso, a repetição também favorece a previsibilidade, contribuindo para uma melhor compreensão e apropriação do texto, já que a possibilidade de antecipar o que virá é grande.

Promover situações para que memorizem um poema, uma parlenda ou mesmo uma canção também favorece que as crianças observem uma das características da escrita, a representação do oral. Essa oportunidade é uma grande contribuição para que as crianças entendam a relação entre oralidade e escrita alfabética. Isso porque, quando repetimos oralmente as palavras de forma literal, torna-se mais fácil encontrá-las no texto escrito, pois o que é dito deve coincidir exatamente com o que está escrito. Então, as formas fixas auxiliam nesse tipo de atividade por facilitar a compreensão da representação da linguagem escrita.

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Memorizar um texto requer algum tempo e sistematização. A leitura do texto pode ocorrer em dife-rentes momentos ao longo de alguns dias. Para que as crianças memorizem é importante envolvê-las nessa leitura e, pouco a pouco, deixar com que recitem as partes que já conhecem de cor até que me-morizem o texto por completo. Muitas crianças realizam essa atividade de repetição para si mesmas de forma espontânea, como um recurso de aprendizagem; outras necessitam de estimulação e ajuda do adulto.

Aprender a recitar para declamar

Na escola, muitas vezes temos a liberdade de propor atividades específicas porque pretendemos criar condições para que as crianças aprendam determinados conteúdos. Muitas vezes são atividades escola-res que não se reproduzem fora des-se ambiente. No entanto, é preciso sempre buscar um equilíbrio e cui-dar para que no processo de ensino as crianças tenham acesso a práticas sociais reais. Ou seja, é importante levar para dentro da escola também atividades com leitura e escrita que

ocorrem na sociedade e que estão presentes entre as pessoas letradas. Uma delas é o sarau, situação na qual recitar e ouvir poemas é uma atividade com um fim em si mesmo. Para culminar o trabalho com poemas, parlendas ou até mesmo com canções e histórias rimadas é interessante organizar um pequeno evento em que as crianças possam apresentar os textos que aprenderam.

Este é o momento apropriado para que exercitem os aspectos relacionados à oralidade (entonação, acentuação e ritmo), bem como a postura adequada diante de um público ouvinte com segurança. Ou seja, desde cedo dar oportunidade para que aprendam a se colocar, a se apresentar formalmente diante de uma plateia composta por outros colegas, outros professores ou pais.

BRinCAR COM Os sOns A PARtiR dO tExtO

A partir da análise de poemas, canções, brincadeiras cantadas, parlendas etc., é possível brincar com os sons das palavras, bem como manipular as estruturas e características que as compõem (sílabas, rimas, aliterações, fonemas). Brincar com os sons das palavras é, então, “pensar sobre a linguagem” para poder se divertir com ela. Mas por que essa brincadeira com os sons é importante para o aprendizado da escrita? Muitos estudos dizem que a aprendizagem da escrita alfabética requer uma capacidade especial, a chamada “consciência fonológica”, que consiste em habilidades metalinguísti-cas que promovem a segmentação das unidades sonoras (sílabas e fonemas) e a reflexão sobre esses segmentos. Ou seja, é a capacidade de segmentar as palavras em seus fonemas e sílabas, saber contá-las e comparar tamanhos. Nessa perspectiva, atividades que convidam as crianças a brincar com os sons das palavras favorecem o desenvolvimento da capacidade de segmentar (consciência fonológi-ca), assim como a compreensão do sistema de escrita.

É importante destacar que a consciência fonológica, ainda que seja necessária para o aprendizado da escrita alfabética, não é suficiente, uma vez que esta última não se resume a um código, mas sim a uma série de propriedades e convenções.

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Ser capaz de segmentar uma palavra em sílabas é um dos indícios de que a criança já está atenta aos aspectos sonoros da linguagem, o que é importante para que possa relacionar a fala e a escrita.

As brincadeiras sonoras presentes em alguns textos (poemas, trava-línguas, cantigas, parlendas) ou em alguns jogos verbais permitem que as crianças prestem atenção a esses aspectos da linguagem e se divirtam com eles, refletindo sobre os sons que compõem uma palavra, buscando aquela que contenha determinado som, formando novas palavras retirando sílabas ou acrescentando outras. Tudo isso faz com que realizem diferentes operações linguísticas em que sua reflexão está totalmente centrada nos sons que compõem a linguagem.

É em brincadeiras como essas que as crianças têm a oportunidade de colocar em prática diferentes habilidades relacionadas à consciência fonológica, pois deixamos de tratar a língua apenas como um meio que permite a comunicação e passamos a considerá-la também como um objeto, um quebra-cabeça, em que as partes se permutam e formam novos textos, novas palavras.

Brincar com o ritmo do texto

Ao propor que as crianças acompanhem um texto poético com algum tipo de marcação (como, por exemplo, bater palmas, estalar os dedos, fazer uma roda em que se bate com os pés no chão), favore-ce-se que atentem para o ritmo do texto. Ajudá-las a perceber a relação entre a acentuação das rimas, a organização dos versos e o ritmo, possibilita que conheçam melhor a estrutura desse tipo de texto. Isso porque, como já foi tratado anteriormente, os textos poéticos caracterizam-se por uma lingua-gem construída mediante a junção entre forma e conteúdo, além de terem a sonoridade como uma de suas principais matérias-primas.

As rimas, assonâncias e aliterações nos textos poéticos

Rimas e aliterações são recursos que encontramos frequentemente nos textos poéticos. Como já dito neste Caderno, a rima é o nome que se dá à repetição de sons semelhantes em diversas posições dos versos de um poema. Pode aparecer no final dos versos ou mesmo no interior deles. Assonância é a repetição da mesma vogal no poema, e as aliterações referem-se à repetição da mesma consoante.

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Os trava-línguas são bons exemplos de utilização de assonâncias e aliterações, pois repetem, no decorrer do texto, várias vezes a mesma vogal e/ou a mesma consoante (“A aranha arranha a jarra; A jarra arranha a aranha”).

Quando as crianças reconhecem as rimas, segmentam a palavra para identificar as partes sonoras que são iguais em palavras diferentes, ou ainda, quando trabalham com a palavra escrita, elas podem perceber essa igualdade nas letras finais das palavras rimadas e realizar as correspondências entre o oral e o escrito. Isso contribui para ampliar os conhecimentos sobre a estrutura da língua e a da escrita alfabética.

As repetições de palavras ou parte delas criam jogos sonoros que contribuem para desenvolver a consciência fonológica, pois é possível, a partir disso, lidar com a linguagem em sua dimensão sono-ra, chamando atenção para as diferentes partes (as sílabas) que “compõem” as unidades de significado (as palavras e, no caso dos textos poéticos, os versos).

Ao propor que as crianças observem repetições em diferentes palavras – o que ocorre nas rimas, assonâncias ou aliterações –, favorece-se que se atenham aos sons que compõem a palavra e não ao seu sentido. Como dissemos, atividades como essas favorecem as habilidades referentes à consciência fonológica, ou seja, aquelas que permitem observar a linguagem em seus aspectos sonoros e possi-bilitam diferentes operações de segmentação (em sílabas, em fonemas), importantes para favorecer a compreensão do funcionamento da escrita. Se, além disso, também se solicitar que observem a relação entre essas semelhanças e as séries de letras iguais nas palavras escritas, se oferecem indica-ções de que a escrita é uma representação da fala. Apontar essa correspondência também fornece subsídios para que a criança compreenda a natureza dessa relação, ou seja, permite-se que avance na compreensão de “como” a escrita representa a fala.

Brincadeiras sonoras

Nas brincadeiras sonoras, o importante é que a proposta leve em conta a regra principal da restri-ção. Por exemplo, transformar determinada palavra para que todas as suas vogais sejam A (SAPO – SAPA), identificar palavras que contenham semelhanças sonoras ou buscar palavras com determina-da característica (começam pela mesma sílaba). O importante é que essas restrições levem a criança a refletir sobre os sons das palavras.

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As canções monovocálicas são um exemplo de brincadeira sonora e consistem em dizer todas as palavras repetindo a mesma vogal, não importando se fazem sentido, ou não. Quando a criança tem o desafio de transformar, por exemplo, uma canção como “O sapo não lava o pé” em uma canção monovoválica (“A sapa na lava a pá”), o que se pede é que elas brinquem com os sons das palavras.

Ao propor diferentes brincadeiras sonoras envolvendo a linguagem oral (encontrar palavras que se iniciem pelo mesmo som, encontrar rimas, formar novas palavras, brincar com textos monovocá-licos), lançamos desafios que as crianças só conseguirão realizar com sucesso se ficarem atentas à estrutura sonora da língua.

Além de enriquecer a relação com a linguagem, essas situações também permitem compreender a escrita, pois, na medida em que esta representa os sons da fala, favorece-se que as crianças observem essa relação.

PARtiCiPAR dE AtiVidAdEs dE AtEnçãO AO tExtO

O processo de alfabetização de uma criança se inicia no momento em que ela percebe, em seu meio, os textos escritos, seus usos, e lhes confere valor: é porque a criança compreende a importância da escrita que se dedicará a compreendê-la.

Isso pode ocorrer muito cedo, bem antes da entrada da criança na escola, se ela estiver inserida num mundo com forte presença do escrito. Pode ocorrer mais tarde, às vezes coincidindo com o início da escolaridade formal.

Também pode se iniciar quando começa a sua interação com os livros e textos escritos, por exemplo, escutando a leitura em voz alta pelo professor. A participação nessa atividade não precisa esperar a apropriação do conhecimento sobre o sistema alfabético. Ao contrário, é conveniente iniciar a fami-liarização com o escrito (tanto os escritos funcionais quanto os literários) e a atenção ao texto antes de aprender a escrever ou ler. Participando de atividades em que centrem a atenção sobre o texto, as crianças começarão a conhecer suas funções e também os elementos que os compõem: as letras, seus nomes e seu traçado. Começarão também a compreender que as letras e sua relação com os sons

CADERNO DE ESTUDOS

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CADERNO DE APRESENTAÇÃO

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são arbitrárias, pois se convencionou que sua forma, seu nome e o valor sonoro a elas associados são algumas das aprendizagens que a criança construirá aos poucos.

Pesquisas realizadas nos últimos 20 anos indicam que, para aprender a escrever convencional-mente, os aprendizes passam por vários momentos nos quais ideias diferentes orientam sua com-preensão sobre a relação dos sons da fala e as letras escritas no papel.

Por esta razão, é importante criar ocasiões para que as crianças sejam convidadas a colocar atenção sobre o texto para logo serem convidadas a escrever (de acordo com suas possibilida-des) e colocar em jogo os conhecimentos adquiridos. Se as encorajarmos a tentar escrever à sua maneira, podemos compreender o que a criança já sabe e o que lhe falta construir sobre o siste-ma de escrita. Isso permite realizar intervenções mais ajustadas às necessidades de cada uma.

Quanto mais oportunidades tiverem para escutar leituras em voz alta, observar o texto ao mes-mo tempo que ouvem o que é lido e escrever, mesmo que o resultado esteja distante da escrita convencional, mais chance terão de explorar, errar, pensar e avançar para alcançar, adiante, o domínio da escrita.

Corresponder um texto memorizado ao texto escrito

Quando ainda não leem e escrevem convencionalmente, atividades de leitura e escrita com textos que conhecem de memória podem possibilitar avanços nas hipóteses das crianças a respeito da língua escrita. Como sabe exatamente o texto, a criança pode tentar buscar a correspondência entre aquilo que diz em voz alta e o que está escrito, mesmo que tais correspondências não sejam corretas. Esse ajuste entre o oral (o que a criança diz) e o escrito (as letras e palavras para as quais aponta enquanto recita) se faz aos poucos, à medida que avança em seu processo de compreensão da escrita.

O simples fato de solicitar às crianças que leiam acompanhando com o dedo uma parlenda ou outro texto memorizado convida-as a observar que aquilo que se verbaliza está relacionado ao que está escrito. Não é preciso ensinar onde está escrita cada palavra, mas permitir que cada criança, em contato com as demais, busque essa correspondência para tentar compreendê-la.

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Quando é incentivada a ler um texto decorado e acompanhar com o dedo essa leitura, a criança ora movimenta vagarosamente o dedinho, demorando mais tempo numa palavra ou verso, ora avança rapidamente e desliza pelas letras. Às vezes, aponta cada letra no ritmo da parlenda ou canção; ou-tras vezes, cada emissão sonora corresponde a uma palavra. Ela se preocupa em chegar às últimas letras ao mesmo tempo que pronuncia as últimas palavras. O que parece uma brincadeira, na ver-dade é um grande exercício de observação, de controle do que se diz para tentar resolver o mistério do funcionamento da escrita.

ler para localizar e ordenar palavras, versos e estrofes

Propor atividades em que sejam convidadas a lidar com as partes e o todo de um texto também cria desafios ricos para que reflitam sobre o texto. Por esta razão é que nos Cadernos de orien-tações propõe-se uma variedade de atividades para localizar palavras ou trechos. Por exemplo, solicitar que as crianças localizem o verso que corresponde a um trecho do texto pode ser uma proposta que coloca em

jogo seus conhecimentos e indícios gráficos (palavras ou letras iniciais e finais conhecidas) para identi-ficar trechos. Tendo em vista que as crianças já conhecem o texto de memória, elas podem se apoiar na semelhança da escrita para buscar a correspondência sonora.

O mesmo ocorre quando as crianças têm o desafio de ordenar os versos e estrofes de um texto. Nesta proposta as crianças podem ser lembradas pelo professor de que se trata de um texto conhecido, e po-dem repeti-lo em voz alta. Conforme o recitam (pois conhecem este texto de cor) e buscam a represen-tação gráfica, repetindo sua estrutura fixa, lendo e ordenando os versos ou estrofes, as crianças têm a possibilidade de ajustar o que dizem ao que está escrito, além de perceber que há uma quebra de linha ao final de cada verso, facilitando a localização de cada estrofe.

As crianças podem ter um duplo desafio diante de, por exemplo, quatro estrofes misturadas. Precisam encontrar aquela que inicia o poema. Ao localizá-la, têm de ler para verificar se se trata da primeira estrofe, e para isso usam o que já conhecem sobre os indícios gráficos. E assim sucessivamente, até que ordenem as quatro estrofes, sempre considerando as ideias que possuem sobre o que está escrito em cada uma.

Em propostas como essas, as crianças lidam o tempo todo com a composição e decomposição das par-tes da escrita e, assim, refletem sobre o que ela representa (a fala) e como ela o faz. A ideia não é de que acertem logo no início a ordenação dos versos, mas sim que usem argumentos para suas escolhas, cada vez mais próximos da reflexão sobre a língua.

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ditar um texto ao professor

O processo de ensino envolve sujeitos em momentos diversos do processo de aprendizagem, pois o processo de ensino é dirigido pelo professor e o processo de aprendizagem é realizado pela criança. Embora o professor conduza uma mesma atividade para o grupo, cada criança avança de acordo com suas possibilidades. Cabe ao professor encontrar estratégias para ajudar cada uma, e para isso ele pode assumir diferentes papéis.

Um desses papéis é o de escriba, aquele que escreve o texto ditado. Nessa situação, as crianças devem saber o que será escrito e por que estão escrevendo. O professor, na medida em que grafa o que é dita-do, devolve alguns problemas para as próprias crianças resolverem. Pode fazer brincadeiras, exagerar aspectos, errar de propósito, enfim, chamar atenção sobre a escrita. No entanto, seu papel é mesmo o de escrever exatamente da maneira que as crianças ditam para, num outro momento de revisão, refletirem juntos sobre o que foi escrito.

Enquanto se escreve um texto ditado pelas crianças, verbalizar o que foi escrito e o que falta escre-ver ajuda-as a considerar a parte e o todo, necessário para a compreensão da relação entre o oral e o escrito. Nessas situações, o professor tanto pode assinalar a palavra já escrita e aquelas que faltam ditar, o verso já grafado para conversar sobre o verso seguinte, ou ainda dizer a parte da palavra já está regis-trada (as sílabas já escritas) para discutir o que falta.

Em situações como essas, as crianças podem aprender diferentes procedimentos relacionados ao ato de ditar: diferenciar seus comentários sobre o texto daquilo a ser escrito, respeitar o ritmo daquele que escreve (a escrita costuma ser mais lenta que a fala), reproduzir literalmente um texto e controlar o já escrito e o que falta escrever, além de assistir à visualização gráfica de um texto que já conhe-cem de memória.

Ao escrever o que as crianças ditam, assume-se a tarefa de colocá-las, dentro de suas possibilidades, em contato com a complexidade do sistema alfabético de escrita, pois participam de uma atividade em que está presente todo o repertório de letras e marcas gráficas da língua (sinais de pontuação, por exemplo), sem que seja necessário saber escrever.

Da mesma forma que uma situação como esta é uma “janela” para que o professor conheça o que as crianças sabem, é uma excelente oportunidade para que deixe claro outras características da escrita e do ato de escrever. Vale a pena verbalizar as decisões tomadas enquanto se escreve: assinalar a parte do trecho ditado que já se escreveu, explicar que se vai mudar de linha porque o verso terminou, apagar determinada palavra, pois foi escrita muito próxima da anterior ou centralizar o título do texto. Dessa forma as crianças vão fazendo uma “visita guiada” na complexidade da língua escrita, sem que lhes seja exigida uma resposta específica.

Escrever palavras, versos e estrofes

Escrever é, necessariamente, uma atividade analítica, pois se escreve por partes. Pertence ao ato de escre-ver, controlar o que já foi escrito e o que ainda falta. Se as crianças têm oportunidade de ser incentivadas a escrever, sem medo de errar, certamente estarão tendo uma chance de ingressar nas práticas letradas de forma positiva. Quanto mais escreverem do seu jeito, desde muito cedo, mais garantia teremos que se alfabetizarão na época esperada.

A atividade de produzir um texto coloca o problema de isolar partes do texto (a competência para ana-lisá-lo em segmentos) e relacioná-las à escrita. Se, no início do processo, essa relação entre oral e escrito não coincide com a escrita alfabética, é, ainda assim, necessário que as crianças escrevam do seu jeito. É

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somente a partir dessas formas pessoais de escrever que elas chegarão a compreender a escrita alfabé-tica. Nos Cadernos de orientações você encontrará uma série de sugestões para que as crianças isolem versos do resto do texto, escolham a palavra que será escrita, analisem a palavra em sílabas e reflitam sobre quantas e quais letras utilizarão para representá-las.

AsPECtOs A sEREM COnsidERAdOs nO PROCEssO dE EnsinO E APREndizAgEM

Ao ingressarem na educação infantil, as crianças já possuem noções sobre vários assuntos. Em relação à escrita não é diferente. Mesmo a criança que vive em ambientes mais isolados tem a chance de cons-truir ideias de como a escrita se organiza, por exemplo, observando os adultos que leem ou escrevem e os materiais escritos disponíveis à sua volta.

A escrita como sistema de representação

A invenção da escrita foi um processo histórico de construção de um sistema de representação e não a invenção de um código de transcrição. Para compreender o funcionamento de um sistema de repre-sentação, ao aprender a escrever, as crianças se deparam com questões conceituais. Nesse processo, elas precisam ter oportunidades de pensar sobre a escrita, pois se apenas copiarem palavras ou sílabas não terão possibilidades de entender e construir os conceitos.

A compreensão do funcionamento da escrita depende da possibilidade de reflexão, e as situações em que as crianças são convidadas a pensar sobre esse funcionamento podem e devem ser fomentadas e facilitadas no processo de ensino e aprendizagem. É natural que, ao longo desse processo, construam hipóteses “errôneas” de escrita. Por exemplo, o que pode parecer uma escrita em que faltam letras é a tentativa de escrever, como se fosse necessária apenas uma marca gráfica (letra) para cada emissão sonora (sílaba).

Para além da dicotomia “certo ou errado”

Somente se aprende a escrever escrevendo – e cometendo “erros”, as chamadas hipóteses. Os erros construtivos são mais do que necessários para que as crianças aprendam. Esses “erros” são brechas que

CADERNO DE ESTUDOS

Para saber mais, consulte

CADERNO DE APRESENTAÇÃO

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também permitem ao professor observar o percurso intelectual das crianças, para poder ajudá-las a avançar em suas reflexões. O mesmo ocorre no plano oral, pois o fato de a criança não ser capaz de verbalizar algo que lhe foi solicitado não significa que não esteja refletindo sobre a linguagem.

A aprendizagem da leitura, da escrita e da própria linguagem vai sendo construída num processo crescente. O gatilho para esse aprendizado é justamente a possibilidade de desestabilizar a criança, fazendo-a pensar sobre sua produção (seja oral, seja escrita). Mais do que classificar como certo ou er-rado, o que permite avançar e se apropriar do conhecimento alcançado (mesmo que ainda provisório) é a oportunidade de pensar e verbalizar o percurso para chegar à resposta dada. Sempre que possível, o que importa é convidar a criança a justificar sua resposta, pedir que explique o que pensou. Por meio desses questionamentos, ela é solicitada a falar sobre sua produção e, consequentemente, poderá tomar consciência de seus conhecimentos. Isto é o que se chama promover uma reflexão metalinguística e metacognitiva: ir além do “certo ou errado”, promovendo uma “análise” da resposta dada.

Muitas vezes, apenas saber se acertou ou errou não significa nada, não oferece condições para que a criança avance. Em compensação, deter-se sobre uma resposta e estimular uma “avaliação” das razões que levaram a ela pode oferecer pistas importantes para rever, confirmar ou modificar o que se fez. Para ajudar as crianças neste caminho compete ao professor inverter o olhar para suas aprendizagens: em vez de observar seus erros, é importante observar o que já aprenderam.

Abaixo, alguns exemplos, entre muitos, de como é possível enxergar um processo de aprendizagem onde muitas vezes se lê como erro:

a. Quando a criança já compreende que a escrita representa algo, mas utiliza desenhos de animais para escrever uma lista de bichos.

b. Quando ela já sabe que, para escrever, são usados símbolos, mas como ainda não os conhece, usa aqueles que se parecem com letras, mas são pseudoletras (letras falsas).

c. Quando já sabe que se escreve com letras, mas ainda não conhece todas elas nem sabe como se com-binam para formar as palavras, e utilizam uma escrita fixa que repete para todas as escritas (a mesma letra ou palavra para escrever coisas diferentes).

d. Quando, em relação ao conhecimento anterior, a criança já atribui significados diferentes a cada es-crita (mesmo que sejam iguais ou bem parecidas), já que sua intenção era de escrever palavras diferentes.

e. Quando começa a perceber que há uma relação entre as emissões sonoras de uma palavra e a quan-tidade de letras que se usa para escrevê-la, correspondendo partes do falado a partes do escrito [para escrever CAVALO, que tem três emissões sonoras (sílabas), utiliza três partes escritas (letras)].

f. Quando começa a escrever correspondendo partes do falado a partes do escrito, já considerando o valor sonoro do que escreve [ao escrever PICADINHO, utiliza I (PI) A (CA) I (DI) O (NHO)].

A diversidade de conhecimentos das crianças

As crianças têm conhecimentos diferentes sobre a organização gráfica dos textos e a escrita. Tal heterogenei-dade, muitas vezes percebida como um fator que dificulta a ação do professor, pode ser colocada a serviço do trabalho didático e da compreensão da escrita por parte do grupo. Para isto, é importante que se organi-zem intencionalmente atividades em que as crianças trabalhem com os colegas. Planejar situações em dupla, trio ou grupos deve fazer parte da rotina, bem como pensar a distribuição das crianças nos grupos em função do nível de conhecimento de cada uma. O objetivo deve ser favorecer a troca e a ajuda mútua.

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As situações em que escrevem em duplas (isso também pode ocorrer em outros tipos de agrupamen-tos) podem ser uma ocasião para que os diferentes conhecimentos das crianças, sobre as letras, seus nomes, seu traçado e seu valor sonoro, possam ser compartilhados e discutidos. Essas trocas, que são possíveis justamente em razão dos diferentes níveis em que cada membro do grupo se encontra, favo-recem avanços para ambos os integrantes.

Nas atividades de escrita em grupo, além de colocar em jogo o que sabe sobre o sistema de escrita, a criança também é confrontada com o saber do outro. Às vezes, há um conhecimento compartilhado por ambos os integrantes. Em outros momentos, cada um domina informações diferentes, é preciso discutir, apoiar-se nas fontes escritas do grupo e pedir ajuda ao professor para descobrir quem tem razão. Esse confronto e discussão permitem que se amplie o que já se sabia.

Os diferentes conhecimentos também podem ser úteis nas discussões coletivas. Algumas crianças cha-mam a atenção para características do escrito que já observaram, contribuindo para que outras tenham acesso a essas informações; algumas utilizam procedimentos interessantes de consulta aos textos ou palavras já conhecidos, procedimentos que são importantes de compartilhar.

Longe de representar uma dificuldade para o trabalho em sala, a heterogeneidade de conhecimento das crianças pode ser grande aliada do trabalho feito em classe.

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GLOSSÁRIO

A seguir, você encontrará uma lista, organizada em ordem alfabética, dos conceitos linguísticos desta-cados nos Cadernos de orientações. Eles estão organizados na forma de um glossário, pois a intenção é tornar mais clara a definição das terminologias usadas na escrita dos textos, contribuindo para uma melhor compreensão das propostas.

Aliteração é uma figura de linguagem que consiste na repetição de uma mesma consoante ao longo do texto poético.

Atividade metalinguística é aquela que toma a própria linguagem como objeto de conhecimento e reflexão, exigindo atenção aos aspectos que a constituem.

Assonância é uma figura de linguagem que consiste na repetição de uma mesma vogal ao longo do poema.

Cadência é o posicionamento das sílabas tônicas de um verso e que lhe conferem um ritmo poético.

Campo semântico é um conjunto de palavras unidas pelo sentido, por exemplo, maçã, banana e limão pertencem a um mesmo campo semântico (frutas). A semântica é um ramo da linguística que estuda a significação das palavras.

Coerência é um conceito que tem sido objeto de estudo em diferentes áreas do conhecimento e aqui será tratado como a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos em um discurso.

Componente sonoro (figuras de efeito sonoro) são figuras de linguagem que produzem determinado efeito sonoro nos textos poéticos, como, por exemplo, assonância e aliteração.

Concisão é a qualidade do discurso que se caracteriza por transmitir uma mensagem de forma sucinta.

diálogo é uma parte do discurso que indica uma fala entre duas ou mais pessoas. Nos textos escritos, o travessão é o sinal gráfico que indica o seu início.

Elementos reiterativos são recursos linguísticos que se repetem ao longo de um texto poético com fina-lidade de produzir efeitos específicos na construção do significado, como, por exemplo, o refrão.

Enredo é o que acontece em uma narrativa, seu conteúdo.

Estrofe é um conjunto de versos. Um espaço costuma separar uma estrofe da outra, diferenciando-a das demais partes do poema e marcando a sua unidade.

Estrutura composicional dos poemas são os elementos que compõem a forma como o poema é estrutu-rado, como, por exemplo, título, versos e estrofes.

Fonema é a menor unidade sonora de uma língua.

Formas fixas de linguagem são expressões que se repetem de forma estável e, por isso, não podem ser mudadas.

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gênero textual são as diferentes formas de expressão escrita que podem ser caracterizadas pelo conte-údo temático, pela composição e pelo estilo. O gênero está diretamente ligado ao contexto de produção e recepção, e nele pode haver um ou mais tipos de texto. Alguns exemplos de gêneros textuais literários são as novelas, os poemas e o teatro.

grafema é a unidade mínima da escrita que se refere ao conjunto de letras que compartilham o mesmo valor sonoro, ou próximo a ele.

linguagem é o uso da língua (oral e escrita) como forma de comunicação e expressão.

linguagem escrita é o uso da língua, em sua forma escrita, para a comunicação e a expressão, enten-dendo a escrita como uma forma de representação da língua por meio de signos gráficos.

Melodia é uma sequência sonora organizada sobre uma estrutura rítmica que encerra algum sentido musical.

Metáfora é uma figura de linguagem que consiste em utilizar uma palavra com um novo significado, através da comparação implícita, existente entre as duas. Por exemplo: “O salto do tigre é rápido / Como raio”. O termo “raio” mantém seu sentido próprio, mas neste trecho também possui sentido figurado de rápido, ligeiro, veloz.

narrativa é um discurso que relata uma série de acontecimentos (eventos), frequentemente no passado, que utiliza verbos declarativos e de ação e movimento para descrever os acontecimentos, que se relacio-nam uns com os outros e são realizados por um ou mais protagonistas.

narrativa poética é um texto em prosa que contém elementos da linguagem poética.

Onomatopeia é uma expressão que representa sons, como a voz e os ruídos de humanos, animais e objetos. Muito utilizada nas histórias em quadrinhos, esses recursos sonoros servem para trazer musicali-dade e ritmo ao texto. Alguns exemplos: glub! glub! glub! (beber água), fom! fom! (buzina) e muuuuuu! (mugido de vaca).

Personagem é o responsável pelos acontecimentos relatados em uma narrativa, podendo ser pessoa, animal ou objeto personificado.

Recurso linguístico é um mecanismo da língua ou do discurso (oral ou escrito) utilizado para reforçar o sentido e/ou adequar o discurso aos diferentes propósitos comunicativos. Alguns exemplos: substituições de palavras que se repetem em um texto por outras que conservam o mesmo sentido, ou o uso intencional de palavras repetidas para acentuar um determinado significado.

Recurso poético é o conjunto de recursos utilizados em textos poéticos. Por exemplo, repetição, rima, paralelismos e anáfora.

Refrão são os versos, formas fixas de expressão, que se repetem em intervalos regulares em determinadas canções ou poemas.

Rima caracteriza-se pela repetição de sons no final das palavras dos versos, em geral, da última vogal tônica e dos fonemas que eventualmente a seguem.

Ritmo refere-se, nos textos poéticos, à distribuição dos sons, palavras ou expressões, de modo que eles se repitam em intervalos regulares.

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sequência da narrativa é o encadeamento dos acontecimentos de uma história. Início, meio e fim.

textos instrucionais são textos que apresentam informações sobre procedimentos ou normas adequa-das a um determinado contexto. Caracteriza-se pela apresentação de prescrições de comportamentos ou ações sequencialmente ordenadas, tendo como principais marcas os verbos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente. Por exemplo: regras de jogos, instruções para confecção de determinados objetos, receitas.

textos poéticos são composições textuais nas quais predominam a intencionalidade estética da lingua-gem e o trabalho com a palavra e suas propriedades sonora, visual e semântica. Podem ter origem na tradição oral e ter sido passadas para a forma escrita (parlendas, cantigas, trava-línguas) ou de autoria (poemas diversos, canções etc.).

tipo de texto é a estrutura que organiza um texto a partir da classificação de sua forma e da maneira como ele apresenta seu conteúdo.

Verso refere-se a cada uma das linhas de um poema, de uma canção ou de uma prosa poética. Os versos podem ter uma sucessão de sílabas ou fonemas com unidade rítmica ou melódica.

Vocabulário é o conjunto de palavras de uma língua, também conhecido como léxico. O vocabulário pró-prio de uma pessoa é definido como o conjunto de palavras que esta é capaz de compreender e de utilizar.

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Créditos institucionais

TRILHAS

Iniciativa:Natura Cosméticos

Realização:Programa Crer para Ver, Natura Cosméticos

Desenvolvimento: Cedac

Ficha Técnica

Programa Crer para Ver, Natura CosméticosCoordenação:Maria Lucia Guardia e Lilia Asuca Sumiya

CedacCoordenação:Beatriz Cardoso e Tereza Perez

Concepção do conteúdo e supervisão:Ana Teberosky

Direção editorial: Beatriz Cardoso e Beatriz Ferraz

Consultoria literária:Maria José Nóbrega

Equipe de redação:Beatriz Cardoso, Beatriz Ferraz, Cristiane Fernandes Tavares, Debora Samori, Maria Grembecki, Milou Sequerra, Patrícia Diaz

Equipe da Gerência de Educação e Sociedade, Natura Cosméticos:Maria Lucia Guardia, Lilia Asuca Sumiya, Fabiana Shiroma, Eliane Santos, Isabel Ferreira, Luara Maranhão, Marcio Picolo

Edição de texto:Marco Antonio Araujo

Coordenação de produção:Fátima Assumpção

Projeto gráfico: SM&A Design

Ilustrações: Vicente Mendonça

Revisão: Ali Onaissi

“ESTE CADERNO TEM OS DIREITOS RESERVADOS E NÃO PODE SER COPIADO OU REPRODUZIDO, PARCIAL OU TOTALMENTE, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA E EXPRESSA DO PROGRAMA CRER PARA VER, DA NATURA COSMÉTICOS, E DO CEDAC.”

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