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GAZETA DO POVO – Caderno G
Para escrever bem o português Publicado em 08/08/2013 | ISADORA RUPP
O juiz aposentado e professor Albino de Brito Freire não gosta das “invencionices” que surgem na língua
portuguesa: por não existir na norma culta, ele teme que a expressão, de tão proferida, seja incorporada aos
dicionários nas próximas décadas. O uso desses cacoetes e o esclarecimento de várias dúvidas foram
compilados no livro Nossa Língua, Nossa Pátria (Editora Íthala), que será lançado hoje, às 19 horas, na Livraria
Saraiva do Shopping Crystal, com a presença do escritor. A obra também é de autoria de Leopoldo Scherner, um
dos fundadores da PUCPR e membro da Academia Paranaense de Letras, que morreu em 2011, aos 90 anos.
Todas as dicas de como falar e escrever bem o português são oriundas de uma coluna que Freire e Scherner
escreveram durante 10 anos, aos domingos, no jornal O Estado do Paraná. “No começo, a minha ideia era fazer
um encarte, mas era algo caro”, conta Freire. Uma das filhas de Scherner, Maria de Jesus Caldeira Scherner
Chiarello recorda que a coluna era acertada muitas vezes por telefone. “Eles ficavam horas conversando, sempre
sobre dúvidas que surgiam no cotidiano.”
Serviço
Nossa Língua, Nossa Pátria
Albino de Brito Freire e Leopoldo Scherner. Editora Íthala, 208 págs., R$ 87,90. Venda on-line e informações no
site www.ithala.com.br.
Lançamento
Livraria Saraiva – Shopping Crystal (R. Comendador Araújo, 731 – Centro), (41) 3232-8081. Hoje, às 19 horas.
Entrada franca.
Nos textos do jornal, ambos abordavam, de uma maneira um pouco mais coloquial do que nas gramáticas, essas
“escorregadas.” “São apenas dicas, e não normas rígidas” salienta Freire, que levou mais de um ano para reunir
o material e adequá-lo para as normas do novo acordo ortográfico.
Dúvidas
O livro foi organizado por tópicos (que englobam desde abreviaturas até fonética) e traz dicas práticas sobre
erros que podem soar gritantes, mas que são cometidos de maneira corriqueira. “De repente” é separado,
lembram os autores. A expressão “em princípio” significa em tese, e não no começo. Ojeriza (aversão), não leva
a letra “h”, entre outros esclarecimentos. Cacofonias, em frases como “O futuro da nação (danação)” e “Ontem,
eu vi ela (viela)”, segundo eles, devem ser evitadas.
Gerundismo
A colocação incorreta do gerúndio é outro problema da língua portuguesa, ressalta Freire. “O abuso é clássico”,
frisa, e isso fez com que as pessoas o abolissem totalmente. A permissão para o uso, explica, é quando se
deseja dar ideia de continuidade. Sabendo das regras à risca ou não, a dica primordial para melhorarmos o
português, enfatiza o autor, é a leitura. “Não há um atalho, é preciso ler e se interessar pela língua.”