para acabar de vez com a economia paralela

14
[Escreva texto]

Upload: grupo-lidel

Post on 23-Mar-2016

213 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Útil para todos os contribuintes, esta é uma obra desafiante que nos mostra como, sem qualquer aumento de impostos, todos podemos contribuir! Através de um modelo alternativo para a cobrança de impostos que aumenta a eficiência do processo de cobrança e reduz ao máximo a economia paralela, convertendo-a em economia real, todos podemos de forma fácil contribuir para melhorar a situação geral do país e premiar os contribuintes com reembolsos generosos de parte do seu IRS.

TRANSCRIPT

Page 1: Para acabar de vez com a Economia Paralela

[Escreva texto]

Page 2: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© Lidel – edições técnicas

Índice

Parte I – Introdução ...................................................................   1

Capítulo 1 – Ponto de partida ....................................................   3

Capítulo 2 – Impostos .................................................................   7

  IVA  ............................................................................................   7  IRC ............................................................................................   12  IRS ............................................................................................   16

Capítulo 3 – Grandes números ..................................................   19

  Valores associados ao PIB ........................................................   20  Valores associados às receitas fiscais .......................................   21  Outros valores ..........................................................................   22

Capítulo 4 – Pequenos grandes valores ..................................   25

Parte II – Modelo Atual ...............................................................   33

Capítulo 5 – Sistema atual .........................................................   35

  Faturação falsa .........................................................................   39  Faturação replicada ..................................................................   40  Faturação eliminada .................................................................   43  Faturação alterada ....................................................................   44  Faturas eliminadas seletivamente.............................................   46  Sem faturação ..........................................................................   47

Capítulo 6 – Finanças e programas de faturação ....................   51

Parte III – Novo Modelo ..............................................................   59

Capítulo 7 – Novo modelo ..........................................................   61

  Emissão de faturas ...................................................................   62  Percentagem .............................................................................   64  Como funcionará o novo processo ............................................   66    Contribuintes .......................................................................   67    Empresas.............................................................................   68    Finanças ..............................................................................   69  Controlo ....................................................................................   72    Fraudes dos clientes ............................................................   77

Page 3: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© L

idel

 – e

diçõ

es t

écni

cas

Para acabar de vez com a economia ParalelaVI

    Fraudes dos fornecedores ...................................................   77  Viabilidade................................................................................   80    Grandes números ................................................................   80    Variáveis utilizadas ..............................................................   82    Valores ................................................................................   85  Fator tempo ..............................................................................   88  Conclusões ...............................................................................   89

Capítulo 8 – Cautela e caldos de galinha… ...........................   93

  Percentagem da economia a capturar = 66% ...........................   94  Percentagem da economia a capturar = 50% ...........................   97  Percentagem da economia a capturar = 33% ...........................   99  Reembolsos à taxa de 4% .........................................................   101  Reembolsos à taxa de 3% .........................................................   102  Que taxa usar? ..........................................................................   104    Taxa de Reembolso Baixa ....................................................   105    Taxa de Reembolso Elevada ................................................   106    Taxa Fixa versus Taxa Variável ..............................................   106

Capítulo 9 – Faturas sem identificação do cliente ..................   111

  Faturas sem identificação do cliente .........................................   111    Impossibilidade de identificação do cliente .........................   111     Processo de identificação do cliente será demasiado  

demorado ............................................................................   114    Quando o cliente não quer ser identificado .........................   114  Venda ambulante ......................................................................   115  Compras anónimas ...................................................................   120  Pequena história com final meio infeliz ....................................   121  Potenciais Problemas ...............................................................   124    Bisbilhotice (do Estado e seus funcionários) .......................   124    Marotice ..............................................................................   125

Capítulo 10 – Então ‘sôtor’… e os custos, onde é que estão os custos? ............................................................   127

Capítulo 11 – Cartão de Cidadão ...............................................   129

  Pequena história da formação de um país ................................   132  Números e mais números .........................................................   134

Capítulo 12 – Como é que estamos de tempo? ..........................   139

  Consumidores ...........................................................................   140  Empresas ..................................................................................   141

Page 4: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© Lidel – edições técnicas

Índice VII

  Estado (Finanças) .....................................................................   142

➤➤ Nota Final ................................................................................   145

➤➤ Bibliografia ............................................................................   149

Page 5: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© Lidel – edições técnicas

Capítulo

4

Um dos pecados mortais de que padece o Estado português é o pecado da gula.

Esta associação não lhe fica propriamente muito bem, já que na Idade Média a personificação do pecado da gula era atribuída a Belzebu2, um dos sete príncipes dos infernos.

A presença do Estado faz-se normalmente sentir nos grandes momentos da vida das pessoas e das empresas, em que aparece com a sua mão enorme, aberta e pesada para se  fazer sentir e se cobrar seja do que for, sempre em percentagens e em valores significativos.

Quanto mais raro for o acontecimento, tanto maior é a presen-ça do Estado. Ele faz-nos lembrar aqueles familiares que só apa-recem para os funerais e unicamente nos daquelas pessoas que deixam algo para distribuir pelos descendentes. Senão vejamos:

➤➤ De 20 em 20 anos mudamos de casa. O Estado aproveita o acontecimento e aparece com os vastos impostos asso-ciados à transação imobiliária, e ainda com valores e taxas (algumas  delas  verdadeiramente  obscenas)  associadas  à escritura, registos, etc.;

➤➤ De 5 em 5 anos mudamos de carro. Mais uma vez, o Estado não se faz rogado e aplica fortemente os impostos, inclusi-ve, cobrando impostos sobre impostos;

➤➤ Todos os meses, cobram-se percentagens significativas so-bre  os  rendimentos  do  trabalho  pagos  às  pessoas  e  que 

2  �“Beelzebuth  (deformação do nome de uma divindade filisteia ou cananeia: Baal Zebub ou Baal Zebul ou, vulgo, Belzebu, Príncipe dos Demónios, Senhor das Moscas e da Pestilência, Mestre da Ordem) é conhecido principalmente como O Terceiro dos Três por ser o  terceiro demónio mais poderoso do inferno, curvando-se somente perante Lúcifer e o próprio Shaitan, de Tenebras. ”[11]

Pequenos grandes valores

Page 6: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© L

idel

 – e

diçõ

es t

écni

cas

Para acabar de vez com a economia Paralela26

vão diretamente para o Estado sem estas verem sequer a cor do dinheiro que auferiram.

Precisamente nos momentos em que um cidadão faz um es-forço  tremendo  a  aplicar  quantias  significativas  na  compra  de casa, carro, etc., é que o Estado mais nos pressiona e nos aperta com impostos cobrados.

Mas, por estranho que nos possa parecer, este mesmo Estado permite, de uma forma extremamente passiva e tolerante, que, nas suas próprias barbas e à frente de toda a gente, se fuja ao fis-co com transações comerciais de baixo valor. Provavelmente, tal sucederá por os valores cobrados por estas transações estarem também associados a um imposto pouco significativo e como tal com pouco interesse.

Que  importância  pode  ter  a  compra  de  um  café  que  custa  0,60 €? O imposto associado é praticamente zero (com o IVA a 13%  podemos  dizer  que  o  valor  do  imposto  será  aproximada-mente 0,07 €, mas com o IVA a 23% o imposto é igual a 0, 11 €). Por isso, o Estado faz de conta que não vê que estas transações não são faturadas, embora seja cobrado esse mesmo imposto em nome do próprio Estado, só que fica nos bolsos dos comercian-tes.

Esta é também uma parte do problema da fuga aos impostos, pois não se pode olhar para transações de pequeno valor como algo que vai gerar um imposto muito baixo e, como tal, sem inte-resse. Seria bem mais justo e bem mais interessante se o Estado se centrasse na cobrança desses pequenos valores e aliviasse a carga a que sujeita os seus cidadãos nos momentos de aquisi-ções críticas da sua vida (casa, carro, etc.).

Pensemos um pouco. Que interesse pode ter o imposto asso-ciado aos 0,60 € de um café? Nenhum. 

Será mesmo assim?

Page 7: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© Lidel – edições técnicas

Pequenos grandes valores 27

Façamos então algumas contas com um café que custe 0,60 € e que tenha a taxa de IVA igual a 23%:

➤➤ Ao aplicarmos as fórmulas, ficamos a saber que, na reali-dade, o preço final do produto é igual a 0,49 € + 0,11 € de IVA;

➤➤ Se pensarmos que “tomar o cafezinho” é quase um hábi-to/vício de uma parte significativa da população (digamos 20%), então estaremos a falar de 2.100.000 cafés bebidos por dia;

➤➤ O total de imposto diário que poderia ser cobrado seria en-tão igual a 2.100.000 x 0,11 €, isto é, 231.000 €; 

➤➤ Ao fim de um ano o resultado seria superior a 84 milhões de euros3.

Aquilo  que  aparentemente  seria  um  valor  ridículo,  por  ser tão pequeno,  torna-se bastante  interessante quando analisado na perspetiva do volume de imposto que é gerado anualmente. Como se pode constatar, estes são valores consideráveis, o que nos faz pensar por que razão o Estado não faz com que estes va-lores cheguem ao seu destinatário final (o próprio Estado).

Olhando  por  esta  nova  perspetiva,  afinal  estes  montantes, ainda  que  reduzidos, não  serão  assim  tão  descartáveis quanto nos poderiam parecer à primeira vista.

Vejamos outros exemplos:

➤➤ Se metade da população ativa (2.750.000) almoçar fora de casa  duas  vezes  por  semana  (2 x  52 semanas  =  104  re-feições), então, ao fim de um ano, obtêm-se mais de 230 milhões de euros em IVA cobrado;

➤➤ Se metade da população ativa (2.750.000) tomar o peque-no-almoço e o lanche fora de casa (52 semanas x 5 dias), 

3   Notar que o valor do  IVA associado a um café que custe 0,60 e não é exatamente  igual a 0,07 e. É antes um valor igual a 6,902654867256637168141592920354 cêntimos, e é este valor que é usado nas fórmulas. Por isso, poderá obter valores um pouco diferentes dos aqui apresentados se usar o valor 0,07 e, mas na mesma ordem de grandeza.

Page 8: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© L

idel

 – e

diçõ

es t

écni

cas

Para acabar de vez com a economia Paralela64

Percentagem

Já percebemos que o Estado, ao permitir que cada contribuin-te receba 5% do valor do IVA que pagou nas suas faturas, está na realidade a devolver apenas 1,15% do valor da compra (sem IVA) ou 0,93% do valor total de compra com IVA incluído à taxa de 23%. Quer isto dizer que se alguém gastar 100 € numa compra, nem  chega  a  receber  1 €  de  reembolso  pois,  no  máximo,  será reembolsado em 93 cêntimos (0,93 e).

Ora, não estamos a falar de dinheiro. Quanto muito, estamos a falar de uns trocos que poderão vir a ser reembolsados a partir dos custos de cada transação.

A  nossa  ideia  é,  porém,  mudar  isto  radicalmente  e  tornar  o processo  muito  mais  atrativo.  Para  tal,  e  porque  sabemos  que o  sistema  que  vamos  aqui  apresentar  não  vai  permitir  grandes fugas, vamos premiar todos os contribuintes que peçam fatura. Assim, e como pretendemos que todas as faturas entrem no sis-tema, desde a compra do iate de luxo mais caro até à mais sim-ples pastilha elástica, queremos que tudo seja processado com a emissão da respetiva fatura.

Podemos, pois, ser muito mais generosos e pensar numa taxa de  reembolso  muito  mais  atrativa,  que  leve  os  contribuintes  a pedirem todas as faturas de todas as transações que venham a realizar.

Para simplificar as coisas, a partir de agora  iremos passar a falar de valores de venda sem IVA, isto é, se comprar um bem que custa 100 € + IVA = 123 €, então se dissermos que devolvemos x% do valor de compra, estaremos a falar de x% dos 100 € e não do valor total já com o imposto incluído.

Ora, numa transação de 100 € + IVA já vimos que o Estado irá reembolsar 1,15 €.

Page 9: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© Lidel – edições técnicas

novo modelo 65

Para sermos mais generosos, que  taxa deveríamos devolver aos contribuintes por cada compra que realizarem? 

Que tal o dobro da taxa proposta pelo Governo (2%)? 

E que tal o triplo (3%)? Já seria bom! 

Mas sejamos mesmo uns “mãos-largas” e vamos propor de-volver 5% do valor de compra sem IVA a todos os contribuintes. No final, veremos se tal é ou não viável.

Quer isto dizer que numa compra de 100 € + IVA o Estado pro-põe devolver 1,15 € e nós propomos devolver 5,00 € (4,35 vezes mais do que o valor proposto pelo Estado).

Vamos ver se nos entendemos relativamente a estes valores… Ora, imagine que ia de férias em agosto para o Algarve e, durante um mês, vivia  lá à grande. No final do mês, pagava nada mais, nada  menos  do  que  12.300 €  por  todas  as  loucuras  de  verão. Ora, 12.300 € corresponde a uma compra de 10.000 € + IVA.

De acordo com a proposta do Estado, você iria receber 115 €, isto se não existir um teto legal inferior a este valor. Segundo a  nossa proposta, iria receber 500 €. Que tal? Ainda daria para fa-zer mais uma ou duas extravagâncias ao chegar a casa.

É de um sistema generoso que estamos a falar, pois interessa- -nos que o contribuinte sinta que ganha algo razoável com o pe-dido das faturas, e assim contribua para o sucesso de todo o sis-tema, uma vez que este será tanto mais rentável quanto menor for a economia paralela, ou seja quanto menor for o número das faturas que ficarem por emitir.

Pretende-se, assim, financiar estes reembolsos de valores sig-nificativos apenas�com�o�acréscimo�dos�valores�de�IVA�e�de�IRC�que�irão�ser�cobrados a todos os que anteriormente fugiam ao controlo do Estado.

Ora,  se  nos  capítulos  anteriores  mostrámos  que  o  nível  de fraude na apresentação de faturas para o reembolso dos 5% do 

Page 10: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© L

idel

 – e

diçõ

es t

écni

cas

Para acabar de vez com a economia Paralela76

Se  pensarmos  que  em  Portugal  existem  10  milhões  de  pes-soas  e  que,  em  média,  cada  pessoa  faz  100  compras  por  ano, obtemos um valor imenso de 1.000 milhões de faturas.

Ora, a solução mais óbvia seria os contribuintes apresentarem às Finanças as faturas físicas (em papel) a desconto para que se-jam conferidas e confirmadas. Imagine-se o que seria a conferên-cia de 1.000 milhões de faturas, com IVA diferentes. Tal quanti-dade de trabalho impediria qualquer modelo baseado em faturas de ser implementado. 

Através do modelo aqui exposto, ninguém apresenta faturas para desconto às Finanças. Nem uma só! Assim, não será neces-sário a existência de um batalhão de trabalhadores das Finanças a conferir faturas e a calcular diferentes somas de IVA por molho de faturas.

Há também um aspeto essencial para o sucesso da implemen-tação de um modelo como o que aqui é apresentado: a sua larga 

Page 11: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© L

idel

 – e

diçõ

es t

écni

cas

Para acabar de vez com a economia Paralela88

Tipo Variável Valor*

Receita IVA 3.631

Receita IRC 3.934

Custo Reembolso�5% 6.225

Total IVA�+�IRC�–�Reembolso 1.340

(*Coluna Valor em milhões de euros)

A análise deste quadro-resumo permite-nos concluir que, com a implementação de um modelo tão simples como este, e se se verificarem as quantidades das capturas e de IRC pago, o Estado poderia devolver aos seus cidadãos um valor na ordem dos 6225 milhões  de  euros,  o  que  representaria  uma  enorme  injeção  de dinheiro na economia das famílias.

Por seu turno, o Estado ainda encaixaria quase 1340 mil mi-lhões de euros em impostos, valor que seria suficiente para al-cançar o valor em falta dos subsídios de férias e de Natal a todos os funcionários públicos, retirado pelo Tribunal Constitucional.

De recordar que todo este resultado se obteria sem qualquer aumento de impostos e se basearia, tão-só, numa pequena alte-ração na forma como os impostos são controlados.

Fator tempo

Ao analisar as características deste novo modelo, vemos que é muito razoável a possibilidade de, no ano da sua implementa-ção, se vir a obter um valor muito interessante e particularmente elevado na recolha de impostos.

Imaginemos, por absurdo, que começavamos a implementar o modelo no ano x e que, nesse ano, conseguíamos 100% de captura da economia paralela. Tal significaria um aumento brutal na reco-lha e na distribuição de impostos. Tudo a correr às mil maravilhas.

Mas o que aconteceria no ano x + 1? Se se usasse o mesmo critério, não haveria aumento nenhum de impostos, ou este seria 

Page 12: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© L

idel

 – e

diçõ

es t

écni

cas

Para acabar de vez com a economia Paralela90

la. É necessário, no entanto, saber olhar e interpretar os números que resultam da sua aplicação.

Os resultados obtidos permitiriam que os contribuintes (sim, essa parte da economia de quem normalmente não se fala – as pessoas) pudessem ser reembolsados com uma quantia signifi-cativa do IRS que tinham pago. No caso do nosso exemplo, seria um valor na ordem dos 70% de reembolso de IRS, além daquele que já normalmente seria reembolsado pelas Finanças. Só este valor equivaleria a três vezes e meia o total dos reembolsos de IRS habitual, injetando-se assim uma quantidade significativa de dinheiro nas famílias e na economia. 

Desta forma, o IVA tornar-se-ia o principal imposto, reduzindo- -se o IRS para um nível de relativa insignificância. Seriam assim premiados com os reembolsos todos os que trabalham e pagam impostos, ao contrário dos que não os pagam, pois não usufrui-riam, em princípio, deste benefício.

O Estado conseguiria ainda obter um valor tão considerável ao ponto de cumprir, entre outras coisas, com o pagamento dos sub-sídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e isto sem qualquer aumento de impostos e sem ter que recorrer também aos subsídios dos privados. 

Apesar de estarmos a usar valores aplicados a toda a popula-ção, na realidade haveria uma larga fatia que continuaria a fazer compras sem poder usufruir do reembolso do IRS, por estas não terem qualquer valor de IRS associado. Além do mais, aqueles que têm rendimentos muito baixos atingiriam muito rapidamen-te, com as suas compras de bens e serviços, o limite do seu IRS. Como tal, uma boa parte do IRS a reembolsar não estaria afeto a ninguém em particular, sendo distribuído pelos outros contri-buintes,  aumentando  significativamente  o  valor  atrás  mencio-nado.

Page 13: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© Lidel – edições técnicas

novo modelo 91

Ora, se isto lhe parece demasiado, na realidade para nós até nos parece relativamente pouco, pois os resultados deverão ser bastante mais elevadas do que estes, uma vez que:

➤➤ A economia paralela estará, muito provavelmente, subvalo-rizada, havendo aí um enorme potencial de financiamento;

➤➤ A taxa média real de IVA disponível e usada neste raciocí-nio  resultou  de  cálculos  tendo  como  taxa  normal  21%,  e não os 23% que vigoram desde 2011. Também neste aspe-to existirá uma fonte adicional de valor;

➤➤ As taxas de IVA a cobrar num setor tão importante como a restauração sofreram um agravamento de 77%, ao passa-rem de 13% para 23%, um aumento absurdo de 10 pon-tos percentuais que, com a impossibilidade de fuga ao fis-co, passaria a gerar valores de IVA e IRC adicionais muito  significativos;

➤➤ Alguns bens passaram da taxa reduzida (6%) para a taxa intermédia  (13%),  gerando  também  valores  substanciais de imposto graças a um aumento na taxa de 116,7%;

➤➤ Outros bens passaram da taxa reduzida (6%) para a taxa normal (23%); esse salto gigantesco de 17 pontos percen-tuais corresponde a um aumento de imposto na ordem dos 283,3%;

➤➤ Temos de  levar também em consideração que, neste mo-delo, estamos a fazer o reembolso das compras e das tran-sações a uma taxa fixa (correspondente a 5% do valor da compra sem IVA), quando faz todo o sentido usar taxas di-ferentes de reembolso para cada uma das três taxas de IVA aplicadas nas faturas, podendo, com alguma arte, alterar o modelo para incluir no benefício as compras isentas de IVA, integrando assim toda a economia no processo;

➤➤ Nem todos os particulares vão poder beneficiar dos reem-bolsos pois, como o desconto é feito sobre o valor do IRS pago, os que, por qualquer razão, não paguem IRS não irão 

Page 14: Para acabar de vez com a Economia Paralela

© L

idel

 – e

diçõ

es t

écni

cas

Para acabar de vez com a economia Paralela92

receber, revertendo o imposto desse consumo para outros consumidores;

➤➤ Nem todos os particulares vão poder atingir o valor máxi-mo do reembolso, porque não irão adquirir bens ou servi-ços suficientes que lhes permitam atingir um valor de IRS muito alto;

➤➤ Estamos também a considerar que todas as aquisições dos particulares têm IVA associado, o que não é verdade;

➤➤ Nem todos os particulares se vão dar ao trabalho de andar a solicitar que as faturas que não foram emitidas com o seu NIF lhe sejam associadas10, passando o reembolso destas diretamente para o Estado e para os restantes consumido-res;

➤➤ Alguns contribuintes  terão valores de  IRS  tão baixos que facilmente atingirão o limite máximo, não beneficiando as-sim dos reembolsos da totalidade das suas compras.

Todas  estas  características  que  acabamos  de  enunciar  ten-dem a criar um sistema muito mais rentável para o Estado do que é aqui apresentado, pois nem todo o consumo dos particulares irá ser aproveitado por estes.

Existe ainda um fator adicional que tem a ver com algum tra-balho que os contribuintes terão de ter, se quiserem usufruir do reembolso  de  todas  as  suas  compras  feitas  sem  a  emissão  de uma fatura identificada com o contribuinte que adquiriu o produ-to. É o caso dos produtos adquiridos em venda ambulante ou nas máquinas  de  venda  automática.  Caso  queiram  usufruir  destes  reembolsos terão de ter algum trabalho a reclamar esses valores, tal como veremos mais tarde. Por isso, haverá certamente muitos pequenos valores que acabarão por não ser reclamados por nin-guém, passando automaticamente para o Estado.

10   Mais tarde explicaremos como se pode obter o valor do reembolso mesmo se a  fatura e o fornecedor do serviço não a indiquem.