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V TIC - Salvador, Bahia, Brasil, 4 e 5 de agosto de 2011 DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NA ANÁLISE E MELHORIA DA GESTÃO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES DO PROCESSO DE PROJETO EM BIM Leonardo Manzione (1) Mariana Wyse Abaurre (2) Silvio Burrattino Melhado (3) TGP, Escola Politécnica, USP (1) [email protected], (2) [email protected], (3) [email protected] Léon Berlo TNO Built Environment and Geosciences, Delft [email protected] Rafael Sacks Technion-Israel Institute of Technology, Haifa [email protected] Resumo Através da interoperabilidade permitida pelo uso dos padrões IFC, o uso da tecnologia BIM e os model servers estão desenvolvendo um ambiente de troca sincronizada e contínua de informações entre os agentes do projeto através de um único modelo de dados. Ainda que as novas tecnologias permitam o Projeto simultâneo, os problemas relacionados com a gestão do fluxo de informações crescem exponencialmente, requerendo o desenvolvimento de novas metodologias de gestão adequadas para os ambientes colaborativos do BIM. Problemas usuais como soluções técnicas incompletas ou incorretas, se não tratadas metodologicamente dentro da plataforma BIM, podem rapidamente criar gargalos para o desenvolvimento do projeto. Estes gargalos resultam em desperdícios no processo (como tempo gasto em espera, sequencias de processamento que causam ciclos desnecessários de iteratividade, ciclos de logo prazo e etc.) A aplicação de conceitos que permitam a estruturação e medição do fluxo de informações pode otimizar o processo e reduzir o desperdício de recursos, mas a falta de uma metodologia específica para medir o fluxo de informações no ambiente BIM constitui uma barreira de pesquisa. Tomando como diretriz um estudo prévio no qual uma série de indicadores de desempenho (KPI – key performance indicators), este artigo desenvolve a metodologia para utilizar estes indicadores em um projeto BIM. Palavras-chave: Medição do Fluxo de Informação. Projeto Colaborativo. Model Server. Gestão de Projetos. Abstract Thanks to the interoperability provided by the IFC standard, BIM technologies and IFC model servers are beginning to enable a design environment where the exchange of information among the actors can be synchronous and continuous using a single and central data model. Although this new set of technologies enables concurrent design, the problems associated with managing the flow of information itself in a concurrent design environment requires explicit management of editing rights and version control at the level of individual objects, rather than at the file level. However, while these are technical issues that have standard solutions, managing designers’ involvement in the process also becomes more challenging, requiring the development of new management methods suitable for the BIM collaborative environment. Common problems such as information ‘overflow’, incomplete modelling solutions or incorrectly matched technical solutions, and inventories of work in progress due to inattentive designers, if not treated methodically in the BIM platform, can quickly cause bottlenecks for the advancement of the process. The bottlenecks result in process waste (such as time spent waiting, large inventories of design information, processing sequences that cause unnecessary iterations, long cycle times and schedule overruns, etc.). Application of concepts that allow structuring and measuring of the information flow can improve the process and reduce the waste of resources, but there is no specific

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Paper apresentado no TIC 2011 estabelecendo KPIs para medir o fluxo de informações do processo de projeto em BIM.

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DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NA ANÁLISE E MELHORIA DA GESTÃO DO

FLUXO DE INFORMAÇÕES DO PROCESSO DE PROJETO EM BIM

Leonardo Manzione (1) Mariana Wyse Abaurre (2)

Silvio Burrattino Melhado (3) TGP, Escola Politécnica, USP

(1) [email protected], (2) [email protected], (3) [email protected]

Léon Berlo TNO Built Environment and Geosciences, Delft

[email protected]

Rafael Sacks Technion-Israel Institute of Technology, Haifa

[email protected]

Resumo Através da interoperabilidade permitida pelo uso dos padrões IFC, o uso da tecnologia BIM e os model servers estão desenvolvendo um ambiente de troca sincronizada e contínua de informações entre os agentes do projeto através de um único modelo de dados. Ainda que as novas tecnologias permitam o Projeto simultâneo, os problemas relacionados com a gestão do fluxo de informações crescem exponencialmente, requerendo o desenvolvimento de novas metodologias de gestão adequadas para os ambientes colaborativos do BIM. Problemas usuais como soluções técnicas incompletas ou incorretas, se não tratadas metodologicamente dentro da plataforma BIM, podem rapidamente criar gargalos para o desenvolvimento do projeto. Estes gargalos resultam em desperdícios no processo (como tempo gasto em espera, sequencias de processamento que causam ciclos desnecessários de iteratividade, ciclos de logo prazo e etc.) A aplicação de conceitos que permitam a estruturação e medição do fluxo de informações pode otimizar o processo e reduzir o desperdício de recursos, mas a falta de uma metodologia específica para medir o fluxo de informações no ambiente BIM constitui uma barreira de pesquisa. Tomando como diretriz um estudo prévio no qual uma série de indicadores de desempenho (KPI – key performance indicators), este artigo desenvolve a metodologia para utilizar estes indicadores em um projeto BIM.

Palavras-chave: Medição do Fluxo de Informação. Projeto Colaborativo. Model Server. Gestão de Projetos.

Abstract Thanks to the interoperability provided by the IFC standard, BIM technologies and IFC model servers are beginning to enable a design environment where the exchange of information among the actors can be synchronous and continuous using a single and central data model. Although this new set of technologies enables concurrent design, the problems associated with managing the flow of information itself in a concurrent design environment requires explicit management of editing rights and version control at the level of individual objects, rather than at the file level. However, while these are technical issues that have standard solutions, managing designers’ involvement in the process also becomes more challenging, requiring the development of new management methods suitable for the BIM collaborative environment. Common problems such as information ‘overflow’, incomplete modelling solutions or incorrectly matched technical solutions, and inventories of work in progress due to inattentive designers, if not treated methodically in the BIM platform, can quickly cause bottlenecks for the advancement of the process. The bottlenecks result in process waste (such as time spent waiting, large inventories of design information, processing sequences that cause unnecessary iterations, long cycle times and schedule overruns, etc.). Application of concepts that allow structuring and measuring of the information flow can improve the process and reduce the waste of resources, but there is no specific

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methodology for measuring information flow in a BIM environment. Taking a previous study, in which seven key performance indicators were developed and validated for application with conventional technology, as a starting point, this work has developed the methodology for using these indicators in a BIM project.

Keywords: Information flow measure. Collaborative design. Model server. Design management.

1 INTRODUÇÃO

Quando falamos sobre a construção de edifícios, é comum encontrarmos reclamações quanto à demora nas entregas das etapas de Projeto. O processo de projeto é gerenciado informalmente, com técnicas inapropriadas de planejamento e baixa utilização de recursos de TI. As reclamações também são constantes por parte dos projetistas em função da necessidade de retrabalho, maior fator responsável pela perda de lucro dos escritórios de projeto (MANZIONE, 2006).

Em função da interoperabilidade permitida pela linguagem IFC, as tecnologias BIM e model servers estão começando a gerar ambientes de projeto em que a troca de informações entre os agentes pode ocorrer simultânea e continuamente pela utilização de um único modelo central (LONDON, 2010). Apesar destas tecnologias permitirem o projeto simultâneo, os problemas associados à gestão do fluxo de informações em um ambiente de projetos simultâneos exige gerenciamento específico da edição de permissões, controle de versões e inclusive do nível de objetos mais do que do nível de arquivos. No entanto, enquanto as questões técnicas ainda possuem soluções tradicionais, a gestão da participação dos projetistas no processo se torna mais desafiadora, demandando o desenvolvimento de métodos de gerenciamento adequados para o ambiente colaborativo do BIM.

O objetivo deste artigo é a proposta de uma nova metodologia para a organização, planejamento e controle dos processos de projeto em BIM, focando na definição de indicadores (KPIs – Key Performance Indicators) para medir a eficiência do processo.

As informações são o combustível do processo de projeto e organizar adequadamente o fluxo dessas informações se constitui em uma das chaves para se garantir o atendimento dos objetivos de um projeto.

O processo de projeto tem uma natureza variável. Nos primeiros estágios de desenvolvimento o conteúdo das informações tem um alto impacto na solução final e, à medida que o processo caminha para os estágios mais avançados, este impacto diminui, correspondendo à passagem de um estado menos estruturado e de maior incerteza, onde preponderam as negociações, para um estágio mais estruturado, onde há um aumento da complexidade do fluxo de informações com um número crescente de agentes (AUSTIN, 2002).

Tradicionalmente o processo de projeto tem sido planejado com as mesmas técnicas utilizadas para a obra. Porém estas técnicas não possibilitam representar os ciclos e as interações que existem em um processo complexo como o do projeto. Elas monitoram o progresso do projeto baseadas apenas na conclusão e entregas de desenhos em 2D ao invés de analisar o incremento e o avanço de um projeto através das informações chave que vão se agregando ao longo do processo. Com a tecnologia BIM o impacto do conteúdo das informações tem seu aumento potencializado na medida em que é possível com ela agregar todos os agentes desde o princípio do processo graças a sua riqueza semântica.

Essa riqueza semântica da tecnologia BIM ao facilitar as trocas e a integração entre os agentes gera uma dificuldade adicional ao processo, na medida em que se torna necessária uma metodologia estruturada para a gestão do fluxo das informações e do seu processo de projeto como um todo. Dentro dessa linha, a bibliografia nos mostra diversas publicações nos últimos anos que abordam conceitos e metodologias desenvolvidas com o objetivo de orientar a

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implementação do BIM como um processo (Pennsylvania State University, 2010; FALLON, 2007). Outras metodologias estruturadas, tendo como origem a metodologia ADePT (AUSTIN, 1999; AUSTIN, 2002) foram desenvolvidas e procuraram estruturar o processo de projeto de maneira genérica, porém sem um foco preciso no BIM. Mais recentemente, o projeto Inpro (BENNING et al., 2010) pode ser considerado como uma iniciativa de maior amplitude, na medida em que organiza as fases iniciais do processo de projeto em BIM alinhando dentro de um Hub Colaborativo em IFC as demandas de Gestão e de Tecnologia da Informação.

No universo BIM, a preparação para os Manuais de entrega de informações (IDM) (WIX, 2006) tem sido utilizada como uma metodologia para a estruturação do seu processo. O principal objetivo de desenvolver IDM e MVD é o de definir as especificações para mapear a troca de informações entre os modelos de objetos em IFC para a sua implementação na interface entre softwares. Posteriormente são desenvolvidas as regras para a sua utilização em modelos de processo através da BPMN (WHITE, 2004; OUYANG, 2009).

A BPMN foi adotada dentro da metodologia da IDM como ferramenta de mapeamento do processo e se mostra eficiente, pois cria uma ponte entre a concepção do Processo de Projeto e a sua implementação estabelecendo as fases, definindo as responsabilidades dos agentes envolvidos e criando os modelos de troca das informações através de Exchange Requirements (SACKS, 2010). Embora toda a metodologia desenvolvida tenha consistência e sirva aos seus propósitos específicos, fica faltando ainda uma abordagem sistêmica que combine o conjunto desses métodos e que possibilite o planejamento e controle do processo em uma plataforma integrada em IFC.

2 PROPOSIÇÃO DE UM MODELO INTEGRADO DA GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETO EM BIM

A metodologia B.I.M.M. (BIM Integrated Management Model), mostrada na Figura 1, foi planejada para gerir esse fluxo de informações de maneira integrada, aproveitando o conteúdo semântico da tecnologia BIM e combinando diversas metodologias de planejamento e gestão.

Esse trabalho é o tema central da pesquisa de Doutorado do primeiro autor. Essa pesquisa está em desenvolvimento e ao final estabelecerá os procedimentos necessários para cada uma das fases relacionadas de 1 a 11, bem como propor a infraestrutura de um Hub Colaborativo para o seu suporte.

Resumidamente, serão apresentados os passos dessa metodologia e posteriormente será detalhado o procedimento para a medida do processo através de Key Performance Indicators (KPIs).

A metodologia está estruturada a partir da interligação de quatro loops principais: Loop de Modelagem, Loop de Planejamento, Loop de controle e Loop de edição da modelagem. Os objetivos, métodos e ferramentas de TI utilizadas estão listadas na Tabela 1.

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Estrutura Analítica do Projeto e do Modelo BIM

Design Structure Matrix(DSM)

CPM/GANTTPLANEJAMENTO

LOOP

CONTROLELOOP

MODELAGEM

ANÁLISE DO IFC

PAINEL DE CONTROLEMedidas dos

KPIs

PPCLast Planner

Raias das Disciplinas

1

4

56

7

8

9

CONCLUSÃO DO MODELO

EDIÇÃO DOMODELO

LOOP

Arquitetura

Estrutura

COORDENAÇÃOTrocas e

Atualizações do

Modelo Central

10

ArquiteturaEstrutura

InstalaçõesCoordenação

Instalações

ExchangesRequirements

B.I.M.M. Hub de Colaboração

AÇÕESCORRETIVAS

MODELAGEMDO PROCESSO

LOOP

2

3

2

3

IDM/BPMN

10

Information Delivery Manual (IDM)Business ProcessModelling Notation (BPMN)

11

EVOLUÇÃO DOMODELO

Figura 1 - Modelo de Gerenciamento Integrado em BIM

Loop de Modelagem: Organizar o processo de projeto requer que sejam estudadas as precedências entre as atividades a partir da organização do seu fluxo de informações e nesse sentido a aplicação da metodologia da BPMN pode levar a falhas, na medida em que ela não possibilita a otimização do fluxo de informação e dessa forma poderão ocorrer entradas de informação em momentos avançados que resultarão em ciclos de retrocesso.

A DSM (Design Structure Matrix) é uma ferramenta que possibilita a otimização do fluxo de informações e já foi estudada intensamente (STEWARD, 1981). Propomos como melhoria ao processo a utilização da DSM de maneira combinada com a BPMN otimizando o processo.

Loop de Planejamento: No loop de planejamento precisamos ser cuidadosos ao destinguir os diferentes níveis de planejamento. Acreditamos que a DSM e o Pert CPM (Critical Path Method) devem ser utilizados para o macro planejamento, aonde são definidas somente as principais metas do projeto.

Nos ciclos de planejamento são verificadas a completude das fases detalhadas e as atividades ocorrentes em cada uma delas. Depois do planejamento, pode ser utilizada a DSM para otimização do mapeamento do projeto junto com os mapas de processos da IDM para preparar os cronogramas de cada uma das fases. Esta metodologia pode ser utilizada para períodos de 1 a 3 meses de planejamento.

Neste nível de resolução, as transferências de informação podem ser monitoradas utilizando-se ciclos de controle. O planejamento para cada uma das fases deve emergir do esforço coletivo, onde os diferentes agentes se reúnem para preparar o mapa dos processos e definir o intercambio de informações entre eles próprios.

Isto deve gerar um plano prático e factível, de forma similar ao planejamento semanal para

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produção de atividades utilizando o sistema Last Planner (LPS).

Loop de Controle: O loop de controle usa o BIMserver (BERLO, 2010) como repositório para o modelo BIM e o IFC analyzer (LIMPMAN, 2010) como ferramenta para desenvolvimento de análise de arquivos IFC.

Avaliar o conteúdo do modelo IFC com o IFC analyzer permite que se meça a eficiência do projeto através da medição do fluxo de informação através de indicadores chave -KPIs (Key Performance Indicators) (SACKS, 2010).

A partir daí o loop de controle caminha da modelagem para o BIMserver para o IFC analyzer para os KPIs para o quadro de controle.

Loop de Modelagem: O loop de modelagem ocorre através do processo, desde o início e progride incrementalmente conforme o projeto progride. O Loop de Planejamento e o Loop de Controle retroalimentam o loop de modelagem.

Tabela 1 - Procedimentos de Gestão da Modelagem em BIM: Passos e Etapas

LOOP

PASSO NOME OBJETIVOS METODOLOGIA E FERRAMENTAS DE TI

1 WBS / MBS • Definir papéis e diciplinas em faixas • Divisão do trabalho e modelo em lotes

gerenciáveis

• Work Breakdown Structure (Estrutura do trabalho)

• Model Breakdown Structure (Estrutura do modelo)

2 IDM / BPMN • Modelo de processamento • Solicitações de informação (Exchange

Requirements) • Troca de modelos

• Manual de entrega de informações

• Business Process Modeling Notation (BPMN)

MO

DE

LA

GE

M D

O

PR

OC

ESS

O

3 DSM • Otimização do fluxo de informação da BPMN

• Design Structure Matrix (DSM)

4 CPM • Macro plano • Fases sequenciais, agendamento de

tarefas e informações e metas do Projeto

• Critical Path Method (CPM) • MSProject, Primavera, etc.

PL

AN

EJA

ME

NT

O

5 PPC

• Planejamento de curto prazo, tarefas a ser realizadas e informações a serem entregues em períodos curtos (uma semana)

• Percentual do Plano Concluído (PPC)

6 Modelagem • Modelagem em níveis incrementais • softwares BIM

7 Coordenação • Sobreposição/Mesclagem de modelos e integração em IFC

• Identificação de incompatibilidades

• BIMServer (TNO)

8 Análise do IFC

• Desenvolvimento de análise dos arquivos IFC

• IFC File Analyzer - NIST

NA Nível de ação VI Volume de informações TP Tamanho dos pacotes VD Velocidade de

desenvolvimento TED Trabalho em

desenvolvimento GA Gargalos

CO

NT

RO

LE

9 Quadro de KPIs: Medição dos Key Performance Indicators RE Retrabalho

10 Ação A partir dos KPIs as ações de correção necessária serão levantadas para definer os próximos passos de retroalimentação do processo e modelagem.

MO

DE

LA

-G

EM

11 Evolução O desenvolvimento do modelo de projeto ocorrerá através de ciclos evolutivos coordenados até que alcance sua forma final.

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3 METODOLOGIA DOS KPIS (KEY PERFORMANCE INDICATORS)

Para que a metodologia proposta possa ser estruturada, são necessários diversos passos sendo que a medida do desempenho do processo é um dos mais importantes. Por esse motivo o objetivo desse artigo é definir especificamente os KPIs para o ambiente BIM e dessa maneira estabelecer medidas para a avaliação do fluxo das informações dentro do modelo de gestão apresentado anteriormente.

Partindo de estudo anterior desenvolvido por (SACKS, 2010), no qual vários KPIs foram desenvolvidos e validados para aplicação em tecnologias tradicionais (2D), este trabalho desenvolveu a metodologia para utilizar estes indicadores em um Projeto em BIM.

Como ponto de partida para o experimento foi utilizado um modelo BIM de um edifício habitacional simples apenas com a disciplina de Arquitetura (Figura 2). Foram simulados cinco estados de evolução desse modelo: para cada um deles foi gerado o arquivo IFC e carregado no BIMServer como um usuário hipotético e após os IFCs foram processados no IFC file analyzer gerando-se as respectivas planilhas.

Figura 2: Estágios de evolução do modelo de exemplo

Para o cálculo dos KPIs algumas definições preliminares são necessárias. Esses conceitos foram definidos em um trabalho anterior de (SACKS, 2010) e são reproduzidas textualmente utilizando as telas geradas pelo IFC file analyzer. Para que se possa entender conceitualmente o uso do IFC Analyzer, a Figura 3 abaixo mostra a correspondência entre as definições de Information Objects e Information Attributes cruzando-as e correspondendo-as com o Schema do IFC.

INFORMATION

OBJECTS

INFORMATION

ATTRIBUTES

Figura 3: Correspondencia entre o IFC analyzer e o IFC Schema

Tabela 2: Definições Básicas

PACOTE DE INFORMAÇÃO Definição Representa o modelo completo ou parcial que será enviado (Figura 4).

Information PackageA entire model or a

subset of a model

in an exchange.

IFAIFC file analyser

spreadsheet

representing the

whole content of

the package

information

Figura 4: Pacote de Informações

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OBJETO Definição É um componente distinto de uma edificação com atributos ou características técnicas e de

engenharia (Figura 5).

ITEM DE INFORMAÇÃO Definição É uma simples informação. Pode ser textual ou gráfica. O pacote de informações representa um

conjunto de itens de informação (Figura 5).

Information ItenA single piece of

information

Information

Object

Figura 5: Objeto e Item de informação

ATRIBUTO DE INFORMAÇÃO Definição É um atributo técnico, de engenharia ou gerencial de um objeto, como por exemplo suas dimensões,

material, nome do formecedor, cor, preço, etc. O conteúdo do atributo pode aparecer em inúmeros pacotes de informação (Figura 6).

IfcArbitraryClosedProfileDef

IfcArbitraryProfileDefWithVoids

IfcCircleProfileDef

IfcExtrudedAreaSolid

IfcRectangleProfileDef

IfcDoorLiningProperties

IfcDoorStyle

IfcPropertySet

IfcPropertySingleValue

IfcRelDefinesByProperties

IfcWindowLiningProperties

IfcWindowStyle

IfcMaterial Figura 6: Atributo de informação

AÇÃO Definição É executada por um membro do projeto para comunicar informação. Em nosso caso: upload ou

download de um arquivo IFC para o modelo central no BIMServer e vice-versa.

VOLUME DE INFORMAÇÃO Definição É um grupo de pacotes de informações trasnferidos conjuntamente.

4 DEFINIÇÃO DOS KPIs E CONCEITUAÇÃO

Após essas definições e com os dados do modelo de exemplo da Figura 3, foram calculados os KPIs, utilizando-se o IFC analyzer e os dados do BIMServer, indicados nas Tabelas 3 e 4 e representados graficamente através de um dashboard conforme a Figura 8.

Na Tabela 3, os KPIs definidos por (SACKS, 2010) para um projeto convencional foram adequados para utilização em ambiente BIM:

Tabela 3: Definição dos KPIs

NA: NÍVEL DE AÇÃO Definição: A quantidade de informação transferida, (Figura 7). Objetivo Este índice tem como objetivo principal medir as ações dos membros da equipe de projeto

Este KPI é calculado pela medição das ações dos usuários diretamente pelo BIMServer log file. A media entre os períodos t1 a t2 para um número específico de membros do Projeto nTM é definida como:

Formula

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Figura 7: Nível de ação = Ações de um usuário no BIMServer por unidade de tempo

TP: TAMANHO DO PACOTE Definição: Quantifica o nível de detalhe dos pacotes de informação

Objetivo Esse KPI mede o nível de detalhe da informação contida nos pacotes e possibilita a avaliação da taxa de aumento desses detalhes e permite inferir o grau de conclusão do projeto. Uma mudança no tamanho do pacote da informação não necessariamente reflete o aumento ou a redução do conteúdo da informação que é transferida, por esse motivo esse KPI é baseado na contagem das unidades de informação. nIAi v é o número de atributos pertencentes ao objeto com valores definidos (no instante t), e nIO é o número total de objetos no pacote. Na planilha do IFC analyser o Package Size é calculado diretamente somando-se o número de entidades que correspondem às classes do IFC Shared Building Elements, (Tabela 4).

Formula

Obsv. Um ponto importante é a medição do quanto falta para a conclusão do pacote, e sera prévia à

definição do seu tamanho. A sollução para este problema não é simples, pois a definição e especificação da quantidade de informação que o Projeto deve conter irá demandar o planejamento de pacotes e seu referenciamento com etapas específicas de desenvolvimento. Estimando-se o TP total podemos definir o TPMaturidade conforme fórmula abaixo. No exemplo o TPM foi calculado dividindo-se o valor de cada PS de cada versão do modelo pelo PS total da ultima versão, pois nesse caso esse valor já era conhecido ou poderia ser estimado.

Formula

TED: TRABALHO EM DESENVOLVIMENTO Definição: É o número de informações disponíveis porém não utilizadas Objetivo Como esse KPI mede o atraso entre o upload e o download da informação ele indica possíveis

gargalos em membros da equipe que acumulam muita informação antes de iniciar o trabalho. Esse KPI é baseado no cálculo do interval de tempo entre a disponibilização de informações e o download ou visualização do mesmo pelo usuário a que se destina. Trabalhando com um odelo central no BIMserver o cálculo deste KPI é simples e utiliza o BIMserver log file para verificar as ações, quando ocorreram e qual o usuário responsável (k). Tupj é o dia em que ocorreu o upload do pacote j, Tamanho do pacote (TP) foi definido anteriormente e Uj = 1, se o pacote j foi visualizado ou sofreu download pelo usuário k, Uj = 0 se não ocorreram nenhuma das ações. No exemplo o TED foi calculado a partir da distribuição normalizada do número de entidades IFC contadas no IFC analyzer em cada uma das versões do modelo.

Formula

VI: VOLUME DE INFORMAÇÃO Definição: É o volume de informação transferida

Objetivo Esse KPI reflete a quantidade de informação que é acumulada por um determinado membro da equipe desde a sua última entrega de informação. Observa-se com freqüência a tendência dos profissionais em transmitir as informações em grandes lotes, normalmente antes de reuniões ou em vésperas de pagamentos. Esse procedimento é adotado para a otimização da produção dos escritórios, porém prejudica o fluxo dos demais parceiros que precisam ficar parados esperando pela informação. Contudo, recomenda-se que a informação seja transferida em pequenos lotes.

Formula nIP é o número de pacotes de informação dentro do lote. No exemplo foram contados com o IFC analyzer o número de information objects em cada uma das versões do modelo.

Actions at BIMServerRevisions,

Checkouts

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VD: VELOCIDADE DE DESENVOLVIMENTO Definição: Representa a velocidade com a qual a informação está sendo transferida para a equipe. Objetivo

Possibilita identificar gargalos dentro do processo na medida em que velocidades baixas podem apontar tanto para atrasos quanto para a transmissão feita em grandes lotes.

Facilmente medido pois é calculado diretamente pelos valores do tamanho de pacotes (TP) e Volume de Informações(VI).

Formula

GA: GARGALOS Definição: Identifica possíveis gargalos entre os parceitos do processo em qualquer momento do processo. Objetivo Possibilita identificar os pontos onde a informação fica obstruída em seu fluxo. Formula Facilmente medido pois é correlacionado com a VD e o TED. Com o IFC analyzer esse KPI foi

calculado graficamente correlacionando-se os indices VD e TED, foi também calculado o índice de correlação linear, no caso obtivemos -0,79 o que mostra uma forte correlação entre esses índices.

RE: RETRABALHO Definição: Quantidade de retrabalho incluída no pacote de informação Objetivo O objetivo é identificar retrabalhos resultantes de interações negativas e por esse motivo o cálculo do

KPI precisa ser sempre acompanhado pela análise direta do projeto observando-se o teor ocorrido das mudanças para que se possa separar as interações negativas das positivas. nIAt é obtido através da contagem dos Information Attributes cujos valores foram modificados entre o intervalo de tempo T e T-1. Usando o IFC analyzer esse KPI é obtido processando-se simultaneamente as versões do modelo em T e T-1 e obtendo-se por comparação entre o número de entidades IFC a diferença na contagem dos atributos cujos valores foram modificados, (Tabela 4)

Formula

Nível de Ação Maturidade do Pacote de Trabalho Trabalho em Desenvolvimento

Volume de informação Velocidade de Desenvolvimento Gargalos

Retrabalho

Figura 8: Quadro de KPIs

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Tabela 4 - Planilha do IFC analyzer e cálculo dos KPIs

MODEL VERSIONS V1: 19/04/11 V2: 20/04/11 V3: 21/04/12 V4: 22/04/13

Action Rate 2,00 2,00 2,00 2,00

Revisions feed at BIMServer 19/4/11 20/4/11 21/4/11 22/4/11

Download feed at BIMServer 20/4/11 21/4/11 22/4/11 23/4/11

Total Actions made 2 2 2 2

Time interval (days) 1 1 1 1

Package Size Maturity 0,0631 0,5908 0,8929 1,0023 Package Size Excel formula E15/I15 F15/I15 G15/I15 H15/I18

Total of Information Objects 56 524 792 889

Information Objects formula SUM(E37:E49) SUM(F37:F49) SUM(G37:G49) SUM(H37:H49)

Work in Process

Normalized -0,92 0,22 0,80 1,06 Work in Process 3.376,00 20.156,00 28.624,00 32.460,00

Average 16.923,20

Standard deviation 14.651,56

Interval time between

download and upload (days) 1 1 1 1

Uj 1 1 1 1

Batch Size 3.376 20.156 28.624 32.460 Percent Increase of Batch Size 497% 42% 13%

Development Velocity

Normalized 1,31 -1,14 -0,64Development Velocity 16.780 8.468 3.836

Average 7.238,75

Standard deviation 7.266,57

Normalized value 1,31 0,17 -0,47

Bottlenecks graphic graphic graphic graphic

ReworkInformation Attributes whose

values have changed

Total of Information Attributes 3.320 19.632 27.832 31.571

Total of Information Objects 56 524 792 889

IfcBeam 22 24

IfcColumn 4 4

IfcColumnType 4 4

IfcCovering 4 4 4 4

IfcDoor 1 97 97

IfcFooting 51

IfcOpeningElement 98 198 198

IfcRailing 4 4

IfcRoof 6

IfcSlab 2 10 18 25

IfcStair 8 8

IfcWallStandardCase 50 314 336 367

IfcWindow 97 97 97

IfcFlowSegment 1

IfcPipeSegmentType 1

IfcArbitraryClosedProfileDef 4 30 56 69

IfcArbitraryProfileDefWithVoids 32 32 32

IfcCircleProfileDef 12 12

IfcExtrudedAreaSolid 52 468 678 764

IfcRectangleProfileDef 48 406 578 651

IfcDoorLiningProperties 1 11 11

IfcDoorStyle 1 11 11

IfcPropertySet 310 2.204 3.122 3.589

IfcPropertySingleValue 664 3.539 5.126 5.924

IfcRelDefinesByProperties 310 2.204 3.122 3.589

KP

Is D

ash

bo

ard

INFO

RM

AT

ION

AT

TRIB

UT

ES

INFO

RM

AT

ION

OB

JEC

TS

=

SH

AR

ED

BU

ILD

ING

ELE

ME

NT

S

5 CONCLUSÕES

O artigo procurou apresentar inicialmente uma proposta de metodologia para a Gestão do Processo de Projeto em BIM. O modelo apresentado ainda está em desenvolvimento e sua apresentação nesse artigo foi feita de maneira resumida. Entende-se que o processo de projeto tenha que ter além dos controles gerenciais de prazos, feitos a partir de cronogramas, um controle mais granular do seu desempenho.

Esse controle pode ser feito a partir do cálculo dos indicadores de desempenho do processo. Esses KPIs foram demonstrados anteriormente em um ambiente de projeto convencional que utilizou arquivos em CAD 2d e a proposta do artigo foi demonstrar a sua validação para uso no ambiente BIM.

Para isso foram simuladas situações de um projeto hipotético onde o BIMServer foi utilizado para hospedar as versões do modelo no formato IFC e posteriormente cada uma dessas

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versões foram processadas utilizando-se o IFC analyzer.

Prevê-se a continuidade do presente trabalho quando for possível encontrarem-se projetos reais aonde um Model Server possa ser utilizado, pois atualmente essa tecnologia ainda é pouco adotada.

O cálculo desses KPIs ficou facilitado e provado no ambiente BIM e pode ser automatizado em trabalhos futuros. Uma proposição para futuros trabalhos pode ser o desenvolvimento de uma interface que opere em conjunto com o BIMServer onde o IFC analyzer possa ser acionado a partir das ações dos participantes, uma vez que ele possui também a possibilidade de ser disparado a partir de linha de comando. Nessa proposição seria necessária também o desenvolvimento de uma interface gráfica que possibilite a visualização em tempo real dos gráficos dos KPIs

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