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Papai entrou numa fria Carlos Villanes Cairo Tradução Paloma Vidal Temas Relações familiares; Relação com os mais velhos; Realismo do cotidiano GUIA DE LEITURA PARA O PROFESSOR O LIVRO O nascimento do irmão Manuel rouba de Jimena a certeza de que ela vivia em um mundo perfeito. A “princesa”, que ocupava o lugar central na família, agora tem de dividir com aquele pequeno e rechonchudo “intruso” não apenas seu espaço, mas, principalmente, o amor dos pais. Ele é o “rei”, o “campeão”. Quando o bebê fica doente, com catapora, todas as atenções e preocupações se voltam para ele. O pior, porém, está por vir: o pai de Jimena é contaminado pelo pequeno Manolin e, então, novas ameaças pairam sobre a felicidade da menina. Será o pai uma pessoa como outra qualquer, sujeita à morte? Então ele não é o super-homem que ela supunha? Observando as situações de sua vida cotidiana e temendo os imprevistos ameaçadores, Jimena aprende a crescer e a conciliar desejos e realidade, sem, porém, abdicar de suas mais secretas fantasias. Afinal, qual criança não quer, no fundo do coração, que o pai seja um super-homem? O AUTOR Carlos Villanes Cairo nasceu em Yauli, Peru, em 1945, e desde 1983 mora na Espanha, onde se dedica à literatura e à crítica literária. Por duas vezes foi finalista do Prêmio Grande Angular: em 1988, com o livro Destino: Praça Vermelha; em 1990, com Retorno à liberdade. A Edições SM da Espanha também publicou, de sua autoria, As baleias aprisionadas. A ILUSTRADORA Ionit nasceu em Tel-Aviv, Israel, em 1972. Mora no Brasil desde 1978. Formada em artes plásticas, trabalha com diferentes linguagens, como desenho, aqua- rela e colagens com materiais diversos. Série Azul nº 20 112 páginas 2008996275026

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Papai entrou numa friaCarlos Villanes Cairo

Tradução Paloma Vidal Temas Relações familiares; Relação

com os mais velhos; Realismo do cotidiano Guia de leitura

para o professor

O livrO O nascimento do irmão Manuel rouba de Jimena a

certeza de que ela vivia em um mundo perfeito. A “princesa”,

que ocupava o lugar central na família, agora tem de dividir

com aquele pequeno e rechonchudo “intruso” não apenas seu

espaço, mas, principalmente, o amor dos pais. Ele é o “rei”, o

“campeão”. Quando o bebê fica doente, com catapora, todas

as atenções e preocupações se voltam para ele. O pior, porém,

está por vir: o pai de Jimena é contaminado pelo pequeno

Manolin e, então, novas ameaças pairam sobre a felicidade da

menina. Será o pai uma pessoa como outra qualquer, sujeita

à morte? Então ele não é o super-homem que ela supunha?

Observando as situações de sua vida cotidiana e temendo

os imprevistos ameaçadores, Jimena aprende a crescer e a

conciliar desejos e realidade, sem, porém, abdicar de suas mais

secretas fantasias. Afinal, qual criança não quer, no fundo do

coração, que o pai seja um super-homem?

O autOr Carlos Villanes Cairo nasceu em

Yauli, Peru, em 1945, e desde 1983 mora

na Espanha, onde se dedica à literatura e à

crítica literária. Por duas vezes foi finalista

do Prêmio Grande Angular: em 1988, com

o livro Destino: Praça Vermelha; em 1990,

com Retorno à liberdade. A Edições SM da

Espanha também publicou, de sua autoria,

As baleias aprisionadas.

a ilustradOra Ionit nasceu em Tel-Aviv,

Israel, em 1972. Mora no Brasil desde 1978.

Formada em artes plásticas, trabalha com

diferentes linguagens, como desenho, aqua-

rela e colagens com materiais diversos.

Série Azul nº 20

112 páginas

2008

9962

7502

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Papai entrou numa fria Carlos Villanes Cairo

interpretando o texto

O reinO familiar e a realidade

Jimena vê seu mundo virar de pernas para o ar quando nasce

Manuel: a chegada do irmão significa, em suas fantasias infantis,

que um “intruso” veio para roubar o que, antes, era só dela: seu

quarto, sua cômoda, sua estante, seu banheiro e até sua liberdade

para ouvir músicas no volume que bem entendesse. Nada mais

de falar alto ou cantar como e quando lhe desse vontade... Mes-

mo seus dois cachorros tinham de obedecer às ordens do novo

“rei da casa”! O reino familiar, onde a menina imperava, tornou-

se estranho; a “princesa” agora tem de dividir com o “campeão”

as atenções que eram apenas dela.

A realidade familiar de Jimena mudara completamente, já fa-

zia 18 meses, e os problemas não paravam de aumentar! Com a

doença de Manuel, o cotidiano da casa passa a girar em torno

dele. A menina tem de aprender mais sobre crianças, família e,

também, sobre solidão. Todos, inclusive ela, preocupam-se com

as conseqüências da catapora do irmão. Marita, a empregada,

que nunca havia contraído a doença, recusa-se a ir trabalhar, e

apenas o pai pode dedicar-se inteiramente ao “campeão”. Au-

mentam os temores de Jimena quando ela descobre que a ca-

tapora, se contraída na vida adulta, pode trazer complicações e

levar à morte.

O fato de saber que ela própria, bem como a mãe, já havia tido

catapora, a deixa mais tranqüila. Mas e quanto ao pai? Nenhum

risco, pois, afinal, Jimena tem certeza de que ele é de fato um

super-homem.

fantasias infantis O mundo familiar é, para as crianças

nos primeiros anos de vida, a fonte de

quase todos os seus conhecimentos.

Em Papai entrou numa fria acompanha-

se o desenvolvimento das fantasias de

Jimena. Nomeando o irmão de “intruso”

– o termo carrega conotações negativas

e mesmo agressivas –, ela reage ao

descontentamento de ter perdido o lugar

de filha única. Com a fantasia, portanto,

Jimena ao mesmo tempo dá expressão

a seus sentimentos e cria formas de

compreender sua nova realidade familiar.

Na fantasia de Jimena convivem

sentimentos ambivalentes: ao mesmo

tempo que ela não gosta do “intruso”

– uma vez que ele “rouba” tudo que,

antes, era apenas dela – também é

capaz de ver no bebê a “bolinha de

carne cheirosa e sorridente” de quem

gosta, apesar de ser a causa de ela ter

sido relegada a “um triste segundo

plano”. Assim, a fantasia – longe de ser

considerada “uma mentira” – é uma

atividade imaginativa que “corrige” o real

e ajuda a suportar e a superar frustrações.

A fantasia infantil também atua na

constituição de modelos ideais. Para

Jimena, a mãe era apenas a mulher

“muito boa, muito séria, muito

arrumada e que, quando criança, tinha

sido quase uma santa”. Mas, quando

o avô lhe conta as histórias da garota

travessa que ela fora, Jimena conhece

“uma outra mãe”, mais próxima do

que a menina é agora.

No trajeto do crescimento da protago-

nista, é o pai, porém, que representa

seu mais precioso objeto de amor.

Jimena fantasia que ele é superior a

Mergulhando na temática

todos os outros seres. Por isso, ela vê o pai como “super-

homem”, acima, portanto, dos problemas e defeitos que

atingem as pessoas comuns. Assim, quando o pai adoece,

sua fantasia cai por terra; além disso, é muito doloroso para

ela entrever a possibilidade de perdê-lo e constatar que,

como todos, seu pai é mortal. A doença que o acomete

ensina Jimena a “corrigir” sua fantasia e, assim, a crescer.

Seu pai é um homem como todos os outros, embora para

ela continue especial: ele é o seu super-homem, guardado

para sempre em seu coração.

*Os destaques remetem ao item Mergulhando na temática.

Papai entrou numa fria Carlos Villanes Cairo

medO e superaçãO

É Jimena, a menina de 10 anos, quem conduz a narrativa em

primeira pessoa, e os fatos e as impressões sobre a realidade sur-

gem por meio da perspectiva dela. Se, de início, os problemas ad-

vêm dos ciúmes do irmão, tudo se tornará mais assustador para

ela quando o pai adoece e a intimidade da família se torna objeto

de comentários. É nesse momento que a fantasia de que seu pai é

super-homem tem de ser posta à prova.

O comportamento do pai quando adoece deixa Jimena con-

fusa. Ele age quase como criança: desobedece, toma mais remé-

dios do que deve, mostra que tem medo de injeção, odeia o gosto

do xarope. Os receios e as fofocas de quem está direta ou indi-

retamente ligado a ela só aumentam seus temores: a vizinhança

acaba sabendo da doença do pai, os colegas de escola também – e

todos lhe dizem coisas que a assustam muito.

Os desdobramentos das notícias sobre a catapora do pai se

devem a um acontecimento engraçado: Ramona, a loura (uma

papagaia) de Nicolas, amigo de Jimena, está sob os cuidados da

protagonista. O animal fala alto – e bastante –, repetindo tudo

que ouve, fato que, em outras ocasiões, trouxera-lhe fama. En-

quanto está na casa de Jimena, Ramona repete, para quem quiser

ouvir, que “a catapora é muito contagiosa!”, e é assim que, sem

mais nem menos, a menina tem de responder a estranhas per-

guntas: “É verdade que seu pai está com uma doença nuclear?”.

Mesmo que esse constrangimento tenha sido causado pelas im-

pertinências de Ramona e pela fofoca da vizinha e dos amigos da

escola, há, porém, o dado objetivo: o quadro de saúde do pai se

agrava e ele tem de ser internado subitamente.

Quando Jimena retorna da escola, vê a cena assustadora, na

frente de casa: sirenes de ambulâncias que vieram buscar seu su-

per-homem. Uma longa tarde de espera culmina com a notícia

do diagnóstico: “pneumonia fulminante”. A fantasia e o medo se

o narrador eM 1ª pessoaConta a história a partir daquilo queele conhece sobre a realidade e pelomodo com que a compreende, guiadopor suas fantasias e observações.Para Jimena, mais importante que o“mundo exterior” é sua família. Comoalguém que perdeu algo – o lugarde filha única, de “princesa” do pai– ela entende o nascimento do irmãocomo a chegada de um “intruso”.Essa hipótese, no entanto, não resolveo problema maior: a alteração docotidiano e do seu lugar na família.Por isso, as experiências maissignificativas de Jimena se concentramnas novidades que a presença doirmão traz à sua vida emocional e àordem doméstica. A menina vê, sentee imagina – e é de acordo com oponto de vista dela que conhecemosas dúvidas, medos e, principalmente, aluta para superá-los, cumprindo, assim,o caminho para o crescimento.

A adequação da linguagem do narrador à sua faixa etária, à sua vivência e à sua condição sociocultural é decisi-va para que o ponto de vista seja crível, verossímil. Assim, quando se trata de um ponto de vista infantil, é preciso que o trabalho de estilização da linguagem selecione traços característicos do modo de falar e de pensar infantil. Daí a freqüência com que surgem expressões juvenis (como no próprio título do livro) e certa organização sintática condizente com o universo do narrador (frases curtas, quase sempre coordenadas, e transcrições de diálogos diretos).

para saber mais sobre as técnicas e o foco narrativos:LEITE, Ligia Chiappini Moraes. O foco

narrativo. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985.

verossiMilhança O conceito de verossimilhança foi apresentado pela

primeira vez por Aristóteles (384-322 a.C.), em sua

Poética. Trata-se de conceber a obra como uma estrutura

orgânica em que as partes (ação, personagens, linguagem)

estão articuladas internamente. Para o filósofo, toda obra

é mimesis (representação da realidade, e não a própria

realidade) e, para que ela produza a impressão da verdade,

Papai entrou numa fria Carlos Villanes Cairo

como irmão. A partir de então, eles vivem juntos muitas

aventuras. Depois da morte de Enkidu, Gilgamesh parte em

busca da imortalidade. Embora descubra que jamais poderá

tornar-se imortal, fica sabendo que os deuses já quiseram

exterminar a humanidade: trata-se da primeira versão do

que, posteriormente, na Bíblia, com outros personagens,

ficou conhecido como o mito do dilúvio.

para saber mais sobre Gilgamesh:

RIOS, Rosana. A história de Gilgamesh. São Paulo: Edições

SM, 2007.

é decisivo que seus elementos estejam

organizados de determinada forma

(tenham coerência interna); como

resultado, tudo parece crível, mesmo

que jamais fosse possível na vida

real. Para Aristóteles, “é preferível o

impossível plausível a um possível

que não convença”, pois “a obra do

poeta não consiste em contar o que

aconteceu, mas sim as coisas que

poderiam acontecer, possíveis do

ponto de vista da verossimilhança ou

da necessidade”.

para saber mais sobre o conceito de

mimesis e de verossimilhança:

ARISTÓTELES. Poética. São Paulo:

Cultrix, 1995.

a epopéia de GilGaMesh é considerada a obra literária mais

antiga da humanidade. Encontrada em

tábuas de argila (muitas delas datam do

século XXVII a.C.), narra as aventuras

e tragédias de um rei sumério que teria

vivido há mais de 4 mil anos. Na obra,

há uma coletânea de lendas e poemas

de origens imprecisas e versões

variadas em função da fragmentação

dos textos encontrados e também da

difusão oral de muitas dessas histórias.

Em certa passagem dessa epopéia,

conta-se que o povo da cidade de

Uruk, descontente com as atitudes e

o comportamento do rei Gilgamesh,

pede aos deuses que façam um

homem idêntico a ele, para que

pudesse enfrentá-lo e corrigi-lo.

Nasce, então, Enkidu. Os dois lutam

por muito tempo. Gilgamesh vence,

mas reconhece o poder e a força

de Enkidu, passando a considerá-lo

instalam na mente de Jimena. Só a verdade poderá tranqüilizá-

la. Quando a mãe chega, já de madrugada, uma conversa franca

tira suas dúvidas, permite a ela compreender o que se passa e até

mesmo exigir o direito de ficar com o pai no hospital. Quando

o pai volta ao lar, ela compartilha com todos da família não ape-

nas a felicidade pelo restabelecimento da saúde paterna, mas a

reorganização do “reino familiar”. Com essas vivências – ciúmes,

temores e alegrias –, ela aprende a aceitar a presença de Manuel

e se certifica do amor que recebe de todos. Jimena volta a ser,

mesmo que apenas de vez em quando, “princesa”; o irmão não é

mais um “intruso”, e seu pai é “apenas pai”, embora ela continue

a vê-lo, em seu coração, como “super-homem”.

Papai entrou numa fria Carlos Villanes Cairo

antes da leitura 1. Papai entrou numa fria tematiza uma situação comum vivida

por muitas crianças: o ciúme provocado pelo nascimento de

um irmão e as fantasias que daí decorrem para enfrentar a

sensação de perda e/ou negligência. Por isso, antes de iniciar

a leitura, é importante que o professor indague aos alunos

como se constituem suas famílias: quem é filho único, quem

é primogênito, filho “do meio”, caçula. O professor pode

conversar livremente sobre o assunto das relações familiares,

guiado por algumas perguntas: “Como foi, para você, saber

que teria um irmão? E, com a chegada dele, você se lem-

bra do que sentiu?”; ou, para os filhos caçulas: “Como seus

irmãos mais velhos o tratavam?”; ou, ainda, para os filhos

únicos: “Você sente vontade ou temor de ter um irmão?”. E,

assim, o professor deve assinalar que sentimentos como ciú-

me, rejeição e medo de perder o lugar central na família são

comuns e legítimos. Para finalizar a atividade, cada aluno

será convidado a desenhar uma cena de uma das histórias

relatadas pelos colegas, dando-lhe um título. Os desenhos

que o grupo considerar mais interessantes ficarão expostos

nas paredes da classe.

2. Para iniciar o trabalho com este livro, cada um escolherá o

desenho que lhe parece mais bonito ou sugestivo. A partir

daí, em debate, a classe formulará hipóteses sobre o enre-

do. A que se deve essa ilustração? O que está acontecendo

na história? O professor deverá registrar as hipóteses mais

recorrentes sobre o enredo, para que, ao final das atividades

com o livro, retorne a elas e confirme, ou não, as expectati-

vas geradas pelas ilustrações.

3. O professor pode ensinar a constituir um diário de leitura

(ou dar continuidade a ele, se já tiver essa prática em sala

de aula). Para cada livro lido, abre-se uma página do diário,

registrando dados bibliográficos (nome do autor e do ilus-

trador, nome do tradutor, quando houver, cidade da editora,

editora, data da edição). A isso se acrescenta a data da leitu-

ra. Ao fim de todas as atividades com este livro, completa-

se a página do diário: cada aluno anota suas impressões de

leitura, que serão exclusivamente pessoais, sem necessidade

de correção do professor.

dialoGando coM os alunos

Papai entrou numa fria Carlos Villanes Cairo

durante a leitura 1. Os temores de Jimena aumentam quando o pai adoece por

causa da catapora do irmão. Nesse momento da leitura, é in-

teressante que o professor proponha um trabalho conjunto

com a área de ciências físicas e biológicas, bem como (nas es-

colas em que houver enfermaria) com a área médica. Trata-se

de realizar uma pesquisa sobre a catapora: como ela é con-

traída, quais são os cuidados necessários para que não haja

seqüelas, o que é recidiva, quais riscos para a saúde quando

contraída por adultos. Se os alunos tiverem seu interesse des-

pertado pelo tema, o leque das doenças pesquisadas pode am-

pliar-se, a partir do seguinte roteiro: quais são as doenças que

se previnem na infância?; o que é uma vacina e como ela atua

no organismo?; quais são as doenças infantis mais comuns e

que riscos trazem para o bebê? O professor pedirá aos alunos

que o resultado das pesquisas seja apresentado em cartazes

ilustrados, que ficarão expostos na sala de aula durante todo o

período letivo. Também seria interessante fazer uma pesquisa

com os alunos sobre as doenças tipicamente infantis. Num

cartaz, com a lista das doenças infantis mais comuns, assinala-

se o nome daqueles que já as contraíram.

2. Pais contam histórias para que os filhos se acalmem e ador-

meçam. Mas em Papai entrou numa fria a situação se inver-

te. É Jimena quem conta histórias para o pai, assustado com

os desdobramentos de sua doença. Ela lhe conta histórias de

Gilgamesh. Nesse momento, o professor pode interromper a

leitura para retomar esta que é a mais antiga epopéia de que se

tem notícia e, a partir disso, pedir aos alunos que pesquisem

um mito ou uma história tradicional e tragam o relato para

a classe. Como motivação suplementar, pode contar a eles a

história do dilúvio, tal como aparece no mito bíblico.

depois da leitura 1. Mesmo que a era da informática tenha deixado um pouco de

lado as histórias em quadrinhos do Super-homem, elas sobre-

vivem nos seriados de televisão e nos filmes com o persona-

gem. Como Jimena fantasia que seu pai é um super-homem,

a classe pode debater sobre esse herói. Quem já leu suas his-

tórias? Quem já viu filmes sobre ele? Depois dessa primeira

conversa, pode-se discutir a categoria de herói a que pertence

o “super-homem”: um tipo de herói cujos poderes estão aci-

Papai entrou numa fria Carlos Villanes Cairo

ma daqueles do homem comum. Numa conversa informal, o

professor estimula os alunos a se perguntarem por que a ima-

ginação humana sempre cria esse tipo de herói, desde tempos

imemoriais. Como primeiro resultado da conversa, os alunos

vão se dar conta de que a fantasia “fala a verdade” dos nossos

desejos, isto é, inventa o que não existe para que possamos

aceitar o que existe.

2. Uma atividade extra poderia ser criada a partir dos livros an-

tigos. A pesquisa em sebos, buscando quadrinhos do Super-

homem, será o mote para que se organize um sebo na escola:

cada aluno traz livros que já leu para que circulem livremente

entre os colegas, antes de serem encaminhados a uma biblio-

teca pública. Para finalizar, em classe, a atividade, o professor

pode contar a história do senhor Severino, um catador de lixo

que organizou uma biblioteca para a comunidade dos mo-

radores do Edifício Prestes Maia em 2006 (o professor pode

pesquisar essa e outras iniciativas desse tipo em arquivos nos

principais jornais ou mesmo na internet).

3. Todo o trabalho com o livro pode ser finalizado com uma

produção de texto individual: “Quem é meu super-herói (ou

super-heroína)?”. Depois que todos tiverem escrito, o profes-

sor convida os alunos a ler o texto para a classe.

Elaboração do guia Ivone Daré rabello (professora Doutora Do Departamento De teorIa lIterárIa e lIte-ratura ComparaDa Da uso; prEparação bruno ZenI; rEvisão anabel ly maDuar e GIslaIne marIa Da sIlva.